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A Economia do Renascimento

Moeda e população – Recuperação: população e disponibilidade da


moeda
Utilizado o livro de Harry Miskimin, A economia do Renascimento Europeu (1300-1600)

Perceber-se os fatores para trás, como tinha sido pautado o século XIV. (contextualização
histórica)
Trilogia Negra:

 Guerra – Guerra dos 100 Anos


 Fome
 Peste (doença)
A Europa sofreu imenso num espaço de 100 anos, sendo um dos principais efeitos o
despovoamento em massa, ou seja, uma quebra demográfica muito acentuada. Uma das causas
aponta-se para a Peste Negra ou Bucólica, estimando-se que cerca de metade da população
europeia tenha sido dizimada., segundo estudos mais recentes. (no livro de Harry Miskimin
apresentam cerca de 1/3 da população).
A perda de metade da população europeia na segunda metade do século XIV deixou sérios
problemas e perturbações na economia. O declínio populacional conduziu a uma diminuição da
procura por alimentos básicos, mas como os agricultores podiam concentrar os seus esforços em
melhores e em terras mais produtivas, a produção de bens agrícolas não acompanhou a
tendência de diminuição da procura. Os preços dos cereais baixaram. A terra embaratecia, ficava
mais barata, pois a mão-de-obra era escassa. Os proprietários de terra procuravam novas formas
de fazer frente a esta crise, adaptando a sua produção às novas condições de trabalho. À medida
que subiam os preços da mão-de-obra íam ganhando predominância as formas de agricultura
extensivas em terra, como a criação de ovinos e os cultivos especializados (plantas tintureiras,
cevada e o gado para a produção de lacticínios).
Na França, Inglaterra e na Alemanha, as terras em excesso, que já não valiam a pena cultivar,
foram abandonadas e voltaram ao seu estado natural (arvoredo, mato, ou seja, ficaram em
baldio).
O declínio da população teve um efeito muito mais severo na produção de bens manufaturados
que na produção agrícola, uma vez que as manufaturas eram tão rudimentares que precisavam
da mão-de-obra para funcionar, que não havia. Desciam os preços dos alimentos básicos e
subiam os dos produtos manufaturados, pois podia ser desviada para estes uma proporção maior
dos rendimentos. O que vinha a beneficiar eram os produtos manufaturados, principalmente
produtos de luxo, que era altamente valorizado. Em consequência, os centros urbanos, que
beneficiavam simultaneamente da descida dos preços dos cerais e da subida dos preços dos seus
próprios produtos, pois era nas cidades que havia manufaturas, em breve tenderam a prosperar e
a sugar a riqueza dos campos. No período que se seguiu à grande peste, o dinheiro já não fluía
das cidades para o campo, em busca de bens alimentares, mas sim dos campos para as cidades à
procura de artigos de luxo e de bens manufaturados.
Esta nova situação era instável por natureza. A Europa do século XIV fazia parte de um
comércio internacional que incluía o Levante, a Índia, a Rússia e o Médio Oriente.
Momentaneamente favorecidos pela situação cidade/campo, grandes quantias de dinheiro
chegavam às cidades, os habitantes das mesmas desejavam aplicar os seus ganhos em luxos
raros provenientes do Leste, tal como as especiarias, as sedas, os brocados finos, os damascos, o
marfim, o coral, as pérolas e os diamantes. Assim, estes eram importados em quantidades
astrónomas e o ouro e a prata era exportado para os poder pagar.
A partir da 2º metade do século XIV e 1º do século XV, o ouro saía muito da Europa para
encontrar lugar no Próximo Oriente e Extremo Oriente. As regiões do Noroeste passavam a
sofrer cada vez mais da escassez de moeda e perdiam os meios de manter as economias
lucrativas e sadias. Os gastos militares (navios mercenários) combinados com as transferências
papais para agravar a situação monetária, em breve mostraram efeitos económicos terríveis. Os
reis buscavam jujbto de mercadores conselho económico, eram promulgadas leis que proibiam
ou restringiam severamente a exportação de moeda e as leis sumptuárias, que limitavam o
consumo de bens de luxo, passaram a ser gerais. Em toda a parte a moeda era adulterada, pois
os governos pretendiam defender os seus proveitos e talvez dar resposta aos pedidos de
adequados meios de pagamento que lhes faziam os seus os governados. Estas soluções
falharam. Os fluxos de moeda não se inverteram e muitos desconfiam das intenções dos
governadores para aceitar a moeda depreciativa pelo seu valor facial. Às perturbações
demográficas sucedeu uma recessão de origem monetária e o comércio contraiu-se no início do
século XV. Os mercadores italianos encontravam dificuldades cada vez maiores para receber
pagamento aceitável, e o comércio internacional decaiu durante as primeiras seis décadas do
século XV.
Crescimento da População
Na maior parte da Europa, as crises demográficas e monetárias, interligadas, declinaram depois
de 1460 e começou um período de recuperação – primeiro lentamente, mas com a chegada do
século XVI voltou a ganhar forças. Uma das partes das perturbações persistia e não cresceram
de igual forma em todas as artes da Europa, mas de forma geral, a Europa, depois do meio do
século XV, começou a recuperar.
Durante o século XVI a população cresceu acentuadamente. Além de um aumento numérico,
também houve uma mudança de localização, de concentração e de densidade relativa da
população. Tanto no aspeto económico como nos aspetos sociais e culturais, há bastantes
diferenças entre um mero aumento proporcional da população e uma expansão que dè origem a
modos de concentração em cidades muito ativas que depois sirvam de centros de crescimento
económico, de estímulo financeiro de dispersão de tecnologia e de redes cada vez mais vastas
de consumo e distribuição.
Cidades prósperas no início da Época Moderna: Amsterdão e Londres. Estas cidades ganharam
