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A Baixa Idade Média

(Sec. XI – XV)
Transformações agrárias na Europa medieval

• Baixa Idade Média (séc X – XV): período de grandes


transformações das relações no interior da sociedade feudal

•Principais elementos:

oInterrupção das invasões (período de relativa paz)

oAumento da Produção (inovações técnicas)

- Arado de Ferro
- Arroteamento (aumento da área de terras cultiváveis)
-Divisão Trinaria das Terras ( 2/3 cultivadas e 1/3 em
descanso
• Aumento demográfico:

Século População (em milhões)


IX 18
X 26
XI 34

• Conseqüência Direta:

o Aumento da produção de excedente.


oTensões dentro da nobreza
Os burgos
O Renascimento Urbano e Comercial

• Aumento do Excedente → Autonomia das cidades

• Inversão da relação entre cidade/campo

•Processo de especialização no interior das cidades:


a) Artesanato
b) Comércio
c) Bancos

• As cidades eram denominadas de burgos e seus moradores


de burgueses
Burgo: a cidade murada
Carcassone- França
Carcassone
Condado de Toulouse França
Dubrovnik - Croácia
As Cruzadas
• Com intuito de evitar a violência desencadeada pela nobreza a Igreja
buscou regulamentar a conduta dos cavaleiros:
• 1054 – promulgação da A paz de Deus. e a Trégua de Deus.

•Criação do ideal da Ordem de Cavalaria (concepção do cavaleiro


como o soldado de Cristo )

•Obs: Produção literária inspirada no ideal de cavalaria: As novelas de


cavalaria (Ciclo Arturiano e Ciclo Carolingio)

•1095 – Papa Urbano II conclama a nobreza a Cruzada .(expedições


militares com o objetivo de recuperar os territórios perdidos para os
mulçumanos no Oriente Médio)

•Objetivos iniciais:

o Expansão do cristianismo (controle da Terra Santa – locais


importantes para o cristianismo)
o Conquista de novas terras e perdão divino (objetivo central da
nobreza)
“Considerando as exigências do tempo presente, eu
Urbano, tendo, pela misericórdia de Deus a tiara
pontifical, pontífice de toda a terra, venho até vós,
servidores de Deus, como mensageiro para desvendar-
vos o mandato divino (...) é urgente levar diligência aos
irmãos do Oriente a ajuda prometida e tão necessária
ao momento presente (...) Por isso vos apregôo e
exorto, tanto aos pobres como aos ricos (...) que como
arautos de Cristo vos apreseis a expulsar esta vil ralé
das regiões por nossos irmãos, levando uma ajuda
oportuna aos adoradores de Cristo.”
(Foucher de Chartes. In: Pernoud, R. Les Cruzades. Paris: s.n., 1960. P. 17-8)
As expedições
•Ao todo, entre os séculos XI e XIII foram realizadas 9 cruzadas
reconhecidas pela Igreja e 2 não reconhecidas.

• Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096)

• 1ª Cruzada (1096 – 1099) – A Cruzada dos Nobres

•2ª Cruzada (1147 – 1149) – alargamento do território cristão no


oriente

•Perda da cidade de Jerusalém para o sultão Saladino.

•3ª Cruzada (1189 – 1192) – Cruzada dos Reis

•4ª Cruzada (1202 -1204) – Cruzada Comercial

•Cruzada das Crianças (1212)


Consequências das Cruzadas

•Conseqüência 1: Inserção da Europa nos


sistemas comerciais do Oriente – África, Oriente
Médio e Império Bizantino – o comércio de
especiarias.

•Conseqüência 2: Aumento do fluxo comercial na


Europa, constituição da burguesia.
Renascimento Comercial
Rotas Comerciais e Feiras
Cruzadas Renascimento Comercial
A cultura medieval e o Humanismo
O Humanismo
• A constituição das cidades (burgos) e o conjunto de
transformações socioeconômicas desencadearam um processo
de transformações culturais.

