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mercado de trabalho.
Orientado por
Prof. Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos
2022
Agradecimentos
Agradeço a Jesus pela oportunidade em ter chegado até aqui, pelos meus pais (Paulo e Kátia)
por todo o apoio e suporte, à minha esposa Nayara por estar ao meu lado em todos os
momentos e à minha professora, Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos, por sua
orientação durante todo o processo de realização desta dissertação de mestrado.
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Resumo
A crise demográfica na Europa é um problema lidado por muitos governos do respetivo
continente. Nesse sentido, a imigração se torna cada vez mais intensificada como meio de
enfrentamento.
Mais de meio milhão de residentes estrangeiros vivem em Portugal desde 2020. Esse
considerável número não pode ser desprezado diante da capacidade de impulsionar
atividades ligadas à economia, inovação e ao empreendedorismo.
O objetivo deste estudo é analisar as ações das políticas integrativas migratórias do governo
português, no contexto da inserção do imigrante no mercado de trabalho, a fim de relacioná-
las com a perceção do imigrante na sua vida cotidiana. Além disso, uma análise dos entraves
enfrentados por imigrantes altamente qualificados e habituais no panorama laboral, através
de um enquadramento teórico e de entrevistas, que buscam a compreensão da realidade.
A apresentação dos resultados revela uma abordagem de aspetos sociais que atuam
sensivelmente nas questões migratórias.
ii
Abstract
The demographic crisis in Europe is a problem that many governments on the continent are
dealing with. In this sense, immigration is becoming more and more intensified as a means
of coping.
More than half a million foreign residents have been living in Portugal since 2020. This
considerable number cannot be disregarded in view of its capacity to boost activities related
to the economy, innovation, and entrepreneurship.
The aim of this study is to analyze the actions of the integrative migration policies of the
portuguese government, in the context of the immigrant's insertion in the labor market, in
order to relate them to the immigrant's perception of their daily lives. In addition, an analysis
of the obstacles faced by highly qualified and habitual immigrants in the labor market,
through a theoretical framework and interviews, which seek to understand the reality.
The presentation of the results reveals an approach to social aspects that have a significant
effect on migration issues.
iii
ÍNDICE
Agradecimentos .................................................................................................................................. i
Resumo ............................................................................................................................................... ii
1 Introdução ................................................................................................................................. 1
2 Revisão de Literatura................................................................................................................ 3
2.1 Conceitos-chave............................................................................................................... 3
2.1.1 Imigração...................................................................................................................... 3
2.1.2 Políticas de Integração de Imigrantes ...................................................................... 7
2.1.3 Trabalho e Empreendedorismo .............................................................................. 10
2.1.4 Perspetivas de Inovação ........................................................................................... 13
5 Conclusões............................................................................................................................... 37
Referências ........................................................................................................................................ 38
Anexos............................................................................................................................................... 44
iv
ÍNDICE DE TABELAS
v
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 5 Nuvem de palavras mais utilizadas nas entrevistas - ATLAS Software ................... 22
Figura 7 Termos considerados mais difíceis para os imigrantes. (Autoria Própria) .............. 31
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1 Introdução
De acordo com dados da Comissão da União Europeia (2021), somente em 2020 residiam
no continente europeu 23 milhões de pessoas oriundas de outras regiões do mundo. Ou seja,
5,1% da população era estrangeira. De acordo com os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras
(2020), Portugal obteve um registo de 590.348 residentes estrangeiros em 2020. Portanto,
pode-se imaginar a complexidade com que os governos precisam de lidar com o impacto
desses números em todo o alicerce económico e político na sociedade.
Kurekova e Hejdukova (2021) afirmam que os pontos mais frequentes que motivam a
imigração são as razões económicas e as questões pessoais, como oportunidade de emprego
e acompanhamento de familiares.
Falhas em políticas de integração são um dos fatores principais para o aumento da xenofobia
e na fragmentação da sociedade (Etzioni, 2019). No entanto, segundo Cook (2018), Portugal
tem realizado políticas de integração de imigração com pontos positivos acerca de leis para
entrada e saída de estrangeiros, asilo e refugiados. Mattiazzi (2016) comenta justamente que
é paradigmático, ou seja, que deve ser normativo os países europeus implementarem políticas
de ação social, que venham a envolver também os imigrantes, a fim de um progresso numa
determinada região, onde o trabalho e a vida pessoal do imigrante são capazes de dinamizar
o contexto económico local.
1
Em seguida, dá-se um enfoque no mercado de trabalho de Portugal, assim como se apresenta
posteriormente a metodologia aplicada para contextualização da relação entre os imigrantes
e o seu trabalho, através de entrevistas realizadas aos mesmos, e por último seguem-se as
considerações finais.
Nesse sentido, esse trabalho visa contribuir com análises acerca da imigração e da integração
em relação ao mercado de trabalho em Portugal.
