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O quadro económico e

demográfico

E X PA N S Ã O E L I M I T E S D O C R E S C I M E N T O
Introdução

 Na Europa Ocidental, a partir do séc. X, verificou-se


um conjunto de alterações de cuja ação resultou um
desenvolvimento económico e um crescimento
demográfico que duraria até ao séc. XIII.
 A Europa inicia, assim, um amplo movimento de
expansão económica que, com fases de expansão e
retração, se desenvolveria por vários séculos e lhe
permitiu um domínio económico a nível mundial até
ao séc. XX.
Factores que contribuíram para a prosperidade
económica dos sécs. XI a XIII
 A prosperidade dos séculos XI a XIII teve por base o
desenvolvimento agrícola.
 Factores que contribuíram para o desenvolvimento
agrícola:
 Expansão da área cultivada devido aos grandes
arroteamentos empreendidos por monarcas, grandes senhores
e camponeses;
 Progressos técnicos, tais como: a substituição da madeira
pelo ferro nas alfaias agrícolas, o melhor aproveitamento da
força animal, a rotação trienal de culturas e a fertilização dos
campos (com marga, cinza e estrume animal).
• Por que motivo se encontrava inculta a terra em questão?
• Que papel tiveram os monges na expansão da área cultivada?
• Que elementos nos fornece a gravura sobre os trabalhos agrícolas na
Idade Média?
Machado Expansã
de ferro o da
criação
de gado

Foice de
ferro

Pregos
da grade Coelheir
(ferro) a rígida

Aplicações
de ferro na
charrua

• Identifica os progressos técnicos presentes na imagem.


• Explica as vantagens da rotação trienal das culturas.
Factores que estimularam o aumento da produção

 Fim das invasões;


 Os senhores rurais, com exigências crescentes,
pressionavam os camponeses a produzir mais, a fim de
aumentar os seus rendimentos;
 Os camponeses, que normalmente pagavam uma renda
fixa, pretendiam acumular excedentes para vendê-los
depois no mercado local;
 As necessidades crescentes de abastecimento das
cidades, que necessita de alimento e matérias-primas
para o artesanato (plantas têxteis e tintureiras);
 Alterações dos hábitos alimentares estimulavam também
uma maior diversidade de produção
Para pessoas e
mercadorias
entrarem nas
cidades era
obrigatório o
pagamento de
portagens (imposto
de circulação).
Crescimento demográfico

 A prosperidade agrícola resultou num crescimento


demográfico: a existência de maiores recursos
alimentares fez recuar as fomes e,
consequentemente, as epidemias, proporcionando a
duplicação da população da Europa entre os
séculos XI e XIII.
Melhoria do Fim das Progressos
clima invasões técnicos

A expansão agrária foi


simultaneamente
causa e consequência Aumento da
produtividade
do aumento agrícola
demográfico!

Mais e
Expansão
melhor
agrária
alimentação

Aumento da
população
 Crescimento dos velhos centros (burgos): A
população aumenta e vem para as cidades à
procura de melhores condições de vida. A cidade
cresce para fora das antigas muralhas, com novos
bairros, os “burgos de fora” que foram crescendo
nos arrabaldes (periferia), juntamente com campos
de cultivo, vinhedos ou pomares. Eram geralmente
habitados por artesãos e mercadores recém-
chegados. Mais tarde construíram-se novas
muralhas, que envolviam essa comunidade
burguesa.
 Aparecimento de novas cidades: surgem em redor de
mosteiros e castelos ou em locais bem situados para a
prática do comércio (estuários de grandes rios, portos
marítimos ou no cruzamento de vias mais percorridas).
 Os camponeses eram atraídos à cidade, procurando
libertar-se das imposições senhoriais e ascender
socialmente, desempenhando tarefas menos pesadas.
 Os artesãos procuravam a proximidade com o mercado, de
modo a vender os seus produtos.
 Embora minoritária no mundo medieval, a cidade foi
núcleo dinamizador das mudanças sociais e do
desenvolvimento económico baseado no comércio e nas
actividades artesanais, que seriam a base do poder da
Europa perante o Mundo até ao séc. XX.
As relações cidade-campo e a economia de mercado

