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LÍNGUA PORTUGUESA
PRODUÇÃO
ESCRITA
PROCESSO DE ESCRITA. PRODUÇÃO TOTAL.
REESCRITA. MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO.
CÁTEDRA
EUGÉNIO TAVARES DE
LÍNGUA PORTUGUESA
LIVRO DO ALUNO DE
LÍNGUA PORTUGUESA
PRODUÇÃO
ESCRITA
PROCESSO DE ESCRITA. PRODUÇÃO TOTAL.
REESCRITA. MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO.
CÁTEDRA
EUGÉNIO TAVARES DE
LÍNGUA PORTUGUESA
UNIVERSIDADE DE CABO VERDE
Scientia via est
www.unicv.edu.cv
FICHA TÉCNICA
ISBN 978-989-8707-44-4
Introdução............................................................................................. 7
Unidade 1
Caracterização da comunicação escrita...........................................11
Guião de aprendizagem.........................................................................13
1. Sinopse..................................................................................................... 13
2. Objetivos................................................................................................... 13
3. Conteúdos................................................................................................. 13
4. Recursos................................................................................................... 14
5. Orientações para autoestudo.................................................................... 14
6. Prática da língua ...................................................................................... 23
7. Para saberes mais…................................................................................. 23
Soluções................................................................................................27
Unidade 2
Processo de escrita........................................................................... 33
Subunidade 2.1. Fases e etapas do processo de escrita...........................35
Guião de aprendizagem ........................................................................35
1. Sinopse .................................................................................................... 35
2. Objetivos .................................................................................................. 35
3. Conteúdos................................................................................................. 36
4. Recursos .................................................................................................. 36
5. Orientações para autoestudo.................................................................... 37
6. Prática da língua ...................................................................................... 67
7. Para saberes mais…................................................................................. 71
Soluções................................................................................................73
Subunidade 2.2. Partes do texto................................................................87
Guião de aprendizagem ........................................................................87
1. Sinopse..................................................................................................... 87
2. Objetivos................................................................................................... 87
3. Conteúdos................................................................................................. 88
4. Recursos................................................................................................... 88
5. Orientações para autoestudo.................................................................... 88
6. Prática da língua......................................................................................110
7. Para saberes mais...................................................................................112
Soluções ............................................................................................. 113
Unidade 3
Produção Total.................................................................................. 125
Subunidade 3.1. Texto narrativo...............................................................127
Guião de aprendizagem.......................................................................127
1. Sinopse................................................................................................... 127
2. Objetivos ................................................................................................ 127
3. Conteúdos............................................................................................... 127
4. Recursos ................................................................................................ 128
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 128
6. Prática da língua..................................................................................... 137
7. Para saberes mais.................................................................................. 138
Soluções..............................................................................................139
Subunidade 3.2. Texto expositivo-informativo..........................................143
Guião de aprendizagem.......................................................................143
1. Sinopse .................................................................................................. 143
2. Objetivos ................................................................................................ 143
3. Conteúdos............................................................................................... 143
4. Recursos................................................................................................. 144
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 144
6. Prática da língua..................................................................................... 151
7. Para saberes mais…............................................................................... 152
Soluções..............................................................................................155
Subunidade 3.3. Texto descritivo..............................................................157
Guião de aprendizagem ......................................................................157
1. Sinopse .................................................................................................. 157
2. Objetivos ................................................................................................ 157
3. Conteúdos............................................................................................... 157
4. Recursos................................................................................................. 158
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 158
6. Prática da língua .................................................................................... 174
7. Para saberes mais… .............................................................................. 175
Soluções..............................................................................................177
Subunidade 3.4. Texto explicativo............................................................187
Guião de aprendizagem.......................................................................187
1. Sinopse................................................................................................... 187
2. Objetivos ................................................................................................ 187
3. Conteúdos............................................................................................... 187
4. Recursos................................................................................................. 188
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 188
6. Prática da língua..................................................................................... 196
7. Para saberes mais ................................................................................. 197
Soluções..............................................................................................199
Subunidade 3.5. Texto argumentativo......................................................201
Guião de aprendizagem ......................................................................201
1. Sinopse .................................................................................................. 201
2. Objetivos ................................................................................................ 201
3. Conteúdos............................................................................................... 201
4. Recursos ................................................................................................ 202
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 202
6. Prática da língua..................................................................................... 219
7. Para saberes mais…............................................................................... 225
Soluções..............................................................................................227
Unidade 4
Reescrita de textos.......................................................................... 233
Subunidade 4.1. Resumo e sumário .......................................................235
Guião de aprendizagem.......................................................................235
1. Sinopse .................................................................................................. 235
2. Objetivos ................................................................................................ 235
3. Conteúdos............................................................................................... 235
4. Recursos ................................................................................................ 236
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 236
6. Prática da língua..................................................................................... 247
7. Para saberes mais…............................................................................... 248
Soluções .............................................................................................249
Subunidade 4.2. Síntese .........................................................................253
Guião de aprendizagem.......................................................................253
1. Sinopse .................................................................................................. 253
2. Objetivos ................................................................................................ 253
3. Conteúdos............................................................................................... 253
4. Recursos ................................................................................................ 254
5. Orientações para autoestudo ................................................................. 254
6. Prática da língua..................................................................................... 267
7. Para saberes mais…............................................................................... 270
Soluções..............................................................................................271
Subunidade 4.3. Paráfrase.......................................................................285
Guião de aprendizagem.......................................................................285
1. Sinopse .................................................................................................. 285
2. Objetivos ................................................................................................ 285
3. Conteúdos............................................................................................... 285
4. Recursos ................................................................................................ 286
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 286
6. Prática da língua..................................................................................... 294
7. Para saberes mais ................................................................................. 298
Soluções..............................................................................................299
Apêndice........................................................................................... 303
Mecanismos de textualização..................................................................... 303
Prática da língua ........................................................................................ 303
Sinopse....................................................................................................... 303
1. Coesão textual........................................................................................ 305
2. Articulação sintática e discursiva. Cf. Solução N.º 3............................... 307
3. Paragrafação Cf. Solução N.º 4. ........................................................... 309
4. Modalização.............................................................................................311
Soluções..............................................................................................313
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Nesta unidade – Caracterização da comunicação escrita –, a finalidade é teres uma
visão geral deste modo de uso da língua, ou seja, em que condições ela acontece, as
suas especificidades e, em consequência, as características do texto escrito.
