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várias seqüências.
Contrabalançando essas reservas, temos to grau de padronização, eqüidade e Íegitimi- '
os benefícios de conceitualizar a avassaladora dade. Como os professores devem escolher e
complexidade da prática com algumas idéias planejar um currículo que atenda a esses vá-
centrais. Ao simplificar e desmembrar o confu- rios requisitos?
so continuu~d a-pedag-ogÍa em conceitos dis- Essa questão ocupou o projeto de EpC e
tfmos, adquirimos algum controle sobre a con- seu grupo de pesquisadores acadêmicos e pro-
fusão inerente à vida em uma sala de aula. Cada fessores de escolas de ensino fundamental e
e lemento do marco conceitual, com seus crité- médio, os quais ensinavam uma variedade de
rios associados, focaliza a atenção em aspec- matérias - história, matemática, ciências e lín-
tos particulares da prática. Em conjunto eles gua inglesa. Eles prontamente aceitaram a idéia
J criam uma estrutura para refletirmos sobre de Dewey de organizar um currículo em torno
.{ C9ffiÕálinhãr mais a prática de ensino aos nos- de temas como um ponto de partida frutífero
sos objetivos educacionais mais importantes. (Dewey, 1969a, b). Contudo, permanecia a
questão de quais tópicos selecionar. Uma lista
de tópicos gerâdores para diferentes matérias
TÓPICOS GERADORES seria muito difícil de manejar. Em vez de esti-
pular tópicos específicos, es~e gruRO _cg njunto
Determinar o conteúdo do currículo é uma ta- estabeleceu para si a tarefa de definir critéri~
refa espinhosa. As idéias favoritas de quem são a fim de auxiliar professores_a identificar e a ·
abordadas? Os interesses de quem são atendi- avaliar tópicos curriculares geradore~
dos? As paixões de quem são engajadas? Quem Os professores se lançaram à tarefa des-
toma as decisões curriculares? E como nos as- crevendo e analisando histórias de sucesso de
seguramos de que todos os alunos estão igual- sua própria experiência - ou seja, unidades de
mente preparados? Ahistória das tentativas an- currículo que engajavam os alunos, mantinham
teriores de EpC, conforme Vito Perrone des- o seu interesse em pesquisa contínua e os leva-
c:eve no Capítulo 1, revela algumas caracterís- vam a enxergar conexões mais amplas. O gru_-
ticas re~orrentes de um currículo planejado e? de J?!Ofessores e pesquisadores discutiu exem~
para e_~t1mular ~ compreensão. Uma é a de que
_pl9s ~~ unidades de currículo eficazes, prepa-_
i~º cur~~cul? ensmado na escola esteja relacio- rou relatos escritos sobre eles e analisou caso_§
nado aos mteresses e às experiências que ocu-
em busca de características recorrentes. O con-
pam os alunos em suas vidas cotidianas -,.
ceito de justiça provou ser um tópico gerador
Perron~ argumenta que, a fim de estabelece;
e_ss_es vmculos entre a atividade escolar e oco- para uma professora de inglês cujo curso estava
t1d1ano dos alunos, os professoreJ devem ser c_entrado em tomo de cenas de julgamento na
literatura. Uma professora de biologia orga-
ENSINO PARA A COMPREENSÃO 55
nizou seu curso em torno da definição da vida. idade, contextos social e cultural, interesses
Uma u~idade de história sobre a Revolução pessoais e formação intelectual dos alunos.
