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Unidade III

Unidade III
Agora, vamos passar à apresentação das chamadas políticas sociais setoriais, ou seja, intervenções
públicas desenvolvidas para além do Sistema de Seguridade Social, em educação, habitação, justiça e
segurança. Também abordaremos as ações desenvolvidas perante a família; não se trata de política social,
mas de uma área de ação. Também exibiremos a ação desenvolvida em uma expressão específica e
ligada à saúde, a saber: a saúde mental. Ao final, veremos as diversas perspectiva analíticas sobre a
política social.

7 AS POLÍTICAS SOCIAIS SETORIAIS: SAÚDE MENTAL

A intervenção em saúde mental tem se configurado como um campo amplo de trabalho do


assistente social brasileiro. No entanto, para entender em quais espaços da saúde mental, esse
profissional tem sido requisitado é basal conhecer um pouco do desenvolvimento histórico da saúde
mental e, na sequência, apresentarmos como os serviços dessa natureza têm se constituído. Ao final
desse texto, exibiremos ainda as orientações realizadas pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS)
para a atuação dos assistentes sociais em saúde mental.

7.1 História das práticas em saúde mental: realidade internacional e no Brasil

A saúde mental resulta de um amplo processo de desenvolvimento pelo qual passou o gênero
humano. Assim, esse é um conceito novo, contemporâneo, mas aproximando‑nos das formas com que
era compreendida a doença mental, nos mais variados contextos, nos dá a saber, em grande medida, de
como eram as ações desenvolvidas em prol da loucura.

Dessa maneira, podemos observar que, na Grécia Antiga, Hipócrates, médico e pensador de
referência daquele período, compreendia a loucura como a perda da razão. Portanto, o louco era
associado a tudo que era irracional. No entanto, alguns pensadores da época apresentavam certo
fascínio pela loucura, compreendendo o doente mental como um ser diferenciado, algo a ser
imitado. Já, na Idade Média, por influência da Igreja Católica, o louco passou a ser tratado como
alguém que estava sob influência maligna. O louco também era compreendido como um indivíduo
que estaria “pagando” os pecados cometidos por gerações anteriores. No entanto, até a Idade
Média, era comum que os doentes mentais transitassem e perambulassem sem controle. A partir da
Idade Média, vemos que os loucos passam a ser rejeitados pela sociedade e segregados em espaços
de confinamento (MELO, 2012). Foucault (1979) indica que, durante a Idade Média, era comum que
aqueles considerados loucos fossem abandonados por navios em locais desabitados, entregues à
própria sorte.

No século XVII, Descartes compreendida que os loucos eram pessoas que não poderiam
compreender, de forma plena, a verdade. Portanto, perde‑se a crença de que loucura era ausência
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de razão e da mesma forma é enfraquecida a concepção de que ela estaria orientada a algum
problema de ordem espiritual. Descartes propunha a investigação dos fenômenos para melhor
conhecê‑los e isso desarticulou, em grande medida, o saber assentado apenas em suposições. No
entanto, mesmo com essa forma de compreender o doente mental, mesmo na transição entre
Idade Média e Idade Moderna, o atendimento permaneceu sendo orientado pela segregação. No
caso, as instituições alisares, assentadas na segregação e em práticas que buscavam controlar
os corpos dos doentes mentais, tornaram‑se hegemônicas na atenção ao doente mental e se
espalharam em toda Europa e em todas as partes do globo. Nessas instituições, as pessoas eram
internadas, e permaneciam nesses espaços sem qualquer atividade, por longos anos. Muitos
daqueles que eram institucionalizados, no entanto, não eram doentes mentais, podendo ser
alocados em um mesmo espaço crianças abandonadas, idosos, ladrões, pessoas com hanseníase
e doentes mentais. As instituições buscavam apenas o controle dos corpos e usavam práticas
assentadas na agressão física, nos eletrochoques e outras medidas extremamente prejudiciais
aos internados (MELO, 2012).

Esse estado de coisas só veio a ser alterado a partir de Philippe Pinel. Antes de prosseguirmos, consta
na sequência a figura do referido médico:

Figura 20 – Philippe Pinel

Para Melo (2012), Pinel se destacou como o fundador da psiquiatria na França, em meados do século
XVIII. Pinel foi diretor de dois importantes hospitais franceses: Bicêtre e Salpêtrière. Pinel mostrou‑se,
desde o princípio de sua intervenção, contrário à prática que até então era utilizada nas instituições de
acolhimento ao louco. Inicialmente sua proposta era por desenvolver atividades laborais ocupacionais,
associando‑se a elas a utilização de medicamentos. Pinel pressupunha que o atendimento asilar era
necessário, porém, defendia práticas inovadoras e humanas para a época. Além de recomendar atividade
prática, ancorada em remédios e não mais em castigos, ele começou um processo de separação
daqueles que eram atendidos nas clínicas. Isso porque, como sabemos, essas instituições recebiam todos
aqueles que não eram aceitos socialmente. Pinel propunha que as instituições, chamadas psiquiátricas,
atendessem somente os loucos.

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Saiba mais

Recomendamos que utilizem como material complementar o filme


a seguir:

UM ESTRANHO no ninho. Dir. Miloš Forman, 1976. 129 minutos.

Um filme antigo no qual vemos retratado um caso de um prisioneiro que


finge ter uma patologia ao buscar ser encaminhado para uma instituição
psiquiátrica. Na obra, temos a apresentação de uma suposta patologia, além
disso, podemos observar as formas de tratamento conferidas ao doente
mental no período. Vale a pena assistir a essa película.

Mesmo recomendando a utilização de novos métodos de abordagem, Pinel não tinha ainda todos
os recursos necessários ao pleno atendimento do doente mental. Esses mecanismos só surgiram em
fins do século XIX e início do século XX. Aqui nos referimos ao avanço e à expansão da neurologia e à
ampliação dos psicotrópicos. No sentido em pauta, cabe a nós reforçar que é somente com a expansão
e reconhecimento da neurologia que se tornou possível entender a loucura como proveniente, dentre
outros aspectos afins, da disfunção neural. Nessa época, a loucura passou a ser nomeada por alguns
profissionais como “psicose”, mas o entendimento é que a doença provinha do comprometimento de um
aspecto biológico basal para evitar práticas e condutas que buscavam uniformizar a conduta do louco. Já os
medicamentos psicotrópicos mostram‑se igualmente relevantes, visto que foi a partir de meados de 1950
que eles passaram a ser amplamente utilizados, caracterizando o atendimento ao doente mental como
uma “psiquiatria química”, ou seja, assentada no tratamento medicamentoso. Apesar de Melo (2012)
destacar que hoje temos ciência de que o excesso de medicamentos pode também agravar a doença
mental, na época, os medicamentos foram importantes dispositivos usados visando a minimização de
algumas patologias, tornando o atendimento mais humano. Para tanto, mesmo com o desenvolvimento
da neurologia e dos psicotrópicos, no momento, ainda teremos uma prática de ação especialmente
orientada para a segregação do doente mental em espaços fechados, prevalecendo assim o atendimento
centrado no modelo do hospital.

Foi da Itália, já em meados do século XX, que tivemos o surgimento de uma nova perspectiva do
trabalho com o doente mental, defendida com muito vigor por Franco Basaglia. Você já ouviu alguma
coisa sobre ele? Se não, faremos uma breve descrição. Basaglia foi um psiquiatra e neurologista italiano,
que teceu severas e pesadas críticas ao modelo de internação do doente mental. Além de propor
práticas e condutas mais humanas, ele pressupunha que o doente mental deveria ser reinserido na
vida em sociedade, posto que a loucura era algo que o integrava, que o fazia ser quem era. Basaglia
é reconhecidamente apresentado como o maior interlocutor do que chamamos luta antimanicomial,
uma vez que pressupunha o fechamento dos manicômios e a instituição de uma rede de atenção social
destinada a promover a vida do doente mental em sua comunidade (AMARANTE, 2007).

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POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Saiba mais

A fim de conhecer um pouco mais da vida de Basaglia? O texto seguir,


de autoria de Paulo Amarante, um importante nome dos estudos da saúde
mental no Brasil, nos dá a saber da vida acadêmica e da luta de Basaglia.

AMARANTE, P. Uma aventura no manicômio: a trajetória de Franco


Basaglia. História, Ciências, Saúde‑Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 1,
n. 1, p. 61‑77, out. 1994. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104‑59701994000100006&lng=en&nrm=
iso>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Amarante (2007) ainda nos diz que o exemplo mais representativo das lutas de Basaglia ficou
consolidado no Hospital Provincial de Trieste, onde o psiquiatra assumiu a direção da instituição.
Inicialmente Basaglia realizou uma mudança nas formas de conduta do hospital, passando a
desenvolver práticas de partilha de decisões com os internos, além de estimular atividades lúdicas e
de recreação. Em Trieste também foram abolidos castigos físicos, eletrochoques e condutas análogas.
Com o tempo, Basaglia realizou a inserção dos doentes mentais de Trieste na sociedade novamente por
meio da consolidação de uma rede territorial de atendimento construída através de serviços de atenção
comunitária, atendimento em emergências psiquiátricas e no hospital geral, além de cooperativas de
trabalho protegido, de centros de convivência e moradias assistidas. Melo (2012) nos colocou que,
no ano de 1973, a Organização Mundial de Saúde declarou que a experiência de Trieste era a maior
referência de atendimento psiquiátrico existente. A autora nos coloca ainda que, no ano de 1976, o
Hospital Providencial de Trieste foi fechado, e os pacientes foram totalmente reinseridos na sociedade.

No entanto, na Itália, somente no ano de 1978 foi aprovada a Lei nº 180, de 13 de maio, em que foi
autorizada a Lei de Reforma Psiquiátrica italiana, processando então uma profunda alteração do sistema
de atendimento ao doente mental. Assim, buscou‑se cada vez mais o fechamento das instituições que
prestavam o atendimento em regime fechado para os doentes mentais. Obviamente que essa mudança
não aconteceu de um dia para outro, mas, com o tempo, a Itália foi mudando o seu formato de
intervenção perante o doente mental.

Saiba mais

Para conhecer melhor a respeito da reforma sanitária, acesse:

LEI 180 de 13 de maio de 1978. Controles e tratamentos sanitários


voluntários e obrigatórios. Brasília, 1978. Disponível em: <http://www.
abrasme.org.br/resources/download/1359320456_ARQUIVO_Lei_180_
de_13_de_Maio_de_1978.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2019.

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A vivência italiana foi extremamente importante para o Brasil, condicionando também as mudanças
em relação à saúde mental. No entanto, antes de falarmos disso, precisamos compreender como essa
ação fora desenvolvida em nosso país e de forma análoga ter a ciência de como era entendido o doente
mental no Brasil. Dias (2012) nos coloca que na época da colônia, os doentes mentais não recebiam
nenhum atendimento específico. Nesse sentido, todos aqueles que padeciam de sofrimento mental
eram entregues à própria sorte, sem uma intervenção específica. Em alguns casos, eram atendidos nas
Santas Casas de Misericórdia, com crianças vítimas de abandono, pessoas que cometeram ato infracional
e assim sucessivamente.

Foi no Império que surgiram, no entanto, as grandes instituições hospitalares destinadas a atender
doentes mentais, as quais, em sua maioria, eram ligadas a organizações religiosas. Essas organizações
criaram os grandes asilos psiquiátricos e conferiram a tônica do atendimento ao doente mental no
país. Nesses espaços, assim como na Itália e em todo mundo, o doente mental era mantido em regime
fechado, sem qualquer convivência com a sociedade, com a família, com o mundo exterior. “O modelo
clássico de atenção em saúde mental foi a construção e manutenção de grandes asilos psiquiátricos
que demonstraram sua incapacidade de tratar e de respeitar os direitos dos portadores de transtorno
mental” (DIAS, 2012, p. 3). Partindo da ação do Império, entretanto, teremos a criação em 1852 do
primeiro hospício do país, o Hospício Dom Pedro II.

Observação

O período do Império em que temos a vinda da corte portuguesa ao


Brasil foi de 1822 a 1889.

Já no ano de 1903, no contexto da República Velha, teremos a publicação de uma nova legislação, a
Lei Federal de Assistência aos Alienados, de número 1.132, de 22 de dezembro. No entanto, na legislação,
temos o direcionamento de que o doente mental deveria ser inserido em instituições de acolhimento a
fim de não perturbar a ordem social. O artigo 1º da referida legislação deixa bem claro o entendimento
em relação à ação sobre o doente mental e a pessoa que padece dessa patologia. Vejamos:

Art. 1º O individuo que, por molestia mental, congenita ou adquirida,


comprometter a ordem publica ou a segurança das pessoas, será recolhido a
um estabelecimento de alienados.

§ 1º A reclusão, porém, só se tornará effectiva em estabelecimento dessa


especie, quer publico, quer particular, depois de provada a alienação.

§ 2º Si a ordem publica exigir a internação de um alienado, será provisoria


sua admissão em asylo publico ou particular, devendo o director do
estabelecimento, dentro em 24 horas, communicar ao juiz competente a
admissão do enfermo e relatar‑lhe todo o occorrido a respeito, instruindo
o relatorio com a observação medica que houver sido feita (BRASIL, 1903).

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POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Portanto, o doente mental é apresentado como aquele que pode ter nascido doente ou que pode
ter adquirido a doença, mas, se perturbasse a ordem social, deveria ser recolhido ao asilo, os hospitais
psiquiátricos. Assim, em grande parte da República Velha, o atendimento permaneceu assentado nos
grandes hospitais. Dias (2012) nos diz ainda que nos anos 1920 tivemos mudanças na organização
da Medicina, e isso trouxe influências para a prática asilar até então desempenhada. A autora nos
remete então à confluência dos ideais do sanitarismo e da eugenia, que influenciaram as práticas em
saúde, sobretudo no que diz respeito às instituições asilares. O sanitarismo buscava, tal como o termo
sugere, higienizar o país e, dessa maneira, incutir novos hábitos ao povo brasileiro. Acreditava‑se que
uma sociedade só conseguiria alcançar o desenvolvimento econômico se o seu povo fosse sadio, e,
por isso, todas as condutas tidas como prejudiciais à saúde eram coibidas. Já a eugenia é a crença
de que o ser humano possui uma carga biológica, que apresenta predisposições a ter determinados
comportamentos. Logo, acredita‑se na existência de uma dada herança genética que orienta as pessoas
a adotar determinadas posturas.

Derivando dessa perspectiva, eugênica e higiênica, no ano de 1923, temos a criação no Brasil da
Liga Brasileira de Higiene Mental. A Liga tornou‑se responsável por criar hospitais para atendimento ao
doente mental e também por instituir as colônias agrícolas, onde o trabalho era usado para supostamente
intervir nas patologias dos atendidos. No entanto, esses serviços não eram constituídos apenas aos
doentes mentais, uma vez que atendiam ainda a portadores de tuberculose e de hanseníase.

Dias (2012) nos indica ainda uma série de eventos que aconteceram, porém, a partir de 1930, estão
ligados à questão do doente mental no período. Um deles foi a criação do Ministério da Educação e da
Saúde Pública, em 1930, que, por sua vez, no ano de 1941, instituiu o Serviço Nacional de Doenças Mentais.

O Serviço Nacional de Doenças Mentais deveria organizar a atenção ao doente mental no país, que
só permaneceu sendo executado através dos hospitais. Além dessa ação, teremos, também, durante o
governo Vargas, em 1934, a promulgação do Decreto nº 24.559, destinada à Assistência e Proteção à
Pessoa e aos Bens do Psicopata. No entanto, analisando o teor do documento, vemos que se trata da
delimitação de parâmetros para a atuação perante o doente mental, nomeados na lei em questão pelo
termo “psicopatas”. Ainda a título de exemplo, observe o que nos dizem os artigos nº 3º e 4º sobre a
proteção destinada a esse segmento:

Art. 3º A proteção legal e a prevenção a que se refere o art. 1º dêste decreto,


obedecerão aos modernos preceitos da psiquiatria e da medicina social.

§ 1º Os psicopatas deverão ser mantidos em estabelecimentos psiquiátricos


públicos ou particulares, ou assistência hetero‑familiar do Estado ou em
domicílio, da própria familia ou, de outra, sempre que neste lhes puderem
ser ministrados os necessários cuidados.

§ 2º Os menores anormais somente poderão ser recebidos em


estabelecimentos psiquiátricos a êles destinados ou em secções especiais
dos demais estabelecimentos especiais dos demais estabelecimentos
dêsse gênero.
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§ 3º Não é permitido manter doentes com disturbios mentais em hospitais


de clínica geral a não ser nas secções especiais de que trata o parágrafo
único do art. 4º.

§ 4º Não é permitido conservar mais de três doentes mentais em um


domicílio, observando‑se. porém, o disposto no art. 10.

§ 5º Podem ser admitidos nos estabelecimentos psiquiátricos os toxicômanos


e os intoxicados por substâncias de ação analgésica ou entorpecente por
bebidas inebriantes, particularmente as alcoólicas.

Art. 4º São considerados estabelecimentos psiquiátricos, para os fins dêste


decreto, os que se destinarem a hospitalização de doentes mentais e as
secções especiais, com o mesmo fim, de hospitais gerais, asilos de velhos,
casas da educação e outros estabelecimentos de assistência social.

Parágrafo único. Êsses estabelecimentos psiquiátricos, públicos ou


particulares deverão:

a) ser dirigidos por profissionais devidamente habilitados, dispôr de pessoal


idôneo moral e profissionalmente, para os serviços clínicos e administrativos,
e manter plantão médico permanente;

b) estar convenientemente instalados em edifícios adequados, com dependências


que permitam aos doentes completa separação dos sexos convenientes distribuição
de acôrdo também com as suas reações psicopáticas e a possibilidade de vida e
ocupação ao ar livre;

c) dispôr dos recursos técnicos adequados ao tratamento conveniente aos


enfermos (BRASIL, 1934).

Nos artigos inseridos, vemos que o hospital ainda é apresentado como o espaço por excelência do
tratamento do doente mental. No entanto, observamos nesse texto que há a possibilidade de o doente
mental ser atendido em casa, desde que tenha acesso a demais serviços necessários. Vemos também
em tal legislação a necessidade, no entanto, de observação de dados aspectos pelas instituições de
atendimento. Esse decreto foi substituído em 1946 pelo Decreto‑lei nº 8.550, que instituiu o Serviço
Nacional de Doenças Mentais. No entanto, o Serviço Nacional de Doenças Mentais foi criado com a
finalidade última de firmar convênios para a construção e a ampliação de hospitais psiquiátricos
(DIAS, 2012). No ano de 1955, a Organização Mundial de Saúde manifestou‑se no sentido de fortalecer
a necessidade da consolidação de normas para o atendimento hospitalar, mas, mesmo ela compreendia
que esse era o único formato de atendimento destinado ao doente mental (MELO, 2012).

Após esse evento, teremos, de mais significativo, em 1960, a criação da Clínica Pinel, em Porto Alegre
e, no ano de 1967, conforme Melo (2012), o Brasil promoverá a Campanha Nacional de Saúde Mental,
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POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

que, resultou na constituição de ambulatórios de saúde mental em 18 municípios brasileiros. Porém,


nessa época, segundo Dias (2012), tivemos o aumento de 213 % das internações no Brasil, considerando,
no entanto, o período de 1950 a 1970. De tal forma, a prática ambulatorial não desqualificava a hospitalar
ainda hegemônica no país.

Melo (2012) reforça que as críticas ao formato hospitalar eram presentes na realidade brasileira desde
o segundo pós‑guerra, porém, foi somente a partir de fins dos anos 1970, que elas se consolidaram.
O pontapé inicial teria sido o Plano Integrado em Saúde Mental, lançado pelo Ministério da Saúde
em 1978, e que tinha como objetivo promover a formação de equipes multidisciplinares e médicos
generalistas para atuar na área da saúde mental. Por um lado, grande parte desses profissionais ainda
eram alocados nos hospitais psiquiátricos, mas, por outro lado, a inserção de profissionais de várias
áreas deflagra o surgimento ainda que rudimentar do entendimento de que o doente mental precisa
de outros saberes e de outras ações além do padrão oferecido pelo hospital e que estava respaldado no
saber médico e na utilização de medicamentos.

