Você está na página 1de 2

O conceito de ação

O conceito de ação
§1. Para que um facto seja punível é fundamental conseguir criar um conceito de ação
que agregue todos os tipos criminais existentes. Nesta medida, o conceito de ação tem que ter
uma dupla função – por um lado tem que ter uma (1) função positiva ou de ligação e, por
outro lado, tem que ter uma (2) função negativa ou de exclusão.

§2. (1) A função positiva ou de ligação ligada ao conceito de ação diz respeito à
necessidade do conceito de ação abranger todos os tipos legais de crime que existam, quer
sejam crimes dolosos, crimes negligentes, crimes de omissão ou crimes de ação, etc., é
fundamental o conceito de ação ter esta função de ligação de todos os tipos de crime, caso
contrário, não seria relevante definir-se um conceito de ação para definir quais os factos
punível e relevantes para o Direito Penal se não fossem abrangidos todos os crimes.

§3. (2) A função negativa ou de exclusão ligada ao conceito de ação diz respeito à
necessidade do conceito de ação excluir todos os comportamentos que sejam jurídico-
penalmente irrelevantes, isto é, que não interessem enquanto factos (comportamento) punível.
Enquadram-se aqui, por exemplo, as situações de atos naturais ou atos animais, assim como
atos humanos involuntários ou irreflexos.

O conceito normativo-social de ação


§4. Neste sentido, pensa-se que o conceito de ação que mais realiza esta dupla função
do conceito de ação pretendido e necessário (para que seja útil para o Direito Penal) será o
conceito normativo-social de ação (da conduta humana). O conceito normativo-social de ação
corresponde ao conceito que só corresponde a ação aquilo que a sociedade considerar como
relevante.

§5. Em primeiro lugar, este conceito é preenchido pois a sociedade não considera
relevantes os atos absolutamente incontroláveis pela vontade humana, como os atos naturais
ou atos dos animais. O máximo que faz é lamentar as ocorrências e prevenir a sua repetição.
Em segundo lugar, é imperativo constar que para que haja ação é preciso que a pessoa que a
realiza tenha um mínimo de capacidade para a fazer, isto é, as condutas humanas só fazem
sentido na medida em que pressupõe uma capacidade mínima de ação e por isso a sociedade é
indiferente para ações ausentes de capacidade. Em terceiro lugar, também não interessam
socialmente as ações incontroláveis pela vontade humana, isto é, involuntárias, como atos de
sonambulismo.

§6. Seguidamente, é de constatar que, também a favor do conceito social de ação


temos o argumento relativo ao princípio da adequação social, isto é, só poderá ser jurídico-
penalmente relevante aquilo que for socialmente reprovável. Temos aqui a função de
exclusão que é requerida ao conceito de ação, na medida em que exclui todas as ações que
não são para ser consideradas como ação não sendo estas socialmente reprováveis. Também
quando à determinação da dignidade penal o caráter social de reprovação é fundamental na
medida em que só é digno de ser penalmente reprovável o que for socialmente reprovável,
sendo a reprovação a classificação de um bem jurídico-penal enquanto tal.

Você também pode gostar