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Unidade I

GEOPOLÍTICA, REGIONALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO

Prof. Adilson Camacho


Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Roteiro da Unidade I (Observação: todas as citações diretas


são do livro-texto da disciplina).
1. Geopolítica: o território e as relações de poder
Geopolítica moderna clássica e contemporânea:
Estados e relações internacionais.
2. Competição e cooperação nas relações
internacionais: teorias.
3. O campo das políticas externas e os interesses nacionais:
instrumentos da política estatal e da geopolítica.
4. O sistema internacional.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Objetivos gerais da disciplina:


 Análise e entendimento das interações entre unidades
políticas (agentes diversos), países e suas tendências.
 Abordagem contemporânea da geopolítica, estudo das
macropolíticas e das fronteiras nacionais, tratando dos
processos de regionalização e integração.
 Ao abordar os conceitos e objetivos das políticas externas,
as ações e interações entre os Estados, a disciplina analisa
a questão das fronteiras e compõe debates entre aqueles
que defendem seu fim e aqueles que as vêm transformadas;
além de debates sobre as relações de poder, como as que
envolvem questões relacionadas aos recursos ambientais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Objetivos específicos da disciplina:


 analisar os fundamentos das relações territoriais de poder;
 identificar as relações entre sociedade ou agentes públicos
e privados (estado, empresas e indivíduos), território e poder;
 analisar teorias das relações sociais e internacionais
de poder;
 conhecer as noções complementares de cooperação e
de competição;
 conhecer os conceitos e objetivos das políticas externas;
 entender a evolução dos projetos e das práticas geopolíticas;
 conhecer a agenda da geopolítica moderna;
 compreender os aspectos da integração regional.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

1. Geopolítica: o território e as relações de poder muito


antes do Estado-nação
Geografia e política
 Geografia: cotidiana e como ciência.
 Lugar, orientação, ocupação, território e região.
 Política: cotidiana e como ciência.
 Lugar, diversidade, negociação/acordos, território e região.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Geopolítica moderna: estados e relações internacionais.


 Estado nacional moderno: o que é um país.
 Relações internacionais: teoria e história.
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 O mundo do século XX e as relações internacionais.


 Fragmentação, internacionalização e fragmentação
novamente.
 O mapa do mundo: antes (pulverizado) e depois dos Estados
(progressiva e precária conexão).
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)
Interatividade

Assinale a alternativa correta quanto à geopolítica vista como


uma espécie fundamental de relações internacionais.
a) O papel do Estado no cenário internacional prescinde
o do território.
b) É possível fazer política fora do espaço geográfico.
c) As relações internacionais são um campo independente
do conhecimento sociológico, geográfico e antropológico.
d) Geopolítica e relações internacionais são a mesma coisa.
e) Geopolítica é dimensão fundamental das relações
internacionais mais gerais e sempre territoriais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

2. Competição e cooperação nas relações internacionais


 Os processos sociais de competição e de cooperação para
os teóricos idealistas, realistas e da interdependência.
 Observação: primeiramente, a complementaridade!
 Corrente idealista.
 Corrente realista.
 Corrente da “interdependência”.
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Competição e cooperação
 Corrente idealista: o idealismo e o foco na utopia.
 Utopias necessárias...
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Competição e cooperação
 Corrente realista: foco em certo pragmatismo, ao modo
da geopolítica clássica (o que veremos também nas
próximas aulas).
 Principal agente é o Estado.
 Observação: perspectiva engessa a realidade, que já é mais
complexa do que a redução da ação ao Estado faz crer!
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Competição e cooperação
 Corrente da “interdependência”: tentativa de superação, ao
modo da geopolítica contemporânea (o que veremos também
nas próximas aulas).
 Os agentes são complexos e diversificados (públicos
e privados e em várias escalas).
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 A geografia política, conhecida por ser a correlata


universitária da geopolítica, seria alimentada pelas
três correntes.

 A geografia política e seu papel acadêmico nasce da


preocupação com o papel dos aspectos fisiográficos
do espaço geográfico no jogo político (ligada tanto
ao expansionismo quanto à manutenção territorial).
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A geografia política seria alimentada pelas três correntes:


 Idealismo. Exemplo no “espaço vital”, de Ratzel.
 Realismo. Exemplo no Estadocentrismo, de realistas
e neorrealistas. Anterior à Segunda Grande Guerra.
 Interdependência e governança. Relações em redes e escalas
complexas (disputas, conflitos e cooperação).
Após a Segunda Grande Guerra.
Interatividade

Assinale a alternativa que esteja de acordo com as afirmações


do nosso bloco da aula.
a) Não há necessidade nem espaço para as correntes chamadas
idealistas, posto que não sejam construções racionais dignas
de respeito acadêmico.
b) A corrente realista, por não ter falhas, é tida por mais fiel
à realidade e abarca toda a gama de fatores internacionais.
c) Não há interdependência no cenário global, como mostra
a crescente desigualdade dentro das nações e entre elas.
d) O idealismo nunca foi aceito como fundamento teórico nas
explicações das relações internacionais.
e) As teorias da interdependência são as que mais se aproximam
da complexidade das relações internacionais.
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3. O campo das políticas externas e os interesses nacionais:


instrumentos da política estatal e da geopolítica
 Introdução às políticas externas: conceitos e objetivos.
 Instrumentos.
 A ação e a interação dos Estados.
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 As possibilidades de integração “humanista, “sustentável”


entre economia, política e cultura internacionais.
 Macroeconomias e macropolíticas: o papel da cultura
(ideias e marcas) na abertura de caminhos políticos e
na expansão dos mercados.
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Introdução às políticas externas: conceitos e objetivos


 A Paz de Westphalia é resultado de um conjunto de tratados
diplomáticos firmados em 1648 entre as principais potências
europeias, que colocaram fim à Guerra dos Trinta Anos
(1618-1648).
 Os tratados assinados em Westphalia legitimaram o status
quo anterior ao conflito, que ainda reconhecia uma sociedade
de Estados fundada no princípio da soberania territorial, na
qual todas as formas de governo passaram a ser legítimas;
na não intervenção em assuntos internos dos demais,
respeitando o princípio de tolerância e liberdade religiosa
escolhida pelo príncipe; e na independência dos Estados.
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 O campo das políticas externas é, portanto, o desdobramento


dos acordos de Westphalia.
 Reafirmando: o modelo de estado-nação eminentemente
moderno, fundado no princípio da soberania e forjado em
Westphalia, outorga relativa independência na formulação da
estratégia que orienta a ação estatal no âmbito internacional.
É por meio de suas receptivas políticas externas e de seus
recursos disponíveis que os países têm relativa autonomia
para escolher seus caminhos, seja para desenvolvimento
econômico, capacitação tecnológica, maior participação
no comércio global, crescimento de índices sociais ideais,
busca por poder etc.
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A ação e a interação dos Estados


Os sistemas internacionais podem ser examinados sob o ângulo
de subsistemas, podendo ser divididos em:
 ideologia;
 desenvolvimento;
 conflito;
 segurança.
Um pouco sobre cada um deles:
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 Ideologia: tem irrefutável influência na política internacional e


está ligada ao modo de organização do país no que concerne
à política externa.
 Desenvolvimento: o “nível de desenvolvimento” de um país
afeta diretamente sua capacidade de ação internacional.
 Conflito: situações de tensão aguda ou conflito aberto
constituem oportunidades extremamente ricas para
análise da realidade internacional.
 Segurança: os arranjos internacionais e os meios nacionais
são instrumentos de segurança externa, porém, não deve-se
pensar apenas nos instrumentos militares, mas também nos
políticos, econômicos e socioculturais.
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 Na definição de Seitenfus, a política externa é um “processo de


percepção, avaliação, decisão, ação e prospecção estatais,
inclusive aquelas iniciativas tomadas no âmbito interno que
possuam uma incidência além-fronteiras”. A política externa é
de caráter dinâmico e ajustável, decorrente, portanto, da
confrontação entre, de um lado, as aspirações internas
traduzidas pelo interesse nacional e os instrumentos de que
dispõem para promovê-lo e, de outro, as oportunidades e
limitação oferecidas pelo sistema internacional (SEITENFUS).
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Alguns fatores podem ajudar a estabelecer parâmetros


para balizar os contornos da inserção de países no
cenário internacional:
 fatores estáticos e permanentes (dimensão, localização
e população);
 situações estruturais (regime político, sistema econômico,
relações políticas e econômicas com o mundo);
 comportamentos conjunturais (posição em debates
e crises internacionais).
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 O reconhecimento de tais diferenças é objeto de análise da


política externa quanto a seus objetivos, sua agenda, seus
instrumentos e seu estilo de execução. Os objetivos são as
metas, anseios ou intuitos estratégicos estabelecidos como
prioritários pelo governo de determinado país para defender,
promover e atingir seus interesses.
 Para atingir os objetivos nacionais estabelecidos, o mesmo
governo concebe um conjunto de estratégias: é o que
chamamos de agenda. Quanto aos instrumentos, estes
compreendem os recursos disponíveis e os necessários
para implementação das estratégias nacionais estabelecidas.
A maneira, a forma, o modo, as práticas e os costumes
que caracterizam a condução da política exterior
determinam o estilo do governo em questão.
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Como desenvolver e fazer das relações internacionais


