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A PLANIFICAÇÃO DA AULA E SUA ESTRUTURAÇÃO – AS FUNÇÕES DIDÁCTICAS1

O processo de ensino, através das aulas, possibilita o encontro entre os alunos e a matéria de
ensino, preparada didacticamente no plano de ensino e nos planos de aula. A realização de uma
aula ou conjunto de aulas requer uma estruturação didáctica, isto é, etapas ou passos mais ou
menos constantes que estabelecem a sequência do ensino de acordo com a matéria ensinada,
características do grupo de alunos e de cada aluno e situações didácticas específicas; é neste
sentido que nesta unidade vamos discutir sobre a estrutura da aula, como forma de organização
do processo de ensino e aprendizagem.

As diferentes etapas serão apresentadas sucessivamente e, ao mesmo tempo, chamaremos


atenção sobre a interligação existente entre elas. Trata-se das etapas, também chamadas
funções didácticas, seguintes:

1. Função Didáctica de Introdução e Motivação

2. Função Didáctica de Mediação e Assimilação

3. Função Didáctica de Domínio e Consolidação

4. Função Didáctica de Controlo e Assimilação

As funções didácticas são etapas ou fases do PEA que, na sua essência, se realizam não
rigidamente de forma sequenciadas, mas sim interligada. Por isso, a estruturação da aula por parte
do professor é um processo que implica criatividade e flexibilidade, isto é, perspicácia de saber o
que fazer frente a situações didácticas especificas, cujo rumo nem sempre é previsível. Devemos
entender, portanto, as funções didácticas como tarefas do PEA relativamente constantes e comuns
a todas as matérias, considerando-se que não há entre elas uma sequência necessariamente fixa,

1
Texto extraído do Manual de Ensino à Distancia “Didácitica Geral: Aprender a Ensinar” da autoria de Daniel
Nivagara
e que dentro de uma etapa se realizam simultaneamente outras. Elas estão em interacção recíproca,
tal como se pretende ilustrar na figura abaixo

a) FUNÇÃO DIDÁCTICA “INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO“

Introdução

A Função didáctica “Introdução e Motivação” aparece, em termos de estrutura da aula, como


sendo a primeira, mas que em termos reais da sua aplicação na aula ocorre em simultâneo
com as outras funções didácticas ou, se quisermos, incorpora elementos doutras funções
didácticas; eis porque, ao iniciarmos o tratamento das funções didácticas vamos começar
pela relação existente entre todas as funções didácticas, se bem que ao longo da abordagem
de cada uma delas você poderá ir compreendendo melhor esta relação ao encontrar
elementos, em cada uma delas, que fazem crer se tratar doutras funções didácticas. Ainda
nesta lição, apresentaremos o essencial sobre a importância da motivação no PEA, deixando
os outros pontos (Tarefas do professor na FD I+M e Tipos de motivação: inicial, continua e
final) para as aulas seguintes.

A função didáctica Introdução e Motivação, teoricamente, é a primeira função didáctica,


aquela que faz iniciar a aula, mas que, como vimos anteriormente, pode estar associada a
outras funções didácticas. Para este caso, o importante é o professor reconhecer a
importância da motivação no PEA e, de seguida, procurar encontrar as formas praticas para
conseguir a motivação dos alunos nesse PEA.

Qual é a importância da motivação dos alunos no PEA?


Já pensou sobre a questão acima? Estamos em crer que você encontrou muitas razões que
justificam a importância de motivação dos alunos no processo de ensino e aprendizagem
ou mais concretamente na aula.

Dentre estas razões, você deve ter chegado a conclusão de que:

• Todo o objecto de aprendizagem necessita de uma orientação, uma atitude para com
ela, ou seja, uma boa vontade e disposição para enfrentá-lo;

• Diariamente os alunos enfrentam duas, três ou mais disciplinas com particularidades


e exigências diferentes, eles devem “adaptar” sua mente a cada aula e devem prestar
toda a atenção e interesse ao objecto que nesse momento está em discussão,
exigindo por isso grandes esforços físicos e psíquicos. Portanto, ao começo de uma
aula o professor deveria estar consciente do volume das exigências e que
regularmente não poderia esperar que ao início da aula os alunos se dedicassem única
e exclusivamente ao novo objecto: “ajudar o aluno nessa transformação ou adapatção
e mobilizar todas as suas forças para o novo objecto, é o propósito da função didáctica
“introdução e motivação”.

• No início da aula, a preparação dos alunos visa criar condições de estudo: mobilização
da atenção para criar uma atitude favorável ao estudo, organização do ambiente,
suscitamento do interesse e ligação da matéria nova em relação à anterior.

• A aprendizagem é algo intrínseco, que se passa no interior do indivíduo, levando em


conta suas capacidades, suas aptidões, seu desenvolvimento neuropsiquico e, ainda,
seus interesses e suas necessidades.

• Alunos motivados ficam conscientes do que estudam e isso estimula a actividade


cognitiva deles e faz com que eleve o seu papel educativo e formativo.

• O ensino será tanto mais efectivo na medida em conseguir fixar na mentalidade dos
alunos o propósito do trabalho futuro e trace o caminho para desenvolver estes
propósitos: a assimilação consciente do material de estudo situará as possibilidades
para sua acessibilidade.
O professor que não se preocupa pela motivação dos seus alunos corre o risco de não ser capaz
de mobilizar a actividade destes; e com alunos não suficientemente activados, o professor arrisca-
se de desenvolver aulas monótonas, aquelas em que ele assume papel principal de “transmissor”
da matéria, mesmo sem que os alunos estejam a “adquirir” e menos ainda a assimilar, interligando
o novo com o já existente na sua estrutura cognitiva. Estará, neste sentido, a desenvolver uma
“aprendizagem” passiva, do tipo “acumulação” de conhecimentos “adquiridos” sem aprimoramento
da sua significação na estrutura mental do aluno.

Este é que é um dos desafios do professor ao iniciar uma aula e não só : conseguir a motivação
dos alunos. Ao proceder deste modo, lembre-se, o professor fará também mediante acções que
contribuirão para, por exemplo, assegurar o domínio e consolidação da matéria anterior, avaliar as
aprendizagens já realizada e, ainda, mediante a exercitação e repetição (por exemplo) o professor
poderá levar os alunos a aprenderem um novo procedimento, um novo conceito, uma nova
operação: é a interligação das funções didácticas que está em questão.

TAREFAS DO PROFESSOR PARA CONSEGUIR A MOTIVAÇÃO INICIAL

Conseguir, enquanto professor, que os alunos queiram aprender o que devem aprender, isto é,
sintam a necessidade de aprendizagem do conteúdo em questão constitui uma das tarefas centrais
do professor.

a) Averiguar, através de perguntas, se os conhecimentos anteriores estão efectivamente


disponíveis e prontos para o conhecimento novo. Aqui o empenho do professor está
em estimular o raciocínio dos alunos, instiga-los a emitir opiniões próprias sobre o
que aprenderam, fazê-los ligar os conteúdos a coisas ou eventos do quotidiano. A
correcção de trabalhos de casa pode tornar-se importante factor de reforço e
consolidação. Às vezes haverá necessidade de uma breve revisão (recapitulação) da
matéria, ou a rectificação de conceitos ou habilidades insuficientemente assimilados.
Como se vê, a preparação dos alunos é uma actividade de sondagem das condições
escolares prévias (ou pré-requisitos) dos alunos para enfrentarem o assunto novo.
Nesta fase, é necessário levar os alunos para a área fronteiriça entre o saber, saber
fazer e saber ser/estar e a área do não saber, não saber fazer e não saber ser/estar
porque esta é a área de aprendizagem, visto que a aprendizagem consiste numa
síntese entre o novo conteúdo e o já assimilado;

b) Estabelecer a ligação entre noções que os alunos já possuem com à matéria nova,
bem como estabelecer vínculos entre a prática quotidiana e o assunto. Para isso, o
melhor procedimento é apresentar a matéria como um problema a ser resolvido,
embora nem todos os assuntos se prestem a isso. Mediante perguntas, trocas de
experiências, colocação de possíveis soluções, estabelecimento de relações causa-
efeito, os problemas atinentes ao tema vão-se encaminhando para se tornarem
também problemas para os alunos em suas vidas praticas. Com isso vão sendo
apontados conhecimentos que são necessários dominar e as actividades de
aprendizagem correspondentes. O professor fará, então, a colocação didáctica dos
objectivos, uma vez que é o estudo da nova matéria que possibilitará o encontro de
soluções.

c) Criar ou obter uma atmosfera propícia para a aprendizagem. Para isso é necessário:

• Dar informações sobre o conteúdo da aula

• Orientar para os objectivos em vista

• Provocar a curiosidade

• Assegurar ordem e disciplina no sentido positivo, ou seja, sem recurso ao


medo, ao castigo,....mas sim com base na persuasão e envolvimento dos
alunos na aula que (vai) iniciar (iniciou).

d) Conseguir o interesse e a atenção dos alunos: se os alunos não estão interessados,


não estão atentos, então, não há aprendizagem. Portanto, para uma efectiva
motivação dos alunos no PEA, é fundamental:
• A orientação para objectivos concretos atingíveis pelos alunos, que se
encontrem na zona de desenvolvimento próximo

• A conexão dos motivos da sociedade (representados pelo professor), da


turma e de cada aluno individualmente.

Em, suma:

Através da motivação o professor cria ou activa nos alunos os impulsos para a sua actividade e o
seu comportamento no processo de ensino e aprendizagem. Isto é, conseguir que os alunos
queiram aprender o que devem aprender, isto é, sintam a necessidade de aprendizagem do
conteúdo em questão. Portanto, as exigências do professor devem tornar-se em exigências dos
próprios alunos, de maneira que possam esforçar-se a participar activamente. O professor tem que
colocar as exigências que constituem mesmo um desafio e exigem empenho dos alunos, senão
não consegue actividade por parte dos mesmos, isto é, não consegue aprendizagem.

FUNÇÃO DIDÁCTICA MEDIAÇÃO E ASSIMILAÇÃO

As etapas ou funções didácticas, dissemos antes, estão estreitamente relacionados, de modo que,
neste caso, podemos dizer que o tratamento da matéria nova começa inclusive na Função Didáctica
Introdução e Motivação. Mas na Função Didáctica mediação e Assimilação há o propósito de maior
sistematização, envolvendo o nexo transmissão-mediação/assimilação activa dos conhecimentos.
Nesta etapa se realiza a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a formação de
conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de observação, imaginação e raciocínio
dos alunos.

Quer dizer, depois de preparação dos alunos para a aprendizagem, isto é, criada a atmosfera
propicia, conseguido o interesse e atenção e feita a reactivação do nível inicial dos alunos, o
professor passa para a etapa na qual se realiza uma parte fundamental da aprendizagem
propriamente dita, ou seja, para a etapa em que o professor medeia um novo conteúdo e, na
sequência disso, os alunos assimilam novos conceitos, teorias, princípios, etc., contribuindo para
o desenvolvimento neles de um novo saber, novo saber fazer e novo saber ser e estar.

Também importa clarificar que, pela sua designação, a Função Didáctica Mediação e Assimilação
compreende, de um lado a actividade do professor (mediação do novo conteúdo) e do aluno
(assimilação do novo conteúdo), comportando os seguintes aspectos retratados no esquema:

Aspectos da Função Didáctica “Mediação e Assimilação”

Mediação: • Assimilação:

o Estruturação e organização logica e Acção dos processos da cognição mediante

didáctica do conteúdo, compreendendo: assimilação activa e desenvolvimento do


saber, saber fazer e saber ser e estar,
• Exposição do professor
devendo se assegurar a iniciativa, a
• A actividade relativamente assimilação consciente e o desenvolvimento
independente dos alunos de potencialidades intelectuais do aluno

• A elaboração conjunta Através desta figura e relembrando o que


discutimos na FD I+M, sobretudo em termos de
reactivação do nível inicial, podemos entender o processo de mediação/assimilação como um
caminho que vai do não saber para o saber, admitindo-se que o ensino consiste no domínio do
saber sistematizado e não de qualquer saber; Entretanto, não existe o não saber absoluto, pois os
alunos são portadores de conhecimentos e experiências, seja da sua prática quotidiana, seja
aqueles obtidos no processo de aprendizagem escolar. Portanto, para a realização desta FD, o
professor deve ter em conta algumas considerações:

• Qual é o nível (de pré-requisitos) dos alunos (depois da reactivação)?

• Quais são os objectivos a atingir?


• Quais são os conteúdos através dos quais os objectivos devem ser atingidos?

• Quais os métodos através dos quais os conteúdos devem ser mediados e os objectivos
atingidos?

• Que meios de ensino serão mais adequados aos alunos, aos objectivos definidos, ao
conteúdo, aos métodos escolhidos e às características do professor, de maneira a atingir
uma assimilação activa por parte dos alunos?

Através destas questões pretende-se chamar particular atenção ao facto de que na FD M+A o
professor não deve concentrar a sua atenção exclusivamente para o conteúdo que está a ser
mediado, mas também sobre todas as outras categorias didácticas em ralação dialéctica (aluno,
professor, métodos e meios de ensino-aprendizagem, objectivos), de modo a tornar efectiva a
aprendizagem dos alunos; e, analisando a interligação entre estas categorias, na FD M+A, o
professor determinará se os métodos de ensino adoptados/ ou a adoptar estão mais virados para:

• A assimilação de novos conhecimentos (saber)

• O desenvolvimento de habilidades, métodos, hábitos e técnicas de trabalho (saber fazer)

• O desenvolvimento de atitudes, convicções e comportamento (saber ser e estar);

• Ou a interligação ou conexão entre esses processos parciais.

Ora, vista a questão nos termos que se está a dizer, conclui-se que uma das considerações básicas
para o professor decidir os métodos de ensino e aprendizagem a empregar é “quais são as
actividades dos alunos necessários para atingir a assimilação de um determinado conteúdo nas
suas potencialidades cognitivas, instrutivas e educativas”. E porque o PEA é uma sequência lógico-
didáctica de actividades planificadas e sistematizadas do professor e dos alunos, podemos e
devemos fazer essa pergunta, também, da seguinte maneira: “quais as actividades do professor
necessárias para desencadearem as devidas actividades dos alunos em relação aos objectivos e
conteúdos?”; e como resultado desta questão, vê-se que a qualidade das actividades do professor
determina em larga medida a qualidade das actividades dos alunos.

A função didáctica “Mediação e Assimilação” entra no centro da actividade do professor dos alunos
depois da reactivação do nível inicial e de mobilizada a energia psíquica dos alunos para a actividade
dos alunos, eis porque, eis porque deve ser entendida como sendo naquela em que, em grande
medida, se desenvolve a personalidade do aluno por ser nela em que os alunos assimilam e
desenvolvem novo saber, saber fazer e saber ser e estar.

Entretanto, para que esta função alcance os seus objectivos é importante, do lado do professor, se
ter em conta determinadas considerações, particularmente a interligação entre as categorias
didácticas em acção num PEA (objectivos, meios, conteúdos, métodos, aluno e professor) e,
sobretudo, questionar-se sobre e realizar actividades necessárias para desencadear as devidas
actividades dos alunos em relação aos objectivos e conteúdos.

PRINCÍPIOS E AS FONTES DO SABER NA FUNÇÃO DIADACTICA MEDIAÇAO E ASSIMILAÇÃO

Você está perfeitamente certo ao lembrar que o trabalho metódico do professor, essencialmente
nesta FD deve favorecer que os alunos, efectivamente, aprendam. Eis porque, para o efeito, se
deduzem dois princípios fundamentais da FD M+A:

Primeiro principio: Conforme a figura abaixo, a selecção e o emprego de métodos de ensino e


aprendizagem, seus técnicas e variações são determinados basicamente pelas interligações
didácticas entre o nível inicial dos alunos, os objectivos a atingir e os conteúdos a mediar.

No uso dos métodos de ensino-aprendizagem para a mediação do conteúdo, o professor demonstra


sua capacidade criadora, antes de tudo, explorando exactamente a relação objectivo-conteúdo-nível
inicial dos alunos-métodos compreendendo suas potencialidades pedagógicas e suas
particularidades lógicas, e adaptando e acomodando o método, no mais exacto e flexibilidade
possível, à situação didáctico-pedagógica de uma determinada aula (ou de uma determinada etapa
de aula). Esta exploração cuidadosa das possibilidades de um método para atingir todas as
potencialidades pedagógicas de um conteúdo, mas também de todas as possibilidades metódicas
que traz consigo uma determinada matéria, é o que se designa por “flexibilidade” do método de
ensino e, por isso, o trabalho metódico do professor deve ser flexível, multifacetado, variável e
criador.

O trabalho metódico do professor na FD M+A não deve ser reprodutivo, limitado apenas ao
conteúdo da aula: ele busca a unidade de todas as categorias didácticas com o propósito de
alcançar maior e melhor aprendizagem dos alunos. E mais, o trabalho metódico com os conteúdos
novos na FD M+A tem uma grande influência na firmeza da assimilação pelos alunos. Ela é mais
firme quando:

• Os alunos sabem o que está a ser tratado;

• Os alunos podem aplicar os conhecimentos já adquiridos aos conteúdos novos;

• O procedimento metódico está bem estruturado e faz sentido para os alunos;

• Se dá valor a exactidão na linguagem e nos métodos de trabalho;

• O ensino cativa os alunos e exige o empenho das suas capacidades;

• Se analisa regularmente o que já foi alcançado em termos de aprendizagem dos alunos.

Segundo Principio: Na FD M+A o professor deve se concentrar no essencial, isto é, assegurar que
os alunos dominem o fundamental exigido pelo programa e necessário para a aprendizagem do
conteúdo seguinte. Isto exige a concentração dos esforços metódicos nos pontos onde o professor
espera os progressos decisivos nos seus alunos; por exemplo:

• O conhecimento fulcral;

• A compreensão dum conceito básico;

• O significado de uma nova técnica de trabalho científico.


FUNÇÃO DIDÁCTICA DOMÍNIO E CONSOLIDAÇÃO

Depois da realização da função didáctica “mediação e assimilação”, assim como ao longo deste
processo, considera-se importante envolver na actividade do professor e os alunos acções com
vista a conseguir nos alunos o domínio e consolidação da matéria; veremos, mais adiante, que
correr na apresentação das novas matérias apenas para cumprir o programa não é satisfatório no
PEA.

Se olharmos para o PEA como tendo o objectivo de conseguir que os alunos, efectivamente,
aprendam, vemos que o trabalho com a nova matéria não se deve reduzir a simples exposição e
explicação dessa matéria e coloca-la a disposição dos alunos. Mas deve, ao mesmo tempo, ir
tratando de conseguir o aprimoramento desse (já não) novo saber nos alunos, visto que o trabalho
docente consiste em prover as condições de assimilação e compreensão da matéria, incluindo já
exercícios e actividades práticas para solidificar a compreensão. Entretanto, o processo de ensino
não para por ai. É preciso que os conhecimentos sejam organizados, aprimorados e fixados na
mente dos alunos, a fim de que estejam disponíveis para orientá-los nas situações concretas de
estudo e de vida. Do mesmo modo, em paralelo com os conhecimentos e através deles, é preciso
aprimorar a formação de habilidades e hábitos para a utilização independente e criadora dos
conhecimentos.

Trata-se, assim, do que justifica a necessidade de se ter no PEA uma etapa, uma FD essencialmente
destinada ao domínio, consolidação e fixação da matéria. Alias, os conteúdos só são realmente
dominados, assimilados, apropriados, quando se atingiu a capacidade de operar com eles nas várias
tarefas de aplicação teórica e pratica; e para tal, são necessárias na continuidade do trabalho com
os conteúdos novos, etapas, fases ou componentes do PEA que tem por objectivo directo a
consolidação e o domínio dos conteúdos: no PEA é preciso proceder-se a uma constante
consolidação dos resultados da aprendizagem.
Esta constante consolidação dos resultados requer que o professor veja o PEA como unidade de
todas as funções didácticas. Muitos professores são habilidosos na “Introdução e Motivação”,
outros podem expor o novo conteúdo de modo impressionante e estimular os alunos para a
autoactividade criadora. Mas nem todos estes professores têm habilidades para terminar o
processo de ensino-aprendizagem: não só é interessante a motivação, a exposição do problema e
do conteúdo que desperta o entusiasmo e a viva conversação na sala de aulas. Integram o PEA
também a repetição e sistematização planificadas, a prática intensiva e a aplicação variada dos
conhecimentos e habilidades.

O professor que só adianta, no sentido de que se limita apenas no tratamento da matéria nova, não
adianta realmente, porque no ensino só se progride rapidamente quando se está consciente de que
o “esquecido” faz parte dos processos psíquicos normais do homem, contra o qual, o professor,
deve lutar prudentemente, sem ilusões, mas com energia necessária e optimismo pedagógico
fundamentado: a mediação da nova matéria deve realizar-se de modo que seja eficaz para a
transmissão de potencialidades de fixação imanente (mediante relances, sistematizações,
repetições e aplicações imanentes).

Ademais, as operações didácticas com o objectivo directo de fixação, de consolidação didáctica


(repetições, exercícios, controle de rendimentos) devem estar relacionadas adequadamente com a
mediação da nova matéria, por exemplo, durante as aulas em que predomina a função didáctica
“mediação e assimilação”, se devem repetir os aspectos e generalizações mais importantes e se
presta especial atenção aos conhecimentos que os alunos devem memorizar (nomes, fichas,
regras, formulas, etc.) e a matéria a memorizar deve ser destacada nas mais diversas formas
(esquemas, desenhos, diagramas, etc.), ao mesmo tempo que se assegura o exercício para o
reconhecimento e sinalização do essencial, sublinhando o mais importante.

Assim, as tarefas de recordação e sistematização, os exercícios devem prover o aluno


oportunidades de estabelecer relações entre o estudado e situações novas, comparar os
conhecimentos obtidos com os factos da vida real, apresentar problemas ou questões
diferentemente de como foram tratados no livro, pôr em prática habilidades e hábitos decorrentes
do estudo da matéria.
A consolidação, neste sentido, pode dar-se em qualquer etapa do processo didáctico: antes de
iniciar matéria nova, recorda-se, sistematiza-se, são realizados exercícios em relação a matéria
anterior; no estudo do novo conteúdo, ocorre paralelamente às actividades de assimilação e
compreensão. Mas constitui também, um momento determinado do processo didáctico, quando é
posterior à assimilação inicial e compreensão da matéria.

O “Domínio e Consolidação” podem ser, pelo menos de três tipos: reprodutiva, generalizadora e
criativa.

Consolidação generalizadora:
• Inclui a aplicação de conhecimentos para situações novas,
apos a sua sistematização;
• Implica a integração de conhecimentos de forma que os
alunos estabeleçam a relação entre os conceitos, analisem
os factos e fenómenos variados sob vários pontos de vista,
façam a ligação dos conhecimentos com novas situações e
factos da prática social

Variações da Consolidação
Consolidação reprodutiva: Consolidação criativa:
Tem carácter de exercitação, isto é, Refere-se às tarefas que levam ao
apos compreender a matéria os aprimoramento do pensamento
alunos reproduzem conhecimentos, independente e criativo, na forma de
aplicando-os a uma situação trabalho independente dos alunos
conhecida sobre a base das consolidações
anteriores

Para o professor e principalmente para os alunos não tem nenhum valor didáctico adiantar
continuamente com a matéria sem que esta seja consolidada pelos alunos; o ensino e o saber são
úteis quando os alunos atingirem a capacidade de operarem com o aprendizado em situações
concretas da vida quotidiana: aprende-se para a vida. Para o efeito, a progressão no tratamento da
matéria nova deve prever momentos especificamente destinados a levar os alunos a terem domínio
sobre o aprendido; é uma questão de opção e estratégia pedagógica: não vale a pena apenas
adiantar na matéria, sob pena de que os alunos apenas tenham pequenas recordações do que viram
sem poderem pôr em prática e, muito menos, aproveitar-se do aprendido para as aprendizagens
posteriores.

Entretanto, quando falamos de consolidação, é importante chamarmos a atenção ao de que é


preciso evitar que esta seja apenas reprodutiva, mas sim privilegie a consolidação generalizadora
e criativa.

FORMAS METÓDICAS PARA O DOMÍNIO E CONSOLIDAÇÃO

A particularidade da FD “D+C”, tal como acontece com as outras, revela-se no seu propósito, mas
também no carácter das formas metódicas específicas que lhe dão corpo: a repetição, a
sistematização, a exercitação e a aplicação constituem o suporte metodológico através das quais
se torna realidade o “domínio e consolidação” da matéria.

Para o professor realizar, com os seus alunos, a FD “D+C” precisa de certas acções nesse sentido,
nomeadamente a repetição, a sistematização, a exercitação e aplicação. Estas acções, enquanto
formas metódicas para a realização do “domínio e consolidação” ocorrem em todas as etapas do
PEA, mas aqui trata-se duma etapa em que o objectivo directo é a consolidação e domínio dos
conteúdos.

REPETIÇÃO O trabalho com a matéria nova fica concluído quando os alunos tiverem assimilado de
forma duradoira e sólida os conhecimentos e capacidades, quando estão disponíveis e prontos para
serem aplicados nas situações da vida quotidiana. Quando falámos da função didáctica “Introdução
e Motivação”, assinalámos que o seu fim é assegurar um nível inicial didáctico e psicológico a partir
do qual se pode alcançar o nível final, ao que se aspira, ou utilizar a repetição dirigida com o
objectivo de alcançar aqueles conhecimentos e noções prévias necessárias para assimilar o novo
conteúdo. Nesta passagem do PEA, o professor habilidoso do ponto de vista metódico soluciona
várias tarefas:

• Mediante a repetição reafirma os conhecimentos e capacidades fundamentais

• Mediante as repetições controla o nível da situação inicial dos alunos;

• Mediante as repetições o professor obtém uma base para avaliar a cada aluno (através do
controlo escrito, frontal dos rendimentos) ou a todo o grupo.

Entretanto, muitos professores omitem as repetições porque temem “perder muito tempo”. Mas
isto é um erro; precisamente o contrário é o correcto: o “segredo” para ganhar tempo na aula
consiste em repetir regularmente e variando o método”, “os maiores melhores didactas
(professores) parece que não fazem outra coisa que repetir, e em realidade com isto progridem
rapidamente”. Com certeza, estes últimos progridem na aprendizagem dos alunos, porque ficam
com os conteúdos bem consolidadas e, por sua vez, estes servem de pré-requisito para a
aprendizagem do conteúdo seguinte, evitando deste modo tempo prolongado de explicações a
alunos que não percebem por falta de pré-requisito.

Logo, a repetição acompanha o processo de ensino em todas as suas fases, havendo assim uma
diferença entre a repetição directa e indirecta (imanente):

i) A repetição directa tem por objecto um controle dos rendimentos através de resumos
durante a aula, de sistematização e das próprias aulas de exercitação ou de repetição;

ii) A repetição imanente é aquela actividade de fixação que ocorre “de passagem”, uma
repetição que normalmente os alunos não estão consciente. Isto acontece ligando o velho
com o novo e o novo com o velho, recua-se constantemente ao velho, estimulando aos
alunos para a reprodução, na conversação durante a aula ou na solucionar tarefas, seus
velhos conhecimentos e capacidades e aplica-los em certos aspectos.

A repetição imanente é um ponto permanente entre o velho e o novo. Aqui se fundem duas funções
didácticas em uma só acção didáctica; a fixação do velho e o apoio ao processo de assimilação
dentro do trabalho com a matéria nova.

O que deve ser repetido?

Esta questão surge porque as vezes os professores fazem ou querem fazer a revisão de toda a
matéria, ou seja, de todas as generalizações sucessivamente; neste caso é difícil ao aluno vencer
toda esta quantidade da matéria, e mais, pode não diferenciar-se o essencial do não essencial.

As repetições mais amplas devem ser reservadas para aulas de repetição. E nestas aulas se devem
repetir os factos e generalizações mais importantes e que se prestam atenção especial aos
conhecimentos que os alunos devem memorizar (nomes, regras, formulas, etc.).

A matéria para memorizar deve ser destacada em diversas formas (esquemas, desenhos,
diagramas, utilizando tintas coloridas). Quando se realiza a repetição total ou parcial mediante o
livro de textos da administração os alunos devem exercitar-se no reconhecimento e sinalização do
essencial, sublinhando o mais importante. Em termos de condições para a efectividade da repetição,
temos três principais: regularidade, sistematização em estrutura e riqueza/variedade nas formas de
repetição.

SISTEMATIZAR-INTEGRAR

Sistematizar é integrar e estruturar logicamente, através de gráficos quadros ou tabelas, dando a


visão de conjunto os conhecimentos, experiências, as habilidades, etc., aprendidos. Nesse sentido,
sistematizar é continuar o processo cognitivo pela integração dos conhecimentos em sistemas
científicos e, ao mesmo tempo, capacitar os alunos a pensar e agir de maneira organizada e
sistemática.

EXERCITAÇÃO

Em didáctica a “exercitação” refere-se à repetição de acções com o objectivo de desenvolver


capacidades e habilidades. Todos os processos físicos e psíquicos, ou seja, todas as capacidades
e habilidades do homem necessitam de exercitação para a sua formação, aperfeiçoamento e
fixação: observar, analisar, concluir, aplicar, aprender, perceber, etc., inclusive o próprio exercitar
deve ser exercitado, treinado. Exercícios fazem os alunos penetrar mais profundamente na matéria.

Assim, a exercitação é a execução repetida de actividades (desenvolvimento de acções) com o


objectivo do seu contínuo aperfeiçoamento e a mecanização parcial das habilidades e hábitos. Para
além de ter importância na formação de capacidades, a exercitação tem, indirectamente, como
objectivo a fixação e aprofundamento de conhecimentos: a exercitação está em estreita relação
com a repetição, e ambas criam condições importantes para a aplicação dos conhecimentos e
capacidades.

FORMAS DE EXERCITAÇÃO
Tal como ilustra a figura seguinte e conforme sucede com a repetição, a exercitação na aula pode
ser directa ou indirecta.

i) Exercitação directa: Realiza objectivos especiais de exercitação, digamos de determinadas


habilidades e capacidades

Por exemplo, muitas situações “autênticas” de exercitação no ensino de matemática, de


línguas, assim como o ensino de ginástica, da música, do desenho, etc.

ii) Exercitação imanente ou indirecta: A situação de exercitação não se manifesta em primeiro


plano, está escondida, coberta por outros processos que se desenvolvem na aula

Nem sempre os alunos têm consciência da situação de exercitação: determinados


processos de exercitação se desenvolvem paralelamente, quer dizer, em certa medida
continuam se desenvolvendo determinas habilidades, capacidades e costumes sem nos
darmos conta de estar a exercitá-los.

APLICAÇÃO

A aplicação é o “coração” do processo de ensino e aprendizagem e a etapa superior do aumento e


desenvolvimento de capacidades através da resolução de problemas e tarefas em situações
análogas e novas.

A aplicação representa, em certa medida, a ponte para a prática profissional, visto que desenvolve
as capacidades que devem possibilitar ao aluno o poder de aproveitar a teoria e posteriormente pôr
seus conhecimentos no trabalho produtivo. Dai resulta a grande importância da aplicação para
realizar o princípio da unidade entre a teoria e a prática.

A função didáctica mais importante da aplicação é o desenvolvimento da capacidade para trabalhar


livremente com os conhecimentos e capacidades; e, ainda, com a aplicação se atinge uma
reafirmação e uma profunda consciencialização dos conhecimentos. Por isso, podemos concluir
que a aplicação se destaca no PEA pelas seguintes características:
• Os conhecimentos e as capacidades têm que ser actualizados e transformados em novas
relações ou situações

• Os conhecimentos e capacidades, em relação, têm que ser manejados independentemente

• Mediante a aplicação se estabelece uma união directa ou indirecta entre a teoria e a prática.

Exemplos de Aplicações

1. Aplicações Directas: Trabalho do jardim escolar, realização de experiências e de excursões,


aplicação dos conhecimentos teóricos na produção, etc;

2. Aplicações Indirectas: Trata-se de aplicações que estabelecem uma relação indirecta com
a prática: tais aplicações jogam um papel importante, por exemplo, no ensino da
matemática, e também a aplicação de conhecimentos geográficos e históricos em novas
circunstancias e situações.

Em suma

Aula dada, aula consolidada. Parece-nos ser este um bom princípio e atitude didáctica por parte
do professor. Mais, não deve tratar-se apenas da consolidação de uma aula inteira, senão que
partes, acções, procedimentos, conceitos, operações….importantes que o professor considera
necessários serem apropriados pelos alunos. Neste caso, o professor habilidoso não deverá
contentar-se apenas em “transmitir” umas tantas noções, seguindo o programa; ele deve a
cada passo repetir, sistematizar, exercitar e realizar exercícios de aplicação junto dos seus
alunos, devendo avançar a cada momento em que se verificam níveis satisfatórios de domínio
e consolidação da matéria.

Tudo é uma questão de prudência: avançar umas tantas lições e depois parar para as
actividades de domínio e consolidação? Realizar estas actividades ao mesmo tempo que se
avança com a matéria? Um e outro caso é possível, depende da natureza dos conteúdos, mas
a maior precaução deve ser a de “não deixar que uma matéria não devidamente consolidada se
transforme em dificuldade de aprendizagem das matérias seguintes”.
FUNÇÃO DIDÁCTICA CONTROLO E AVALIAÇÃO

Controlo e avaliação acompanham todo o processo de ensino e aprendizagem e formam, ao mesmo


tempo, a conclusão das unidades de ensino (ou unidades temáticas). No geral, podemos distinguir:

• Controlo e avaliação directos, isto é, especificamente nas fases da FD C+A

• Controlo e avaliação contínuas ou imanentes, isto é, em todas as outras funções didácticas.

Definir a avaliação, eis a questão sobre a qual acabou de reflectir e, se tivesse consultado
bibliografia da área pedagógica de certeza teria visto que na literatura pedagógica existem muitos
conceitos sobre avaliação. Mas de modo geral ela pressupõe classificar os alunos, determinar em
que medida cada um dos objectivos foi atingido e a qualidade dos métodos e meios de ensino e
dos próprios professores, seleccionar os alunos, etc.

Porém, de toda a maneira a avaliação é uma tarefa didáctica necessária e permanente no trabalho
docente, que deve acompanhar passo a passo o PEA. Através dela os resultados que vão sendo
obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os
objectivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades e reorientar o trabalho para as
correcções necessárias. Deste modo, podemos afirmar que a avaliação é uma reflexão sobre o
nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos.

Portanto, avaliar é:

a) Aperceber – se do rendimento aproveitamento escolar dos alunos e traduzi-lo em dados


qualitativos e quantitativos.

b) A perceber se da incorrecção ou correcção do trabalho desenvolvido pelo professor para


ver si é ou não necessário uma revisão do PEA.
Como pode ver, graças a avaliação é possível saber se a aprendizagem está a efectuar se conforme
o previsto ou não. E em caso negativo, a realimentação fornecida pela avaliação permitirá saber se
o facto deve-se:

• A inadequação dos objectivos;

• As deficiências individuais que possam ou não ser superadas;

• As deficiências individuais relacionadas com pré – requisitos de


aprendizagem;

• A inadequação da orientação do PEA por parte do professor devido aos métodos e meios
de ensino ou outros factores.

OBJECTO DE AVALIACÃO

Ao falarmos de objecto de avaliação pretendemos saber o que se avalia. Nesse caso, é evidente
que a avaliação dirige-se essencialmente ao progresso nos resultados de aprendizagem
demonstrados ao longo e ao fim do ano lectivo. Quer dizer os aspectos a avaliar tem por base os
objectivos traçados pelo professor que exprimem os fins que devem ser atingidos no PEA, e estes
objectivos devem ser elaborados em função do seguinte:

a) O nível médio de conhecimentos, habilidades, capacidades, atitudes, convicções e maneiras


de comportamento (quer dizer, o saber, o saber fazer e ser/estar) que são o ponto de partida
dos alunos.

b) O nível médio de conhecimentos, habilidades, capacidades, atitudes, convicções e maneiras


de comportamento são o ponto de chegada no final para os alunos serem considerados
aptos.

CARACTERISTICAS BASICAS DO CONTROLE E AVALIAÇÃO


Finalmente, olhando para a quarta e última questão que lhe foi colocada acima, primeiro importa
reafirmarmos que, de facto, o controle e avaliação da aprendizagem dos alunos se caracterizam
por ser simultaneamente meio didáctico e meio pedagógico. E o que isso significa? A avaliação é
um meio didáctico e pedagógico por causa das suas finalidades. Assim, a avaliação é:

1. Meio didáctico, isto é, de condução do PEA pelo professor para:

• Comparar o decorrer e os resultados da aprendizagem com os objectivos pretendidos;

• Avaliar o nível de aprendizagem atingido;

• Analisar problemas e possibilidades de desenvolvimento;

• Decidir sobre a continuação do processo

2. Meio pedagógico isto é, de educação dos alunos para:

• Consolidar saber, saber fazer e saber ser/estar;

• Desenvolver as capacidades de expressão linguística;

• Desenvolver a capacidade de autoavaliação;

• Desenvolver a autoconfiança;

• Influencia a auto-avaliaçao;

• Desenvolve a capacidade de autocorreção.

A avaliação é como a “bússola” do professor para orientar o PEA rumo aos objectivos propostos.
Ela indica ao professor e aos alunos o estágio de desenvolvimento dos alunos em termos da
aprendizagem, mostrando os progressos e dificuldades de todos e de cada um dos alunos, afim
de, na sequência disso, providenciar-se a reorientação necessária aos alunos e a todo o PEA: se é
para repetir, corrigir uma noção mal assimilada ou progredir. Quer dizer, com a avaliação, professor
e alunos podem ver “a que distância” se encontram das metas estabelecidas. É nesta ordem de
ideias que a base para a avaliação são os objectivos definidos no âmbito desse PEA.
TÉCNICAS/INSTRUMENTOS OU MEIOS DE AVALIAÇÃO

A verificação e a qualificação (= avaliação) dos resultados de aprendizagem no início, durante e no


final das unidades didácticas (ou de determinada etapa de aprendizagem qualquer), visam sempre
diagnosticar e superar dificuldades, corrigir falhas e estimular os alunos para que continuem
dedicando-se aos estudos. Sendo uma das funções de avaliação determinar o quanto e em que
níveis de qualidade estão sendo atingidos os objectivos, são necessários instrumentos e
procedimentos de avaliação adequados.