Nos anos 1970, vivenciamos ainda a organização do movimento sanitário, vinculado ao movimento
de reforma sanitária. Além de exigir uma política social de saúde destinada a todos os brasileiros, de
buscar qualificar as práticas em saúde, o movimento sanitário passa então a reivindicar a reforma
psiquiátrica. Leia‑se como reforma psiquiátrica a instituição de condutas mais humanas perante os
doentes mentais e, sobretudo, o fechamento dos hospitais. O movimento estava vinculado também
à Organização dos Trabalhadores em Saúde Mental, que era contrário às formas de tratamento dos
pacientes incluídos nas instituições asilares no país. Entretanto, no Brasil, como indica Melo (2012),
no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o país ainda era com predominância de atendimento
hospitalar. No caso, o país contava ao final dos anos 1970 com mais de 80.000 mil leitos ocupados em
instituições psiquiátricas.

Saiba mais

A realidade dos hospitais psiquiátricos é deflagrada no documentário


a seguir:

HOLOCAUSTO brasileiro. Dir. Daniela Arbex, 2003. 95 minutos.

Nele, temos uma recuperação histórica de um dos maiores hospitais


psiquiátricos do Brasil, o Hospital Barbacena de Minas Gerais, em que
tivemos muitas mortes e tratamentos agressivos de doentes mentais. Vale
a pena assistir.

Para tanto, a discussão sobre a saúde e a saúde mental ganhou corpo no Brasil. Grande parte dessas
discussões mostrou‑se presente na 8ª Conferência Nacional de Saúde no ano de 1986. Aprimorando os
debates em relação ao campo da saúde mental, tivemos, no Brasil, a 1ª Conferência Nacional de Saúde
Mental, no ano de 1987. Também é do ano de 1986 a redação do texto do projeto de fechamento

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Unidade III

dos hospitais, do deputado Paulo Delgado. O projeto aprovado apenas em 2001 foi vital para ampliar
a discussão sobre a nocividade dos atendimentos hospitalares psiquiátricos desenvolvidos no país.
A Lei Paulo Delgado, como ficou conhecida, destaca que é responsabilidade do Estado a gestão das
ações em saúde mental, congregando esse tipo de serviço como um direito do cidadão. Informa ainda
que a internação deveria ser usada somente quando os demais recursos não se mostrarem capazes
de atender a necessidade do doente mental. E mais, indica que os pacientes que estavam há tempos
institucionalizados deveriam ter suporte necessário para a reinserção social, familiar e comunitária.
Vejamos parte do texto da referida legislação:

Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada


quando os recursos extra‑hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social


do paciente em seu meio.

§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a


oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais,
incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais,
de lazer, e outros.

§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais


em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas
dos recursos mencionados no § 2º e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º. Art. 5º O paciente há
longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave
dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência
de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e
reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade
sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder
Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário
(BRASIL, 2001).

Ainda reforça que a internação deveria seguir parâmetros mais rígidos. Antes de a lei ser aprovada,
no entanto, houve muito estudo e pesquisa dos profissionais na saúde a fim de construir um modelo
de atenção, além do hospital. De tantas discussões, surgiram atividades concretas, e a primeira delas
aconteceu em Santos, em 1989, com a primeira experiência de intervenção perante o doente mental em
meio aberto. Outras experiências similares foram sendo desenvolvidas em todo país, mesmo antes da
consolidação da Lei Paulo Delgado, porém, somente com a promulgação da legislação, é que se definiram
os Centros de Atenção Psicossocial como equipamentos privilegiados do atendimento ao doente mental
(mas não o único). Por outro lado, procedeu‑se uma lenta e gradual “desospitalização”, termo pelo
qual pacientes antigos institucionalizados foram reinseridos em suas famílias ou então alocados em
residências terapêuticas. Entretanto, esse não foi um processo ainda plenamente consolidado e está em
construção no nosso país.

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POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

A seguir, a título de curiosidade, matéria que demonstra o fechamento de um desses hospitais.

Hospital psiquiátrico Vera Cruz em Sorocaba é oficialmente desativado

Os quatro últimos pacientes da unidade deixaram o local e foram para residências


terapêuticas. Cidade antes conhecida como polo manicomial agora fica sem unidade para
tratamento de doenças mentais.

O Hospital Vera Cruz foi oficialmente desativado nesta terça‑feira (6) em Sorocaba
(SP). Os quatro últimos pacientes que estavam internados na unidade deixaram o
local no período da manhã e foram encaminhados para residências terapêuticas de
Salto (SP).

Os pacientes transferidos foram: Adalgiza Siqueira da Silva, de 70 anos, que estava


internada no hospital há 26 anos; Adimael Latanzio, 50 anos, internado há 12 anos; Ananias
Martins, 45 anos, internado há 30 anos, e Roberto Justino da Silva, 52 anos, que estava há
16 anos na unidade.

De acordo com a coordenadora do Saúde Mental, Fernanda Biúdes, os pacientes foram


encaminhados para residências terapêuticas de Salto porque é a cidade de nascimento deles
e local de moradia dos familiares.

Com a desativação, a cidade de Sorocaba – que já foi o centro do maior polo manicomial
no Brasil, com 2,7 mil pacientes – fecha oficialmente todos os seus hospitais psiquiátricos.

“O Termo de Ajuste de Conduta [TAC] foi assinado em novembro de 2012 em Sorocaba,


Salto de Pirapora e Piedade. Sorocaba é o primeiro município a cumprir esse TAC. Era para
ter sido encerrado em 2016”, conta a coordenadora. [...]

Fonte: G1 Sorocaba e Jundiaí (2018).

Exemplo de aplicação

De acordo com o texto prévio e adotando como parâmetros o que estudamos até o momento,
podemos dizer que os hospitais psiquiátricos vêm sendo substituídos por residências terapêuticas. Como
analisar essa mudança no formato de atenção à saúde mental proposta pelo fechamento dos hospitais?
Reflita sobre isso.

No tópico subsequente, apresentaremos um rol amplo de informações a respeito do que pode ser
compreendido, hoje, como atuação em saúde mental no Brasil.

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Unidade III

7.2 As ações em saúde mental desenvolvidas no Brasil

Agora que já estudamos parte da história das ações em saúde mental desenvolvidas no Brasil, o
convidamos a dar andamento em seus estudos e conhecer as ações desenvolvidas atualmente, pelo Estado,
em saúde mental. Destacaremos aqui dados sobre o Programa de Volta para Casa e sobre a Rede de Atenção
Psicossocial, que, no momento, vêm realizando todo o atendimento ao doente mental no país.

O Programa de Volta para Casa destina‑se a viabilizar a reinserção social, familiar e comunitária para
egressos de hospitais psiquiátricos. A ação beneficia pacientes que estavam internados há mais de dois
anos, ou melhor dizendo:

O Programa De Volta Para Casa (PVC) garante o auxílio‑reabilitação


psicossocial para a atenção e o acompanhamento de pessoas em sofrimento
mental, egressas de internação em hospitais psiquiátricos, inclusive em
hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, cuja duração tenha sido
por um período igual ou superior a dois anos. O PVC busca a restituição
do direito de morar e conviver em liberdade nos territórios e também a
promoção de autonomia e protagonismo dos usuários (BRASIL, [s. d.])c.

Destaque‑se o fato de que o tempo de internação contabilizado deve ser considerado expressamente
como aquele em instituição destinada a atendimento psiquiátrico, não podendo ser associado nessa
conta o tempo que o paciente tenha permanecido acolhido em instituições de outra natureza.
Ou seja, funciona como uma mediação para que aquele paciente, que estava internado, pudesse deixar
a instituição. Porém, essa ação só é cabível em casos em que fique comprovada a possibilidade de o
indivíduo ser reinserido na sociedade.

Os beneficiários inseridos no De Volta para Casa podem receber uma remuneração, equivalente a
R$ 412,00, por até um ano. O benefício pode ser renovado, desde que seja comprovada a necessidade
do paciente. Para o acesso ao benefício financeiro e para que seja acompanhado por profissionais da
área, é necessário que o paciente seja acompanhado por um Caps que esteja localizado na região de sua
residência. Quando o município não possui Caps, o beneficiário deve ser acompanhado por profissionais
da Atenção Básica.

No entanto, para que os municípios tenham o Programa de Volta para Casa, precisam fazer a adesão
no Governo Federal. Essa adesão é uma espécie de termo de convênio, por meio do qual o Município se
apresenta ao Governo Federal como interessado em executar o Programa. Estima‑se que em 2017 havia
701 vinculados ao programa, e, um total de 4.499 beneficiários (BRASIL, [s. d.])c.

Além do De Volta Para Casa, temos a consolidação da chamada Rede de Atenção Psicossocial. A rede
congrega benefícios e serviços organizados em prol do doente mental, podendo ser compreendida da
seguinte forma:

A Rede de Atenção Psicossocial (Raps) propõe um novo modelo de atenção


em saúde mental, a partir do acesso e a promoção de direitos das pessoas,
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POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

baseado na convivência dentro da sociedade. Além de mais acessível, a rede


ainda tem como objetivo articular ações e serviços de saúde em diferentes
níveis de complexidade (BRASIL, [s. d.])c.

Trata‑se de um rol de serviços localizado na região de residência dos beneficiários e tendo em vista a
sua reinserção social, familiar e comunitária. São apresentados como serviços vinculados à rede: o Centro de
Atenção Psicossocial e as Unidades de Acolhimento, além de práticas voltadas à reabilitação. Vamos conhecer
um pouco mais dos Centros de Atenção Psicossocial ou Caps e depois passaremos a outros serviços.

Os Caps são serviços que oferecem aos doentes mentais e aos dependentes químicos, atendimento
interdisciplinar. Aquele que é atendido pelo Caps não deixa a sua família, sua comunidade, mas
permanece em sua realidade, comparecendo ao serviço somente para atendimento, que é previamente
agendado. O Ministério da Saúde apresenta o serviço da seguinte maneira:

Unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário,


constituído por equipe multiprofissional que atua sobre a ótica interdisciplinar
e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou
transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso
de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise
ou nos processos de reabilitação psicossocial. São substitutivos ao modelo
asilar, ou seja, aqueles em que os pacientes deveriam morar (manicômios)
(BRASIL, [s. d.]e).

De tal forma, o Caps não atende somente o doente mental, mas também casos de dependência
de álcool e drogas por meio de ação interdisciplinar prestada na região de residência do paciente.
Atualmente no Brasil há vários tipos de Caps, uma vez que os serviços são constituídos com base no
número de habitantes dos municípios e ainda conforme a patologia apresentada. Vejamos a seguir a
definição do Ministério da Saúde:

CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais


graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende
cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.

CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais


graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende
cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.

CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais


graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende
cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.

CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado


em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou
regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
129
Unidade III

CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação;


todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo
uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos
150 mil habitantes.

CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento


noturno e observação; funcionamento 24 h; todas faixas etárias; transtornos
pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo
menos 150 mil habitantes. (BRASIL, [s. d.]e).

De forma que, Caps I e Caps II realizam o atendimento ao doente mental. O que muda de um para o outro
é a abrangência, pois o Caps I é constituído de municípios de pequeno porte, ou seja, aqueles que possuam
menos de 15 mil habitantes. Já o Caps II destina‑se a municípios de médio porte, ou seja, que tenham em
média até 70.000 habitantes. O Caps i, por outro lado, é o equipamento constituído para atender crianças e
adolescentes que tenham qualquer patologia ou que apresentem quadro de dependência, também instituído
em municípios com no mínimo 70.000 habitantes. O Caps ad aborda somente pessoas com dependência
química, mas também é instituído em municípios com no mínimo 70.000 habitantes. Prática similar é a
realidade pelo Caps ad III, porém, nesse caso, temos a oferta de acolhimento noturno e o funcionamento é
ininterrupto. E o Caps III prevê atendimento na modalidade de acolhimento, todavia até 5 vagas. O Caps III
pode ser constituído em locais que possuam até 150.000 habitantes.

Além dos Caps, temos as Unidades de Acolhimento, executadas, sobretudo, através do atendimento
domiciliar de pacientes em sua residência, oferece atendimento contínuo para dependentes químicos,
que façam uso de crack, álcool e outras drogas. Essas Unidades de Acolhimento realizam o acolhimento
por tempo determinado, em média de 6 meses, de forma a preparar o dependente ao retorno da vivência
familiar. Tais unidades devem ser compostas de meio de equipe interdisciplinar e apresentam duas
modalidades ou formatos de organização, a saber:

Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pessoas maiores de 18


(dezoito) anos, de ambos os sexos; e

Unidade de Acolhimento Infanto‑Juvenil (UAI): destinada às crianças e aos


adolescentes, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os
sexos (BRASIL, [s. d.]e).

Nesses espaços, a prática busca humanizar o cuidado do doente mental e se qualificar como um
espaço provisório de passagem. Além dessas unidades, temos as residências terapêuticas. As residências
terapêuticas por outro lado são moradias para pessoas que já passaram pelas internações psiquiátricas,
mas que não tiveram condições de serem reinseridos nas famílias. As residências ainda atendem grupos
em situação de vulnerabilidade, como os moradores de rua, por exemplo. A definição do Ministério de
Saúde sobre esse serviço é a seguinte:

São moradias ou casas destinadas a cuidar de pacientes com transtornos


mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência e
130
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

que não possuam suporte social e laços familiares. Além disso, os Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRTs) também podem acolher pacientes com
transtornos mentais que estejam em situação de vulnerabilidade pessoal e
social, como, por exemplo, moradores de rua (BRASIL, [s. d.]e).

As residências terapêuticas guardam muita relação com a prática proposta por Basaglia, porém,
foram constituídas em alguns municípios no Brasil e não em todos. Façamos antes uma pequena pausa.
Observe a notícia na sequência.

Residências terapêuticas devolvem a liberdade para pacientes com sofrimento mental

Em Belo Horizonte, 257 pessoas são atendidas pelo serviço. Muitas delas viveram anos
internadas em manicômios e hospitais psiquiátricos

“Eu sou Antônio Carlos Albergaria, o Toninho. Comecei a dar problema aos 23 anos.
Adoeci e fui internado em Barbacena. Depois fui pra Santa Clara, depois para a clínica Nossa
Senhora de Lourdes. Fiquei trinta a três anos lá. Não comia. A comida era horrível”.

O Toninho, como gosta de ser chamado, é morador de uma das residências terapêuticas
de Belo Horizonte, que fica no bairro Santa Amélia, Região da Pampulha. Assim como ele,
outras 257 pessoas são atendidas pelos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) da capital.
Ao todo, a cidade conta com 33 casas.

Segundo Fernando Siqueira, coordenador de Saúde Mental da SMSA, as residências


terapêuticas são moradias, onde pessoas com sofrimento mental que ficaram internadas
durante anos nos hospitais psiquiátricos, em manicômios, conseguem ser reinseridas na
sociedade. “Essas pessoas ficaram, às vezes, 30, 40 anos internadas, sem cuidados e, muitas
vezes, sendo maltratadas, tratadas como objeto. Aqui elas viram sujeitos, pessoas. Moram
em casas que funcionam como a casa da gente mesmo”, explica.

Dona Mônica mora em uma residência terapêutica que fica no bairro Itapoã. Ela recebeu a
equipe do MG1 com sorriso no rosto e muita história para contar. Ela disse estar feliz e confortável
onde mora e que só conseguiu essa alegria há cinco anos, quando se mudou. Antes de morar em
um dos SRTs, ela passou por muito sofrimento. “Eu tinha uns 21 anos quando tive um problema
de depressão. Aí, minha família percebeu e procurou um psiquiatra. Só que a terapia que eu fiz
nunca acabou. Me jogaram num hospital, assim, do nada. Lá era tudo fechado, hospício. Não tem
a menor condição de uma pessoa sobreviver assim. Lá eu tomava mil, milhões de choques”, diz.

Fernando explica que todos os leitos em hospitais psiquiátricos, conveniados ao SUS, em


Belo Horizonte, foram fechados. Para ele, a luta antimanicomial é uma das principais causas
que a Secretaria Municipal de Saúde vem defendendo há alguns anos.

“A gente começa a fechar os hospitais psiquiátricos a partir do final da década de 1990,


começo dos anos 2000. E aí, com a necessidade de fechar esses hospitais, cujos leitos eram
131
Unidade III

conveniados ao SUS, nós precisávamos dar um local para essas pessoas, já que nesses
manicômios elas não eram tratadas como seres humanos. Os serviços residenciais terapêuticos
são o auge da luta pelo tratamento em liberdade, da reforma psiquiátrica” ressalta.

Adaptado de: Poline (2018).

No texto anterior, vemos um exemplo da intervenção de residência terapêutica, em que observamos


uma ação positiva, voltada à humanização dos cuidados em saúde mental. Além desses serviços, o
Ministério da Saúde aponta como outras ações e serviços vinculados à saúde mental, dentre os
quais: o serviço da urgência e emergência do Samu 192, sala de estabilização, Unidade de Pronto
Atendimento de 24 horas e o Pronto Socorro. Esses são serviços constituídos para atuar em prol de
urgências e emergências que sejam apresentados pelos doentes mentais ou então por àqueles que
sejam dependentes químicos. Para atender a outras demandas relacionadas à saúde dos pacientes,
são indicados os Ambulatórios Multiprofissionais em Saúde Mental. Os ambulatórios desenvolvem
prática interdisciplinar contando com “[...] médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam no tratamento de pacientes
que apresentam transtornos mentais” (BRASIL, [s. d.]e).

Ainda, são apresentados os serviços:

Comunidades Terapêuticas

São serviços destinados a oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter


residencial transitório para pacientes, com necessidades clínicas estáveis,
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Enfermarias Especializadas em Hospital Geral

São serviços destinados ao tratamento adequado e manejo de pacientes


com quadros clínicos agudizados, em ambiente protegido e com suporte
e atendimento 24 horas por dia. Apresentam indicação para tratamento
nesses Serviços pacientes com as seguintes características: incapacidade
grave de autocuidados; risco de vida ou de prejuízos graves à saúde; risco de
autoagressão ou de heteroagressão; risco de prejuízo moral ou patrimonial;
risco de agressão à ordem pública. Assim, as internações hospitalares devem
ocorrer em casos de pacientes com quadros clínicos agudos, em internações
breves, humanizadas e com vistas ao seu retorno para serviços de base aberta.

Hospital‑Dia

É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial,


para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e
terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um
período máximo de 12 horas (BRASIL, [s. d.]d).
132
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Além disso, destaca‑se a possibilidade de o doente mental ou do dependente químico acessar o BPC
ou o BPC na Escola. De tal maneira, é por meio dessas ações e serviços que são atendidos os doentes
mentais e os dependentes químicos no Brasil.

7.3 O assistente social e a atuação em saúde mental

Para abordar neste tópico a ação do assistente social na saúde mental, recorremos às referências e
diretrizes elaboradas pelo CFESS. Também apresentaremos exemplos de intervenção em serviços da Rede
de Atenção Psicossocial, a fim de demonstrar, com maior clareza, como se dá a prática nesses espaços.

Assim sendo, o grande instrumento de embasamento da ação do assistente social na saúde


denomina‑se Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Política de Saúde, publicado
pelo CFESS em 2010. Nesse documento vemos que há indicações sobre a prática do assistente
social na área da saúde, de forma genérica e na sequência apresenta sob quais bases deverá ser
desenvolvida a ação na saúde mental. De tal forma, o documento em questão reforça que para
qualquer área de atuação, incluindo a ação do assistente social na saúde, é basal que o profissional
observe os dispositivos legais que orientam nossa profissão. Os principais deles são postos pela lei
que regulamenta a profissão e pelo código profissional de ética dos assistentes sociais. A referida
lei dispõe um rol amplo de aspectos legais que disciplinam o exercício do assistente social no Brasil.
Já o Código Profissional de Ética dos Assistentes Sociais disciplina aspectos éticos que devem ser
observados pelos profissionais em suas relações laborais. De tal maneira, os dois documentos são
fundamentais para disciplinar o exercício profissional dos assistentes sociais na saúde mental,
ou seja, é basal ao assistente social, na saúde mental, estar embasado nos “[...] fundamentos
teórico‑metodológicos e ético‑políticos construídos pela profissão em determinado momento
histórico e procedimentos técnico‑operativos” (CFESS, 2010, p. 39).