Para isso, primeiro, a partir de um dado tipo de texto, deverás refletir criti-
camente sobre a produção escrita de modo a compreenderes que se trata de uma
modalidade específica do uso da língua, que resulta de um contexto de produção
diferente do do oral.
Depois, farás a análise de pequenos textos para aprofundares a tua compreensão
acerca das suas características e por que elas são diferentes das dos textos orais.
Finalmente, através de uma prática de uso da língua, terás a oportunidade de
usar esses saberes e alguns procedimentos típicos da produção escrita.
Para continuares a aprender sobre estas questões, propomos-te estudar o texto
indicado e seguir as orientações que te são dadas.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta unidade, deves ser capaz de:
• Enunciar as principais condições de produção da comunicação escrita,
comparando-as com as do modo oral;
• Relacionar as características formais distintivas da escrita com as suas condições
de produção;
• Passar um texto oral coloquial para um registo escrito formal.
3. Conteúdos
1.1. Caracterização da comunicação escrita
1.1.1. Condições de produção
1.1.2. Características formais decorrentes dessas condições de produção
1.1.3. Registos de língua
4. Recursos
• Texto 1.1. Carta familiar
• Texto de apoio 1.1. Textos noticiosos radiofónicos e escritos
• Texto de apoio 1.2. Registo comum e técnico
• Ficha informativa 1.1. Caracterização da comunicação escrita
Caro João,
Lamento não ter podido estar na tua festa de sábado à noite. Estava pronto
para sair quando recebi a chamada de um amigo. Ele tinha acabado de chegar
de S. Vicente – a caminho de Lisboa – e queria passar essa noite comigo antes
da sua partida na manhã seguinte.
Bem eu não podia recusar, não achas? Claro que tentei ligar-te, mas o teu te-
lefone estava ocupado. Depois disso, estive sempre ocupado com o meu amigo.
Espero que entendas! Sei que precisavas dos meus CD’s, mas estou seguro
de que, mesmo assim, vocês terão passado uma noite maravilhosa. A minha,
pelo contrário, foi bastante aborrecida.
TEXTO A2
Ontem de manhã deu-se um acidente singular na Avenida da Liberdade,
pelas nove horas, entre um candidato que fazia exame da carta de condução e
o examinador encarregado de verificar as suas aptidões. O carro da escola de
condução seguia em boa marcha atrás de um camião; este travou repentina-
mente. O candidato que tinha estudado mais código do que praticado condução
não conseguiu parar a tempo e chocou contra a traseira do camião. Ouviu-se
então o examinador pronunciar solenemente, mostrando os dentes partidos: –
“Reprovado!”
TEXTO B
Ei, pá! O estardalhaço de ontem na Avenida da Liberdade uma daquelas
joaninhas da escola de condução deu uma trombada valente no traseirame da
bisarma de um camião. Pum! O gajo era muito bom no código, mas quanto a
pegar no volante está quieto… Era de gritos, juntou-se malta e só se ouvia lá de
dentro o examinador com os dentes esfrangalhados aos berros “está reprovado”.
TEXTO C
A Frente Polisário, movimento de libertação do ex-Sara espanhol, anunciou
hoje, em comunicado publicado em Argel, ter abatido dois aviões militares mar-
roquinos e destruído um comboio mineraleiro, após ter posto fora de combate
dezenas de soldados marroquinos e mauritanos, durante uma série de opera-
ções no Sara Ocidental.
Noticiário das 11 horas da Rádio Difusão Portuguesa de 27-12-76.
TEXTO D
Argel, 27 – A Frente Polisário anunciou hoje ter abatido dois aviões militares
marroquinos e destruído um comboio mineraleiro, após ter posto fora de comba-
te várias dezenas de soldados marroquinos e mauritanos durante uma série de
operações no Sara ocidental.
