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Conceito Social de Ação Noção de ação com relevância social. Escola Neoclássica
Conceito Clássico de Ação Noção de ação causal. Escola Clássica (Belling, Von Lizst)
Critério:
Sempre que o agente procurou utilizar da situação
Hipnose Profunda Teoria da barreira de caráter (Roxin): a prática de certos factos, sob hipnose,
de hipnose para praticar o crime.
(comandado pela seria impossível para certas pessoas, só sendo possível para pessoas capazes de
Ou, não querendo utilizar, seria a situação previsível.
vontade alheia) cometerem esses crimes em estado consciente;
Problema: estes 2º fogem ao DP português (artigo
20º/4 CPenal).
Teoria das actio liberae in causa: é responsável, em termos penais, aquele que
Embriaguez
se tivesse colocado, dolosamente, numa situação de falta de consciência;
entende que não pode comparar a omissão à ação, pois que, em termos naturalísticos, fazer e
não fazer são realidades diametralmente distintas. Assim sendo, sem o artigo 10º, não seria, em Tem uma função extensiva da tipicidade. Apenas
princípio, punir, se não nos casos de omissões puras, ou seja, em que o próprio tipo legal prevê mediante o preenchimento dos requisitos do artigo 10º é
Maria Fernanda a omissão como crime. Retirar do tipo legal o dever de evitar o resultado típico implica atribuir que se torna possível punir o agente pelo comportamento
Palma extra valência ao princípio da solidariedade - em última instância, não tem sentido, já que há omissivo.
sempre que convocar o princípio da liberdade que, por sua vez, tem substancialmente mais Requisitos para a punição: tipo legal (pressupostos) +
força. Conclui que, sem o artigo 10º, não seria possível punir o agente em virtude de requisitos do artigo 10º
comportamento omissivo.
Relevância da questão: artigo 10º e a possibilidade de atenuação da pena no caso de se tratar de omissão
Facto de ter existido, ou não, uma introdução positiva de energia. Significa, portanto, que existindo uma introdução
Engisch, Jescheck, Weigend
positiva de energia, estaremos perante uma ação. E vice-versa.
Estabelece a distinção através de um princípio da subsidariedade. Entende que uma omissão só deve ter-se por
Arthur Kaufmann
relevante quando, de todo em todo o comportamento, não puder ser perspectivado como uma ação.
O critério é o da fora de criação do perigo. Deve entender-se que há ação sempre que o agente criou (ou aumentou)
Figueiredo Dias (na linha de Stratenwerth) o perigo que vem a concretizar-se no resultado. Deve entender-se que há omissão sempre que o agente não diminuiu
o perigo.
Situações que merecem ser integradas na categoria de omissão, ainda que de ações se tratem.
Roxin (omissão através do fazer)
Se já entramos na esfera jurídica da vitima, há ação; se não, há omissão.
Distinção entre Ação e Omissão
1º nível - status geral: critério da competência normativa (cada pessoa atua na sua esfera de
competência) - se a pessoa não atua dentro da sua esfera, frustra as expectativas que o sistema
lhe impõe. Há um sinalagma entre a liberdade do indivíduo e a responsabilidade do indivíduo -
esfera de atuação em que a pessoa, de acordo com a sua competência, é responsável pela
organização. Sempre que a pessoa vai além da sua competência e ultrapassa a sua esfera,
MFP (na senda de Jackobs) ao bulir com outra esfera de outrem, cria responsabilidade. Tanto é responsável quem
pratica uma ação proibida, como aquele que não pratica uma ação a que está obrigado: dai
dizer ser indiferente estarmos perante uma ação ou uma omissão.
2º nível - aquele em que o indivíduo está numa posição de assunção de um dever (ex: se
alguém fica responsável por um armazém pirotécnico) - domínio em que assumimos uma
posição de garante.
Omissão libera in causa: nadador salvador que se embriaga para não ter de acudir em socorro,
Figueiredo Dias: nos casos 1) e 2) parece, à partida, tratar-se de omissões, uma vez que o agente não diminuiu um perigo que,
independentemente dele, afetava um bem jurídico.
Problemas: interrupção de um processo de salvação em curso de um bem jurídico ameaçado. Se o processo de salvamento
ainda não atingiu a esfera da vítima, o caso deve ser tratado como uma omissão - sempre que alcance a esfera jurídica da
vítima e tenha diminuido nesse momento o perigo, para depois se voltar a aumentar, então já estamos perante um caso de
ação. Não há diferenciação entre aquele que interrompe e aquele que, ab initio, decide contra o dever e não tenta sequer
salvar.