Além disso, o documento Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Política de Saúde
destaca que para a intervenção na saúde, incluindo nesse campo a saúde mental, é fundamental
considerar a Política de Saúde de acordo com o que está posto do texto constitucional, isto é, uma
saúde de qualidade, de responsabilidade do Estado e, sobretudo, que seja, de fato, direcionada a
todos que delas necessitarem. Consonante com essa perspectiva, o texto destaca que, na saúde
mental, o profissional precisa estar engajado aos princípios postos pelo Movimento de Reforma
Psiquiátrica e que busca, como vimos, a qualificação de práticas humanas e de qualidade em prol
do doente mental.

Já nas equipes de saúde mental, o assistente social deve contribuir para


que a Reforma psiquiátrica alcance seu projeto ético‑político. Nessa direção,
os profissionais de Serviço Social vão enfatizar as determinações sociais e
culturais, preservando sua identidade profissional. Não se trata de negar que
as ações do assistente social no trato com os usuários e familiares produzam
impactos subjetivos, o que se põe em questão é o fato do assistente social
tomar por objeto a subjetividade, o que não significa abster‑se do campo
da saúde mental, pois cabe ao assistente social diversas ações desafiantes
frente às requisições da Reforma Psiquiátrica tanto no trabalho com as
133
Unidade III

famílias, na geração de renda e trabalho, no controle social, na garantia de


acesso aos benefícios (CFESS, 2010, p. 41).

Dessa forma, o assistente social é apresentado como um profissional que deve sempre se colocar
em prol do Movimento de Reforma Psiquiátrica, fazendo que os objetivos desse movimento sejam
plenamente contemplados. Isso porque, segundo o documento, os objetivos do movimento têm
correspondência com os valores e postulados que orientam o exercício profissional. Aliás, por várias
vezes, ao discutir a ação do assistente social na saúde, o documento ressalta que é basal ao profissional
atuar de forma interdisciplinar, porém, observando o necessário respeito às atribuições privativas e
competências profissionais. Nesse sentido, é extremamente relevante que a identidade profissional do
assistente social seja preservada. Por fim, concluindo as orientações, o documento reforça a importância
de que o assistente social não tome a subjetividade como objeto de sua ação profissional, uma vez que
esse tipo de ação profissional cabe aos psicólogos.

Grande parte dessas colocações a respeito da atuação do assistente social na área da saúde mental é
recuperada no Seminário Nacional de Serviço Social na Saúde que aconteceu em Olinda no ano de 2017.
O resultado de palestras e exposições de mesas redondas foi consolidado em formato de livro pelo CFESS.
Nele temos um rol amplo de textos que discutem a prática de saúde, enfatizando também aspectos
vinculados à ação do assistente social na área de saúde mental. Os textos que abordam a questão da
saúde mental estão vinculados à Plenária 1 do evento intitulada: “Política de Saúde Mental e os Serviços
Substitutivos aos Hospitais Psiquiátricos: a inserção dos assistentes sociais”, no qual colaboraram as
autoras Lúcia Cristina dos Santos Rosa e Conceição Maria Vaz Robaina. De tal forma, é importante frisar
que tanto Rosa (2017) quanto Robaina (2017) reforçam que a atuação do assistente social na saúde
mental jamais pode perder de vista os parâmetros que orientaram a Reforma Psiquiátrica. Da mesma
maneira, ambas as autoras recuperam e reforçam a importância de que os profissionais sempre tenham
a sua prática condicionada e orientada pela lei que regulamenta a profissão e pelo Código Profissional
de Ética dos Assistentes Sociais.

No sentido em pauta, Robaina (2017) coloca que na área da saúde mental temos observado duas
perspectivas. Uma delas é a prática em que o assistente social toma a subjetividade como seu objeto
de intervenção. A autora tece uma crítica a tal conduta uma vez que o objeto de atuação do assistente
social é a questão social e suas múltiplas formas de expressão. Por assim dizer, Robaina (2017) considera
que a doença mental é resultado de um rol de fatores e a considera como uma das muitas expressões
da questão social. Portanto, é uma prática equivocada. Para o rompimento dessa prática e para uma
ação qualificada em saúde mental, é vital ao assistente social a realização de uma análise crítica em
que seja possível realizar “[...] a identificação dos determinantes sociais e particularidades de como a
questão social se expressa naquele âmbito” (ROBAINA, 2017, p. 56). Dessa forma, segundo a autora, o
serviço social conseguiria também preservar a sua identidade profissional, desenvolvendo uma prática
profissional sob a qual possui formação teórica e técnica.

A autora destaca que na saúde mental ainda temos a predominância da intervenção dos assistentes
sociais nas famílias daqueles que possuem alguma doença mental ou que padecem com a dependência
química, e que essa prática deve ser sempre desenvolvida considerando a ótica territorial dos serviços.
Segundo ela destaca, os assistentes sociais sempre buscam desenvolver práticas que permitam a
134
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

estruturação da rede no território e métodos qualifiquados que favoreçam a participação e o controle


social. De acordo Robaina (2017), tais condutas são comuns aos assistentes sociais que atuam com
saúde mental e são analisadas como experiências positivas, uma vez que auxiliam em uma prática mais
qualificada em prol dos atendidos pelos serviços.

Diante de tais colocações e para demonstrar que conseguimos conhecer um pouco mais a respeito
das ações do assistente social em saúde mental, apresentaremos no decurso desse material o relato
de duas experiências do profissional, uma desenvolvida em um Caps e outra de uma prática em uma
comunidade terapêutica.

Silva e Gomes (2016) nos apresentam a descrição de uma experiência de atuação do assistente
social no Caps considerando a prática profissional em Belém do Pará. No texto, as autoras destacam
o entendimento da doença mental como expressão da questão social e o fato de que o serviço social
sempre foi requisitado a atuar em saúde mental, inicialmente, nos hospitais psiquiátricos. No entanto,
a partir do reordenamento do serviço de saúde mental, o serviço social passou a integrar equipes com
outra orientação de atuação, dentre os quais, o Caps. Para ambas, a intervenção contemporânea do
assistente social no Caps é essencialmente pluralista, uma vez que o profissional é chamado a integrar
equipes interdisciplinares tendo em vista a necessidade de o atendido ser compreendido em sua
totalidade. Ainda, conforme elas, dentro do Caps, o profissional não pode perder de vista a perspectiva
histórica‑crítica.

Já no que diz respeito às ações desenvolvidas pelos assistentes sociais no cotidiano de ação no Caps
de Belém do Pará, destacou‑se que as principais intervenções dos profissionais estavam orientadas à
articulação com rede de serviços dos respectivos territórios, providência de documentos pessoais dos
atendidos, realização de visitas domiciliares para aproximação à família dos atendidos e para fortalecer
o vínculo familiar, orientações e encaminhamentos para acesso de benefícios sociais e emissão de
parecer social, além de relatórios. De tal forma, as autoras destacam que são adotadas condutas pelos
assistentes sociais visando sempre a efetivação dos direitos sociais dos atendidos.

Outro exemplo interessante nos é apresentado por Woerner (2015), que relata uma análise sobre a
atuação dos assistentes sociais nas chamadas comunidades terapêuticas. Esse texto representa um estudo
realizado com profissionais que atuam em instituições localizadas em Blumenau, Santa Catarina. Os autores
nos colocam que as comunidades terapêuticas surgiram na Inglaterra em 1940 como serviços destinados
a atender soldados com traumas por conta da guerra. Com o tempo, essas experiências foram mudando e
na atualidade se constituem como dispositivos importantes da Rede de Atenção Psicossocial. No entanto,
grande parte dessas instituições é privada e faz convênios com o Estado. Aliás, muitas delas têm em
sua diretoria o trabalho voluntário de grupos religiosos. Isso é um dado importante, uma vez que nesses
espaços era comum que pessoas vinculadas aos grupos religiosos desempenhassem o papel do assistente
social, sem possuir graduação. No entanto, essas práticas foram descontinuadas, assim como o excesso de
vinculação entre a ação e a religião.

Partindo de uma caracterização inicial, o autor coloca então que a sua análise teve início do estudo de
uma comunidade terapêutica que atende somente homens, adultos e adolescentes. Em sua intervenção,
o assistente social desenvolve sua prática com base em três fases, a saber: ingresso, atendimento e
135
Unidade III

desligamento. No ingresso, é mais comum que o profissional providencie a alocação do atendido e os


documentos pessoais. De acordo com Woerner (2015), é comum que nesse momento o profissional
precise tomar providências até mesmo para que os acolhidos possam ter suas necessidades de roupa e
calçados sejam atendidas uma vez, é comum que muitos atendidos cheguem à comunidade terapêutica
sem roupa. Já na fase de acompanhamento, cabe ao assistente social realizar todo o acompanhamento
da situação judicial do atendido, providenciar relatórios acerca do caso e ainda tomar providências em
relação à documentação pessoal para acesso a serviços necessários como, por exemplo, histórico escolar
quando é o caso de frequência à escola. Entretanto, a ação do profissional acaba permanecendo mais
orientada à questão familiar, desenvolvendo intervenções individuais e em grupo, visando fortalecer o
vínculo familiar. Também, nesse caso, temos um reforço ao fato de que o profissional tenha como norte
de suas ações a lei que regulamenta a profissão do assistente social e o código profissional de ética.

Enfim, acreditamos termos conseguido caminhar bem e conhecer um pouco mais da questão da
saúde mental e também de nos aproximar de aspectos relacionados à prática do assistente social
nesses espaços.

8 AS POLÍTICAS SOCIAIS SETORIAIS: EDUCAÇÃO E HABITAÇÃO

Nesse tópico, tal como enunciado no decurso do material, apresentaremos indicações sobre a política
social de educação e a política social de habitação.

8.1 A política social de educação e a atuação do assistente social

A política social de educação só adquiriu essa característica a partir da Constituição de 1988. Antes
desse período, teremos no Brasil várias ações pontuais e descontinuas por parte do Estado. Assim sendo,
o texto constitucional nos indica no artigo 205:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Agora a educação também passa a ser considerada direito de todos.

O texto constitucional ainda coloca que a política social de educação deve ser desenvolvida por meio
de um rol de serviços, citados no artigo 208, a saber:

I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele


não tiveram acesso na idade própria;

II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino;
136
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

IV – atendimento em creche e pré‑escola às crianças de zero a seis anos


de idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII – atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de


programas suplementares de material didático‑escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua


oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino


fundamental, fazer‑lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
pela frequência à escola (BRASIL, 1988).

Como podemos observar, há um rol amplo de serviços. O texto constitucional apresenta


informações sobre a questão do financiamento e outras afins para que a Educação seja desenvolvida
no Brasil. No entanto, na Constituição (BRASIL, 1988), temos uma pequena apresentação de aspectos
genéricos acerca de tal política. No ano de 1990, contudo, buscando regulamentar o que está posto
na Constituição, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que disciplina e define
parâmetros para a educação brasileira. Nós, assistentes sociais, estaremos inseridos nos mais diversos
espaços que ofertam educação, porém, é mais recorrente que os profissionais estejam alocados no
Ensino Infantil, Fundamental e nas universidades. Por enquanto, o Ensino Médio permanece sob
administração do Estado, que ainda não incorporou outros profissionais à dinâmica educacional.
Já o Ensino Infantil e Fundamental, pelo fato de serem geridos pelo município, em geral, adicionam
assistentes sociais às equipes interdisciplinares. Nas universidades, por sua vez, já é mais comum. No
entanto, é necessário pontuar que no Brasil não há ainda legislação que determine a inserção de
assistentes sociais na área educacional. Aliás, é uma luta antiga do conjunto CFESS/Cress para que
seja legalizada a inserção do assistente social no campo educacional.

Nesse sentido, vemos que as discussões sobre a importância do serviço social na educação são mais
comuns a partir do ano 2000. No que diz respeito às indicações do conjunto CFESS‑Cress, teremos, no
ano de 2001, a publicação do documento “Serviço Social na Educação”. Nele, temos informações que
destacam a importância desse profissional no espaço pedagógico, e ainda quais seriam as principais
ações e princípios norteadores do exercício profissional na área.

Os princípios reforçados, também nesse documento, são aqueles relacionados ao disposto no Código
Profissional de Ética dos Assistentes Social e na lei que regulamenta a profissão do assistente social.
137
Unidade III

Assim, tal como indicamos, ao estudar a ação do assistente social na saúde mental, tais valores ou
normas devem servir de orientação para os profissionais em qualquer área de atuação. Além disso, o
documento indica como basal aos profissionais compreender a educação como uma política social,
portanto é direito de todos e dever do Estado. Ademais, é importante que os profissionais considerem
a função social da escola e a educação como um direito social, bem como as possíveis contribuições do
serviço social para a garantia do direito à educação.

O documento “Serviço Social na Educação” coloca que a escola é uma espaço em que temos a
manifestação de várias expressões da questão social. Logo, é na escola, no espaço educacional, que muitas
das contradições expressas na sociedade se tornam perceptíveis. Essas expressões são a matéria‑prima, o
objeto de trabalho do assistente social. Algumas das intervenções mais comuns no âmbito da educação
por parte do assistente social estão ligados a acompanhar casos de evasão escolar e baixo rendimento
ou desenvolvimento da aprendizagem. Portanto, o exercício do assistente social é orientado por ações
que visam garantir “[...] o acesso e a permanência do aluno na escola” (CFESS, 2001, p. 12).

Podemos então identificar algumas atividades práticas que podem ser desenvolvidas pelos assistentes
sociais que atuam na educação: realização de diagnósticos sociais sobre o público atendido, identificação
de fatores sociais, econômicos e culturais que influenciam a organização do sistema educacional, sendo
que essa prática deve ser desenvolvida por meio de uma ação interdisciplinar. Além dessa prática, o
assistente social deve atuar de forma a viabilizar aos alunos o acesso a benefícios e serviços para que
eles possam permanecer na escola e se desenvolver nesse espaço. Esse rol de ações tem como objetivo
atuar “[...] principalmente no processo de inclusão social de crianças e adolescentes em idade escolar”
(CFESS, 2001, p. 12). Afinal, não basta que a criança ou o adolescente seja matriculado, mas sim que
mantenha sua frequência e o desenvolvimento de sua aprendizagem.

O texto ainda indica como funções do assistente social na prática nas unidades de ensino:

• Pesquisa de natureza socioeconômica e familiar para a caracterização


da população escolar;

• Elaboração e execução de programas de orientação sócio‑familiar,


visando prevenir a evasão escolar e melhorar o desempenho e
rendimento do aluno e sua formação para o exercício da cidadania;

• Participação, em equipe multidisciplinar, da elaboração de programas


que visem prevenir a violência; o uso de drogas e o alcoolismo, bem
como visem prestar esclarecimento e informações sobre doenças
infectocontagiosas e demais questões de saúde pública;

• Articulação com instituições públicas, privadas, assistenciais e


organizações comunitárias locais, com vistas ao encaminhamento de
pais e alunos para atendimento de suas necessidades;

138
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Realização de visitas sociais com o objetivo de ampliar o conhecimento


acerca da realizada sócio‑familiar do aluno, de forma a possibilitar assisti‑lo
e encaminhá‑lo adequadamente;

• Elaboração e desenvolvimento de programas específicos nas escolas


onde existem classes especiais;

• Empreender e executar as demais atividades pertinentes ao Serviço


Social, previstas pelos artigos 4º e 5º da lei 8662/93 (CFESS, 2001, p. 13).

Consequentemente, temos na educação um rol amplo de atividades que podem ser desenvolvidas
por esse profissional. Para isso, ele precisa considerar a escola e o espaço social em que está vinculada
a escola como local de inclusão social e instância de gestão democrática. Essas são referências para a
intervenção do assistente social no campo educacional.

Outro importante dispositivo que busca oferecer parâmetros para a atuação do assistente social na
educação foi publicado pelo CFESS em 2014, denominado Subsídios para Atuação dos Assistentes Sociais
na Política de Educação. No registro em questão, também temos a defesa dos documentos que definem
o exercício do assistente social no Brasil, sendo esses: a lei que regulamenta a profissão do assistente
social, além do Código Profissional de Ética dos Assistentes Sociais. Há ainda a indicação da necessidade
de compreensão da educação como uma política social, direito do cidadão e dever do Estado.

No entanto, no documento em questão, há o destaque para que o assistente social desenvolva sua
prática na área de educação adotando como referência os seguintes parâmetros:

• apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das


relações sociais numa perspectiva de totalidade;

• análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo


as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país e as
particularidades regionais;

• compreensão do significado social da profissão e de seu


desenvolvimento sócio‑histórico, no cenário internacional e nacional,
desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

• identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular


respostas profissionais para o enfrentamento da questão social,
considerando as novas articulações entre o público e o privado (CFESS,
2014b, p. 26).

Portanto, é necessário que o profissional faça uma análise crítica da realidade, compreendendo sua
atuação no campo educacional como uma prática desenvolvida nas expressões da questão social.

139
Unidade III

Partindo de tais colocações, o texto indica que há dimensões a serem consideradas quando
pensamos na prática do assistente social na educação. Ao fazê‑lo, temos a apresentação das principais
condutas idealizadas para os assistentes sociais atuantes nessa área, sendo essas: atuação em prol da
garantia do acesso e permanência na área educacional, efetivação de espaços de gestão democrática
e na qualidade da educação.

De tal maneira, por acesso e permanência na escola, buscam‑se designar ações que viabilizem:
“[...] acesso e permanência da população nos diferentes níveis e modalidades de educação, a partir
da mediação de programas governamentais instituídos mediante as pressões de sujeitos políticos que
atuam no âmbito da sociedade civil (CFESS, 2014, p. 37). Ou seja, haverá públicos específicos que não
vão conseguir manter a frequência escolar, por fatores que estão além do espaço escolar. Esse grupo
de indivíduos demanda por ações do profissional que deverá mobilizar os recursos necessários para a
manutenção dessas populações nos espaços de educação formal.

A gestão democrática relaciona‑se à consolidação de espaços de participação popular em que a


comunidade escolar tenha visibilidade e possa, dessa maneira, consolidar princípios de relações mais
deliberativas. A questão da qualidade, por outro lado, comporta um rol de práticas e condutas que o
assistente social precisa desempenhar para que a qualidade da educação seja mantida (CFESS, 2014, p. 37).
De tal maneira, podemos inferir que esses dois aspectos (qualidade e democratização), assim como a questão
da manutenção do aluno na escola, já foram apresentados como referências ao trabalho do assistente social
no documento do CFESS de 2001, que estudamos alguns trechos previamente desse material.

Já no que diz respeito à dimensão da prática, o texto Subsídios para Atuação dos Assistentes Sociais na
Política de Educação avança em indicar alguns pressupostos básicos necessários aos profissionais. Um deles
(mas não o único) indica que atuar na área educacional é ir além de atender alunos por meio de abordagens
individuais, antes, incorpora práticas que possam integrar a família e toda a comunidade escolar.

Reafirma, portanto, a compreensão de que o trabalho do/a assistente


social, no campo da educação, não se restringe ao segmento estudantil e
nem às abordagens individuais. Envolve também ações junto às famílias,
aos professores e professoras, aos demais trabalhadores e trabalhadoras da
educação, aos gestores e gestoras dos estabelecimentos públicos e privados,
aos/às profissionais e às redes que compõem as demais políticas sociais, às
instâncias de controle social e aos movimentos sociais, ou seja, ações não só
de caráter individual, mas também coletivo, administrativo‑organizacional,
de investigação, de articulação, de formação e capacitação profissional
(CFESS, 2014b, p. 38).

Isto é, há um rol amplo de segmentos que devem ser inseridos nas pautas de ação dos assistente
social atuante na educação. Portanto, segundo o documento, é basal ao profissional a ampliação das
possibilidades técnicas e instrumentais para que sua intervenção consiga alcançar, de fato, os objetivos
propostos. Necessário ainda ao profissional apresentar capacidade teórica e política para analisar o
campo sob o qual atuar e para intervir sobre ele: “Para tanto, exige‑se do/a profissional de serviço social
uma competência teórica e política que se traduza em estratégias e procedimentos de ação em diferentes
140
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

níveis (individual e coletivo), capaz de desvelar as contradições que determinam a Política de Educação”
(CFESS, 2014, p. 41). Melhor dizendo, a intervenção deverá congregar “[...] aportes teórico‑metodológico,
ético‑político e técnico‑instrumental” (CFESS, 2014b, p. 50).

