Você está na página 1de 19

CONCEITOS BÁSICOS

SOBRE ECONOMIA
CRIATIVA
Autor

Rodrigo Gisler Maciel

Reitor da UNIASSELVI

Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitora do EAD

Prof.ª Francieli Stano Torres

Edição Gráfica e Revisão

UNIASSELVI
CONCEITOS BÁSICOS
SOBRE ECONOMIA
CRIATIVA
1 INTRODUÇÃO
A economia criativa está constantemente impactando a vida dos
indivíduos em todas as sociedades contemporâneas. Eventualmente, de
forma imperceptível, produtos e serviços oriundos da criatividade são
consumidos diariamente, como nas atividades cotidianas – ouvir música no
celular durante o caminho até o trabalho; jogar algum jogo em um dispositivo
enquanto aguarda algum atendimento; comprar uma peça de roupa feita de
forma artesanal; buscar informações por meio de um podcast; ou mesmo
a realização de um curso de educação a distância para agregar valor ao
currículo. Em todos os casos, a economia criativa está presente.

A definição de economia criativa é algo ainda em evolução. No entanto,


alguns conceitos-chave – como criatividade, inovação, comunicação, cultura
e empreendedorismo – são usualmente utilizados para explicar a economia
criativa. Para além de atividades individuais que envolvem o processo criativo
na sua concepção, conforme Blanco (2015), a economia criativa engloba
todo universo de negócios relacionados a bens e serviços criativos, os quais
compõem as chamadas indústrias criativas e, necessariamente, objetivam a
geração de valor e produção de riqueza.

As indústrias criativas, em consequência da economia criativa, são


consideradas um fenômeno econômico contemporâneo. Elas iniciaram suas
atividades na década de 1990, devido, em grande medida, a um conjunto de
mudanças nos valores sociais e culturais, ocorridos no final do século XX,
na chamada “virada cultural” (BENDASSOLLI et al., 2009). Com a emergência
de uma sociedade do “conhecimento”, o avanço da era digital e um grande
receio em torno da globalização, governos de países como Austrália e
Inglaterra incluíram a economia criativa nas políticas públicas em meados
da década de 1990, com intuito de valorizar atividades econômicas que
provocavam competitividade à economia a partir da lógica de agregação de
valor e diferenciação de produtos e serviços (BLANCO, 2015).

A partir da década de 1990, a economia criativa vem ganhando destaque,


tanto como uma questão política quanto acadêmica. Conforme Flew (2008),
estratégias de políticas públicas com ênfase na economia criativa usualmente
estão associadas à ampliação dos mercados de bens e serviços culturais,
através da promoção da inovação e criatividade, e buscando desenvolver
formas originais de propriedade intelectual. Ainda, em alguns casos, a indústria
criativa é apoiada como estratégia de reestruturação urbana em alternativa às
indústrias manufatureiras tradicionais. No âmbito acadêmico, o interesse pela
economia criativa cresce em áreas como a comunicação, estudos culturais,
geografia econômica e cultural, artes e economia cultural, possuindo, como
principais temas, a importância das indústrias culturais, a mercantilização da
cultura entre outros (FLEW, 2008).

Conforme UNESCO (2015), no ano de 2013, setores ligados à economia


criativa empregaram cerca de 30 milhões de pessoas no mundo, com uma
receita de 2,25 trilhões de dólares, representando aproximadamente 3% do
PIB mundial. No Brasil, em 2017, o número de profissionais formais ligados a
atividades da economia criativa era de 837,2 mil, com remuneração média de
R$ 6.801,00; e as indústrias criativas movimentaram cerca de 155 milhões de
reais no país (FIRJAN, 2019), indicando, assim, o tamanho e o potencial que
as atividades econômicas ligadas à economia criativa apresentam atualmente.

Para melhor compreender o que é a economia criativa, suas definições,


características e elementos que compõem esse fenômeno econômico e social
contemporâneo, bem como a relação destes aspectos conceituais com a
aplicação da economia criativa no cotidiano e nas formas de empreender de
forma criativa, esse material didático se propõe a auxiliar. Assim, além desta
seção introdutória, a apostila dispõe de um capítulo contendo conceitos
básicos sobre economia criativa, e outro capítulo com objetivo de esboçar
aplicações dos conceitos da economia criativa no processo empreendedor.
Serão apresentadas considerações gerais sobre o conteúdo abordado e as
principais referências utilizadas.

2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ECONOMIA CRIATIVA


Este capítulo objetiva apresentar conceitos básicos sobre economia
criativa, de modo que propicie ao aluno elementos que indiquem caminhos
para aprofundar os conhecimentos sobre o tema. O capítulo está estruturado
de forma a abordar, inicialmente, do que trata a economia criativa, seguido
de uma breve explanação sobre indústrias criativas, contendo os modelos de
estruturação, características principais, os setores que as compõem e, por
último, serão abordados os papéis da tecnologia, inovação e sustentabilidade
neste tipo de economia.

