Você está na página 1de 4

Renascimento comercial e urbano

Renascimento comercial e urbano é um fenômeno da Baixa Idade


Média que resultou em grande crescimento nesses âmbitos naquele
período.
"O renascimento comercial e urbano aconteceu na passagem da Alta Idade Média para a Baixa
Idade Média. Esse processo resultou em grande crescimento comercial, adormecido desde a
desagregação do Império Romano do Ocidente, e em grande crescimento urbano. O
renascimento em questão está diretamente relacionado com os avanços técnicos que
permitiram maior produção agrícola e impulsionaram um crescimento populacional."

"Contexto

A Europa passou por diversas transformações que resultaram em grande crescimento


populacional, urbano e comercial. Essa Europa com população reduzida, comércio
enfraquecido e cidades pouco habitadas foi consequência direta da desagregação do Império
Romano do Ocidente e do estabelecimento dos povos germânicos na Europa Ocidental.

As transformações disso resultaram em pestes, guerras e fome, traduzidas em morte. A falta


de segurança levou as pessoas a mudarem-se para as zonas rurais a fim de aproximar-se dos
locais produtores de alimentos e buscar refúgio junto de algum nobre. Esse fechamento em
torno das zonas rurais deu surgimento à feudalização da Europa, enfraquecendo a troca
comercial.

Esse quadro manteve-se até o século X, e as mudanças podem ter tido como ponto de partida
os avanços técnicos na produção agrícola. Esses avanços garantiram um aumento considerável
na produção, com o historiador Hilário Franco Júnior afirmando que, durante a Baixa Idade
Média, cada semente plantada resultava, em média, em 5,5 grãos de centeio, 4 grãos de trigo
e 3 grãos de aveia|1|. Com base nesse cenário é que tivemos as diversas transformações que
originaram o crescimento urbano e comercial."

"Renascimento urbano"
Veja mais sobre "Renascimento comercial e urbano" em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento-comercial-e-urbano.htm

"O renascimento urbano permitiu que cidades como Gênova, na Itália, alcançassem uma
população de cerca de 60 mil habitantes no século XII."

"Como mencionado, o renascimento urbano tem relação direta com o aumento da produção
agrícola. Esse aumento, além de ser resultado de melhorias técnicas, adveio de uma melhora
na temperatura geral na Europa que garantiu mais terras para serem cultivadas. Com mais
alimento disponível, a população europeia aumentou significativamente.

Assim, no ano 600, a população da Europa Ocidental, que era de 16,3 milhões, saltou para 22,1
milhões, no ano 1000, segundo dados trazidos por Hilário Franco Junior|2|. O historiador
francês Jacques Le Goff, por sua vez, traz dados que afirmam que, no ano 600, a população
europeia era de 14,7 milhões, enquanto que, no ano 1000, ela havia saltado para 22,6
milhões|3|.

Esse crescimento populacional refletiu diretamente no crescimento urbano na Europa


Ocidental, uma vez que muitos servos fugiam dos feudos que habitavam para escapar das
obrigações impostas. Esse crescimento urbano fez com que os núcleos da cidade fossem
expandidos para além de suas muralhas, formando os burgos."

"Além disso, o crescimento urbano promoveu uma diversificação das atividades econômicas,
uma vez que uma série de ofícios começou a surgir para atender as demandas internas da
cidade. Com o crescimento citadino, o poder também foi transferido, dos bispos, para os
habitantes dos burgos cada vez mais ricos e influentes, os burgueses.
O renascimento urbano também tem relação direta com o renascimento comercial, pois as
demandas do primeiro âmbito permitiram o fortalecimento do segundo, e o estabelecimento
de comerciantes nos arredores das cidades, para atender as demandas das cidades, atraía
pessoas e intensificava o aumento populacional urbano na Europa.

O crescimento urbano, por sua vez, não pode ser enxergado de maneira exagerada, uma vez
que, no século XII, a população das cidades representava apenas 20% de toda a população na
Europa Ocidental, que seguia, portanto, como um mundo majoritariamente ruralizado.
Algumas cidades europeias, porém, possuíam população significativa, como Paris, com 200 mil
habitantes em 1300; já Florença e Veneza possuíam população superior a 100 mil habitantes
na mesma época|5|."

"Renascimento comercial"

"O renascimento comercial garantiu o desenvolvimento de feiras nos arredores de algumas


cidades."

"O renascimento comercial, como mencionado, também está relacionado com o aumento da
produção agrícola e o crescimento urbano. Esse aumento na produção garantiu um excedente
que poderia ser comercializado. A atuação dos comerciantes itinerantes nesse contexto
contribuiu significativamente para a circulação de mercadorias.
No entanto, as dificuldades na locomoção pela quantidade de estradas ruins, os perigos da
vida itinerante e as dificuldades monetárias empurraram muitos comerciantes para a
sedentarização. Eles instalaram-se nos arredores das cidades, os burgos, porque ali havia uma
demanda constante de mercadorias dos mais variados tipos.

A princípio, o comércio instalado próximo às cidades tinha enfoque na venda de mercadorias


de luxo ou itens de primeira necessidade, como sal, segundo Jacques Le Goff|6|. Só com o
passar do tempo é que a variedade de produtos começou a incluir itens básicos, como os grãos
do excedente da produção.

O excedente que passou a ser comercializado deu um grande impulso para o comércio
marítimo na região do mediterrâneo, sobretudo porque cidades como Veneza e Gênova eram
compelidas à navegação pela proximidade do mar. O comércio mediterrâneo teve um impulso
considerável com o início das Cruzadas — acontecimento que abriu o comércio oriental para
os comerciantes italianos."

"desenvolvimento no comércio utilizando-se a navegação como meio de transporte deu


surgimento a dois importantes polos comerciais: um dominando pelos italianos, ao sul, e outro
dominado pela chamada Liga Hanseática, ao norte. As feiras de Champagne, na França, eram o
ponto de encontro entre os comerciantes desses dois polos. Elas estendiam-se por todo ano
em Lagny, Bar-sur-Aube, Provins e Troyes.

Apesar desse ponto de encontro em Champagne, as estradas, como referido, eram locais
perigosos para os comerciantes. Sendo assim, o contato entre os italianos e a Liga Hanseática
dava-se, principalmente, por mar, em rotas que ligavam a Itália à Bélgica e Inglaterra. Os
comerciantes medievais ainda abriram importantes rotas que os levaram ao Oriente, incluindo
a Palestina e o Egito, à região dos países bálticos e até mesmo à região da atual Rússia, na
época, ocupada pela Rus Kievana.

Não podemos esquecer que o renascimento comercial trouxe uma demanda que, havia muito,
estava enfraquecida: o uso da moeda. O crescimento comercial fez com que comerciantes e
compradores precisassem das moedas, uma vez que o escambo era inviável em alguns casos.
No século XIII, uma série de regiões na Europa já possuía suas próprias moedas cunhadas.

O renascimento comercial abriu caminho para o encarecimento das mercadorias, e Jacques Le


Goff afirma que se o frumento (qualquer tipo de grão) custava índice 100 (medida de valor
criada por ele como exemplo) entre 1160-1179, alguns séculos depois, no período entre 1320-
1339, o mesmo frumento custava 289,7. Os salários, por sua vez, não acompanharam esse
aumento significativo."

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento-comercial-e-urbano.htm

Você também pode gostar