2
2 Revisão de Literatura
2.1 Conceitos-chave
2.1.1 Imigração
Telsaç e Telsaç (2022) comentam que a imigração pode ocorrer por diversas razões, como:
fatores económicos, razões políticas, fatores demográficos, fatores sociais e naturais. Na
questão económica, a falta de comida suficiente, pobreza, desemprego, segurança de
trabalho, e falta de provisão de cuidados médicos são elementos que corroboram essa
imigração. Nesse sentido, aluguéis de residências e escritórios tendem a aumentar no país
alvo de imigração, e o país de origem tende a sofrer com o déficit populacional para o
desenvolvimento económico. (Idem).
Continuando ainda sobre os fatores, Telsaç e Telsaç (2022) explicam que as questões políticas
também impulsionam a imigração devido a perseguição por opositores, falta de liberdade de
expressão e principalmente guerras, onde a imigração forçada pode provocar certo
desequilíbrio social e económico para o país alvo. Acerca dos fatores demográficos, nos
países onde há um contingente alto no número de pessoas, há uma tendência na ocorrência
de emigração. Isso pode provocar uma vantagem para o país de acolhimento – considerando
uma maioria de imigração jovem, que ajudaria no impulsionamento do mercado de trabalho
no país alvo, porém causaria um déficit no país de origem. Por último, os fatores sociais e
naturais ocorrem pelo desejo dos imigrantes estarem próximos das famílias e também por
fatores climáticos, que podem provocar na saída do país de origem. (Idem).
Peixoto (2008) explica que na Europa a relação entre mercado de trabalho e imigrantes está
profundamente interligada uma vez que não existe imigração sem uma procura económica.
Com o surgimento de trabalhos temporários, uma recetividade mais flexível por parte dos
empregadores e o afastamento dos nativos em relação a esses trabalhos, muitos imigrantes
com maior baixo nível educacional foram bastante atraídos para essas vagas. No entanto, a
adesão de imigrantes com qualificações especializadas, também obteve substancial aumento
na totalidade do número de imigrantes. (Ramos, 2013).
3
intensificando-se com a crise de 2008. (Mattiazzi, 2016). Durante esse período mencionado,
Portugal obteve uma forte variação demográfica através de grande contingente de imigrantes,
os quais foram responsáveis pela não estagnação do número populacional. (Idem).
Portugal possui um histórico colonial com profundas raízes ligadas com outras nações ex-
colónias. Assim, propiciou-se uma base para uma posição mais aberta aos estrangeiros. Entre
os anos de 1990 e 2000, o número de estrangeiros duplicou de 107.767 para 207.587 (Cook,
2018). Nesse mesmo período, os estrangeiros provenientes do Brasil e de África já
dominavam o cenário de imigração, porém este tornou-se mais diversificado com o aumento
de nacionais do leste europeu, além de Índia, Paquistão, China e Bangladesh (Ramos, 2007;
Oliveira, 2012; Cook, 2018).
Na última avaliação do MIPEX (2019), Portugal encontra-se entre as dez nações mais abertas
à naturalização e com uma versatilidade nas práticas de integração dos imigrantes
(Huddleston & Vink, 2016). As políticas de integração desenvolvidas em Portugal têm sido
avaliadas como estando acima da média, exceto na área da saúde, porém com pontos
positivos na área de mobilidade do mercado de trabalho, reunificação familiar, participação
política, acesso à nacionalidade e política anti discriminatória. As áreas da saúde,
documentação sobre permissão de residência permanente e educação devem ainda ser
melhorados (MIPEX, 2019). O ingresso do imigrante no mercado de trabalho não é
influenciado apenas pelo status legal com equidade aos nativos, mas com um suporte que
garanta oportunidades igualitárias (Huddleston & Vink, 2016).
Em 2014, o desemprego na União Europeia era de 20% para refugiados, 16% para residentes
não europeus e 10% para nativos (OECD, 2019). Os refugiados têm tido grandes
dificuldades para conseguir emprego por falta de rede de contatos, conhecimento do idioma,
falta de reconhecimento de qualificação e muitas vezes problemas de saúde, como doenças
mentais e problemas de adaptação decorrentes da migração (Ramos N., 2021). Em relação
à qualificação, os refugiados podem ter maior grau de dificuldade do que propriamente
imigrantes por não terem prova suficiente para comprovação das suas qualificações. Em
Portugal, os refugiados possuem a oportunidade de serem assistidos com algumas aulas de
português por voluntários do Conselho Português para os Refugiados e uma vez aprovado
o pedido de asilo e residência temporária, os refugiados continuam as suas aulas de português
através do Instituto de Emprego e Formação Profissional. (Idem)
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Múltiplas perspetivas são necessárias para a compreensão da complexidade das migrações.