No entanto, ao final do texto, vemos que é destacado que ainda há necessidade de luta e muita organização
e reivindicação para que os assistentes sociais sejam incorporados à política social de educação. Por enquanto,
ficamos com alguns exemplos de atuação de assistentes sociais na educação, sendo um na Educação Infantil
e outro no Ensino Superior. Ribeiro (2015) apresenta uma pesquisa realizada em instituições de Educação
Infantil da região de Brasília em que havia atuação do assistente social. A pesquisa observou que nessas
instituições a prática do profissional estava orientada a atender casos de evasão, fracasso e desinteresse pelo
estudo. Sua análise concluiu que por meio da prática do assistente social são efetivados direitos sociais das
crianças que garantem a sua frequência na escola. Já a análise de Felix, Souza e Holanda (2017) tinha como
objetivo uma aproximação a perspectiva do assistente social que atuava no Ensino Superior e, para isso,
realizaram entrevistas com três assistentes sociais que atuavam na Universidade Federal Rural do Semiárido
do Rio Grande do Norte. Nessa pesquisa, observaram que a prática profissional estava mais orientada à
concessão de bolsas e benefícios para os universitários, e que os profissionais possuíam uma concepção crítica
sobre a política de educação e como tal buscavam, por meio de sua conduta, a efetivação dos valores éticos
e políticos que norteiam a prática profissional do assistente social.

Enfim, vemos que as possibilidades de atuação do assistente social na educação são amplas, e
podemos desenvolver condutas extremamente relevantes para efetivação dos direitos sociais. Agora,
passamos ao item subsequente no qual apresentaremos indicações sobre as possibilidades de ação do
assistente social na habitação.

8.1.1 A política social de habitação e a atuação do assistente social

Nesse tópico, abordaremos a prática do assistente social na habitação. Partiremos de uma pequena
retrospectiva histórica do desenvolvimento das ações em habitação no Brasil, para apresentarmos
informações sobre a política nacional de habitação na atualidade. Ao final, exibiremos os princípios
e referências para atuação do assistente social na área, além de experiências da prática do assistente
social nessa expressão da questão social. Grande parte de nossas colocações será elaborada com
base no documento: “Atuação dos Assistentes Sociais na Política Urbana: subsídios para reflexão”
publicado pelo CFESS em 2016. Esse documento é bastante representativo e rico, uma vez que salienta
a argumentação do CFESS em relação à questão urbana, incluindo nesse rol a questão habitacional.
Também apresentaremos, com base em artigos, exemplos de atuação do serviço social na questão
urbana, incluindo a habitacional.

Assim, vemos que a questão do acesso à habitação é algo que sempre foi mais difícil em nosso país
para as populações pobres. Da mesma maneira, as populações que têm maior poder aquisitivo também
têm mais facilidade para residir em espaços mais urbanizados. Ou seja, quando pensamos na questão
da habitação, estamos pensando na residência, na casa, mas também no entorno, ou seja, no acesso a
asfalto, saneamento básico e tudo mais que é necessário para uma vida de qualidade no espaço urbano
ou rural. Essa dificuldade de ação à habitação é presente no Brasil desde a colônia. Nesse período, nas
cidades de grande porte que foram se consolidando, já se observava a dificuldade de acesso à habitação
141
Unidade III

para alguns segmentos, sobretudo os mais empobrecidos. Assim, quem possuía condições de comprar
terrenos ou então quem podia tomar posse de um espaço, o fazia. Quem não tinha, por outro lado,
permanecia à margem do acesso à habitação. De acordo com o CFESS (2016), isso oferece as raízes para
a especulação imobiliária e torna a compra de imóveis acessível somente a um dado segmento.

Essas formas fortalecem as estruturas fundiárias, alimentam os conflitos e


constituem elementos explicativos da desigualdade físico‑territorial ainda
vigente no país e, principalmente, da desigualdade social, na despossessão
do/a trabalhador/a assalariado/a da terra para morar (CFESS, 2016, p. 19‑20).

Consequentemente, desde os primórdios no Brasil teremos uma diferenciação no que diz respeito ao
acesso da habitação, separando ricos e pobres e dificultando o acesso da população pobre à habitação.
No momento, o Estado não desenvolvia ações voltadas à atenção da questão habitacional. Parte dessas
ações começou a ser desenvolvida pelo Império. No ano de 1850, tivemos no Brasil a promulgação
da Lei de Terras que regulamentava a compra e venda de terras no país e que dispunha parâmetros
para a organização das sesmarias e capitanias hereditárias. As sesmarias eram terrenos abandonados
pelo governo português e entregues para aqueles que desejassem cultivar a terra, já as capitanias
hereditárias eram faixas de terra grandes, que partiam do litoral ao interior. As capitanias eram
cedidas pelo governo português para aqueles que desejavam povoar o país. As sesmarias eram como
que pedaços de uma capitania (CFESS, 2016). O que ocorre, desde a colônia, é que as pessoas que não
têm condições financeiras acabavam ocupando locais com precárias condições, dando margem para
surgimento de ocupações irregulares e favelas.

Além dessa legislação supracitada, teremos, na época do Império, ações voltadas ao saneamento das
áreas urbanas. Intervenções mais sistemáticas passaram a ser empreendidas somente a partir do governo de
Vargas. Nesse período, o Estado passou a desenvolver ações para erradicar as ocupações irregulares, como
as favelas. Porém, foram ações pontuais e que buscavam apenas a mudança de moradores das favelas para
outras regiões. Outras práticas importantes do período foram desenvolvidas pelos Institutos de Aposentadoria
e Pensão Social ou Iaps. Os institutos buscavam viabilizar o acesso à moradia para aqueles trabalhadores a
eles vinculados e que contribuíam com as pensões. Portanto, o acesso à moradia por meio do Instituto era
possível para as categorias de trabalhadores que contribuíssem com esse regime em questão. A maior parte
da população, no entanto, permanecia sem acesso a qualquer auxílio para obter à habitação (CFESS, 2016).

Outras ações passaram a ser desenvolvidas a partir do governo de Dutra para sanear a questão
das favelas. Aliás, com essa finalidade, foi criada a Fundação Leão XIII no Rio de Janeiro, que tinha
como principal mote de atuação os moradores de favelas. Além dessa ação, também no governo Dutra,
teremos a criação da Fundação da Casa Popular. A referida Fundação tinha como objetivo centralizar
a questão do acesso à habitação. Tratava‑se de uma instituição que financiava o acesso à habitação
para aqueles que não estavam vinculados aos Iaps e também firmava convênios com municípios para
atender demandas relacionadas à urbanização. Agregou‑se a isso, somente em 1956, a promulgação
da Lei nº 2.875 (BRASIL, 1956), que delimitava as ações necessárias para os moradores de favelas. A lei
autorizava o repasse de recursos para que os Estados pudessem intervir de forma a acabar com as favelas por
meio da construção e cessão de casas para aqueles que morassem em tais locais. A seguir, apresentamos
a referida legislação composta de apenas sete artigos. Vejamos:
142
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Art. 1° E’ o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Justiça


e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 50,000.000,00 (cinqüenta
milhões de cruzeiros), destinado a auxiliar a Cruzada de São Sebastião, do
Distrito Federal, na urbanização das favelas dessa cidade.

Art. 2° E’ também autorizado o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da


Justiça e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 20.000.000,00 (vinte
milhões de cruzeiros) para auxiliar o Serviço Social contra o Mocambo, de
Recife, capital do Estado de Pernambucano.

Art. 3° E’ igualmente autorizado o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério


da Justiça e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 50.000.000,00
(cinqüenta milhões de cruzeiros) para ser empregado pela Prefeitura
Municipal de São Paulo na melhoria das condições dos favelados, em São
Paulo, capital do Estado do mesmo nome.

Art. 4° E’ ainda autorizado o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da


Justiça e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 20.000.000,00 (vinte
milhões de cruzeiros) para ser empregado pela Prefeitura Municipal de
Vitória, capital do Estado do Espirito Santo, na solução de problemas dos
favelados naquela cidade.

Art. 5° Durante o prazo de 2 (dois) anos, a contar da data da publicação


desta lei, não será executado nenhum despejo contra moradores de favelas
situadas no Distrito Federal.

Art. 6° E’ assegurada aos atuais moradores de favelas a permanência nas suas


habitações, no caso de não serem beneficiados com as casas construídas
com os créditos especiais de que trata a presente lei.

Art. 7º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as


disposições em contrário (BRASIL, 1956).

No entanto, mesmo essa intervenção, foi capaz de dar conta das demandas habitacionais do
país naquele período. Após essa intervenção teremos a criação no ano de 1964 de um dos maiores
equipamentos para acesso à habitação e que foi o responsável por financiar o acesso habitacional
no Brasil até meados dos anos 1980. Nos referimos ao Banco Nacional de Habitação ou BNH. O BNH
financiava habitação para trabalhadores e ofereceu a possibilidade de adquirir residências por meio
do saque do FGTS. O BNH não fazia concessões de habitações, mas funcionava como um “banco” que
financiava o acesso para aqueles que pudessem pagar.

No ano de 1988, a Constituição Federal, por meio dos artigos 182 e 183, destaca a necessidade
de política de desenvolvimento urbano com o objetivo de proporcionar o pleno desenvolvimento da
política urbana. É um texto simples, assim descrito:
143
Unidade III

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder


público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem‑estar de seus habitantes.

§ 1º – O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para


cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º – A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às


exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º – As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa


indenização em dinheiro.

§ 4º – É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para


área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que promova
seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I – parcelamento ou edificação compulsórios;

II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo


no tempo;

III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de


emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando‑a para sua moradia ou de sua família, adquirir‑lhe‑á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º – O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem


ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º – Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de


uma vez.

§ 3º – Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. (BRASIL, 1988)

No entanto, as ações em habitação continuaram sendo desenvolvidas pelo BNH, e a política urbana
só existia no texto constitucional. As questões envolvendo incoerências na utilização dos financiamentos
resultaram na extinção do BNH em 1986, período em que foi criado o Ministério do Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente. O Ministério deveria se ocupar então da questão habitacional. A lacuna do
144
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

BNH só foi suprida nos anos 1990 quando a Caixa Econômica Federal passou a ser então o agente
financiador das moradias para o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Também
foram vinculados ao Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente o Banco Central e o
Conselho Monetário Nacional (CFESS, 2016).

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), foi criado o Programa Pró‑Moradia para
viabilizar residências a famílias de baixa renda com o aporte ao FGTS. Também foi instituído por FHC, o
Habitar Brasil, que destinava recursos a estados e municípios para auxiliar na questão de urbanização e
saneamento. No ano de 2003, o presidente Lula criou o Ministério das Cidades, que deveria humanizar
as cidades por meio da garantia de saneamento e transporte de qualidade. Era ainda atribuição do
Ministério das Cidades ocupar-se da questão habitacional. Por meio do Ministério das Cidades tivemos
a instituição da chamada política nacional da habitação, que visava então dar concreticidade às ações
relacionadas à habitação, ao saneamento, à urbanização. No ano de 2005, ainda sob o mandato
do presidente Lula, foi instituído o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, com ações
especificamente idealizadas à população vulnerável. Para isso, foi instituído também o Fundo Nacional
de Habitação de Interesse Social, um conselho gestor que deveria acompanhar a execução das ações e a
disposição de atividades para cada ator da política habitacional a fim de viabilizar o acesso à habitação.
Alguns dos grandes parceiros para tal ação seriam a Caixa Econômica Federal, operadora de crédito do
Sistema, e o Ministério das Cidades (CFESS, 2016).

Vamos conhecer um pouco mais da Política Nacional de Habitação? Por tratar‑se de um documento
amplo, extenso, não é possível a sua reprodução na íntegra aqui nesse material. Todavia, é possível e
preciso conhecer os pilares dessa política. A política nacional de habitação é estruturada por meio de
cinco componentes, digamos assim, são eles: O Sistema Nacional de Habitação, o Desenvolvimento
Institucional, o Sistema de Informação, o Sistema de Avaliação e Monitoramento da Habitação e o Plano
Nacional da Habitação (BRASIL, 2004).

O Sistema Nacional de Habitação congrega diversos entes federados, atores sociais afins como o
Governo Federal, Estados, Municípios e demais responsáveis para sanar as questões relacionadas à
habitação e à urbanização do país. A seguir, a definição da Política Nacional da Habitação sobre os
integrantes do referido sistema:

O Sistema Nacional de Habitação (SNH) é composto por uma instância


de gestão e controle, articulada e integrada pelo Ministério das Cidades,
pelo Conselho das Cidades, pelo Conselho Gestor do Fundo Nacional de
Habitação de Interesse Social, pelos Conselhos Estaduais, do Distrito Federal
e Municipais, pelo Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e
pelos Fundos Estaduais e Municipais de Habitação de Interesse Social (FEHIS
e FMHIS). Integram, ainda, o Sistema Nacional de Habitação uma rede de
agentes financeiros, promotores e técnicos envolvidos na implementação da
Política Nacional de Habitação (PNH) (BRASIL, 2004a, p. 52).

Já o Desenvolvimento Institucional refere‑se a especificidades e particularidades que cada uma das


instituições vinculadas ao Sistema Nacional de Habitação possui. Incorpora ainda as responsabilidades de
145
Unidade III

cada um dos integrantes do Sistema Nacional de Habitação. Vinculado ao Desenvolvimento Institucional,


temos o Sistema de Informação, que incorpora a realização de diagnósticos, sistematização de dados
e demais informações que permitam mapear as áreas mais vulneráveis do país em relação à questão
habitacional, além de outras observações que tenham vinculação direta com a questão habitacional.
Também integra a política nacional de habitação o Sistema de Avaliação e Monitoramento da Habitação,
responsável por acompanhar a execução de ações ligadas à habitação no país, e o Plano Nacional de
Habitação, instrumento de planejamento das ações a serem desenvolvidas em habitação e urbanização
no país, considerando‑se as particularidades de cada região.

Toda essa organização mostra‑se necessária para o alcance dos objetivos da Política Nacional de
Habitação, os quais estão assim descritos:

• universalizar o acesso à moradia digna em um prazo a ser definido no


Plano Nacional de Habitação, levando‑se em conta a disponibilidade
de recursos existentes no sistema, a capacidade operacional do setor
produtivo e da construção, e dos agentes envolvidos na implementação
da PNH;

• promover a urbanização, regularização e inserção dos assentamentos


precários à cidade;

• fortalecer o papel do Estado na gestão da Política e na regulação dos


agentes privados;

• tornar a questão habitacional uma prioridade nacional, integrando,


articulando e mobilizando os diferentes níveis de governo e fontes,
objetivando potencializar a capacidade de investimentos com vistas a
viabilizar recursos para sustentabilidade da PNH;

• democratizar o acesso à terra urbanizada e ao mercado secundário de


imóveis; ampliar a produtividade e melhorar a qualidade na produção
habitacional; e

• incentivar a geração de empregos e renda dinamizando a economia,


apoiando‑se na capacidade que a indústria da construção apresenta
em mobilizar mão‑de‑obra, utilizar insumos nacionais sem a
necessidade de importação de materiais e equipamentos e contribuir
com parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB). (BRASIL,
2004, p. 31).

Portanto, vemos que a política nacional de habitação busca uma ação ampla, de acesso à habitação,
regularização de situações “irregulares” na questão da moradia, instituição de processos para atender
famílias que residem em espaços prejudiciais e um rol amplo de intervenções no sentido de promover
a qualidade de moradia para a população. Dessa maneira, a política nacional de habitação procura
146
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

promover a integração urbana de assentamentos precários, a produção da habitação e integrar a política


de habitação à política de desenvolvimento urbano.

Por meio da política nacional de habitação, foi instituído o Sistema de Habitação de Interesse Social,
como citado anteriormente. Será, nesse referido Sistema, que grande parte dos assistentes sociais irão
trabalhar. De acordo com a Lei nº 11.124, de 16 de julho 2005, que instituiu o Sistema de Habitação de
Interesse Social, seu objetivo, conforme o artigo 2º, é o seguinte:

I – viabilizar para a população de menor renda o acesso à terra urbanizada e


à habitação digna e sustentável;

II – implementar políticas e programas de investimentos e subsídios,


promovendo e viabilizando o acesso à habitação voltada à população de
menor renda; e

III – articular, compatibilizar, acompanhar e apoiar a atuação das instituições


e órgãos que desempenham funções no setor da habitação (BRASIL, 2005).

Portanto, trata‑se de uma ação institucionalizada para viabilizar o acesso à habitação à população
de menor renda. Por isso, nós, assistentes sociais, estaremos vinculados, na maioria dos casos, a essas
ações, pois constituem o público‑alvo de nossas intervenções. No entanto, quando vamos atuar em uma
dada política social temos que ter pleno domínio da legislação que orienta a ação. Aqui apresentamos
os aspectos mais importantes e relevantes. O maior aprofundamento dos aspectos relacionados à área
de intervenção acontece, no entanto, no cotidiano do trabalho do assistente social.

Saiba mais

Para obter informações adicionais sobre o Sistema de Habitação de


Interesse Social, veja:

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei nº 11.124 de 16 de junho de 2005. Dispõe sobre o Sistema
Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional
de Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o Conselho Gestor
do FNHIS. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2004‑2006/2005/Lei/L11124.htm>. Acesso em: 1º mar 2019.

Até o momento, a política habitacional tem sido orientada por esses princípios e valores, porém
após a promulgação dessa legislação, teremos outras intervenções desenvolvidas em prol da questão
habitacional. Outras ações foram desenvolvidas pelo governo Lula sob o argumento de ampliar o acesso
à habitação. No ano de 2008, foi criado o programa Minha Casa, Minha Vida pela Lei nº 11.977 (BRASIL,
2009), um programa vinculado à habitação de interesse social. Em tese, o Minha Casa, Minha Vida deveria
147
Unidade III

viabilizar o acesso à habitação para famílias pobres, mas tornou‑se um programa com vários critérios
de renda, o que fez com que as habitações ainda permanecessem acessíveis apenas para aqueles que
possuem renda. Ainda durante o governo Lula, em 2009, o Ministério das Cidades passou a encaminhar
recursos para estados e municípios visando a urbanização em assentamentos precários. Essas ações
estavam vinculadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que foi incrementado durante
o governo de Dilma Rousseff. Assim, Dilma‑Temer não criaram ou desenvolveram nenhuma política
habitacional diferenciada (CFESS, 2016).

No entanto, ainda atualmente, o déficit habitacional é imenso no nosso país. O texto a seguir, indica
essa situação que afeta grande parcela de nossa população. Vejamos:

Brasil tem 6,9 milhões de famílias sem casa e 6 milhões de imóveis vazios, diz urbanista

Para Edésio Fernandes, professor de direito urbanístico e ambiental em Londres,


esse descompasso aumentou o volume de ocupações, muitas delas maior que muita
cidade no país; arquiteta Joice Berth defende cotas sociais e raciais para acabar com
déficit e segregação.

O desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, que pegou fogo e foi ao chão no
centro de São Paulo, não apenas escancarou o problema do déficit habitacional no Brasil
como jogou luz sobre a situação dos imóveis vazios que, mesmo sem condições adequadas,
atraem milhares de pessoas em busca de teto.

O país tem, pelo menos, 6,9 milhões de famílias sem casa para morar. Tem também cerca
de 6,05 milhões de imóveis desocupados há décadas.

Esse descompasso, que já havia sido indicado pelo Censo de 2010, tem motivado uma
onda de ocupações e invasões em uma escala jamais vista no país, diz o urbanista Edésio
Fernandes, professor de direito urbanístico e ambiental da UCL (University College London).

“A diferença das ocupações tradicionais está no volume. Não se sabe quantas pessoas
vivem dessa forma, sem falar das práticas precárias de aluguel e o surgimento dos cortiços,
sobretudo nas áreas centrais, agravado pelo crescimento da população de rua”, diz Fernandes,
pontuando que as novas ocupações são maiores que muitos municípios brasileiros em
termos populacionais.

O professor cita como exemplo dessa nova onda a ocupação batizada de Izidora, em Belo
Horizonte. Formada por três vilas interligadas (Esperança, Rosa Leão e Vitória), Izidora reúne
30 mil pessoas numa área de cerca de 900 hectares ocupada a partir de 2013. Fernandes
cita também a ocupação Povo Sem Medo, de São Bernardo, que em uma semana já tinha
reunido 6 mil pessoas no ano passado.