de comércio uma agenda de inserção positiva? A inserção
internacional de um país e sua política externa devem considerar
três campos fundamentais de sua atuação internacional:
 estratégico-militar: no que diz respeito ao risco de guerra ou
desejo de paz, o campo estratégico-militar representa o que
o país significa ou pode vir a significar como aliado, protetor,
amigo ou inimigo;
 relações econômicas: indica o que o país representa para
a comunidade internacional em termos de mercado de
fornecimento, consumo, alianças, parcerias e similares;
 valores: revela o que o país representa como modelo
de sociedade.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Para que um Estado seja reconhecido, ele deve cumprir quatro


condições essenciais. São elas:
 o Estado deve ter uma base territorial e uma fronteira
definida geograficamente;
 uma população estável deve morar dentro de suas fronteiras;
 deve existir um governo ao qual a população respeite;
 o Estado deve ser reconhecido diplomaticamente por
outros Estados.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Na visão liberal o Estado é soberano, porém, ele não é um


protagonista autônomo. Os liberais enxergam o Estado como uma
arena pluralista que possui a função de manter as regras básicas
do jogo. Muitas vezes, esses interesses competem entre si dentro
de uma estrutura pluralista.
A visão liberal conceitua o Estado como:
a) um processo que envolve interesses concorrentes;
b) uma reflexão dos interesses governamentais e da sociedade;
c) o repertório de vários interesses nacionais que estão sempre
mudando;
d) o possuidor das fontes fungíveis de poder.
 Muitas pessoas entendem que a definição de Estado é a mesma de
nação. Mas isso é um mero engano. Uma nação é composta pelo
povo, ou seja, um grupo de pessoas que possui um conjunto de
características comuns.
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 Dessa forma, o Estado pós-westphaliano pode assumir


diversas formas: a) Estados-nação, em que existe uma
“harmonia” entre eles; e b) Estado com várias nações.
Diante disso, é possível conceituar o Estado de
diversas formas:
a) o Estado é uma ordem normativa, munida de um símbolo
e de crenças que unem o povo que vive dentro dele;
b) é a entidade que detém exclusivamente poder para uso
da violência dentro da sociedade;
c) além de ser uma entidade funcional, centraliza
e unifica várias responsabilidades importantes.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 A visão realista do Estado defende uma visão mais estatista,


isto é, voltada para o Estado, que passa a ser um protagonista
autônomo, restringido apenas pela monarquia estrutural do
sistema internacional. O Estado tem o poder para trabalhar
com assuntos que se referem a problemas internos que
afetam sua população, sua forma de governo, sua economia
e sua segurança. Ele tem um conjunto consistente de metas,
definido em termos de poder (poderio militar). Na visão
realista, o Estado é: a) um protagonista autônomo;
b) circundado por uma estrutura de permanente conflito
e um sistema anárquico; c) é soberano; d) é guiado por um
interesse nacional, que é definido em termos de poder.
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Há ainda aqueles que identificam duas outras visões de Estado,


direcionadas a enfatizar o papel do capitalismo e da classe
capitalista em sua formação e funcionamento do Estado.
A visão marxista instrumental o considera como
um agente executor da burguesia. A visão marxista estrutural,
por sua vez, o considera como aquele que funciona dentro da
estrutura do sistema capitalista. Nesta, o Estado é levado a
expandir-se por causa dos imperativos do sistema em questão.
A visão radical de Estado marca que este é:
a) o agente executor da burguesia;
b) influenciado por pressões da classe capitalista;
c) restringido pela estrutura do sistema capitalista internacional.
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 Os construtivistas possuem uma visão diferente, pois estão


em constante mudança e evolução no que diz respeito a
assuntos internos ou internacionais. Para eles, os Estados
devem compartilhar diversas metas e valores a partir dos
quais a socialização lhes é sugerida por organizações não
governamentais e internacionais. Essas metas e valores
podem influenciar e até mudar as preferências estatais. A
visão construtivista de Estado indica que este é: a) entidade
construída socialmente; b) repositório de interesses nacionais
que mudam ao longo do tempo; c) moldado por normas
nacionais que mudam as preferências; d) influenciado por
interesses nacionais que estão sempre mudando
e que modelam e remodelam as identidades;
e) socializado por OGIs e ONGs.
Interatividade

Assinale a alternativa que apresente uma das condições


essenciais que um Estado deve cumprir para ser reconhecido
internacionalmente.
a) O Estado não precisa ter base territorial ou fronteiras
definidas geograficamente.
b) Possuir ao menos populações instáveis, de passagem,
refugiadas em suas fronteiras.
c) Governos não são fundamentais no cenário jurídico
contemporâneo.
d) O Estado deve ser reconhecido diplomaticamente por
outros Estados.
e) O Estado não precisa ser reconhecido diplomaticamente
por outros Estados.
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4. O sistema internacional
 Mas o que significa o termo sistema quando aplicado às
relações internacionais? Nesse contexto, sistema é uma
união, de algum modo regular, que se dá por meio do
agrupamento de unidades, objetos ou partes. Os sistemas
reagem de modo constante e têm fronteiras separadas um
do outro, sendo que pode haver permuta de fronteiras.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Para aplicar o conceito de sistema metodologicamente,


é preciso que o objeto de análise possua:
 a) limites claros e b) relacionamento com o meio ambiente por
meio de insumos e produtos. Devido à multiplicidade de fatos
e atos, os limites da realidade internacional são indefinidos,
ou seja, não é mais nítida a linha que diferencia a política
externa da interna.
 O sistema internacional atual compõe-se da sucessão de
macroestruturas (eurocentrismo, período entreguerras,
Guerra Fria, descolonização, multipolarismo e a détente entre
uperpotências) marcadas por dois conflitos generalizados, por
revoluções e flutuações econômicas repletas de drama e por
hostilidades em maior ou menor escala.
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 Segundo Mingst, a concepção de sistema está interligada


ao pensamento das três escolas teóricas dominantes de
relações internacionais: a liberal, a realista e a radical.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

A escola liberal não vê o sistema internacional como centro


de estudo, no entanto, conceitua três pontos diferentes
desse sistema:
1. sistema internacional não é uma estrutura, mas um
processo que determina diversas frentes. Estados e
outros protagonistas: organizações governamentais
internacionais (OIGs);
2. relacionado à tradição inglesa de sociedade internacional,
composta por vários protagonistas, se define pela
comunicação, pelos interesses e pelas regras comuns;
3. é o do institucionalismo neoliberal, que visualiza o sistema
internacional como anárquico. Aqui, o Estado se comporta
de acordo com seu próprio interesse. A interação
entre protagonistas é algo positivo para os liberais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Outra escola teórica dominante de relações internacionais é


a escola realista, que acredita que a política é governada por
leis objetivas, enraizadas na natureza humana. O conceito de
realismo é o do interesse definido como poder e não possui
um significado inalterável. O realismo tem o conhecimento
do significado moral da ação política, mas não reconhece
as aspirações morais de um Estado, como as leis morais
que governam o universo. A escola leva em conta a política,
uma esfera autônoma da atividade humana.
 Segundo Vazques, os realistas definem o sistema
internacional como um sistema anárquico, isto é,
o Estado é a única autoridade.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 É pela dimensão da polaridade que os realistas diferenciam o


sistema internacional. Existem três tipos de polaridade:
1. refere-se a vários protagonistas influentes no âmbito
internacional. Neste, haveria um sistema de equilíbrio
de poder ou multipolar;
2. é o bipolar, com um sistema baseado em alianças mais
duradouras e em interesses relativamente permanentes;
3. esse último sistema é o unipolar, que aponta a existência de
apenas um grupo ou até mesmo um Estado, que detém o
controle de influência no sistema internacional. Os Estados
Unidos são o grande exemplo: após a Guerra do Golfo, em
1991, quando os aliados mais próximos e praticamente todos
os países em desenvolvimento começaram a se preocupar
porque o sistema internacional havia se tornado unipolar.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 A terceira escola teórica é a escola radical, que busca definir


a estrutura em termos de estratificação. Assim, o sistema
internacional seria estratificado conforme os recursos que
cada Estado possui, como poder econômico ou petróleo. A
estratificação do poder e os recursos formam a divisão entre
aqueles que têm (Norte) e aqueles que não têm (Sul). Para
se ter uma noção, as principais potências (EUA, Japão,
Alemanha, França, Rússia e Inglaterra) foram responsáveis
por aproximadamente metade do PIB mundial.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Em outras palavras, os radicais acreditam que há muitas


diferenças econômicas dentro da estrutura do sistema
internacional e todas as ações são restritas por essa
estrutura. Alguns teóricos enxergam uma possibilidade dentro
do sistema capitalista, uma mudança na semiperiferia e na
periferia, vinculadas à medida que os Estados modifiquem
suas posições relativas em face de outros. O capitalismo é
uma força dinâmica, afinal, assim como o colonialismo e o
imperialismo, possui ciclos de crescimento e expansão,
seguidos de contração e declínio.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Já os denominados construtivistas desenvolveram ideias de


como o sistema internacional é mutável, ideias essas calcadas
em alterações nas normas sociais, mesmo que algumas ainda
não venham a ser transformadoras. Os construtivistas
buscam, singularmente, a especificação dos mecanismos
pelos quais ocorrem as mudanças (MINGST).
Interatividade

Para aplicar metodologicamente o conceito de sistema


às relações internacionais, é preciso que:
a) Tenham conteúdo diplomático, mesmo sem limites claros;
b) O relacionamento com o ambiente por meio de insumos e
produtos seja pontual aos lugares, tomando cuidado com
a perspectiva ecológica (pulverizada);
c) Se descarte a história na análise das macroestruturas
(eurocentrismo, período entreguerras, Guerra Fria,
descolonização, multipolarismo e a “détente” entre
superpotências);
d) Haja uma conexão, de algum modo regular, que se dá
por meio do agrupamento de unidades, objetos ou partes;
e) Se desconsidere as fronteiras, pois não pode haver permuta
de elementos entre elas (materiais, informações e pessoas).
ATÉ A PRÓXIMA!
Unidade II

GEOPOLÍTICA, REGIONALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO

Prof. Adilson Camacho


Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Roteiro da Unidade II
 (Obs.: todas as citações diretas e sem indicação de fonte
são do livro-texto: VASQUES, Enzo Fiorelli. “Geopolítica,
regionalização e integração”. São Paulo: Sol, 2012. 128 p.).
Roteiro
5 A Geopolítica
5.1 As relações entre sociedade, Estado, território e poder
5.2 A evolução do pensamento em geopolítica: geopolítica
clássica e geopolítica contemporânea
5.3 Geografia política e geopolítica
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Roteiro da Unidade II
6. Aspectos da geopolítica atual: fronteiras nacionais e
internacionais
 A guerra e a paz de acordo com a geopolítica, o poder central
e o poder local e políticas territoriais
6.1 Dinâmica social e institucional: fronteiras nacionais e
internacionais, políticas territoriais
6.2 A guerra e a paz de acordo com a geopolítica
6.3 Poderes centrais e periféricos, poderes globais e locais
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Objetivos gerais da disciplina:


 Análise e entendimento das interações entre unidades
políticas (agentes diversos), países e suas tendências.
 Abordagem contemporânea da geopolítica, estudo das
macropolíticas e das fronteiras nacionais, tratando dos
processos de regionalização e integração.
 Ao abordar os conceitos e os objetivos das políticas externas,
as ações e as interações entre os Estados, a disciplina analisa
a questão das fronteiras e compõe debates entre aqueles que
defendem seu fim e aqueles que as vêm transformadas; além
de debates sobre as relações de poder, como as que
envolvem questões relacionadas aos recursos ambientais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Objetivos específicos da disciplina:


 analisar os fundamentos das relações territoriais de poder;
 identificar as relações entre sociedade ou agentes públicos e
privados (Estado, empresas e indivíduos), território e poder;
 analisar teorias das relações sociais e internacionais de poder;
 conhecer as noções complementares de cooperação
e de competição;
 conhecer os conceitos e os objetivos das políticas externas;
 entender a evolução dos projetos e das práticas geopolíticas;
 conhecer a agenda da geopolítica moderna;
 compreender os aspectos da integração regional.
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5. Filosofia política clássica


 Hobbes, Locke e Rousseau: sociedade definida e associada
à criação do Estado, visto que suas concepções advinham
do pensamento e da reflexão da natureza humana.
 O “estado de natureza” é apenas uma ideia... Ser humano
é mau (Hobbes) ou bom (Rousseau), naturalmente!
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 O pensamento de Ratzel e de outros teóricos da geografia


política e da geopolítica é de grande importância para o
entendimento das questões referentes à sociedade, à
delimitação dos territórios, ao conflito de poder entre os
Estados e, principalmente, ao conceito de Estado-nação e seu
papel sistema internacional de poder.
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 Em “Le Sol, la Societé et l'l!tat”, publicado em L'Année


Sociologique (1898-1899, p. 1-14), diz Ratzel:
“Como o Estado não é concebível sem território e sem
fronteiras, constituiu-se bastante rapidamente uma geografia
política, e ainda que nas ciências políticas em geral se tenha
perdido frequentemente de vista a importância do fator espacial,
da situação etc., considera-se entretanto como fora de dúvida
que o Estado não pode existir sem um solo.”
Fonte: SILVA, Armando Corrêa da. “A concepção clássica de geografia política”. RDG -
Revista do Departamento de Geografia v. 3, 1984. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/rdg/issue/view/3915>. Acesso em 01.01.2000.
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 Ratzel fazia, então, a crítica das ciências que tratavam o


homem, em particular a sociologia, e que ignoravam sua
ligação com a terra. Assim diz:
“[...] quer seja o homem considerado isoladamente ou em grupo
(família, tribo ou Estado), por toda parte em que se observar se
encontrará algum pedaço de terra que pertence ou à sua pessoa
ou ao grupo de que ele faz parte. Quanto ao que diz respeito ao
Estado, a geografia política após longo tempo se habituou a
fazer entrar em consideração a dimensão do território ao lado da
cifra da população.”
Fonte: SILVA, Armando Corrêa da. “A concepção clássica de geografia política”. RDG -
Revista do Departamento de Geografia v. 3, 1984. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/rdg/issue/view/3915>. Acesso em 01.01.2000.
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 Mas, não só a sociedade e o Estado tem uma base territorial,


mas com ela se relacionam. Por isso, diz Ratzel, “A sociedade
é o intermediário pelo qual o Estado se une ao solo. Segue-se
que as relações da sociedade com o solo afetam a natureza do
Estado em qualquer fase do seu desenvolvimento que se
considere”.
Fonte: SILVA, Armando Corrêa da. “A concepção clássica de geografia política”. RDG -
Revista do Departamento de Geografia v. 3, 1984. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/rdg/issue/view/3915>. Acesso em 01.01.2000.
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Mudanças no objeto de definição de Ratzel:


 Contudo, ao longo do século XX, essa concepção de território
recebeu um sentido diferente, mais amplo, e abordou uma vasta
gama de questões pertinentes ao domínio físico e/ou simbólico de
determinada área. As fronteiras que separam os indivíduos no
século XXI revelam uma pluralidade de diferenças que se estendem
nas vertentes culturais, no alinhamento político e nas associações
regionais entre as nações.
 A dimensão territorial ganhou novamente importância devido ao
fim da bipolarização, tanto do ponto de vista militar quanto
econômico, e deu espaço para o desenvolvimento de novos
acordos federativos que legitimam as novas políticas e as
chamadas áreas de influência.
 O estudo serve como base para o entendimento de fenômenos do
mundo moderno, como a fragmentação e a regionalização.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 A denominação “Estado-nação”, portanto, sofre inúmeras


alterações.
 A modernidade confunde-se com a própria ideia e práticas de
internacionalização! Desde a instauração do capitalismo.
 Transformações em todas as dimensões sociais.
 Uma das abordagens que define as questões de poder nas
relações internacionais é a descrita como realismo defensivo,
caracterizado por Kenneth Waltz como a tendência que as
nações possuem de buscar o equilíbrio, dando origem ao
termo balança de poder. (VESENTINI, W. J. “Novas
geopolíticas”. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.)
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Assim, a balança de poder, seja ela regional, global ou


sistêmica, pode ser também unipolar, bipolar, multipolar
equilibrada ou multipolar desequilibrada:
 unipolar: uma potência hegemônica;
 bipolar: dois Estados detêm a mesma quantidade de poder,
superiores aos demais;
 multipolaridade equilibrada: três ou mais Estados possuem
poder relativamente semelhante;
 multipolaridade desequilibrada: há três ou mais Estados
dentro da balança de poder, mas um deles possui mais poder.
 Em um mundo globalizado, a balança de poder funciona como
um eixo que norteia as decisões.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O poder na geopolítica é designado por meio de diversas


interfaces, sejam elas econômicas, políticas ou bélicas.
Conjugadas, elas representam uma liderança, como a
que há décadas é sustentada pelos Estados Unidos.
 Devido às circunstâncias, na geopolítica atual a expansão
territorial e o imperialismo dos séculos anteriores perdem
lugar para o desenvolvimento intensivo da economia, visto
que novos investimentos na indústria aumentam o poder
de barganha do Estado e elevam seu status.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Logo, uma economia forte não investe necessariamente


apenas em armamentos e desenvolvimento de tecnologias
bélicas, mas sim sustenta e expande sua indústria para
abranger e competir no mercado internacional. Ao valer-se dos
recursos minerais e naturais, do petróleo e da tecnologia –
grande potencial e diferencial entre as nações que os detêm ou
não –, a economia se torna uma das principais fontes de poder
e sinônimo de liderança global.
 Perspectivas, segundo Adam Smith x Cecil Rhodes.
Interatividade

Assinale a alternativa que apresente a configuração geopolítica


básica do período da Guerra Fria.
a) Unipolar.
b) Multipolar.
c) Multipolaridade desequilibrada.
d) Multipolaridade equilibrada.
e) Bipolar.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

5.2 Geografia política e geopolítica


 A geopolítica sempre existiu, antes sem sistematização!
Sempre que tivermos: agentes sociais com interesses na
manutenção ou na conquista de recursos (território).
 A geografia política tem terminologia própria e é área
específica de conhecimento consolidada nas ciências sociais
do final do século XIX.
 Seu tema central é a problemática da relação entre política e
território, elementos essenciais no processo histórico de
formação das sociedades.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Todas as ações e as relações sociais que compõem se


territorializam.
 As tensões e os arranjos servem como base para uma
abordagem e uma análise geográfica.
 Assim, pode-se dizer que é na relação entre a política e o
território que surge a base material e simbólica de uma
sociedade (conceito que é definido na geografia política).
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Como afirma Costa (2008):


 É sem sombra de dúvida que o surgimento da geografia política
e, sobretudo, da geopolítica é um produto de contexto europeu na
virada do século XIX para o XX, com F. Ratzel e R. Kjellén,
respectivamente. Num plano mais geral, entretanto, não se pode
esquecer que o interesse pelos fatores referentes à relação entre
espaço e poder também manifesta um momento histórico que
envolvia o mundo em escala global, caracterizado pela
emergência das potências mundiais e, com elas, o imperialismo
como forma histórica de relacionamento internacional. Em outros
termos, as estratégias dessas potências tornaram-se, antes
de tudo, globais, isto é, “projetos nacionais” tenderam a assumir
cada vez mais um conteúdo necessariamente internacional.
(COSTA, W. M. “Geografia política e geopolítica: discursos sobre
o território e o poder”. São Paulo: Edusp, 2008.)
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Biologia. Ratzel procurou elaborar uma teoria das relações


entre a política e o espaço e introduziu o conceito de sentido
do espaço, o qual determina que certos povos devem possuir
maior capacidade de ordenar suas respectivas paisagens,
de valorizar seus recursos minerais/naturais e de se fortalecer
a partir de sua própria fixação no território. Assim como as
ciências sociais da época, o modelo de Ratzel também foi
inspirado na biologia, a ponto de refletir e buscar responder os
problemas que ocorriam na época, como as disputas
territoriais e o fortalecimento e aparecimento do Estado
nacional como detentor do poder do povo e dos
territórios dominados.
RATZEL, F. “Geografia do homem (antropogeografia)”.
In: MORAES, A. C. R. (org.). Ratzel. São Paulo: Ática, 1990.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

A geografia política:
 Foco nas relações externas e internas entre os Estados.
 Todavia, ambas as categorias possuem suas respectivas
problemáticas, visto que a geografia política é um campo de
estudos que explica e leva os pesquisadores e interessados a
encará-lo de duas formas:
 Primeiramente, da perspectiva da geografia (ciência) e dos
efeitos dela na ação política;
 e em segundo lugar, da relevância da geografia (formas
espaciais e localizações) perante situações, problemas e
atividades de ordem política.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Atreladas a esses conceitos (da geografia política), estão as


questões referentes ao poder e às estratégias de controle e
dominação de um Estado (geografia política e geopolítica
clássica), que ficaram implícitas na agenda da geografia
política nas primeiras décadas do século XX e desencadearam
um nível de análise nacional e global nas mais diversas áreas
de estudos da disciplina.
 Isso pode ser expresso nos contextos históricos do pós-
Primeira Guerra Mundial – visto a nova redistribuição territorial
e a redefinição de fronteiras – e da Segunda Guerra Mundial – a
geopolítica alemã, fundamentada com os conceitos de Ratzel,
justificou intelectualmente o autoritarismo alemão do Terceiro
Reich e o expansionismo deste decorrente.
VESENTINI, W. J. “Novas geopolíticas”. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O campo de estudo da geografia política dá importância


fundamental às análises das relações entre a comunidade e o
ambiente físico que ela ocupa. Foco no Estado como agente
privilegiado da análise.
 Cada ambiente proporciona determinadas oportunidades e
que seus respectivos habitantes poderão ou não utilizá-las.
 Isso é regra, mas não lei! Exemplo do Japão.
 Definições históricas de recurso.
RAFFESTIN, C. “Por uma geografia do poder”. São Paulo: Ática, 1993.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Essa grande variedade de ambientes geográficos está


expressa em um vasto número de Estados, os quais possuem
três elementos fundamentais para sua configuração: povo,
território e organizações. Contudo, onde quer que as pessoas
habitem em um território e independentemente de qual for o
sistema político adotado, suas atividades constituem, pelo
menos em parte, um reflexo de suas condições no ambiente.
Essas condições determinam limites e comprometem as
atividades que ocorrem dentro do território
(HOBSBAWN, 1995).
 Essa consideração básica em relação à geografia política
demonstra que os Estados estão sujeitos às mutações.
 Dinamicidade das condições internas e relações externas do
Estado, principalmente no período contemporâneo.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Um dos diversos exemplos que ilustram essa mudança e


dinâmica das relações internacionais e da geopolítica é a
divisão do leste europeu no período da Guerra Fria.
 Caso da queda do Muro de Berlim.
 Sugestão de filme: “Adeus, Lênin!”
Figura da página seguinte:
Mauerfall by Greek cartoonist
John Antóno Muros de Berlin
<http://www.johnantono.blogs
pot.gr/2015/11/mauerfall.html>
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Observação:
 O Muro de Berlim foi erguido pela República Democrática
Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria. Esse muro,
além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a
divisão do mundo em dois blocos. De um lado, a República
Federal da Alemanha, que participava do bloco constituído
pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos,
e, de outro, a República Democrática Alemã, constituída pelos
países socialistas simpatizantes do regime soviético. O muro
foi erguido no dia 13 de agosto de 1961 e começou a ser
derrubado na noite de 9 de novembro de 1989, após 28 anos
de existência.
Interatividade

Assinale a alternativa que esteja de acordo com as afirmações


do nosso bloco da aula.
a) A principal diferença entre geografia política e geopolítica
é que a geopolítica é uma área estritamente acadêmica.
b) Não há possibilidade de explicar a realidade internacional
da geografia política.
c) Os elementos ambientais não constituem a problemática
geopolítica.
d) A geografia política é uma via de interpretação da realidade
política com foco na espacialização do poder e nos
recursos geopolíticos.
e) Há ações estritamente institucionais, sem a
dimensão espacial.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

5.3 A evolução do pensamento em geopolítica


 Fim da Guerra Fria: processo de globalização e
multipolarização política.
 Fim do hiato no debate geopolítico decorrente do fim da
Segunda Guerra Mundial.
 Descolonização de países africanos, revoluções no leste
europeu, entrada de nações emergentes no contexto
internacional e a mudança no padrão das relações
internacionais: pensamento geopolítico contemporâneo.
 O mundo não era mais regido somente pelo poderio
econômico ou militar das superpotências, mas por
aproximações e afinidades culturais, sociais, étnicas e
regionais; ocasionando uma perspectiva ainda mais
para a análise do sistema internacional.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

5.4 Geopolítica clássica


 O termo geopolítica adveio de um neologismo utilizado por Rudolf
Kjellén e se tornou uma expressão comum para explicar e
sistematizar o pensamento relativo às relações entre os Estados e a
relevância do território-nação.
 Na época (XIX-XX), a Suécia via-se dividida no debate referente à
dissolução da União de Estados Suécia-Noruega, fato que acabou
ocorrendo em 1905. Kjéllen representava um forte opositor da
independência da Noruega.
 A geopolítica é apresentada como uma forma de ciência do Estado,
que é visto da perspectiva de um organismo geográfico e analisado
a partir de sua manifestação e interação como país, território ou até
mesmo como império. Contudo, essa nova “ciência” tinha como
objeto de estudo constante o Estado unificado e almejava contribuir
para o entendimento profundo de sua estrutura.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Para Kjellén, a geopolítica representava uma verdadeira


ciência autônoma que se utilizava de um objeto de estudo
novo, diferentemente da geografia política, criada por
Ratzel, no século XIX.
 Kjellén provoca um debate entre geógrafos e geopolíticos.
 Além de ideias e teses geopolíticas nos vastos trabalhos e
publicações que auxiliam na compreensão do pensamento e
contextualizam todas as questões relevantes da época, desde
os problemas territoriais de expansionismo até as zonas de
influência das grandes potências. O debate teve seu início,
principalmente, por duas razões:
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Primeira: a partir de questões acadêmicas, afirmavam e


criticavam Kjellén por simplesmente ter adaptado parte da
obra de Ratzel e a chamada antropogeografia para uma
perspectiva mais ampla e adequada à realidade, sem, no
entanto, ter criado uma “ciência” nova que merecesse uma
desvinculação total da geografia já conhecida ou da geografia
política.
 Segunda: ele recaía sobre questões políticas e era reflexo do
ambiente global conturbado e dos problemas internos da
Alemanha, que possuía uma visão equivocada da perspectiva
de Kjellén e afirmava que esta havia influenciado e causado
parte da derrocada alemã por não contribuir nos assuntos
relacionados à definição das fronteiras nacionais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Em 1924, foi fundada a Revista de Geopolítica, destinada


diretamente aos geógrafos profissionais e tendo em vista
também a divulgação dos conteúdos escritos por diplomatas,
políticos, jornalistas e industriais. Porém, a principal
contribuição e personalidade da revista era Karl Haushofer,
que possuía características de um militar acadêmico.
 É ainda relevante ressaltar que os trabalhos de Haushofer
também foram influenciados pelo grande debate que teve início
nos anos 1924 e 1925 entre os geógrafos alemães e os
defensores da geografia política clássica, na linha de Ratzel.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Aceitação e ruptura:
 Entretanto, para tal fazia-se necessário romper com a tradição
da geografia clássica anteriormente proposta, pois, em sua
essência, embora o dualismo da geografia e os conceitos de
Ratzel fossem estritamente importantes, eles se tornavam
ultrapassados para a época. Assim, traçou-se uma distinção
entre a geografia política, que estuda a distribuição do poder
estatal à superfície dos continentes e suas condições (solo,
configuração, clima e recursos) e a geopolítica em si, que tem
como objetivo principal a atividade política de um
determinado Estado num espaço natural.
VESENTINI, W. J. “Novas geopolíticas”. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Geopolítica das ideias continentalistas. Ela definiu um novo


conceito, chamado panregião, que se referia às quatro grandes
regiões mundiais: a Euro-África (toda a Europa, o
Médio-Oriente e todo o continente africano), a Pan-Rússia (a
generalidade da ex-União Soviética, o subcontinente indiano e
o leste do Irã), a Área de Coprosperidade da grande Ásia (toda
a área costeira da Índia e sudeste asiático, o Japão, as
Filipinas, a Indonésia, a Austrália e a generalidade das ilhas do
Pacífico) e a Pan-América (todo o território desde o Alasca à
Patagônia e algumas ilhas próximas do Atlântico e do
Pacífico).
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Estreitamente ligada à tese das panregiões está a ideia dos


Estados-diretores, que consistia na liderança de cada uma
dessas áreas por um Estado forte, dinâmico, com grande
população e recursos, dotado de altos padrões econômicos e
industriais e de uma posição geográfica que lhe permitisse
exercer um efetivo domínio sobre os demais. Os Estados
melhores posicionados para exercerem essa liderança seriam,
segundo Haushofer, a Alemanha (Euro-África), a Rússia
(Pan-Rússia), o Japão (Área de Coprosperidade da grande
Ásia) e os EUA (Pan-América).
“As panregiões de Haushofer”. In: VESENTINI, W. J. Novas geopolíticas. 4. ed. São
Paulo: Contexto, 2007.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Pan-Rússia
Pan-América

Euro-África

“As panregiões de Haushofer”. In: VESENTINI, W. J.


