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Políticas de integração adotadas em Portugal para inserção do imigrante no

mercado de trabalho.

Jonathas Rodrigues Sampaio

Mestrado em Economia e Gestão da Inovação

Orientado por
Prof. Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos

2022
Agradecimentos
Agradeço a Jesus pela oportunidade em ter chegado até aqui, pelos meus pais (Paulo e Kátia)
por todo o apoio e suporte, à minha esposa Nayara por estar ao meu lado em todos os
momentos e à minha professora, Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos, por sua
orientação durante todo o processo de realização desta dissertação de mestrado.

i
Resumo
A crise demográfica na Europa é um problema lidado por muitos governos do respetivo
continente. Nesse sentido, a imigração se torna cada vez mais intensificada como meio de
enfrentamento.

Mais de meio milhão de residentes estrangeiros vivem em Portugal desde 2020. Esse
considerável número não pode ser desprezado diante da capacidade de impulsionar
atividades ligadas à economia, inovação e ao empreendedorismo.

O objetivo deste estudo é analisar as ações das políticas integrativas migratórias do governo
português, no contexto da inserção do imigrante no mercado de trabalho, a fim de relacioná-
las com a perceção do imigrante na sua vida cotidiana. Além disso, uma análise dos entraves
enfrentados por imigrantes altamente qualificados e habituais no panorama laboral, através
de um enquadramento teórico e de entrevistas, que buscam a compreensão da realidade.

A apresentação dos resultados revela uma abordagem de aspetos sociais que atuam
sensivelmente nas questões migratórias.

Palavras-chave: economia; imigração; inovação; empreendedorismo; trabalho

ii
Abstract
The demographic crisis in Europe is a problem that many governments on the continent are
dealing with. In this sense, immigration is becoming more and more intensified as a means
of coping.

More than half a million foreign residents have been living in Portugal since 2020. This
considerable number cannot be disregarded in view of its capacity to boost activities related
to the economy, innovation, and entrepreneurship.

The aim of this study is to analyze the actions of the integrative migration policies of the
portuguese government, in the context of the immigrant's insertion in the labor market, in
order to relate them to the immigrant's perception of their daily lives. In addition, an analysis
of the obstacles faced by highly qualified and habitual immigrants in the labor market,
through a theoretical framework and interviews, which seek to understand the reality.

The presentation of the results reveals an approach to social aspects that have a significant
effect on migration issues.

Keywords: economy; immigration; innovation; entrepreneurship; labor

iii
ÍNDICE

Agradecimentos .................................................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................................................... ii

Abstract .............................................................................................................................................. iii

1 Introdução ................................................................................................................................. 1

2 Revisão de Literatura................................................................................................................ 3

2.1 Conceitos-chave............................................................................................................... 3
2.1.1 Imigração...................................................................................................................... 3
2.1.2 Políticas de Integração de Imigrantes ...................................................................... 7
2.1.3 Trabalho e Empreendedorismo .............................................................................. 10
2.1.4 Perspetivas de Inovação ........................................................................................... 13

2.2 Imigrantes Altamente Qualificados ............................................................................ 16

3 Metodologia de Pesquisa Qualitativa ................................................................................... 19

4 Resultados e Discussões ........................................................................................................ 22

4.1 Apresentação dos Resultados ...................................................................................... 22

4.2 A Inovação no Contexto Imigratório ......................................................................... 33

5 Conclusões............................................................................................................................... 37

Referências ........................................................................................................................................ 38

Anexos............................................................................................................................................... 44

Guião das Entrevistas ................................................................................................................. 44

iv
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Perfil - Entrevistados do objeto de estudo .................................................................. 24

Tabela 2 Códigos - Categorias de termos comentados pelos imigrantes entrevistados ........ 27

v
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Tendência Evolutiva de Estrangeiros Residentes em Portugal ................................... 5

Figura 2 Nacionalidades mais representativas ............................................................................... 6

Figura 3 Representação de fluxo imigratório............................................................................... 11

Figura 4 Representação da população ativa para o mercado de trabalho ............................... 14

Figura 5 Nuvem de palavras mais utilizadas nas entrevistas - ATLAS Software ................... 22

Figura 6 Gráfico - Termos mais comentados pelos entrevistados – ATLAS ......................... 23

Figura 7 Termos considerados mais difíceis para os imigrantes. (Autoria Própria) .............. 31

vi
1 Introdução
De acordo com dados da Comissão da União Europeia (2021), somente em 2020 residiam
no continente europeu 23 milhões de pessoas oriundas de outras regiões do mundo. Ou seja,
5,1% da população era estrangeira. De acordo com os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras
(2020), Portugal obteve um registo de 590.348 residentes estrangeiros em 2020. Portanto,
pode-se imaginar a complexidade com que os governos precisam de lidar com o impacto
desses números em todo o alicerce económico e político na sociedade.

Kurekova e Hejdukova (2021) afirmam que os pontos mais frequentes que motivam a
imigração são as razões económicas e as questões pessoais, como oportunidade de emprego
e acompanhamento de familiares.

É também importante salientar, que o processo de inserção do imigrante na sociedade


europeia pode repercutir-se no comportamento económico do país. Segundo as autoras
Oliveira e Ribeiro (2012), sem a imigração, o bem-estar social dos países mais industrializados
seria afetado pela carência de mão-de-obra, pelo baixo número de natalidade e
consequentemente pela redução da idade ativa para o trabalho.

Falhas em políticas de integração são um dos fatores principais para o aumento da xenofobia
e na fragmentação da sociedade (Etzioni, 2019). No entanto, segundo Cook (2018), Portugal
tem realizado políticas de integração de imigração com pontos positivos acerca de leis para
entrada e saída de estrangeiros, asilo e refugiados. Mattiazzi (2016) comenta justamente que
é paradigmático, ou seja, que deve ser normativo os países europeus implementarem políticas
de ação social, que venham a envolver também os imigrantes, a fim de um progresso numa
determinada região, onde o trabalho e a vida pessoal do imigrante são capazes de dinamizar
o contexto económico local.

O objetivo da dissertação é analisar as políticas integrativas imigratórias pelo governo


português na inserção do imigrante no mercado de trabalho entre pré COVID-19 e durante
esse período, o qual o mundo ainda atravessa no momento. Destaca-se também a observação
do cumprimento dos direitos humanos referente à legalidade do trabalho, assim como na
possibilidade de geração de inovação graças à oportunidade de novas ideias promovidas por
imigrantes na economia, no comércio, e nos mais variados setores da indústria. Portanto,
essa dissertação iniciará com uma revisão de literatura a mostrar conceitos-chaves, como:
Imigração; Políticas de Integração; Trabalho e Empreendedorismo; Perspetivas de Inovação.

1
Em seguida, dá-se um enfoque no mercado de trabalho de Portugal, assim como se apresenta
posteriormente a metodologia aplicada para contextualização da relação entre os imigrantes
e o seu trabalho, através de entrevistas realizadas aos mesmos, e por último seguem-se as
considerações finais.

Nesse sentido, esse trabalho visa contribuir com análises acerca da imigração e da integração
em relação ao mercado de trabalho em Portugal.

2
2 Revisão de Literatura
2.1 Conceitos-chave

2.1.1 Imigração

Telsaç e Telsaç (2022) comentam que a imigração pode ocorrer por diversas razões, como:
fatores económicos, razões políticas, fatores demográficos, fatores sociais e naturais. Na
questão económica, a falta de comida suficiente, pobreza, desemprego, segurança de
trabalho, e falta de provisão de cuidados médicos são elementos que corroboram essa
imigração. Nesse sentido, aluguéis de residências e escritórios tendem a aumentar no país
alvo de imigração, e o país de origem tende a sofrer com o déficit populacional para o
desenvolvimento económico. (Idem).

Continuando ainda sobre os fatores, Telsaç e Telsaç (2022) explicam que as questões políticas
também impulsionam a imigração devido a perseguição por opositores, falta de liberdade de
expressão e principalmente guerras, onde a imigração forçada pode provocar certo
desequilíbrio social e económico para o país alvo. Acerca dos fatores demográficos, nos
países onde há um contingente alto no número de pessoas, há uma tendência na ocorrência
de emigração. Isso pode provocar uma vantagem para o país de acolhimento – considerando
uma maioria de imigração jovem, que ajudaria no impulsionamento do mercado de trabalho
no país alvo, porém causaria um déficit no país de origem. Por último, os fatores sociais e
naturais ocorrem pelo desejo dos imigrantes estarem próximos das famílias e também por
fatores climáticos, que podem provocar na saída do país de origem. (Idem).

