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ÁREA DE
INTEGRAÇÃO
ÁREA DE INTEGRAÇÃO
TEMA-PROBLEMA 7.1 – CULTURA GLOBAL OU
GLOBALIZAÇÃO DAS
CULTURAS?
Estes produtos podem ser filmes, séries televisivas, competições desportivas, documentários, músicas,
jogos de vídeo, livros, etc…
Daqui resultam várias consequências:
Se pensarmos nestas funções sociais e a elas juntarmos a dimensão global de alguns meios de
comunicação social, que chegam a milhares de milhões de pessoas em todo o mundo, chegamos
facilmente de que estamos perante um fenómeno muito facilitado e muito amplificado por todo o
planeta em que as diversas culturas entram em contacto umas com as outras.
Ora, este fenómeno - quando duas culturas contactam uma com a outra – tem um nome: difusão cultural,
e quando se dá ocorrem mudanças culturais em uma ou em ambas as culturas.
Este processo de difusão cultural tem, geralmente, duas características
▪ É assimétrico – ou seja, é
desequilibrado pois há sempre uma
cultura que influencia mais a outra.
Normalmente a cultura influenciada é
a que tem menos meios e tecnologia
Quando num processo de difusão cultura encontramos estas duas características e o desequilíbrio em
termos de influência mútua é grande, e uma cultura com mais meios e
tecnologia causa transformações em outra cultura com menos meios e
tecnologia este processo toma outro nome: aculturação – que ocorre
quando uma cultura acrescenta a si própria trações culturais de outra, sem
que, contudo, esta se imponha
completamente.
Com a globalização todas as
culturas estão neste momento em
processo de difusão cultural e até
aculturação, permitido por via do desenvolvimento das TIC,
como já vimos. Este processo global é liderado pelos EUA pois
a cultura norte-americana é a que tem mais meios e tecnologia
e todas as outras culturas vão sendo aculturadas, absorvendo
traços culturais norte-americanos.
3 – A ALDEIA GLOBAL
A globalização cultural – e os conexos processos de difusão cultural e aculturação – conduz a que cada
vez mais todo o mundo se vai tornando mais igual, os comportamentos das pessoas um pouco por todo o
lado começam a assemelhar-se. Assim, a globalização cultural está a conduzir a uma padronização
cultural a nível global – cada vez mais vestimos de forma igual, comemos os mesmos pratos, ouvimos a
mesma música, vemos os mesmos filmes e programas de televisão, lemos os mesmos livros.
Por reparar que estamos cada vez mais parecidos com todo o resto do mundo, um sociólogo canadiano,
Marshall McLuhan criou um termo que designa esta situação – segundo ele vivemos numa Aldeia Global,
com as seguintes características:
▪ Que o que acontece num determinado ponto do globo, acaba por nos afetar de uma
maneira ou de outra;
a) Antes da globalização
Como iremos ver um pouco mais adiante, o processo de globalização inicia-se nos finais do século XV. É
nesta altura, que começa o processo de construção da economia global. Mas… e antes? Como era a
realidade mundial antes da globalização?
A primeira resposta que se poderá adiantar é que antes do processo de globalização as diversas
partes do mundo tinham pouco contato com as outras partes. Entre elas existem grandes massas
oceânicas e continentais que eram intransponíveis para as tecnologias de transportes e comunicação da
altura. Há mesmo situações em que diversos povos de algumas dessas partes desconhecem em absoluto
que existe todo um restante mundo, cheio de gente e povos. Basta pensar, para confirmar isto, que o
continente americano só foi descoberto pelos europeus no séc. XV. Isto significa que, até essa altura, a
Europa não se sabia sequer da existência da América. Sendo assim, seria possível que existissem
contactos ou trocas comerciais entre os povos europeu e americano. Claro que não, não podemos fazer
trocas com algo que nem sequer sabemos que existe!
O brilhante historiador francês Fernand Braudel debruçou-se sobre
esta questão e estudou-a. Segundo ele, até ao séc. XV várias
economias-mundo. Segundo ele, uma economia mundo é um espaço
geográfico ocupado por um ou vários povos com culturas
semelhantes que, ocupando uma determinada porção do planeta,
são autossuficientes em termos económicos, não fazendo trocas com
outras economias-mundo porque não as conhecem ou conheciam
muito mal. Por exemplo, antes dos Descobrimentos, os europeus
sabiam muito pouco (por relatos vagos parciais e imprecisos e, muitas
vezes, imaginários) acerca da China e da Índia e não sabiam sequer
da existência do continente americano. Ou seja, estas economias-
mundo eram fechadas umas às outras, havendo muito poucos ou
Fernand Braudel (1902-1985) nenhuns contactos entre elas.