Aspectos históricos e conceituais sobre a economia criativa serão tra-


tados brevemente, de modo a introduzir este tema atual e diverso. Alguns
conceitos são essenciais para a compreensão do que é economia criativa,
como “criatividade”, “produtos e serviços criativos”, “economia da cultura” e
“indústrias criativas”, sendo estes tratados aqui sem a pretensão de chegar a
um consenso final, mas de apresentar sua evolução.

A primeira referência oficial à economia criativa, conforme Blanco (2015),


se deu em 1983 através de um relatório emitido por Margaret Thatcher indi-
cando a importância dos setores ligados à criatividade e à tecnologia para o
desenvolvimento econômico do Reino Unido. Após uma década, em 1994,
foi lançado pelo governo da Austrália um documento denominado Creative
Nation, o qual apresentava um conjunto de políticas públicas direcionadas
ao desenvolvimento da cultura no país, e que já utilizava o termo economia
criativa (BLANCO, 2015; SEBRAE, 2015a).

Em seguida, no ano de 1997, baseado no programa australiano Creative


Nation, o primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair inclui o tema em sua
plataforma de governo, reconhecendo a importância das indústrias criativas
para o desenvolvimento. Já em 1998, ano em que a indústria fonográfica
empregou mais que as indústrias automobilística, têxtil e siderúrgica no Reino
Unido, é publicado o primeiro mapeamento das indústrias criativas, denomi-
nado Creative Industries Mapping Document (SEBRAE, 2015a).

Devido à ênfase dada à cultura na elaboração de políticas públicas,


que originaram o conceito de “economia criativa”, ainda hoje termos como
“economia da cultura” e “indústrias culturais” são adotados como sinônimos
de economia criativa. Entretanto, conforme UNCTAD (2012), o conceito
tradicional de indústria cultural refere-se a indústrias que produzem bens e
serviços culturais, e economia da cultura como uma aplicação da análise
econômica às artes criativas e cênicas e às indústrias culturais. Tais concei-
tos não são totalmente distintos da economia criativa, mas de certa forma
restritos em termos de abrangência de atividades econômicas.

Para Flew (2008), em comum as indústrias culturais e criativas con-


cernem em divisões da economia contemporânea em que a produção e
distribuição da cultura se dá por meios industriais, criando valor comercial
a produtos e serviços culturais originais, oriundos da criatividade de indi-
víduos ou grupos, a partir da venda a consumidores ou como propriedade
intelectual. Em geral, a economia cultural possui foco nos setores de artes,
design e mídia, enfatizando tecnologias digitais e oportunidades e desafios
provenientes da globalização (FLEW, 2008).

No ano de 2001, o autor John Howkins, através de esforços em sistema-


tizar as discussões e aplicações da economia criativa, elaborou a obra seminal
intitulada The Creative Economy – How People Make Money From Ideias,
livro pioneiro sobre economia criativa. Segundo Howkins (2012), a economia
criativa não possui um conceito único e consolidado, mas encontra-se em
processo de evolução, pois existem diversas definições, caracterizações e
formas de mensuração sobre o tema ao redor do mundo. Para Oliveira, Araujo
e Silva (2013), a definição Howkins para economia criativa sempre diz respeito
à interrelação entre a criatividade, o simbólico e a economia, podendo ser
definida como um conjunto de bens e serviços, cuja criatividade é o fator
mais expressivo e possui valor agregado a partir de seu conteúdo simbólico.

A economia criativa, para Gouvea et al. (2021), pode ser visualizada


como um conjunto de indústrias entrelaçadas e orientadas para o conheci-
mento, ou seja, em que as ideias são o motor da economia, gerando produ-
tos e serviços tangíveis e intangíveis que podem ser comercializados. Ainda
para Gouvea et al. (2021), as atividades econômicas atreladas à economia
criativa vêm ganhando lugar dentro do contexto econômico das sociedades
contemporâneas, substituindo gradativamente as atividades de economias
de escala industrial, como manufatura, agricultura, mineração etc., gerando
novas perspectivas para o desenvolvimento econômico, prosperidade ma-
terial e bem-estar.

Conforme UNCTAD (2012), a economia criativa é um conceito funda-


mentado em ativos criativos com potencial de geração de crescimento e
desenvolvimento econômico. Neste sentido, a economia criativa pode ser
caracterizada por: (i) capacidade de criação de empregos, geração de renda,
promoção de inclusão social, desenvolvimento humano e diversidade cultural;
(ii) interação entre aspectos socioeconômicos e culturais com a tecnologia
e propriedade intelectual; (iii) atividades econômicas baseadas no conheci-
mento; (iv) opção de desenvolvimento com base em políticas de inovação e
multidisciplinares; (v) ter indústrias criativas no seu centro (UNCTAD, 2012).