Peixoto (2008) explica que na Europa a relação entre mercado de trabalho e imigrantes está
profundamente interligada uma vez que não existe imigração sem uma procura económica.
Com o surgimento de trabalhos temporários, uma recetividade mais flexível por parte dos
empregadores e o afastamento dos nativos em relação a esses trabalhos, muitos imigrantes
com maior baixo nível educacional foram bastante atraídos para essas vagas. No entanto, a
adesão de imigrantes com qualificações especializadas, também obteve substancial aumento
na totalidade do número de imigrantes. (Ramos, 2013).

A entrada de Portugal na União Europeia, em 1986, como também da Roménia e da Bulgária


no espaço Schengen, em 2007, contribuíram para tornar Portugal num país atrativo aos
imigrantes. (Ramos, 2000; Mattiazzi, 2016). Entre as décadas de 90 e o início do século XXI,
observou-se um fluxo emigratório de Portugal em média de 28 mil pessoas por ano,

3
intensificando-se com a crise de 2008. (Mattiazzi, 2016). Durante esse período mencionado,
Portugal obteve uma forte variação demográfica através de grande contingente de imigrantes,
os quais foram responsáveis pela não estagnação do número populacional. (Idem).

Portugal possui um histórico colonial com profundas raízes ligadas com outras nações ex-
colónias. Assim, propiciou-se uma base para uma posição mais aberta aos estrangeiros. Entre
os anos de 1990 e 2000, o número de estrangeiros duplicou de 107.767 para 207.587 (Cook,
2018). Nesse mesmo período, os estrangeiros provenientes do Brasil e de África já
dominavam o cenário de imigração, porém este tornou-se mais diversificado com o aumento
de nacionais do leste europeu, além de Índia, Paquistão, China e Bangladesh (Ramos, 2007;
Oliveira, 2012; Cook, 2018).

Na última avaliação do MIPEX (2019), Portugal encontra-se entre as dez nações mais abertas
à naturalização e com uma versatilidade nas práticas de integração dos imigrantes
(Huddleston & Vink, 2016). As políticas de integração desenvolvidas em Portugal têm sido
avaliadas como estando acima da média, exceto na área da saúde, porém com pontos
positivos na área de mobilidade do mercado de trabalho, reunificação familiar, participação
política, acesso à nacionalidade e política anti discriminatória. As áreas da saúde,
documentação sobre permissão de residência permanente e educação devem ainda ser
melhorados (MIPEX, 2019). O ingresso do imigrante no mercado de trabalho não é
influenciado apenas pelo status legal com equidade aos nativos, mas com um suporte que
garanta oportunidades igualitárias (Huddleston & Vink, 2016).

Em 2014, o desemprego na União Europeia era de 20% para refugiados, 16% para residentes
não europeus e 10% para nativos (OECD, 2019). Os refugiados têm tido grandes
dificuldades para conseguir emprego por falta de rede de contatos, conhecimento do idioma,
falta de reconhecimento de qualificação e muitas vezes problemas de saúde, como doenças
mentais e problemas de adaptação decorrentes da migração (Ramos N., 2021). Em relação
à qualificação, os refugiados podem ter maior grau de dificuldade do que propriamente
imigrantes por não terem prova suficiente para comprovação das suas qualificações. Em
Portugal, os refugiados possuem a oportunidade de serem assistidos com algumas aulas de
português por voluntários do Conselho Português para os Refugiados e uma vez aprovado
o pedido de asilo e residência temporária, os refugiados continuam as suas aulas de português
através do Instituto de Emprego e Formação Profissional. (Idem)

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Múltiplas perspetivas são necessárias para a compreensão da complexidade das migrações.
Não apenas na visão política e económica, mas no acompanhamento das medidas de
integração pelas instituições e de como impactam no aspeto social e no mercado de trabalho.
Inclui ainda toda a visão holística no conhecimento em religião, capital social, capital
humano, etnicidade e variações demográficas. (Honig, 2020). A interdisciplinaridade é
importante para a compreensão de como as políticas migratórias podem maximizar os custos
e benefícios de uma economia, a fim de torná-la numa economia mais avançada devido a
essa diversidade, como também no contexto da relação entre imigração e empreendedorismo
e na criação de uma comunidade sustentável do mercado de trabalho para imigrantes. (Idem).

Mesmo com a situação da pandemia que provocou uma desaceleração no aumento da


população estrangeira residente em Portugal, houve um crescimento da população
estrangeira residente entre 2015 e 2021. Em 2021, totalizou-se 698.887 cidadãos estrangeiros
titulares de autorização de residência, número com registo mais elevado pelo SEF desde
1976. (SEF, 2021).

Figura 1 Tendência Evolutiva de Estrangeiros Residentes em Portugal

Fonte: SEF 2021

5
Observa-se no gráfico abaixo os seguintes pontos: Nacionalidade brasileira representa 29,3%
do total de estrangeiros; Reino Unido é a segunda nação com maior população estrangeira;
aumento de imigrantes oriundos de outros países europeus e também do número de
imigrantes oriundos da Índia e da Itália.

Figura 2 Nacionalidades mais representativas

Fonte: SEF 2021

Ramos (2013) comenta que essa interculturalidade exige um trabalho estrutural em diversas
áreas como cultural, científico, económico, uma vez que a globalização não deve ser tratada
como controle migratório, mas como uma gestão migratória, onde a mobilidade não se
restringe apenas à deslocação de pessoas, mas também aos aspetos sociais que impactarão na
integração do imigrante dentro da sociedade.

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2.1.2 Políticas de Integração de Imigrantes

Há divergências de posições referente às políticas de integração de imigrantes. Por um lado,


políticas de integração permitiriam que sentimentos anti-imigração fossem mitigados através
de um incentivo à aprendizagem do idioma, da educação cívica, controle de imigração,
concessão de residência e cidadania. Portanto, ações que representariam uma menor distância
entre nativos e imigrantes. Contudo, outra corrente de pensamento considera que essas
exigências obrigatórias de integração desencadeariam um número menor de aceitação de
imigrantes. (Alarian & Neureiter, 2021). No entanto, segundo Cook (2018), Portugal tem
desenvolvido políticas de integração com coordenação nacional consideradas como
favoráveis para uma sociedade multicultural, como a reforma da lei da nacionalidade de 2006,
que tornou possível o caminho para a naturalização de imigrantes e descendentes até mesmo
sem uma residência legal, como também através da lei de imigração de 2007 com medidas
sobre regime de entrada e permanência dos imigrantes.

O Alto Comissariado para as Migrações (2021) tem promovido um plano estratégico sobre
migrações entre 2015 e 2020, onde cinco eixos políticos foram criados para medidas de
integração aos imigrantes e seus descendentes, como também definições de suporte ao
reingresso de cidadãos emigrados. Segundo Cook (2018), o Alto Comissariado para as
Migrações – responsável pelo plano – possui a importância de uma categoria de Ministério,
ao ponto de possuir uma força mais centralizada, diferentemente da Itália e da Espanha que
possuem uma autonomia de atuação mais regional.

O primeiro eixo do Plano “Políticas de integração de imigrantes” busca tratar toda a


conjuntura de integração do imigrante em relação ao combate à discriminação, como
também à valorização cultural e articulação para a inserção no mercado de trabalho. O
segundo eixo “Políticas de promoção da integração dos novos nacionais”, foca-se na questão
da descendência dos imigrantes para fins de capacitação, integração e incentivo ao
empreendedorismo. No terceiro eixo, “Políticas de coordenação dos fluxos migratórios”, há
uma gestão de funções de alta capacidade intelectual para fins de atração de uma migração
com potencial de circulação de conhecimento. O quarto eixo, “Políticas de reforço da
legalidade migratória e da qualidade dos serviços migratórios”, ocupa-se da organização de
serviços migratórios através da gestão do ingresso do imigrante. No quinto eixo, “Políticas
de incentivo, acompanhamento e apoio ao regresso dos cidadãos nacionais emigrantes”, há
um programa voltado para o reingresso de portugueses residentes no estrangeiro através de

7
uma articulação com o Ministério de Negócios Estrangeiros (Alto Comissariado para as
Migrações, 2021).

Cook (2018) ainda comenta sobre a criação do Centro Nacional de Apoio à Integração de
Migrantes – através do Alto Comissariado para as Migrações – como uma das mais
importantes instituições inovadoras, onde o imigrante tem à disposição num só sítio diversos
órgãos para resolução dos mais diversos assuntos.

A centralização em torno de temas referentes às políticas de integração de imigrantes, como


no caso do Alto Comissariado para as Migrações, tem sido alvo de contestações. Ocorre que
mesmo com medidas e esforços de políticas anti discriminatórias, o Conselho estaria a dar
também enfoque em assuntos de emigração, ou seja, à atração de portugueses para
retornarem ao país. Além disso, a rigidez na distribuição de recursos aliada à burocracia
administrativa também seria um dos motivos para críticas (Cook, 2018).

Logo no início da situação pandémica do COVID-19, Portugal concedeu aos imigrantes


acesso ao sistema de saúde para tratamento dos sintomas, indiferentemente do status de
legalidade no país (Ramos N., 2021). Além disso, imigrantes que perderam os seus trabalhos
tiveram os seus prazos de vistos estendidos, a fim que lhes fosse assegurado proteções básicas
de suporte durante o confinamento (OECD, 2020; Ramos M., 2021).

Documentos expirados tiveram prazo de validade alargado para 2022, vacinação disponível
para imigrantes sem número de utente, além de uma vasta recomendação por parte do Alto
Comissariado para as Migrações (2021) com medidas sobre a situação de casos positivos de
COVID-19 para trabalhadores. Esta instituição tem atuado em parceria com os demais
conselhos, reencaminhando avisos sobre decretos e medidas adotadas no país durante as
restrições impostas no período.

Para estabilizar a economia portuguesa, foram implementadas medidas como teletrabalho,


lay-off, proteção ao inquilino no atraso de pagamento de rendas e opção de mudanças de
datas para compromissos fiscais (Ramos M., 2021).

Em alguns Estados da Austrália permitiram acesso completo ao sistema de saúde, a Espanha


permitiu que mesmo pessoas com documentos inválidos tivessem cobertura às necessidades
básicas. Já a Grécia permitiu acesso ao sistema de saúde para menores de idade e adultos em
casos de emergência (idem).

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O aumento de incertezas derivado da pandemia pode ter provocado um crescimento do
autoritarismo com a ascensão da xenofobia e nas atitudes anti migratórias pelo mundo. A
preocupação de doenças seria capaz de potencializar um racismo e xenofobia (Esses &
Hamilton, 2021).

Ruhs (2010) afirma que muitos países fazem distinção entre direitos humanos e direitos de
imigrantes. As políticas públicas migratórias devem estar em harmonia com os Direitos
Humanos para uma eficiente gestão das migrações no curto e médio prazo (Ramos, 2020).
Sem os direitos humanos, o bem-estar e a sua autonomia podem acarretar na limitação pela
alta dependência diante do empregador (Ruhs, 2010). O trabalho, a educação, as
competências linguísticas e multiculturais, juntamente com a dupla nacionalidade,
possibilitam a integração e a participação civil nos países de acolhimento e de origem,
aumentando, assim, a mobilidade e a participação efetiva dos migrantes qualificados no
mercado de trabalho (Ramos, 2013).

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2.1.3 Trabalho e Empreendedorismo

O facto de o imigrante ir em busca de melhores oportunidades em outro país é considerado


um fator de risco, como também da própria atividade empreendedora. Portanto, a
combinação entre o imigrante e o empreendedorismo tem uma alta potencialidade de vir a
ocorrer (Honig, 2020).

Um dos motivos que favorece a aproximação entre imigração e empreendedorismo está no


facto também da mudança do mercado global. As empresas estão a expandir os seus
mercados com subcontratações através de “Offshore” e terceirização “Outsourcing” (Honig,
2020). Nathan (2014) aborda que imigrantes com alta qualificação estão a aumentar mais o
fluxo da migração global onde pesquisadores e agentes políticos estão a perceber a
importância e desafios apresentados da ligação entre imigrantes e oportunidades económicas.

Em Portugal, os imigrantes tendem a ser mais empreendedores do que os nativos (Baycan-


Levent & Nijkamp, 2009). Os asiáticos têm representado grande aumento nas atividades
empreendedoras – principalmente os chineses. No começo da passagem migratória, as
famílias chinesas em Portugal tendem a economizar os seus recursos financeiros com o
objetivo de implantar um negócio próprio (Gaspar, 2017). No entanto, em Portugal o
imigrante pode encontrar certas barreiras ao empreender, como acesso ao crédito através dos
bancos e burocracia de documentos de legalização pelos órgãos competentes (Paço &
Ramos, 2018).

Segundo dados estatísticos do SEF de 2021, na tabela abaixo vemos a representação do fluxo
imigratório de países com maior representatividade no território português. Observa-se que
os países asiáticos possuem grande destaque na autorização de residência pela atividade
profissional.

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Figura 3 Representação de fluxo imigratório

Fonte: SEF 2021

Gaspar (2017) comenta que muitos chineses chegam a estabelecer-se em outros países da
Europa e só depois se dirigem a Portugal. A partir disso, com a vantagem do espaço
Schengen, conseguem manter uma rede de contatos com a restante comunidade situada pela
Europa. Uma vantagem da comunidade chinesa é que ela não é dependente economicamente
e financeiramente dos países anfitriões, mas baseada numa rede transnacional devido a laços
familiares e de nacionalidade, que incentivam a imigração onde quer que surjam novas
oportunidades económicas e de trabalho.

Empreender poderia ultrapassar as barreiras do desemprego, possibilitar uma manutenção


da profissão, como também vislumbrar perspetivas de integração na sociedade. Além disso,
o imigrante no início da sua vida em Portugal não possui acesso de imediato a benefícios da
segurança social por não ter tempo reunido de contribuição (Ramos, 2007; Paço & Ramos,
2018).

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Fatores culturais, limitação de qualificação profissional, exclusão social, suporte de outras
pessoas da mesma comunidade e motivações pessoais contribuem para o número de
imigrantes empreenderem mais do que os próprios nativos (Baycan-Levent & Nijkamp,
2009).

Oliveira (2019) afirma que a partir de 2007, o governo português percebeu que o
empreendedorismo imigrante não seria apenas uma mera política integrativa de acolhimento
de inserção do indivíduo na sociedade, porém uma ferramenta capaz de alavancar o setor
económico com a criação de emprego, rendimento e geração de inovação. Portanto, esse
empreendedorismo vem a ser hoje tão estimulado.

Dificuldade de reconhecimento educacional, baixo capital financeiro e poucos contatos


sociais são alguns dos fatores que dificultam o imigrante para uma oportunidade no mercado
de trabalho. Góis et al. (2018) comentam que no caso português, o Instituto de Emprego e
Formação Profissional (IEFP) procura manter a sua responsabilidade de alocar o
desempregado para um novo trabalho, a fim do seu período sem emprego seja o mais curto
possível. No entanto, com as redes sociais a serem cada vez mais utilizadas como ferramentas
alternativas de anúncios de trabalho, o controle da regulação por parte das entidades
empregadoras referente ao modus operandi da contratação são ineficazes ao nível de observação
das práticas contratuais dos imigrantes.

Uma das áreas onde o imigrante em Portugal tende a ser mais discriminado é referente ao
trabalho (Góis et al., 2018). Os imigrantes tendem a ser submetidos mais em atividades
secundárias e além disso, dados estatísticos de discriminação podem não corresponder à
totalidade da dimensão real que os imigrantes venham a sofrer nos mais diversos percursos
para obtenção de um emprego (idem).

As mulheres estrangeiras em Portugal têm contribuído sensivelmente para o aumento da taxa


de natalidade. Em 2019, as mulheres estrangeiras foram responsáveis por 12,7% do total de
nascimentos no país, número que ultrapassa a taxa de natalidade por mulheres portuguesas
(Oliveira, 2021). Esse contributo permite efeitos positivos através do aumento do grupo
etário mais jovem no contexto demográfico. Proporciona-se que um maior contingente de
pessoas ingresse no mercado de trabalho e ajude a preencher lacunas de setores em que
tenham déficit de mão-de-obra.

12
2.1.4 Perspetivas de Inovação

Estudos sobre a diversidade na influência sobre produtividade, inovação e crescimento têm


sido mais estudados em pontos de ambiência urbana do que na diversidade cultural e de
pessoas. A heterogeneidade humana de pessoas poderia fazer com que spillovers de
conhecimento produzissem novas ideias, onde a criatividade numa região com diversidade
cultural do mercado de trabalho impactaria o empreendedorismo (Niebuhr, 2010). Porém,
contra isto, grupos bastante heterogéneos poderiam bloquear a difusão da inovação no
contexto “inovação-migração” devido a alguns possíveis entraves como dificuldade de
comunicação e decisões gerenciais mais difíceis em serem realizadas. Se o conhecimento
perpassar somente em comunidades migratórias, os spillovers de conhecimento podem ser
limitados com o enfrentamento de discriminação de outros atores do mercado (Nathan,
2014).

Fassio et al. (2019) afirmam em relação à imigração, que ela pode aumentar o impacto de
inovação num determinado espaço geográfico. Esse impacto poderia ser maior ou menor
dependendo de fatores como nível de capacidade profissional do imigrante e correta alocação
laboral dentro de uma organização. No entanto, o autor diz ainda que muitas vezes o
imigrante possui um nível especializado, mas encontra-se a trabalhar em áreas onde o seu
conhecimento não está a ser aplicado como deveria. Isso pode ocorrer por hostilizações
contra o imigrante, que o impede de obter as funções já anteriormente exercidas (Fassio et
al., 2019).

Estes autores sugerem ainda que alto conhecimento especializado também não garante
impacto na inovação devido ao corporativismo, onde sindicatos tendem a não ser favoráveis
em muitas questões que envolvam imigrantes. A contribuição dos imigrantes para a inovação
na indústria é positiva quando o conhecimento educacional prevalece (Fassio et al., 2019). Já
Bosetti et al. (2015) comentam, que a nível europeu, se os países não exigissem uma
“superqualificação” dos imigrantes, o resultado dos imigrantes altamente qualificados
poderia sobressair mais tacitamente, apoiados também por um recrutamento mais flexível
com objetivo de geração de conhecimento.

Na abordagem sobre o empreendedorismo, a atuação do IAPMEI (Agência para a


Competitividade Inovação, I.P.) visa contribuir para a competitividade e incentivo à inovação
entre as empresas, com destaque para o empreendedorismo imigrante. Pessoas na área
tecnológica de todo o mundo e que desejam empreender em Portugal são convidadas a
13
aplicarem projetos de negócio para o “Start-up Visa”. É um visto que possibilita ter uma
residência no país, onde primeiramente o candidato se inscreve no website, em seguida
seleciona uma incubadora do seu interesse, que poderá apoiá-lo no seu projeto. Com um
resultado positivo de aceitação, a incubadora fornece suporte fiscal, jurídico e todo um
conjunto de prestação de serviços para dar base ao projeto (Oliveira, 2019).

Fassio et al (2019) afirmam que políticas de imigração voltadas para trabalhadores


especializados podem beneficiar sistemas de inovação, principalmente vindos com mestrado
ou doutoramento nas suas áreas. A imigração é útil, pois há uma crescente necessidade de
mão-de-obra qualificada e por problemas de uma população envelhecida em todo o espaço
europeu (OECD, 2021; Baycan-Levent & Nijkamp, 2009). A população de Portugal está
declinando e envelhecendo mais rápido do que os países da OCDE. O gráfico abaixo
apresenta o comparativo entre Portugal e os países da OCDE, acerca da faixa etária ativa
para o trabalho entre 15-64 anos:

Figura 4 Representação da população ativa para o mercado de trabalho

Source: OECD (2021). Labour Force Statistics (database).

Imigrantes altamente qualificados podem também ter habilidades empreendedoras, grande


motivação e disponibilidade para modelos de negócios disruptivos (Nathan, 2014).

A iniciativa pública “Portugal Inovação Social” incentiva a inovação social com


investimentos atuantes em contextos e projetos sociais. O organismo possui trabalhos com
questões migratórias em parcerias com outros projetos, como “SPEAK”, no qual o imigrante

14
pode aprender o idioma português e melhorar a sua relação interpessoal com nativos (PIS,
2019).

Imigrantes inseridos em ambientes de trabalho com diversificação cultural podem ajudar no


processo de inovação, através de relações interpessoais com outros colaboradores. Nesse
sentido, o imigrante estabelece vínculos não apenas dentro da empresa, mas nas suas vidas
pessoais. Isso poderia ajudar na dinamização do conhecimento. Do mesmo modo, imigrantes
num ambiente de trabalho pouco diversificado culturalmente tendem a ser isolados e não tão
efetivos para o processo de inovação (Fassio et al., 2019). Sinoi (2021) afirma que a
diversificação de imigrantes qualificados pode contribuir para o aumento da criatividade a
nível de equipa de trabalho. As mudanças ocorridas no mercado de trabalho causam impacto
em atividades produtoras de inovação. Sinoi (2021) diz ainda que muitas dessas políticas
imigratórias devem-se pela necessidade da renovação da força de trabalho por idade.
Portanto, os imigrantes tenderiam a ser mais novos e consequentemente intensificariam mais
a produção da inovação.

É importante ressaltar que a comunidade imigrante deve ser valorizada sob todos os aspetos,
uma vez que ela é fonte de inovação para suprir as necessidades do mercado de trabalho
(Ramos, 2007), mesmo em setores-chave como a saúde (Ramos, 2020). As políticas
qualificadas de imigração deveriam valorizar o acolhimento dos imigrantes qualificados e
inovadores. O posicionamento diante da migração poderia afetar o influxo de inventores
talentosos. A proximidade cultural ajudaria na contribuição de um ambiente acolhedor e na
manutenção do fluxo imigratório (Drivas et al., 2020).

15
2.2 Imigrantes Altamente Qualificados

O regime migratório de Portugal é considerado do tipo misto, tendo em vista que é um país
emissor e recetor de migrantes (Góis & Marques, 2014). A partir da década de 80 e 90 do
século XX houve um crescimento com investimento nas áreas de marketing, informática e
tecnologia, que contribuíram para atração de imigrantes da Europa e do Brasil. (Idem)

A primeira década do século XXI em Portugal foi marcada muito pela presença de
profissionais altamente qualificados, que se submetiam a trabalhos de menor exigência
educacional. (Góis & Marques, 2014). Os imigrantes altamente qualificados que chegam a
Portugal podem exercer profissões ligadas ao setor primário, como também no segmento
secundário do mercado ou em ambos segmentos uma vez finalizada a sua formação superior
em Portugal. (Idem)

Os dados sobre as qualificações de imigrantes em Portugal são limitados pela ausência de


informação do perfil desse grupo pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras). Muitos
dos imigrantes provenientes do Brasil e do Leste Europeu conseguem compatibilizar – ao
longo do tempo as suas qualificações com profissões mais adequadas às suas habilidades
(Góis & Marques, 2014). Questões como impossibilidade de reconhecimento de habilitações
académicas, falta de bolsas de investigação e medidas de formação contínua impedem que
esses imigrantes qualificados obtenham sucesso na integração profissional. (Idem).

Segundo Ramos (2020) o reconhecimento educacional merece atenção especial referente às


políticas migratórias. Alguns países europeus implementaram medidas para combater a
discriminação no mercado de trabalho como quotas e currículos anónimos (Ramos, 2020).
Problemas derivados do reconhecimento de diplomas, qualificações e questões linguísticas
associadas seriam possíveis causadores de uma mobilidade descendente após a migração,
ocasionando um desperdício de capital humano do imigrante (Ramos, 2013).

Mihi-Ramirez et. al (2016) consideram que a imigração altamente qualificada está bastante
ligada ao conceito da inovação onde países que produzem uma quantidade considerável de
patentes são capazes de atrair imigrantes altamente qualificados. Nesse sentido, o ciclo do
processo de inovação perpassa por essa imigração. O futuro da economia seria através do
desenvolvimento de novos produtos e serviços criados por pessoas qualificadas com a
garantia de medidas que assegurem vistos específicos para imigrantes com alta qualificação
(Idem).