Não apenas na visão política e económica, mas no acompanhamento das medidas de
integração pelas instituições e de como impactam no aspeto social e no mercado de trabalho.
Inclui ainda toda a visão holística no conhecimento em religião, capital social, capital
humano, etnicidade e variações demográficas. (Honig, 2020). A interdisciplinaridade é
importante para a compreensão de como as políticas migratórias podem maximizar os custos
e benefícios de uma economia, a fim de torná-la numa economia mais avançada devido a
essa diversidade, como também no contexto da relação entre imigração e empreendedorismo
e na criação de uma comunidade sustentável do mercado de trabalho para imigrantes. (Idem).
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Observa-se no gráfico abaixo os seguintes pontos: Nacionalidade brasileira representa 29,3%
do total de estrangeiros; Reino Unido é a segunda nação com maior população estrangeira;
aumento de imigrantes oriundos de outros países europeus e também do número de
imigrantes oriundos da Índia e da Itália.
Ramos (2013) comenta que essa interculturalidade exige um trabalho estrutural em diversas
áreas como cultural, científico, económico, uma vez que a globalização não deve ser tratada
como controle migratório, mas como uma gestão migratória, onde a mobilidade não se
restringe apenas à deslocação de pessoas, mas também aos aspetos sociais que impactarão na
integração do imigrante dentro da sociedade.
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2.1.2 Políticas de Integração de Imigrantes
O Alto Comissariado para as Migrações (2021) tem promovido um plano estratégico sobre
migrações entre 2015 e 2020, onde cinco eixos políticos foram criados para medidas de
integração aos imigrantes e seus descendentes, como também definições de suporte ao
reingresso de cidadãos emigrados. Segundo Cook (2018), o Alto Comissariado para as
Migrações – responsável pelo plano – possui a importância de uma categoria de Ministério,
ao ponto de possuir uma força mais centralizada, diferentemente da Itália e da Espanha que
possuem uma autonomia de atuação mais regional.
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uma articulação com o Ministério de Negócios Estrangeiros (Alto Comissariado para as
Migrações, 2021).
Cook (2018) ainda comenta sobre a criação do Centro Nacional de Apoio à Integração de
Migrantes – através do Alto Comissariado para as Migrações – como uma das mais
importantes instituições inovadoras, onde o imigrante tem à disposição num só sítio diversos
órgãos para resolução dos mais diversos assuntos.
Documentos expirados tiveram prazo de validade alargado para 2022, vacinação disponível
para imigrantes sem número de utente, além de uma vasta recomendação por parte do Alto
Comissariado para as Migrações (2021) com medidas sobre a situação de casos positivos de
COVID-19 para trabalhadores. Esta instituição tem atuado em parceria com os demais
conselhos, reencaminhando avisos sobre decretos e medidas adotadas no país durante as
restrições impostas no período.
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O aumento de incertezas derivado da pandemia pode ter provocado um crescimento do
autoritarismo com a ascensão da xenofobia e nas atitudes anti migratórias pelo mundo. A
preocupação de doenças seria capaz de potencializar um racismo e xenofobia (Esses &
Hamilton, 2021).
Ruhs (2010) afirma que muitos países fazem distinção entre direitos humanos e direitos de
imigrantes. As políticas públicas migratórias devem estar em harmonia com os Direitos
Humanos para uma eficiente gestão das migrações no curto e médio prazo (Ramos, 2020).
Sem os direitos humanos, o bem-estar e a sua autonomia podem acarretar na limitação pela
alta dependência diante do empregador (Ruhs, 2010). O trabalho, a educação, as
competências linguísticas e multiculturais, juntamente com a dupla nacionalidade,
possibilitam a integração e a participação civil nos países de acolhimento e de origem,
aumentando, assim, a mobilidade e a participação efetiva dos migrantes qualificados no
mercado de trabalho (Ramos, 2013).
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2.1.3 Trabalho e Empreendedorismo
Segundo dados estatísticos do SEF de 2021, na tabela abaixo vemos a representação do fluxo
imigratório de países com maior representatividade no território português. Observa-se que
os países asiáticos possuem grande destaque na autorização de residência pela atividade
profissional.
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Figura 3 Representação de fluxo imigratório
Gaspar (2017) comenta que muitos chineses chegam a estabelecer-se em outros países da
Europa e só depois se dirigem a Portugal. A partir disso, com a vantagem do espaço
Schengen, conseguem manter uma rede de contatos com a restante comunidade situada pela
Europa. Uma vantagem da comunidade chinesa é que ela não é dependente economicamente
e financeiramente dos países anfitriões, mas baseada numa rede transnacional devido a laços
familiares e de nacionalidade, que incentivam a imigração onde quer que surjam novas
oportunidades económicas e de trabalho.
