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CONTRA REFORMA DO ESTADO E A SEGURIDADE SOCIAL: UMA ANÁLISE DOS

IMPACTOS NEOLIBERAIS NAS POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA NO BRASIL.

Resumo.
A contra reforma do Estado, gerou um nível desemprego estrutural
tão violento que além de subalternizar o indivíduo enquanto classe,
faz o mesmo lutar por espaço na dinâmica flexível do Capital. Sendo
que a partir da barbárie social instaurada, apresentam-se os
impactos que em sua maioria são de cunho financeiro e com ataque
direto à seguridade social em especial a política de Assistência, que
sob o ponto de vista do contexto neoliberal é tida como oneração
Estatal.
Palavras-chave; Contra reforma, barbárie social, Política de
Assistência.

Resumen.
La contrarreforma del Estado generó un nivel de desempleo
estructural tan violento que además de subalternizar al individuo
como clase, lo hace para luchar por un espacio en la dinámica
flexible del Capital. Ya que a partir de la barbarie social instaurada
se presentan los impactos que en su mayoría son de carácter
financiero y con ataque directo a la seguridad social, en especial la
política de Asistencia, que desde el punto de vista del contexto
neoliberal es considerada como un gravamen del Estado.
Palabras clave; Contra la reforma, la barbarie social, Política
Asistencial.

Introdução
Atualmente, fala-se muito na crise do capital, sobretudo, as consequências societárias
que o processo de declínio causou para a sociedade, em especial a classe trabalhadora, que
historicamente vem sendo o elo mais fraco dessa correlação de forças, em virtude da exploração
de sua força de trabalho ser elemento motriz para gerar e girar o processo de acumulação do
Capital1, que em contra partida paga por sua força de trabalho por meio do salário que atua
2
ideologicamente, para unicamente estabelecer e manter o subconsumo das classes
subalternizadas.
Do ponto de vista nacional, acredita-se que a crise é recente e apenas veio se apresentar
de fato enquanto crise no 2ª mandato do Governo Dilma, legitimando a partir de aparelhos
ideológicos e tecnológicos as propostas de Contra(Reforma) do Estado em virtude da
necessidade de não apenas sanar problemas financeiros no País, mas também colocar o País
em processo de mundialização que, diga-se de passagem na verdade é uma grande espoliação3
de bens e sobretudo de serviços.
Entretanto, o que pouco se publiciza é que essa crise é histórica, ou seja, permeia desde
o projeto de sistema capitalista até a atualidade nos moldes neoliberais, na perspectiva de tampar
as fendas sociais deixadas pela nacional democracia em 1964, perpassando pela crise financeira
e social da década de 80 e adentrando no neodesenvolvimentismo do Governo PT.
Tão pouco, podemos entrar nessa questão sem passar pelas perspectivas teóricas que
nortearam os períodos tanto do capitalismo concorrencial quanto do capitalismo financeiro e o
resultado dessa fusão que acarretou em diversos processos de perda de direitos e focalizações
de políticas sociais, sendo que nesse processo, o Estado vai aos poucos se isentando de sua
obrigação enquanto Estado de prover e garantir o mínimo social (Seguridade Social)
Partindo dessas temáticas e referenciando devidamente o panorama teórico conceitual,
o presente artigo pretende a partir de José Paulo Neto, Marilda Vilela Iamamoto, István Mészáros,
David Harvey e Karl Marx, Elaine Rossetti Behring, analisar não só o projeto neoliberal como
também, os impactos para as Políticas Sociais de Assistência e assim, tecer estratégias de
intervenção de fato efetivas que dialoguem com as novas dinâmicas postas na atualidade.

Capitalismo; um problema que se arrasta através dos anos


O capitalismo como toda forma de controle social, econômico e político veio na
perspectiva, de mudar a forma na qual o Ser Humano entende a natureza, e como ele se relaciona
com seu meio, em outras palavras, o Capitalismo nada mais é do que um sistema de produção,
distribuição e troca no qual o capital acumulado a partir do trabalho é aplicado pelos empresários
com fins lucrativos. Entretanto para entender melhor o capitalismo faz-se necessário enumerar
os fatos históricos mais marcantes no processo de crescimento do capital.