importância no século XVI, Londres no comércio regional e no comércio internacional e
Amesterdão, tirou o lugar a Antuérpia e passou a ser o mais importante porto do comércio
europeu e internacional. (visto de seguida)
Para florescer/ crescer, uma cidade necessitava de algo mais do que os contactos económicos
locais. Como exemplo, temos a cidade de Antuérpia que cresceu devido a ser o entreposto
continental dos produtos chegados a Lisboa, que tinham que ser escoados para o resto da
Europa.
Assim conseguimos estabelecer que uma cidade para crescer, e que tenham grandes índices de
urbanização, que o grande crescimento demográfico está estritamente ligado com o meio
económico em que se inserem (as cidades). As cidades – que, por definição, são concentrações
de pessoas em áreas reduzidas – náo só dependem das estruturas económicas que as rodeiam,
mas também exercem sobre elas grande influência. Com o crescimento, as ocupações dos
indivíduos definem-se com mais exatidão: necessária uma maior quantidade de homens ligados
ao comércio para enfrentar os problemas logísticos da urbanização, como banqueiros e
carroceiros. Com a expansão da população urbana, também cresce o número de transações
efetuadas a dinheiro, tanto no interior da cidade como entre esta e as regiões que lhe fornecem
géneros alimentícios e matérias-primas. Aumenta também o nº de passos que um bem primário
dá para chegar ao seu destino terminal nas mãos ou na boca do consumidor. Cresce, assim, a
necessidade de dinheiro disponível para realizar um maior volume de negócios e um maior
número de transações, isto irá demonstrar as inconveniências potenciais da sua insuficiência.
Nos fins do século XV e início do século XVI a oferta de metal precioso aumentou juntamente
com a procura de moeda metálica, de modo que a moeda fiduciária (impressa ou cunhada) não
era de imediato necessidade para a continuação do crescimento/desenvolvimento das cidades.
As disponibilidades de moeda recuperaram da crise ao mesmo tempo que a população.
A expansão mineira
Como observado anteriormente, os metais preciosos escassearam durante a primeira metade do
século XV por causa das distorções sofridas pela balança de pagamentos entre a Europa e o
Próximo e Extremo Oriente. Além disto, esta situação foi agravada pelas deficiências técnicas
das minas europeias de ouro e prata.
As técnicas utilizadas na exploração mineira de fins do século XV e princípios do século XVI
reforçavam-se mutuamente (minas mais profundas /completar). As minas, já mais fundas davam
mais metal precioso e os aperfeiçoamentos introduzidos nos foles e nos fornos proporcionavam
melhores ferramentas para a exploração dessas minas, e mais ferro para o abate e corte das
madeiras exigidas pelos poços e galerias e pelos engenhos de secagem. A melhoria verificada
nas ferramentas significava também melhor refinação e é provável que tenha igualmente
contribuído para assegurar o adequado abastecimento de mercúrio. O efeito global foi
espetacular. A produção de prata da Europa Central (Saxónia, Boémia, Hungria e Tirol)
aumentou exponencialmente. Nos fins do século XV, a Expansão mineira da Europa Central
tinha já contribuído muito para substituir os metais preciosos que tinham sido retirados da
circulação europeia nos cem anos anteriores; quase em toda a parte as últimas décadas desse
século assistiram a uma maior atividade de cunhagem de moeda, pois os metais preciosos
estavam novamente disponíveis para constituir o sangue vital da atividade económica.
As riquezas da América
Embora Cristóvão Colombo tenha morrido em 1506 desenganado do sonho da descoberta das
riquezas do oriente, os seus sucessores atuaram de modo a que as economias ocidentais não
tivessem de depender, exclusivamente, dos metais preciosos da Europa Central. O Haiti, Cuba e
Panamá serviram de base para novas explorações e novas conquistas. Formas mais pacíficas de
exploração económica substituíram em breve a força bruta (pilhagem). Os conquistadores,
depois de se apoderarem dos tesouros das colónias (México e Peru), viraram-se para a origem
dessas riquezas e para a exploração mineira.
Ressurreição monetária
A produção conjunta das minas europeias e das novas minas americanas pôs rápido fim à
“fome” de prata do final da Idade Média e, quando as disponibilidades foram reconstituídas, os
fenómenos que tinham resultado dessa escassez desvaneceram-se e inverteram-se tendências já
antigas. O declínio secular de preços dos fins do século XIV e do século XV infletiu-se e os
preços começaram a reanimar-se. No final do século XV, tinham voltado a possuir interesse
económico porque a grande escassez de metais preciosos fizera subir o poder de compra do ouro
e da prata a níveis artificiais; a abundante produção de metais preciosos fez subir os preços das
mercadorias muito acentuadamente e agravou, por isso, os custos de capitais da mineração.
Depois de 1530, as crescentes importações de etal precioso da América Central e do Sul fizeram
aumentar ainda mais as disponibilidades monetárias europeias, aceleraram a queda do poder de
compra do ouro e da prata e reduziram mais a prosperidade das minas europeias.
A inflação do século XVI foi comum a toda a Europa. Homens do tempo que se debruçaram
sobre esta questão: Jehan de Malestroit e Jean Bodin – teoria quantitativa do dinheiro –
relaciona os preços com a quantidade de moeda em circulação.
Inflação e Lucros
Os preços subiram, em maior parte da Europa, durante o século XVI.
Em muitas áreas da Europa, o século XVI foi um período de crescimento económico e de
recuperação, assinalado por uma maior produção de bens e serviços. Na maioria dos casos, os
preços dos produtos manufaturados também subiam, embora não tão acentuadamente como os
dos produtos agrícolas.
Consequências do aumento de oferta de metal precioso:

 Aumento da produção de bens manufaturados


 Crescimento das receitas totais
 Criação de economias de escala que baixassem o custo médio, poderá ter havido uma
inflação de lucros que tenha contribuído para uma mais rápida acumulação de capital.

Padrões de comércio no mundo – “Descobrimentos” e economia-


mundo. Regiões de Comércio

No decurso do século XV, os limites que tinham contido durante séculos a economia europeia
foram finalmente e irreparavelmente destruídos e este facto teve como resultado o aparecimento
daquilo a que um historiador recente chamou de “economia mundial da europa”. Essa
transformação não consistiu simplesmente numa nova consciência das dimensões, mais vastas
do planeta, mas antes, uma nova permanência, uma regularização de contactos, o
desenvolvimento de uma tecnologia capaz de resistir a provas económicas e geográficas de
maior amplidão. Melhoramentos na construção naval, vieram a adaptar-se muito bem à pirataria
e ao comércio que constituiu a essência do comércio internacional do século XVI.
A aventura portuguesa – Portugal, uma potência marítima: força e fragilidades
Os primeiros passos para uma exploração do Mundo desconhecido foram dados por Portugal,
que deu início com a conquista de Ceuta em 1415. Começam por explorar África, que tinha
como produtos os escravos, marfim, ouro, pimenta africana e cobre.
Numa fase inicial, as explorações portuguesas tiveram por base a conquista, mas depressa o
comércio regular se sobrepôs à pilhagem e nasceu um sistema económico regional. O comércio
de escravos floresceu.
Vasco da Gama, com a descoberta do caminha marítimo para a Índia, abre a Portugal as portas
ao domínio do comércio das especiarias.
Do ponto de vista da geografia europeia, Lisboa era um posto muito isolado e afastado das mais
importantes rotas comerciais. Assim, do ponto vista comercial, Lisboa estava mal localizada.
Sob o estímulo do crescente comércio de especiarias, Portugal procurou, assim, uma cidade
europeia mais bem colocada para base do novo comércio. Antuérpia foi a escolhida e passou a
servir de entreposto europeu para as mercadorias orientais importadas pelos Portugueses.
Antuérpia, tanto com o comércio de especiarias e mais tarde com o comércio dos panos
ingleses, ganhou uma importância acrescida entre as cidades europeias. Também com a
economia do açúcar – escravos- e do cobre veio a denotar-se a importância desta cidade no
panorama europeu.
Portugal, no século XVI, vai desenvolver os seus interesses comerciais na Índia e nas Ilhas das
Especiarias. Não tinham muito para oferecer a estes territórios, mas foi a sua supremacia
tecnológica a nível militar e naval, deu-lhe uma posição predominante no comércio das
especiarias.
Portugal teve um rápido êxito comercial, mas esse êxito foi frágil. Das Ilhas das Especiarias
vinha o cravo e de Banda a noz moscada e a sua maça. O gengibre e a seda da China, a pimenta
e os panos de algodão da Índia e por fim, os rubis, as esmeraldas e as safiras do Tibete, da índia
e dos Ceilão, serviram de complemento aos produtos das Molucas e enriqueciam os
comerciantes portugueses.
Portugal nunca alcançou o monopólio completo do comércio das especiarias e mesmo o seu
monopólio parcial depressa se viu ameaçado. Por um lado, os recursos demográficos e
económicos de Portugal eram insuficientes para a tarefa de governar metade do mundo. Por
outro lado, a concorrência interna da Índia, nas Ilhas das Especiarias e nos outros locais de
comércio, era muito sério e resultava muitas vezes em violência quer política quer de pirataria.
Mas os desafios ao domínio português no Oriente não se ficaram por aqui. Linha arbitrária que
dividia o mundo entre as duas potências ibéricas (Portugal e Espanha), que remonta ao Tratado
de Tordesilhas, no hemisfério ocidental, deixava muitas dúvidas no hemisfério oriental. A
concorrência comercial foi intensa durantes vários anos, mas os Espanhóis, devido à guerra com
a França e necessitados de dinheiro, desistiram das suas pretensões às Moluscas em troca de um
elevado pagamento pelo seu vizinho ibérico. No entanto, a Espanha voltou a formular
pretensões às ilhas em 1540 e mais tarde em 1570. A Península Ibérica esteve unificada entre
1580 e 1640, mas em vez de fazer aumentar a força de Portugal, a união levou todos os
inúmeros inimigos da espanha a atacar o império e o seu ténue domínio no oriente. O clima
político virou-se contra Portugal anto em águas europeias como no próprio Oriente. A Índia, que
no principio do século se vira dividida entre fações muçulmanas e hindus, passou gradualmente
para o domínio dos muçulmanos e, com isso, a ação equilibradora de Portugal ficou diminuída.
Mais perto da metrópole, a desastrosa derrota da Invencível Armada, em 1588, contribuiu para
debilitar a capacidade dos países ibéricos de defender as distantes rotas comerciais e estimulou
intrusos ingleses e holandeses a tentar arrebatar a Portugal o comércio das especiarias. Assim, o
comércio português no Oriente continuou, mas os sonhos de riqueza ilimitada não se realizaram.
O Novo Mundo
A própria enumeração das mercadorias importadas do Oriente – sedas, especiarias, pedras