Segundo o comunicado, publicado em Argel, os dois aviões marroquinos tipo
“Fouga Magister” foram abatidos de Hagounia e um dos pilotos foi capturado pelos
combatentes da frente, os quais “destruíram os aquartelamentos de Hagounia e
puseram fora de combate várias dezenas de soldados monárquicos” – (F.P.)
Jornal de Notícias de 28 -12-1976.
ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 2.
Tira as tuas próprias conclusões e reflete sobre elas.
5.3. Compreensão de que o oral e o escrito estão num contínuo de forma-
lidade/informalidade
i) Lê os pequenos textos constantes do Texto de apoio 1.2. Registo comum e
técnico, comparando os textos A e B com os textos C. Regista os resultados.
TEXTO A
Eu, se eu quisesse, comprava um automóvel. Simplesmente, com as horas
extraordinárias que tenho feito dentro do Guane comprava um carro. E se não
houver horas extraordinárias? Tenho que passar sem elas. Porque eu, com as
horas extraordinárias, tenho feito uma coisa: nem eu nem a minha mulher toca-
mos no dinheiro delas para o governo da casa. Mas a minha mulher diz-me: «Ó
António, gostava de dar este passeio; precisamos de comprar isto ou aquilo…»
E então eu compro uma televisão, vou à praia. Como já passei sem horas ex-
traordinárias, agora tenho que passar sem elas. Aquilo que é o meu ordenado
normal, entrego-o completo à minha mulher desde que casei.
Operários Falam (Recolha de textos de Júlio Graça)
TEXTOS B
Toda a pessoa tem o direito à liberdade de expressão. Este direito com-
preende a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de dar informações
ou ideias sem que possa haver ingerência de autoridades públicas e sem consi-
deração de fronteiras. O presente artigo não impede que os Estados submetam
as empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um regime de
autorização prévia.
O exercício destas liberdades, como implica deveres e responsabilidades,
pode ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou sanções,
previstas pela lei, que constituam providências necessárias, numa sociedade
democrática, para a segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança
pública, a defesa da ordem e a prevenção do delito, a protecção da saúde ou da
moral, a protecção da honra ou dos direitos de outrem, para impedir a divulgação
de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a imparcialidade
do poder judicial.»
Convenção Europeia dos Direitos do Homem, art.º 10.º
TEXTO C1 TEXTO C2
ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 3 e
reflete sobre eles.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Lopes, 2003:65-66; Amor, 1993:63-66;109-110; Fiúza,1981:49-60;
Carmo e Dias, 1980:36-40.
6. Prática da língua
6.1. Transpõe para a modalidade escrita a intervenção de X abaixo trans-
crita1, num registo mais cuidado.
X: não quer saber dos filhos não querem, inclusivamente, dar um tostão para
os filhos, não lhe interessa se eles estão bem se estão mal, ele não vai ver os
filhos, quer dizer, há um completo desprendimento do pai em relação aos filhos.
a mãe, contudo, tem que pedir autorização ao pai, para tudo! em relação aos fi-
lhos … porque o poder paternal não pode ser tirado, quer dizer, a … paternidade
já se sabe que, evidentemente, tem que existir, mas o poder paternal não pode
passar para a mãe, excluindo casos em que se prove que o marido que é, que
é um criminoso, e portanto que … ou que é … completamente alienado, quer
dizer, doido mesmo, não é, não … caso contrário ela tem que ter autorização
para tudo: é para… para viajar, tem que pedir autorização do pai para averbar
os filhos no passaporte, inclusivamente chegava-se ao apuro de ter de pedir
autorização, se fosse necessário uma operação ou qualquer coisa para que a
criança fosse operada… isso… é, é uma tristeza, e a gente, a gente, não é, não,
não faz ideia do que se passa; e há montes de coisas neste género, não é, uns
pais, por exemplo, por qualquer razão até desaparecer completamente da circu-
lação, até se for para outro país e isso tudo, a mãe fica de pés e mãos atadas,
porque não pode sair com a criança porque o filho não pode estar a … averbado
no passaporte dela, porque é necessária a tal … a … declaração do pai e o pai
nem se sabe onde pára nem, onde deixa de parar e, portanto, quer dizer, ora isto
é absolutamente incrível, não é.
1. Mukaragagi, L. Le portfólio, Engagement de l’éleve dans l’évaluation de ses apprentissages, apud, Bernar-
des e Miranda, 2007:29, de onde foi extraído, com adaptações.
Soluções
Solução N.º 2. Leitura comparativa dos excertos do Texto de apoio 1.1. Textos
noticiosos radiofónicos e escritos
1
O pai (sujeito) não quer saber dos filhos, quer dizer, há um desprendimento dele
em relação aos filhos. (Estruturação do parágrafo: declaração inicial, afirma algo) Com
efeito, não lhes dá um tostão, não vai vê-los, não lhe interessa saber se estão bem ou
mal. (Justificação ou fundamentação da declaração inicial, ordenada do mais para o
menos importante, de acordo com um determinado ponto de vista).