Fernandes diz que o problema é a falta de leis para definir onde os mais pobres vão
morar. “Não há planejamento e pensamento sobre onde vão viver os pobres. [...] Os centros
148
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

de cidades estão perdendo população, mas o lugar dos pobres é cada vez mais a periferia”,
afirma o professor, que é membro da Development Planning Unit da UCL.

Para resolver esse problema, diz Fernandes, a solução não passa apenas por facilitar
a aquisição de propriedades para quem tem baixa renda. Ele defende uma mescla de
políticas públicas, que incluem também propriedades coletivas, moradias subsidiadas e
auxílio‑aluguel como medidas necessárias para acabar com o déficit habitacional, que é
maior entre famílias que têm renda entre zero e três salários mínimos – cerca de 93% dos
6,9 milhões de famílias sem teto têm renda de até R$ 2,8 mil.

Cotas sociais e raciais para moradia

É por isso que a arquiteta e urbanista Joice Berth defende reservar cotas habitacionais
em espaços com mais infraestrutura para negros.

“A gente precisa desfazer o modelo de casa grande e senzala”, afirma Berth, dizendo que
bairros como Pinheiros e Itaim Bibi, em São Paulo, são bairros mais brancos e com maior
renda “onde a negritude não pode estar”.

A arquiteta pontua que “brancos e pretos pobres se parecem, mas não são iguais”. Por
isso, ela defende cotas não apenas em programas de aquisição de imóveis em conjuntos
habitacionais, mas também uma política que garanta acesso direto à terra aos negros.

Ela também acredita que está na hora de radicalizar as pautas. “Até porque com o
advento das cotas (na educação) temos pessoas com novo olhar”, observa.

Em relação às ocupações, Berth diz que a solução pode passar por reformar esses imóveis
e manter os moradores que lá estão.

O professor Edésio Fernandes, no entanto, observa que o “Brasil não tem tradição nem
know‑how” para transformar imóveis comerciais em residenciais, e isso pode encarecer e
dificultar essa conversão. “Faltam tradição e tecnologia”, salienta.

Perversidade

Fernandes observa ainda que programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV)
deixaram a desejar. Na avaliação dele, além de não atender com prioridade a população
com renda mais baixa, o MCMV oferece imóveis de baixa qualidade construtiva e ambiental.

O professor lembra, no entanto, que o Brasil não é o único país a enfrentar dificuldades
para manter uma política habitacional de qualidade. Fernandes cita o incêndio [que]
consumiu Grenfell Tower, prédio de 127 apartamentos para pessoas de baixa renda em
Londres, que usou material de baixa qualidade e inflamável em uma reforma antes da
tragédia que matou 71 pessoas.
149
Unidade III

Ele também compara o incêndio da torre britânica com o do prédio do centro de São
Paulo. “Os dois incêndios revelam muito mais do que a falência de um modelo e de uma
política, revelam a perversidade dessa forma de se fazer cidade e moradia”, afirma.

A falência, acredita Fernandes, também se estende ao sistema de representação política


e reflete a falta de mobilização da sociedade para demandar seus direitos.

“Sobretudo, é a falência da nossa história de não confrontar a estrutura fundiária,


segregada e privatista”, diz.

Fernandes e Berth conversaram com a BBC e defenderam mudanças na política


habitacional brasileira no sábado, durante palestra no Brazil Forum UK, evento organizado
por estudantes brasileiros no Reino Unido.

Fonte: BBC (2018).

Exemplo de aplicação

Analisando o texto anterior, pense em que medida nós, assistentes sociais, poderemos colaborar
para viabilizar o acesso à habitação dos segmentos mais vulneráveis e, além disso, como você analisa a
questão das cotas para acesso à habitação? Seria algo viável no Brasil?

E nós, assistentes sociais, como atuamos nesse processo? Obviamente que a atuação na área
habitacional nos coloca, novamente, sob a perspectiva da nossa Lei que regulamenta a profissão do
assistente social e com nosso Código Profissional de Ética. Sempre será sob esses parâmetros que
deveremos exercer a nossa prática profissional, independentemente da área de atuação, e sempre
ponderando os princípios e valores postos pelo projeto ético‑político de nossa categoria. Assim,
considerando a atual questão urbana, uma das expressões da questão social, em que temos cidades
caóticas e marcadas pela pobreza, nós como assistentes sociais precisamos sempre defender o direito e
o acesso dos segmentos mais vulneráveis à habitação, que não se limita ao acesso à casa, mas comporta
também o entorno das residências (CFESS, 2016).

Lembrete

A Fundação Leão XIII foi criada em 1946 no Rio de Janeiro com o


objetivo de sanear as áreas que possuíam favelas.

A relação entre nossa categoria e a questão habitacional no entanto é antiga e nos leva aos primórdios
da constituição do Serviço Social no Brasil. Assim sendo, sabemos que os assistentes sociais formados
por aqui em meados dos anos 1940, mais especificamente dos profissionais graduados a partir de 1946,
tiveram grande importância na Fundação Leal XIII. Nessa instituição, a prática do assistente social estava
orientada a condutas de higienização e remoção da população que vivia nas favelas do Rio de Janeiro.

150
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Também foram alocados profissionais ao Serviço Especial de Recuperação das Favelas e Habitações
Anti‑Higiênicas e às Coordenações e Secretarias de Serviços Sociais as quais estimulam os profissionais
ao saneamento das favelas e das ocupações irregulares.

Foi no interior dessa institucionalidade que o(a) assistente social foi


demandado, como trabalhador inserido na divisão sociotécnica do trabalho,
a exercer atividades profissionais de controle e higienismo social junto às
famílias pobres urbanas moradoras das favelas, por meio de ações de serviços
sociais pontuais e de desenvolvimento de comunidade (AMMANN, 1987).
Além disso, esse/a profissional era chamado a participar na organização
e acompanhamento de processos de remoção e reassentamento dessas
famílias em grandes conjuntos habitacionais, construídos em áreas
periféricas e segregadas da malha urbana (CFESS, 2016, p. 34).

Na verdade, nesse período, como sabemos, os assistentes sociais eram formados de uma maneira
totalmente distante do que conhecemos hoje em dia e, possivelmente, por isso, aceitaram a incumbência
de uma prática que pressupunha o higienismo. Dessa forma, muitos profissionais foram requisitados nesse
período para atuar em instituições dessa natureza. Em prática similar, os profissionais foram novamente
convidados a colaborar com o desenvolvimento da nação em meados dos anos 1950‑1960, quando
tivemos o surgimento do método de desenvolvimento de comunidade. Essa metodologia pressupunha
o assistente social como agente motivador do desenvolvimento de regiões urbanas e rurais e proveio
dos convênios firmados entre o Estado brasileiro e o Estado Norte‑Americano. Esse vínculo permitiu
grande parceria com a Organização dos Estados Americanos (OEA) que buscou, por sua vez, impulsionar
o desenvolvimento econômico do país. Também foi nesse período que o Brasil firmou grande vínculo
com a Organização das Nações Unidas (ONU), que tinha como objetivo viabilizar o desenvolvimento em
países considerados subdesenvolvidos. Nesse sentido, a ONU apresentou um rol amplo de atividades
voltadas ao desenvolvimento urbano e rural, no qual, os assistentes sociais foram peças fundamentais.
A prática dos profissionais nessa época buscava sanar problemas apresentados pelas famílias em relação
à moradia, fator essencial para o desenvolvimento do país.

Observação

A Companhia de Habitação (Cohab) realizava a construção das casas


financiadas pelo BNH.

O CFESS (2016) ainda nos coloca que depois dessa ação, somente em 1964, é que tivemos outra
expansão da prática do assistente social na questão urbana em relação à habitação. Nesse período,
tivemos a criação do BNH. Foi nessa instituição que o assistente social esteve alocado. Dentro do BNH,
o técnico atuou mais de maneira burocrática e também em intervenções realizadas no Subprograma de
Desenvolvimento Comunitário, que depois passou a ser nomeado como Programa de Desenvolvimento
Comunitário. Os profissionais ainda foram requisitados para trabalhar com a Carteira de Habitação de
Interesse Social, uma espécie de setor que oferecia apoio para que as Cohabs realizassem o serviço
de conscientização dos mutuários beneficiados com os financiamentos habitacionais.
151
Unidade III

o trabalho social da época tinha um caráter mais ‘administrativo’, pois se


preocupava com a seleção da demanda, o acompanhamento da adimplência
dos mutuários e a organização comunitária, especialmente com a
constituição de Associações de Moradores nos Conjuntos Habitacionais,
para que essas pudessem administrar os espaços comunitários construídos
nos conjuntos habitacionais (centros comunitários através de comodatos)
(ABEPSS, 2016, p. 37 apud PAZ E TABOADA, 2010, p. 46).

No entanto, além da prática supracitada, teremos profissionais que estarão ligados ao Instituto
de Orientação às Cooperativas Habitacionais de São Paulo (Inocoop‑SP). Nesses espaços, o objetivo
era organizar e orientar mutuários. Possivelmente devido a isso, os assistentes sociais atuantes nesses
Institutos tinham como prática serem mais críticos e sempre estarem voltados à conscientização dos
beneficiários do BNH. Essa perspectiva foi ampliada pelos profissionais nos anos 1980, tanto nos Institutos
quanto no BNH e em outros projetos habitacionais. Também mostraram‑se importantes profissionais
em “[...] mutirões, na urbanização de assentamentos, na oferta de lotes urbanizados, na regularização
fundiária e urbanística, nos projetos de instalação e funcionamento de redes de água e esgoto” (CFESS,
2016, p. 38), aliás, algo comum aos cidadãos atuantes na área habitacional durante os anos 1980 e 1990.

Nos anos 1990, os profissionais irão manter a prática crítica nos empreendimentos habitacionais,
mas haverá a ampliação das possibilidades dos assistentes sociais atuarem em projetos
habitacionais firmados entre Brasil e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco
Mundial. A intervenção estaria voltada a informação e educação das famílias atendidas visando o
desenvolvimento social e comunitário, ou, melhor dizendo, nesses programas, os assistentes sociais:
“[...] impuseram o desenvolvimento de atividades de caráter informativo, educativo e de promoção
social, visando ao desenvolvimento comunitário e à sustentabilidade do empreendimento” (CFESS,
2016, p. 39). Ainda nos anos 1990, foram criados os programas Habitar Brasil (BID), Favela‑Bairro e
Morar Melhor, também direcionados ao acesso à habitação, à regularização das favelas e ocupações.
Nesses espaços, os profissionais ainda desenvolveram ações de conscientização, de mobilização
popular e até mesmo auxílio em situações de regularização fundiária.

Todavia, e atualmente, como é a relação entre Serviço Social e Habitação? Sabemos que o trabalho
social em empreendimentos habitacionais é uma necessidade, algo reforçado, aliás, em várias Instruções
Normativas divulgadas pela CDHU a partir de 2007. Nesse sentido, é mister salientar que a Caixa
Econômica Federal divulgou no ano de 2011, o Caderno de Orientação do Técnico Social para orientar
os profissionais atuantes em empreendimentos habitacionais. O caderno foi reformulado em 2012 e
coloca quais seriam as atribuições dos profissionais frente aos mais variados programas habitacionais
desenvolvidos pelo Estado. É comum que contemporaneamente os profissionais ainda sejam requisitados
para esses e outros programas habitacionais.

Para tanto, atuar na habitação requer ao profissional o entendimento do espaço e da questão


habitacional como resultado das contradições capitalistas. Assim, a dificuldade de acesso à habitação,
presente nos espaços urbanos e rurais em virtude da especulação imobiliária não pode ser desconsiderada.
Vivemos em tempos em que o direito à cidade está sendo negligenciado, e a luta por ele é também
aquela pela cidadania. Em síntese:
152
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

[...] o trabalho do/a assistente social na política urbana depara‑se com as


contradições e desafios no enfrentamento à violação e na defesa do acesso
aos direitos, tendo em vista os programas urbanos que são implementados
ao arrepio da política (CFESS, 2016, p. 40).

Agora que já possuímos ciência de todas essas informações, que tal exemplos para demonstrar o
exercício profissional na habitação? Oliveira e Cassab (2010) relatam uma experiência vivenciada quando
um dos autores atuou como assistente social da Cohab em Londrina. Nessa prática, ele foi contratado
para atuar com regularização fundiária e o desenvolvimento urbano. Para isso, segundo a descrição do
profissional, o trabalho esteve orientado ao estímulo da participação comunitária, sendo necessário
realocar 257 famílias que residiam em regiões consideradas insalubres. Nesse processo, o indivíduo
também buscou viabilizar às famílias o acesso a atividades voltadas à preparação e à geração de renda,
e sobretudo ao fortalecimento do papel protagonista da mulher, uma vez que grande parte das famílias
atendidas eram chefiadas por elas. Os autores do texto compreendem que o acesso à habitação é uma
forma de efetivar direitos sociais, não apenas relacionados à residência, mas à construção de conceitos
referentes à questão ambiental e afins. Já o texto de Lemos et al. (2011), por outro lado, nos apresenta a
prática do assistente social na Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária da Prefeitura
Municipal de São Borja no Rio Grande do Sul. Nessa intervenção, é destacado que o profissional atua na
seleção de famílias a serem beneficiárias das moradias, além de viabilizar o acesso das famílias a serviços
de geração de renda e reinserção laboral. O que os autores destacam é que a triagem para acesso
aos benefícios é uma parte do trabalho, mas, a partir da inserção das famílias como beneficiárias das
moradias, há outro aspecto do trabalho social ligado à mobilização das potencialidades de cada família,
visando a superação das situações de desigualdade social.

Por ora, chegamos às linhas finais de nossa discussão sobre a atuação do assistente social na
questão habitacional e passamos agora à apresentação de outras práticas, na justiça, segurança
e família.

8.2 As políticas sociais setoriais: justiça, segurança e intervenção com família

Vamos, agora, orientar os nossos estudos para as áreas da justiça e da segurança, além da
intervenção familiar.

8.2.1 A atuação do assistente social perante a justiça e a segurança

Nesse tópico, apresentaremos uma série de colocações a respeito da intervenção do assistente


social no chamado sistema sociojurídico, que integra ações desenvolvidas pelos assistentes sociais
atuantes no Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Execução Penal e Sistema Prisional,
Execução de Medidas Socioeducativas, Segurança Pública, Políticas Públicas de Segurança, Acolhimento
Institucional, Forças Armadas e Corporações Militares. Nossas considerações adotaram como base o
material Atuação dos Assistentes Sociais no Sociojurídico: subsídios para reflexão, publicado pelo CFESS
em 2014. Esse conteúdo foi elaborado com base em uma pesquisa realizada pelo CFESS em 2013 com
3.395 profissionais (CFESS, 2014a).

153
Unidade III

Em tese, o termo “sociojurídico” surgiu a partir de uma edição da Revista Serviço Social & Sociedade
da Editora Cortez, publicada no ano de 2001, sob o tema geral da inserção profissional no Poder
Judiciário e no Sistema Penitenciário. Dessa intervenção inicial, com base nos textos produzidos para
essa edição da revista, foi criado o termo “sociojurídico”, que buscava designar práticas desenvolvidas
por assistentes sociais no sistema judiciário ou no sistema prisional. No ano de 2001, o 10º Congresso
Brasileiro de Assistentes Sociais promoveu um Simpósio com práticas do judiciário e do sistema prisional
e o nomeou “sociojurídico”. Em 2003, consolidando o referido termo, temos o 1º Seminário Nacional de
Serviço Social no campo sociojurídico, englobando discussões que retratavam tanto intervenções na
área jurídica quanto prisional (CFESS, 2014, p. 8).

No entanto, a relação do Serviço Social com esse sistema é algo antigo. Os assistentes sociais formados
em meados dos anos 1930 foram vinculados aos Juizados de Menores existentes em São Paulo e no Rio de
Janeiro. Nesse momento, os profissionais buscavam atuar com infâncias pobres, delinquentes e crianças
abandonadas. Nesse período, os profissionais atuavam também com os chamados comissários de menores.
Esses comissários fiscalizavam o trabalho de crianças e adolescentes, na época menores, no Rio de Janeiro
e em São Paulo. Os assistentes sociais ofereciam suporte aos comissários de menores (CFESS, 2014a).

Já no ano de 1979, tivemos a promulgação do Código de Menores e alguns assistentes sociais


atuavam nos Juizados de Menores. A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, vimos
que os assistentes sociais também são chamados a integrar Juizados, porém agora sob o viés totalmente
diferenciado do que propõe o ECA. No contexto de promulgação do ECA vemos os profissionais serem
chamados para atuar em “[...] tribunais, nos ministérios públicos, nas instituições de cumprimento de
medida socioeducativas, nas defensorias públicas, nas instituições de acolhimento institucional, entre
outras” (CFESS, 2014a, p. 13).

No ano de 1984, o mercado de trabalho dos assistentes sociais no sociojurídico foi ampliado, pois
tivemos a promulgação da Lei de Execuções Penais. Isso resultou na inserção dos assistentes sociais no
sistema penitenciário. Tivemos uma nova ampliação da atuação dos profissionais nessa área a partir de
1998 quando foram consolidados outros espaços de atuação como o Ministério Público e a Defensoria
(CFESS, 2014a).

Como está a inserção laboral dos profissionais no chamado sistema sociojurídico? E mais, o que é
idealizado ao profissional atuante nessa área? O documento do CFESS (2014a) mostra‑se importante ao
passo que tece um rol amplo de possibilidades de intervenção identificadas a partir da prática concreta
dos assistentes sociais em seu cotidiano. Entretanto, não são imposições e tampouco uma camisa de
força, e sim uma construção coletiva do CFESS com os assistentes sociais entrevistados e que nos
oferecem informações preciosas acerca da ação profissional nesse sistema.

Damos início então à nossa apresentação das intervenções do Serviço Social, começamos pela ação
no Poder Judiciário. No Judiciário, temos instituições de Justiça Estadual e Justiça Federal. Na Justiça
Estadual, a prática do assistente social estará orientada à “[...] elaboração de documentos técnicos
(laudos e pareceres” (CFESS, 2014a, p. 41) ao passo que na Justiça Federal os profissionais “[...] se
voltam ao atendimento de servidores/as e magistrados/as” (CFESS, 2014a, p. 41). Na Justiça Estadual, os
profissionais atuam ainda na instrução de processos.
154
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

O CFESS (2014a, p. 41‑42), com base na pesquisa realizada com profissionais atuantes no Poder
Judiciário, indica ainda como principais atividades:

a) Perícia e acompanhamento

• estudos sociais/perícia social;

• atendimento e orientação ao público;

• acompanhamento social (pessoas envolvidas em processos);

• assessoramento ao/à magistrado/a no atendimento às partes;

• acompanhamento de crianças acolhidas;

• desenvolvimento de atividades junto ao cadastro de adoção;

• acompanhamento a visitas de pais a filhos/as, mediante pedido judicial;

• preparação para adoção;

• emissão de pareceres para acessar, judicialmente, serviços do governo


federal, como o BPC;

• participação em audiências, de modo a emitir opinião técnica.

b) Execução de serviços

• atuação com penas e medidas alternativas na implementação da


prestação de serviços à comunidade nas varas criminais.

c) Rede/avaliação de políticas públicas

• conhecimento/articulação da rede socioassistencial;

• fiscalização de instituições de acolhimento e de execução de medidas


socioeducativas;

• participação em comissões, fóruns, conselhos, grupos de estudos, no


âmbito da esfera pública e privada.

d) Recursos humanos

• gerenciar convênios de saúde;

• avaliação da saúde ocupacional, acompanhamento a funcionários/as


e magistrados/as;

155
Unidade III

• acompanhamento social aos/às ministros/as (Supremo);

• participação em programas de treinamento de servidores/as e


magistrados/as;

• participação em campanhas envolvendo a saúde do/a trabalhador/a;

• perícia social em processos administrativos envolvendo saúde do/a


trabalhador/a ou de seu/sua familiar.

e) Assessoria institucional

• assessoramento à direção do fórum/apoio organizacional/assessorar;

• alta administração, no marco das competências de assistentes sociais.

f) Planejamento e organização do serviço social

• planejamento, execução e avaliação de projetos inerentes ao


serviço social;

• sistematização do conhecimento social, político e cultural dos diversos


segmentos geracionais atendidos no espaço do Judiciário e dos dados
gerados pelos sistemas de informação adotados no Judiciário;

• participação/organização de eventos sobre o serviço social;

• desenvolver e assessorar pesquisas, projetos, programas e atividades


relacionadas à prática profissional dos/as assistentes sociais, no
âmbito do Poder Judiciário, objetivando seus aperfeiçoamentos
técnicos, a produção de conhecimentos e a implementação de ações
que forneçam a garantia e aplicação de direitos para os/as usuários/
as dentro das respectivas áreas de atuação;

• supervisão de estagiários/as de serviço social;

• manter os registros e documentação atinentes ao serviço social;

• atuação na prevenção de situações sociais atinentes a crianças,


adolescentes, idosos/as, mulheres e apenados/as (CFESS, 2014, p. 41‑43).