1
Karl Marx - A Lei Geral da Acumulação Capitalista
2
Subconsumo Elaine Bering Bosheti; Classe Subalternas e Serviço Social No Brasil.
3
David Harvey o novo imperialismo acumulação por espoliação
Em primeiro lugar vale lembrar que, segundo teóricos como Henri Pirenne4, existiu um
pré-capitalismo no qual, precisou amadurecer seus conceitos, sociais, políticos e econômicos até
que de fato, com a incoerência do sistema feudal, no qual tinha o burguês como “protagonista do
progresso”, o mesmo se articula no seio dessa sociedade e muda a forma de produção
econômica, que partia da subsistência e começa então á permear o campo monetário com
aspirações de lucro.
Á partir daí, se constituía uma nova forma de geração de lucro, que passou por três
grandes modificações que foram elas o capitalismo comercial que permeou até o século XVII, em
seguida o capitalismo industrial e culminando assim na atual forma de capitalismo o financeiro.
Nota-se que o capital se desgasta, sendo que é a partir desse desgaste que o mesmo
encontra novas formas de se reconfigurar, essa estratégia foi utilizada no fim do Século XIX, ano
da primeira grande depressão, na qual resultou em uma crise no âmbito trabalhista uma vez que,
com a revolução industrial, tinha-se muita mão de obra porém, mal remunerada como também,
muitos profissionais desempregados que vinham de grandes processos de êxodos rurais.
Esse processo causou notável perca do poder de compra do trabalhador que agora, não
mais conseguia consumir nas mesmas proporções, acarretando no baixo nível de escoamento
da mercadoria nacional, por isso, o Mercado agora ia buscar em outros países, novos
consumidores e produtores como a Ásia, que ainda não fazia parte desse sistema de produção,
dando início assim, a novas formas de exploração e reprodução do capitalismo.
A crise do capital chegou no Brasil com a industrialização e consequentemente a entrada
de empresas multinacionais no cenário nacional, que retirou do Brasil o status de país agrário,
para dar lugar a novas formas tecnológicas de intervenção, que por sua vez também excluíam,
segregavam e extorquiam a força de trabalho do operário.
O País passa então, por um novo processo de ressignificação produtiva, na qual
beneficiava mais uma vez a classe dominante, sobre o pretexto de alavancar a economia do País.
O sistema do capital é, na realidade, o primeiro na história que se constitui como
totalizador irrecusável e irresistível, não importa quão repressiva tenha de ser a imposição
de sua função totalizadora em qualquer momento e em qualquer lugar em que encontre
resistência. (Mészáros, 2011;p 97)

Porém as contradições do processo capitalista, entravam em choque com o Brasil, que


estava “Vivendo o Nacional desenvolvimentismo” causando como supracitado a queda da taxa
de lucro, influenciando também na desigualdade social, devido aos altos índices de desemprego.

4
Henri Pirenne- historiador belga que tinha como tese a presença de um capitalismo em
crescimento em sociedades pré-capitalistas.
A economia brasileira nos anos 80, impactos sociais.
Sob o ponto de vista do Capital, os impactos financeiros causados pelos processos
anteriores de governo, na economia brasileira, (Nacional-desenvolvimentista e nacional
democracia) afastaram o Capital privado do território nacional em virtude da queda na taxa de
lucro e insegurança fiscal/monetária.
Não obstante, houve também a eclosão dos grupos sociais organizados que antes
viviam em meio a clandestinidade e agora com as eleições diretas, viam a possibilidade de trazer
o reclame popular á toma e de fato redemocratizar o Brasil. Esse processo gerou perda para a
classe dirigente que segundo Giovanni Alves:
Isso ocorreu tendo em vista a estagnação da economia brasileira e os impasses
políticos para a construção de um projeto de desenvolvimento burguês capaz de nos
integrar a mundialização do capital em curso nos centros dinâmicos “(ALVES, 2014, p.
127).