Contudo, como o poder paternal existe e não pode ser retirado ou passado para a
mãe, esta tem que pedir autorização ao pai para tudo, excluindo-se os casos em que
se prove que ele sofre de perturbações mentais ou é um criminoso. (mais cuidado na
seleção vocabular)
Na verdade, ela tem que pedir autorização para averbar os filhos no passaporte se
pretende viajar, para uma operação e para muitas outras situações (e não coisas) do
género.
Tal estado de coisas é incrível e acarreta muitos problemas sobretudo quando
acontece os pais viajarem ou desaparecerem da circulação, uma vez que a mãe não
tem como obter a tal declaração.
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Nesta subunidade – Fases e etapas do processo de escrita –, pretende-se que ganhes
uma perspetiva global do texto escrito e do seu processo de produção (planificação,
textualização, revisão e edição), aprimorando o modo como planeias os teus textos,
e o uso de alguns dos procedimentos e técnicas envolvidos nesse processo.
Para isso, a partir de um enunciado de tarefa de redação, iremos seguindo o
percurso de produção escrita, parando em cada uma das suas fases e etapas e expe-
rimentando os procedimentos e técnicas que podes usar em cada uma delas para
desenvolveres a tua competência de escrita.
Finalmente, em Prática da língua, terás a oportunidade de usar autonomamente
esses saberes e procedimentos.
Para aprofundares os teus conhecimentos e ganhares mais consciência sobre estas
questões, deves estudar o texto indicado e seguir as orientações que te são dadas.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, deves ser capaz de:
• Preparar a produção de um texto, antes de começar a escrever, numa situação
comunicativa concreta, efetuando as seguintes operações:
‒‒Indicação das condições em que ele vai ser escrito;
‒‒Determinação dos seus destinatários;
‒‒Formulação de objetivos/finalidades comunicativas;
‒‒Escolha do assunto e do tema;
‒‒Decisão sobre a forma de organização textual/tipo de texto;
‒‒Decisão sobre o tipo de discurso (narrativo, descritivo, informativo, argu-
mentativo,…);
• Usar as seguintes técnicas de mobilização de ideias:
‒‒Listas simples;
‒‒Grupos associativos;
3. Conteúdos
1. Fases e etapas do processo de produção escrita
1.1. Planificação
1.1.1. Macroplanificação
1.1.1.1. Técnicas de mobilização e inventariação de informações: lis-
tas simples e grupos associativos
1.1.1.2. Técnicas de seleção e de organização de informações: catego-
rização e mapa de ideias
1.1.2. Microplanificação
1.1.2.1. Natureza, estrutura e qualidades dos planos textuais
1.1.2.2. Modelos e tipos de planos textuais
2. Textualização (conceito e contextualização)
2.1. Revisão como estratégia de redação: amplitude, etapas e operações
2.2. Edição do texto: objeto e procedimentos
4. Recursos
• Texto de apoio 2.1.1. Formulações de enunciados de tarefas
• Texto de apoio 2.1.2. Distribuição da informação
• Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita
• Ficha informativa 2.1.2. Plano textual
• Grelha de revisão geral do texto escrito
I FASE
PLANIFICAÇÃO (pre- AÇÕES
paração, antes de
escrever)
1.ª Etapa
macroplanificação
Tomada de várias decisões para ficarem claras as con-
dições em que se vai produzir e publicar o texto:
• Indicar as condições de produção/difusão do texto (Quem
escreve? Em que circunstâncias?)
1.º Passo – projetar • Determinar destinatários (Para quem?)
o texto • Formular / estabelecer objetivos/finalidades comunicati-
vas (Com que intenção?)
• Escolher o assunto e o tema (Sobre o quê?)
• Decidir sobre a forma de organização textual/tipo de texto
e tipo de discurso (O quê?)
Mobilizar/ativar (trazer à memória) as informações/
ideias de que se dispõe (conhecimento)
2.º Passo – procu-
Recolher informações em fontes, mediante leitura e ou-
ra de informações
tras técnicas
(ideias) sobre o que
se vai escrever Registar o inventário das informações (ideias), com re-
curso às seguintes técnicas: lista simples e grupo associa-
tivo
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:111-116;124; Lopes, 2003:45-56;
Granatic, 1996; Serafini, 1996:15-72; Rei, 1995:25-33; Gourmelin e Guedon,1992; Afonso, 1991:93-94;
Bastos, e Fidalgo, 1990; Moita, 1990.
2. Glossário de termos
Algumas definições, muito simplificadas, de termos que exprimem competências
intelectuais ou operações discursivas que podem ser encontrados em enunciados de
tarefas de redação (ou de provas de qualquer disciplina):
• Analisar: estudar, através da observação de cada parte e das relações que têm entre
si (a análise de um texto requer técnicas e procedimentos próprios)
• Apreciar: ser sensível, compreender, gostar de algo ou de uma qualidade ou valor
• Articular: estabelecer relações ou conexões entre elementos, ideias, conceitos
• Assinalar: indicar através de um sinal que pode ser uma seta, um traço por baixo,
uma cruz, um asterisco, etc.