“O ar da cidade liberta”
(Ditado alemão datado da Baixa Idade Média)

•Constituição de uma cultura laica (não-religiosa), a qual também


pode ser entendida como “profana”: Pro(em frente);
fanum(Templo), aquilo que é feito fora da Igreja (poetas, artistas,
teatro de rua, música, circo, etc.).
A música medieval
(Transformações culturais na Idade Média)

•O Organum (Canto Gregoriano): século XI

•A escola de Notre Dame (Perotin ): século XII

•O Saltarello e a dança na corte: século XII – XIII

• As cantigas (trovadores e as cantigas líricas ) : século XII – XIII

•A música entre as camadas populares (canção de amigo e a


canção de escárnio ): século XII – XIII
Quanto sabedes amar amigo

Quantas sabedes amar amigo


treides comig'a lo mar de Vigo
e banhar-nos-emos nas ondas.

Quantas sabedes amar amado


treides comig'a lo mar levado
e banhar-nos-emos nas ondas.

Treides comig'a lo mar de Vigo


e veeremo-lo meu amigo
e banhar-nos-emos nas ondas.

Treides comig'a lo mar levado


e veeremo-lo meu amado
e banhar-nos-emos nas ondas.

(Martin Codax – 1282)


Ay Deus, se sab' ora meu amigo

Ay Deus, se sab' ora meu amigo


com' eu senneira estou en Vigo!
E vou namorada.
Ay Deus, se sab' ora meu amado
com' eu en Vigo senneira manno!
E vou namorada.
Com' eu senneira estou en Vigo,
e nullas gardas non ei comigo!
E vou namorada.
Com' eu senneira en Vigo manno,
e nullas gardas migo non trago!
E vou namorada.
E nullas gardas non ei comigo,
ergas meus ollos que choran migo!
E vou namorada.
E nullas gardas migo non trago,
ergas meus ollos que choran ambos!
E vou namorada.

(Martin Codax – 1282)


A escolástica
• Século XI – recuperação da razão como instrumento para
compreender o mundo – contexto do renascimento urbano
(formação de centros de estudo – as Universidades) –
pensamento escolástico.

• Obra de Aristóteles recuperada através de Averróis (séc


XIII) – filosofo árabe – impacto no campo filosófico.

•São Tomás de Aquino (1225 – 1274) – reconciliação entre fé


e razão (a racionalidade da criação divina)
O grande arquiteto do universo
(Bíblia francesa, autor desconhecido, 1275)
(Mapa Mundi, Isidoro de Sevilha, 600 d.C.) (O grande arquiteto do universo, autor desconhecido, 1275)
A crise do século XIV
As transformações das relações feudais

Questão central: Nobreza – qual a forma de apropriação do


excedente agrícola? (apropriação da produção servil)

•Exploração do campesinato através de novos direitos feudais


e da cobrança de tributos na forma de moedas → Aumento
das tensões no campo (revoltas camponesas) – Jaqueries

• Exploração das cidades → cobrança de tributos ou cartas de


forais (conflitos com a liga Hanseática)
As Jacqueries

“Neste tempo revoltaram‑se os Jacques em Beauvoisin,


e come­çaram a ir em direcção de Saint‑Leu d'Esserent
e de Clermont no Beauvoisin. (...) E quando os Jacques
se viram em grande número, perseguiram os homens
nobres, mataram vários e ainda fizeram pior, como
gente tresloucada, fora de si e de baixa condição. (...)

(Crônica dos quatros primeiros Valois, séc. XIV)


A crise do século XIV

•Terras Esgotadas/ mini glaciação (Fome)

•Peste Negra

•Guerras intermitentes (guerra dos 100 anos)

•Esgotamento das minas de metais preciosos (crise


do comércio)
A Peste Negra
“No ano do Senhor, 1348, aconteceu sobre quase toda a
superfí­cie do globo uma tal mortandade que raramente
se tinha conheci­do semelhante. Os vivos, de fato, quase
não conseguiam enterrar os mortos, ou os evitavam com
horror. Um terror tão grande ti­nha‑se apoderado de
quase todo o mundo, de tal maneira que no momento
que aparecia em alguém uma úlcera ou um inchaço,
geral­mente embaixo da virilha ou da axila, a vítima ficava
privada de toda assistência, e mesmo abandonada por
seus parentes.
(Vitae Paparum Avenionensium, Clemente VI, séc. XIV)
(Gravura medieval, séc. XIV)

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