Novas geopolíticas. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O mundo segundo Mackinder – o Heartland (coração da Terra)


ou Pivot Area (região pivô) – e sua inter-relação com a
dominação e/ou desequilíbrio de poder no continente
euroasiático. (In: VESENTINI, W. J. “Novas geopolíticas”.
4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.)

Fonte:
https://gramaticadomund
o.blogspot.com/2011/02/r
evolta-popular-nos-
paises-arabes-o.html
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Geógrafo. F. Ratzel: geografia política.


 Jurista. Rudolf Kjellén: geoestratégia, geopolítica diferente
da geografia política e da ciência política, Estados soberanos
e diretores.
 Almirante A. Mahan: racismo e poder naval.
 Militar e acadêmico. Karl Haushofer: ordem, saber estratégico
e superação de Ratzel, distinção entre a geografia política,
que estuda a distribuição do poder estatal à superfície dos
continentes e suas condições (solo, configuração, clima e
recursos) e a geopolítica em si, que tem como objetivo
principal a atividade política de um determinado Estado em um
espaço natural.
 Geógrafo Halford John Mackinder: poder terrestre.
 Agentes: Estados.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

5.5 Geopolítica contemporânea


 Agentes: diversos.
 Multipolaridade – bipolaridade à unipolaridade.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Estados Unidos da América idealizaram um plano capaz de


suprir as necessidades das nações devastadas pela Segunda
Guerra Mundial: o Plano Marshall.
 A linha de divisão geográfica que Huntington criou entre as
civilizações do leste e do oeste é praticamente idêntica a de
Kjellén, 80 anos antes.
Interatividade

Assinale a alternativa correta.


a) A geopolítica clássica não admite a existência da sociedade
civil nem do indivíduo.
b) A geopolítica contemporânea não considera o Estado como
agente privilegiado de análise.
c) A geografia política não tem relação com a geopolítica.
d) A geopolítica contemporânea considera além do Estado
outros agentes individuais e coletivos.
e) A geografia política não considera os atributos sociais para a
análise, apenas os ambientais e localizacionais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

6. Aspectos da geopolítica atual: fronteiras nacionais e


internacionais, a guerra e a paz de acordo com a geopolítica, o
poder central e o poder local e políticas territoriais
 Conceito de geopolítica: nada mais é que uma análise das
interações políticas entre países em função de seus aspectos
“naturais”.
 Observação: parece simples caracterizar a geopolítica, porém
tal conceito abarca dimensões sutis quando observamos as
práticas de soberania que atualmente são exercidas. A
compreensão de território e os aspectos ambientais que a ele
pertence determinam a criação de fronteiras no contexto
geopolítico.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

6.1 As fronteiras nacionais e internacionais


 Primeiramente, é necessário entender o que uma fronteira
representa dentro da estrutura de um país. As fronteiras não
representam apenas uma mera divisão e unificação de pontos
diversos, elas determinam também a área territorial precisa, a
base física de um Estado. Assim, as fronteiras delimitam a
soberania de um poder nacional. Para que haja um Estado
soberano de direito, é necessário que haja fronteiras
estipuladas e respeitadas.
 Fronteiras: expansivas; limites: interdições...
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Dentro de seu território, um Estado pode criar novas fronteiras


com o intuito de melhorar a eficácia de sua administração
mediante a descentralização do poder. Essas fronteiras não
possuem o caráter restritivo que as fronteiras internacionais
possuem, mas podem ter força jurídica e possibilitar a
existência de leis diferentes e até mesmo divergentes dentro
de um mesmo país. A possibilidade para que essa situação
ocorra está no formato de governo. Na maioria dos estados
federais, as subdivisões – que podem ser chamadas de
estados, províncias, departamentos, repúblicas,
municipalidades ou cantões – possuem autonomia para
gerenciar vários aspectos da governabilidade dentro de suas
fronteiras.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Estados federais:
 também conhecidos como federação (do latim foedus, foederis
= aliança), os estados federais são um tipo de Estado soberano
caracterizado por uma união de estados ou regiões
parcialmente autorregulados e gerenciados por um governo
central (federal). Em uma federação, o regime de autonomia
dos estados participantes é, normalmente, constitucional e não
pode ser alterado por uma decisão unilateral do governo
central.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Historicamente, mesmo antes de ser um Estado-nação, o Brasil


já tinha uma configuração territorial delimitada pelos acordos
de 1750 (Tratado de Madri) e de 1777 (Tratado de Santo
Ildefonso), que visavam à separação de terras entre Portugal e
Espanha. Cabe lembrar que tais tratados colaboraram
sobremaneira para que, a princípio, não houvesse
derramamento de sangue durante o processo de delimitação
das fronteiras brasileiras e de países vizinhos. Os diplomatas
brasileiros estabeleceram nossas fronteiras baseados em
documentação cartográfica, no princípio de direito de posse
e na história. Esse trabalho foi concluído em meados do
século XIX. Nos primeiros anos do século XX, alguns
problemas relacionados à fronteira surgiram e foram
solucionados com grande habilidade pelo Barão de
Rio Branco.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Atualmente sob a égide da Divisão de Fronteiras, sediada no


Ministério das Relações Exteriores, duas Comissões são
responsáveis pelas atividades elaboradas para a manutenção da
fronteira entre o Brasil e seus vizinhos:
 Primeira Comissão Brasileira Demarcadora de Limites:
sediada na cidade de Belém do Pará, sua função é tratar das
atividades fronteiriças do Brasil com o Peru, a Colômbia, a
Venezuela, a Guiana, o Suriname e a Dependência Francesa;
 Segunda Comissão Brasileira Demarcadora de Limites:
sediada no Rio de Janeiro, é encarregada das atividades entre
o Brasil e o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e a Bolívia.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

6.2 A guerra e a paz de acordo com a geopolítica


 Geopolítica e guerra são termos que se integram em um
processo dinâmico de soberania, sendo o foco direcionado para
o território e seu estabelecimento. Em certas circunstâncias,
geopolítica, guerra e paz sempre foram comparadas a gêmeos
siameses ou até mesmo a amantes inseparáveis. Isso pode ser
comprovado por uma análise simples da importância do
território e dos fatos históricos para a compreensão desses
conceitos. Além disso, é impossível discutir geopolítica, suas
tendências e sua evolução em um único contexto e a partir de
um ponto vista estratégico e prático. A gama de fatos históricos
e geográficos que o tema geopolítica inclui exigiria uma
enciclopédia...
 ... Portanto, é insignificante pensar e falar dos fenômenos da
guerra e da paz sem a inclusão contextual da geopolítica.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

6.3 O poder central e local no país, central e periférico, no


planeta e o poder global (mercado internacional) e local (plano
concreto)
 Nos últimos anos, os governos mundiais passaram por um
processo transformador em sua gestão de poder. Esse
processo, conhecido como descentralização, já existia há
séculos, embora já estivesse mais solidificado desde a década
de 1990. Nele, o poder central, que concentra as funções
administrativas de um território, delega poderes de decisão
para outras entidades dotadas de capacidade jurídica para
administrar certa parte desse território. A intenção dessa
delegação é melhorar a eficácia da gestão governamental de
um país.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 No Brasil, a noção histórica de poder local está vinculada ao


coronelismo, ao patrimonialismo e ao personalismo no
exercício do poder político. Porém, em um regime democrático,
o poder local deverá ser visto sob outro ângulo, ou seja, a
partir de noções de descentralização e participação da
cidadania no poder político.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

6.4 As políticas territoriais


 As políticas territoriais podem ser entendidas como o campo das
ações emanadas dos poderes centrais, regionais e locais sobre os
diversos territórios. Esse tipo especial de política pública – que tem
recebido um aporte mais tradicional do planejamento regional – está
situado em plena crise do Estado territorial moderno em cenários
globais-regionais, que passam por profundas transformações. A
década de 1990 e a crise dos Estados desenvolvimentistas periféricos
representam rupturas de paradigmas socioeconômicos e políticos
com significados e alcances tão ou mais profundos do que a própria
constituição dos Estados nacionais sul-americanos, no século XIX.
 O território é tanto um meio como uma condição para algumas
dessas estratégias.
CASTRO, I. E. “Geografia e política – território, escalas de ação e instituições”.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
Interatividade

Assinale a alternativa correta.