Como podemos ver, é um rol amplo de atividades desempenhadas pelo Serviço Social no Judiciário.
Outra prática interessante é desenvolvida no Ministério Público. Nesse órgão, os profissionais têm uma
ação ampla, orientada a acompanhar processo de interdição, visando proteger a pessoa quando será
156
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

interditada e quando o processo de interdição termina e desenvolvem ainda ações para consolidar
direitos negligenciados. Assim, integra o fazer do profissional no Ministério Público acionar os órgãos
competentes toda vez que os direitos sociais das pessoas são negligenciados. Nesse sentido, as ações
visam garantir direitos individuais e também direitos coletivos. No entanto, as ações do assistente
social não se restringem ao acesso aos direitos individuais e coletivos. Assim, figuram como principais
atividades dos assistentes sociais atuantes no Ministério Público:

a) Direito individual

• avaliações sociais, perícia técnica em serviço social;

• acompanhamento de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),


envolvendo famílias;

• orientação a indivíduos e famílias.

b) Direito difuso e coletivo

• vistorias a entidades públicas e privadas;

• avaliação de políticas públicas, avaliação de planos, orçamentos e


relatórios de gestão de políticas públicas;

• elaboração de pesquisas com demandas que sugerem políticas públicas;

• apoio à implementação de fundos, conselhos, planos de ação e de


capacitação continuada de conselheiros/as;

• organização de sistema de informação sobre a rede socioassistencial;

• planejamento e execução de processos de capacitação de profissionais


que atuam nas diferentes esferas da execução das políticas públicas,
visando a aprofundar processos de assessoria oferecidos às Promotorias
de Justiça, nos quais seja detectada, como condição para a evolução
de determinada política, a necessidade de capacitação pontual dos/as
agentes envolvidos/as;

• constituição de parcerias com instituições públicas e da sociedade


civil, para fins de encaminhamento e aperfeiçoamento das equipes
que atuam nas políticas públicas;

• participação em audiências públicas, conferências municipais e outros


eventos cujos temas são afeitos aos direitos humanos, às atribuições
do MP e ao trabalho profissional;
157
Unidade III

• acompanhamento de instituições de abrigamento de idosos/as e de


ações coletivas de interdição dos/as mesmos/as;

• assessoramento técnico a grupos de trabalho internos e externos, que


tenham como foco as políticas públicas que envolvem direitos humanos;

• assessoramento aos órgãos da instituição na sua relação com os


movimentos sociais, conselhos de direitos e gestores/as públicos/as,
no que tange aos direitos humanos.

c) Recursos humanos

• gestão de pessoas;

• elaboração de pareceres para processos administrativos, estudos


sociais em caso de reabilitação funcional devido à previsão legal no
Estatuto do Servidor Público;

• composição de equipes para realização de eventos voltados para


servidores/as.

d) Assessoria institucional

• assessoria aos órgãos de execução do MP, com planejamento,


coordenação, implementação e avaliação de plano, programas,
projetos relativos a atividades sociais.

e) Planejamento e organização do serviço social

• supervisão de estágio em serviço social;

• formação continuada da equipe de serviço social, por meio de


reuniões sistemáticas, participação em seminários, cursos, congressos
e capacitações (CFESS, 2014, p. 55‑57).

Portanto, aqui, também observamos um rol amplo de atividades desenvolvidas pelos assistentes
sociais, que, além da ação de defesa de direitos individuais e coletivos, atuam em prol dos recursos
humanos do Ministério Público, prestando assessoria a demais órgãos do Ministério Público e ainda à
organização de eventos destinados aos profissionais da área.

Outras ações são desenvolvidas pelos profissionais em um importante equipamento sociojurídico,


que são as Defensorias Públicas. Competem às Defensorias:

158
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

[...] orientação jurídica e a defesa dos direitos dos/as cidadãos/ãs que não
têm recursos suficientes para custear os honorários de advogados/as
particulares, oferecendo serviços gratuitos em todos os graus. O público‑alvo
da Defensoria é a população com renda familiar de até três salários mínimos
(CFESS, 2014a, p. 60).

E, nesses espaços, temos a instituição do fazer dos assistentes sociais. Nas defensorias, veremos que
os profissionais prestam atendimento aos usuários e também participam de ações de planejamento e
encaminhamentos. O documento indica como principais atividades dos assistentes sociais nas Defensorias:

• avaliação/perícia social;

• atendimento aos/às assistidos/as, informações para acesso a serviços;

• atendimento sociojurídico;

• triagem de casos;

• participação em mediação de conflitos;

• participação em reuniões de conciliação;

• encaminhamentos à rede;

• planejamento, elaboração e execução de projetos sociais (CFESS,


2014a, p. 61).

É uma prática contemporânea com poucas sistematizações e elaborações teóricas até o momento,
mas, como podemos ver, as intervenções na Defensoria buscam sanar dadas questões realizadas
pelos usuários a partir das demandas que vão sendo apresentadas aos técnicos. Nas experiências que
retratamos, vimos que no Poder Judiciário e no Ministério Público, temos uma situação processual. Nas
Defensorias, as solicitações nem sempre são processuais e partem da demanda espontânea.

Assim, caminhamos para a execução das penas e para o sistema prisional. As ações de Execução
Penal e Sistema Prisional são aquelas que acontecem no “[...] espaço de cumprimento da pena” (CFESS,
2014a, p. 63), bem como para a disposição de sentenças. Nesses espaços, os assistentes sociais são
chamados para analisar situações em que é requerida a progressão de regime, para integrar conselhos
de comunidade, para compor comissões disciplinares e mesmo para acompanhar atividades religiosas
em que sua observação seja necessária. Os profissionais participam da discussão contraditória entre
punição e humanização e buscam por meio de sua prática efetivar os direitos daqueles que estão em
regime fechado.

De acordo com CFESS (2014a, p. 67; 70‑71), as intervenções dos profissionais no Sistema Penal e
Prisional podem ser assim sistematizadas:
159
Unidade III

Avaliação social para fins judiciais e/ou processos avaliativos institucionais

• avaliação social;

• exame criminológico;

• laudos periciais;

• participação em comissão disciplinar;

• participação em comissão de avaliação laboral, convênios e visitas a


empresas nas quais os/as detentos/as laboram; [...]

Acompanhamento/orientação

• acompanhamento de detentos/as e famílias;

• orientação às populações carcerárias e a familiares sobre seus direitos,


orientação ao/à apenado/a sobre seus direitos e deveres e sobre as
normas institucionais;

• triagem, acolhimento e reuniões com reclusos/as;

• cadastro e demais procedimentos técnicos para visita íntima e de


crianças e adolescentes nas unidades.

Apoio no meio externo/articulação

• articulação com a rede e encaminhamentos diversos, encaminhamentos


a setores internos;

• acompanhamento dos/as apenados/as a saídas para trabalho e visitas


a familiares;

• acompanhamento a egressos/as;

• participação dos movimentos sociais e organizativos vinculados à


temática sociojurídica;

• acompanhamento de processos junto da Defensoria Pública.

Planejamento

• planejamento e organização de projetos de trabalho para presos/as


com deficiência;

160
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

• organização de programas voltados para a cultura (clubes de leitura,


concursos literários), educativos, execução de atividades recreativas e
desportivas, religiosas; coordenação de estudos e pesquisas na área
do serviço social.

• proposição e execução de programas de preparação para a liberdade,


de profissionalização e progressão de regime;

• planejamento, organização e administração de programas e projetos.

Saúde

• execução de programas voltados para a saúde mental;

• acompanhamento a consultas psiquiátricas e serviços de saúde mental.

Recursos humanos/gestão institucional

• orientação dos/as servidores/as quanto à compreensão das situações


sociais envolvendo os/as presos/as;

• capacitação de recursos humanos;

• ampliação dos canais de comunicação da população carcerária com a


administração penitenciária;

• gestão do acesso à assistência religiosa pelos/as presos/as.

Tendo em vista a quantidade de instituições vinculadas ao sistema penitenciário e da quantidade de


profissionais, podemos ver que as ações também são amplas, ou seja, não há um padrão específico, até
porque a demanda mostra‑se diversificada.

Os profissionais ainda atuam na execução de medidas socioeducativas. Constituem, segundo o Estatuto da


Criança e do Adolescente (ECA) medidas aplicáveis a adolescentes que cometem ato infracional: advertência,
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e
internação. Nesses espaços, são comuns aos assistentes sociais as seguintes atividades:

a) Acompanhamento de adolescentes e famílias

• acompanhamento de adolescentes e famílias em diversas dimensões;

• orientação ao atendimento do/a adolescente no âmbito social;

• desenvolvimento de ações voltadas ao/à egresso/a.


161
Unidade III

b) Avaliação social

• elaboração de relatórios e estudos sociais.

c) Articulação com a rede

• articulação com a rede de serviços.

d) Gestão, assessoramento

• âmbito da gestão de política, coordenação das unidades,


planejamento, supervisão, implementação, avaliação, capacitação de
recursos humanos, elaboração de referenciais teórico‑metodológicos,
diagnósticos situacionais, assessoramento na elaboração de
programas e projetos institucionais, participação em projetos de
educação continuada, desenvolvimento de projetos de captação de
recursos, participação no processo de avaliação das MSE no estado;

• estudos e pesquisas institucionais, Plano Individual de Atendimento (PIA);

• avaliação de voluntários/as;

• supervisão de estágio.

e) Recursos humanos

• atendimento social ao/à servidor/a (CFESS, 2014a, p. 79).

E, também em tal caso, vemos o quão ampla é a ação do assistente social. Já no espaço da segurança
pública, temos poucos profissionais. O CFESS (2014) indica que conseguiu identificar três profissionais
no Ceará vinculados à Polícia Federal, onze profissionais vinculados no Maranhão à delegacia de polícia
e um profissional, no Rio Grande do Sul que atuava na Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e
ao Adolescente. É possível que na época da pesquisa do CFESS (2014), houvesse outros profissionais
espalhados pelo país, porém, somente esses Estados responderam à pesquisa do Conselho. Em tais espaços,
a prática dos assistentes sociais esteve orientada para atender os trabalhadores, como no caso da Polícia
Federal e da Delegacia de Polícia e para atendimento aos usuários, como no caso da Delegacia de
Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

O CFESS (2014, p. 81) ainda indica a atuação dos profissionais em políticas públicas de segurança,
que são aquelas constituídas para atender um grupo específico, a saber:

[...] Programa de Proteção e Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas


(Provita), ao Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados
de Morte (PPCAAM) e ao Programa de Proteção a Defensores de Direitos
Humanos Ameaçados de Morte (PPDDHAM).
162
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Para tanto, não há dados sobre a atuação, pois, segundo o referido documento, as intervenções
dos profissionais nesses programas acontecem sob sigilo. Da mesma maneira, observamos que
os serviços desenvolvidos pelos assistentes sociais em Acolhimento Institucional também não
participaram da pesquisa. Isso porque, de acordo com o CFESS (2014a), não houve retorno de dados
para sistematizar a prática dos assistentes sociais nesse equipamento. No entanto, os acolhimentos
são instituições ligadas ao sistema sociojurídico, uma vez que viabilizam, após situação processual,
o acolhimento de grupos vítimas de violência. É obrigatório segundo a Tipificação Nacional de
Serviços Socioassistenciais, que o assistente social integre a equipe dessas instituições, porém é
difícil mapear seu exercício em todo o país.

E, por fim, chegamos ao exercício profissional desenvolvido nas Forças Armadas e nas Corporações
Militares. O CFESS (2014a) destaca que como Corporações Militares estão se referindo à Polícia e ao
Corpo de Bombeiros. Esses profissionais desenvolvem uma ação diversificada e de acordo com a natureza
das instituições. Assim sendo, nas Forças Armadas, é comum que os assistentes sociais:

[...] atuem, de modo geral, nos serviços de saúde das corporações ou,
ainda, diretamente nas áreas de recursos humanos das instituições. A
atuação nos hospitais está voltada para o acompanhamento de pacientes
militares e familiares destes, a mediação de conflitos e programas de
prevenção à dependência química. Já na área de recursos humanos,
está voltada para a administração e concessão de benefícios, orientação
de militares ativos/as ou inativos/as, atendimento e orientação a
pensionistas (CFESS, 2014a, p. 102)

Consequentemente, o profissional está vinculado aos trabalhadores das forças armadas com uma
prática mais próxima da área de recursos humanos. A prática na Polícia Militar também é orientada à
área de Recursos Humanos e à atenção de necessidades médicas dos policiais e suas famílias. O mesmo
se aplica à ação no corpo de bombeiros, ou seja, prática também orientada à área de recursos humanos.

Portanto, há um rol extremamente amplo e diversificado do que se nomeia área sociojurídica e na


qual o assistente social pode e deve atuar. Na sequência, passamos a discussão da relação firmada entre
Serviço Social e ação familiar.

8.3 O assistente social e a ação na família

Chegamos agora a um dos pontos-chave de nossos estudos, trata‑se da questão da intervenção


familiar. Diferentemente do que estudamos até esse momento, não temos uma política social destinada
à família, tal como há uma relacionada à saúde mental, à educação etc. O que vemos, no entanto
são ações desenvolvidas pelas políticas sociais nas famílias. E, grande parte do nosso trabalho como
assistentes sociais acontece nas políticas sociais nas famílias, o que pretendemos aqui é apresentar
parâmetros para realizá‑los. Não há, no entanto, um rol de técnicas e instrumentos, uma receita de bolo,
apenas orientações genéricas que poderão ser usadas em qualquer serviço ou política social, sendo que
a atuação familiar sempre será necessária.

163
Unidade III

Na verdade, a ação do Serviço Social nas famílias é algo que está presente na categoria desde
o surgimento dos primeiros profissionais no Brasil. No entanto, no contexto do surgimento da
profissão, a prática dos assistentes sociais, sob forte influência da Igreja Católica, era orientada
para a ação na família operária. Nesse momento, o objeto de ação dos profissionais era a mudança
da família operária e seu ajustamento a padrões tidos como normais e aceitos socialmente.
Nesse período, os profissionais recorriam ao método do Serviço Social de Casos. Isso porque o
seu pressuposto era que o profissional deveria analisar indivíduos e famílias e buscar intervir sob
situações consideradas problemas de indivíduos e famílias. Aqueles identificados pelo profissional
deveriam ser objeto de intervenção. Os profissionais não compreendiam que os problemas das
famílias eram resultado de problemas individuais e não decorriam de problemas do capitalismo.
Nessa época, as famílias eram responsabilizadas pelos profissionais pela situação de dificuldade em
que viviam (MIOTO, 2010).

Esse formato de compreender a intervenção nas famílias mostrou‑se comum, uma vez que o
objetivo do Estado era exercer o controle sobre elas. Os assistentes sociais, nesse período, recorriam
também a conceitos relacionados à subjetividade. Utilizando o saber produzido pelas ações
empreendidas na área da saúde, vemos que o Serviço Social passou a atuar como uma espécie
de terapeuta, buscando inculcar hábitos e comportamentos nas famílias atendidas. Infelizmente,
conforme Dal Prá (2016) nos coloca, durante os anos 1940, 1950 e 1960, as intervenções
desenvolvidas pelo Serviço Social nas famílias ainda estavam orientadas à busca pela normatização,
ou seja, havia grande tentativa dos profissionais de adequarem às famílias em comportamentos
considerados e idealizados pela sociedade burguesa. A ação assentada da terapia sistêmica e que
compreende a família como o único responsável por atender as suas necessidades emerge a partir
dos anos 1970 e causa grande impacto nos assistentes sociais, que passam a intervir nas famílias
buscando encontrar fissuras em sua conduta. Nesse sentido, a família passa a ser julgada como a
responsável pela dificuldade financeira que vivencia.

Mioto (2010) e Dal Prá (2016) colocam que somente em meados dos anos 1980 é que
os profissionais passaram a realizar uma crítica a esse formato de atuação. Apesar de muitos
profissionais no período ainda desenvolver uma prática terapêutica nas famílias, vemos que o
aporte ao marxismo começou a mudar a forma dos profissionais perceberem a realidade. Nesse
sentido, o marxismo fez com que os assistentes sociais pudessem compreender que os problemas
vivenciados pelas famílias decorrem do desenvolvimento capitalista, e não de problemas individuais
e familiares. Assim, as intervenções profissionais passam a ser voltadas para a transformação da
sociedade e para a efetivação dos direitos e não mais para a orientação de condutas e posturas de
pessoas e famílias. É o fenômeno descrito por Dal Prá (2016) como o momento de centralidade da
crítica profissional, posto que essa nova forma de pensar mudou a forma do assistente social com a
intervenção familiar. Apesar de aos poucos as práticas assentadas na ação terapêutica perderem o
sentido ao assistente social, nos anos 1980 e 1990, quase não se ouviu mais falar em família. Apesar
de a prática ser comum aos profissionais, não teremos a fundamentação das práticas profissionais
dos assistentes sociais. Somente no ano 2000 é que a questão familiar voltou a ser enfatizada
dentro do Serviço Social. Nesse período, a família passou a ser enfatizada pelas próprias políticas
sociais, demandando assim a ação do assistente social.

164
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Tal como dissemos anteriormente, hoje em dia, não há receitas de bolo sistematizadas para orientar a
ação familiar. Entretanto, há princípios que devem nortear a nossa intervenção, que seja perante famílias
na educação, famílias no Caps ou em qualquer outra área de ação. Primeiro, precisamos pensar a família
como um fenômeno histórico e cultural. Significa dizer que não temos um conceito pronto e acabado de
família, mas sim que ela está em constante devir. Assim, a família “É construída e reconstruída histórica
e cotidianamente, através de relações e negociações que estabelece entre seus membros” (MIOTO, 2010,
p. 167). Portanto, a família composta por meio da relação heterossexual, cada vez mais tem mudado e
hoje temos que considerar e respeitar os novos arranjos familiares.

Outro aspecto basal na intervenção do assistente social é compreender que a família não pode ser
responsabilizada pela situação de vulnerabilidade que vivencia. Precisamos, como assistentes sociais,
considerar a realidade social e econômica do nosso país e sua influência em dinâmica familiar. Isso corresponde
a práticas assentadas na emancipação das famílias e não em seu julgamento e responsabilização. Trabalhar
com famílias pressupõe entender que todas as demandas por elas apresentadas constituem necessidades,
geradas pelo desenvolvimento do capitalismo. Nessa área precisaremos contemplar dadas demandas ou
necessidades das famílias, porém, é sempre necessário ter em mente que nosso objetivo não se esgota na
concessão e devemos nos comprometer com a transformação social dos grupos que atendemos.

Mioto (2010) nos coloca que compreendendo que a família não deve seguir um modelo de
organização e que as demandas das famílias têm relação com o desenvolvimento capitalista, precisamos
ainda considerar que a intervenção do assistente social nas famílias estará inscrita em três processos,
sendo esses: político‑organizativo, planejamento e gestão e socioassistenciais. O político‑organizativo
corresponde a compreender a relação firmada entre famílias e proteção social, visando a organização
política das famílias na atenção de seus direitos. O planejamento e gestão corresponde à necessidade de
organização de serviços para atender as demandas das famílias, e o socioassistencial refere‑se às ações
desenvolvidas diretamente com as famílias, porém, essas ações, mesmo que ancoradas na concessão,
devem buscar fortalecer a autonomia dos atendidos.