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Fatores culturais, limitação de qualificação profissional, exclusão social, suporte de outras
pessoas da mesma comunidade e motivações pessoais contribuem para o número de
imigrantes empreenderem mais do que os próprios nativos (Baycan-Levent & Nijkamp,
2009).
Oliveira (2019) afirma que a partir de 2007, o governo português percebeu que o
empreendedorismo imigrante não seria apenas uma mera política integrativa de acolhimento
de inserção do indivíduo na sociedade, porém uma ferramenta capaz de alavancar o setor
económico com a criação de emprego, rendimento e geração de inovação. Portanto, esse
empreendedorismo vem a ser hoje tão estimulado.
Uma das áreas onde o imigrante em Portugal tende a ser mais discriminado é referente ao
trabalho (Góis et al., 2018). Os imigrantes tendem a ser submetidos mais em atividades
secundárias e além disso, dados estatísticos de discriminação podem não corresponder à
totalidade da dimensão real que os imigrantes venham a sofrer nos mais diversos percursos
para obtenção de um emprego (idem).
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2.1.4 Perspetivas de Inovação
Fassio et al. (2019) afirmam em relação à imigração, que ela pode aumentar o impacto de
inovação num determinado espaço geográfico. Esse impacto poderia ser maior ou menor
dependendo de fatores como nível de capacidade profissional do imigrante e correta alocação
laboral dentro de uma organização. No entanto, o autor diz ainda que muitas vezes o
imigrante possui um nível especializado, mas encontra-se a trabalhar em áreas onde o seu
conhecimento não está a ser aplicado como deveria. Isso pode ocorrer por hostilizações
contra o imigrante, que o impede de obter as funções já anteriormente exercidas (Fassio et
al., 2019).
Estes autores sugerem ainda que alto conhecimento especializado também não garante
impacto na inovação devido ao corporativismo, onde sindicatos tendem a não ser favoráveis
em muitas questões que envolvam imigrantes. A contribuição dos imigrantes para a inovação
na indústria é positiva quando o conhecimento educacional prevalece (Fassio et al., 2019). Já
Bosetti et al. (2015) comentam, que a nível europeu, se os países não exigissem uma
“superqualificação” dos imigrantes, o resultado dos imigrantes altamente qualificados
poderia sobressair mais tacitamente, apoiados também por um recrutamento mais flexível
com objetivo de geração de conhecimento.
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pode aprender o idioma português e melhorar a sua relação interpessoal com nativos (PIS,
2019).
É importante ressaltar que a comunidade imigrante deve ser valorizada sob todos os aspetos,
uma vez que ela é fonte de inovação para suprir as necessidades do mercado de trabalho
(Ramos, 2007), mesmo em setores-chave como a saúde (Ramos, 2020). As políticas
qualificadas de imigração deveriam valorizar o acolhimento dos imigrantes qualificados e
inovadores. O posicionamento diante da migração poderia afetar o influxo de inventores
talentosos. A proximidade cultural ajudaria na contribuição de um ambiente acolhedor e na
manutenção do fluxo imigratório (Drivas et al., 2020).
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2.2 Imigrantes Altamente Qualificados
O regime migratório de Portugal é considerado do tipo misto, tendo em vista que é um país
emissor e recetor de migrantes (Góis & Marques, 2014). A partir da década de 80 e 90 do
século XX houve um crescimento com investimento nas áreas de marketing, informática e
tecnologia, que contribuíram para atração de imigrantes da Europa e do Brasil. (Idem)
A primeira década do século XXI em Portugal foi marcada muito pela presença de
profissionais altamente qualificados, que se submetiam a trabalhos de menor exigência
educacional. (Góis & Marques, 2014). Os imigrantes altamente qualificados que chegam a
Portugal podem exercer profissões ligadas ao setor primário, como também no segmento
secundário do mercado ou em ambos segmentos uma vez finalizada a sua formação superior
em Portugal. (Idem)
Mihi-Ramirez et. al (2016) consideram que a imigração altamente qualificada está bastante
ligada ao conceito da inovação onde países que produzem uma quantidade considerável de
patentes são capazes de atrair imigrantes altamente qualificados. Nesse sentido, o ciclo do
processo de inovação perpassa por essa imigração. O futuro da economia seria através do
desenvolvimento de novos produtos e serviços criados por pessoas qualificadas com a
garantia de medidas que assegurem vistos específicos para imigrantes com alta qualificação
(Idem).
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As políticas públicas necessitam detetar quais barreiras dificultam a atração desse tipo de
imigração para que seja melhor aproveitada pelo seu enriquecimento e diversidade.
Restrições impostas a esses imigrantes causam perdas em todos os aspetos da inovação
(Mihi-Ramirez et al., 2016). Ramos (2013, 2020) destaca que as mulheres possuem um papel
importante no contexto da inserção laboral, da mobilidade, do contributo socioeconómico
de migrantes altamente qualificados. As necessidades do mercado de trabalho estimulam que
cada vez mais mulheres procurem os seus objetivos económicos em outros destinos.