, ~Andustnal pr~vou ser geradora na medida em
·.) que' os alunos comparavam condições do final Interessante para o professor. O caráter gerador
f do século XIX com locais de trabalho atuais. de um tópico depende muito tanto da forma
~} Enquanto ex~inavam esses exemplos, os como é ensinado quanto das suas característi-
J,. professores quest10naram se O caráter gerador ? cas essenci~i~, po,r _isso o investi~e~to do ~r~-
1 era inerente ao tópico ou ao modo como . f~ sor no topico e importante. Paixao, cunosi-
en~ ado. Certamente O pot encial gerador p~~: ~~ fascinação d? profess?r servem como
ser esvaziado de qualquer tópico se ele é e ._ , um modelo de engaJamento mtelectual ara
, nsi * • 1 <lendo
nado como uma série de respostas corretas de ~ unos que estao simp esmente ~pren
mãneira didática. Contudo, os professores con- como explorar te1;enos des_c.m lhe~m-
cluíram que,determinados tópicos são mais fa- ptexos com questoes abertas .
.,.t, cilm~nte tratados de forma geradora. Os pes- Relacionável. Tópicos geradores são facilmen-
quisadores introduziram na discussão a sua te relacionados a experiências prévias dos alu-
compreensão de princípios pedagógicos,, teo- - nos (dentro e fora da escola) e a importantes
rias da cognição, além de idéias embasadas na idéias no inferior de e entre dÍs -=- · as. Eles
história da educação e em resultados d~ pes- geralmente têm u ~atureza inffnit o sen-
quisas educacionais. Insistiram em uma sínte- tido de que a investi re um tópico con-
§e de critérios que foram refinados em sessoes duz a questões mais profundas.
µe pesquisa subseqüentes com_Q[Q..f~ssores que
~~~~m Q cq_nce_ito para formulãr seüeür-" Esses critérios provaram ser abrangentes,
rículo. Por fim, o grupo concluiu que um tópi- ainda que maleáveis o suficiente para auxiliar
co pode ser ·g erador q_uanc!_o é c~ tral ao domí- professores de diferentes matérias a identifi-
E!.9. da disci,elin~ é a~l~el e inter essãnte p ara- car tópicos geradores em torno dos quais orga-
os alunos, estimula a~ paixões intelectuais do nizar seus currículos. Por exemplo, a professo-
professor e é facil.IDente r~Ja~iopado a outros ra de inglês Joan Soble elaborou uma unidade
ropicQs, tapto dentro quanto fora do domínio de suas aulas de redação para alunos de 1° ano
específico. do ensino médio em torno do conceito de lu-
gar. A classe leu e escreveu sobre lugar como
Central a um domínio ou disciplina. O currícu- um conceito geográfico, social e metafórico. Bill
lo construído em torno de tópicos geradores Kendall organizou seu curso anual de geome-
engaja os alunos no desenvolvimento de com- tria em torno do tópico gerador da matemáti-
preensões que proporcionam_l!!!!-ª- l?ii.se P.-'!Lª- ca como estudo de padrões, abrangendo regu-
atividades ma!_s comple1rns no domínio ou dis- laridades numéricas e visuais. Descrições mais
ciplina. Tais t ópicos são tipicamente conside- detalhadas dessas unidades estão incluídas no
rados por profissionais da área como relaciona- Capítulo 4.
dos a conceitos centrais, longas controvérsias Eric Buchovecky, professor de física, fo-
ou importantes modos de pesquisa em sua dis- calizou o tópico de máquinas simples, que
ciplina.1 abrangia conceitos centrais em mecânica, apa-
Acessível e interessante para os alunos. Tópicos ratos do cotidiano como saca-rolhas e latas de
geradores estão relacionad~ s às ex_per~ncias e lixo com tampas móveis, além de processos cien-
aos interesses dos alunos. Eles podem ser abor- tíficos relacionando experimentação sistemá-
d-ados por meio de uma variedade de pontos tica com elaboração de teorias. Lois Hetland
'
~de entrada - a partir de várias perspectivas dis- professora de humanidades envolvida em uma
ciplinares, por intermédio de múltiplos rrA>dos pesquisa de um ano de duração sobre o período
cfe aprena izagem ou inteligências,2 de diferen- colonial norte-americano, focalizou em uma
tes pontos de vista culturais, com uma _diversi- unidade biografias de personalidades coloniais
-dade de materiais e recursos de aprendizagem. com a questão: "Que imagem da história colo-
A geratividade de um tópico varia conforme nial perceftemos através das lentes da biogra-
56 MARTHA STONE WISKE &COLS.
. Lidar com .agendas . complexas é tano t so- tig~ção ricall!~!}te encadeados das áreas que
-~ 1~ 311!,__qgkil~ te -frao perceber suas me-:-
em1 quanto po11t1camente exigente na medi-
da em que, se espera dos professores .