Faz-se necessário, abrir um adendo com relação ao processo de “Reclame”, pois, os


processos ditatoriais caíram não apenas por pressão popular, mas, também por estratégia política
e econômica, tal fato se concretiza na Assembleia Constituinte na qual, boa parte dos grupos
(Comissões), tinha alguma ligação com a ditadura militar. Sendo assim, recorremos á Behring
para explicar o processo de necessidade de reforma do Estado;
Ao estado cabe um papel coordenador suplementar. Se a crise localiza na
insolvência fiscal do Estado, no excesso de regulação e na rigidez e ineficiência do serviço
público, há que reformar o Estado, tendo em vista recuperar a governabilidade
(legitimidade) e a governance (capacidade financeira e administrativa de governar).
(BEHRING, 2008, p. 173).

Partindo daí, percebeu-se a necessidade de rever a constituição Brasileira, tal qual,


estabelecer parâmetros para as Políticas Sociais, em especial a seguridade, que apesar do ganho
representou também perdas, pois, na mesma medida que a classe trabalhadora conquistava
direitos, grupos sociais (Classe Dirigente) da assembleia constituinte salvaguardaram seus
interesses (Privatizações e flexibilizações) na forma da Constituição Federal que Prevê no artigo
199;
§ 1º, As instituições privadas poderão participar de forma complementar do
sistema único de saúde, segundo diretrizes desde, mediante contrato de direito público ou
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. (Brasil,
1988; art199).

Por tanto, fica claro as intenções da classe em questão, quando se abre essas brechas
na CF, não para garantir de fato direitos e sim para de forma progressiva implementar a política
de que, o Serviço Privado é melhor, em virtude de o “Estado não conseguir alcançar” todos os
espaços socialmente ocupados com a seguridade social. Em especial a política de assistência
que é executada por diversas entidades vinculadas ao Terceiro Setor5.
Á partir daí dá-se início à ofensiva neoliberal, que se coloca enquanto provedor das
políticas públicas porém, não executor da mesma causando assim, a fragmentação do Estado
como será exposto a seguir.

Processo de redemocratização do Estado e o Plano diretor: Uma alternativa Social-Liberal


para a crise política/econômica).
Na Década neoliberal houve reestruturação do capitalismo no qual, tinha como principal
papel integrar o Brasil ao movimento hegemônico do capital, pois, o mesmo era tido como grande
Adversário da Eficiência econômica mundial que vinha ganhando força com em boa parte do
mundo com os governos de Margareth Thatcher (Reino unido, 1979) e Jimmy Carter (EUA, 1980).
Para tanto é apenas no governo de Fernando Collor de Melo que ocorre de fato a
redefinição do papel do Estado
O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n° 8.031, de 12 de abril de 1990, DECRETA:
Art. 1° Ficam incluídas no Programa Nacional de Desestatização - PND, para os fins da Lei
n° 8.031, de 12 de abril de 1990, as empresas: I - Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA
II - AGEF - Rede Federal de Armazéns Gerais Ferroviários S.A. (BRASIL, 1997, lei nº9491)

Logo, um novo modelo de Sistema é implementado no qual trouxe o Programa de


privatizações, sendo que sua vigência trouxe impactos como: o Desmonte das instituições
públicas como (Companhias de Energia, Companhias ferroviárias e minérios e
telecomunicações), que significou grande perda para os Brasileiros do ponto de vista social, pois,
reduziu cerca de meio milhão de postos de trabalho, e reajustou como no caso da light o valor da
energia em 58%.
Reiteramos, que os segmentos sociais mais subalternizados eram aqueles que sofriam
com o impacto neoliberal, que focalizava as políticas e se retirava da perspectiva intervencionista,
que se espera do Estado o ter, em detrimento do aumento como também, das novas formas de
questão social.
Mais à frente, o processo de tentativa de inserção pais na lógica modernizadora do
Capital monopolista acarretou na mudança da moeda brasileira, na "Tentativa de salvar a
economia do País" porém oque na verdade se queria era, causar um processo inflacionário,