16
As políticas públicas necessitam detetar quais barreiras dificultam a atração desse tipo de
imigração para que seja melhor aproveitada pelo seu enriquecimento e diversidade.
Restrições impostas a esses imigrantes causam perdas em todos os aspetos da inovação
(Mihi-Ramirez et al., 2016). Ramos (2013, 2020) destaca que as mulheres possuem um papel
importante no contexto da inserção laboral, da mobilidade, do contributo socioeconómico
de migrantes altamente qualificados. As necessidades do mercado de trabalho estimulam que
cada vez mais mulheres procurem os seus objetivos económicos em outros destinos.

Os imigrantes com alta qualificação tendem a se integrar mais facilmente na sociedade do


país de destino, uma vez que possuem maior conhecimento linguístico e cultural onde estão
inseridos. Além disso, eles tendem a ter mais atenção às oportunidades profissionais, com
maiores redes de contatos com pessoas, como também maior facilidade para financiamento
e créditos (Kerr et al., 2017).

Os imigrantes de alta qualificação na área das Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática


são considerados fatores para a investigação e desenvolvimento de atividades na promoção
da inovação (Bongers et al., 2022).

Os imigrantes altamente qualificados se sentem mais atraídos por países que disponibilizam
um caminho de abertura para uma residência permanente. Muitos países da OCDE
possibilitam essa abertura em busca dessa residência, uma vez que o trabalhador deseja
entidades empregadoras que possam ajudá-lo nessa questão (Czaika & Parsons, 2017).
Isenções fiscais, políticas e acordos bilaterais são também considerados atrativos para esses
imigrantes (Idem).

Oportunidades de trabalho para a imigração qualificada estariam em evidência porque


empresas pressionam governos para a contratação de trabalhadores especializados, os quais
são requeridos pelo seu conhecimento mais específico e seletivo (Czaika & Parsons, 2017).

A migração altamente qualificada continua a crescer tanto no seu número quanto na ênfase
dada por governos de vários países. No entanto, a formulação das políticas de migração
altamente qualificadas e as avaliações sobre a sua eficácia estão sendo prejudicadas por
diferentes interpretações do que é ser qualificado (Parsons et al., 2020).

A diferenciação entre imigrantes altamente qualificados e os imigrantes com menor


qualificação percorrem caminhos e motivações semelhantes ao saírem dos seus países.
Imigrantes altamente qualificados em posições no mercado de trabalho que não exijam alta

17
qualificação demonstra que a relação do capital humano e integração muitas vezes não são
condizentes. O capital humano não seria uma variável única na influência dos padrões de
migração, mas também características demográficas e o país de destino impactariam na
diferenciação das migrações (Marques et al., 2021).

18
3 Metodologia de Pesquisa Qualitativa
A investigação propõe analisar as experiências de imigrantes na delimitação do objeto de
pesquisa, no caso, as políticas integrativas de imigração no mercado de trabalho. Observar
se as políticas públicas estão a causar algum impacto nas vidas dessas pessoas, ouvi-las, e
perceber se de facto essas mesmas políticas estão a contribuir para uma vida com maior
qualidade e para uma mudança positiva em Portugal.

Partindo de um raciocínio indutivo e na verificação do sujeito - imigrante - na sua relação


com a sociedade à sua volta, revelou-se que o uso do método qualitativo seria o mais
relevante para extração de perspetivas de como vivem esses imigrantes e suas expectativas
no país escolhido (Pereira, 2019).

Nesse sentido, através do presente método qualitativo seria possível perceber mais a questão
humana envolvida como plano de fundo das políticas de integração implementadas por
Portugal. Observar se os caminhos percorridos pelas políticas de integração de imigrantes
vão de encontro com a realidade cotidiana e se são efetivamente executadas.

Para uma melhor investigação do assunto foram realizadas entrevistas com imigrantes de três
nacionalidades, a fim de uma coleta de dados que ampliasse os horizontes de todo o contexto
do estudo. Também foi realizado uma entrevista com sociólogo especialista em imigração, o
qual tem partilhado a sua experiência na relação entre migração e inovação.

As entrevistas serviram para observar e compreender os pensamentos dos imigrantes e as


suas dificuldades no cotidiano em Portugal. No uso do método qualitativo, as entrevistas
basearam-se num guião, mas com liberdade de respostas e comentários por parte dos
entrevistados. O objetivo foi aprofundar as questões sociais do indivíduo diante das políticas
de integração de trabalho pelo governo português.

Entrevistas baseadas de forma semiestruturada teriam pontos positivos e negativos nessa


forma de condução (Adams, 2015). As desvantagens seriam da necessidade de uma maior
preparação no conhecimento prévio para a entrevista; maior tempo na preparação de
perguntas; sensibilidade; equilíbrio durante as entrevistas; horas de transcrição e uma árdua
tarefa de análise de conteúdo. As vantagens seriam obter pensamentos independentes de
cada entrevistado e sondagens de território desconhecido, mas com potencial de perguntas
importantes. (Idem).

19
Adams (2015) propõe que a condução da entrevista deva ser de forma neutra e profissional,
nem fria e nem familiar, procurando manter uma posição de conhecimento e humildade
diante do entrevistado. Nesse sentido, as entrevistas realizadas para esse estudo seguirão as
devidas instruções.

Leech (2002) afirma que pode parecer agradável, mas que o posicionamento do entrevistador
transmita uma imagem de menor conhecimento do que o entrevistado. Além disso, não
parecer uma ameaça ao entrevistado com discursos académicos, mas que permita o
convidado falar com naturalidade.

Galletta (2013) afirma que as entrevistas semiestruturadas proporcionam versatilidade a partir


de um campo de estudo com frequentes múltiplos fluxos de dados. Portanto, entrevistas que
analisariam as experiências dos entrevistados, as variáveis teóricas seriam dirigidas de acordo
com o interesse. Esse tipo de entrevista tem a capacidade de lidar com a complexidade da
pesquisa e permite o envolvimento e reciprocidade entre participante e entrevistador pelos
segmentos abordados, a fim de obter maiores esclarecimentos e reflexões críticas. (Idem).

Segundo Leech (2002) as entrevistas semiestruturadas são importantes porque as próprias


questões permitem ao entrevistado falar espontaneamente. Além disso, é necessário ter
cautela em não ter o total controle para não interromper discursos que poderiam fornecer
importantes dados. (Idem).

Leech (2002) diz ainda sobre a importância do uso da técnica denominada “Rapport” dentro
da entrevista. Essa técnica consiste no mesmo uso de linguagem que o interlocutor se
comunica, a fim de demonstrar atenção no que a pessoa diz, como também uma impressão
de livre uso da palavra. Assim, as entrevistas realizadas no estudo dessa dissertação valorizam
o discurso de cada um dos participantes desse projeto, com o objetivo de que sejam obtidas
informações relevantes através de experiências de vida, aspetos sociais e culturais no contexto
da sociedade portuguesa.

Partindo do pressuposto que o projeto “Observatório das Migrações” – pertencente da


iniciativa pública “Alto Comissariado para Migrações” – já contém uma gama de informações
numéricas e estatísticas de ações desenvolvidas em várias vertentes das políticas de
integração, conclui-se que a metodologia no presente trabalho pode contribuir numa outra
direção complementar.

20
Os conceitos-chave abordados na revisão teórica fizeram parte do guião utilizado nas
entrevistas para análise do discurso e conteúdo. (Marconi & Lakatos, 2021). Com a análise
de conteúdo para uma melhor compreensão do contexto de migrações e de suas
interpretações, optou-se pela pesquisa qualitativa para superar a quantificação de
informações por meio da indução, argumentação e impressão da opinião do pesquisador
(Soares & Fonseca, 2019).

21
4 Resultados e Discussões
4.1 Apresentação dos Resultados

As entrevistas foram conduzidas pessoalmente e por videoconferência – SKYPE – no


período de junho a agosto de 2022. O conteúdo para análise foi categorizado através do
software ATLAS. As entrevistas tiveram tempo médio de 20 minutos onde foram discutidos
assuntos como imigração, alta qualificação, inovação, trabalho em Portugal e perspetivas
futuras. As entrevistas foram conduzidas sempre procurando manter a liberdade de
respostas, apenas com uso de guião (ver anexo) para a condução da entrevista, a fim de que
diversos pontos fossem abordados.