a) Políticas territoriais são medidas estritas sobre a
organização das fronteiras.
b) Políticas territoriais são medidas planejadas para a
organização socioespacial das práticas humanas.
c) Fronteiras são linhas imaginárias sempre invisíveis.
d) Limites territoriais podem ser vistos nos terrenos ou nos
mapas; a exemplo da delimitação da área de rodízio (restrição
classificatória de tráfego, isto é, 20% por dia).
e) Fronteiras são simbólicas e, portanto, objetos culturais
não administráveis.
ATÉ A PRÓXIMA!
Unidade III

GEOPOLÍTICA, REGIONALIZAÇÃO
E INTEGRAÇÃO

Prof. Adilson Camacho


Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Roteiro da Unidade III (Obs.: todas as citações diretas e sem


indicação de fonte são do livro-texto: VASQUES, Enzo Fiorelli.
Geopolítica, regionalização e integração. São Paulo: Sol, 2012.
p. 128).
Roteiro

7 A agenda da geopolítica moderna

7.1 Comércio internacional e desenvolvimento econômico.

7.2 Alguns desafios para a inserção positiva dos países em


desenvolvimento nas relações de comércio internacional

7.3 O meio ambiente


Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Roteiro
8 A regionalização e a integração
8.1 Aspectos teóricos e históricos de integração regional
8.2 Fases da integração
8.3 Principais sistemas de integração regional
8.3.1 Mercosul (Mercado Comum do Sul)
8.3.2 Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta)
8.3.3 União Europeia
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Objetivos gerais da disciplina:


 Análise e entendimento das interações entre unidades políticas
(agentes diversos), países e suas tendências.
 Abordagem contemporânea da geopolítica, estudo das
macropolíticas e das fronteiras nacionais, tratando dos
processos de regionalização e integração.
 Ao abordar os conceitos e objetivos das políticas externas,
as ações e interações entre os Estados, a disciplina analisa a
questão das fronteiras e compõe debates entre aqueles que
defendem seu fim e aqueles que as vêm transformadas; além
de debates sobre as relações de poder, como as que envolvem
questões relacionadas aos recursos ambientais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Objetivos específicos da disciplina:


 analisar os fundamentos das relações territoriais de poder;
 identificar as relações entre Sociedade ou agentes públicos e
privados (estado, empresas e indivíduos), Território e Poder;
 analisar teorias das relações sociais e internacionais de
poder;
 conhecer as noções complementares de Cooperação e de
Competição;
 conhecer os conceitos e objetivos das políticas externas;
 entender a evolução dos projetos e das práticas geopolíticas;
 conhecer a agenda da geopolítica moderna;
 compreender os aspectos da integração regional.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Globalização capitalista causou provavelmente mais riqueza


material e progressos sociais do que jamais ocorreu em fases
precedentes da economia mundial.
 Ao mesmo tempo, visualizamos o aumento das diferenças
entre nações.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Os interesses de cada país estão manifestos por meio de suas


políticas internas e externas e refletem seus objetivos no que
diz respeito a desenvolvimento econômico, capacitação
tecnológica, maior participação no comércio global,
crescimento de índices sociais, busca pelo poder, entre outros.

 Seja qual for o objetivo, em geral as ações do Estado estarão


sujeitas à eventual influência de grupos de interesse que
apoiam suas decisões políticas no âmbito interno.

 Também nas questões de meio ambiente, o número de acordos


ambientais internacionais e os acordos voluntários cobrem
grande parte das regiões e das questões globais. Além disso,
existem os aspectos teóricos e históricos da integração
regional, que faz parte de nosso assunto.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

7.1 comércio internacional e desenvolvimento econômico


 Em uma perspectiva histórica, a expansão do comércio
internacional foi sustentada pelos contínuos aumentos da
produtividade e das produções agrícolas e industriais, pela
especialização e divisão de trabalho e pelas vantagens
comparativas de troca.
 O comércio assume papel fundamental na expansão da
economia internacional a partir da revolução comercial
industrial, sendo que sua importância é plenamente admitida
nos princípios da teoria clássica do comércio.
 Comércio, em qualquer escala, continua sendo essencialmente
Territorial, apesar das afirmações “tendenciosas” e “festivas”.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Na medida em que os meios de intermediação da riqueza


mundial – baseada nas normas reguladoras dos padrões
metálicos – tornavam-se inadequados, o comércio
internacional se constituía como um eficiente mecanismo de
acúmulo de reservas internacionais, de meios internacionais
de pagamento e de orientação dos fluxos de capitais.
 A Balança comercial ganhou significativa importância na
medida que impactou o equilíbrio dos Balanços de
pagamentos nacionais, equilíbrio este dependente do acúmulo
de recursos financeiros gerado pelas transações de bens e
serviços.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Papel das novas tecnologias: dimensão política (poder) na


propriedade e nas transferências tecnológicas.
 Utilização de Trabalho local pelo Capital transnacional e os
diferentes padrões de produção criaram alternativas de
produção ao deslocar atividades para determinados lugares,
de modo que o processo completo se constituísse com base
no trabalho de diferentes países, fracionando os processos.
 Da mesma forma, questões relativas ao fluxo monetário, tais
como investimentos diretos e fluxo financeiro internacional
(capital especulativo e produtivo), estão intrinsecamente
relacionadas ao comércio exterior.
 Juntos, esses elementos são responsáveis pelas transações
correntes do país e afetam direta e indiretamente o
crescimento econômico nacional.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Conduzidas pelas motivações do lucro em função do próprio


processo histórico, as crescentes relações de comércio entre
os países provocaram a ampliação de mercados consumidores
às custas de subordinação e dependência nos processos de
desenvolvimento.
 Juntamente com um maior número de fornecedores de
insumos e de matérias-primas e com as novas possibilidades
de atividades econômicas (novos produtos e serviços),
essa ampliação estimulou a produção em escala e obteve
um consequente aumento da produtividade a partir da
especialização (diretiva, coativa, imposta), tanto nas atividades
agrícolas e extrativas quanto nas industriais e de serviços.
Ver Teoria da Dependência que, para muitos, é antiquada.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Os mercados são administrados dentro do marco de


regulamentação governamental nos âmbitos nacionais e pelo
consenso nos foros multilaterais, estabelecidos e
internacionalmente aceitos após a Segunda Guerra Mundial.
 Após o protecionismo dos anos 1930, o comércio internacional
cresceu a um ritmo sustentado no pós-guerra, atuando como
indutor de modernização tecnológica e de ganhos de
competitividade. O advento da globalização econômica gerou
uma produção de bens em maiores quantidades a custos
continuamente mais baixos. O fator preponderante da
globalização é a internacionalização da economia, ininterrupta
desde a Segunda Guerra Mundial.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 7.2 Alguns desafios para a inserção positiva dos países em


desenvolvimento nas relações de comércio internacional.
 A globalização capitalista percebida nas últimas décadas do
século XX trouxe provavelmente mais riqueza material e
progressos sociais do que jamais ocorreu em fases
precedentes da economia mundial. Ao mesmo tempo, tem-se
o “aumento das diferenças entre nações desenvolvidas e
países em desenvolvimento, assim como das desigualdades
no acesso a bens e a distância acumulada entre os
rendimentos dos grupos sociais”.
Interatividade

Assinale a alternativa correta:


a) A economia internacional contemporânea é, em grande parte,
virtual, digital.
b) A globalização permitiu a virtualização dos mercados,
desprendendo-se do espaço geográfico.
c) O comércio tornou-se muito dinâmico e universal, o que está
relacionado à queda das barreiras tarifárias e à livre circulação
de mercadorias e pessoas pelo mundo contemporâneo, e à
abolição tanto da geografia objetiva (território) quanto da
científica (acadêmica).
d) O comércio sob os acordos pós-Bretton Woods garante
participação de todos dos países no mercado internacional.
e) O desenvolvimento promovido no pós-guerra é violento e
seletivo, desde a concepção até suas práticas de colonialismo e
imperialismo renovadas e travestidas de relações internacionais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 2º Bloco
 Governança
 Desde o final da Segunda Guerra Mundial acentuam-se as
características de interdependência no sistema econômico
internacional e, ao mesmo tempo, houve a necessidade de se reduzir
o alto nível de protecionismo ao comércio internacional. Havia a
necessidade de regras e instituições que permitissem aos países
projetar suas políticas de empregos e investimentos sem
desestabilizar a economia mundial.
 De acordo com o que podemos constatar, a maior preocupação dos
países da ordem capitalista no imediato pós-guerra residia na
construção simultânea de um ambiente pacífico, favorável ao
crescimento econômico das nações, e de uma nova ordem capitalista
capaz de trazer estabilidade política e econômica, além de cercear a
expansão do socialismo, que saiu fortalecido no período posterior ao
conflito.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Da dinâmica das relações internacionais de comércio no âmbito


de negociação do GATT, percebe-se que na prática as
premissas de livre comércio das teorias de comércio
internacional propaladas até os dias atuais pelas nações
desenvolvidas não se estabeleceram no comércio internacional.
Uma ordem econômica liberal nas relações econômicas
internacionais nunca foi implantada nesse período. Por outro
lado, ao se evocar a visão realista das relações internacionais,
conferimos que os interesses nacionais exacerbados dos
países desenvolvidos ignoraram e ainda ignoram as assimetrias
econômicas estruturais, pois exigem, em determinado
momento, livre comércio e igualdade de oportunidade nas
negociações.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O GATT criou as bases de um sistema de comércio


internacional que pode ser melhor caracterizado como
administrado em vez de liberal.
 As regras do GATT nunca foram implementadas rigidamente
quando os interesses dos países industriais avançados
estavam em risco.
 O fato é que, desde a criação do GATT, os países em
desenvolvimento “foram conscientemente discriminados
no acesso ao mercado dos países industriais”.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 “Economia normal”
 O GATT permitia a gestão das políticas nacionais de comércio
com um mínimo de regras.
 Os dois princípios básicos do acordo apresentavam um
grande equívoco ao presumir que os parceiros comerciais
estavam em posições similares.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Os interesses de cada país, manifestos por meio de sua


política externa, refletem seus objetivos quanto ao
desenvolvimento econômico, à capacitação tecnológica, à
maior participação no comércio global, ao crescimento de
índices sociais ideais, à busca pelo poder, entre outros.
 Seja qual for o objetivo, em geral as ações do Estado estarão
sujeitas à eventual influência de grupos de interesse que o
apoiam em suas decisões políticas no âmbito interno.
 A liberalização do comércio, portanto, se concentrou em
indústrias caracterizadas pela especialização internacional
“intraindustrial”.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Então, a concentração sistêmica...