Os imigrantes altamente qualificados se sentem mais atraídos por países que disponibilizam
um caminho de abertura para uma residência permanente. Muitos países da OCDE
possibilitam essa abertura em busca dessa residência, uma vez que o trabalhador deseja
entidades empregadoras que possam ajudá-lo nessa questão (Czaika & Parsons, 2017).
Isenções fiscais, políticas e acordos bilaterais são também considerados atrativos para esses
imigrantes (Idem).
A migração altamente qualificada continua a crescer tanto no seu número quanto na ênfase
dada por governos de vários países. No entanto, a formulação das políticas de migração
altamente qualificadas e as avaliações sobre a sua eficácia estão sendo prejudicadas por
diferentes interpretações do que é ser qualificado (Parsons et al., 2020).
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qualificação demonstra que a relação do capital humano e integração muitas vezes não são
condizentes. O capital humano não seria uma variável única na influência dos padrões de
migração, mas também características demográficas e o país de destino impactariam na
diferenciação das migrações (Marques et al., 2021).
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3 Metodologia de Pesquisa Qualitativa
A investigação propõe analisar as experiências de imigrantes na delimitação do objeto de
pesquisa, no caso, as políticas integrativas de imigração no mercado de trabalho. Observar
se as políticas públicas estão a causar algum impacto nas vidas dessas pessoas, ouvi-las, e
perceber se de facto essas mesmas políticas estão a contribuir para uma vida com maior
qualidade e para uma mudança positiva em Portugal.
Nesse sentido, através do presente método qualitativo seria possível perceber mais a questão
humana envolvida como plano de fundo das políticas de integração implementadas por
Portugal. Observar se os caminhos percorridos pelas políticas de integração de imigrantes
vão de encontro com a realidade cotidiana e se são efetivamente executadas.
Para uma melhor investigação do assunto foram realizadas entrevistas com imigrantes de três
nacionalidades, a fim de uma coleta de dados que ampliasse os horizontes de todo o contexto
do estudo. Também foi realizado uma entrevista com sociólogo especialista em imigração, o
qual tem partilhado a sua experiência na relação entre migração e inovação.
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Adams (2015) propõe que a condução da entrevista deva ser de forma neutra e profissional,
nem fria e nem familiar, procurando manter uma posição de conhecimento e humildade
diante do entrevistado. Nesse sentido, as entrevistas realizadas para esse estudo seguirão as
devidas instruções.
Leech (2002) afirma que pode parecer agradável, mas que o posicionamento do entrevistador
transmita uma imagem de menor conhecimento do que o entrevistado. Além disso, não
parecer uma ameaça ao entrevistado com discursos académicos, mas que permita o
convidado falar com naturalidade.
Leech (2002) diz ainda sobre a importância do uso da técnica denominada “Rapport” dentro
da entrevista. Essa técnica consiste no mesmo uso de linguagem que o interlocutor se
comunica, a fim de demonstrar atenção no que a pessoa diz, como também uma impressão
de livre uso da palavra. Assim, as entrevistas realizadas no estudo dessa dissertação valorizam
o discurso de cada um dos participantes desse projeto, com o objetivo de que sejam obtidas
informações relevantes através de experiências de vida, aspetos sociais e culturais no contexto
da sociedade portuguesa.
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Os conceitos-chave abordados na revisão teórica fizeram parte do guião utilizado nas
entrevistas para análise do discurso e conteúdo. (Marconi & Lakatos, 2021). Com a análise
de conteúdo para uma melhor compreensão do contexto de migrações e de suas
interpretações, optou-se pela pesquisa qualitativa para superar a quantificação de
informações por meio da indução, argumentação e impressão da opinião do pesquisador
(Soares & Fonseca, 2019).
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4 Resultados e Discussões
4.1 Apresentação dos Resultados
Observou-se que o termo “Trabalho” foi enquadrado como elemento central em face das
respostas dos entrevistados sendo o mais citado na categorização dos códigos na análise.
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Figura 6 Gráfico - Termos mais comentados pelos entrevistados – ATLAS
O perfil profissional dos convidados são das mais diversas áreas como Economia, Direito,
Engenharia, Empreendedorismo e Ciências da Linguagem. Abaixo a tabela com o perfil dos
entrevistados:
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Tabela 1 Perfil - Entrevistados do objeto de estudo
(…) tem acordo bilateral entre o Brasil e Portugal e eu fiz inscrição na Ordem
Portuguesa por ser advogado no Brasil, então, isso é um atrativo para quem é do
Direito. Pagarmos uma taxa (…) sermos advogados só com a inscrição. Não temos
que fazer dois anos de estágio, não temos que fazer prova e já somos advogados nível
sênior.