• Avaliar: determinar o valor, o merecimento, a qualidade
• Classificar: distribuir em classes ou categorias
• Comentar: formular uma posição pessoal sobre o conteúdo e/ou forma do texto,
fundamentada na análise (o comentário requer técnicas e procedimentos próprios)
• Comparar: examinar simultaneamente duas ou mais coisas para lhes determinar as
semelhanças ou diferenças
• Compreender: percecionar o significado, o sentido
• Concluir: chegar a uma decisão, ao fim de uma dedução ou inferência, por raciocínio
lógico
• Condensar: dizer em poucas palavras
• Constatar: verificar; certificar
• Criticar: apontar aspetos positivos e/ou negativos
• Deduzir: raciocinar para concluir a partir do geral para o particular, de factos conhe-
cidos para factos desconhecidos
• Definir: fornecer de modo exato todas as características próprias de um conceito ou
objeto
• Demonstrar: provar com raciocínio convincente; fazer ver
• Descrever: apresentar as características próprias dum objeto de descrição a partir
da observação (a descrição requer técnicas e procedimentos próprios)
• Designar: dar o nome
• Detetar: descobrir ou percecionar qualquer elemento não muito visível ou reconhecível
• Determinar: estabelecer a natureza, os termos ou os limites
• Distinguir: diferenciar duas ou mais coisas, a partir das suas diferentes característi-
cas; reconhecer sentidos ou significados diferentes
• Elaborar: preparar; compor; produzir
• Empregar: usar; utilizar
• Enumerar: especificar um a um
• Esquematizar: representar através de esquema, por tópicos, alíneas, etc.
• Estabelecer condições: determinar que elementos, factos ou coisas são essenciais
para a realização de outra ou para uma verdade no raciocínio lógico
• Examinar: submeter a uma prova, análise, observação
• Excluir: rejeitar, não incluir ou admitir num conjunto; retirar; eliminar
• Exemplificar: mostrar com um ou mais exemplos
• Explicar: dizer de forma a ser entendido; esclarecer
• Expor: apresentar tudo o que se refere a uma questão ou problema de modo a que
as pessoas a quem ela se destina deles adquiram um conhecimento global
IMPRENSA ESCRITA
RÁDIO TELEVISÃO
(jornal, revista)
• mais público (donas de • mobilidade de transporte • público mais alargado
casa, estudantes) • público mais restrito (criança-idoso)
• tempo (noite fora) (com hábitos de leitura) • horário
• rápido • preço • impacto da imagem
• económico • consulta (arquivo) • qualidade dos programas
• mobilidade de transporte • reflexão (voltar atrás, • ligeireza da abordagem
• grande fornecedor de reler) • manipulação da imagem
música • ato voluntário (desloca- • passividade
• quantidade e qualidade ção para compra) • muito tempo junto do
da informação • em linha (online) ecrã
• público/privado • em papel
• rádio educativa • independentes/partidá-
rios
b) Grupo associativo
Definição: esquema gráfico de recolha de ideias, por associação espontânea.
Procedimentos
1.º Desenha, no centro da página, um retângulo, círculo, ou quadrado;
2.º Escreve, dentro da figura, o tema do trabalho;
3.º Deriva linhas dessa figura (tantas quantas os tópicos fortes em que se decompuser
o tema);
1. Tema e lista simples, com adaptações, extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:41 e 42, respetivamente.
4.º Deriva ramos ou subtópicos associados às ideias que vão ocorrendo e que vais
acrescentando. À medida que ideias relacionadas com o tema do trabalho vierem
à mente, por associação espontânea, elas vão sendo dispostas radialmente em
torno das primeiras.
Exemplo:
Vantagens
• Permite visualizar a interligação entre o tema e os seus tópicos e subtópicos, e inferir
as suas relações lógicas;
• Estimula o surgimento de novas ideias;
• Serve de instrumento para o desenvolvimento e enriquecimento das ideias.
Exemplos de categorias
Procedimentos
1.º Define as categorias que vão ser usadas, prestando atenção nas ideias em bru-
to (lista simples ou grupo associativo), questionando o assunto/tema e buscando
identificar as relações lógicas que se pode estabelecer entre as ideias, fazendo
perguntas do tipo, por exemplo: Quem? O quê? Onde? Quando? Em que tempo?
Com que meios? Como? Porquê?;
2.º Coloca, à esquerda, a folha com as ideias em bruto e, à direita, a folha em que vais
fazer a categorização;
3.º Procede à categorização das ideias selecionadas, inserindo-as nas categorias defi-
nidas, deixando espaço para modificar ou acrescentar categorias e ideias;
b) Mapa de ideias
Conceito: esquema gráfico de seleção e organização de informações, distinguindo
as mais importantes das ideias cada vez menos importantes e evidenciando as rela-
ções lógicas entre elas. É uma racionalização natural do grupo associativo e fornece
um resumo das ideias selecionadas.
