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MÓDULO 5 TEMA

A CULTURA DO PALÁCIO HOMENS NOVOS, ESPAÇOS NOVOS, UMA MEMÓRIA CLÁSSICA AULA 63 1

DE MEADOS DE QUATROCENTOS AO INÍCIO DA GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618)

O final da Idade Média foi marcado por uma


série de catástrofes, tragédias e crises
Autoflagelantes de Doornik em
políticas que abalaram as sociedades
1349, iluminura da Chronica europeias.
Aegidii Chromolitograph Li
Muisis, século XIV.
Peste Negra, pragas e fome
• Estes flagelos dizimaram grande parte da
população e criaram um clima de medo e
desconfiança nas sociedades.
Grande Cisma do Ocidente (1378-1417)
• A maior crise da Igreja Católica aconteceu
com a divisão da Europa entre dois Papas a
partir de 1378: o Papa Urbano VI em Roma,
Palácio dos Papas, Avinhão, e o Papa Clemente V em Avinhão, apoiado
França, 1335-1355. pela França (o Antipapa).
Queda do Império Bizantino (1453)
• A tomada de Constantinopla pelos Turcos
Otomanos (convertidos ao Islamismo)
provocou a Queda do Império Bizantino e,
em consequência, a retirada de artistas e
O Cerco de Constantinopla, intelectuais bizantinos para Itália.
Philippe de Mazerolles, Crónica de
Paulo Simões Nunes
Carlos VII de Jean Chartier, Paris, História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
1470-1479. © Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.
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DE MEADOS DE QUATROCENTOS AO INÍCIO DA GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618)

No Quatrocentos, a Itália encontrava-se dividida numa


série de ducados, repúblicas e reinos soberanos
representados por cidades-estado.
Estas cidades-estado eram rivais entre si, encontrando-
-se em permanentes conflitos armados.
Desta rivalidade resultaria o empreendimento de
grandes realizações artísticas e arquitetónicas com que
cada cidade pretendia superiorizar-se.
Os fatores seguintes contribuíram para o surgimento de
um novo movimento artístico em Itália:
• conflitos políticos entre cidades divididas entre
apoiantes do Papa e apoiantes do Imperador (Sacro-
-Império) destruíram as finanças e as famílias nobres;
• deste conflito saiu beneficiada a burguesia
(mercadores, banqueiros e comerciantes), homens
cultos e interessados pela arte e pela cultura;
• estes foram os principais promotores e protetores das
artes (os mecenas), as grandes famílias burguesas do
Renascimento.
A Itália em 1494: as cidades-estado. Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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DE MEADOS DE QUATROCENTOS AO INÍCIO DA GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618)


Esta nova sociedade cortesã é ávida de poder
e glória, vive em luxuosos palácios, promove
festas e banquetes, dedica-se à caça e a
torneios.
Mas também se interessam por arte e
literatura, pintura e escultura, música e
poesia, filosofia e política – para estes
homens, a arte e a cultura são fatores de
reputação, prestígio e poder
Nas suas cortes (nos palácios), estes homens
vão tomar iniciativas que favorecerão a
revolução cultural do Quatrocentos:
• disputam entre si os artistas e intelectuais
mais notáveis;
• enriquecem as suas bibliotecas com autores
clássicos;
Seis poetas toscanos, Giorgio Vasari, 1544.
• colecionam obras de arte e manuscritos
antigos.

Paulo Simões Nunes


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Em Itália renasce uma nova consciência do lugar do
Homem no mundo, num processo de mudanças que
marca a transição da Idade Média para a Idade
Moderna.
No contexto dos conflitos entre cidades-estado,
Florença destaca-se a partir de 1400 após obter uma
importante vitória sobre Milão, fazendo renascer na
cidade o orgulho cívico e os ideais humanistas do
renascimento do Classicismo.
Vista sobre Florença: a Cúpula da Catedral de Santa Maria das
Flores e o Palazzo Vecchio. Fatores que favoreceram o surgimento do
Renascimento em Florença:
• Florença beneficiou de uma situação económica e
cultural muito favorável;
• nos séculos XV e XVI Florença contou com um
conjunto de notáveis artistas e mecenas;
• as cortes burguesas de Florença privilegiavam o culto
das artes, das letras, das ideias e da música;
Vista sobre Florença: o rio Arno e a Ponte Vecchio. • vários filósofos e intelectuais conciliaram a
espiritualidade cristã com os fundamentos do
Humanismo e do Classicismo. Paulo Simões Nunes
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A partir de cerca de 1530, diversos fatores vão alterar
toda esta conjuntura histórica.
A primeira metade do século XVI assistiu à
desagregação política da Europa devido a uma
generalizada instabilidade política e diversos conflitos:
• Roma foi saqueada (1527) pelas tropas de Carlos V,
Imperador do Sacro-Império;
O Saque de Roma pelas trops de Carlos V em 1527, • na Alemanha, Lutero fundou a Reforma – um
Johannes Lingelbach, século XVII. movimento reformista da Igreja Cristã que se separa
da Igreja Católica romana;
• como resposta, em Roma, o Papa criou a
Contrarreforma, com um programa doutrinário
aprovado no Concílio de Trento (1545-1563);
• a Europa dividiu-se entre católicos e protestantes,
com perseguições, autos de fé e guerras entre os
diversos estados.
Na transição para o século XVI, a arte foi marcada pelo
individualismo estilístico, pelo artificialismo formal e
pelo virtuosismo técnico, num período designado por
Martinho Lutero pregando no Castelo de Wartburgo, Maneirismo. Paulo Simões Nunes
Alemanha, Hugo Vogel, 1882. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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DE MEADOS DE QUATROCENTOS AO INÍCIO DA GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618)

O otimismo do Renascimento deu lugar a um


período de desconfiança, inquietação e crise de
valores.

O movimento da Reforma Protestante originado por


Lutero na Alemanha dividiu as nações europeias em
conflitos fratricidas entre cristãos e protestantes,
mergulhando a Europa numa profunda crise política,
económica e financeira.
Massacre de S. Bartolomeu (praticada por católicos
contra protestantes), François Dubois, 1572-1584.
Estes conflitos culminaram com a Guerra dos
Trinta Anos (1618-1638) – um longo conflito
generalizado a toda a Europa motivado por
divergências religiosas, entre católicos e
protestantes.
A partir de então, determinou-se um novo ciclo
histórico, cultural e artístico.

Batalha do Rio Lech (Guerra dos Trinta Anos), gravura Paulo Simões Nunes
de Matthias Merian, Danckerts Historis, 1642. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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