5
A expressão “Terceiro Setor” começou a ser usada nos anos 70 nos EUA para identificar um setor da
sociedade no qual atuam organizações sem fins lucrativos, voltadas para a produção ou a distribuição de bens e
serviços públicos (ALVES, 2002; -01 in SMITH, 1991).
político e social para assim fragmentar o Estado a ponto de o mesmo não intervir socialmente e
assim dar início a mundialização das riquezas brasileiras que diga-se de passagem inclui-se ai,
a mão de obra barata oferecida pela maioria da população empobrecida.

A Alternativa desenvolvimentista a crise político/social brasileira ganhos ou fracassos?

As transformações societárias ocorridas no Brasil principalmente na década 70 foram de


grande contribuição para a formação do capitalismo contemporâneo, onde temos de acordo Neto;
Esse capitalismo apresenta traços novos e processos inéditos. Estas
transformações estão vinculadas às formidáveis mudanças que ocorreram no chamado
“mundo do trabalho” que chegaram a produzir equivocadas teses do fim da “sociedade do
trabalho” e do “desaparecimento” do proletariado como classe. (Neto. 2012 s/p)

Dessa forma as transformações ocorridas principalmente nos ramos fabris e a nova


perspectiva de criação de uma cultura de consumo, principalmente consumo internacional, trouxe
ao Brasil uma longa crise, na qual o ritmo de produção da mercadoria aumentava os empregos
não eram gerados devido ao processo de industrialização e DIT6 e não obstante a isso, ainda
havia o “problema” do grande êxodo rural, provocado devido tal processo.
Assim sendo, a formação econômica social brasileira foi forjada pelo desenvolvimento
desigual e combinado entre distintos modos de produção, no qual, o capitalismo detém o
controle econômico, político e cultural frente aos demais. (Castelo. 2012, p. 8)

Entretanto, como em todo processo de mudança político-societária, percebia-se a


necessidade de se rever/ recriar/ emoldar as bases político-econômicas do País (Novamente)
dessa forma, uma nova tentativa de reestruturação é colocada em foco quando a candidatura do
então ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, que havia vindo das bases sociais
sindicais e representava naquele momento uma chance de a classe operária ter sua ascensão,
partindo daí castelo elucida que:
O pior é constatar que essas ilusões derrotadas no passado no campo político
militar, voltam ao presente sob uma escola do pensamento econômico que retoma o antigo
desenvolvimentismo com o prefixo “novo” (neo), sem algumas mediações históricas
necessárias. A velha tragédia ganha desta maneira, contornos de uma farsa
contemporânea no qual defendia uma estratégia de desenvolvimento Nacional (Castelo,
2012, pg 11).

Porém, em seu plano de governo, o mesmo optou por unir diversos setores que
entraram em conflito devido á posição ideo-política dos mesmos, dessa forma unindo em uma
mesma pauta, capital e trabalho, porém oque parecida ser uma linda e infalível ideia foi na
verdade, o tiro no pé do governo.

6
Divisão Internacional do Trabalho
No livro o novo desenvolvimentismo (2005), essas questões são muito bem elucidadas
uma vez que, faz apelos ao estruturalismo e ao keynesianísmo, pois discute a relação Mercado
e Estado e como o mesmo pode regular um mercado forte estimulando a concorrência e a
inovação, em suma fazer com que o “capitalismo seja dinâmico e revolucionário”. (Sicsú, Paula
e Michel, 2005, p.XL), fazendo assim políticas de inclusão social e ao mesmo tempo fomentando
econômica e politicamente o Estado.
Aluízio Mercadante faz uma colocação um tanto quanto equivocava quando;
“No compromisso fundamental de impulsionar a constituição de um amplo
mercado de consumo de massa, que promovesse a inclusão de milhões de brasileiros,
universalizasse as políticas sociais básicas e resolvesse o drama histórico da
concentração de renda e riqueza”. (Mercadante, 2010, p.36)