Procedimentos
1.º Coloca, à esquerda, a folha com as ideias em bruto (grupo associativo) e, à direita,
a folha em que vais fazer o mapa de ideias;
2.º Tal como no grupo associativo, coloca a ideia-força, no centro da página;
3.º À volta do centro, no segundo nível, portanto, em leque, deriva linhas encimadas
pelas categorias, perguntas ou tópicos que tiveres elaborado ou outras categorias
que, entretanto, forem definidas;
4.º Num terceiro nível, podes derivar subcategorias das primeiras categorias a que
vais associando as ideias registadas ou outras que forem surgindo. Podem ser
usados sublinhados, cores, números, etc.
Exemplo:
5. Revisão
a) Em que consiste a revisão do texto?
A revisão não é passar a limpo o rascunho. Ela consiste na releitura do texto pelo
autor, tantas vezes quantas as necessárias, para avaliação do escrito, exercendo a
maior vigilância, para verificar se o texto possui todas as qualidades que deve possuir,
tanto quanto ao conteúdo como quanto à forma (avaliação do texto).
b) Quantas leituras são precisas e qual o foco delas?
Há que desenvolver o hábito de acompanhar o que se escreve através da leitu-
ra, para controlar a adequação e a correção do que se vai escrevendo a todos os
níveis, desde o desenvolvimento das ideias até à ortografia: organização textual,
desenvolvimento das ideias, desenvolvimento dos parágrafos, regras gramaticais,
escolha das palavras, ortografia, entre outros. Ou seja, a revisão acontece em qual-
quer etapa do processo e até mesmo mentalmente antes da redação. Contudo, a
revisão do texto, após a conclusão da redação, é uma fase fundamental e indispen-
sável para a sua melhoria.
A revisão do conteúdo e da forma ocorrem simultaneamente. Contudo, pode-se se-
parar, fazendo, pelo menos duas leituras. A primeira para i) verificar se o texto produzi-
do se adequa aos parâmetros da situação de produção definidos na macroplanificação;
e ii) com foco no conteúdo, conferir se o texto está: a) completo ou se há informações
que precisam de ser desenvolvidas ou reduzidas; b) bem estruturado, em especial se
a organização dos parágrafos e a sua ordem garantem a progressão lógica das ideias,
sem repetições desnecessárias ou quebras ou ruturas no fio discursivo.
Como instrumento para esta fase, pode ser usada a parte 4. da Grelha de revisão
geral do texto escrito: Apresentação gráfica.
Em textos que exigem mais cuidado, pode-se pedir a uma outra pessoa, de confian-
ça, que leia o texto antes de ele ser publicado, focando aspetos formais e de conteúdo
e que faça uma apreciação global, sugerindo melhoramentos, pois, os comentários e
as críticas dos outros, normalmente, são muito eficazes.
• O quê? Qual o tipo de texto que se vai escrever e a sua forma de organização?
• Como? Que tipo de discurso (informativo, descritivo, narrativo, argumentativo...)
e qual o grau de formalidade (o registo de língua adequado) associados ao tipo de
texto que melhor se adequa aos aspetos anteriores e ao assunto?
• Sobre o quê? Qual o assunto e o tema do texto? Quais as ideias e informações
que deve conter (conteúdo)? Estas decisões têm como base as anteriores, as
quais também permitem que se possa colocar no lugar do destinatário, e
antecipar as suas reações.
1. Para esta sequência, segue-se de perto a proposta didática de Bastos e Fidalgo, 1990:13-18; 41-44 e de
Serafini,1996:15-72.
Exemplo 6
Justifique a seguinte afirmação:
Sem dúvida, a ciência não é perfeita e pode ser mal utilizada, mas é de longe
o melhor instrumento que possuímos, que se corrige a si próprio sem cessar, que
se aplica a tudo.
Carl Sagan, Cosmos
ii) Confronta as tuas respostas com as soluções que te são apresentadas na Solução
N.º 1 e avalia o teu trabalho.
iii) Analisa, no Texto de apoio 2.1.1. Exemplos de enunciados de tarefas, as
formulações apresentadas. Regista, de forma direta e objetiva, como esses
enunciados estão formulados e o que entendeste de cada um deles.
iv) Compara as tuas respostas com as que te são apresentadas na Solução N.º 2.
1. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:41.
2. Os exemplos 1 e 2 foram extraídos de Gourmelin e Guedon,1992:61e 64.
3. Os exemplos 3, 5 e 6 foram extraídos de Afonso e Lopes, 1991:40, 44 e 86.
4. O exemplo 4 foi extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:47.
iii) Compara o mapa de ideias que elaboraste com o que te é apresentado na Solução
N.º 6 e avalia o teu trabalho.
5.1.2. Compreendendo a Etapa 2 da planificação: microplanificação
(elaboração do plano do desenvolvimento)
i) Experimenta produzir um texto oral a partir da categorização ou do mapa de
ideias. Certamente que não conseguiste. É que no processo de preparação da
escrita – planificação –, há ainda que refletir sobre as informações selecionadas e
organizadas e quais devem integrar cada uma das partes do texto – introdução,
desenvolvimento e conclusão – e em que ordem (sequência hierárquica), ou
seja, há que elaborar o plano do texto, respeitando a estrutura de cada tipo
de texto e especificidade de cada uma das suas partes. Trata-se da etapa da
microplanificação.
ii) Lê os textos do Texto de apoio 2.1.2. Distribuição da informação, abaixo.
