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1.

INTRODUÇÃO

As funções didáticas desempenham um papel preponderante no decurso do processo de ensino e


aprendizagem (PEA), uma vez que atuam como um instrumento que permite que professor, esteja
consciente dos fundamentos teóricos da sua área de formação (específicos e pedagógicos), elaborando
sua prática, a fim de transformar o aluno em um sujeito que responda às exigências contemporâneas,
tais como: analisar, interpretar, avaliar, sintetizar, comunicar, usar diferentes linguagens, estabelecer
relações, propor soluções inovadoras para as situações com as quais defronta etc. Essa acção
transformadora é fundamental ao trabalho professor, tendo em conta que a principal característica da
educação actualmente é que o processo de ensino e aprendizagem não tem por alicerce apenas o
conhecimento trazido pelo professor, mas também toda a carga de conhecimentos que o aluno traz a
partir da leitura que ele faz do mundo em que vive. Se não existir compatibilidade entre o que o
professor ensina e o nível de desenvolvimento do aluno, ele não terá condições intelectuais de assimilar
e acomodar informações, logo, se faz necessário que o educador (professor) consiga perceber que
muitas vezes, em vez de desinteresse da criança, trata-se da falta de possibilidade de fazer uma
interpretação significativa dos conteúdos que estão tentando transmitir, dai que a função didáctica
introdução se torna necessária. As reciprocidades das funções didácticas, tornam estas como uma
unidade, criando condições para que professor ofereça assimilações e acomodações activas do que
pretende transmitir, isto é, tem que favorecer o entendimento do conteúdo que está sendo transmitido.

2. FUNÇÕES DIDÁCTICAS E O CARÁCTER DIALÉCTICO

Segundo PILLETI as funções didácticas são orientações para o professor dirigir o processo completo de
aprendizagem e de aquisição de diferentes qualidades. Sendo assim funções didácticas são elementos
ou fases fundamentais no decurso do PEA. Cada etapa ou fase do PEA é caracterizada por uma função
didáctica dominante.

Assim sendo, as funções didácticas que caracterizam uma aula são fundamentalmente as seguintes:
- Introdução e motivação;

- Mediação e assimilação;

- Domínio e consolidação;

- Controle e avaliação.

Introdução e Motivação

Cada aula, independentemente da duração ou do conteúdo, requer uma introdução que conduz o
processo, e uma motivação que desperte o interesse dos alunos para o mesmo assunto.

Esta função, introdução e motivação corresponde especificamente ao momento de preparação para a


mediação de conhecimento na sala de aula. Assim, a introdução e motivação é a primeira função
didáctica que deve ser seguida dentro do decurso de uma aula.

2.2 Mediação e Assimilação

A função do professor é de mediar o processo de construção do conhecimento. Assim, a figura do


professor como transmissor de conhecimentos desaparece, para dar lugar à figura de mediador,
facilitador, orientador e esta mediação actualmente tem que ser diferente “expondo” cada vez mais o
aluno antes objecto e receptor passivo, concebendo - o como sujeito da sua própria aprendizagem para
além de ter conhecimentos que contribuirão para o conhecimento da própria aula.

Depois de suscitada a atenção e a actividade mental dos alunos na etapa anterior (Introdução e
Motivação) é o momento dos alunos familiarizarem-se com o conhecimento que irão desenvolver e um
dos procedimentos práticos é a apresentação do conteúdo como um problema a ser resolvido, embora
nem todos os conteúdos se prestem a isso.

Assim, a Mediação e Assimilação constitui a etapa ou passo da aula onde se realiza a percepção de
fenómenos ligados ao tema, a formação de conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de
observação, imaginação e raciocínio dos alunos.

Pode também ser percebida como sendo o momento da aula, isto é, a função didáctica na qual o
mediador dá orientações, explicações necessárias, organiza as actividades dos alunos que possam os
conduzir a assimilação activa dos conhecimentos para desenvolver atitudes, convicções, habilidades,
hábitos, etc..

2.3 Domínio e consolidação


Nesta etapa pretende se conseguir o aprimoramento do já (não) novo saber nos alunos, para isso o
professor deve criar condições de retenção e compreensão da matéria através de exercícios e
actividades práticas para solidificar a compreensão.

Ainda neste aspecto é preciso que os conhecimentos sejam organizados aprimorados e fixados na
mente dos alunos afim de que sejam disponíveis para orienta-los nas situações concretas de estudo de
vida; do mesmo modo em paralelo com os conhecimentos e através deles é preciso aprimorar a
formação de habilidades e hábitos para a utilização independente e criadora dos conhecimentos.

Não vale a pena adiantar com a matéria sob pena de que os alunos apenas tenham pequenas
recordações do que viram sem poder porém porem em prática e muito menos aproveitar-se do
conteúdo aprendido para as aprendizagens posteriores através de repetição, sistematização e aplicação
que constituem o suporte metodológico através das quais se torna realidade o domínio e consolidação
da matéria.

Através da repetição o professor pode:

- Reafirmar os conhecimentos e capacidades fundamentais;

- Controlar o nível da situação inicial dos alunos;

- Obter uma base para avaliar a cada aluno ou a todo o grupo.

A aplicação é o “coração” do P.E.A. é a etapa superior do aumento e desenvolvimento de

capacidades através de resolução de problemas e tarefas em situações análogas e novas. Este método é
a ponte para a prática profissional visto que desenvolve as capacidades que devem possibilitar ao aluno
o poder de aproveitar a teoria e posteriormente pôr os seus conhecimentos no trabalho produtivo. Dai a
importância da aplicação para realizar a unidade entre a teria e a prática.

Exemplo: Nesta etapa os alunos serão capazes de concluir que a água e óleo não se misturam porque
tem densidades diferentes e constatar que a água e vinagre podem se misturarem por possuírem
densidades semelhantes e já podem resolver exercícios aplicando as fórmulas da assimilação
(assimiladas da função didáctica Mediação/Assimilação)

2.4 Controle e avaliação

Acompanha todo o P.E.A. e forma ao mesmo tempo conclusão das unidades do ensino.

Segundo Libâneo para o professor poder dirigir efectivamente o P.E.A. deve conhecer
permanentemente o grau das dificuldades dos alunos na compreensão da matéria.

Este controle vai consistir também em acompanhar o P.E.A. avaliando-se as actividades do professor e
do aluno em função dos objectivos definidos.
Através do controlo e avaliação o professor pode providenciar se necessário rectificar, suplementar ou
mesmo reorientar a aprendizagem.

Pela avaliação é possível saber-se se a aprendizagem está a efectuar-se conforme o previsto ou não e ao
mesmo tempo permite ao professor certificar-se sobre o que o aluno aprendeu e, então saber que rumo
dar aos trabalhos das novas aulas (se é para repetir, rectificar ou prosseguir dependendo da situação
vivida no momento quanto ao saber, saber fazer e saber ser/estar dos alunos.

RELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES DIDÁCTICAS

3.1. Introdução /Motivação e Mediação /Assimilação

O professor apresenta o assunto da aula de forma interactiva, faz uma revisão, reactivação dos
conhecimentos assimilados que estejam relacionados com o novo assunto: coloca questões da matéria
nova para despertar interesse. A actividade anterior visa transformar os objectivos da aula em
objectivos de aprendizagem de cada um dos alunos.

O professor pode fazer a motivação de forma interactiva, quando colocando questões da matéria nova
ou ainda fazendo revisão dos conhecimento assimilados que estejam relacionados com o novo assunto e
ainda escrevendo o assunto da aula no quadro, tudo isso com vista a despertar interesse nos alunos.

Uma vez o aluno motivado, o professor faz a mediação atreves de ilustrações, faz resumos, esclarece os
assuntos, expõe os conteúdos e o aluno na assimilação toma nota, presta atenção, aplica os
conhecimentos, apresente as questões, faz resumos e abstracções.

3.2. Relação Introdução /Motivação e Domínio /Consolidação

Sob ponto de vista de estruturação da aula, esta função, introdução e motivação constitui a primeira
etapa da aula, portanto, é caracterizado por um processo de estimulação destinado a desencadear
impulsos interiores do indivíduo afim de predispô-lo a querer participar nas actividades escolares
oferecidas pelo mediador.