Figura 5 Nuvem de palavras mais utilizadas nas entrevistas - ATLAS Software

Observou-se que o termo “Trabalho” foi enquadrado como elemento central em face das
respostas dos entrevistados sendo o mais citado na categorização dos códigos na análise.

Os códigos categorizados e as suas diferenças no uso entre os entrevistados podem ser


visualizados no gráfico abaixo:

22
Figura 6 Gráfico - Termos mais comentados pelos entrevistados – ATLAS

O perfil profissional dos convidados são das mais diversas áreas como Economia, Direito,
Engenharia, Empreendedorismo e Ciências da Linguagem. Abaixo a tabela com o perfil dos
entrevistados:

23
Tabela 1 Perfil - Entrevistados do objeto de estudo

Cristian, doutorando em Direito pela Universidade do Porto, já trabalha na sua área de


formação e reporta detalhes do seu ofício:

(…) tem acordo bilateral entre o Brasil e Portugal e eu fiz inscrição na Ordem

Portuguesa por ser advogado no Brasil, então, isso é um atrativo para quem é do

Direito. Pagarmos uma taxa (…) sermos advogados só com a inscrição. Não temos

que fazer dois anos de estágio, não temos que fazer prova e já somos advogados nível

sênior.

Nesse sentido, observou-se que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) tem
beneficiado imigrantes dessa comunidade de países na área do Direito, no reconhecimento
facilitado para a inscrição na Ordem dos Advogados em Portugal e consequentemente na
integração no mercado de trabalho.

Mesmo o Brasil sendo parte da CPLP, alguns imigrantes brasileiros mais qualificados podem
encontrar dificuldade num melhor posicionamento no mercado de trabalho, como relatado
pelo engenheiro e mestrando na Universidade do Porto, Thiago:

(…) desde que cheguei aqui mando CV pra todo canto, mas não tenho feedback.

(…) comecei pelo LinkedIn, enviei por e-mail, enviei para plataformas de trabalho e

não só na Engenharia Civil, mas em “n” lugares. Já trabalhei de garçom aqui, como

montador de eventos (…). Por exemplo, teve um processo de contratação de

engenheiro – apareceu no site de empregos da FEUP, eu me submeti lá, entraram

em contato, mas depois de ser analisado o CV foi descartado.

Thiago critica sobre a dificuldade na validação do diploma:


24
“Eu procurei fazer reconhecimento aqui e eu vi que o valor é de 430 euros e é um bocado
elevado. Tem alguns processos que precisam para reconhecimento, como a ementa do curso
do Brasil e eu encontrei dificuldade” (…).

Góis e Marques (2014) lembram-nos dessa dificuldade em conseguir uma integração no


mercado de trabalho correta sem o devido reconhecimento da formação de nível superior.
Thiago é um dos exemplos de imigrantes altamente qualificados que não possui o
reconhecimento do seu diploma, o que constitui um entrave à sua alocação laboral.

A fuga de “cérebros” e emigração relatados por Cook (2018) de portugueses ao estrangeiro


não é uma ação restrita a esse grupo. Ocorre que imigrantes em Portugal já vislumbram uma
possível outra emigração após um período no solo português.

Mas, por conta de os salários serem mais baixos do que a média da zona europeia

(…) se formos comparar com a Espanha, que fica aqui ao lado, por mês são 400

euros a menos no ordenado. Então, é um país onde há muitas condições para

trabalho (…) mas eu não vejo que Portugal retenha esses talentos, basta ver que quem

termina mestrado ou doutorado vai para o estrangeiro (Cristian).

Ocorre que além da questão emigratória por parte de nativos ao longo dos anos, muitos
imigrantes também são impelidos por mais informações sobre a emigração para outros países
europeus. Portanto, o salário apresenta-se como fator de peso no estímulo migratório.

Mesmo já com a nacionalidade portuguesa adquirida através do avô, Thiago comenta que os
salários em Portugal se encontram desfasados e que prefere retornar ao Brasil após os
estudos:

(…) “falando em números, o maior salário que vi aqui foi em 1000 euros – chegando até em
1200 – só que descontando dá um pouco menos. Mas, hoje voltando ao Brasil o meu salário
está em 1500 euros”.

Nesse sentido, é um exemplo de imigrante que pretende regressar ao país de origem por
questões apresentadas na sua visão. Mas há casos de imigrantes que pretendem permanecer
em Portugal:

25
Definitivamente nós temos um filho que agora está com 11 anos, ele chegou em

Portugal com 8 anos e se adaptou muito bem na escola, e ele já chegou numa idade

que ele consegue comparar a realidade de vida de nosso país, El-Salvador, com a

realidade de Portugal e ele mesmo fala que não pensa em voltar (Daniel).

Daniel é de El-Salvador – país da América Central – onde teve formação em


Empreendedorismo pela Universidade de El-Salvador. Vive em Portugal há 2 anos com o
filho e a esposa e está a trabalhar atualmente em “Call-Center” em francês.

Desse modo, vemos como Telsaç e Telsaç (2022) baseiam as suas fundamentações na
alegação de que os imigrantes estão em busca de melhores condições de vida.

Na tabela abaixo, exemplificamos sobre a categorização no seguinte modo: À esquerda, estão


os assuntos codificados; logo ao lado os números absolutos de cada entrevistado
correspondentes à quantidade do uso desses termos e a sua percentagem; finalizando na
soma de todos os códigos citados e a percentagem dos entrevistados.

26
Tabela 2 Códigos - Categorias de termos comentados pelos imigrantes entrevistados

27
Os dados da tabela demonstram que os termos mencionados são os pontos mais são
observados ou vividos por aqueles migram para Portugal. Os 19 termos da tabela apontam
uma necessária observação das políticas de integração do imigrante no mercado de trabalho
por Portugal.

Observa-se que a escolha de Portugal como destino de imigrantes consiste num destino
europeu que tem procurado facilitar cada vez mais a atração de imigrantes:

(…) “Portugal não foi a minha primeira opção, meu primeiro pensamento. (…) é um bom
país para início” (Cristian).

Daniel, oriundo de um país com idioma espanhol, também comenta sobre a questão:

Na verdade, não temos nenhum interesse em ir para a Espanha. Nós estamos aqui

muito bem. Isso foi de facto decisão que pessoalmente considerei, que até

poderíamos ter ido para a Espanha, mas sabíamos que o espanhol para nós não nos

acrescentava nada ao nosso currículo. (…) não temos nenhum pensamento de

remigrar para nenhuma outra nação, nem para a Espanha e nem para nenhum outro

país.

Mesmo com uma questão de Portugal ter ainda dificuldades em reter imigrantes altamente
qualificados, a qualidade de vida e oportunidades de trabalho, em geral, parecem ser
satisfatórias:

Portugal tem se convertido em um país muito forte para a imigração – maioria

brasileira – mas como eu – de El-Salvador – tem de Cabo Verde, de Angola, mas

também tem de outros países, como: Colômbia, Venezuela, Argentina, Chile e

América Latina, que estamos procurando uma oportunidade em Portugal. (…) são

muitos os empregos sejam em francês, inglês, tem até alemão e muitas outras línguas,

como espanhol. Então.... claro que tem muito trabalho. Portugal só não trabalha

quem não quer (Daniel).

28
A xenofobia – como o próprio Etzioni (2019) afirma – é um sinal que as políticas migratórias
precisam ser melhor observadas e aplicadas, a fim de que essa questão seja amenizada. Thiago
comenta um episódio de um amigo brasileiro na sua mesma área de engenharia:

(…) um amigo que foi contratado sem ter o curso reconhecido, ele teve que

reconhecer..., mas uma coisa interessante (…) foi que os portugueses falaram pra ele,

que durante os lugares que ele teria que entrar - porque ele tinha que fazer vistoria

nos imóveis - que não era pra ele falar com as pessoas para não verem que era

brasileiro e não passar uma má impressão da empresa. (…) ele também tem a dupla

nacionalidade, mas durante os lugares era pra ele não falar e as pessoas não

perceberem que ele era brasileiro.

Ramos (2020) comenta que a xenofobia pode inclusive ser agravada com imigrantes em
situação irregular, onde há reflexos na desigualdade salarial e perspetivas de carreira.