Tipos de Omissões Exemplos
São omissões puras aquelas que estejam tipificadas como tal no tipo legal. É o
Omissões Puras ou Próprias Exemplos: artigo 200º e 284º
próprio tipo legal que estatui que certa omissão é crime.
A omissão impura é uma categoria doutrinária que engloba vários crimes. Omissão
impura, na verdade, não é um tipo de crime nem está prevista no artigo 10º: é uma
Todo e qualquer tipo legal de crime,
categoria doutrinária que engloba todas as situações da vida prática em que,
Omissões Impuras ou descrito na lei somente como crime de
apesar de o tipo legal não prever o crime de omissão, por força do artigo 10º
Impróprias ação, se ele compreender um certo
(existência de um dever de garante), em virtude da verificação do resultado que se
resulado.
pretende evitar, o agente deve ser punido.
Omissão que, por comparação à ação, merece uma punição.
Colocação do Problema:
Problema o problema do dever de garante, ou posição de garante, coloca-se no âmbito da imputação objetiva do resultado. Esta, no caso da
omissão, só pode ser feita
fei àquele sobre o qual recaia um dever jurídico que pessoalmente o obriga a evitar esse resultado (artigo 10º/2) e, assim, se
encontre por força
força de
deum
umtal dever constituído na posição de garante da não verificação do resultado típico.
Questão: como se se determinam
dete os deveres de garantia, neste âmbito, de forma a responder às exigência jurídico-constitucionais do princípio legal
nullum crimen sine lege?
lege
Feuerbach Um crime de omissão pressupõe sempre um especial fundamento jurídico, a lei ou contrato, através do qual se dê base à
(teoria formal) obrigatoriedade da comissão.
Stubel Na linha de Feuerbach, acrescenta um outro fundamento jurídico, que se baseia num costume jurisprudencial: a situação de perigo
(teoria formal) anterior criada pelo omitente, ou seja, uma situação de ingerência.
Crítica as teses que vêm, no tipo legal, comandos de ação e comandos de omissão. Entende que seria contraditório. E porque o
circulo de agentes abrangido pelas omissões penalmente relevantes é distinto daquele que é abrangido pelas ações penalmente
Armin Kaufmann
relevantes.
(teoria material)
Propõe a teoria das funções: os deveres de garantia fundam-se na guarda de um bem jurídico concreto (que permite criar deveres
de proteção e assistência) ou na vigilância de uma fonte de perigo (que permite criar deveres de segurança e controlo).
Os Limites à Punição da Omissão Impura
Colocação do Problema: o problema do dever de garante, ou posição de garante, coloca-se no âmbito da imputação objetiva do resultado. Esta, no caso da
omissão, só pode ser feita àquele sobre o qual recaia um dever jurídico que pessoalmente o obriga a evitar esse resultado (artigo 10º/2) e, assim, se
encontre por força de um tal dever constituído na posição de garante da não verificação do resultado típico.
Questão: como se determinam os deveres de garantia, neste âmbito, de forma a responder às exigência jurídico-constitucionais do princípio legal
nullum crimen sine lege?
Critério para a incriminação da omissão: o desvalor da ação tem de corresponder ao desvalor da omissão, caso contrário, se a
censura não for equiparável, estamos a violar o princípio da legalidade, na sua dimensão da tipicidade. s
• Seis deveres de garante, que se agrupam em duas modalidades: obrigação de proteger um bem jurídico e dever de prevenir/
controlar fontes de perigo.