Assim sendo, este momento de aula tem a seguinte importância:

- Base do êxito e do rendimento, por subordinar-se à forma como os alunos são motivados para a
aprendizagem que deverá ser caracterizada por uma actividade consciente para os alunos.

Estando o aluno motivado, na fase do domínio e consolidação procuram se reduzir os erros dos alunos
na compreensão da matéria e permitir a fixação dos conhecimentos na memória. Portanto, ainda na
fase de introdução e motivação entram elementos de reactivação, o que significa que um bom domínio
e consolidação começam com uma boa introdução e motivação. Consolidar e dominar não só são
funções de luta contra o esquecimento mas também para elevar o nível das capacidades, desenvolver as
habilidades, fixar os hábitos e aplicar o aprendido.

3.3. Relação Introdução /Motivação e Controlo /Avaliação


Sabendo-se que para o professor dirigir efectivamente o PEA ele precisa conhecer o grau das
dificuldades dos alunos na compreensão das matérias e para isso o professor precisa controlar e avaliar
os alunos; dependendo dos resultados o professor pode saber até que ponto foram motivados, isto é,
pode medir até que ponto foi efectuada a função didáctica Introdução/Motivação. Neste sentido o
controle e avaliação tanto controla os alunos assim como o professor.

3.4. Relação Medição/ Assimilação e Domínio / Consolidação

Partindo de princípio que na medição e assimilação ocorre a medição do conteúdo por parte do
professor e consequente a assimilação parte do aluno quanto mais eficaz for esta função didáctica tanto
mais será a função didáctica Domínio / Consolidação, isto é, o aluno só poderá consolidar e dominar o
que tiver assimilado, esteja isto correcto ou errado.

Ex: Sabe-se que na medição e Assimilação ha retenção das leis, dos princípios das formulas e das teorias
e dissemos que na Consolidação exercitamos; o aluno só poderá aplicar as fórmulas para a resolução de
exercícios relacionados com a queda livre dos corpos se realmente tiver assimilado as teorias assim
como as formulas e todas as outras componentes da função didáctica Medição/ Assimilação.

3.5. Relação Mediação/ Assimilação e Controle /Avaliação.

Estas duas funções didácticas têm a seguinte relação: Só pode ser controlado e avaliado um conteúdo
previamente mediado e assimilado, isto é, o professor não pode avaliar conteúdos não dados.

Ao mesmo, o Controle avalia até que os conteúdos forem mediados e assimilados, para a partir daí
fazer ajustes se necessário ou manter o mesmo ritmo se a Assimilação/Mediação for bem sucedida.

Ex: falando ainda da queda livre dos corpos: o professor pode avaliar se os alunos assimilaram os
conteúdos, isto é, as teorias, os princípios, as fórmulas bem como as leis.

3.6. Relação Domínio /consolidação e controlo /avaliação

Os conhecimentos mediados e assimilados são organizados, aprimorados e “fixados” na mente dos


alunos de modo a que fiquem disponíveis para a sua aplicação em novas situações de vida concreta do
aluno.

O mais importante é que, de facto, estes conhecimentos devem ser aprimorados possibilitando a
formação de habilidades, hábitos para utilização independente e criadora desses.

Deste modo, para a consolidação e a formação de habilidades e hábitos é necessário que se incluam
exercícios de fixação que podem ir desde perguntas simples até à recapitulação dos focos principais da
aula. Por isso, as tarefas de recapitulação, sistematização e os exercícios devem dar oportunidade ao
aluno de estabelecer entre o aprendido e situações novas, comparar os conhecimentos obtidos com os
factos da vida real, apresentar problemas ou questões diferentemente de como foram abordados, por
exemplo, no livro didáctico, pôr em prática habilidades e hábitos decorrentes do estudo.
Tendo consolidado a matéria, é preciso testar se também e ver de que maneira o professor mediou,
avaliando-se as actividades do professor e dos alunos, em função dos objectivos definidos. Avalia-se o
nível atingido, identificam-se os problemas ou dificuldades que existem e propõem-se medidas para a
sua solução.

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