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FICHAMENTO DO CAPÍTULO 2:
“Desse modo, embora seja difícil exagerar o impacto da crise do século XIV, é
necessário qualificá-la, pois nem todas as atividades foram afetadas igualmente.
Cidades ligadas ao comércio ou à produção de bens de luxo não sofreram os
efeitos profundos da crise, embora tenham passado por dificuldades. Um dos
aspectos da crise do século XIV ilustra seu impacto desigual sobre a economia
europeia: o comércio com o Oriente, mesmo com a crise, era deficitário, o que
exigia constantes remessas de metal para cobrir o excesso de importações sobre
as exportações.” (p. 77)
“A partir de 1460, observa-se a retomada do crescimento populacional e também
o alívio da crise monetária pelo uso de novas técnicas que permitiam a
exploração das minas em maiores profundidades (ou mesmo pela descoberta de
novas minas). (p. 77)
“Se a expansão feudal entre 1000 e 1300 chamava a atenção pela colonização
de novas e extensas áreas em moldes tipicamente feudais, a partir da segunda
metade do século XV as fontes da expansão revelam uma nova dinâmica da
economia europeia, que se projeta para fora de seu espaço geográfico. Em certo
sentido, a expansão comercial e marítima da Europa a partir de meados do século
XV expressou a reação da sociedade europeia ao impacto da crise feudal do
século XIV. Embora se dirigisse a novas rotas e mercados, esta expansão tinha
como referência o comércio que se realizava na Europa medieval, em especial a
partir do século XII. Assim, convém observar, de início, como se caracterizava
esse comércio e como se organizava a cidade medieval.” (p. 77)
“Nessa mesma época foi estabelecida outra corrente de comércio, esta ao norte
da Europa Ocidental. Os povos escandinavos – em geral identificados com os
vikings, conhecidos por seu ímpeto guerreiro – também tiveram papel importante
para a criação de uma rota comercial no norte da Europa Ocidental até a Rússia.
Por via marítima e fluvial atingiam o interior russo, onde obtinham mercadorias da
própria Rússia e também do Oriente. A rota da Rússia foi explorada
principalmente pelos suecos; na outra direção – da Inglaterra, da Escócia e da
Irlanda – dirigiram-se dinamarqueses e noruegueses” (p. 78; 79)
“Nos séculos XIV e XV, o metalismo podia ser combinado a uma política de
aprovisionamento, uma forma de protecionismo típica do predomínio da visão dos
consumidores: proibir exportações, estimular importações essenciais a fim de
garantir abundância e barateza das mercadorias. Era a política das cidades
transposta para o plano do Estado. No entanto, é claro que havia um conflito entre
a política de aprovisionamento e o metalismo: aquela limitando o ingresso de
metais e impondo seu gasto com importações e este valorizando o aumento do
volume de metais no país. Esse conflito se resolvia, em parte, pela proibição da
exportação de metais. Por outro lado, o estabelecimento dos monopólios de
comércio – em especial sob a forma de concessões às companhias privilegiadas
– parece corresponder ao desejo de comprar barato e vender caro, típico do
capital comercial.” (p. 93)
“Se analisarmos as características do regime colonial num plano mais geral, sua
aderência aos objetivos do Mercantilismo se torna mais clara. O monopólio de
comércio garantia, ao capital comercial metropolitano, ganhos extraordinários por
meio do próprio efeito do monopólio: ao comprar as mercadorias coloniais podia
exercer uma pressão para reduzir seus preços (em relação ao preço que vigoraria
se comerciantes de vários países competissem por esse produto); ao mesmo
tempo, ao vender produtos metropolitanos na colônia podia pressionar seus
preços para cima. Assim, os comerciantes metropolitanos podiam praticar preços
de monopólio tanto na compra como na venda dos produtos na colônia, o que
estimulava o lucro comercial e, portanto, a acumulação de capital na metrópole.
De certo modo, a metrópole “explorava” a colônia pelo exercício do poder de
monopólio.” (p. 96)
“Além disso, o trabalho colonial também deveria ser um trabalho barato que, ao
favorecer baixos custos de produção, viabilizava o pagamento de preços
reduzidos pelos produtos coloniais e, logo, lucros elevados para o comércio
metropolitano. Quando se generaliza a utilização do escravo africano, outra fonte
de lucro se afirma: o próprio tráfico de escravos da África para a América também
gerou grandes lucros para o capital comercial metropolitano.” (p. 97)
“Se analisarmos as características do regime colonial num plano mais geral, sua
aderência aos objetivos do Mercantilismo se torna mais clara. O monopólio de
comércio garantia, ao capital comercial metropolitano, ganhos extraordinários por
meio do próprio efeito do monopólio: ao comprar as mercadorias coloniais podia
exercer uma pressão para reduzir seus preços (em relação ao preço que vigoraria
se comerciantes de vários países competissem por esse produto); ao mesmo
tempo, ao vender produtos metropolitanos na colônia podia pressionar seus
preços para cima. Assim, os comerciantes metropolitanos podiam praticar preços
de monopólio tanto na compra como na venda dos produtos na colônia, o que
estimulava o lucro comercial e, portanto, a acumulação de capital na metrópole.
De certo modo, a metrópole “explorava” a colônia pelo exercício do poder de
monopólio.” (p. 96)
“Além disso, o trabalho colonial também deveria ser um trabalho barato que, ao
favorecer baixos custos de produção, viabilizava o pagamento de preços
reduzidos pelos produtos coloniais e, logo, lucros elevados para o comércio
metropolitano. Quando se generaliza a utilização do escravo africano, outra fonte
de lucro se afirma: o próprio tráfico de escravos da África para a América também
gerou grandes lucros para o capital comercial metropolitano.” (p. 97)
“(...) o Estado absolutista envolvia uma aliança entre o rei e os comerciantes (ou
os homens de dinheiro) contra os senhores feudais. No entanto, o argumento
parece insuficiente para justificar plenamente a formação do Estado absolutista.
Por um lado, não se deve levar ao extremo a oposição entre nobreza feudal e
burguesia comercial, pois, em certa medida, os lucros da burguesia provinham
das vendas que realizavam para a nobreza, não havendo interesse em destruir os
fundamentos sobre os quais se assentava a riqueza aristocrática.” (p. 100)
“Uma das proposições mais frequentes, embora superficial, sobre o tema é de
que a burguesia comercial aliou-se aos monarcas para promover a constituição
dos Estados Nacionais. Tal aliança se justificava pela oposição que existiria entre
burguesia comercial e nobreza feudal.” (p. 99)
“(...) o Estado absolutista envolvia uma aliança entre o rei e os comerciantes (ou
os homens de dinheiro) contra os senhores feudais. No entanto, o argumento
parece insuficiente para justificar plenamente a formação do Estado absolutista.
Por um lado, não se deve levar ao extremo a oposição entre nobreza feudal e
burguesia comercial, pois, em certa medida, os lucros da burguesia provinham
das vendas que realizavam para a nobreza, não havendo interesse em destruir os
fundamentos sobre os quais se assentava a riqueza aristocrática.” (p. 99; 100)