preciosas- revela a dificuldade essencial daquele comércio. As cargas que os navios traziam no
regresso a Portugal eram leves e de pequeno volume, e extremamente valiosas. O cobre servia
para equilibrar uma parte da balança, e os ocidentais aproveitaram a sua superioridade
tecnológica com alguns artigos, como as armas de fogo, mas estas eram insuficientes para
regular as contas internacionais.
Apesar dos esforços para desenvolver o comércio inter-regional o valor das mercadorias
enviadas de oriente para ocidente excedia em muito o das que viajavam em sentido inverso. Os
vários países europeus tiveram sempre a necessidade de enviar para o oriente moeda de prata a
fim de equilibrar a balança comercial. Em consequência disto, o comércio atlântico que trazia as
riquezas minerais do Potosi e do México para a europa mostrava-se indispensável para a
continuidade dos negócios orientais.
Apesar de estar seguramente provado que os embarques de metais preciosos das minas do Novo
Mundo representam o elemento mais importante do comércio oriental do século XVI, também
existem outros componentes importantes. É significativo o fluxo de mercadorias que seguia da
europa para a América. Os portugueses, numa primeira exploração, dedicaram-se á exploração
das riquezas agrícolas das suas novas terras, sendo a mais lucrativa o pau-brasil, e á medida que
as ferramentas e as alfaias agrícolas europeias iam ganhando predominância e aumentando a
produtividade do trabalho nativo, ia-se criando um comércio de exportação de dimensões
apreciáveis. A madeira que chegava a Lisboa era transportada para Antuérpia ou para
Amsterdão, onde se fazia a sua transformação em corante para se distribuir nas indústrias têxteis
da Europa. Os corantes brasileiros tinham complemento a cochonilha e o anil do México.
Mas o açúcar era de longe o mais importante para a economia do Novo Mundo. A produção de
açúcar implicava economias de plantação e estas, por sua vez, estavam intimamente ligadas ao
comércio de escravos.
Mas o comércio de escravos não era uma simples satisfação de dar mão-de-obra, mas era deste
comércio que Portugal obtinha a prata que depois aplicavam no comércio da Índia.
Uma das particularidades do comércio da América Hispânica é a sua quase total especialização
em metais preciosos.
O comércio do Báltico
Há muitas semelhanças entre o comércio nas Índias orientais e o comércio do báltico no início
da época moderna. Embora o comércio das índias consistisse principalmente em mercadorias de
luxo e o do Báltico em mercadorias volumosas e relativamente baratas, ambas eram regiões de
forte concorrência e ambas exerciam influência na balança de pagamentos da Europa Ocidental.
Muitas das mercadorias da região báltica (Polónia, Prússia, Estónia, Finlândia, Livónia e da
Escandinávia) eram indispensáveis ás economias ocidentais. Os cereais eram o maior
componente exportador do comércio do Báltico. Além deles, a região exportava madeira e deles
derivados, alcatrão, proveniente da polónia e da Prússia, cinzas da madeira, que frequentemente
já tinham sido transformadas em potassa, importante para muitos processos industriais, como na
indústria do vidro, na saboaria, na tinturaria dos produtos têxteis e no fabrico de pólvora.
O rápido crescimento das navegações mundiais, associado á recuperação demográfica e
económica e aos descobrimentos, garantiu o mercado do linho e do cânhamo. Além destes
produtos, a cera, o sebo para iluminação e as peles e couros também provinham desta região.
Em troca das mercadorias do Báltico, os Holandeses e os comerciantes de outras nacionalidades
traziam para norte uma variedade de outras. O sal era das mais importantes importações da
região, especialmente na primeira parte do século. A localização dos Países Baixos era tal que
estas duas cidades (Antuérpia e Amsterdão) eram favorecidas pelo clima e pela duração das
viagens à vela do século XVI. A lentidão do trânsito marítimo e a curta duração da estação
favorável á navegação não davam tempo ao sal e ás especiarias que vinham do oriente para os
países baixos para continuar a viagem para norte até chegar ao Báltico antes do inverno; e o
mesmo sucedia, ao invés, com as mercadorias nórdicas destinadas aos portos meridionais, de
modo que Antuérpia-Amsterdão era um local geograficamente favorável para um entreposto
onde se pudesse efetuar a troca de mercadorias de origens diversas. As especiarias, os frutos do
Sul, o vinho, a seda, o veludo e certos metais e artigos metálicos embarcavam também para
leste, mas os tecidos talvez fossem a parte mais importante. A rápida expansão do comércio de
exportação dos panos ingleses contribuiu enormemente não só para a prosperidade de Londres
como também para a de Antuérpia, e esta mercadoria desempenhou um papel importante no
equilíbrio da balança comercial do Ocidente europeu com a região do Báltico. O rápido
crescimento das exportações de panos, tanto ingleses como dos Países Baixos, parece, todavia,
ter sido compensado pelo igualmente notável crescimento do comércio nórdico. Tal como as
Índias, o Báltico drenava as existências monetárias das nações do Ocidente Europeu.
Cinco regiões de comércio no início do Mundo Moderno:

 Báltico
 Mediterrâneo
 A costa ocidental de África
 A América
 Oriente
Os vencedores- a Holanda e a Inglaterra
Houve nações que no início eram fortes potências e tiveram muito êxito, que, entretanto, caíram
ou perderam a importância alcançada, tendo sido suplantadas por outras.
Holanda
Este país teve duas importantes cidades cosmopolitas, Antuérpia e Amsterdão.
O caso de Antuérpia, por exemplo, que em meados do século XVI era uma cidade dourada pelas
riquezas de todo o mundo, que chegavam ao seu porto, e que possuía um nível de riqueza e que
fazia dos seus cidadãos pessoas muito ricas e invejados, a sua prosperidade mostrou-se efémera.
A política hanseática, portuguesa e inglesa, o êxito da indústria mineira alemã (Fugger) e o
poder que daí adivinha aos financeiros do Sul da Alemanha, as exigências fiscais espanholas e
os acidentes geológicos combinaram-se ao virar do século para permitir que Antuérpia
eclipsasse Bruges e atraísse ao seu porto o comércio de todo o mundo. Mas outros fatores
semelhantes a esses – políticos, financeiros e geológicos – vieram contribuir para o declínio de
Antuérpia.
A insegurança política e religiosa levou muitos dos mais energéticos membros da comunidade
económica de Antuérpia para Norte, para Amsterdão. Os refugiados das guerras religiosas em
França e da matança de S. Bartolomeu, também contribuíram para o aumento da população de
Amsterdão. No final do século XVI, Amsterdão era uma grande cidade. Amsterdão floresceu e a
sua população aumentou. Os comércios de luxo que tinham feito fortuna em Antuérpia,
rapidamente encaminham-se para Norte e serviram de complemento aos seus ganhos com o
comércio no Báltico.
A importância das províncias Unidas na pesca (arenque, que, entretanto, vai para o Mar do
Norte, começando os holandeses a construir embarcações especializadas neste tipo de pesca) e
no comércio do Báltico concedeu-lhes uma importância estratégica no século XVI.
O domínio Holandês no Báltico e a decadência económica de Antuérpia combinaram-se com a
grande dependência, das cidades do mediterrâneo aos cereais provenientes do Báltico, que
chegavam a estas cidades a partir do porto de Livorno, que tinha sido declarado por Fernando I
um porto franco, aberto a todas as nações sem discriminação de religião ou de situação política,
e que passou a ser o centro de distribuição de mercadorias nórdicas e passou a servir todo o
Mediterrâneo. Estas mercadorias eram fornecidas pelos holandeses.
Os holandeses, face aos esforços dos Espanhóis para os arruinarem, começaram a atacar os
diversos barcos que circulavam pelos mares para as rotas, começando a afetar o calendário das
frotas de prata no final do século e a própria economia do Império Espanhol, visto que estes
começavam a depender de terceiros. Mas o verdadeiro êxito, foi sem dúvida à parte portuguesa
do Império Unificado (Índias)
A migração de Antuérpia para Amsterdão de pessoas especializadas numa grande diversidade de
profissões fez desta cidade um centro de difusão de tecnologias. Judeus, financeiros,
comerciantes, navegadores e geógrafos viviam em íntima proximidade e forneciam uns aos
outros estímulos recíprocos aumentando, ao mesmo tempo, os seus conhecimentos do vasto
mundo. Os informes concretos sobre as rotas de comércio dos Portugueses estavam cada vez
mais acessíveis. Isto resultou num começo do domínio na Índia Oriental, na parte portuguesa do
Império Unificado, visto que estes não tinham poderio suficiente para conseguir resistir aos”
intrusos “das províncias Unidas. Assim, a poderosa força naval holandesa começou a atacar e
conquistar as bases do comércio português e espanhol com uma eficácia cruel. Importante
referir, que em 1602 foi criada a Companhia Holandesa das Índias Orientais a fim de dominar o
comércio por meio de ima única organização sem concorrências internas.
Apesar de a força militar ter sido a chave para o domínio do comércio das Índias, a longo prazo,
a prata dos Holandeses foi mais importante que a força militar para a conquista deste comércio e
para lhes permitir alcançar a posição dominante que mantiveram no comércio durante o século
XVII. A prata provinha do comércio equilibrado que tinham no resto do mundo.
Inglaterra
Também os ingleses lucraram com o desmantelamento do Império Espanhol no decurso da
segunda metade do século XVI, e, por conseguinte, puderam aumentar a sua hegemonia
comercial. Tal como no caso dos Holandeses, a crise impeliu-os a maior diligência na busca de
mercados. As novas cidades de lã, Emden e depois transferido para Hamburgo, ofereceram aos
negociantes ingleses o acesso aos mercados setentrionais da Alemanha, aliviaram a crise de