Kenneth, doutorando em Ciências da Linguagem pela Universidade do Porto, comenta que


o racismo é mais intenso do que a própria xenofobia:

Eu penso que a xenofobia é menos presente do que o racismo. O racismo é mais

presente, às vezes, o racista nem tem a impressão que está sendo racista. Eu penso

que o racismo, ainda é, mesmo que os portugueses não aceitem e não declarem, o

racismo ainda é na sociedade portuguesa um problema a quem chega a Portugal. Por

isso, daí eu tenho dito, se for preto – por muito qualificado que seja – vai ter menos

oportunidades do que se for um branco, por exemplo, um brasileiro. Se vier dois

brasileiros, um branco e um preto com as mesmas qualificações, a probabilidade de

o branco brasileiro conseguir os melhores lugares é maior que o preto. (…)

Angolanos, brasileiros, moçambicanos, guineenses e cabo-verdianos... não é de hoje

que pessoas de pele escura vem a Portugal. Por que quando vamos a um banco

português, por exemplo, rarissimamente encontramos um “preto”?

29
Portanto, pode-se refletir se uma pessoa altamente qualificada conseguirá obter êxito na
carreira profissional no país migrado, tendo em vista, possíveis discriminações raciais.
Kenneth explica com as suas palavras a diferença entre xenofobia e racismo:

(…) Ou seja, o racismo, tu não chegas aqui porque não merece, não podes, não deves,

o teu lugar é outro e não este. Xenofobia é tu estás aqui, mas estás a ocupar um lugar

que devia ser de... (…).

É possível visualizar que todo o contexto envolvendo imigração, inovação, alta qualificação
e mercado de trabalho pode ir mais além do que se pode imaginar:

Primeiro se tu és branco ou preto por muito qualificado que seja. A cor da pele é

extremamente importante, depois os níveis de qualificação, portanto, se tens

formação superior ou não tens, tipo de formação e a área de especialização. Por

exemplo, para um professor de português que tenha feito uma formação em Angola

e é “preto”, a probabilidade para conseguir uma vaga de professor é diminuta. Para

quem chega em Portugal – mesmo qualificado – nas engenharias há probabilidade de

conseguir alguma coisa, mas mesmo aí, há níveis que acho que são inacessíveis. Nível

de base quando consegue ganhar 1000-1200 euros, mas não pode aspirar para muito

mais (Kenneth).

Com as palavras de Kenneth, observa-se que há um vasto campo a ser trabalhado pelas
autoridades – no que se refere a campanhas de conscientização, de valores humanos, a fim
de lidar frontalmente com essas situações. A xenofobia e o racismo inseridos de forma
intensa numa sociedade podem não reter talentos promissores.

Quando questionado se seria válido estudar e viver Portugal, Kenneth conclui:

Para estudar, depende, se fala inglês, se tem dinheiro. Estudar em Portugal é muito

mais barato do que estudar no Reino Unido. Se tem dinheiro e fala inglês pode ir ao

Reino Unido, senão Portugal. Agora, pra viver... depende... se a pessoa quiser viver

aqui e não se importar, suportar e não tiver a capacidade de perceber a forma muito

30
discreta, muito dissimulada, como se manifesta o racismo, pode vir aqui e é

muitíssimo feliz. Mas, se for uma pessoa lúcida com a capacidade de perceber umas

nuances, questionar as coisas, Portugal certamente não é o melhor lugar para o

“preto”.

Apesar de situações como xenofobia, reconhecimento educacional e perspetivas salariais,


Daniel considera uma mais-valia a permanência em Portugal:

Portugal é atualmente dos países da Europa que está facilitando mais no quesito de

imigração para quem procura um jeito de legalizar-se aqui na Europa. Para o

imigrante, Portugal é um país que acolhe, um país que recebe imigrantes sem tantas

complicações, sem tantos requisitos e tantas burocracias.

Daniel comenta que o idioma português estimulou também a escolha do destino:

Eu já falava o português e eu falei para o meu filho que isso seria uma oportunidade

para ele aprender o português, que é a 5ª língua mais falada do mundo. Então,

certamente para ele e para minha esposa aprender uma nova língua era um novo

desafio. (…) estamos aqui em Portugal muito bem.

O entrevistado Cristian corrobora sobre a facilitação de ingresso de imigrantes:

“Atrai porque tem vistos facilitados, tem opções facilitadas de entrada no país".

Figura 7 Termos considerados mais difíceis para os imigrantes. (Autoria Própria)

31
Conforme a imagem acima, os termos xenofobia, racismo, reconhecimento educacional e
valorização profissional foram os assuntos mais abordados no sentido de grau de relevância
quando se é comentado sobre a temática da imigração. Seja imigração altamente qualificada,
ou geral, esses assuntos estão profundamente ligados diante do trabalhador imigrante e da
sua relação com o país de destino. Portanto, as políticas de integração do trabalhador
imigrante na sociedade precisam ser conduzidas por questões sociais e políticas laborais que
satisfaçam plenamente o plano de imigração.

A necessidade de mão-de-obra imigrante, como também de imigração altamente qualificada


não deveriam ser alicerçadas somente em aspetos económicos, mas também humanos.
Mesmo que ocorram dificuldades por parte dos imigrantes na sociedade, se o número de
imigração tende a crescer e a economia a melhorar, as políticas de integração portuguesas
teriam o risco de tratar contextos sociais superficialmente.

A inovação necessita estar aliada também ao bem-estar das pessoas. A integração deve ir
mais além do que apenas ser parte de um sistema ou sociedade, mas que as políticas de
integração façam a diferença na vida dos imigrantes.

O imigrante não deveria ser tratado como figurante para encobrir problemas regionais, baixa
natalidade, dentre outros pontos, mas sim visto como alguém com os mesmos direitos e
deveres de nativos, como ponto fundamental para uma harmonia dentro da sociedade.

Através das entrevistas, observou-se que as políticas de integração ao imigrante poderiam ser
mais presentes no contexto individual do imigrante. Apesar da implantação de centros de
apoio ao imigrante, algumas dessas medidas parecem desconhecidas por muitos imigrantes
que chegam a Portugal. O reconhecimento educacional, por exemplo, não é administrado
diretamente por esses centros, algo que na prática interfere nos planos profissionais do
imigrante, como também no imigrante altamente qualificado. Nesse sentido, essas pessoas
chegam a Portugal e muito desamparadas buscam melhores condições profissionais e de
vida.

32
4.2 A Inovação no Contexto Imigratório

Este estudo teve a contribuição com a entrevista do sociólogo e professor da Universidade


de Coimbra, Dr. Pedro. A entrevista foi realizada no dia 29 de julho de 2022 e diversos
pontos da revisão teórica estiveram presentes. O objetivo dessa entrevista foi fazer um
paralelo com as entrevistas realizadas com os imigrantes, a fim de compreender a importância
do tema e a dimensão da sua capilaridade.

Acerca do visto de trabalho sancionado no dia 4 de agosto de 2022 pelo presidente Marcelo
Rebelo, o professor comenta:

(…) Há um avanço e é muito positivo em poder ter um visto de trabalho, mesmo

que ainda não tenha um trabalho, porque a grande inovação é um visto para a procura

de trabalho. (…) Para as empresas, se o visto demora 6 meses para sair, isso quer

dizer, que a empresa tem que planear a contratação de um trabalhador e no mercado

raramente temos tanto tempo. Ou seja, no mercado muitas vezes é necessário para

amanhã, numa semana ou mês que vem. (…) Se conseguirem apanhar o visto,

conseguem ir para qualquer país europeu com esse documento na mão – não sendo

barrado na fronteira inicialmente. É algo de novo, mas também é algo de velho, que

já foi instituído no passado, mas que foi desaparecendo. Então, essa parece uma

inovação muito interessante, que a longo prazo muitos países na Europa vão

necessitar de ter, porque a Europa precisa de imigração, precisa de estrangeiros.