As atividades econômicas relacionadas à economia criativa são de-


nominadas de bens e serviços criativos. Estes, segundo UNCTAD (2012),
possuem semelhanças com os chamados bens e produtos culturais no que
tange a sua diferenciação e conteúdo simbólico (com valor atrelado a uma
identidade cultural), porém os produtos e serviços criativos inserem-se em
uma categoria mais ampla (a “criativa”), incluindo produtos como moda e
softwares. Os bens e serviços criativos são visualizados de forma mais clara,
através das indústrias criativas.

As indústrias criativas são constituídas por indivíduos e empresas rela-


cionados à produção e consumo de bens e serviços criativos, envolvendo,
assim, não somente aqueles que comercializam tais produtos ou serviços,
mas toda a cadeia produtiva por trás. A extensão das indústrias criativas é que
determina o escopo da economia criativa. Sendo assim, ambos os conceitos
possuem uma origem e trajetória concomitante. E, embora não exista uma
única definição para as indústrias criativas, estas podem ser identificadas a
partir da natureza dos produtos e serviços gerados no final da cadeia pro-
dutiva (UNCTAD, 2012).

Da mesma forma que o conceito de economia criativa, Oliveira, Araujo


e Silva (2013) apontam a origem da indústria criativa no relatório australia-
no como Creative Nation. Inicialmente, muito relacionado ao conceito de
indústrias culturais, a partir do referido relatório, o conceito de indústrias
criativas vem se desenvolvendo e ampliando o escopo para além das artes
manifestações culturais. Nas últimas décadas, uma série de modelos que
buscavam sistematizar elementos que caracterizam uma indústria criativa
foram apresentados, sendo os principais: o modelo britânico, modelo “texto
simbólico”, modelo dos círculos concêntricos, modelo da OMPI (Organização
Mundial da Propriedade Intelectual) de direitos autorais, e o modelo da UNC-
TAD (United Nations Conference on Trade and Development) das indústrias
criativas (OLIVEIRA; ARAUJO; SILVA, 2013).
De acordo com os pressupostos adotados, cada modelo apresenta uma
lógica específica e uma estrutura de indústria criativa diferente, em relação às
indústrias “centrais” e “periféricas” que compõe a economia criativa. A Tabela
1 resume os sistemas de classificação para as indústrias criativas, conforme
os diferentes modelos, em que é possível perceber um conjunto comum de
indústrias criativas a todos os modelos, diferenciando-se quanto a sua cen-
tralidade. Segundo UNCTAD (2012), as diferenças entre modelos não indicam
superioridade de um em relação aos outros, simplesmente formas distintas
de caracterizar as estruturas de produção criativa.

TABELA 1 – SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS CONFORME DIFERENTES MODELOS

Modelo Modelo de textos Modelo de círculos Modelo de direitos


britânico simbólicos concêntricos autorais da OMPI
Publicidade Indústrias Artes criativas centrais Indústrias centrais de
Arte e culturais centrais Literatura direitos autorais
antiguidades Publicidade Música Publicidade
Artesanato Filmes Artes cênicas Sociedades de gestão
Design Internet Artes visuais coletiva
Moda Música Filmes e vídeos
Filme e vídeo Editoras Outras indústrias Música
Música Televisão e rádio culturais centrais Artes cênicas
Artes cênicas Videogames Filmes Editoras
Editoras e jogos de Museus e bibliotecas Software
Software computador Televisão e rádio
Televisão e Indústrias culturais Artes gráficas e visuais
rádio Indústrias mais amplas
Videogames culturais Serviços de patrimônio Indústrias de
e jogos de periféricas Editoras direitos autorais
computador Artes cênicas Gravação de sons interdependentes
Televisão e rádio Material de gravação
Indústrias Videogames e jogos em branco
culturais sem de computador Eletrônicos para
distinção fixa consumidor
Eletrônicos para Indústrias relaciona- Instrumentos musicais
consumidor das Papel
Moda Publicidade Fotocopiadoras
Software Arquitetura Equipamento
Esporte Design fotográfico
Moda
Indústrias de direitos
autorais parciais
Arquitetura
Vestuário, calçados
Design
Moda
Utensílios domésticos
Brinquedos
FONTE: UNCTAD (2012, p. 7)
O modelo de classificação de indústrias criativas da UNCTAD é aqui
abordado em maior profundidade devido a sua maior difusão nos meios
acadêmicos e governamentais para interpretação da economia criativa. Tal
modelo foi lançado em 2004, durante XI Conferência Ministerial da UNCTAD,
que buscou ampliar o conceito de “criatividade”, utilizado como “qualquer
atividade econômica que produza produtos simbólicos intensamente
dependentes da propriedade intelectual, visando o maior mercado possível”
(UNCTAD, 2004 apud UNCTAD, 2012, p.7).

