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1.

Introdução

As fases da aula ou tecnicamente designadas por funções didácticas exercem um papel


muito importante ao longo do Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA), por elas
operarem como um instrumento que faz com que professor esteja consciente das noções
teóricas da sua área de formação, esboçando a sua prática, a fim de transformar o aluno
em um sujeito que responda às demandas contemporâneas, tais como: analisar,
interpretar, avaliar, sintetizar, comunicar, usar diferentes linguagens, estabelecer
relações, propor soluções inovadoras para as situações com as quais defronta etc. Essa
acção transformadora, é fundamental ao trabalho professor ou educador tendo em conta
que a principal característica da educação actualmente é a reciprocidade dos
conhecimentos do professor e aluno.

O presente trabalho que tem como tema: as fases da aula, tem por objectivo levar os
futuros docentes ou professores a compreensão das funções didácticas como uma
unidade, não portando-se de maneira isolada, servindo de sustentáculo teórico que irá
orientar no futuro, o exercício da sua função de docência, facultando a capacidade para
usar estas funções no decurso do PEA e a capacidade de usar as actividades de uma
determinada função cuidadosamente, evitando desta forma ter que voltar para uma
função específica.

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2. As Funções Didácticas
2.1. Definição:

Segundo Pilleti (2004) "as funções didácticas são orientações para o professor dirigir o
processo completo de aprendizagem e de aquisição de diferentes qualidades" (p. 110).

Para Libâneo (1994) "funções didácticas são movimentos/ passos do PEA no decorrer
de uma aula ou unidade didáctica" (p. 175).

Para a nossa maneira de perceber, as funções didácticas correspondem a todas etapas


que se sucedem no Processo de Ensino e Aprendizagem que envolve uma ligação
directa entre as actividades do professor e do aluno no alcance dos objectivos
almejados.

2.2. Classificação das Funções didácticas

As principais funções didácticas são: Introdução e Motivação, Mediação e Assimilação,


Domínio e Consolidação e Controle e Avaliação.

2.3. 1. Introdução e Motivação

De acordo com Piletti (2004) "Motivação consiste em apresentar a alguém estímulos e


incentivos que possam favorecer determinado tipo de conduta. Consiste em oferecer ao
aluno os estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz" (p.
233).

Libâneo (1994) define a Introdução como "a parte da entrada da aula que conduz ao
aluno para estratégia de desenvolvimento, faz apresentação do tema, apresentação da
questão chave, apresenta a problemática de forma resumida" (p. 111).

Num contexto geral, introdução significa acto ou efeito de introduzir, prefácio, inicio de
uma certa actividade, obra ou prática e a motivação é o acto de motivar, acção dos
factores que determinam a conduta.

Introdução e Motivação decorrem normalmente no princípio de uma aula. Esta


desempenha grande papel para o sucesso da aprendizagem dos alunos. Tem em vista
preparar o aluno para o inicio da aula e sua fase seguinte. Esta preparação tem 3
objectivos fundamentais:

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 Criar disposição e ambiente favoráveis aos alunos, que possam assegurar o bom
decurso da aprendizagem;
 Consolidar o nível inicial e orientar o aluno para novo conteúdo;
 Motivar permanentemente com o fim de manter o interesse e a atenção dos
alunos através de avaliação de estímulos.

2.3.2. Mediação e Assimilação


Nesta fase ou função didáctica, se efectua a percepção dos objectos e fenómenos
conectados ao tema, a formação de conceitos, imaginação e de raciocínio dos alunos.
No contexto didáctico, mediação é a faculdade pelo qual o professor orienta o processo
de ensino aprendizagem em que são essenciais elementos como: o professor, aluno,
conteúdo, material didáctico, métodos e fins a atingir.

Segundo Pillet (2004) Mediação é acção concreta do PEA em que o professor passa os
conteúdos e envolve diálogo e no fim faz a síntese (p. 111).

A função do professor consiste em o processo de construção de conhecimentos e na


mediação, prevalecem as formas de estruturação e organização didáctica dos conteúdos.
Neste processo o papel do professor como transmissor de conhecimentos desaparece,
para dar lugar a figura de mediador, facilitador ou orientador e tal mediação actualmente
deve ser diferente, expondo cada vez mais alunos antes de objectos e receptores
passivos, concebendo-os como sujeitos da sua própria aprendizagem para além de ter
conhecimentos da própria aula.

Assim, pode ser bem percebido como momento da aula na qual o mediador deve dar
explicações necessárias, organizar actividades dos alunos que os possam conduzir a
assimilação activa dos conhecimentos para desenvolver atitudes, convicções,
habilidades, hábitos, entre outros.

2.3.3. Domínio e Consolidação

De acordo com Pillet (2004), o domínio e consolidação é o momento da aula em que se


realizam acções com a finalidade de sistematizar, reflectir e aplicar (p. 111).