Ainda no aspecto da questão da ação na família, há princípios e valores que devem ser observados
pelos assistentes sociais, dentre os quais podemos citar:

• Reconhecer a família como instância importante na provisão de


bem‑estar e que ela, enquanto lugar de convivência e de afetos, é
transpassada pela questão social;

• Considerar que o conhecimento das famílias é condição para projetar


e definir ações profissionais;

• Romper com a tradição disciplinar e higienista do trabalho social com


famílias;

• Romper com a sobrecarga feminina no campo da reprodução social,


condição essa replicada pela política social e pelo trabalho social
com famílias;
165
Unidade III

• Propor mudanças nos diferentes planos das relações familiares, ou


seja, para além do trabalho referente à singularidade das famílias,
prioriza‑se o trabalho no campo da avaliação e articulação das
políticas sociais e dos serviços sociais disponíveis ou que necessitam
estar disponíveis para atender com qualidade as necessidades das
famílias (DAL PRÁ, 2016, p. 8).

Consequentemente, desenvolver práticas perante as famílias pressupõe entendê‑las como instâncias


importante na sociedade, porém, perpassada pela questão social. Como tal, é necessário considerar
que as famílias que atendemos possuem uma história, uma realidade, uma cultura e, por conseguinte,
devemos excluir de nossas ações condutas que buscam normatizar a forma com que vivem as famílias
com as quais atuamos. Por outro lado, precisamos considerar que grande parte delas atualmente é
chefiada por mulheres, causando uma sobrecarga para o gênero feminino. Cabe ao profissional
fortalecer mecanismos que possam minimizar essa carga atribuída à mulher e desenvolver uma prática
interdisciplinar e intersetorial.

Como metodologias, Mioto (2010) indica que precisamos recorrer a nossa fundamentação
teórico‑metodológica e desenvolver uma conduta assentada em valores ético‑políticos que
embalam a nossa categoria. No âmbito da metodologia, a autora ainda destaca como importante
aos assistentes sociais:

a) seu teste operativo, configurado na capacidade traduzir em atos e


posturas os conceitos e objetivos que postula.

b) sua resposta definida, adaptada ao tempo e ao espaço em que se


desenvolve, condicionantes de sua configuração.

c) sua precisão quanto aqueles que busca atingir e à participação deles no


desenvolvimento do caminho metodológico.

d) sua previsão de recursos de todas as ordens, existentes e disponíveis em


determinados prazos; incluem‑se aí as pessoas que desenvolvem ações
pautadas numa metodologia.

e) seu sistema de controle das informações, monitoramento e avaliação.


(CAMPOS, 2008, p. 117 apud MIOTO, 2010, p. 175).

Portanto, precisamos ter uma ação que seja condizente com os valores de nossa profissão.
Todavia, precisa-se ainda considerar o que buscamos alcançar, quais são as finalidades da ação,
quais são os prazos, recursos e como iremos avaliá‑la. Porém, isso está presente em qualquer
intervenção profissional do assistente social. E precisamos, mais do que nunca, reforçar princípios
e valores de nossa profissão.

166
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Saiba mais

Que tal refletir um pouco mais sobre a relação firmada entre


Serviço Social e família? Recomendamos o texto a seguir em que
a autora nos apresenta reflexões importantes sobre nossa conduta
como assistentes sociais:

GUEIROS, D. A. Família e trabalho social: intervenções no âmbito do


Serviço Social. Katálysis, Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 126‑132, jan./jun. 2010.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rk/v13n1/15.pdf>. Acesso em: 11
de mar. 2019.

8.4 As perspectivas analíticas e teórico metodológicas da política social

Quando nos referimos às teorias analíticas e teórico‑metodológicas das políticas sociais, fazemos
acepção às formas distintas de compreensão sobre elas. De certa forma, também trataremos sobre
como compreender os problemas sociais e como intervir neles. Por oportuno, conhecer as distintas
perspectivas analíticas das políticas sociais nos reporta a ainda entender e conhecer como as ações em
políticas sociais são desenvolvidas nos mais variados contextos.

Consequentemente, estudaremos algumas compreensões, dentre as quais, indicaremos o


funcionalismo, o idealismo e o marxismo. Isso nos permitirá compreender como tais correntes filosóficas
entendem a política social, tendo em vista que são apreensões totalmente distintas sobre tais fenômenos.
Vamos a nossos estudos.

8.4.1 Funcionalismo, idealismo e marxismo: diversidade na forma de compreensão


sobre a política social

Optamos por discutir as correntes teóricas mencionadas por serem essas, de acordo com Behring
e Boschetti (2010), as mais relevantes dentro do pensamento social contemporâneo em discutir
a política social. Essas perspectivas, presentes no discurso dos profissionais, do Estado e em nosso
cotidiano, deflagram formas de se entender a política social brasileira. Partiremos do estudo da corrente
funcionalista. O funcionalismo é um tema que com certeza já foi estudado por todos, assim como as
demais correntes, mas, mesmo assim, temos a necessidade de retomar tais conceitos para, em seguida,
discutir sobre a compreensão de tal corrente acerca das políticas sociais.

O funcionalismo é uma corrente teórica que teve uma série de autores a ela vinculados. O mais
notável dentre esses teóricos, considerado o idealizador do funcionalismo, foi Émile Durkheim. Possuidor
de muitos escritos, tem como o mais célebre Regras do Método Sociológico, publicado em 1895, e
conhecido como a expressão mais latente do autor em relação ao funcionalismo. Rendeu a Durkheim o
título de “pai da sociologia” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 27).

167
Unidade III

Segundo a concepção desse autor, para que seja possível conhecer uma realidade, é fundamental
que, no processo de conhecimento, o objeto a ser conhecido se sobreponha ao sujeito que busca
conhecê‑lo. Isso significa que, nesse processo de conhecimento, o objeto é mais importante do que o
sujeito que pretende conhecê‑lo (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2010). Assim, em Durkheim, no processo
de conhecimento, o objeto é mais importante do que o sujeito.

Com relação ao sujeito Durkheim, assevera-se que ele deve colocar‑se frente ao seu objeto
de pesquisa em uma perspectiva de exterioridade, ou melhor dizendo, precisa observar o objeto de
uma maneira distante dele. No caso, o objeto não deve influenciar o pesquisador, que também deve
apresentar‑se despido de todos os seus pré‑conceitos para que a pesquisa não receba suas influências.
Deve‑se então “suspender todas as suas pré‑noções” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 27) e ir ao processo
de conhecimento despido de convicções. Portanto, no processo de conhecimento, a relação entre sujeito
e objeto deve acontecer sem influência de conceitos que o sujeito possua.

Esse processo de conhecimento, por sua vez, deveria acontecer de uma forma sistemática e
organizada. Aliás, para Durkheim, o conhecimento não poderia basear‑se apenas no senso comum,
sendo essa forma considerada pelo autor como vulgar, algo que não inspirava confiança e não deveria
servir de respaldo para as pessoas. Ainda, para ele, era necessário dar visibilidade ao conhecimento
racional, defendendo, assim, o primado da razão na produção de conhecimento.

Behring e Boschetti (2010) afirmam que Durkheim até chegou a propor a utilização de um método de
conhecimento, sendo que, para o autor, esse método deveria ser desenvolvido por meio da observação e
também da experimentação. Tal método teria sido elaborado por Durkheim com base no empirismo de
Bacon e no positivismo de Comte.

Observação

O termo empirismo faz menção à experiência sensível. Esse conceito,


aplicado à noção de conhecimento, corresponde a compreender que o
conhecimento do ser humano só acontece por meio da experiência sensível.

Ainda recorrendo ao que se afirma em relação ao método de conhecimento, Durkheim (apud


BEHRING; BOSCHETTI, 2010) acredita que a produção de conhecimento demanda a organização prévia
de provas, sobretudo o que for afirmado nesse processo. Desse modo, essas provas devem ser organizadas
para que seja possível verificar‑se da veracidade do que fora produzido. De acordo com esse método,
seria necessário checar e comprovar o conhecimento produzido.

A seguir, observe a figura que representa o método de conhecimento, de acordo com Durkheim, ou
melhor dizendo, de acordo com o funcionalismo.

168
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Método do
conhecimento
em Marx

Objeto se
sobrepõe ao
sujeito

Experimentação,
Sujeito sem observação e
pré-conceitos comprovação

Figura 21 – Método do conhecimento proposto por Durkheim

Durkheim apud Behring e Boschetti (2010) também afirmava que esse método deveria ser igualmente
aplicado ao conhecimento dos fatos sociais que, para o autor, seriam uma forma de coação que induziria
os indivíduos a adotarem determinadas posturas. Segundo o mesmo autor, a partir do momento em que
os fatos sociais perdem a conotação de coação, se transmutam em hábitos.

Para Durkheim, os fatos sociais possuem uma natureza exterior em relação aos indivíduos. Essa
natureza provém de uma suposta coletividade que é inerente aos fatos sociais, que, por sua vez, vêm da
sociedade como um todo e não do indivíduo especificamente. Sendo assim, é importante conhecer os
fatos sociais de uma forma profunda (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

Essa análise dos fatos sociais remetia ainda a um estudo das instituições sociais, sobretudo à gênese
de tais instituições e dos mesmos fatos sociais. Sobre esses dados, para Durkheim, era necessário
compreender o que influenciaria a ocorrência de fatos normais e de fatos patológicos. Os fatos normais,
segundo o autor, seriam aqueles que estivessem adequados ao padrão imposto pela sociedade, ao passo
que os fatos anormais poderiam ser considerados como tudo aquilo que fugisse às regras estabelecidas,
ao que era delimitado como padrão para uma determinada sociedade (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

Behring e Boschetti (2010) nos dizem ainda que, segundo Durkheim, as pesquisas e o conhecimento
dos fatos sociais também poderiam auxiliar para a definição do que pode ser compreendido como
normal, como padrão, e o que deveria ser entendido como anormal, diferente e, inclusive, o que teria de
ser entendido como um fato social patológico.

Para analisar os fatos sociais, Durkheim elaborou um método denominado “método de variações
concomitantes”, derivando do método para a produção de conhecimento elaborado pelo autor e
apresentado previamente (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 31). Esse método deveria, nos termos do
autor, observar os fatos sociais coletando nesse processo de observação o maior número de provas
que fosse possível.
169
Unidade III

Para o autor, tendo coletado as provas sobre os fatos sociais, era necessário ainda considerar a
concomitância das provas, ou seja, a sobreposição das provas obtidas. E deveria ainda ser considerada
a variação das provas obtidas. Dessa forma, seria possível aproximar‑se da realidade vivenciada pelos
fatos sociais.

Todavia, para que essa aproximação em relação aos fatos sociais se operacionalizasse, era importante
que o pesquisador rompesse com o individualismo e, sobretudo, que buscasse romper também com
algumas doutrinas como o individualismo e também o comunismo (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

Pois ele defende que é a partir da noção de desigualdade social que podemos compreender a função
da política social. Assim, para o autor, a desigualdade social era entendida como sendo algo inerente à
sociedade, algo que deve ser tido como natural dentro de uma organização social. Além da noção de
naturalidade para o sociólogo em questão, a desigualdade social era algo que deveria ser considerada
“imutável” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 31), ou seja, não deveria ser empreendido qualquer esforço
em prol da alteração da realidade que se apresentava. Aliás, as pessoas que não concordassem com a
norma social eram compreendidas como anormais, como problemas sociais.

Saiba mais

A fim de analisar mais profundamente tal realidade, veja o filme:

LARANJA mecânica. Dir. Stanley Kubrick, 1971. 136 minutos.

Nesse filme, se demonstra uma série de intervenções para “corrigir”


uma patologia social.

No entanto, as desigualdades sociais poderiam ser controladas de forma a evitar confrontos sociais.
Para que fosse possível exercer o controle sobre os fatos sociais, seriam necessárias corporações ou
instituições que se encarregariam de operacionalizar a coesão social, mesmo com as gritantes diferenças
sociais. Sob esse aspecto, segundo Behring e Boschetti (2010), as políticas sociais se enquadrariam como
uma alternativa de manter a coesão social, a paz social, digamos assim.

Logo, as políticas sociais seriam necessárias apenas como uma forma de controle para minimizar
as possibilidades de manifestação contrárias à ordem social estabelecida. Apesar das políticas sociais,
especificamente, não terem sido discutidas por Durkheim, tais conclusões são possíveis partindo‑se de
uma análise da obra do referido autor.

Antes de iniciarmos nossas considerações sobre o idealismo, observe o texto seguinte, que faz uma
reflexão sobre as concepções de Durkheim.

170
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Os recursos de que necessitamos

Começo por situar as políticas de formação de recursos humanos, na perspectiva do “ser


social universal”, inserida na corrente filosófica educacional da cultura humanista, “de que o
sociólogo Emile Durkheim foi um digno representante” e onde reside um amplo e harmônico
sentido de educação multifacetada. Analiso também, sob a perspectiva neoliberal de uma
hipotética corrente do “ser econômico global”, para enquadrá‑la nas reflexões de natureza
econômica relacionada com a chamada “teologia do mercado”, onde se consubstancia um
sentido restrito de educação, voltado, quase exclusivamente, para o consumismo e para a
“descerebração” das atuais e futuras gerações [...].

Adaptado de: Zau (2012).

Exemplo de aplicação

A matéria anterior demonstra a aceitação dos ideais de Durkheim. Diante disso, considerando a
proposta do autor sobre os fenômenos sociais, reflita sobre o seguinte quesito: é possível compreender
a desigualdade social como algo natural?

Agora, passaremos a discutir o idealismo. Ele foi também uma importante corrente teórica e filosófica
que trouxe influências para o pensamento social e a forma de compreender a política social. Vinculados
a essa corrente teórica, teremos pensadores como Kant, Hegel e Max Weber, sendo esse último um dos
mais relevantes no sentido de influenciar o pensamento social no que diz respeito às políticas sociais.

Entretanto, iniciaremos com Kant. Immanuel Kant nasceu em 1804, na cidade de Königsberg, na
Prússia. Ele ficou conhecido como o principal filósofo da corrente idealista, tendo em vista que foi esse
pensador que refletiu inicialmente sobre conceitos sobre os quais passaremos a discorrer.

Figura 22 – Immanuel Kant

171
Unidade III

De uma forma genérica, podemos dizer que, para a corrente idealista, durante o processo de
conhecimento, o sujeito deve sobrepor‑se ao objeto que pretende conhecer. Assim, podemos compreender
que para essa perspectiva de conhecimento, o indivíduo precisa assumir uma perspectiva de destaque,
em vez do objeto. Também podemos concluir que se trata de uma perspectiva diferenciada da que fora
apresentada antes, ou melhor dizendo, aquela defendida por Kant, difere‑se da proposta por Durkheim.

Sendo assim, a realidade observada não provém de condições reais e concretas, mas, sim,
apresenta‑se como sendo o resultado do pensamento dos seres humanos. Desse modo, não
há influência das condições e determinações reais e objetivas na definição da realidade, mas do
pensamento dos seres humanos. Ou seja, há um primado da consciência no processo de definição
da realidade, do que é real e também durante a aproximação entre sujeito que pesquisa e objeto de
conhecimento (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

O conhecimento, por sua vez, é compreendido como algo que precisa ser racional. Razão, por sua
vez, é intelecção, é entendimento, compreensão. O processo de conhecimento é essencialmente um
processo intelectivo, que demanda a utilização das capacidades intelectivas do ser humano.

O processo de conhecimento da realidade acontece por meio desse processo intelectivo do ser
humano, porém, para Kant, só é possível conhecer a realidade por meio de suas manifestações, de suas
expressões. Para ele, é impossível o conhecimento da essência do ser humano, esse descrito como ser
social. Em Kant, vemos que se torna impossível conhecer plenamente a essência do ser social.

Como é impossível apreender o ser humano em sua totalidade, o conhecimento torna‑se, segundo essa
perspectiva, relativo, pois depende de que nível será possível aproximar‑se do sujeito, do ser social. Assim:

Como não se pode conhecer a coisa em si, o conhecimento sempre é relativo


e produto racional do sujeito que conhece, quando este submete sensações
e experiências aos esquemas e regras apriorísticas do pensamento à razão
teórica (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 32).

Observação

É necessário recordar que Hegel, mesmo derivando de Kant, entendia


que o ser humano podia, sim, ser compreendido em sua totalidade. Segundo
Hegel, era possível apreender o ser humano de uma forma completa.

Para Kant, era então necessária a compreensão dos fenômenos da realidade e, assim, seria possível
uma aproximação à realidade da experiência humana. Desse modo, no processo de conhecimento, seria
preciso “[...] compreender o sentido dos processos vivos da experiência humana” (BEHRING; BOSCHETTI,
2010, p. 33).

Vejamos a seguir uma figura com a representação dos conteúdos tratados por Kant.

172
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Impossibilidade de
conhecer o ser social
Sujeito se sobrepõe
ao objeto
Conhecimento é
Método de variável
conhecimento

É necessário
Realidade resulta apreender a
do pensamento realidade

Figura 23 – Método de conhecimento em Kant

Derivando dessas concepções de Kant, tivemos outros teóricos vinculados à corrente idealista, dentre
os quais, podemos citar Dilthey, Rickert, Hegel e Max Weber. Dentre esses filósofos, mencionamos Hegel
anteriormente e agora estudaremos um pouco algumas das considerações de Weber, que orientou as
discussões sobre os fenômenos sociais, permitindo, assim, uma compreensão sobre a política social.

As teorias de Weber derivam das concepções de Kant, porém, sua obra apresenta algumas variações
em relação ao pensamento kantiano. Para Weber, durante o processo de conhecimento, é necessário que
se compreendam as intencionalidades e ações dos sujeitos como algo que se sobrepõe às condições reais
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

Portanto, o pensamento de Weber deriva do de Kant por destacar que no processo de conhecimento
precisamos compreender que todos os atos dos sujeitos definem a realidade e não o oposto, ou seja,
não é a realidade concreta que determina os atos que serão adotados pelos sujeitos, mas, sim, o inverso.

Weber nos diz que todo o conhecimento obtido deve submeter‑se à comprovação, à prova e à
validação objetiva. Ele compreende que para o conhecimento ser tido de fato como real, precisa ser
checado, comprovado. E faz‑se necessário ainda que esse conhecimento a ser produzido siga a ótica da
neutralidade científica, ou seja, não são permitidas interferências no processo de conhecimento.

Dessa premissa decorre o imperativo categórico da separação rigorosa entre


fatos e valores, presente também em Weber, que afirmava que a interferência
dos valores impede a compreensão integral dos fatos e que os dados não podem
ser pedestais para os julgamentos de valor (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 34).

Não podendo, assim, haver a interferência do pesquisador no processo de conhecimento, de acordo


com o pensamento weberiano.

A análise de Weber ainda destaca uma série de considerações sobre os fenômenos sociais. Segundo
o autor, todos os fenômenos sociais são históricos e também estão relacionados à vida cultural de uma
dada sociedade. A vida cultural, por sua vez, só existe porque provém de um ponto de vista, de algo que
é idealizado pela sociedade.

173
Unidade III

Sob a premissa de que o idealizado é mais relevante, Weber se coloca contrário à concepção marxista
de que o fator econômico é que determina a realidade, inclusive que determina o ser social. Para Weber,
o que determina a realidade, inclusive econômica, é o pensamento do ser humano, e não o inverso
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

No âmbito da política, segundo Behring e Boschetti, (2010) Weber postula que haveria a necessidade
de um Estado forte para que, por meio de sua autoridade, pudesse gerir a vida em sociedade. O Estado
estaria apoiado em uma autoridade e exerceria suas ações com base em critérios de justiça e com base
em um corpo administrativo eficaz.

Lembrete

Para Kant, é impossível o conhecimento da essência do ser humano,


esse descrito como ser social.

A política social, dentro desse aspecto, seria um dos mecanismos para que o Estado pudesse exercer
suas funções. Seria um mecanismo burocrático, porém, permitido ao Estado, para a administração da
sociedade. “A política social seria um mecanismo institucional típico da racionalidade legal contemporânea”
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 36), ou seja, seria um mecanismo de manter a autoridade estatal.

Essas seriam as principais ideias, de uma forma bem resumida, que orientavam a compreensão
denominada idealismo e que trouxeram e trazem influências à organização das políticas sociais.
Na sequência, passaremos a tratar da concepção posta pelo marxismo, em relação a determinados
fenômenos sociais e também no que tange à questão da política social.

Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre os autores aqui tratados e que
discorrem sobre o idealismo, recomendamos o acesso aos sites:
SOUZA, J. A atualidade de Max Weber no Brasil. Cult, [s. d.]. Disponível
em: <https://revistacult.uol.com.br/home/a‑atualidade‑de‑max‑weber‑no
‑brasil/>. Acesso em: 11 mar. 2019.
No site supra, vemos uma série de dados que nos permitem compreender
acerca da produção teoria de Max Weber e de sua vivência acadêmica.
A seguir constam informações sobre a vida acadêmica e os principais
conceitos de Kant.
FRAZÃO, D. Immanuel Kant – Filósofo alemão. Ebiografia, [s. d.].
Disponível em: <https://www.ebiografia.com/immanuel_kant/>. Acesso
em: 11 mar. 2019.

174
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Assim sendo, de acordo com Behring e Boschetti (2010), o marxismo apresenta uma análise
totalmente diferenciada das postas pelo funcionalismo e pelo idealismo. Para compreender
minimamente essa análise, precisamos entender sobre quais bases é compreendida a realidade sob
o embasamento marxista. Ou, melhor dizendo, como o conhecimento da realidade se operacionaliza
sob o embasamento marxista.

No caso é importante situar que o marxismo tanto pode ser compreendido como uma doutrina
filosófica, quanto como uma doutrina econômica. Isso porque Marx compreendeu o funcionamento da
sociedade sob a análise do desenvolvimento do capitalismo, ou seja, com forte apelo à compreensão do
desenvolvimento econômico da sociedade, especificamente da sociedade capitalista.

Saiba mais

Para um conhecimento sobre a teoria marxista, recomendamos o filme:

CAPITALISMO: uma história de amor. Dir. Michael Moore, 2009. 127 minutos.

Sob essa questão, nos dizem Behring e Boschetti (2010) que, de acordo com a perspectiva marxista,
para a compreensão da realidade, há necessidade de uma relação de conhecimento embasada por uma
perspectiva relacional a ser estabelecida entre o sujeito e o objeto. Assim, essa perspectiva não evoca
a prevalência do sujeito sobre o objeto ou vice‑versa como nas perspectivas indicadas anteriormente.
Antes, apregoa a produção do conhecimento que rompa com essa prevalência.

E essa relação estabelecida entre o sujeito e o objeto acontece em um determinado momento ou


período histórico. Assim, tanto sujeito quanto objeto precisam ser considerados como integrantes e,
portanto, influenciados pelo processo de desenvolvimento histórico.

A perspectiva marxista ainda compreende que no processo de conhecimento da realidade o pesquisador,


o sujeito que se aproxima da realidade, é um sujeito ativo, e não passivo e alheio. Nesse sentido, segundo
essa visão, tanto o sujeito é alterado pela pesquisa quanto o objeto também é alterado por ele. Segundo
tal perspectiva, não há “neutralidade” na produção de conhecimento (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 39).

De acordo com a perspectiva marxista, para apreensão da realidade, precisamos analisar os fenômenos
sociais, sendo que a verdade de tais fatos encontra‑se oculta, ou seja, não há verdades imediatas e
aparentes. Para a compreensão de tal realidade, dos fenômenos que estão ocultos, é necessário que
se compreenda a realidade como sendo síntese de múltiplas causalidades, ou seja, resultado do
relacionamento estabelecido entre diversos fatores.

Assim, a compreensão da realidade demanda essencialmente uma compreensão da totalidade. A


realidade é, em tese, resultado da totalidade de fenômenos e, portanto, não pode ser compreendida sob
uma ótica segmentada, setorizada. “Totalidade significa: realidade como um todo estruturado, dialético,
no qual ou do qual um fato qualquer (classes de fatos, conjunto de fatos) pode vir a ser racionalmente
compreendido” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 41).

175
Unidade III

E a totalidade aqui demanda também ser entendida como concreta, ou seja, refere‑se a uma realidade
dada e não está apenas no plano das ideias, do imaginário. Logo, a realidade concreta determinaria
o pensamento, as ideias, e não o contrário, conforme o defendido pela corrente idealista, à qual o
marxismo se contrapõe.

Além disso, a realidade seria composta de forma dialética, ou seja, estaria em constante construção,
em constante devir. Assim sendo, a realidade nunca estará pronta e acabada e, para apreendê‑la em sua
totalidade, faz‑se necessário um método que também seja dialético, que também permita a realização
de sucessivas aproximações, de construção continuada do conhecimento (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).

O método de conhecimento para a perspectiva marxista deve ser composto de alguns elementos. Dentre
aqueles citados por Behring e Boschetti (2010), podemos apontar: a destruição da pseudoconcreticidade,
o caráter histórico e o significado do fenômeno e de sua função.

Vejamos o que precisamos entender: a pseudoconcreticidade é uma falsa realidade, ou seja, uma
realidade por nós percebida, mas que não corresponde à realidade em tese. É uma realidade fetichizada
e não conhecida objetivamente. Portanto, essa falsa concreticidade precisa ser rechaçada, destruída, para
que a realidade, de fato, seja conhecida. O método de conhecimento, de base marxista, precisa considerar
esse elemento para que possa conhecer de fato a realidade.

Além do fim da pseudoconcreticidade, o método de conhecimento, de base marxista, precisa considerar


a realidade como possuidora de caráter histórico, portanto, condicionada ao que é experimentado pelo
gênero humano no decurso de seu desenvolvimento. E disso decorre o terceiro elemento, ao qual faz
menção, conforme citamos: a compreensão do significado do fenômeno e de sua função. De sorte que,
todos os fenômenos possuem um significado, além do aparente, do imediato e possuem também uma
finalidade, uma função social.

Vejamos a seguir a figura que retrata o método de conhecimento, de acordo com a perspectiva marxista.

Múltipla
causalidade

Método dialético

Totalidade
Método de
conhecimento

Realidade oculta Concreticidade

Figura 24 – Método de conhecimento no marxismo

Para a compreensão da realidade, com base no conhecimento marxista, faz‑se necessário que o
sujeito que conhece possa ir do conhecimento abstrato ao conhecimento concreto, real, ou seja, “[...]
elevar‑se do abstrato ao concreto” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 41).
176
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

O que Behring e Boschetti (2010) fazem é aplicar os conhecimentos trazidos pelo método marxista
à análise das políticas sociais. Nesse sentido, demonstram as incoerências que há em pensamentos
supostamente de base marxista, bem como indicam algumas pistas para se repensar a produção de
conhecimento sobre as políticas sociais de referência marxista.

Segundo Behring e Boschetti (2010), para a compreensão da política social, devemos evitar as
análises unilaterais, ou seja, análises em que as políticas sociais são compreendidas sob apenas
um prisma. No caso, as autoras exemplificam descrevendo teorias em que as políticas sociais são
entendidas apenas como mecanismos do Estado para garantir hegemonia, ou, então, apenas em
decorrência da luta de classes, em virtude da pressão exercida pela classe trabalhadora frente às
crises capitalistas.

As autoras ainda destacam que são também exemplos de análises unilaterais aquelas que
compreendem as políticas sociais como mecanismos que são funcionais à acumulação capitalista, ou
melhor dizendo, aquelas que compreendem as políticas sociais apenas como responsáveis para garantir
a reprodução econômica e política da classe trabalhadora. No caso, a política social ora é compreendida
como uma alternativa para reduzir os custos da reprodução da força de trabalho e também como um
mecanismo para manter o nível de consumo, ora é compreendida apenas como um aparato ideológico
usado de forma a cooptar a população e legitimar a ordem capitalista vigente.

Segundo afirmam as mesmas teóricas, essas análises não estão incorretas, mas, como são unilaterais,
conseguem perceber apenas um dos aspectos que condicionam a constituição e consolidação das
políticas sociais na sociedade burguesa. As autoras conseguem ir além dessa análise unilateral e, dessa
forma, apreender outras peculiaridades da constituição e da consolidação das políticas sociais em nossa
sociedade, tais como as que passaremos a descrever.

A primeira consideração feita por Behring e Boschetti (2010) é que para a concepção apoiada no
marxismo, a política social pode ser compreendida como uma forma de legitimação do Estado, de
legitimação do capital e é também uma alternativa de reprodução material e ideológica dos seres humanos.
Todavia, a política social precisa ainda ser compreendida como um ganho, como uma conquista, sobretudo
para os segmentos mais empobrecidos e que são, via de regra, beneficiados por esses serviços.

As autoras ainda afirmam que a análise em política social, por esse motivo, não pode ser
realizada de forma desprendida da sociedade burguesa, ou seja, toda a compreensão relacionada
à política social precisa essencialmente estar vinculada à noção da sociedade burguesa capitalista
em sua fase consolidada.

Para essa apreensão da realidade, é necessário, segundo as autoras, ir além do senso comum, do
conhecimento pautado apenas na observação empírica dos fenômenos sociais. A fim de sobrepujar
o conhecimento do senso comum, ainda seria necessário que a apreensão da realidade se efetivasse
por meio do método dialético‑materialista. Para as autoras:

177
Unidade III

[...] o método dialético materialista que permite compreender e revelar que as


formas reificadas se diluem, perdem sua rigidez e naturalidade para mostrar
como fenômenos complexos, contraditórios e mediados, como produtos da
práxis social da humanidade (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 43).

Observação

A perspectiva marxista compreende que o conhecimento só é possível


se o ser humano recorrer ao método dialético materialista. Esse método
seria basal para analisar a realidade e dela extrair o conhecimento científico.

Essa compreensão pautada no método dialético materialista considera fenômenos como os seguintes:
histórico, econômico e político, sendo eles importantes na definição da realidade e do conhecimento
possuído sobre essa realidade.

Assim, realizando uma análise da política social, considerando o componente histórico, precisamos
compreender que a política social surge e se consolida em decorrência da ampliação das expressões
da questão social. Já a compreensão do aspecto econômico nos remete a pensar a política social,
relacionando‑a às questões estruturais que influenciam o desenvolvimento econômico, sendo que, em
nosso caso, temos de considerar o desenvolvimento da sociedade capitalista.

O aspecto político está relacionado à compreensão das posições políticas que são adotadas pelo
Estado, tendo em vista que as posturas políticas escolhidas tendem a influenciar a constituição das
políticas sociais. Sintetizando tais colocações, as autoras afirmam que o método dialético materialista
reconhece que os fenômenos sociais estão condicionados e “[...] sob a influência da história, economia,
política e cultura” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 43).

E, concluindo as argumentações, Behring e Boschetti (2010) asseguram que todas as análises


realizadas precisam considerar três elementos no que concerne ao conhecimento da política social,
sendo eles: a natureza do capitalismo, devendo‑se compreender o estágio de desenvolvimento
capitalista apresentado e as estratégias de acumulação constituídas; o papel adotado pelo Estado no
sentido de regulamentar as políticas sociais; e o papel das classes sociais no sentido de estimular a
organização das políticas sociais.

Desse modo, trata‑se de uma concepção que vem balizada pela compreensão do desenvolvimento
capitalista, do papel assumido pelo Estado e também sobre o papel das classes sociais no sentido de
estimular a constituição das políticas sociais.

Como podemos visualizar, estudamos até aqui concepções diferenciadas sobre as políticas
sociais, derivadas de argumentos filosóficos. Na sequência, veremos outras concepções, essas com
uma referência mais econômica e que destacam compreensões distintas sobre a constituição das
políticas sociais.

178
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Saiba mais

Recorra ao texto a seguir para obter mais informações sobre os conteúdos


relacionados ao método marxista de produção de conhecimento:

NETTO, J. P. Introdução ao método da teoria social. Serviço Social.


Partido Comunista Brasileiro, [s. d.]. Disponível em: <https://pcb.org.br/
portal/docs/int-metodo-teoria-social.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Como enunciamos, nesse momento, estudamos apenas as principais formas de entendimento das
políticas sociais, as quais, estão alicerçadas e consolidadas em determinados pensadores, fontes de
pensamento. Não devemos considerar que essa forma de pensar foi suprimida na atualidade, uma vez
que essa raiz de pensamento ainda se mostra latente na sociedade contemporânea. Também é preciso
reforçar, uma vez mais, que a forma de entender a política social corresponde a sua forma de execução.
Se um Estado tem ideais próximos ao idealismo ou ao funcionalismo, irá desenvolver um tipo de política
social, já, se tem como referência o pensamento crítico do marxismo, irá organizar as políticas sociais
de uma maneira diferenciada.

Dessa forma, chegamos ao final desse percurso, no qual nos aproximamos das políticas sociais
brasileiras. Esperamos que você, estimado aluno, tenha gostado desse trajeto e que ele seja apenas um
dos muitos degraus que subirá em busca do conhecimento.

Resumo

Concluímos nossos estudos a respeito das políticas sociais, porém,


agora, estivemos centrados nas chamadas políticas sociais setoriais: saúde
mental, educação, habitação, justiça e segurança e também abordamos a
relação firmada entre o assistente social e a ação na família.

Iniciamos apresentando a saúde mental, recuperando um pouco da


história das formas com que nos relacionamos e como tratamos o doente
mental ao longo dos anos. Depois disso, apresentamos as principais ações
desenvolvidas em saúde mental pelo Governo Federal, uma vez que é em
tais programas e projetos que os assistentes sociais desempenham seu
exercício profissional. Na sequência, nossa abordagem esteve direcionada
à área educacional, na qual, apontamos as principais áreas de atuação
possíveis ao assistente social. Em ambos os casos, buscamos reforçar as
recomendações do conjunto Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e do
Conselho Regional de Serviço Social (Cress) sobre essas áreas de atuação, e,
pudemos observar, dentre os vários aspectos, que temos como um reforço

179
Unidade III

a necessidade de observação, em qualquer espaço de atuação, dos valores


que norteiam a prática profissional do assistente social no Brasil.

No mesmo sentido, passamos a nos aproximar da intervenção


desenvolvida na habitação. Para isso, também foi importante conhecer
um pouco da história da política de habitação no Brasil e das principais
especificidades da relação que foi sendo firmada com o Serviço Social
nos mais variados contextos. No tópico que aborda a Política Social de
Habitação, ainda apresentamos informações sobre os parâmetros genéricos
que orientam tal política e acerca do Sistema de Habitação de Interesse
Social. Nessa discussão, demonstramos os pilares de embasamento do
CFESS e experiências de atuação profissional na questão habitacional.

Derivando de nossos estudos, realizamos uma discussão sobre a relação


do Serviço Social com a família, que está presente nas políticas sociais
que aqui observamos e nas demais nas quais o profissional desempenha
sua intervenção.

E, ao final de nossos estudos, tivemos uma discussão filosófica na


qual conhecemos várias correntes de pensamento, a saber: idealismo,
funcionalismo e marxismo, e observamos como cada uma dessas
correntes compreende a realidade, a produção de conhecimento e as
ações em política social.

Exercícios
Questão 1. Considere as colunas A e B apresentadas a seguir. Observe que cada uma delas reúne
palavras ou expressões e identifique a relação correta entre os elementos de ambas:

A – Políticas Sociais B – Características


Perspectivas
1. Doutrina filosófica e econômica cuja ênfase recai
I – Funcionalismo sobre o avanço econômico da sociedade, em especial o
desenvolvimento da sociedade capitalista.
2. Corrente teórica cujo representante mais notável é Émile
II – Idealismo Durkheim, autor de Regras do Método Sociológico (1895).
3. Corrente teórica e filosófica cujos representantes mais
notáveis são Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel
III – Marxismo e Max Weber, sendo Weber um dos influentes no tocante às
políticas sociais.

Assinale a seguir a alternativa correta:

A) I-1; II-2 e III-3.

B) I-1; II-3 e III-2.


180
POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

C) I-2; II-3 e III-1.

D) I-3; II-2 e III-1.

E) I-3; II-1 e III-2.

Resposta correta: alternativa C.

Análise da questão

C) Alternativa correta.

Justificativa geral: somente a alternativa C está correta e todas as demais incorretas, conforme
especificado nas colunas apresentadas a seguir.

A - Políticas Sociais B - Característica


Perspectivas
1. O funcionalismo é uma corrente teórica cujo representante mais
I. Funcionalismo notável é Émile Durkheim, autor de Regras do Método Sociológico (1895).
2. O idealismo é uma corrente teórica e filosófica cujos representantes
II. Idealismo mais notáveis são Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Max
Weber, sendo Weber um dos influentes no tocante às políticas sociais.
3. O marxismo é uma doutrina filosófica e econômica cuja ênfase
III. Marxismo recai sobre o avanço econômico da sociedade, especificamente o
desenvolvimento da sociedade capitalista.

Questão 2. A Política Social de Educação surge a partir da Constituição de 1988. O texto


constitucional indica:

“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).

O Art. 208 da Constituição de 1988 estabelece que a Política Social de Educação deve ser desenvolvida
por meio de determinados serviços.

Considere os serviços de Educação enunciados a seguir e assinale como verdadeiro (V) os serviços
que constam da Constituição e assinale como falso (F) os serviços que não constam da Constituição.

I – Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria.

II – Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio.

181
Unidade III

III – Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente


na rede regular de ensino.

IV – Atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.

V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um.

VI – Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando.

VII – Atendimento ao educando, no Ensino Fundamental, através de programas suplementares


de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

Assinale a alternativa correta:

A) As afirmativas I, III, V e VII.

B) As afirmativas II, IV e VII.

C) As afirmativas I, II, IV e VII.

D) Nenhuma afirmativa é verdadeira.

E) Todas as afirmativas são verdadeiras.

Resolução desta questão na plataforma.

182
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

01699V.JPG. Disponível em: <https://cdn.loc.gov/service/pnp/ggbain/01600/01699v.jpg>. Acesso em:


11 mar. 2019.

Figura 2

160046V.JPG. Disponível em: <https://cdn.loc.gov/service/mss/mnwp/160/160046v.jpg>. Acesso em:


11 mar. 2019.

Figura 3

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mar. 2019.

Figura 4

3B42932R.JPG. Disponível em: <http://lcweb2.loc.gov/service/pnp/cph/3b40000/3b42000/3b42900/3b


42932r.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 5

8B29516R.JPG. Disponível em: <http://lcweb2.loc.gov/service/pnp/fsa/8b29000/8b29500/8b29516r.


jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 6

3A41591_150PX.JPG. Disponível em: <http://cdn.loc.gov/service/pnp/cph/3a40000/3a41000/3a41500/


3a41591_150px.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 7

3B07397R.JPG. Disponível em: <http://cdn.loc.gov/service/pnp/cph/3b00000/3b07000/3b07300/3b073


97r.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 8

3B31092R.JPG. Disponível em: <http://cdn.loc.gov/service/pnp/cph/3b30000/3b31000/3b31000/3b310


92r.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

183
Figura 10

3F05909_150PX.JPG. Disponível em: <http://cdn.loc.gov/service/pnp/cph/3f00000/3f05000/3f05900/3


f05909_150px.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 12

PALMAT.JPG. Disponível em: <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/2/palmat.


jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 17

3C31859_150PX.JPG. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2010/03/24/


primeiro‑presidente‑eleito‑apos‑regime‑militar‑collor‑adota‑plano‑para‑matar‑inflacao‑com‑
um‑so‑tiro/imagem215938/@@images/image/imagem_materia>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 18

BOLSA‑FAMILIA‑2019‑6.JPG. Disponível em: <https://calendariobolsafamilia2019.net/wp‑content/


uploads/2018/04/bolsa‑familia‑2019‑6.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 19

LOGO_COMEMORATIVA_20ANOS.JPG. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sus/download/


logo_comemorativa_20anos.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 20

3A51142_150PX.JPG. Disponível em: <https://cdn.loc.gov/service/pnp/cph/3a50000/3a51000/3a51100/


3a51142_150px.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

Figura 22

3B30058_150PX.JPG. Disponível em: <https://cdn.loc.gov/service/pnp/cph/3b30000/3b30000/3b30000


/3b30058_150px.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2019.

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CAPITALISMO: uma história de amor. Dir. Michael Moore, 2009. 127 minutos.

CARA ou Coroa. Dir. Ugo Giorgetti, 2011. 110 minutos.

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JOGOS DE poder. Dir. Mike Nichols, 2007. 97 minutos.

LARANJA mecânica. Dir. Stanley Kubrick, 1971. 136 minutos.

O APITO da panela de pressão. Dir. Sergio Tufik, 1977. 25 minutos.

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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