• Obrigação de proteger um bem jurídico: o garante está vinculado à tutela do bem jurídico;
1. Relações familiares ou análogas (implica uma relação de particular proximidade e uma relação de dependência),
abarcando cônjuges e quem viva em situação análoga (comunidade em vida como aspeto fulcral);
2. Assunção de funções de guarda e assistência (assunção fáctica de uma função de proteção baseada numa relação de
confiança) - exemplos: instrutor de natação, alpinista que se prontifica a organizar uma excursão à montanha, médico em
relação aos seus pacientes;
3. Comunidade de vida e de perigos (base em relações de confiança e dependência mutuas) - FD exige, na linha de
Stratenwerth, (1) relações estreitas e efetivas; (2) que a comunidade de perigos exista realmente; (3) apenas em questão
Figueiredo Dias quando o perigo já pesa sobre a vítima potencial, devendo o agente atuar no sentido de o evitar o diminuir;
(conjugação das • Dever de prevenir/controlar fontes de perigo: o garante apenas está vinculado ao controlo da fonte de perigos;
teorias formais e das 4. Obstar a um resultado por força de uma ação anterior perigosa (ingerência): quem cria o perigo que pode afetar terceiros
teorias materiais) deve cuidar de que ele não venha a concretizar-se num resultado típico (requisitos: o resultado deve ser objetivamente
imputável ao incumprimento do dever de garante + a criação de perigo tem de ter sido ilícita);
5. Fiscalização de fontes de perigo no âmbito de domínio próprio: são exemplos empresários, industriais, comerciantes e,
em geral, possuidores de estabelecimentos e instalações que devem conservar em condições de segurança, para
trabalhadores e para a generalidade das pessoas, evitando acidentes;
6. Dever de garante face à atuação de terceiros: casos em que o terceiro ou não é responsável ou tem a sua
responsabilidade limitada ou diminuída, em relação aos quais propende um dever de vigilância por outrem; ainda,
relações de supra e infra ordenação, ou seja, pessoas que atuam no seio de um serviço/atividade organizada - exemplos:
elementos das forças armadas com poderes de direção;
Caso particular dos monopólios acidentais: FD, na esteira de André Leite, entende que só existem posições de garante em casos
limite, que densifica com base em dois critérios - (1) situações de perigo agudo e iminente para bens jurídicos de valor fundamental
na ordem axiológica constitucional; (2) que possam ser salvos com um pequeno esforço do agente.
Os Limites à Punição da Omissão Impura
Colocação do Problema: o problema do dever de garante, ou posição de garante, coloca-se no âmbito da imputação objetiva do resultado. Esta, no caso da
omissão, só pode ser feita àquele sobre o qual recaia um dever jurídico que pessoalmente o obriga a evitar esse resultado (artigo 10º/2) e, assim, se
encontre por força de um tal dever constituído na posição de garante da não verificação do resultado típico.
Questão: como se determinam os deveres de garantia, neste âmbito, de forma a responder às exigência jurídico-constitucionais do princípio legal
nullum crimen sine lege?
Com base nos ensinamentos de Kaufmann, distingue entre deveres por força de uma competência institucional (relações pai e
Jakobs
filho, entre conjuges, relações de confiança, deveres elementares de funcionários) e deveres por força de competência de uma
(teoria material)
organização (deveres de segurança de tráfego, ingerência, aceitação de deveres).
O ponto de partida, para a autora, é a noção funcionalista de ação. A vida em sociedade implica a construção de sistemas e subsistemas, em que
cada agente tem um papel. Esse papel é a esfera de competência de cada um. Sempre que a pessoa ultrapassa a esfera da sua competência, será
responsável pelas consequências. Há uma relação de sinalagma entre a liberdade e a assunção de responsabilidade pelas consequências.
1. Situações em que o agente tem um dever especial de organização do mundo exterior, devido às suas competências específicas (status
geral/global): nestes casos, a omissão é sempre equiparável à ação, porque o agente tem o dever de proteção dos bens jurídicos (p.e., o
médico que não volta a ligar a máquina do paciente que se desligou sozinha; o automobilista que não parou e atropelou alguém). Não é sequer
necessário apurar se existe dever de garante, basta que tenha havido uma frustração das expectativas de atuação;
Como é que um critério tão vago se concretiza na prática? Como identificar, na prática,
que o agente ultrapassou a sua esfera de competências, senão através de um juízo
subjetivo do que se entenda por esfera de competências de organização?
Nestes casos, o agente é punido com a atenuação da pena prevista no art. 10º? Ou o
comportamento equipara-se a ação e é punido como se de ação se tratasse?
2. Situações em que o agente tem uma competência por assunção de responsabilidade pela organização (status especial): nestes casos,
haverá responsabilidade penal nas situações em que socialmente a omissão for tão reprovável quanto a ação, que se apura pela identificação
da existência do dever de garante (p.e., uma pessoa que aceita guardar material pirotécnico no seu armazém).
Alguns conclusões…
• Se há uma equiparação entre ação e omissão sempre que o agente atua fora da sua esfera de competência de organização, bulindo com
a esfera de competência de outrem, dispensa-se a análise do artigo 10º/2, nomeadamente, da existência de um dever de garante.
Significa, em última análise, que estamos perante omissões puras?
• A noção de omissão impura, para FD, é mais ampla, do que para MFP.