Compara esses textos para perceberes como está distribuída a informação
principal e a secundária em cada um deles (sua sequência e localização). Regista
as tuas conclusões.
Texto A
S. Filipe, 24 de maio de 2012
Cumprimentos.
Assinatura
Texto B
Mindelo, 24 de maio de 2012
Sr. Gerente,
Atenciosamente,
Luís Carlos Dias
Gerente de cobrança
Texto C
1. Como faço para visitar a fábrica?
É simples. Basta chegar ao Centro da Receção de Visitantes ou ligar para o
telefone xxxx e marcar o horário.
2. Tenho que pagar alguma taxa?
Não. Basta marcar horário que teremos todo o prazer de mostrar a fábrica.
3. Posso visitar a secção de produção de bebida?
Sim. Basta colocar o equipamento adequado.
4. Quantas bebidas são engarrafadas diariamente?
• Água, 2000
• Refrigerantes, 1000
• Cervejas, 500 caixas
5. Quais são os horários de visita?
De segunda a sexta, das 8h às 11h e das 14h às 17h;
Sábado e Domingo, das 10h às 13h.
Texto D
Espargos, 24 de maio de 2012
Atenciosamente,
João Nunes
iii) Volta a ler esses textos, agora com o objetivo de perceber: i) a intenção do
escrevente de cada um deles; e ii) o efeito que podem provocar no leitor. Regista
as tuas conclusões.
iv) Confronta os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º71
e avalia o teu trabalho.
v) Podes ficar a saber mais sobre esta questão, lendo o tópico Modelos de
planificação na Ficha informativa 2.1.2. Plano textual.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Granatic, 1996:86-118; Gourmelin e Guedon, 1992:79-87;
Moreira, 1992:102-104; Benoit, 1991:49-57; Boaventura, 1990; Moita, 1990:91-96; Nascimento e Pinto,
2006:116-124; Rei, 1995:15-19; Serafini, 1996:40-42.
4. Ideia principal 3
4.1. Ideia secundária
4.1.1. Subdivisão da ideia secundária ou informação acessória
4.1.1.1. Detalhe da ideia secundária ou da informação acessória
5. Conclusão
Exemplo de um Plano1 para o tema: “A comunicação social exerce uma grande
influência na formação da opinião pública». Comente esta afirmação, fazendo refe-
rência aos diferentes meios de comunicação social e aprecie, comparativamente, a
influência de cada um deles.
1. Introdução
2. Definição do que é a opinião pública
• Com que meios e para que fins se tenta influenciá-la
3. Enumeração dos principais meios de Comunicação Social
• Imprensa escrita
• Rádio
• Televisão
4. Principais diferenças
• Públicos a que se destinam
• Especificidade da imprensa escrita
• Impacto da TV
• Trunfos da rádio
• A linguagem massmediática
5. Sua importância no mundo moderno: meios poderosos de influenciar a opinião pública
6. A TV o mais “poderoso” media na sociedade moderna
• Efeitos negativos
‒‒ Superficialidade e simplificação da mensagem
‒‒ Narcótico (ocupa demasiado tempo)
‒‒ Manipulação
• Imposição de modelos culturais
• Uniformização de comportamentos
• Imposição de modelos culturais
• Aspetos positivos
‒‒ Quantidade da informação
‒‒ Alargamento de conhecimentos
‒‒ Atualização e modernização da mensagem
‒‒ Cultura acessível à generalidade dos cidadãos
‒‒ Abertura a outras culturas
‒‒ Possibilidade de a opinião culta se manifestar
‒‒ Denúncia de grandes problemas do nosso tempo
‒‒ Mobilização da opinião pública para grandes causas (paz, ecologia, etc.)
7. Conclusão
Qualidades: o plano deve ter as seguintes características:
• Hierarquizado: as informações/ideias selecionadas (não se pode dizer tudo) são dis-
postas num esquema hierárquico, ou seja, numa escala organizada de importância;
• Progressivo: esse esquema ou estrutura deve garantir a progressão do desenvolvi-
mento da informação, ou seja, as subdivisões devem desenhar uma dada sequência
das ideias (lógica, cronológica ou de outro tipo). Essa ordem sequencial das ideias
e dos argumentos é feita, estabelecendo as linhas de força entre as categorias para
que o texto tenha articulação e progressão das ideias com movimento dinâmico;
• Equilibrado: a extensão das partes do texto (introdução, o desenvolvimento e as suas
subdivisões e a conclusão) deve ser proporcional, de modo a haver equilíbrio entre
as partes1;
• Ordenado: o corpo do desenvolvimento pode ter de entre duas a quatro partes e a
sua apresentação gráfica e a forma de marcação deve mostrar essa ordenação;
• Flexibilidade: pode ser alterado durante a redação ou mesmo na fase de revisão.