Assim, conforme UNCTAD (2012), pode-se definir indústrias criativas a


partir de um conjunto de características, sendo elas: constituídas pelos ciclos
criação, produção e distribuição de bens e serviços, cuja criatividade e o
capital intelectual estão no centro; formam um conjunto de atividades com
base no conhecimento; resultam em produtos tangíveis e serviços intangíveis
com conteúdo criativo, valor econômico e fins comerciais; situam-se entre os
setores artístico, industriais e de serviços; e representam um setor dinâmico
na economia mundial.

O modelo de classificação da UNCTAD baseia-se na interação de


diversos setores criativos, os quais representam tanto atividades consolidadas
nos conhecimentos tradicionais e de patrimônio cultural (como festividades
culturais e artesanato), como relacionadas à tecnologia e mais voltados
à prestação de serviços (como novas mídias e audiovisuais). Conforme
representado na Figura 1, o modelo da UNCTAD divide-se em quatro grandes
grupos (patrimônio, artes, mídia e criações funcionais), e, dentro destes, nove
subgrupos (UNCTAD, 2012).

FIGURA 1 – MODELO UNCTAD DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS

FONTE: UNCTAD (2012, p. 8)


Conforme representado na Figura 1, as indústrias criativas podem ser
divididas em quatro grandes grupos, ou áreas criativas, e subdivididas em
nove setores que englobam uma gama de atividades econômicas. Para
UNCTAD (2012), os grupos que compõem as indústrias criativas podem ser
caracterizados como:

1. Patrimônio: o patrimônio, ou patrimônio cultural, é considerado a origem


das indústrias culturais e criativas, sendo o ponto inicial da classificação. O
patrimônio une os aspectos culturais a elementos antropológicos, estéticos,
históricos, social e étnicos, influenciando diretamente o processo criativo e
colocando-se como ponto de partida de uma variedade de bens e serviços
patrimoniais, assim como culturais. O patrimônio é subdividido em dois grupos:
a. Locais culturais: museus, sítios arqueológicos, bibliotecas etc.
b. E xpressões culturais tradicionais: festivais, celebrações e artesanato.

2. Artes: representa somente as atividades criativas baseadas na arte e na


cultura. São atividades inspiradas no patrimônio, em significados simbólicos
e em valores identitários. Este grupo subdivide-se em:
a. Artes visuais: esculturas, pinturas, antiguidades e fotografia.
b. A rtes cênicas: teatro, dança, música ao vivo, circo, teatro de fantoches,
ópera etc.

3. Mídia: núcleo caracterizado por grupos de atividades de produção de


conteúdo criativo, com objetivo de estabelecer comunicação com grandes
públicos. Ela subdivide-se em:
a. Audiovisuais: filmes, rádio, televisão e outras radiodifusões.
b. E ditoras e mídia impressa: imprensa escrita, livros e outras formas de
publicações.

4. Criações funcionais: grupo composto por indústrias de bens e serviços,


com objetivos funcionais. As criações funcionais são caracterizadas por
serem voltadas à demanda e à prestação de serviços. São divididas em:
a. Design: moda, interiores, joalheria, gráfico e brinquedos.
b. N ovas mídias: conteúdo digital criativo, softwares e videogames.
c. Serviços criativos: pesquisa e desenvolvimento criativo, arquitetônico,
cultural e recreativo; publicidade e outros serviços criativos digitais.

No Brasil, segundo dados do último mapeamento da indústria criativa


(FIRJAN, 2019), no ano de 2017, o total produzido pelas indústrias criativas
foi de R$171,5 bilhões, representando 2,61% do PIB nacional. Com relação à
participação das indústrias criativas no mercado de trabalho, no mesmo ano,
o Brasil contou com cerca de 837 mil profissionais vinculados formalmente
aos diferentes setores das indústrias criativas. A Tabela 2 resume alguns da-
dos sobre mercado de trabalho e as principais indústrias criativas analisadas.
Percebe-se, a partir dos dados apresentados na Tabela 2, a relevância
das indústrias criativas na economia brasileira. Mesmo apresentando retração
das atividades econômicas criativas em relação às pesquisas de anos anterio-
res, os setores criativos mantêm-se com expressiva representação, tanto na
produção de riquezas como na geração de empregos e renda (FIRJAN, 2019).