Nesse sentido, percebe-se que Portugal tem grande interesse na contratação de mão-de-obra
para preencher as lacunas das mais diversas áreas do mercado de trabalho. A baixa natalidade
unida com a grande emigração de portugueses para outros países tem alertado as autoridades
sobre o risco económico:

(…) Todos os países da Europa vão necessitar, porque todos os países da Europa

vão envelhecer e nos últimos anos nasceram muito menos crianças. Portanto, há

menos entrada no mercado de trabalho, então a imigração é a solução para o sistema

funcionar (Pedro).
33
Além disso, a retenção de imigrantes altamente qualificados em Portugal - e até mesmo com
imigrantes no geral - não é facilmente mensurada, pois há um conjunto de fatores sociais,
profissionais, pessoais, que vai além do que o Estado possa agir:

(…) É difícil dizer em forma linear que Portugal consegue reter os imigrantes

altamente qualificados. Alguns destes são muito fáceis de reter porque na verdade

ficam em Portugal e são qualificados, mas não exercem profissões qualificadas e em

algumas profissões qualificadas não são difíceis de concorrer internacionalmente.

Também profissões de competição global, onde é muito difícil reter esse talento seja

estrangeiro ou nacional, profissões cientistas, técnicas, onde cientistas possuem a

capacidade de atrair fundos para os seus projetos, onde são disputados por várias

universidades do mundo (Pedro).

O professor comenta que o salário não seria o fator determinante na retenção de imigrantes
altamente qualificados:

Nunca é apenas o salário. Embora por vezes o salário seja importante, que faça com

que portugueses saiam, mas também como alemães vão para a Suíça ou alemães vão

para os EUA e americanos para trabalhar em Singapura. A questão do salário é global

e algumas profissões é completamente global e as pessoas que estão em início de

carreira tem toda a disponibilidade de se moverem e a partir de certa altura essa

disponibilidade diminui por questões várias. (…) Também há outras condições mais

de contexto que podem aqui exercer a sua influência. No Brasil, a questão

“segurança” é muito nítida nos centros urbanos, que ele troca a segurança por

centenas de euros para ter outra qualidade de vida e se as oportunidades se alargam

à família. (Pedro).

Uma flexibilização nas políticas laborais poderá ter dificuldade diante de uma imigração
contínua:

34
O que tende a acontecer é a lei da oferta e da procura, se tiver uma maior procura,

os salários tendem a não subir, porque eu posso contratar mais trabalhadores que

estão imediatamente a chegar. Isso acontece em algumas profissões. Se eu tiver

sempre muitos candidatos ao Call-Center, por que subir os salários das pessoas que

trabalham em Call-Center? Se eu tiver muitos a trabalhar para o Uber, por que

aumentar à margem dos que trabalham para o Uber? E a imigração alimentando

continuamente com novas chegadas – sobretudo com esse tipo de profissão – faz

com que os salários não subam a longo prazo. Se desaparecesse o número de

trabalhadores as empresas para manter os seus trabalhadores teriam que aumentar os

seus salários. É o que acontece em outras profissões como profissão médica ou

outras profissões ligadas à tecnologia. Pode ter um lado positivo, que é permitir

chegar mais gente e pode ter um lado negativo, que é para os que já estão os seus

direitos salariais não se alterarem. Nem tudo é positivo (Pedro).

Portugal se destaca como país que tem interesse na atração de investimentos referente à
inovação:

(…) Em termos de inovação – ao contrário do que se podia pensar – é um país que

está na linha de frente. São produzidas não apenas muitas empresas inovadoras como

vários unicórnios que surgiram a partir de diferentes regiões portuguesas e muitas

incubadoras presentes praticamente em todo o país. (…) Há vários clusters que estão

a surgir com o aparecimento de novas ideias mais do que aquilo que esperaríamos à

escala do país. É um crescimento que está a atrair atenção sobre o caso português.

Muitas vezes falta o capital para depois escalar os negócios, os processos iniciam-se,

mas como falta capital a nível global, as empresas deslocalizam-se e vão a outros

locais, mas o processo de inovação permanece por cá (Pedro).

35
Percebe-se que a inovação está muito atrelada a imigrantes altamente qualificados que podem
contribuir em processos de inovação ao país. Uma vez que investimentos são realizados na
inovação, há uma necessidade de alocação de pessoas nos mais diversos setores investidos.
O visto “Start-up Visa”, como afirmado anteriormente, é uma prova que profissionais
capacitados são atraídos nessa política integrativa ligada à inovação.

A xenofobia e o racismo são pontos que prejudicam a integração do imigrante na sociedade:

(…) Há episódios de racismo e xenofobia, mas isso é “inevitável”. Há um limite de

acolhimento de imigração massiva sem que causa uma disrupção social, que depois

não conseguiríamos controlar. Eu sempre gostei da ideia que os brasileiros trazem é

que o brasileiro não vem a Portugal, mas vem à Europa… é uma coisa que temos

que assumir. Portugal é uma porta de entrada, depois muitos não ficarão aqui e isso

não será necessariamente mal. É muito mais fácil para brasileiros virem para Portugal

por conta de outros que já estão e servem de suporte. (…) Vão chegar a Portugal,

vão passar algum tempo e depois vão progredir para outros países, depois retornam

a Portugal, ao Brasil ou países de destino. Se partirem alguns, mas chegarem outros

não é dramático desde que a economia e o mercado estejam a funcionar (Pedro).

Embora não seja uma tarefa fácil, o combate à discriminação é importante para que não haja
uma trivialização.

36
5 Conclusões
Observa-se que as políticas integrativas migratórias são fundamentais no apoio a todos que
chegam ao país de destino. Através de centros de apoio ao imigrante, o governo português
tem observado certas necessidades de suporte em questões sobre documentações e
aconselhamentos gerais no âmbito das atividades do Estado. No entanto, o facto do volume
de imigrantes ser de grande número, muitas vezes certas resoluções do governo português
podem ser insuficientes diante das adversidades dos imigrantes.

Os imigrantes se queixam da falta de melhores oportunidade de trabalho, uma vez que muitos
chegam com formações profissionais de origem, contudo sofrem com a batalha do
reconhecimento educacional, onde envolve alto custo e demanda de tempo para validação.

Imigrantes altamente qualificados que estejam alocados em posições que não sejam
condizentes com a formação de origem podem frustrar planos a longo prazo no
estabelecimento do país migrado.

Políticas integrativas migratórias correspondentes à inovação necessitam ter um olhar mais


cuidadoso no que se refere às situações de xenofobia e racismo, porque se um governo possui
uma preocupação de modernizar e inovar os mais diversos setores estruturais, a falta de
empatia para as causas sociais pode impactar sensivelmente na decisão do imigrante na
permanência em Portugal.

A baixa natalidade e a redução da idade ativa de trabalhadores no mercado de trabalho são


exemplos reais da necessidade de políticas integrativas de imigrantes. Portugal tem um aspeto
interessante pela participação da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o
qual tende a usufruir de um trânsito mais facilitado de pessoas. No entanto, não bastam
medidas pontuais que visem somente meios que estabilizem atividades económicas, mas
também que o imigrante colha o fruto de ser parte de uma sociedade que o acolha e que
compreenda a importância da sua presença.

Independente da nacionalidade, o respeito ao próximo e a compreensão básica dos direitos


humanos fariam a diferença no mundo se fossem devidamente praticados.

37
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43
Anexos
Guião das Entrevistas

Os imigrantes entrevistados possuem formação de nível superior com a maioria a cursar


mestrado ou doutorado na Universidade do Porto. A seguir, as perguntas direcionadas para
esses entrevistados:

• Por que Portugal como lugar para estudar, trabalhar?


• Você pensa em retornar ao país após os estudos ou depois de um tempo?
• Você já procurou alguma ajuda através de algum centro do governo para alguma
coisa?
• Você acha que Portugal é um bom país para pessoas altamente qualificadas?

Realização de entrevista com especialista na área de imigração da Universidade de Coimbra


sobre a situação migratória em Portugal. A seguir, as questões da entrevista:

• Portugal tem conseguido ter um saldo positivo na retenção da imigração altamente


qualificada?
• Entrevistei colegas da Universidade na área da engenharia, que mesmo com a
nacionalidade portuguesa, tem dúvidas se ficam por conta de o salário no Brasil ser
mais atrativo. Como seria a questão do salário?
• Os processos burocráticos (visto de trabalho) são suficientes na atração desses
talentos?
• O visto de trabalho já seria considerado uma medida de inovação?
• Com o aumento da imigração, leis de contexto laboral poderiam ser mais flexíveis?
• Reconhecimento educacional é possível melhorar?
• Poderia comentar sobre os processos atrativos acerca da inovação por Portugal?
• Os portugueses estão preparados para uma imigração em massa?

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