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Deve o
candidato abordar, ao longo de sua resposta:
a) a definição de ações neutras (pontuação: 0,5);
b) a posição de Luís Greco e sua teoria para solucionar a questão (pontuação: 0,5);
c) a solução ao “famoso caso do taxista” – que leva o passageiro a determinado local,
mesmo tendo ciência de que ele, passageiro, irá matar alguém, como de fato mata –
conforme a teoria proposta por Luís Greco, devendo fundamentar a resposta
(pontuação: 0,5).
a) As ações neutras (ou cotidianas), segundo Luís Greco, são “aquelas contribuições a
fato ilícito alheio que, à primeira vista, pareçam completamente normais”, ou
melhor, “ações neutras seriam todas as contribuições a fato ilícito alheio não
manifestamente puníveis”.
Flávio Cardoso Pereira, um dos primeiros a abordar o tema em âmbito nacional, define
os atos cotidianos ou neutros como “aqueles nos quais o agente agindo dentro de suas
atividades comerciais ou habituais, não desaprovadas sob a ótica jurídica, objetiva com
seus atos a atuação com fins próprios e independentes da vontade perseguida pelo
autor do fato. Portanto, são ações socialmente úteis, cotidianas e em princípio
inofensivas, em que pese o fato de que podem vir a ser incorporadas pelo autor em seu
plano objetivo”.
b) Segundo lição doutrinária de Luís Greco, a questão das ações neutras deve ser
solucionada no plano do tipo objetivo, mais propriamente no segundo componente da
imputação objetiva, qual seja, no caráter juridicamente desaprovado do risco.
Nesta hipótese, não seriam puníveis as ações neutras. Por outro lado, se a proibição
melhorar de modo relevante a situação do bem jurídico, dificultando de alguma forma
a sua lesão, já será ela legítima, e o risco criado juridicamente desaprovado. Neste
caso, as ações neutras serão puníveis.
c) Quanto à solução do “famoso caso do taxista”, tem-se que para Luís Greco a
conduta do taxista não é punível, afinal, o passageiro poderia perfeitamente e sem
qualquer dificuldade pegar outro táxi para levá-lo até o local onde praticou o
homicídio.
Sendo assim, a proibição da contribuição do taxista seria inidônea para proteger o bem
jurídico concreto (a vida da vítima do homicídio), vale dizer, não melhoraria de modo
relevante a proteção deste bem jurídico, inexistindo, assim, na conduta do taxista,
risco juridicamente proibido (ou desaprovado).
Configura autoria por convicção o fato de uma mãe, por convicção religiosa, não
permitir a realização de transfusão de sangue indicada por equipe médica para salvar a
vida de sua filha, mesmo ciente da imprescindibilidade desse procedimento.
De acordo com a doutrina Chenery, o Poder Judiciário não pode adotar fundamentos
diferentes daquele que o Executivo utilizou para concluir se os critérios adotados pela
Administração Pública foram ou não corretos, principalmente em se tratando de
questões técnicas.
Esta doutrina se fundamenta no fato que o Poder Judiciário não tem conhecimento
técnico necessário para afastar decisões especializadas.