sobreprodução de meados do século e proporcionaram às exportações de fazenda inglesa uma
saudável recuperação durante o resto do século. As migrações para nordeste do comércio de
lanifícios incitaram os comerciantes ingleses a penetrar no Báltico em quantidade cada vez
maior, tendo os lucros e mercadorias movimentadas importantes para ajudar a Inglaterra.
A entrada dos ingleses no comércio das especiarias no século XVI seguiu esquemas mais
tradicionais e foi complementada com as vendas industriais dos ingleses no Mediterrâneo.
Os ingleses também tomam a Rota do Levante, que “começava” no Porto de Livorno, em Itália
e que facilitava as trocas comerciais com os turcos. É importante referir que Inglaterra tinha
condições favoráveis, uma vez que possuía estanho e cobre, algo que não era possuído pelos
holandeses, também interessados nesta rota, como visto anteriormente.
Os ingleses ganharam, através destas cidades o casso ao comércio terrestre das especiarias e
fizeram desvio daquele que se realizava no cabo. Mas, para os ingleses era mais importante o
comércio mediterrânico de mercadorias mais básicas, como o alúmen, matéria-prima que tinha
sido descoberta em Tolfa e que era vital para as indústrias têxtil e de couros, uma das
componentes mais importantes do setor manufatureiro inglês. Além disso, o facto de o alúmen
ser transportado em porões ingleses significava que os custos do transporte eram recuperados e
que tais ganhos contribuíam para a formação do capital e para a prosperidade geral do país.
Dentro da própria indústria têxtil, as modificações das técnicas da manufatura, da natureza do
produto obtido e das áreas de comercialização servidas reforçavam e interagiam com os ganhos
derivados da recente abertura das rotas comercias do levante á Inglaterra.
As qualidades das “fazendas novas” – textura mais aberta, menor peso, preço inferior e cores e
padrões brilhantes e variados – recomendava-as aos consumidores mediterrânicos, em cujo
mercado se juntavam aos fustões alemães para proporcionar a Inglaterra exportações muito
valiosas e para ajudar a equilibrar a balança comercial com a região. As especiarias, o alúmen, a
seda e outros produtos de luxo podiam ser obtidos do levante em troca dos artigos do Norte e de
tecidos ingleses sem os riscos da rota do Cabo e sem necessidade de exportação de enormes
quantidades de prata. Este comércio continuou a crescer. O êxito das “fazendas novas” foi
reforçado pelo interesse, no final do século XVI, da manufatura do algodão no Lancashire,
matéria-prima importada do levante. Sem grande importância para a época estudada, esta
indústria de algodão veio a transformar-se na indústria base da revolução industrial inglesa e a
pedra angular da supremacia inglesa no período de maior glória do país.
Além deste comércio, também havia um certo comércio ilegal, como é o mundo da pirataria, do
contrabando e do corso.
Os problemas levantados pelo comércio: sua perceção e suas soluções
Grande parte das ideias económicas e da política comercial do século XVI orientavam-se sobre
a premência para a necessidade de aquisição de metais preciosos, de atraí-los para o respetivo
país e evitar que de lá saísse. (mercantilismo)
Para evitar que os metais preciosos saíssem dos países, estes criaram várias leis para que estes
não saíssem, como as leis sumptuárias, destinadas a evitar a exportação de moeda para
pagamento de mercadorias de luxo. Em quase todos os países se associaram a essas leis esforços
para aumentar o poder da frota mercante com o objetivo de obter ganhos com o transporte de
mercadorias, para desenvolver as indústrias locais que pudessem produzir substitutos para os
artigos de importação, para estimular a formação de companhias que ou encontrassem novas
fontes de dinheiro ou rompessem o monopólio espanhol e para garantir a eficaz utilização da
mão de obra nacional como meio de arranjar maiores quantidades de mercadoria para
exportação.
O economista Keynes apresentou uma defesa da política mercantilista como estimuladora do
emprego.
Opinião de Harry Miskimin: a teoria económica da época já era suficientemente evoluída para
permitir a correta formulação do mecanismo preço-fluxo monetário – quando entram no país
metais preciosos que se transformam em moeda, os preços sobem; esse facto provoca a
diminuição das exportações e o aumento das importações, visto que os bens de origem
estrangeira embaratecem; e o resultado final é um fluxo de saída de metais preciosos até que os
preços e a disponibilidades de metais preciosos voltem a equilibrar-se entre todos os países.
Ideias Económicas e políticas no século XVI:

 Aquisição de metais preciosos


 Aumentar o poder das frotas mercantes
 Desenvolver as indústrias locais
 Estimular a formação de conhecimentos

Utilizado o livro de Jean Delumeau, A civilização do Renascimento


Geralmente, liga-se a prosperidade do “belo século XVI” ao afluxo do ouro e da prata
americana. Mas foi sobretudo, após a descoberta das minas de prata de Potosi e após a
utilização, na América, do processo de amálgama para tratar o minério é que se começaram a
escoar os tesouros da América, chegando a Espanha, e mais tarde a outros países europeus. A
partir de 1530, estes metais chegam a Antuérpia, que era então a capital económica do Ocidente.
Aumento dos preços no século XVI
O aumento dos preços deu-se em Espanha, Itália, França e nos Países baixos no final do século
XVI e na primeira década do século XVII, na altura em que chegavam à Europa as maiores
quantidades de metais preciosos peruanos e mexicanos. Assim, consegue-se pôr em relação, de
um lado os tesouros da América e, do outro, o crescimento do crédito, o desenvolvimento geral
dos negócios, a dilatação dos orçamentos militares, o aumento do luxo e o brilhante
florescimento artístico que caracterizam o século XVI.
A necessidade de metais preciosos foi uma das causas para as viagens de descobrimentos.
Apontamentos caderno diário
O consumismo e os novos hábitos- o Renascimento na vida doméstica
 Casa e móveis: escrivaninhas, mesas e aparadores, prateleiras e guarda-louças,
tapeçarias, pinturas, gravuras e porcelana, o garfo
 Janelas maiores com vidro claro
 Retratos e gosto pelas roupas e imagem
 Livros e música (instrumentos e partituras)
 Teatro e companhias de atores
 Gabinetes de leitura e estudo: escrivaninhas, tinteiros, quadros, antiguidades, estátuas
 Gabinetes de curiosidades: coleções de objetos exóticos e curiosidades, gravuras do
novo mundo e reprodução de paisagens