Concessões tarifárias eram praticamente irrelevantes para
economias em desenvolvimento que não tinham a possibilidade
de uma resposta de oferta. Dessa forma, tem-se que:
“[...] a partir do quarto final do século XX, um terço, senão mais,
do comércio internacional é realizado entre as próprias firmas
multinacionais, geralmente em um sentido norte-norte, já que o
comércio norte-sul continua a ser dominado por um padrão mais
tradicional de trocas, envolvendo matérias-primas e commodities
contra manufaturados e outros produtos
de maior valor agregado (ALMEIDA, 2002, p. 52).
ALMEIDA, P. R. Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações
internacionais contemporâneas. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 As negociações Rodada Kennedy (1963-1967) e da Rodada


Tóquio (1973-1979)] continuaram dominadas pelas principais
economias desenvolvidas, mesmo com uma atitude mais ativa
dos países em desenvolvimento a partir dos anos 1960.
Os custos geram maior preocupação dos países nas relações
internacionais. E esses custos foram certamente debitados da
conta dos países em desenvolvimento. Assim, é evidente que:
 “[...] os governos dos países industrializados procuraram
transferir, para fora de suas fronteiras, os custos sociais
resultantes de ajustes à diferenciação funcional ou
interindustrial, ou seja, da diferenciação derivada de
vantagens comparativas interindustriais, que beneficiariam
países menos industrializados”.
DIAS, V. V. O Brasil entre o poder da força e a força do poder. In: BAUMANN, R. (org.)
O Brasil e a economia global. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 As nações mais ricas, em seu Controle da ordem econômica


internacional, acabaram introduzindo exigências de maior
reciprocidade ou maiores concessões por parte dos países
em desenvolvimento, pois:

Primeiro: manifestação de maior poder relativo nas questões


comerciais em prol de interesses econômicos particulares e não
em prol de um maior nível de liberalização comercial equitativa
que beneficiasse a todos;

Segundo: decorrente do primeiro fator, remete à ausência do


princípio de que a igualdade de condições opera de forma a
aprofundar as desigualdades entre desiguais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Concentradas na exportação de manufaturados intensivos em


“mão de obra”, tais barreiras, conhecidas com barreiras não
tarifárias cresceram ininterruptamente nas décadas de 1980
e 1990.

 Toda essa estrutura desfavorável e a tentativa de introdução


de novos temas no fórum internacional de comércio por parte
dos países desenvolvidos levou o Brasil e outros países em
desenvolvimento a rever sua posição defensiva frente ao
GATT: eles passaram a “defender um sistema multilateral com
o predomínio do direito sobre o arbítrio de poder”.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 A expectativa era de que um sistema mais abrangente de


comércio, fundamentado no direito internacional, gerasse uma
estrutura normativa que trouxesse maior equilíbrio (regulação)
às negociações e maiores restrições ao exercício de poder e às
arbitrariedades.
 Diferente de seu precursor, a Organização Mundial do Comércio
(OMC) é uma organização permanente, com personalidade
jurídica própria e com o mesmo status do Banco Mundial
e do FMI.
 Os compromissos assumidos no âmbito da OMC são absolutos
e permanentes. Prevista na Ata Final da Rodada Uruguai
(1986-1994), a substituição do GATT pela OMC em 1995
não significou, entretanto, o fim das mazelas do comércio
internacional discutidas até aqui.
Interatividade

Assinale a alternativa correta:


a) A substituição da OMC pelo GATT não ajudou os países
pobres.
b) Por mais que se propague a ideia de mercado liberal ou
normal, na prática o mercado é mesmo administrado.
c) No comércio internacional moderno não há como corporações
tirarem proveito das relações assimétricas.
d) Países ricos tentam a todo custo apoiar o crescimento dos
países em desenvolvimento, apesar destes últimos não
ajudarem a si mesmos.
e) A estrutura econômica global está muito bem aparelhada para
não permitir investimentos e transações corporativos em
benefício próprio, para isso existe a OMC com ação efetiva.
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3º Bloco
7.3 o meio ambiente
 Mediante a vasta diversidade de temas que compõem a
agenda das relações internacionais, a ecopolítica e as questões
ambientais ganharam destaque nas últimas décadas. O meio
ambiente e a política de desenvolvimento sustentável causaram
discussões entre os Estados nos organismos internacionais,
o que promoveu ações e tentou minimizar os efeitos do
aquecimento global. Ainda que os Estados estejam no dilema
entre soberania, crescimento econômico, interesses individuais
e questão ambiental, notamos que a ONU e as organizações não
governamentais (ONGs) participam ativamente do processo de
conscientização.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O marco inicial dessas atuações dos membros das Nações


Unidas foi a reunião realizada em 1972, em Estocolmo. Nela,
foi colocada a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano.
 A partir da década de 1970: ecologia, porém com crises de
soberania.
 Caso de Cubatão!
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 A dificuldade de conciliar e obter o consenso em uma


política de desenvolvimento limpo torna o debate sobre
essa problemática cada vez mais constante. As nações
desenvolvidas e as potências econômicas continuam a emitir
quantidades exorbitantes de gases nocivos à camada de
ozônio e, ao mesmo tempo, cobram das nações emergentes
que reduzam seus níveis de emissão ainda que em longo
prazo, mesmo que essas nações ainda estejam em processo
de industrialização e de boom econômico.
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 Movimento ambiental
 Estados, cidadãos e organizações (produtivas e do terceiro
setor).
 Estocolmo, em 1972.
 Rio 92.
 Protocolo de Quioto, em 1997.
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 Modelo de crescimento e padrão produtivo.


 Nesse período, a visão antropocêntrica de meio ambiente
começou a ser dissuadida pelos pensadores da ecopolítica.
Desde a Primeira Revolução Industrial, com o advento da
sociedade moderna, os recursos naturais eram vistos como
uma fonte indispensável para o desenvolvimento econômico
e para o conforto dos indivíduos, o que desencadeou um
pensamento restrito.
 Ver Cortina de fumaça, P. Layrargues. Annablume, 2000.
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 Estabilização.
 Assim, nota-se que a maioria das pautas da comunidade
internacional relativas ao ambiente internacional estão
centradas sobre a noção e concepção de Governança ou
Governança global, seja em sua forma neoliberal,
institucionalista, tradicional e teórica, seja em sua forma
transnacional.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Governança global é um termo genérico que abrange diferentes


tipos de regulamentação internacional ou transnacional ou até
mesmo tipos referentes à institucionalização. Por exemplo, os
regimes e as instituições internacionais, como a Organização
Mundial do Comércio (OMC) e as Nações Unidas (ONU) são
vistos como instrumentos tradicionais de Governança global.
 Formas transnacionais de governança também foram incluídas
nessa definição, como códigos globais de conduta utilizados
por corporações multinacionais ou o desenvolvimento de
normas de uma “sociedade civil global”.
 Há muitas controvérsias.
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 No campo ambiental, o número de acordos ambientais


internacionais e os acordos voluntários cobrem grande parte
das questões globais, que vão desde a então Convenção de
Mudanças Climáticas até problemas internos e fronteiriços
referentes ao desmatamento florestal. Contudo, a partir da
perspectiva ecopolítica, o ponto em questão não é somente a
governança ambiental em si, mas a relação entre as interfaces
econômicas e as faltas de comprometimento das nações e de
poder decisório das instituições para regulamentar as ações
ambientais.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Mesmo com 175 países signatários, ainda vemos impasses à


adoção desse protocolo (Quioto), que recaem sob a questão
dos Estados Unidos e da China, os maiores poluidores globais
que querem continuar a superaquecer suas economias. Ainda
que os países emergentes tendam a crescer nos próximos 20
anos e, consequentemente, poluirão mais, eles não chegariam
à porcentagem de emissão que essas duas potências
representam hoje.

 Atualmente, temos subcategorias de nações poluidoras que


vão do Grupo de Risco, passando àquele dos países
emergentes, ao grupo dos muito pobres.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Atualmente, temos subcategorias de nações poluidoras que vão


do grupo de risco, que teria de adotar medidas severas para a
redução, até o grupo dos Países Emergentes – com exceção da
China, que se encaixa no primeiro grupo – e o grupo de países
que ainda estão desenvolvendo sua economia ou passam por
uma fase de transição.
 Com a COP15 (Conferência de Copenhagen), foi reforçada a
importância do desenvolvimento sustentável e da preservação
ambiental e a necessidade de cooperação dos mais diversos
organismos e estados. Nações como Brasil, Dinamarca e Índia
fizeram propostas e assumiram o compromisso de fazer a
diferença na redução dos índices de carbono. De certa forma,
esses países conseguiram auxiliar as negociações com as
outras nações, que ainda focavam em suas respectivas
economias mesmo sabendo da gravidade do problema.
(Conferência de Copenhagen, em 2009).
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Questão ambiental é planetária, não nacional.


