Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em 2008, o planeta observou assustado uma “crise de novo tipo do sistema capitalista
mundial”. Uma crise estrutural e global, que se manifestou de forma naturalmente
desigual, mas que se combinou, entrelaçando todo o sistema mundial de produção de
mercadorias.
O que aconteceu foi que uma parcela cada vez maior do capital acumulado foi se
deslocando para a especulação financeira, convertendo-se em capital fictício, já que
não poderia ser reinvestida diretamente no sistema produtivo, sob pena de levar ao
colapso o sistema de produção de mercadorias. Assim, duas marcas preponderantes
do capital monopolizado e financeirizado eclodiram muito mais do que bolhas ou
desequilíbrio conjuntural, lançando assim, a humanidade numa crise de proporções
similares a de 1929.
Essa crise foi um processo continuado que vem desde meados da década de 1970,
transformaram-se em elementos estruturais de uma crise potencial de superprodução
permanente e de exclusão continuada da força de trabalho humano do processo de
produção. Inúmeros elementos construíam uma “débâcle” acentuada da economia
mundial, entre as quais o altíssimo nível de desemprego nos países desenvolvidos, os
crescentes déficits orçamentários, a crise das “pontocom”, as crises da Rússia,
México, Argentina e Tigres asiáticos, dentre tantos exemplos.
O fundamental é que cada nova tentativa das classes dominantes demandou enormes
esforços, desgastes políticos, queimas fabulosas de capital, alcançando somente
alívios efêmeros, aos quais se seguiram o retorno dos sintomas e de um quadro geral
ainda mais agravado.
Então, se o Capital vive um processo de crise continuada que vem desde antes da
última crise (2008) e, as crises econômicas do capitalismo estouram em tempo, cada
mais fugazes não é tão difícil aqui anunciar, que a próxima crise de superprodução
que bate em nossa porta terá efeitos devastadores.
Hoje o Capital inaugura uma nova fase. Quatro elementos impulsionaram essa nova
dinâmica, o primeiro elemento é o que foi colocado até agora, o Capital vive uma crise
permanente e continuada com tempos cada vez mais fugazes de estouro, ou seja, a
lei da sobrevivência e de adaptação para a perpetuação do Capital impulsionou o
nascer dessa nova fase.
O segundo elemento é que o Neoliberalismo tinha como tarefa central, organizar um
mundo pós fim do Bloco Soviético (polarizado entre duas forças = Capital vs
Socialismo Real e aliados) e, essa missão foi executada. O problema é que com o
passar do tempo, esse programa foi se sucateando e se tornando incapaz de
organizar o globo.
Dentro desse cenário, não restou ao capitalismo outra alternativa. Para sobreviver as
suas próprias contradições, o caminho foi se lançar em grandes conflitos, já que, terão
que mais uma vez colocar nas costas dos trabalhadores e do planeta a permanência
do sistema e suas sangrias por lucro.
A briga entre setores religiosos por tamanho social, entre os grandes conglomerados
da comunicação em cada país, de setores opostos no judiciário e legislativos locais é
só um dos sintomas de que a disputa pela hegemonia está aberta, mas como o Capital
chega em nova fase, a menos espaços para divisão do poder que chegará a níveis
cada vez mais concentrados, assim como chegou a riqueza, onde 1% da população
global tem 82% de toda a riqueza produzida pela humanidade.
O discurso de valores, tem como objetivo, adestrar o povo, ou minimizar o impacto dos
grandes conflitos que essa nova fase do capital irá mexer. A perca de direitos
trabalhistas, um exército de desempregados, a entrega das matérias primas e fonte de
riquezas e o estado como protagonista das novas formas mais violentas de
exploração, não será algo fácil de entregar, a não ser, se os povos não observarem
esse fenômeno, o que terá como consequência da cegueira proposital, os saques sem
saber que estão sendo saqueados.
Observem que na França, um presidente Neoliberal como Macron, recebe resistência
tanto do lado das forças progressistas, quanto das forças ultraconservadoras e, isso, é
natural, pois um dos efeitos dessa nova fase do capitalismo é exterminar vias
intermediarias de forma natural, já que para seu processo de dominação total, eles
terão que derrotar a polarização e os campos das esquerdas são mais forte e
orgânicos do que terceiras vias.
É falsa a tese que precisará de mão de obra humana para fazer os robôs e as
impressoras, pois as mesmas, vão precisar de robôs e impressoras para serem feitas.
O que há de novo, é que operário fabril (no modelo clássico) não é mais a maior parte
da classe trabalhadora, mas sim, operário do serviço e sobre essa constatação quero
dizer aqui duas coisas: a primeira é que é natural, pois a sociedade moderna pariu
novos tipos de trabalho reféns do avanço tecnológicos e, esses trabalhadores, hoje
estão no maior nível de exploração, assim como o operário clássico das primeiras
revoluções industriais e, em segundo, assim como eles em algum momento eles
descobriram formas de se organizar para lutar contra a opressão e a exploração,
assim como, esses novos trabalhadores faram, a diferença não estará na luta, e sim,
na questão da evolução humana, já que a evolução tecnocientífica nos liberta cada
vez mais do trabalho braçal, ou seja, das jornadas de trabalho.