TABELA 2 – EMPREGOS E REMUNERAÇÃO MÉDIA DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS NO BRASIL EM 2017

Indústria Criativa Empregos Salários


Publicidade 150.794 R$ 6.653,00
Arquitetura 94.801 R$ 8.385,00
Design 76.090 R$ 3.276,00
Moda 44.667 R$ 2.074,00
Expressões Culturais 28.403 R$ 2.218,00
Patrimônio e Artes 14.170 R$ 4.743,00
Música 11.478 R$ 3.210,00
Artes Cênicas 10.802 R$ 3.968,00
Editorial 54.678 R$ 4.690,00
Audiovisual 40.884 R$ 3.240,00
Pesquisa e Desenvolvimento 156.012 R$ 12.188,00
FONTE: Adaptada de Firjan (2019, p. 13)

Com base no exposto até aqui, pode-se ter uma noção geral do que trata
a economia criativa, o que são as indústrias criativas e as principais formas
de caracterizá-las, de acordo com os modelos desenvolvidos. A importância
das indústrias e suas respectivas atividades econômicas criativas também são
elencadas, de modo a proporcionar uma perspectiva consolidada sobre a
situação atual da economia criativa no Brasil. Assim, cabe apresentar como
a economia criativa relaciona-se com temas atuais, como tecnologia, ino-
vação, sustentabilidade e empreendedorismo, buscando verificar como os
conceitos apresentados aqui podem ser aplicados no cotidiano.

A economia criativa envolve uma gama de atividades econômicas, com


expressiva geração de empregos e renda, e, acima de tudo, é um conceito
atual que interage com temas emergentes nas sociedades atuais. Estudos
recentes apontam a relação da economia criativa com tecnologia (SUNG,
2015), inovação (GOUVEA et al., 2021; CUNNINGHAM; MCCUTCHEON, 2021),
e sustentabilidade (HARPER, 2021; UN, 2020). Desse modo, inicialmente cabe
definir cada um destes temas, sem intenção de aprofundá-los nesse debate,
a fim de melhor relacioná-los com a economia criativa.

A tecnologia é um tema com extensa amplitude e de grande comple-


xidade. Conforme Pinto (2005), existe um desafio em apreender os distintos
significados do termo. Ainda conforme o autor, quatro sentidos podem ser
atribuídos à tecnologia: o primeiro diz respeito à etimologia, à tecnologia,
como “logos” da técnica, englobando a ciência, a discussão técnica, as ar-
tes e as profissões, ou seja, as formas de produzir alguma coisa; o segundo
sentido é o do senso comum, que identifica tecnologia como sinônimo de
técnica ou saber fazer alguma coisa; o terceiro sentido abrange o conjun-
to de técnicas de uma sociedade, indicando o nível de desenvolvimento
produtivo; e, o quarto sentido indica a tecnologia como uma “ideologia da
técnica” (PINTO, 2005).

Outro conceito bastante complexo e com diversos significados, espe-


cialmente conforme sua aplicação, é o de inovação. Aqui abordamos com
ênfase a inovação tecnológica, podendo utilizar a perspectiva de Schum-
peter (1984), que argumenta que a inovação tecnológica é fundamental ao
processo empreendedor, com objetivo de obter vantagem estratégica. As-
sim, conforme Bessant e Tidd (2019), a inovação é uma ferramenta central
dos gestores, sendo um meio pelo qual estes exploram coisas novas, como
oportunidades de negócios ou serviços diferenciados.

O debate sobre sustentabilidade também extrapola os limites da temática


sobre economia criativa, sendo inicialmente abordado como forma de inter-
pretar alternativas à interferência das sociedades no meio ambiente, devido
aos processos de expansão das economias de modelo industrial (RAYNAUD,
2006). Atualmente, a sustentabilidade ainda é um conceito em evolução,
porém, muito adotado na elaboração de políticas públicas e no meio aca-
dêmico, é a definição elaborada a partir do relatório de Brundtland (1991),
o qual aborda a sustentabilidade a partir de um arranjo de três dimensões
(econômica, social e ambiental).

A relevância da economia criativa, no debate sobre sustentabilidade,


pode ser visualizada no editorial elaborado por Harper (2021), intitulado
“Sustainable development and the creative economy”. No citado documento,
inicialmente é exposto o relatório das Nações Unidas (UM, 2020) em que foi
definido o ano de 2021 como o ano internacional da economia criativa para
o desenvolvimento sustentável, o qual reconhece que:

creative industries can help to foster positive externalities while preserving and
promoting cultural heritages and diversity, as well as enhance developing countries’
participation in and benefit from new and dynamic growth opportunities in world
trade (UN, 2020, p. 2).