Nesse sentido, observou-se que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) tem
beneficiado imigrantes dessa comunidade de países na área do Direito, no reconhecimento
facilitado para a inscrição na Ordem dos Advogados em Portugal e consequentemente na
integração no mercado de trabalho.
Mesmo o Brasil sendo parte da CPLP, alguns imigrantes brasileiros mais qualificados podem
encontrar dificuldade num melhor posicionamento no mercado de trabalho, como relatado
pelo engenheiro e mestrando na Universidade do Porto, Thiago:
(…) desde que cheguei aqui mando CV pra todo canto, mas não tenho feedback.
(…) comecei pelo LinkedIn, enviei por e-mail, enviei para plataformas de trabalho e
não só na Engenharia Civil, mas em “n” lugares. Já trabalhei de garçom aqui, como
Mas, por conta de os salários serem mais baixos do que a média da zona europeia
(…) se formos comparar com a Espanha, que fica aqui ao lado, por mês são 400
trabalho (…) mas eu não vejo que Portugal retenha esses talentos, basta ver que quem
Ocorre que além da questão emigratória por parte de nativos ao longo dos anos, muitos
imigrantes também são impelidos por mais informações sobre a emigração para outros países
europeus. Portanto, o salário apresenta-se como fator de peso no estímulo migratório.
Mesmo já com a nacionalidade portuguesa adquirida através do avô, Thiago comenta que os
salários em Portugal se encontram desfasados e que prefere retornar ao Brasil após os
estudos:
(…) “falando em números, o maior salário que vi aqui foi em 1000 euros – chegando até em
1200 – só que descontando dá um pouco menos. Mas, hoje voltando ao Brasil o meu salário
está em 1500 euros”.
Nesse sentido, é um exemplo de imigrante que pretende regressar ao país de origem por
questões apresentadas na sua visão. Mas há casos de imigrantes que pretendem permanecer
em Portugal:
25
Definitivamente nós temos um filho que agora está com 11 anos, ele chegou em
Portugal com 8 anos e se adaptou muito bem na escola, e ele já chegou numa idade
que ele consegue comparar a realidade de vida de nosso país, El-Salvador, com a
realidade de Portugal e ele mesmo fala que não pensa em voltar (Daniel).
Desse modo, vemos como Telsaç e Telsaç (2022) baseiam as suas fundamentações na
alegação de que os imigrantes estão em busca de melhores condições de vida.
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Tabela 2 Códigos - Categorias de termos comentados pelos imigrantes entrevistados
27
Os dados da tabela demonstram que os termos mencionados são os pontos mais são
observados ou vividos por aqueles migram para Portugal. Os 19 termos da tabela apontam
uma necessária observação das políticas de integração do imigrante no mercado de trabalho
por Portugal.
Observa-se que a escolha de Portugal como destino de imigrantes consiste num destino
europeu que tem procurado facilitar cada vez mais a atração de imigrantes:
(…) “Portugal não foi a minha primeira opção, meu primeiro pensamento. (…) é um bom
país para início” (Cristian).
Daniel, oriundo de um país com idioma espanhol, também comenta sobre a questão:
Na verdade, não temos nenhum interesse em ir para a Espanha. Nós estamos aqui
muito bem. Isso foi de facto decisão que pessoalmente considerei, que até
poderíamos ter ido para a Espanha, mas sabíamos que o espanhol para nós não nos
remigrar para nenhuma outra nação, nem para a Espanha e nem para nenhum outro
país.
Mesmo com uma questão de Portugal ter ainda dificuldades em reter imigrantes altamente
qualificados, a qualidade de vida e oportunidades de trabalho, em geral, parecem ser
satisfatórias:
América Latina, que estamos procurando uma oportunidade em Portugal. (…) são
muitos os empregos sejam em francês, inglês, tem até alemão e muitas outras línguas,
como espanhol. Então.... claro que tem muito trabalho. Portugal só não trabalha
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A xenofobia – como o próprio Etzioni (2019) afirma – é um sinal que as políticas migratórias
precisam ser melhor observadas e aplicadas, a fim de que essa questão seja amenizada. Thiago
comenta um episódio de um amigo brasileiro na sua mesma área de engenharia:
(…) um amigo que foi contratado sem ter o curso reconhecido, ele teve que
reconhecer..., mas uma coisa interessante (…) foi que os portugueses falaram pra ele,
que durante os lugares que ele teria que entrar - porque ele tinha que fazer vistoria
nos imóveis - que não era pra ele falar com as pessoas para não verem que era
brasileiro e não passar uma má impressão da empresa. (…) ele também tem a dupla
nacionalidade, mas durante os lugares era pra ele não falar e as pessoas não
Ramos (2020) comenta que a xenofobia pode inclusive ser agravada com imigrantes em
situação irregular, onde há reflexos na desigualdade salarial e perspetivas de carreira.
presente, às vezes, o racista nem tem a impressão que está sendo racista. Eu penso
que o racismo, ainda é, mesmo que os portugueses não aceitem e não declarem, o
isso, daí eu tenho dito, se for preto – por muito qualificado que seja – vai ter menos
que pessoas de pele escura vem a Portugal. Por que quando vamos a um banco
29
Portanto, pode-se refletir se uma pessoa altamente qualificada conseguirá obter êxito na
carreira profissional no país migrado, tendo em vista, possíveis discriminações raciais.