_J:il_s_em. tais termos. 5 Pôuêás .escolas fazem des-
. que sir- s~s oportunidades uma prioridade para as ati-
vam a mu 1t1p1os propósitos. Mesmo d
. . l' e ma- VIdades de formação em serviço de seus pro-
neira s1mp 1~ta, as duas agendas de ensinar fessores .
alun~s e ensm~r matérias podem parecer im-
Alguns professores confundem metas de
perativos conflitantes. Além disso, professo- compreensão com objetivos excessivamente es-
res devem conciliar múltiplos atores, incluin- treitos de comportamento. Professores vetera-
do alunos, pais, administradores, políticos nos, que se lembram dos formalismos vazios
pessoas de negócios e contribuintes sem fala; de sua formação e de congressos de avaliação
de seus próprios valores pessoais.' Falhar ao docente, por vezes resistem a definir metas de
e_xplicitar um_a lista específica de metas, a par- compreensão explícitas porque parecem mui-
tir desse conJunto complicado de demandas
, , ' to opressivas e restritivas. Sobretudo quando
e compreens1vel, talvez até vantajoso, para as metas são formuladas por professores dire-
professores pegos na linha de fogo de múlti- tamente a partir de instruções ou materiais
plas incumbências.3 curriculares tradicionais, elas soam em geral
~ t~xazão pela qual muitos professores como o tipo de objetivos estreitos que pouco
encontram dificuldade ao definir metas de com- estimulariam o desenvolvimento de uma com-
preensão para seus alunos reside no fat_o _d~ preensão fecunda.
-~ !'! _m um'! co!lcepção_vaga ou limitada d_,u na: Finalmente, professores têm dificuldade
-téria q~~g~vem ensinar. Muitas idéias dos pro- ao articular metas de compreensão porque suas
fessores sobre suas disciplinas são definidas pe- aspirações mais básicas para seus alunos estão
los materiais curriculares. Contudo, poucos des- profundamente enraizadas em_~\!Il,Q.S.\!;Í)es eva-
ses materiais são organizados em tomo de me- l9!~que ,e!l_!, _g~ral pen~.'!..~~m -~ªsiw~·rra:~
tas de compreensão. Via de regra, trata-se de zer à superfície tal conhecimento é intelectual-
esquemas que, com pretensões à abrangência, mente difícil e, com freqüência revelador, se-
são por demais simplificados, focados em fa- gundo o seu ponto de vista. A fim de articular
tos, operações repetitivas e conjuntos de infor- metas, a pessoa deve traduzir em palavras
mações superficiais e excessivamente amplas, idéias que podem ser incoerentes e particula-
em vez das "grandes idéias" que as metas de res em parte por serem tão genuínas.
Apesar dessas dificuldades (talvez por
compreensão deveriam abordar. 4
causa delas), metas de compreensão provaram
Metas derivadas desses materiais tendem
ser um elemento essencial do marco conceituai
a focalizar a lembrança de informações ou a
EpC. Para deixar para trás as associações es-
correta seqüência de procedimentos estipu-
treitas e restritivas que professores podem de
lados. Além d isso, em geral planejam-se mat~- início trazer para esse conceito, em geral é útil
riais curriculares tradicionais para serem ensi- focalizar os objetivos máximos que os profes-
nados em uma seqüência específica, reforçan- sores esperam abordar. "O que você mais quer
do, assim, a expectativa de que os alunos d~- ~ seus alunos compreend-ª--rn. ao fjnal de_um_
vam aprender nessa seqüência de modo a evi- semestre ou de u~~~~_grn_dasse?" é uma
