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Introdução
Um período não se caracteriza por uma perfeita homogeneidade estilística, mas pela prevalência
de um determinado estilo.
Periodização da Literatura
Tão inconsistente como a divisão em séculos da história literária, revela-se a fixação dos
períodos literários segundo acontecimentos políticos ou sociais: “literatura do reinado de Luís
XIV”, “literatura elisabetana” ou “vitoriana”, etc. Este enfeudamento da história literária à
história geral, política ou social – enfeudamento que já durou muitos anos e que ainda persiste –,
radical numa concepção viciada do fenómeno literário: este é entendido como uma espécie de
epifenómeno dos factores políticos e sociais, e portanto como um elemento carecente de
autonomia e desenvolvimento próprio
Parece-nos que o Prof. René Wellek encontrou o caminho justo, ao definir o período literário
como “uma seção de tempo dominada por um sistema de normas, convenções e padrões
literários, cuja introdução, difusão, diversificação, integração e desaparecimento podem ser
seguidos por nós”. Esta definição apresenta o período literário como uma “categoria histórica”
ou como uma “ideia reguladora”, excluindo quer a tendência nominalista, quer a tendência
metafísica, pois os caracteres distintivos de cada período estão enraizados na própria realidade
literária e são indissociáveis de um determinado processo histórico.
Era Medieval
Foi a primeira manifestação literária da Língua Portuguesa. Surgiu no século XII, em plena Idade
Média, período em que Portugal estava no
processo de formação nacional. Nessa época em que há o predomínio da oralidade, a poesia é
marcada pelas cantigas trovadorescas, que possuem uma estreita relação com a música, o canto e
a dança.
Era Clássica
Romatismo (1825)
Movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa
que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo
contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo
que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Realismo/Naturalismo (1865)
Simbolismo – (1900)
Modernismo – (1915)
Assim fundamentada, a periodização literária não se confunde com qualquer espécie de tipologia
literária, de teor psicológico ou filosófico, visto que os esquemas tipológicos desconhecem a
historicidade dos valores literários.
Na definição proposta por René Wellek, o período é definido por um “sistema de normas,
convenções e padrões literários”, isto é, por uma convergência organizada de elementos, e não
por um único elemento. O romantismo, por exemplo, é constituído por uma constelação de traços
– hipertrofia do eu, conceito de imaginação criadora, irracionalismo, pessimismo, anseio de
evasão, etc, - e não por um único traço.
Cada um dos elementos formativos da estética romântica pode ter existido anteriormente, isolado
ou integrado noutro sistema de valores estéticos, sem que tal fato implique a existência de
romantismo nos séculos XVI ou XVII, por exemplo.
A definição de Wellek claramente demonstra que o conceito de período literário não se identifica
com uma mera divisão cronológica, pois cada período se define pelo predomínio, e não pela
vigência absoluta e exclusivista, de determinados valores.
Um período não se caracteriza por uma perfeita homogeneidade estilística, mas pela prevalência
de um determinado estilo.
O historiador italiano Eugenio Battisti diz que “a possibilidade de reduzir tudo a poucos e
simples conceitos é um mito metodológico, somente fruto da ignorância ou da preguiça”.
Na França, por exemplo, durante o século XVII, coexistem um estilo barroco e um estilo
clássico, com caracteres diferentes e até opostos, mas apresentando freqüentes interferências
mútuas.
O conceito de período literário, tal como o entendemos, implica ainda outra consequência muito
importante: os períodos não se sucedem de modo rígido e linear, como se fossem entidades
discretas, blocos monolíticos justapostos, mas sucedem-se através de zonas difusas de
imbricação e de interpenetração.
A utilização de datas precisas para assinalar o fim de um período e o início de outro, como se
tratasse de marcos a separar dois terrenos contíguos, não possui valor crítico, apenas lhe podendo
ser atribuída uma simples função de balizagem, como que a indicar um momento particularmente
representativo na aparição de um período.
O estudo da periodização literária exige uma perspectiva comparativa, pois os grandes períodos
literários, como a Renascença, o maneirismo, o barroco, o classicismo, o romantismo, etc., não
são exclusivos de uma determinada literatura nacional, abrangendo antes as diferentes literaturas
européias e americanas, embora não se manifestem em cada uma delas na mesma data e do
mesmo modo.