Para Alves e Leal (2019), mais do que nunca, na história econômica,


a tecnologia e os processos de inovação ocuparam uma posição muito
importante na geração de riqueza, no desenvolvimento e no crescimento
econômico. Em grande medida, os autores atribuem essa conexão entre tais
temas à chamada sociedade em rede – com base na abordagem de Castells
(1996), na qual as tecnologias de informação e comunicação (TICs) ganham
protagonismo na integração econômica e cultural de uma sociedade cada
vez mais globalizada.
A relação entre os conceitos de inovação, tecnologia, sustentabilidade
e economia criativa possui sua faceta mais visível na adoção das TICs por
cada vez maior número de pessoas. Ela ganha destaque na difusão e adoção
da ideia de sustentabilidade como fator fundamental ao novo modelo de
desenvolvimento social e econômico. A inovação permeia esse processo,
ao passo que o potencial de criação de negócios, geração de empregos,
renda das atividades que tem na criatividade e seu cerne crescem de forma
rápida, possuindo no processo empreendedor seu lado expressivo e aplicado
ao cotidiano. O caráter aplicado da economia criativa, as ações voltadas ao
empreendedorismo criativo e afins são abordados pormenores na seção
seguinte deste material.

3 EMPREENDENDO NA ECONOMIA CRIATIVA


Como visto, o ponto central da economia criativa é a criatividade.
Entretanto, esta não é algo que possa ser identificado de forma simples.
Segundo Howkins (2012), existem dois tipos de criatividade: o primeiro diz
respeito a uma característica encontrada em todas as culturas e sociedades,
sendo relacionada a um processo individual de descoberta; já o segundo tipo
é mais encontrado em sociedades industriais, em que a lógica capitalista e
de negócios é maior, e a ideia de inovação cientifica e tecnológica, aliada à
adoção de direitos de propriedade dão sentido à lógica de transformação de
novidades e descobertas criativas em produtos e serviços. Ainda, conforme
Howkins (2012), o primeiro tipo de criatividade não conduz necessariamente
ao outro, mas o segundo tipo requer a existência do primeiro.

No contexto das sociedades ocidentais contemporâneas, a aplicação da


criatividade em uma lógica de produção de bens e serviços é o que levou a
sistematização da economia criativa. Segundo Howkins (2012), a criatividade
precisa tomar a forma de um bem ou serviço passível de comercialização,
se quiser chegar a possuir valor econômico; e, por isso, ela necessita de
um mercado com agentes compradores e vendedores ativos, um conjunto
de diretrizes legais e algumas regras gerais de condução como um negócio
passível de ser gerenciado.

Para que a criatividade ganhe espaço e possa ser difundida em uma


sociedade globalizada e tecnológica como a atual, de modo a acessar um
maior número de pessoas através da prestação de um serviço ou via um
produto criativo, um ambiente propício é necessário. Como proposto por
Howkins (2012), dois elementos são centrais nesse ambiente: a existência de
um aparato legal que ampare e crie diretrizes para a propriedade intelectual
(através do direito de patentes, direitos autorais, marcas, ativos intangíveis
etc.), e a estruturação de indústrias criativas, com setores e atividades
econômicas encadeadas de forma organizada e formalizadas.

Além do ambiente propício para o desenvolvimento de produtos e


serviços criativos, quando o processo criativo se transforma em um negócio
criativo, torna-se necessário mecanismos de mensuração dos resultados
econômicos da criatividade, assim como o ciclo de atividade criativa. Desse
modo, UNCTAD (2012) propõe uma análise a partir da interação de quatro
tipos de capital (social, cultural, humano, estrutural ou institucional) com o
capital criativo, determinantes do crescimento da criatividade.

O modelo apresentado por UNCTAD (2012), denominado “Modelo dos


5Cs”, representado na Figura 2, é uma base para a elaboração de índices
de criatividade a serem utilizados para mensurar essa dimensão básica da
economia criativa para além dos aspectos econômicos. O modelo proposto
abre a possibilidade de incorporação de diferentes indicadores, como
tecnologia, ambiente social, ambiente institucional, diversidade, entre outros.
Corroborando com o Modelo dos 5Cs, Howkins (2012) indica um conjunto
de capitais utilizados para análise socioeconômica (humano, estrutural e
intelectual) e acrescenta o que denomina de “capital da minha mente”,
sendo este o capital criativo necessário ao desenvolvimento de atividades
econômicas criativas.

FIGURA 2 – MODELO 5CS DE MENSURAÇÃO DA CRIATIVIDADE

FONTE: UNCTAD (2012, p. 4)

Como já abordado nesse material, o ambiente necessário ao


estabelecimento de atividades econômicas criativas existe, em maior ou
menor grau entre diferentes países, porém o processo empreendedor para
a criação ou fortalecimento de negócios criativos deve ser trabalhado
para além do processo criativo inerente à capacidade individual (como
mencionado nos dois tipos de criatividade de Howkins). Assim, conforme
SEBRAE (2015a), torna-se necessário para organização das ideias criativas e
estruturação de negócios conhecer dinâmicas, metodologias e estratégias
de empreendedorismo e gestão.

Conforme SEBRAE (2015a), com objetivo de transformar o processo


criativo em negócio, inicialmente deve-se sistematizar as ideias e esboçar
o que se pretende como uma atividade geradora de produtos ou serviços.
Desse modo, a metodologia denominada Design Thinking é apresentada
como forma de operacionalizar esse processo. Composta por um conjunto
de métodos, o design thinking possui quatro fases para aplicação: a imersão
– sendo esta o próprio processo criativo, em que uma ideia surge na mente
do criativo e desperta o interesse em torna-la um empreendimento; a ideação
– na qual se começa a sistematização de ideias a fim de torna-las funcionais
à resolução de problemas; a prototipação – processo de simulação das ideias
dentro de situações para testar sua validade; e a implementação – após
verificar o atendimento da demanda potencial com o protótipo adequado,
parte-se para o aperfeiçoamento e implementação.

O passo seguinte, segundo SEBRAE (2015a), consiste na elaboração


de um modelo de negócios. A modelagem de negócios é fundamental para
realizar o plano de negócios (etapa seguinte), e consiste na descrição lógica
da criação, entrega e captura de valor de uma organização, ou seja, estabelece
uma lógica de fluxo na qual pode-se visualizar o funcionamento da ideia
como negócio. Para tanto, SEBRAE (2015a) indica a utilização do Método
Canvas para elaboração do modelo de negócios. Tal modelo é composto por
um quadro com nove blocos divididos em quatro partes interrelacionadas
(oferta, clientes, infraestrutura e finanças), como representado na Figura 3.
FIGURA 3 – MODELO CANVAS PARA MODELAGEM DE NEGÓCIOS

FONTE: SEBRAE (2015a, p. 34)

Na sequência, SEBRAE (2015a) indica a elaboração do Plano de Negócios,


que consiste em um documento com uma visão geral do negócio, dando ao
empreendedor criativo subsídios sobre todos os aspectos que caracterizam
o negócio e sua viabilidade. O plano de negócios é composto, basicamente,
por: um sumário executivo, a descrição da empresa, produtos e serviços,
estrutura organizacional, plano de marketing, plano operacional, plano
financeiro e investimentos.

Finalmente, após o processo criativo gerar uma ideia com potencial de


negócios, a elaboração de um esboço, a sistematização do fluxo de ideias
em um modelo de negócios e a consolidação de um plano de negócios,
SEBRAE (2015a) indica que seja realizado o processo de formalização do
negócio criativo. Tal etapa pode variar de acordo com a legislação local e o
tipo de empreendimento criativo que se pretende formalizar.

No processo empreendedor de abertura de uma nova empresa criativa,


ou mesmo quando esta já está constituída, torna-se necessário incremento
de capital para financiar novos empreendimentos criativos. Nestes casos, o
conhecimento em captação de recursos para negócios criativos torna-se
essencial. De forma breve, SEBRAE (2015b) aponta como fontes para negócios
criativos: patrocínio empresarial e doações; apoio cultural; fundações e
agências.

Da mesma forma, as principais fontes para captação de recursos


de negócios criativos são: aceleradoras – programas de aceleração, via
investimento em capital ou treinamento, para negócios já em operação;
capital semente, consistindo em investimento feito por empresários na etapa
embrionária do negócio, sendo fundamental o plano de negócios; editais –
bastante comuns em projetos culturais, podem ser tanto governamentais ou
de iniciativa privada, e têm o objetivo de fomentar novos negócios, sendo
necessário estar formalizado para participação; leis de incentivo, através
de investimento público geralmente em projeto sociais; e financiamento
coletivo – também chamado de crowdfunding, que trata-se de doações
feitas, geralmente pela internet, por pessoas que tem interesse em apoiar as
ideias criativas.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O objetivo desse texto foi expor os principais conceitos e características da
economia criativa, colocando-a no contexto atual de sociedades globalizadas e
em processo de avanços tecnológicos. Da mesma forma, buscou-se apresentar
alguns elementos práticos do empreendedorismo atrelado a atividades
econômicas criativas, buscando apresentar ao leitor possibilidades de aplicação
do processo criativo no contexto das indústrias criativas.

Pode-se visualizar que a economia criativa é um conceito em evolução,


porém composto por uma complexa rede de conhecimentos gerados nas
últimas décadas através de esforços acadêmicos e de elaboração de políticas
públicas de incentivo às indústrias criativas ao redor do mundo. Também
pode-se destacar a abrangência e importância das indústrias criativas, seus
principais setores e composição das atividades econômicas criativas. A
interação entre tecnologia, inovação, sustentabilidade e empreendimento
criativos foi apresentada de forma breve, com destaque ao papel das TICs
nesse processo.

A aplicação dos conceitos de economia criativa no cotidiano, através


da aplicação do processo criativo no mundo dos negócios, foi abordada por
meio de exemplos e propostas de metodologias para elaboração de novos
empreendimentos. Nesse caso, foram apresentados o papel do empreendedor
criativo e as principais ferramentas atuais para aqueles que buscam aplicar
suas ideias criativas em modelos de negócios. Conclui-se, assim, que se
cumpriu o objetivo de traçar bases para uma melhor compreensão sobre
conceitos básicos de economia criativa.

REFERÊNCIAS
ALVES E. P. M; LEAL, S. Dossiê: Tecnologia e Mercados culturais. Revista
Sociedade e Estado. [s.l.] v. 4, n. 1, p. 1-15, 2019.

BENDASSOLLI, P. F. et al. Indústrias Criativas: Definição, Limites e


Possibilidades. RAE, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 10-18, 2009.

BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. 3. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2019.

BLANCO, G. Verbete Draft: o que é Economia Criativa. 2015. Disponível


em: https://www.projetodraft.com/verbete-draft-o-que-e-economia-
criativa/#sthash.AFT0jgmB.dpuf. Acesso em: 2 out. 2021.

BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum: comissão mundial sobre meio


ambiente e desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1991.

CASTELLS, M. El surgimiento de la sociedad de redes. La era de la


información, Economía, Sociedad y Cultura, v. 1, 1996. Disponível em:
https://red.pucp.edu.pe/ridei/files/2011/08/1091.pdf. Acesso em: 1º out. 2021.

CUNNINGHAM, S.; MCCUTCHEON, M. Rearticulating the creative


industries-STEM relationship: the case of innovation precincts in South
Australia. Creative Industries Journal. [s.l], [s.n.], 2021. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/17510694.2021.1959087.
Acesso em: 1º out. 2021.
FIRJAN. Mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro:
SENAI, 2019. Disponível em: https://www.firjan.com.br/economiacriativa/
downloads/MapeamentoIndustriaCriativa.pdf . Acesso em: 1º out. 2021.

FLEW, T. Cultural and creative industries. In: Knowledge policy: Challenges


for the 21st century, [S.l.] [s.n.] p. 59-69, 2008.

GOUVEA, R. et al. The creative economy, innovation and entrepreneurship:


an empirical examination. Creative Industries Journal, v. 14, n. 1, p. 23-62,
2021.

HARPER, G. Sustainable development and the creative economy. Creative


Industries Journal. v.14, n. 2, p. 107-108, 2021.

HOWKINS, J. Economia Criativa: como ganhar dinheiro com ideias


criativas. São Paulo: M Books, 2012.

OLIVEIRA, J. M.; ARAUJO, B. C.; SILVA, L. V. Panorama da economia criativa no


Brasil. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2013.

PINTO, A. V. O Conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro: Editora


Contraponto,2005.

RAYNAUT, C. Atrás das noções de meio ambiente e de desenvolvimento


sustentável: Questionando algumas representações sociais. Curitiba:
Conferência do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e
Desenvolvimento – MADE/UFPR, 2006.

SCHUMPETER, J. A. The meaning of rationality in the social sciences.


Zeitschrift für die gesamte Staatswissenschaft. Journal of Institutional and
Theoretical Economics, [s.l], n. 4, p. 577-593, 1984. Disponível em: https://
www.jstor.org/stable/40750743. Acesso em: 1º out. 2021.

SEBRAE. Negócios, cultura e criatividade. Guia para empreender na


economia criativa. Recife: SEBRAE, 2015a.

SEBRAE. Guia do empreendedor criativo. Brasília: SEBRAE, 2015b.

SUNG, T. K. Application of information technology in creative economy:


Manufacturing vs. creative industries. Technological Forecasting e Social
Change. 2015.

UNCTAD. Relatório de Economia Criativa 2010. Economia criativa:


uma opção de Desenvolvimento Viável. Brasília: Secretaria da Economia
Criativa/Minc; São Paulo: Itaú Cultural, 2012.
UNESCO. Cultural times: the first global map of cultural and creative
industries. Paris: United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization, 2015.

UN. International year of creative economy for sustainable development,


2021. General Assembly. Jan. 2020. Disponível em: https://unctad.org/
topic/trade-analysis/creative-economy-programme/2021-year-of-the-
creative-economy. Acesso em: 1º out. 2021.

Você também pode gostar