Uma fala bem corriqueira é com relação aos grandes empresários que apoiam as
políticas de redistribuição, esse tipo de proposta apresenta claramente o quão interessado o
Estado está em fazer com que as pessoas (sub)consumam uma vez que, com políticas de
redistribuição de renda, as pessoas, tem seu poder de compra e assim, conseguem fomentar o
a máquina capitalista e acima de tudo, gerar lucro para os grandes empresários.
Mas voltando ao governo Lula e seus desdobramentos, nota-se também o continuísmo
no tocante à industrialização do País e consequentemente como proposto, a inserção das demais
classes na dinâmica do capital, pois, para o capital a desfiliação social deve ser focada em certos
grupos sociais pois, um povo que não consome não fomenta, assim sendo não tem valor para o
Sistema Capitalista.
Bresser Pereira e Gala, afirmam que existem três tipos principais de correntes para o
novo desenvolvimentismo sendo elas; Macroeconomia do desenvolvimentismo, na qual se
prioriza a primazia do mercado frente á a atuação reguladora do mesmo. Uma segunda corrente
pós-keynesiana que defende a intervenção do Estado enquanto redutor das incertezas no
ambiente econômico, para tomada de decisão no ambiente privado, em suma propõe-se uma
união Estado e mercado e uma última corrente denominada social desenvolvimentista, que
propõe uma afirmação do mercado interno a partir do consumo em massa.
Em linhas gerais, o desenvolvimentismo tinha como proposição e ao mesmo tempo um
questionamento a resolver, que se pautava na forma na qual a supremacia burguesa seria
superada, então se traz aí, a perspectiva do apoio popular como bem exposto por Castelo;
A despeito dos limites das lutas nacional desenvolvimentistas, eles falavam em reformas
estruturais com apoio popular, lutas anti-imperialistas e anti-latifundiárias para pôr fim ao
subdesenvolvimento. Hoje, o novo desenvolvimentismo reduz as lutas de classes ao
controle das políticas externa econômica e social para operar uma transição lenta e
gradual do neoliberalismo para uma quarta fase do desenvolvimentismo (Castelo 2012,p
18).
Assim, antes mesmo de chegar ao poder o Partido dos trabalhadores já haviam criado
alianças com as classes dominantes, abandonado seus projetos de socialismo tão elencados no
seio de sua ética partidária. (Iasi, 2006, parte.2), trazendo uma ética capitalista que combinou o
desenvolvimento desigual e sem rupturas no Brasil.
O novo desenvolvimentismo representou, uma grande perda ideológica sobretudo,
porque, como supracitado, “uniu” categorias que historicamente travam lutas consecutivas por
espaços a fim de conquistar a hegemonia.

Serviço Social: perspectivas ao enfrentamento da atual conjuntura


O Serviço Social é uma profissão na qual deve acompanhar os movimentos societários,
tal qual, se adaptar a eles para fins de uma efetiva intervenção na realidade, mas, o que
atualmente está posto por diversos autores, é como o Serviço social pode trabalhar em torno de
tantas contradições postas pelo Capital, tendo em vista que de acordo com Neto “Supor um
Capitalismo sem classes é o mesmo que negar todo o conhecimento teórico-histórico acumulado
e toda experiência registrada” sabendo disso, a profissão necessita responder suas demandas
bem rapidamente e assim sendo, Iamamoto, dispõe;
[...]Assim, os agentes principais dessa sociedade — o capitalista e o trabalhador
assalariado — aparecem como “personificações do capital e do trabalho”, isto é,
portadores de determinados caracteres sociais que o processo social de produção imprime
aos indivíduos sociais, produtos destas relações, no âmbito das quais afirmam seu
protagonismo (IAMAMOTO 2010, p. 58).