 Como as questões ambientais são de natureza internacional
e transnacional, elas não podem estar somente interligadas
à esfera dos Estados nacionais. Portanto, a definição das
agendas e dos temas relativos ao meio ambiente e a busca
de soluções para problemas da atualidade requerem o
comprometimento e o envolvimento de outros agentes, que
precisam buscar uma alternativa viável em conjunto com
Estados, instituições e com o próprio mercado. Devido a
esse contato entre os diferentes atores da geopolítica e da
ecopolítica mundial, o cenário que pode ser percebido
ao início do século XX é o de uma ausência de fronteiras
claramente definidas e o de uma sociedade e de um mercado
em constante mudança. Caso de sucesso da The Natural Step,
de Karl Henrik Robèrt...
Interatividade

Assinale a alternativa correta.


a) No exemplo da TNS descrito, a iniciativa de K. Robert falhou
porque não aglutinou os envolvidos.
b) O principal passo para a solução dos problemas ambientais
internacionais e seguir um caminho sustentável, é a
diminuição da atividade produtiva, poluidora, dos países
pobres.
c) Para resolver os problemas ambientais é preciso mudar a
matriz energética.
d) A questão ambiental acabou entrando na pauta do marketing,
econômico e político, com iniciativas pouco efetivas.
e) A questão ambiental é essencialmente técnica, requerendo
bons cientistas empenhados.
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4º Bloco
8 A regionalização e a integração
 No mundo globalizado, participar efetivamente das relações
internacionais significa, essencialmente:

 manter um bom relacionamento comercial com os demais


países ou blocos de países;

 participar efetivamente das negociações de acordos


comerciais dos mais variados moldes;

 estar sempre atualizado em relação às mudanças de


comportamento dos diversos atores.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 A proliferação de acordos regionais marcou profundamente as


relações internacionais a partir da segunda metade do século
XX, tanto no campo econômico como no campo político,
e refletiu também no desenvolvimento do próprio Direito
Internacional. Os acordos regionais encontram apoio no artigo
XXIV do GATT, que dispõe sobre a criação e a formação das
Uniões Aduaneiras e das Zonas de Livre Comércio.
 A justificativa para a formação de Blocos era a de propiciar
maior liberdade de comércio, mesmo que discriminatória,
com vistas ao aproveitamento das vantagens comparativas
recíprocas. Acreditava-se que a integração contribuiria para
gerar ganhos de comércio e, consequentemente, aumento
do bem-estar.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

8.1 Aspectos teóricos e históricos de integração regional


 O Livre Comércio é considerado pelos clássicos como a
melhor forma de usar eficientemente todos os recursos
disponíveis para atingir o máximo de bem-estar mundial.
Mas só isso não é suficiente, pois, como ocorre transferência
de renda entre pessoas e nações, alguns ganham e outros
perdem com a liberdade de comércio.

 Como na realidade não existem mecanismos capazes de


compensar as perdas dos que são prejudicados pelo livre
comércio, os Estados intervêm publicamente para neutralizar
os prejuízos resultantes das trocas internacionais e alavancar
o desenvolvimento econômico.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O período entre as guerras mundiais foi marcado por


acentuado protecionismo e por deterioração das relações
econômicas internacionais. Os Estados Unidos, que após a
Primeira Guerra Mundial emergiram como potência,
aumentaram bruscamente suas tarifas aduaneiras.
 Seus parceiros comerciais impuseram retaliações e
disseminaram “guerras comerciais” acirradas. Por exemplo,
para enfrentar um problema de balanço de pagamento, um
país desvalorizava sua moeda. Isso tornava mais caro o
produto de outro país, que, para recuperar a competitividade,
também desvalorizava sua moeda.
 Assim, mesmo durante os conflitos, toda essa problemática
motivou, a partir de Bretton Woods, o surgimento do GATT
(Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio).
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 O GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio).


 Com o objetivo de reduzir as barreiras comerciais e aumentar
a interdependência das nações, o princípio básico do GATT
era: nenhum país tinha obrigação de fazer concessões, mas
se ele reduzisse suas barreiras à importação de determinado
produto, esse benefício seria automaticamente estendido aos
demais membros. Além disso, esses países precisariam
também assumir o compromisso de não aumentar suas
tarifas ou fazer outras restrições.
 O GATT mostrou sua maior fraqueza na questão da solução
de controvérsia e desrespeito às regras por parte de seus
signatários.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Visão liberal.
 Há criação de comércio quando a produção doméstica, menos
eficiente, é substituída pela importação, mais barata devido à
ausência de barreiras procedentes de um parceiro comercial.
Há desvio de comércio quando o produto socialmente mais
barato em relação ao resto do mundo é preterido em favor
daquele produzido pelo país-sócio.
 A ocorrência de criação ou desvio de comércio depende de
alianças e de (geo)estratégias militares, como bloqueios e
embargos comerciais, ou mesmo projetos nacionais (como o
do desenvolvimentismo), além dos preços dos produtos nos
diferentes países e da dimensão das barreiras alfandegárias.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Para que a união aduaneira possa beneficiar os participantes,


a criação de comércio deve superar o desvio de comércio, de
modo que, no balanço, a formação da união desloque fontes
de suprimento para custos mais baixos mais do que para
custos mais altos.
 Um país eficiente e altamente especializado, porém
diversificado em seus padrões de consumo, pode sofrer
pesadas perdas em desvio de comércio e ganhar pouco em
criação de comércio, enquanto uma economia multissetorial,
comparativamente de alto custo, pode ganhar muito em
criação de comércio e perder pouco em desvio de comércio.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Vantagens da estratégia de união aduaneira podem ser


sintetizadas nos quatros argumentos a seguir:
 maior aproveitamento das vantagens comparativas regionais:
especialização e integração (complementaridade);
 criação de economias de Escala: a união aduaneira, em um
contexto de complexidade industrial, resulta na formação de
um mercado maior para reduzir o custo de produção;
 possibilidade de ofertar maior variedade de produtos: se o
mercado é pequeno e protegido, a oferta de produtos
diferenciados e/ou sofisticados revela-se inviável porque
implica a elevação de custos;
 maior concorrência intrarregional: a integração amplia o
mercado e aumenta a concorrência, melhora a alocação de
recursos, diminuindo a concentração (formação de oligopólios
e monopólios) e os preços para o consumidor final.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

8.2 Fases da integração


 No passado, a integração entre povos era realizada por invasões
e conquistas e os exércitos eram o principal instrumento de
persuasão. Hoje, as nações independentes procuram se integrar
por meio de acordos firmados em função de seus interesses
recíprocos. Há diversos tipos de integração econômica que podem
ser classificados segundo um grau crescente de interdependência.
 Zonas de preferência: são acordos estabelecidos por países
geograficamente próximos, com o objetivo de promover
desenvolvimento e aumento de suas produções, interna e externa,
mediante mecanismos de incentivo ao comércio intrarregional.
Geralmente, são negociados acordos setoriais e concessões
tarifárias ou não tarifárias para todos os participantes, relacionando
as mercadorias e as respectivas margens de preferência.
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

 Área de livre comércio: prevista no artigo XXIV do GATT, ela


consiste na eliminação das barreiras alfandegárias e outras
restrições aos produtos produzidos dentro do grupo de dois
ou mais países, porém, mantêm-se as políticas comerciais
independentes em relação aos demais. Trata-se de um estágio
de integração mais avançado do que a zona de preferência.
O Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte)
é um exemplo desse modelo de integração regional;

 União aduaneira: também definida no artigo XXIV do GATT,


refere-se à substituição de dois ou mais territórios aduaneiros
por um só, com consequente eliminação de tarifas aduaneiras
e restrições ao comércio internacional dos países membros.
A união aduaneira é consequência da eliminação de todos os
obstáculos às trocas internacionais. Exemplo: o Mercosul;
Geopolítica, regionalização e integração (GRI)

Mercado comum: consiste numa união aduaneira na qual os


participantes se obrigam a implementar a livre circulação de
pessoas, de bens, de mercadorias, de serviços, de capitais e de
fatores produtivos. As comunidades europeias já passaram por esse
estágio de integração;
União econômica: nessa fase de integração, os acordos não se
limitam aos movimentos de bens, serviços e fatores de produção,
mas buscam harmonizar políticas econômicas para que os agentes
possam operar sob condições semelhantes nos países constituintes
do bloco econômico. Ex.: União Europeia;
Integração econômica total: esse estágio de integração implica livre
deslocamento de bens, serviços e fatores de produção, além de
completa igualdade de condições para os agentes econômicos, o
que consiste na união econômica e política e na unificação dos
direitos, civil, comercial, administrativo, fiscal etc., com autoridades
supranacionais.
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 8.3 Principais sistemas de integração regional


 8.3.1 Mercosul (Mercado Comum do Sul)
 8.3.2 Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta)
 8.3.3 União Europeia
Interatividade

Assinalar a alternativa correta:


a) Bretton Woods e seus instrumentos representaram um
esforço de bipolarização do comércio.
b) O GATT assegurou a harmonia do comércio mundial.
c) A OMC resolveu todos os problemas do GATT.
d) A formação de blocos representa uma fragmentação no
mercado internacional, processo contraditório e
complementar ao da globalização.
e) A globalização não admite a regionalização, posto que esta
funcione como obstáculo à expansão do capital.
ATÉ A PRÓXIMA!

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