Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Diplomacia
e Política Externa
Revista Negócios Estrangeiros
N.º 20 | Diplomacia e Política Externa
Edição Digital
Revista Negócios Estrangeiros
N.º 20
Edi ção Di gi tal
Direção
Embaixador José Freitas Ferraz
Direção Executiva
Joana Gaspar
Design Gráfico
Marco Rosa
Revisão Editorial
Joana Gaspar, Joana Gonçalves Pereira e João de Almeida Dias
Periodicidade
Semestral
Edição
Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE)
Palácio das Necessidades, Largo do Rilvas – 1350-2018 Lisboa
Tel. +351 213 932 040 | E-mail:idi@mne.pt
Número
Diplomacia e Política Externa
1 de fevereiro de 2021
Índice
Nota introdutória
José Freitas de Ferraz....................................................................................... 1
1. Introdução
Em junho de 2019, representantes de 180 cidades de 72 países
encantavam-se com a música e a arte de um jovem português no Giardini del
Poio em Fabriano, Itália. A XIII UNESCO Creative Cities Annual Conference
era o motivo da reunião de pessoas dos variados continentes na pequena e
encantadora comuna italiana que revelou o papel Fabriano ao mundo. O músico
lusitano partiu das margens do rio Tâmega para revelar-se àquela comunidade
tão diversa. Amarante, sua cidade natal, é uma das 25 cidades música da rede de
1
Este artigo foi concluído em 2019, antes da crise pandémica
*
Ex-Secretária Adjunta de Desenvolvimento Econômico e Inovação da Prefeitura de
Santos, Brasil. Diretora da candidatura de Santos, Cidade do Cinema, para sediar a
Conferência UNESCO 2020 das Cidades Criativas, a ser realizada pela primeira vez na
América Latina. Jurista, atualmente é Doutoranda em Relações Internacionais no Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa. E-mail:
164
niedjaandrade@uol.com.br
4. A Diplomacia Pública
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal reconhece a
importância da DP para a política externa. Com efeito, o MNE desenha os seus
contornos entre os seguintes elementos: promoção da cultura, ação dos
diplomatas, sociedade civil como público alvo e foco na divulgação da imagem
do país. Tais aspetos podem ser identificados na definição para o conceito de
diplomacia pública: “A atividade diplomática praticada junto de atores não
5. A Diplomacia da Cidade
As cidades são um antigo ator nas relações internacionais. A história das
relações internacionais e da diplomacia estão tradicionalmente centradas nos
Estados, relacionando-se à Vestefália (Mendes, 2017, pp. 15-18). Da mesma
forma, entre 1550 e 1300 a.C., na antiga Mesopotâmia e no Egito, a atividade
diplomática era realizada por cidades (Hamilton & Langhorne, 2010, p. 8).
Igualmente, a atuação de embaixadores era comum nas cidades-Estados gregas,
como Atenas e Esparta (Pluijm & Melissen, 2007, p. 6). Adicionalmente, as
cidades-Estados italianas renascentistas foram as primeiras a estabelecer
missões diplomáticas no estrangeiro (Nicolson, 1942, 25-27). Tudo isto
demonstra que a diplomacia praticada pelas cidades é um costume enraizado na
História da Humanidade.
Contudo, a diplomacia também já foi prerrogativa exclusiva dos
Estados. A partir de Vestefália e, até o final da Segunda Guerra Mundial,
prevaleceu o padrão centrado no Estado (Pluijm & Melissen, 2007, p. 7).
Entretanto, com a globalização, ampliou-se a necessidade de apoio ao governo
nacional para gerir temáticas da agenda internacional. Muitas dessas questões
desenrolam-se ao nível local, operando a “vertical disintegration” (Soldatos,
1990, p. 36) e envolvendo a atividade política dos atores subnacionais. Com
efeito, a ampliação do protagonismo dos governos locais e das cidades viria a
6. A Diplomacia do Cidadão
A diplomacia do cidadão está presente no âmbito da UCCN, assim como
a diplomacia da cidade. A participação obrigatória nas conferências anuais da
UNESCO ocorre através de delegação das cidades, normalmente composta por
representantes do setor público, privado e sociedade civil. A conferência
desenrola-se com a interação de pessoas que representam e transmitem a
imagem de suas cidades. Também são promovidas atrações culturais com
artistas das cidades criativas. Adicionalmente, ao longo de cada ano, as cidades
desenvolvem colaboração internacional, baseada em intercâmbios e atividades
culturais, essencialmente. É um cenário em que o cidadão atua como relevante
agente diplomático.
Neste particular, cabe esclarecer que a utilização da palavra cidadão
refere-se ao indivíduo, à pessoa. A escolha pelo vocábulo apoia-se na literatura
internacional, que usa o termo citizen diplomacy para referir-se ao fenómeno. A
sua definição pode ser expressa como “concept that every global citizen has the
right, even the responsibility, to engage across cultures and create shared
Bibliografia
Cull, N. (2009a). Public Diplomacy: lessons from the past. Los Angeles: Figueroa Press.
Cull, N. J. (2009b). Public Diplomacy before Gullion: the Evolution of a Phrase. In N. Snow
& P. M. Taylor (Eds.), Routledge Handbook of Public Diplomacy. (pp. 19-23). New York:
Routledge.
Hamilton, K. & Langhorne, R. (2010). The Practice of Diplomacy: its evolution, theory and
administration. 2a ed. London, New York: Routledge.
Hampel, F. (2002). Some Thoughts about Classification. In K. Jajuga, A. Sokolowski & H.-H.
Bock (eds.), Classification, Clustering and Data Analysis: recent advances and applications.
Heildelberg: Springer.
Hocking, B., Melisen, J., Riordan, S. & Sharp, P. (2012). Futures for Diplomacy: integrative
diplomacy in the 21st century.[Clingendael Report n. 1]. The Netherlands Institute of
International Relations Clingendael, Hague, Netherlands. Recuperado em: 10 de setembro de
2019: < https://www.clingendael.org/publication/futures-diplomacy-integrative-diplomacy-
21st- century>.
Marshall, J. (1949). International Affairs: Citizen Diplomacy. The American Political Science
Review, 43, 83-90.
Melissen, J. (2001). Beyond the New Public Diplomacy. [Working Paper. Clingendael Paper
n. 3]. The Hague: Netherlands Institute of International Relations ‘Clingendael’.
Melissen, J. (2005). The New Public Diplomacy: between Theory and Practice. In Jan
Melissen (ed.), The New Public Diplomacy. New York: Palgrave.
Nye, J. S., Jr. (2008). Soft Power and Public Diplomacy. Annals, AAPSS, 616, pp. 94-109.
Nye, J. S., Jr. (2010, oct, 4). The Pros and Cons of Citizens Diplomacy. New York Times.
Recuperado em 29 de setembro de 2019: <
https://www.nytimes.com/2010/10/05/opinion/05iht-ednye.html NEW YORK TIMES>.
Nye, J. S., Jr. (2014). Soft Power: the means to success in world politics. New York: Public
Affairs.
Pluijm, R. van der & Melissen, J. (2007). City Diplomacy: the expanding role of cities in
international politics. [Clingendael Diplomacy Papers n. 10]. The Netherlands Institute of
International Relations Clingendael, Hague, Netherlands. Recuperado em 10 de agosto de
2019: <https://www.uclg.org/sites/default/files/20070400_cdsp_paper_pluijm.pdf>.
Samuel-Azran, T., Ilovici, B., Zari, I. & Geduild, O. (2019). Practicing citizen diplomacy
2.0: ‘‘The Hot Dudes and Hummus— Israel’s Yummiest’’ campaign for Israel’s branding. Place
Branding & Public Diplomacy, 15, 1, 38-49.
Snow, N. (2009). Rethinking Public Diplomacy. In Nancy Snow & Phillip M. Taylor,
Routledge Handbook of Public Diplomacy. New York: Routledge.
Soldatos, P. (1990). An Explanatory Framework for the Study of Federated States as Foreign-
policy Actors. In H. J. Michelmann & P. Y. Soldatos, Federalism and International Relations:
the role of subnational units. (pp. 34-53). Oxford: Clarendon Press.
Tavares, R. (2016). Paradiplomacy: cities and states as global players. New York: Oxford.
The Center for Citizen Diplomacy. (2019). Citizen Diplomacy. A Powerful force.
Recuperado em 15 de setembro de 2019: <https://www.centerforcitizendiplomacy.org/about-
us/understanding/>.
The Telegraph. (2018, feb, 17). 22 reasons why everyone is going to Portugal right now.
Destinations. The Telegraph. Recuperado em 1 de outubro de 2019 em: <
https://www.telegraph.co.uk/travel/destinations/europe/portugal/articles/portugal-best-
things-to-see-and-do/>.
UNESCO. (2014). Monastery of the Hieronymites and Tower of Belém in Lisbon. UNESCO
World Heritage Convention. Recuperado em 30 de setembro de 2019:
<https://whc.unesco.org/en/list/263/>.
UNESCO. (2019). UNESCO Creative Cities Network Call for Applications 2019: Application
Guide. Creative Cities Network. Recuperado em 20 de setembro de 2019:
<https://en.unesco.org/creative-cities/sites/creative- cities/files/2019-uccn-
call_application-guide_en_1.pdf>.
United Nations (UN). (2018, may, 16). Around 2.5 billion more people will be living in cities
by 2050. Department of Economic and Social Affairs. Recuperado em 1 de setembro de 2019:
<https://www.un.org/development/desa/en/news/population/2018-world-urbanization-
prospects.html>.
United States. Woodrow, W. (1918). Address of the President of the United States: delivered
at a joint session of the two houses of Congress, January 8, 1918. Washington: USA Printing
Office.
Zaharna, R. S. (2010). Battles to Bridges: US communication and public diplomacy after 9/11.
New York: Palgrave.
Korean National Comission for UNESCO (KNCU). (2019). Korean National Comission for
UNESCO 2019. Recuperado em 28 de setembro de 2019 em: <
https://www.unesco.or.kr/assets/data/report/urg2OYZJC9f6BTVSrIpot1czTv1M4i_15529
85080_3.pdf?ckattempt=1>