Então como a categoria pode se articular a fim de minimizar o fetichismo da mercadoria,


na perspectiva de não apenas acabar com a desigualdade mas minimizar também o problema
da má distribuição de renda no Brasil, sobretudo entendendo que não existe uma nova questão
social e sim novas expressões da questão social (NETO, 2007).
Com tudo, o profissional precisa ter clareza de que a visão messiânica de intervenção
não tem respaldo teórico, muito menos a outra perspectiva que gira em torno do profissional
tecnicista, que naturalmente é formado nas universidades sobretudo brasileiras para desenvolver
e aplicar meramente instrumentais técnico operativos. (NETO 2007, pg 165).
Diante dessa perspectiva, a categoria é levada a criar uma metodologia que articule com
outras categorias profissionais e mais ainda com a sociedade, para que assim possa-se reverter
as estratégias de barbarização da vida social, criadas pelo capital.
Em contrapartida e tentando acompanhar o movimento societário, surge o pós-
modernismo, na qual, traz uma nova composição de ideias carregadas de discursos ideológicos
falhos, que põe em voga a categoria teórica embasado no materialismo histórico e dialético.
Marcelo Braz (2007, p.05) traz o projeto hegemônico da profissão;
“A questão no Serviço Social – em referência ao tema [...] – tem a ver assim
com a direção social e política que um determinado projeto exerce sobre a profissão e, em
decorrência, sobre a categoria dos assistentes sociais. Tal direção implica o predomínio
de uma concepção que fornece um corpo de valores e princípios a partir dos quais se
constrói uma espécie de imagem ideal da profissão”. (BRAZ, 2007, p. 5)

Sabendo da necessidade de reestruturar o projeto ético-político, teórico metodológico,


ideo-cultural e técnico-operativa da profissão, apresenta-se então a importância de se rever se
realmente o referencial teórico (materialista histórico dialético) é a melhor forma (Saída) para
efetivar a intervenção do Assistente Social.

Cabe ao Assistente Social então, fazer a reflexão acerca do tipo de profissional que ele
é, sobretudo que tipo de intervenção ele quer fazer, se ele levará para o campo teórico a demanda
profissional e depois responde-la ou se irá apenas responder a demanda institucional
acompanhando assim o movimento raso e indissolúvel do neoliberalismo.

Considerações finais

A ofensiva neoliberal representou grande perda para a classe trabalhadora, sob o ponto
de vista das políticas sociais que historicamente, vem sendo alvo de projetos de lei (Tentativas),
cujos “fins realmente Justificavam os meios” (Maquiavel), sendo que o movimento do mercado é
feito de forma a projetar a possibilidade de lucro para um futuro, justamente o que se tem no fim
do século XX, onde encontra-se uns dos principais marcos da (re)ascensão do capitalismo no
mundo.
Então pode-se constatar que, o Capital vem (Re)configurando de diversas formas,
através de diversos tipos de governo, grupos políticos, e setores seletos da sociedade além disso,
abordar um tema tão discutido como os impactos neoliberais na política de assistência, traz à
tona questões muito importantes acerca da classe trabalhadora.
Partindo daí, e entrando do campo teórico-reflexivo, observamos a necessidade de
trabalhar uma política que não se restrinja apenas a igualdade, mas sim equidade, que não só
contemple determinadas classes e acima de tudo, as supere, sabendo dos limites e
possibilidades do capitalismo enquanto sistema que gera crises e altos níveis de desigualdade
social e econômica.
Por fim, deve-se ter uma atenção especial ás novas tendências ultra conservadoras que,
se articulam ao o capitalismo a fim de promover e criar seres rasos, sem criticidade e que se
fragmentam a fim de responder as demandas individuais, deixando de lado o bem maior que
seria, encontrar a resposta necessária para a atual conjuntura e quem sabe reverter não os danos
causados na sociedade pois, esses são irreparáveis, mas garantir que as futuras gerações
tenham garantido pelo menos o mínimo social com qualidade e de fato efetividade.

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