tar confusão ou má compreensão. Professores
58 MARTHA STONE WISKE & COLS.
pergunta que tende a pôr as metas fundamen- Outra estratégia que tem auxiliado pro-
tais dos professores na dianteira. As respostas fessores a articular suas metas tácitas é um con-
com freqüência apontam para metas máximas junto de inícios de sentenças que começam com
de compreensão de longo prazo, tais como "Os frases como •~unos irão apreciar..." ou •~u-
alunos irão compreender como se expressar nos irão compreender... ". Completar esses inr:-
mais claramente, tanto de forma oral quanto cios auxilia os professores a distinguir metas
de forma escrita". de compreensão de desempenhos de compre-
Em virtude dessas metas máximas tende- ensão, uma distinção sutil, difícil de estabele-
rem a ser aquelas que professores e alunos cer in!.Çialmente. Verificamos que metas en un-
revisitam ~o lo~-9 de ~ - ª _no ou de.-1.u11-5e.;: ciadas como •~unos irão compreender como
mestre, elas têm sido chamadas de fios condu- [por exemplo] expressar-se vividamente" ten- "")
tores por alguns membros do projeto de EpC. dem a ser mais produtivas que aquelas com a
A expressão deriva de uma escola de atuação forma •~unos irão compreender que podem
com base no método de Stanislavski (1948) e se expressar vividamente". A primeira em ge'\(J
1 significa um tema fundamental em uma peça ral leva de pronto à definição de bons desem- ,J
11 sobre o qual um ator pode focalizar a interpre- penhos de compreensão. A última com freqüên../
tação de sua personagem. eia aponta para informação factual inerte ou
1 Lois Hetland empregou o termo para as articula uma relação remota em vez de intensa
1 questões abrangentes que focalizou com sua entre o aluno e a matéria.
1
1 , classe ao longo do estudo, realizado durante Enquanto os professores consideram suas
1
um ano, sobre a América Colonial. No decor- metas de longo alcance em relação a unidades
rer desse período de trabalho com o marco específicas de currículo ou trabalhos, em geral
conceituai do EpC, ela conseguiu formular es- podem articular um conjunto mais específico
sas questões, quando refletiu e conversou de de compreensões. Estas são, na verdade, sub-
forma contínua com sua parceira de pesquisa metas. Os alunos abordam as metas máximas
sobre o que mais ela queria que os alunos com- ao desenvolver a compreensão dessas idéias e
preendessem. Perto do início do seu segundo processos preliminares em unidades ou traba-
ano de trabalho com o marco, Hetland divul- lhos específicos. Por exemplo, uma meta má-
gou seus fios condutores na parede da sua sala xima para um professor de espanhol do ensino
de aula. A lista incluía as seguintes questões: médio era: "Os alunos compreenderão espa- \__
"Como descobrimos a verdade sobre coisas que nhol como uma língua de comunicação do dia- ;7
1 aconteceram muito tempo atrás/ou muito lon- a-dia". Ele planejou uma unidade na qual os
ge?", "Como você pode relacionar seus inte- alunos iriam desenvolver e representar situa-
resses/ paixões/ideais pessoais ao seu trabalho ções em espanhol que descrevessem persona-
escolar?", "Como descobrimos temas centrais?". gens enfrentando um problema social. Inicial-
Ela apresentou essas questões aos alunos, pais, mente, suas metas de compreensão para a uni-
colegas e administradores da sua escola dizen- dade focalizavam os processos de colaboração
do: "Estas são as questões sobre as quais va- dos alunos, habilidades de resolução de pro-
mos saber mais durante este ano". blemas e gramática apropriada. Após refletir
M~Eas con~ i.tJ.iais, conforme já descrito, mais sobre sua meta máxima, o professor deu-
podein não apenas enriquecer as concepções se conta de que seu objetivo central não era nem
dos J?.rofessq_res ace~ a do território_~ ! ~i- o desenvolvimento de habilidades sociais nem
c os geradores, mas também ajudá-loJ a reve-_ a perfeição da gramática formal, mas a com-
·lar metas tácité!$ . Enquanto preparam tais ma- preensão dos alunos do espanhol como um idio-
pãs, os professores podem desvelar suas supo- ma de trabalho. Ele enunciou uma de suas me-
sições sobre as relações entre as idéias princi- tas de compreensão para essa unidade da se-
pais no interior das matérias e entre elas. Nes- guinte maneira: "Os alunos irão compreendei\. l
ses mapas _ge_!:a! m~nte vai~ ~P: ~cÕlfi~r como se expressar de modo eficaz em espanhol Y
como foco_das met_?s de compr~-ªº os nos sobre um problema real". Com essa meta em
que estão Iig~dos a Eiuitas outras idéias. mente, ele planejou a unidade a fim de incluir a
1'í:'
ENSINO PARA A COMPREENSÃO 59
representação das paródias seguida de um pe-
melhantes. Da mesma forma, metas de um tra-
ríodo de perguntas e respostas em espanhol com
outros membros da classe. balho ou lição específica estão diretamente re-
lacionados a metas de compreensão mais
Professore~~pesq1:_isadores esclareceram abrangentes. Assim, a meta para uma lição em
e elaboraram o conceito de metas de-compreen-
particular pode ser a compreensão do modo de
sãoenqo.a ntõ-õ~ _ippregavãnicom -os demais
comparar proporções como urna maneira de
etementõs-~o marco conceitual do EpC ,earã -
analisar padrões em triângulos semelhantes.
efucíclar e_o_r~ntar a prática em salâ de àüG.
Por ~ o projeto determinou que metàseíe Centrais à matéria. Metas de compreensão fo-
compreensão são mais úteis quando definidas calizam aquelas idéias, modos de pesquisa e
de maneira explícita e divulgadas publicamen- formas de comunicação essenciais para ue os
te, quando seriadas em urna estrutura seqüen- · alunos compreen am a matéria em questão.
ciada com submetas que conduzem a metas Podem ser conceitos ricamente encadeados a
máximas, bem como quando focalizadas em outras idéias ou que devem ser compreendidos
conceitos-chave e mo~ de pesq~;~ ~ leva~ de maneira clara a fim de desenvolver com-
tes na materia apropriada. '
preensões mais complexas. Importante é que as
metas de compreensão conduzam professores
Explícitas e públicas. Metas de compreensão são e alunos ao c ~ o trabalho significativo, em '-...
mais fortes se forem explícitas e públicas. Os vez de levá-los a áreas periféricas de sua agenda.
professores devem freqüentemente realizar tra-
balho intelectual significativo a fim de desen- No último ano da pesquisa de EpC, os
cavar suas metas tácitas e desemaranhar suas membros do projeto delinearam um marco
metas de compreensão de suas outras agen- conceitua! para explicitar aspectos das metas _;
k>\.. ~
das. A importância desse esforço é ampliada de compreensão de uma forma mais comple- ~o--,
se os professores então articularem suas metas ta.6 Eles definiram quatro dimensões, articu- 9 ~&,_ r
de compreensão primárias aos alunos e a ou- lando o escopo da compreensão em todas as •\s-<>--"''
tros protagonistas-chave no contexto escolar - matérias: conhecimento, métodos, objetivos e 1
pais, administradores, colegas. Publicamente formas de expressão. Também especificaram
divulgadas, as metas de~ .9mp~eensã~ ajud~m níveis para estimar a profundidade da compre-
todos a saber para onde a classe e~ta.in<!o, a ensão.. O marco conceitua! de compreen~~o. q4e
medir o progresso e-ã focalizar a atenção, n_a_ integra essas dimensões e níveis é explicada
a~ ãa 2rincipal. Muitos professores acham no Capítulo 6. Trabalhos preliminares com ele
quea lunos e o~tros membros da comunidade levam-nos a acreditar que ela pode auxiliar pro-
escolar participam do refinamento das metas fessores a deseny_olv~r, _çriticar e g~_ fjnfü' meras
de compreensão tão logo elas se transformem qt1e--;bord~m toda a variedade e profundidade
em assunto de discussão pública. da compreensão que esperam que os alunos
desenvolvam.
Seqüenciadas. Um conjunto seq_iienciado de_
metas de compreensão ajuda a esclarecer as r~-
lações entre um exercício específico e os propo-. DESEMPENHOS DE COMPREENSÃO
s!ros mais amplos do curso. Me~ ~ ' que
Desempenhos de compreensão são, talvez, o
focalizam um curso inteiro ou um ano de traba-
elemento mais fundam~ntal do marÇQ_CQru:ei:..
lho, estão relacionadas a metas em nível de ~i-
~ A concepção da compree~são
~ definidas para uma unidade curricular e1:1
como um desém enno em vez de um estado
panicular que possa levar urna semana ou mais
menta sublinha todo o projeto de pesquisa
para ser desenvolvida. Por exemplo, se uma coíiJÜÍÍta no qual o marco se baseia.7 A visão de
meta máxima para o ano é compreend er mate-
de~ ~Eenh<?., ~!!fati: a ~_ç_ç_mp_ree_nsã.9_çg!}!Q_9-_
mática como estudo de padrões, ª meta para cãpacida~~_a_ten.dên..c1ade usar.o..queSG<saf>e...
uma unidade pode ser analisar regularidades
·" gulas se- Pª_I!...9E~!i!LO.O mundo..
nas relações entre elementos d e tnan
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60 MARTHA STONE WISKE &COLS.
riaram no tempo interno e no processo pelo da classe. A discussão desses modelos desen-
qual desenvolveram critérios. Em todos os ca- volve e demonstra as compreensões dos alu-
sos, no entanto, desenvolveram critérios cla- nos enquanto contribui para ,ª ~efinição dos
ros, diretamente relacionados às metas de critérios para avaliar seus propnos ~esempe-
compreensão, discutiram com os alunos e di- nhos. À medida que critérios claros sao formu-
vulgaram publicamente os critérios de avalia- lados, os professores podem usá-los para
ção no início do processo de prática dos de- estruturar a avaliação pelos colegas do traba-
sempenhos de compreensão. lho dos alunos, seja em duplas, seja em grupos
Além de desempenhos exemplares e re- pequenos. Os alunos desenvolvem a compre-
gras de avaliação, outro componente-chave da ensão do significado dos critérios de avaliação
avaliação contínua é que alunos e professores ao avaliar o trabalho de seus colegas. Eles po-
compartilham responsabilidade contínua pela dem ainda aprender a melhorar o seu trabalho
análise de como os alunos progridem rumo a a partir do retroalimentação obtido de seus co-
desempenhos de alto nível. Os professores ve- legas antes que os critérios sejam usados para
rificaram que a avaliação contínua era mais útil avaliar seus desempenhos individuais.
quando todos na classe participavam do pro- No momento em que os alunos começam
cesso. Os alunos aprendiam a partir da análise a esboçar seus melhores desempenhos, estão
do trabalho de seus pares. Eles viam múltiplas familiarizados com os critérios que serão usa-
formas de abordar a avaliação e vieram a com- dos para avaliar seus produtos finais . No en-
preender o significado dos critérios ao empre- tanto, mesmo nesse estágio do ensino, o con-
gá-los para dar retroalimentação aos colegas. ceito de avaliação contínua serve a propósitos
Da mesma forma os alunos beneficiavam-se das formad ores assim como mais cumulativos. Os
1
1
discussões e críticas a seus próprios trabalhos alunos podem conduzir auto-avaliações ou
com sugestões para melhoria. Os alunos cole- avaliações dos colegas de esboços iniciais para
tavam e mantinham exemplos de seus desem- orientar revisões subseqüentes. Professores po-
l1
penhos para monitorar áreas de crescimento dem solicitar aos alunos que entreguem um for-
/1
como também áreas nos quais os obstáculos mulário de auto-avaliação junto com o seu pro-
1
1
continuavam. Às vezes tais coletas são chama- duto final. Esses formatos de avaliação contí-
das de processosjólio. nua lembram aos alunos a responsabilidade de
Conforme os professores desenvolviam monitorar seu trabalho e proporcionam ao pro-
múltiplas formas de avaliação contínua, as equi- fessor mais insights sobre o pensamento deles
pes de pesquisa do EpC perceberam algumas do que aqueles fornecidos apenas pelo produ-
categorias comuns de atividades de avaliação to final.