Segundo o mesmo historiador conseguem identificar-se até ao século XV, cinco economias-mundo:
▪ Europa – centrada em algumas cidades italianas (Génova, Veneza, Milão e Florença) que
mantinham laços comerciais e financeiros com o Mediterrâneo e o Médio Oriente onde
possuíam importantes feitorias e bairros comerciais. Ao norte, a região de Flandres
(cidades de Lille, Bruges e Antuérpia) comerciam no Mar do Norte. Ainda a norte, existe a
chamada Liga Hanseática, (composta por mais de 200 cidades mercantes lideradas por
Lübeck e Hamburgo) que centra o seu comércio numa zona que vai de Londres e
Novgorod. No sudeste europeu encontramos ainda o Império Bizantino (cuja ação se
centrava nos mares Egeu e Negro), e mais a leste, a Rússia, cuja ação era limitada pelos
mongóis que ocupavam boa parte do leste do seu território.
▪ China, península coreana, a Indochina e Malásia, com os seus pólos principais em
cidades do sul, como Cantão, ou de leste, como Xangai. Estes grandes portos faziam a
função de vasos comunicantes com os arquipélagos do Mar da China. Esta economia-
mundo só contactava com a Ásia Central e o Ocidente através da rota da seda, de forma
irregular, espaçada e em volume pouco significativo.
▪ Índia – muito conhecida pelas suas especiarias, que tanto atraíram os portugueses,
liderados pela expedição de Vasco da Gama. Graças a sua posição geográfica,
traficava num raio económico mais amplo. No noroeste, pelo Oceano Índico e pelo Mar
Vermelho, estabelecia relações com mercadores árabes que tinham feitorias em Bombaim
e outros portos da Índia ocidental. No lado oriental, em Calcutá eram acolhidos os
comerciantes vindos da Malásia. Para além das afamadas especiarias, a Índia também
era conhecida pelos seus tecidos finos que chegavam em pouquíssima quantidade à
Europa.
▪ África negra – de que se tinha algum (muito pouco) conhecimento na Europa, mas que
ainda assim, estava quase totalmente fechada a contactos exteriores. A sua situação
geográfica ajudava a este isolamento pois a norte o deserto do Saara e a mais a sul a
floresta tropical revelavam-se obstáculos intransponíveis.
▪ América pré-Colombiana – ou seja, o continente americano totalmente desconhecido para
o mundo restante antes de ser descoberto por Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral.
Esta economia-mundo era formada pelas civilizações Azteca (no atual México), a dos
Maias (na zona do Yucatan e no istmo), e a Inca (hoje Perú). As principais atividades
económicas centravam-se em atividades agrícolas (cultivo do milho) e na fabricação de
tecidos. Cada uma destas civilizações era autossuficiente e entre elas não havia quaisquer
ligações entre si. Aliás, até 1492, as outras economias-mundo não tinham, sequer,
qualquer conhecimento da sua existência.
b) O processo de globalização
É uma fase caracterizada pelo designado “comércio triangular” que se transforma no primeiro sistema
de trocas comerciais entre economias-mundo de grande volume. Neste sistema, de África para América
iam os escravos, da América para a Europa iam matérias-primas, que a Europa transformava e depois
exportava para o resto do mundo, incluindo África, onde esses produtos manufaturados eram trocados
por escravos.
A atividade mercantil estava toda concentrada no Estado, que controlava todas as importações e o
comércio colonial, atribuindo monopólios a grandes companhias comerciais.
A ideologia dominante era
protecionista, ou seja, era criada
legislação para proteger o
comércio de cada país, e para
dificultar as importações de outros
países, normalmente através da
criação de pesados impostos
alfandegários que encareciam
Duas visões menos eurocêntricas dos Descobrimentos
muito o produto.
Esta fase foi claramente liderada pela economia-mundo europeia, com destaque numa fase inicial para
os portugueses e os espanhóis. No século XVII o ascendente era holandês com a Inglaterra a tornar-se a
potência dominante na fase final deste período (seculo XVIII), predomínio que manteve até à I Guerra
Mundial (1914-1918).
Império colonial português no início do século XIX Império colonial inglês no século XVIII
Essas duas guerras mundiais levaram à queda destes impérios pois em alguns territórios coloniais
começaram a registar-se lutas pela independência que acabaram por dar origem ao surgimento de
uma longa série de novos países nos continentes americano e no sudeste asiático.
A ideologia dominante era liberal, que defende a livre circulação de bens entre países começou a
vingar e a redução do papel do Estado na sociedade e na economia ao mínimo, ou seja, ficando
apenas com as funções ligadas à defesa e à segurança.
Durante este período foi proibida e abolida a escravatura em muitos países.
Regista-se aqui também uma maior abertura, em termos sociais, das sociedades europeias, devido às
várias revoluções liberais entretanto ocorridas e inspiradas nos ideais da Revolução Francesa.
Verificaram-se também, neste período, enormes fluxos migratórios da Europa para a América (tanto do
Norte como do Sul) e para a Oceânia.
Durante este período assinalou-se uma mudança de potência dominante – no final da primeira guerra
mundial eram os Estados Unidos que haviam destronado a Inglaterra.
5. CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO
A globalização trouxe alguns problemas e consequências das quais vamos ver algumas com mais
atenção, como: