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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
RELAÇÕES PÚBLICAS INTERNACIONAIS
DOCENTE: DANIEL REIS
DISCENTE: NICOLE GONÇALVES ROCHA

Atividade 3: Nation Brand

Apresentação e contextualização

De acordo com os temas trabalhados em sala de aula durante a disciplina de


Relações Públicas Internacionais, nesta entrega, será abordado o âmbito da Opinião
Pública Global, com ênfase na imagem representada do país e como as Think
Tanks, além de possuírem ativa atuação nas políticas públicas, cumprem
fundamental papel na construção da reputação de um país.

Em um primeiro panorama, é importante contextualizar acerca dos níveis de


globalização em que os países estão inseridos. Com o advento das novas
tecnologias, nota-se maior facilidade da chegada de informação nos territórios, o que
faz com que haja um novo nível de afetação da sociedade - situação que retoma o
conceito do sofrer e agir de John Dewey1.

A partir disso, um novo nível de afetação surge, na qual não necessariamente


visa a solução de um problema, mas sim aparece com novas formas de
posicionamento e ativismo, a fim de prestar apoio ou rechaçar um acontecimento ou
causa. Assim, visto a inevitável chegada de novas maneiras de manifestação do
público e seus impactos na sociedade atual, faz-se necessário entender tais públicos
globais e, além disso, buscar formas de lidar com tais agrupamentos - sobretudo as
organizações transnacionais.

1 Teoria que infere a intrínseca relação entre o sofrer e o agir, em que estão conectados - e a ação só
é realizada a partir do momento em que o indivíduo sofre, ou seja, sente-se ameaçado ou afetado por
alguma situação inerente ao contexto que está inserido. No exemplo supracitado, esta afetação surge
com acontecimentos indiretos que não necessariamente possuem relação com o público.
Diante disso, especialistas e teóricos chamam atenção para a importância de
os esforços governamentais nas Relações Públicas Internacionais e a própria
diplomacia incluírem esses atores em suas estratégias, seja por meio de apoio
financeiro ou operacional.

Logo, diversas instituições - como as ONGs, por exemplo - buscam entender


esta fluidez, e juntamente com uma rede dos públicos globais, trazem ações
conectivas que visam a troca de informações, infraestrutura, repertório e expertise,
alimentando tais públicos e seguindo conforme o rápido fluxo de informações globais
(assim desempenhando um papel crucial como mediadores imparciais de terceiros,
alinhados ao interesse público).

Assim, além de surgirem importantes órgãos que possuem este objetivo,


nasce o conceito de think tank, cuja definição se baseia em grupos tradicionalmente
considerados como organizações independentes, não pautadas por interesses
privados e sem fins lucrativos, que produzem e se amparam em conhecimentos
especializados e ideias para obter apoio e influenciar o processo de elaboração de
políticas públicas (Rich, 2004).

Dito isso, o principal objetivo das think tanks é a democratização do


conhecimento, a fim de reforçar políticas públicas no país, ganhando credibilidade e
reforçando a imagem positiva de cunho educacional. Desse modo, é possível atribuir
essa organização à ampla divulgação de aprendizado e uma ponte entre uma
associação de estudos e comunidades responsáveis para colocá-los em prática.

Os primeiros think tanks foram criados nos Estados Unidos e Europa, e sua
primeira utilização se deu na 2ª guerra mundial, onde os militares se reuniam em um
local seguro para discutir suas estratégias e planos militares. Foi somente anos
depois que o termo foi popularizado e utilizado para descrever instituições que
buscam fomentar a disseminação do ensino e pesquisa nas comunidades.

No contexto brasileiro, a primeira think tank brasileira na nação foi a


Fundação Getúlio Vargas, criada em 1944 e, após sua fundação, outros importantes
órgãos deste cunho também nascem.
Administração de imagem e Relações Públicas Internacionais

Dito isso, tais organizações possuem um essencial papel não só para moldar
a sociedade na qual está inserida, mas também construir uma imagem positiva do
país, com amplos esforços das Relações Públicas Internacionais - ou seja, a forma
de como os outros países enxergarão o território em questão.

Em um primeiro momento, as think tanks identificam determinado problema


ou lacuna existente em seu espaço e, a partir de um estudo que diagnostica a fundo
sua causa e quem os afeta, são desenvolvidos incentivos que visam mitigar tais
falhas, além de elaborar formas de construir uma base sólida de estímulo ao
conhecimento, saúde, meio ambiente, economia internacional e, sobretudo,
globalização.

Logo, tais instituições podem ser ligadas ao âmbito governamental,


empresarial, acadêmico, a partidos políticos e até mesmo ao setor privado. Assim,
em um panorama micro, as think tanks são de grande valia, uma vez que,
geralmente, os governos têm estruturas complexas e burocráticas com objetivos
específicos. Dessa forma, este fator impede de realizar certas atividades, que por
sua vez são realizadas pelos think tanks com mais agilidade, envolvendo trazer
novas perspectivas e abordagens inovadoras e contribuindo assim para o processo
de tomada de decisão governamental.

Desse modo, as thinks tanks funcionam como uma intermediadora de diálogo


entre a sociedade e o governo, uma vez que, como possuem estrutura mais flexível,
tendem dar mais voz aos cidadãos, se opondo aos sistemas rígidos e burocráticos
adotados. Assim, há uma maior promoção da integração de instituições de caráter
público e privado, caracterizando-se como diplomacia informal. Desta forma,
quando se trata de uma questão governamental e seu verdadeiro impacto na
sociedade, tais instituições são essenciais, já que têm a capacidade de impactar a
formulação e análise de políticas, que inicialmente são responsabilidades dos
governos.
Por fim, tais órgãos têm a capacidade de realizar várias funções, incluindo a
elaboração de estudos ou artigos de opinião para estabelecer agendas e orientar o
debate público, além de conduzir atividades conhecidas como advocacy. São
instituições pautadas na capacidade de propor resoluções globais, e vêm
conquistando espaço nas decisões que são tomadas nacional e internacionalmente.
Isso acontece pois as think tanks de grande influência, e apresentam estudos
tecnicamente sólidos, afirmativos e capazes de gerar resultados excelentes tanto
para o país quanto para todo o mundo.

Adentrando a perspectiva internacional, a partir de um maior incentivo dentro


da comunidade com políticas públicas (produção acadêmica, por exemplo), há uma
construção a curto, médio e longo prazo que passa a valorizar e enriquecer a
imagem do país, gerando uma reputação positiva que impacta não somente grupos
locais, mas como todo o território é visto externamente, e as relações com líderes de
outros países e sua consolidação imagética perante ao público.

A partir deste contexto, além de serem fontes extremamente valiosas para


trabalhos acadêmicos em Relações Internacionais, os Think Tanks desempenharam
e continuam a desempenhar um papel crucial na influência sobre os processos de
resolução de conflitos. É uma das principais formas de destas organizações
investirem na mudança social e cultural destes países.

Desta forma, é interessante abordar o caso da FGV (Fundação Getúlio


Vargas), o primeiro think tank brasileiro e o 3º mais importante do mundo. Com uma
importante colocação no Global Go To Think Tank Index Report, da Universidade da
Pensilvânia, foi recompensada diante de sua abordagem com o contexto da
pandemia de COVID-19, havendo reconhecimento pela melhor política e diálogo
institucional.

A reputação da FGV vêm sendo construída por décadas e,


consequentemente, molda-se um novo olhar sobre o Brasil em relação aos outros
países - principalmente aqueles pioneiros no desenvolvimento de think tanks. Por
esse motivo, premiações e reconhecimento consolidam todo o trabalho realizado
durante este período.
Disponível em: https://portal.fgv.br/noticias/fgv-e-eleita-3o-think-tank-mais-importante-mundo

Problemáticas e tensionamentos

Exposta a relevância das think tanks para a sociedade (sobretudo quando se


trata do Brasil e suas influentes instituições com este objetivo), algumas pontuações
podem ser realizadas no que tange às dificuldades destes órgãos - aspectos que se
assemelham às problemáticas das organizações não governamentais.

O primeiro tensionamento se trata do fato destas instituições serem


consideradas recentes, o que faz com que hajam poucos estudos sobre a área e
carência de dados sobre as think tanks e como seu impacto positivo é percebido
diante da sociedade e das relações públicas internacionais. Além de serem
recentes, possuem uma rede de atuação muito complexa que ultrapassa os limites
governamentais e privados, fato que necessita de atenção para acompanhamento
para averiguar as implicações efetivas na sociedade.

Ademais, outro desafio enfrentado é a necessidade de lidar com a reputação


de origem do país das think tanks. Além de ser uma questão que acomete as ONGs
internacionais, a instituição possui a escolha de abraçar a imagem do país ou
reformular a reputação na qual está inserida, fato que exerce influência direta na
forma de como os públicos internacionais enxergarão a instituição em questão.
Em adição a isso, também existe o aspecto do constante diálogo da
organização para com o governo e o setor privado - se for o caso de estar atrelado a
este órgão - no que diz respeito a permissões e tratativas para sua atuação e efetiva
consolidação das ações propostas à sociedade. Logo, a instituição necessita possuir
uma boa relação com os demais, além de confiar em sua operação.

Por fim, cabe pontuar a interação do público internacional, bem como a mídia
local e estrangeira. Isto porque, para haver a construção da reputação de uma think
tank, como também a representação da imagem de uma nação, é preciso tempo e
muito trabalho dedicado às questões socioeducativas, econômicas e globais. Logo,
a opinião e posicionamento de grupos externos e da imprensa importa, havendo a
necessidade de administração da visibilidade pública e campanhas, muitas vezes,
descentralizadas das mídias.

Dito isso, é necessário que haja a aplicação de condutas transparentes na


informação, como também seu estabelecimento como fonte qualificada de
conhecimento - principalmente pelo fato que, nesses casos, há o diálogo com
diferentes públicos, havendo o carecimento de pensar em ações diferentes para
mobilização em países diferentes.

Conclusão: interpretação das ações realizadas no caso

Em suma, o surgimento das think tanks foram de enorme valia para o auxílio
na construção de políticas públicas efetivas, e também para a formação da imagem
de uma comunidade ou nação perante ao público interno e externo. A partir disso, o
mundo passa a se adaptar à globalização e iniciativas para colaborar com sua
rápida disseminação no mundo são implantadas.

Assim, seu estudo passa a ter relevância, bem como seu reconhecimento
mundial, através da sua colaboração benéfica para com a sociedade, pautada na
ideia de sofrer do indivíduo - mesmo que ele não seja efetivamente afetado. É diante
disso que se formam órgãos engajados e concernidos na ideia de mudança social
pública.
REFERÊNCIAS

JOÃO PAULO ALBUQUERQUE. Afinal, o que é um think tank e qual é a sua


importância para políticas públicas no Brasil? Enap - Escola Nacional de
Administração Pública. Disponível em:
<https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/afinal-o-que-e-um-think-tank-e-qual-e-
a-sua-importancia-para-politicas-publicas-no-brasil>. Acesso em: 14 nov. 2023.

CONTEÚDO ALDEIA. O que é e pra que serve um think tank? - MMurad FGV.
MMurad FGV. Disponível em: <https://mmurad.com.br/blog/o-que-e-um-think-tank/>.
Acesso em: 14 nov. 2023.

FIA ; FIA. Think tank: o que é, qual a importância, requisitos e exemplos. FIA.
Disponível em: <https://fia.com.br/blog/think-tank/>. Acesso em: 14 nov. 2023.

DIÁRIO DO COMÉRCIO. Think Tanks: uma visão global disruptiva na educação


- Diário do Comércio. Diário do Comércio. Disponível em:
<https://diariodocomercio.com.br/opiniao/think-tanks-uma-visao-global-disruptiva-na-
educacao/#gref>. Acesso em: 14 nov. 2023.

LEESON, Peter T; RYAN, Matt ; WILLIAMSON, Claudia R. Think tanks. Journal of


Comparative Economics, v. 40, n. 1, p. 62–77, 2012. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0147596711000412>.
Acesso em: 14 nov. 2023.

‌ANNA CAROLINA ROMANO. O que são os Think Tanks? Inteligov │ Blog.


Disponível em: <https://www.blog.inteligov.com.br/o-que-sao-os-think-
tanks#:~:text=Foi%20no%20s%C3%A9culo%20passado%20que,durante%20a
%20Segunda%20Guerra%20Mundial.>. Acesso em: 14 nov. 2023.


FGV é eleita o 3º think tank mais importante do mundo. Portal FGV. Disponível
em: <https://portal.fgv.br/noticias/fgv-e-eleita-3o-think-tank-mais-importante-mundo>.
Acesso em: 14 nov. 2023.

‌MCGANN, James G. 2020 Global Go To Think Tank Index Report. Upenn.edu, n.


18, 2020. Disponível em: <https://repository.upenn.edu/entities/publication/9f1730fa-
da55-40bd-a1f4-1c2b2346b753>. Acesso em: 14 nov. 2023.

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