Kenneth explica com as suas palavras a diferença entre xenofobia e racismo:
(…) Ou seja, o racismo, tu não chegas aqui porque não merece, não podes, não deves,
o teu lugar é outro e não este. Xenofobia é tu estás aqui, mas estás a ocupar um lugar
É possível visualizar que todo o contexto envolvendo imigração, inovação, alta qualificação
e mercado de trabalho pode ir mais além do que se pode imaginar:
Primeiro se tu és branco ou preto por muito qualificado que seja. A cor da pele é
exemplo, para um professor de português que tenha feito uma formação em Angola
conseguir alguma coisa, mas mesmo aí, há níveis que acho que são inacessíveis. Nível
de base quando consegue ganhar 1000-1200 euros, mas não pode aspirar para muito
mais (Kenneth).
Com as palavras de Kenneth, observa-se que há um vasto campo a ser trabalhado pelas
autoridades – no que se refere a campanhas de conscientização, de valores humanos, a fim
de lidar frontalmente com essas situações. A xenofobia e o racismo inseridos de forma
intensa numa sociedade podem não reter talentos promissores.
Para estudar, depende, se fala inglês, se tem dinheiro. Estudar em Portugal é muito
mais barato do que estudar no Reino Unido. Se tem dinheiro e fala inglês pode ir ao
Reino Unido, senão Portugal. Agora, pra viver... depende... se a pessoa quiser viver
aqui e não se importar, suportar e não tiver a capacidade de perceber a forma muito
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discreta, muito dissimulada, como se manifesta o racismo, pode vir aqui e é
muitíssimo feliz. Mas, se for uma pessoa lúcida com a capacidade de perceber umas
“preto”.
Portugal é atualmente dos países da Europa que está facilitando mais no quesito de
imigrante, Portugal é um país que acolhe, um país que recebe imigrantes sem tantas
Eu já falava o português e eu falei para o meu filho que isso seria uma oportunidade
para ele aprender o português, que é a 5ª língua mais falada do mundo. Então,
certamente para ele e para minha esposa aprender uma nova língua era um novo
“Atrai porque tem vistos facilitados, tem opções facilitadas de entrada no país".
31
Conforme a imagem acima, os termos xenofobia, racismo, reconhecimento educacional e
valorização profissional foram os assuntos mais abordados no sentido de grau de relevância
quando se é comentado sobre a temática da imigração. Seja imigração altamente qualificada,
ou geral, esses assuntos estão profundamente ligados diante do trabalhador imigrante e da
sua relação com o país de destino. Portanto, as políticas de integração do trabalhador
imigrante na sociedade precisam ser conduzidas por questões sociais e políticas laborais que
satisfaçam plenamente o plano de imigração.
A inovação necessita estar aliada também ao bem-estar das pessoas. A integração deve ir
mais além do que apenas ser parte de um sistema ou sociedade, mas que as políticas de
integração façam a diferença na vida dos imigrantes.
O imigrante não deveria ser tratado como figurante para encobrir problemas regionais, baixa
natalidade, dentre outros pontos, mas sim visto como alguém com os mesmos direitos e
deveres de nativos, como ponto fundamental para uma harmonia dentro da sociedade.
Através das entrevistas, observou-se que as políticas de integração ao imigrante poderiam ser
mais presentes no contexto individual do imigrante. Apesar da implantação de centros de
apoio ao imigrante, algumas dessas medidas parecem desconhecidas por muitos imigrantes
que chegam a Portugal. O reconhecimento educacional, por exemplo, não é administrado
diretamente por esses centros, algo que na prática interfere nos planos profissionais do
imigrante, como também no imigrante altamente qualificado. Nesse sentido, essas pessoas
chegam a Portugal e muito desamparadas buscam melhores condições profissionais e de
vida.