Enquanto por parte do domínio constitui a formação e desenvolvimento de habilidades,


por sua vez a consolidação consiste em recordar a matéria sobre habilidades e
conhecimentos.

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Nesta fase didáctica pretende-se conseguir o aprimoramento do aprendido por parte dos
alunos, para isso o professor deve criar condições de retenção e compreensão das
matérias através de exercícios e actividades práticas para solidificar a compreensão.
Ainda nesta ordem de ideia é preciso que os conhecimentos sejam organizados,
aprimorados e fixados na mente dos alunos afim de que sejam disponíveis para orientá-
los nas situações concretas de estudo de vida, em paralelo com os conhecimentos. Esta
etapa deve ser caracterizada por repetição, sistematização e aplicação, que constituem o
suporte metodológico através das quais se torna realidade o domínio e consolidação da
matéria.

Portanto, a aplicação constitui o centro do PEA e é a etapa superior do incremento e


desenvolvimento das capacidades através da resolução de problemas e tarefas em
situações análogas e novas. Este método é a ponte para a prática profissional visto que
se desenvolvem as capacidades que devem possibilitar aos alunos o poder de aproveitar
a teoria e posteriormente colocar os seus conhecimentos no trabalho produtivo.

2.3.4. Controle e Avaliação


A etapa do controle e avaliação estão presentes em todo o P.E.A. e forma ao mesmo
tempo conclusão das unidades do ensino.

Libâneo (1994) sustenta que" para o professor poder dirigir efectivamente o P.E.A. deve
conhecer permanentemente o grau das dificuldades dos alunos na compreensão da
matéria. Este controle vai consistir também em acompanhar o P.E.A. avaliando-se as
actividades do professor e do aluno em função dos objectivos definidos" (p. 186).

A avaliação, como parte integrante do PEA, é uma actividade contínua de pesquisa que
visa verificar até que ponto os objectivos definidos no programa estão sendo alcançados
de modo a se decidir sobre alternativas do trabalho do formador, do formando ou da
escola como um todo.

Segundo Pilleti (2004), denomina-se de avaliação "ao conjunto de instrumentos com a


finalidade de medir o grau de alcance de objectivos na vertente do professor e do aluno"
(p. 190). Desta maneira, ela não deve ser entendida como um fim em si, mas um meio
para verificar as mudanças de comportamento. Ela permite identificar os alunos que
necessitam de uma atenção especial e reformular o trabalho com a adopção de
procedimentos para ajustar tais deficiências. Por sua vez, o aluno deve perceber que a

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avaliação é um meio e, para isso, o professor deve explicar-lhe os objectivos da mesma
e analisar com ele os resultados alcançados.

2.4. Características das Funções didácticas

Cada fase ou passo da aula corresponde a uma só função didáctica dominante, embora
nesta mesma fase se regista o envolvimento das restantes, com o fim elas assegurarem a
eficiência da assimilação da matéria. Estas funções estão estruturadas e sistematizadas.

De acodo com Pilleti (2004) "cada função didáctica ou passo da aula que reflecte as
regularidades do processo de ensino aprendizagem, é proposto o tempo da sua duração,
conteúdo, método dominante, conjuntos de meios e formas de ensino a utilizar inclusive
as actividades concretas dos alunos" (p.111).

As funções didácticas têm uma ligação entre si e se realizam isoladamente, sobrepondo-


se umas das outras durante as diferentes etapas do PEA e que geralmente uma função
didáctica abre o caminho para efectivação da outra e que o sucesso de uma possibilita o
sucesso da outra, assumindo-se como uma unidade, no sentido de totalidade e não de
soma e tal totalidade reflecte as relações específicas de cada função didáctica com a
outra de maneira recíproca. A figura abaixo, demonstra tal reciprocidade entre as
funções.

Figura 1: Interligação entre as diferentes funções didácticas.

1. Introdução e 2. Mediação e
Motivação Assimilação

Funções didácticas

3. Domínio e 4. Controle e
Motivação Avaliação

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3. Conclusão

Como pudemos acompanhar as características de cada uma das funções didácticas, elas
exerce como directrizes orientadores para o professor, dão segmento o processo
completo de aprendizagem, transmissão e aquisição de diferentes qualidades. Elas,
embora separadas, possuem uma interligação profunda entre si não podendo se realizar
isoladamente, daí a interdependência de uma para outras durante as diferentes fases que
se sucedem no PEA. Em termos gerais, uma função didáctica abre o caminho para a
efectivação da outra e que o sucesso de uma possibilita o sucesso da outra, reflectindo
na característica de reciprocidade.

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4. Referências

LIBÂNEO, J. C. (1994). Didáctica. São Paulo: Editora Cortez.

PILLETI, C. (2004). Didáctica Geral. (23ª ed.) São Paulo: Editora Ática

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