1) Provas orais

Realizam – se na base de diálogo entre o professor e o(s) aluno (s). Assim, para a realização
duma prova oral é preciso considerar as seguintes indicações indispensáveis:

• É preciso criar condições favoráveis ao aluno para que se sinta à vontade;

• Antes de iniciar a prova propriamente dita, o professor deve entabular uma conversa
amigável com o aluno para que este se sinta à vontade;

• Feita a pergunta, deve-se dar tempo para que esta seja objecto de reflexão. Não se
deve, caso não venha logo a resposta, passar imediatamente à outra;

• O professor deve fazer perguntas claras, precisas, na ordem directa e formuladas


de maneira pensada;

• De início, deveria o professor formular uma ou duas perguntas fáceis para depois ir
formulando as de nível exigido;

• É necessário que o professor, num caderno à parte formule, por escrito, as


perguntas fundamentais do assunto, de modo a satisfazer o exposto no quarto ponto
anterior.

2) Provas escritas
Nas nossas escolas as provas escritas são usadas em forma de ACS, ACP, ACF e exame final
da classe/ano, caso haja. Contudo, podem ser usadas em qualquer aula ou no início da seguinte
para o professor certificar-se sobre o que o aluno aprendeu e, então, saber que rumo dar aos
trabalhos da nova aula: se é para repetir, rectificar ou prosseguir, dependendo da situação
vivida no momento quanto ao saber, saber fazer e saber ser/estar nos alunos. Por conseguinte,
as provas escritas frequentemente utilizadas são a ACS, ACP, ACF e exame final, dependendo
ainda delas a atribuição de notas ou classificações, as quais vão determinar a aprovação ou
reprovação do aluno.

As provas orais assim como escritas podem constar de dissertações ou de questões


objectivos.

a) Dissertação: nestas ao aluno é exigido que exponha um assunto ou parte do mesmo,


coordenando-o e argumentando. O tema de dissertação para os alunos do EP1 deve,
preferencialmente, ser um assunto tratado na turma, preciso e não longo demais; é
vantajoso quando procura avaliar qualidades de redacção, conhecimentos gramaticais,
clareza de ideias, originalidade, capacidade de fazer relações entre factos, ideias e coisas,
influência de ideias e a coerência das mesmas.

Um exemplo bastante valioso da aplicação da dissertação no ensino primário são as


redacções ou composições, que a mando de bons princípios a sua avaliação deve incidir
sobre qualidades atrás referenciadas e não, por exemplo, o local de passagem de férias,
no caso de uma redacção sobre as férias escolares no início do ano lectivo ou semestre.
E quando desejamos avaliar conhecimentos ou habilidades podemos ter os seguintes
exemplos de questões dissertativas:

• Explicar o que acontece com o peixe quando ele é retirado da água;

• Comparar características de vegetação e do clima em Moçambique.

b) As questões objectivas cobrem toda a matéria


A sua importância reside no facto de um grupo de perguntas curtas pode verificar melhor o
conhecimento do aluno sobre o assunto do que uma dissertação sobre o mesmo.

Porém, a elaboração das questões objectivas, assim como as de dissertação, necessitam de


tempo e cuidado. Recomenda-se ao professor que, a medida que vai dando aulas vá anotando
os elementos mais significativos e que melhor se prestem a uma verificação desta natureza,
de maneira a não ficar um trabalho volumoso e cansativo ao serem elaborados em pouco
tempo, com o risco ainda de não obedecerem às recomendações a ter em conta na redacção
de questões objectivas e deste modo, o professor vai formulando uma série de perguntas de
maneira que possa formar um arquivo de questões.

Recomendações na redacção de questões objectivas:

• As questões precisam ser redigidas de maneira clara, evitando-se ambiguidade e


subentendidos;

• Na redacção de questões objectivas, usar termos que expressem a problemática


em questão e sejam do conhecimento dos alunos;

• Redigir as questões de maneira a não induzir para a resposta, mas tão só expressar
a situação problemática;

• Não redigir questões em cadeia, em que a resposta de uma questão vá influir na


resposta da seguinte: é preciso que cada questão expresse uma situação
independente;

• Não redigir questões para as quais se ajusta mais de uma resposta.

3) Provas práticas ou prático-orais

Neste tipo de provas o aluno é posto diante duma situação problemática que deverá ser resolvida
por uma experiência, uma realização material, um reconhecimento de elementos industriais,
naturais ou químicos, ou ainda, pelo uso de aparelhos, mapas ou tabelas.
As provas prático-orais, além de ajudarem no aperceber-se do conhecimento teórico, demonstram
habilidades, segurança e domínio de técnicas, bem como o manejo dos instrumentos especializados
utilizados (ex.: mapas, tabelas, etc.).

Na avaliação sumativa, como em outros tipos de avaliação, verificando-se que as provas (testes)
são incompletas, usam-se como complemento outros meios de avaliação, nomeadamente:

i) Observação do comportamento do aluno em relação a:

a. Hábitos de estudo

b. Relacionamento com adultos, colegas e professor

c. Cumprimento de tarefas escolares nos prazos definidos

d. Atitude positiva ou negativa com relação aos trabalhos escolares

e. Capacidade de cooperação

f. Aproveitamento do tempo

g. Ordem nos cadernos e material escolar

h. Facilidade de expressão

i. Facilidade de assimilação (ou de domínio) da matéria….

ii) Desempenho do aluno em discussões, conversas e comentários

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