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4.2 A Inovação no Contexto Imigratório
Acerca do visto de trabalho sancionado no dia 4 de agosto de 2022 pelo presidente Marcelo
Rebelo, o professor comenta:
que ainda não tenha um trabalho, porque a grande inovação é um visto para a procura
de trabalho. (…) Para as empresas, se o visto demora 6 meses para sair, isso quer
raramente temos tanto tempo. Ou seja, no mercado muitas vezes é necessário para
amanhã, numa semana ou mês que vem. (…) Se conseguirem apanhar o visto,
conseguem ir para qualquer país europeu com esse documento na mão – não sendo
barrado na fronteira inicialmente. É algo de novo, mas também é algo de velho, que
já foi instituído no passado, mas que foi desaparecendo. Então, essa parece uma
inovação muito interessante, que a longo prazo muitos países na Europa vão
Nesse sentido, percebe-se que Portugal tem grande interesse na contratação de mão-de-obra
para preencher as lacunas das mais diversas áreas do mercado de trabalho. A baixa natalidade
unida com a grande emigração de portugueses para outros países tem alertado as autoridades
sobre o risco económico:
(…) Todos os países da Europa vão necessitar, porque todos os países da Europa
vão envelhecer e nos últimos anos nasceram muito menos crianças. Portanto, há
funcionar (Pedro).
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Além disso, a retenção de imigrantes altamente qualificados em Portugal - e até mesmo com
imigrantes no geral - não é facilmente mensurada, pois há um conjunto de fatores sociais,
profissionais, pessoais, que vai além do que o Estado possa agir:
(…) É difícil dizer em forma linear que Portugal consegue reter os imigrantes
altamente qualificados. Alguns destes são muito fáceis de reter porque na verdade
Também profissões de competição global, onde é muito difícil reter esse talento seja
capacidade de atrair fundos para os seus projetos, onde são disputados por várias
O professor comenta que o salário não seria o fator determinante na retenção de imigrantes
altamente qualificados:
Nunca é apenas o salário. Embora por vezes o salário seja importante, que faça com
que portugueses saiam, mas também como alemães vão para a Suíça ou alemães vão
disponibilidade diminui por questões várias. (…) Também há outras condições mais
“segurança” é muito nítida nos centros urbanos, que ele troca a segurança por
à família. (Pedro).
Uma flexibilização nas políticas laborais poderá ter dificuldade diante de uma imigração
contínua:
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O que tende a acontecer é a lei da oferta e da procura, se tiver uma maior procura,
os salários tendem a não subir, porque eu posso contratar mais trabalhadores que
sempre muitos candidatos ao Call-Center, por que subir os salários das pessoas que
continuamente com novas chegadas – sobretudo com esse tipo de profissão – faz
outras profissões ligadas à tecnologia. Pode ter um lado positivo, que é permitir
chegar mais gente e pode ter um lado negativo, que é para os que já estão os seus
Portugal se destaca como país que tem interesse na atração de investimentos referente à
inovação:
está na linha de frente. São produzidas não apenas muitas empresas inovadoras como
incubadoras presentes praticamente em todo o país. (…) Há vários clusters que estão
a surgir com o aparecimento de novas ideias mais do que aquilo que esperaríamos à
escala do país. É um crescimento que está a atrair atenção sobre o caso português.
Muitas vezes falta o capital para depois escalar os negócios, os processos iniciam-se,
mas como falta capital a nível global, as empresas deslocalizam-se e vão a outros
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Percebe-se que a inovação está muito atrelada a imigrantes altamente qualificados que podem
contribuir em processos de inovação ao país. Uma vez que investimentos são realizados na
inovação, há uma necessidade de alocação de pessoas nos mais diversos setores investidos.
O visto “Start-up Visa”, como afirmado anteriormente, é uma prova que profissionais
capacitados são atraídos nessa política integrativa ligada à inovação.
acolhimento de imigração massiva sem que causa uma disrupção social, que depois
que o brasileiro não vem a Portugal, mas vem à Europa… é uma coisa que temos
que assumir. Portugal é uma porta de entrada, depois muitos não ficarão aqui e isso
não será necessariamente mal. É muito mais fácil para brasileiros virem para Portugal
por conta de outros que já estão e servem de suporte. (…) Vão chegar a Portugal,
vão passar algum tempo e depois vão progredir para outros países, depois retornam
Embora não seja uma tarefa fácil, o combate à discriminação é importante para que não haja
uma trivialização.
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5 Conclusões
Observa-se que as políticas integrativas migratórias são fundamentais no apoio a todos que
chegam ao país de destino. Através de centros de apoio ao imigrante, o governo português
tem observado certas necessidades de suporte em questões sobre documentações e
aconselhamentos gerais no âmbito das atividades do Estado. No entanto, o facto do volume
de imigrantes ser de grande número, muitas vezes certas resoluções do governo português
podem ser insuficientes diante das adversidades dos imigrantes.
Os imigrantes se queixam da falta de melhores oportunidade de trabalho, uma vez que muitos
chegam com formações profissionais de origem, contudo sofrem com a batalha do
reconhecimento educacional, onde envolve alto custo e demanda de tempo para validação.
Imigrantes altamente qualificados que estejam alocados em posições que não sejam
condizentes com a formação de origem podem frustrar planos a longo prazo no
estabelecimento do país migrado.
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Anexos
Guião das Entrevistas
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