em relação aos tipos de desempenhos de com- Conforme os membros do projeto anali-
preensão. A avaliação contínua de desempe- savam características da avaliação contínua efi-
nhos de exploração tende a ser informal e con- caz durante o processo de pesquisa conjunta,
duzida basicamente pelo professor em vez dos eles sintetizaram critérios para esse elemento
alunos. Professores podem avaliar tais desem- do marco conceitua!. Avaliações contínuas ba-
penhos informalmente para identificar o que seiam-se em critérios públicos relacionados às
seus alunos já compreendem e onde precisam metas de compreensão, acontecem com fre-
de reforço, mas essas avaliações pouco são qüência, são conduzidas por alunos e por pro-
registradas de modo formal em relação a crité- fessores, assim como instruem o planejamento
rios explícitos. enquanto é medido o progresso dos alunos:
Durante a fase de ensino de pesquisa orien-
tada, a avaliação contínua tende a se tornar Critérios relevantes, explícitos e públicos. Os cri-
mais formal e a envolver os alunos. Desempe- térios para avaliações estão diretamente vin-
nhos iniciais de pesquisa orientada podem in- culados às metas de compreensão. São articu- -
cluir a crítica a desempenhos de exemplo, como lados no início do processo de delineamento
os modelos dados pelo professor ou esboços de desempenhos de compreensão, embora pos-
iniciais do trabalho realizado pelos membros sam evoluir ao longo do curso do desempenho,
ENSINO PARA A COMPREENSÃO 65
em especial se não são familiares ao p e
, • - d' d ro1essor
~ d g a1dos para os alunos, a que~ salas d~ aula e podem requerer que os alunos,
se âao oportum a es para apliCã-:Iõs e :~mbem os professores, assumam novos pa-
e com-
preen d e-1os antes que sejam usados pa ra ava- peis e relacionamentos.10
A
-
currícular sobre a compreensão. Esse processo
~de refinar- progressivamente
. --·
- a _pr.áüca, para O marco conceituai do EpC funda-se sobre
··-
centrar na compreensão, continua enquanto pro- uma definição de S..9.!BP..!eensão COlJlO desem-
fessores vão do planejamento à implementação penho criaJivo. Assim, a compreensão sem-
de seus planos curriculares. Novos aspectos ge- pre envolve invenção pessoal; nunca pode ser
radores de um tópico podem ser revelados en- simplesmente transmitida de um gerador para
quanto os alünõsºexerc1tam sui h.abÜidade para um receptor, mas deve ser construída a pat:-
desenvolver a desempenhos que abordem seus tir da própria experiência e do trabalho ÍIH@-
interesses pessoais e expressem seus talentos J'ectual do aprendiz.
particulares. N~~ p~:>n!<_?_s_d~ entr~da, yg~ç9.es - · No decorrer do projeto de EpC, os parti-
com outros assu_ntos, conjunto adicionais de cipantes - professores e pesquisadores - per-
questões tornam-se aparentes à medida que os ceberam que aprender a ensinar para a com-
alunos desempenham suas compreensões. Às ve- preensão é, por si só, um processo de desen-
zes os desempenhos dos alunos demonstram volver a compreensão. As formulações iniciais