 Os mercados locais animavam a vida da cidade e


mantinham uma relação de reciprocidade e
complementaridade entre a cidade e o campo.
 Senhores, mosteiros e camponeses vinham à cidade
vender os seus excedentes agrícolas.
 Os almocreves eram os intermediários que abasteciam a
cidade de géneros alimentícios e o campo com os produtos
manufacturados.
 As autoridades urbanas preocuparam-se em regulamentar
o mercado, fiscalizar a qualidade dos produtos e abastecer
eficazmente a cidade (prevenindo as revoltas)
As relações cidade-campo e a economia de mercado

 As trocas complementares cidade-campo revertiam


a favor da burguesia urbana e mercantil que
dominava os circuitos comerciais, os mercados e as
feiras, cobrava as taxas pelos fretes de transportes
e determinava os preços.
 O mercado local e regional e o volume de trocas
estabelecido, bem como a quantidade de moeda
transaccionada, contribuíram para a substituição da
antiga economia de subsistência e autoconsumo
que vigorava desde a queda do Império Romano
pela economia monetária.
As grandes rotas do comércio externo

 Nos séculos XII e XIII, o comércio desenvolveu-se


com maior dinamismo em algumas regiões
europeias:
 Flandres (Norte da Europa) – faz o comércio no Atlântico, no
Mar do Norte e no Báltico;
 Norte de Itália – controla as rotas mediterrânicas, fazendo a
ligação entre a Ásia, a África e a Europa.

 Estas duas áreas estão ligadas por rotas terrestres


onde se encontram mercadores e se fazem grandes
negócios – é nessa zona que se realizam as
grandes feiras de Champagne.
Flandres

 A Flandres atraía os mercadores de toda a Europa


devido à sua activa indústria têxtil (especialmente os
lanifícios, famosos pela sua qualidade), fazendo
crescer e enriquecer as cidades da região (Gand,
Ypres, Bruges, Donai…).
 Com o impulso dos mercadores que forneciam as
matérias-primas (lãs de Inglaterra, Irlanda e Castela)
e comercializavam os produtos, desenvolveu-se um
artesanato de tecidos finos e de luxo, apreciados em
toda a Europa devido à diversidade de padrões e
riqueza de cores.
O comércio da Hansa

 Os mercadores das idades alemãs do Noroeste


europeu (Lubeque, Hamburgo, Dantzig, Colónia,
Riga e Visby) formaram a Hansa Teutónica, para
proteger os comerciantes de uma região e defender
os seus interesses.
 A Hansa dominava todo o comércio no Mar do Norte
e no Báltico.
Cidades italianas

 As cidades italianas de Amalfi, Génova, Pisa e


Veneza preservaram a tradição mercantil do Império
Romano, vivendo do comércio mediterrânico muito
antes do século XI.
 Estas cidades eram inimigas e rivais, disputando
entre si o domínio das rotas que ligavam a Ásia
Menor ao Norte de África e depois à Europa.
 A rota mais disputada era o famoso comércio das
especiarias, muito rentável.
Feiras de Champagne

 Os mercadores medievais viajavam em busca das


melhores oportunidades de negócio.
 Surgem as feiras, algumas que atraem mercadores de
toda a Europa.
 Os monarcas e grandes senhores procuram atrair
mercadores às feiras, concedendo-lhes privilégios e
isenções fiscais, protegendo-os com um salvo-conduto
(documento que protegia os mercadores na feira e na
viagem de ida e volta contra os assaltantes e processos
judiciais)
 Destacam-se as feiras da região de Champagne,
situadas no caminho que liga a Flandres às cidades
italianas.
Novas práticas comerciais e financeiras

 Câmbios – havia necessidade de trocar as moedas das


várias cidades / reinos;
 Seguros – para indemnizarem os prejuízos quando a
mercadoria se extraviava;
 Cheques e letras de câmbio – permitiam substituir o
transporte de dinheiro vivo, sempre mais arriscado e
volumoso, fazendo operações de pagamento em papel;
 Sociedades comerciais – permitiam reunir capital a
uma escala a que os particulares dificilmente poderiam
ter acesso e, da mesma, repartir os lucros do negócio
proporcionalmente a esse investimento inicial.

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