Demonstração de prestígio social

Os mercadores-banqueiros
 Imitam os nobres
 Objetivo: alcançar a nobreza (política de casamentos)
 Compram terras
 Dinheiro não é reinvestido

O mercador-banqueiro
 Mercadores + banqueiros + indústrias
 Novas técnicas de negócio e técnicas bancárias: o cheque, a letra de câmbio, o crédito,
os seguros, a contabilidade por partes dobradas
 Cultura laica: consciência do tempo e do espaço, controle do tempo, do espaço e do
risco
 Valores terrestres e atividades laicas: valor do dinheiro e reabilitação ética do lucro, da
felicidade terrena e da ação e glória do individuo
 Residências de prestígio e compra de propriedades: o individuo, o seu conforto, o se
retrato
 As companhias de negócios centralizadas e descentralizadas: empreendimentos
comerciais, indústria e operações financeiras
As cidades são centros de:

 Crescimento económico
 Estímulo financeiro
 Dispersão de tecnologia
 Redes de consumo e distribuição
 Comércio internacional

Utilização do John Hale, A Civilização Europeia no Renascimento


Os novos hábitos de consumo
A Época Moderna, ou melhor, o seu início, é caracterizado como um período em que havia mais
dinheiro para ser gasto em coisas materiais, dinheiro oriundo, principalmente, do grande
comércio internacional e da chegada de metais preciosos. Este dinheiro era usado para comprar
coisas extra às necessidades básicas: confortos, conveniências, luxos e ostentações sedutores
que realçavam o sentimento de bem-estar do comprador (físico, social e intelectual). O
mecenato a artistas também era uma prática recorrente desta altura. A compra de objetos não
essenciais tornou-se um aspeto mais usual da amenidade, do estatuto e da aquisição informada.
Mais dinheiro, mais objetos.
Esta Época ficou também marcada pelo gosto pelo conforto doméstico e pela construção de
casas que continham mais divisões. A procura da privacidade conduziu cada vez mais à
separação dos espaços da vida quotidiana dos dedicados a receber visitas e à adição de confortos
como quartos de dormir de Verão e de Inverno e longas galerias para fazer exercício dentro de
casa.
Houve uma procura sem precedentes de escrivaninhas, mesas, aparadores, conjuntos de
prateleiras e guarda-louças, todos adequados à arrumação e exibição de novas possessões.
Lareiras mais amplas e janelas maiores, com vidro claro substituindo o papel oleado semiopaco,
tornavam as divisões mais claras onde se podiam apreciar devidamente as pinturas e tapeçarias.
O estilo de quadros que se compravam mais, relacionados com o realismo das próprias obras
eram, sem dúvida alguma, os retratos. Esta persistência de se comprar obras de arte veio de um
padrão mais tradicional, de famílias, indivíduos ou corporações.
As mulheres obtinham educação através de livros impressos. Relacionado com o tema da
mulher, esta interessava-se por roupas em voga e de qualidade.
Também a música se viu afetada nesta cultua de “mais”. As orquestras e os coros foram
alargados, tendo tornando-se mais hábeis, e dando concertos públicos que recorriam a um
reportório cada vez mais amplo de partituras, sendo que qualquer ocasião importante, era
igualmente ocasião para um conjunto de versos e ma composição musical que os realçasse.
Mais do que nunca, a música tornou-se parte da textura da festa e da cerimónia, do culto e do
lazer. Mesmo que a música doméstica permanecesse um entusiamo de amadores, a atenção à
mudança aumentou o consumo de partituras e houve uma procura de instrumentos, que eram ao
mesmo tempo, belos e úteis.
Mas, os livros, foram o objeto cultural mais dominante. A alfabetização alargada da época devia
muito ao dinheiro que havia para os produzir, comercializar e comprar. Identificaram-se e
procuraram-se os leitores de classe média recém-aumentados.
Os preços dos livros, permitiam uma compra ocasional para os que tinham pouco dinheiro para
gastar.
Mais do que qualquer outra forma literária, o teatro sempre despendeu muito dinheiro.

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