Modelos de planificação
• Não há modelos de planificação ou um plano tipo que se pode usar com qualquer
texto; os modelos de planos e o número de blocos do texto dependem, fundamental-
mente, do assunto e da quantidade de informação, do tipo de texto e da natureza do
trabalho e das relações lógicas que forem estabelecidas entre as ideias;
• Os contributos de diferentes modelos de plano podem ser combinados no mesmo
texto;
• Contudo, existem formas de distribuir, no texto, os tópicos com informação principal e
mais abrangente e informação secundária2 ou mais particular (estrutura textual) que
podem ajudar:
‒‒ Técnica da pirâmide invertida: informação mais importante em primeiro lugar,
para prender a atenção do leitor, seguida da menos importante. Este método con-
segue-se considerando a seguinte ordem: conclusões à argumentos que as fun-
damentam; factos à suas explicações; pedido à razões que o motivam; síntese à
pormenores. É muito usada em comunicados, cartas de reclamação, convites para
eventos, anúncios de empregos.
1.Boaventura (1990:38) refere as seguintes proporções para um trabalho de 5 páginas: “2/10 do conjunto
para a introdução ou 1 página; 4/10 para a primeira parte ou 2 páginas; 3/10 para a segunda parte ou 1
página e meia; 1/10 para a conclusão ou meia página).
2.Informações de Alves, 2005:23-29.
Exemplo1:
Exemplo2
Alunos da Escola X sofreram dois assaltos no espaço de oito dias. Por ve-
rem com frequência traficantes de droga junto da Escola Y, pais e encarregados
de Educação manifestaram repetidas vezes as suas preocupações ao Ministério
da Educação. Os meios de comunicação relatavam com uma regularidade in-
quietante situações similares em diferentes pontos do país.
O Governo, face às justas preocupações generalizadas da população, deci-
diu reforçar a vigilância policial junto dos estabelecimentos de ensino. É a “Es-
cola Segura”.
Exemplo1
Exemplo2
Exemplo
A Universidade de Cabo Verde é uma instituição pública de
O todo ensino superior que desenvolve as suas atividades na área de
extensão, investigação e formação (ensino).
No que respeita a este último, disponibiliza cursos de forma-
Parte 1 ção inicial a nível de licenciatura em diversas áreas científicas seja
(ensino) das ciências sociais e humanas seja das ciências exatas e ainda
cursos especializados superiores.
Quanto à investigação, ela decorre nos Centros de Pesquisa
Parte 2 que buscam compreender e resolver vários problemas. Os resul-
(investigação) tados conseguidos são divulgados em publicações e eventos cien-
tíficos especialmente organizados.
Exemplo1
Exemplo1
A nação que deixa depredar as construções conside-
Causa radas como patrimónios, destrói uma parte da história do
seu país.
É de fundamental importância a preservação das
Tema
construções que se constituem em patrimónios históricos.
Isso demonstra claramente o subdesenvolvimento de
uma nação, pois, quando não se conhece o passado de
Consequência um povo e não se valorizam as suas tradições, estamos
desprezando a herança cultural deixada por nossos an-
tepassados.
Exemplo2
Muito se debate a modernização da agricultura pelo au-
Tese
mento dos processos de mecanização.
A utilização dos processos modernos de mecanização,
especialmente nos grandes latifúndios, em muito colabora-
Defesa da tese
ria para o aumento da produtividade, melhorando principal-
mente as condições para a exportação em larga escala.
Refutação dos pos- O aperfeiçoamento dos processos agrícolas, através da
síveis argumentos mecanização permite a substituição do homem pela máqui-
opostos na, aumentando o desemprego na zona rural.
Exemplo1
O facto Sem sombra de dúvida é uma comunidade.
Há uma série de características que acabamos por verificar
nesse conjunto de pessoas. Para além das mais óbvias, que é
essa identidade ocupacional, trabalham todos numa única profis-
A prova são que é a pesca – só isso distingue-a das populações vizinhas
– há um nível de interconhecimento entre vizinhos que os leva a
participar de uma vida social que é essencialmente a vida nesse
espaço.
Mais, eles próprios têm um discurso sobre a diferença em
relação aos outros, têm um conjunto de valores éticos, e até es-
A contraprova
téticos, de comportamentos, diferentes das populações vizinhas
– “porque nós somos pescadores”.
Partilham os valores, olham para si mesmos como sendo di-
ferentes e constroem o seu dia-a-dia nesse espaço geográfico e
A verdade social, partilhando-o.
Excerto da entrevista ao antropólogo Paulo Daniel Mendes na Notícias
Magazine, 2000-04-16
Procedimentos
• Para conseguir elaborar um plano, deve-se proceder metodicamente:
1.º Compreender muito bem a problemática, ou seja, os aspectos envolvidos no as-
sunto colocado, é a plataforma de saída (o contexto, o foco da questão, as ideias
envolvidas, os seus limites, … );
2.º Definir a intenção ou o fim a atingir (a resposta ao problema colocado pelo assunto
e/ou tema);
3.º Estabelecer o caminho do desenvolvimento das ideias, o que se deve fazer para
chegar à resposta, ao fim pretendido. Ou seja, elaborar uma orientação para a
ação, o programa de reflexão que guia o pensamento para se atingir a resposta ao
problema colocado pelo assunto e/ou tema. Para isso, define-se a sucessão das
etapas (sua ordem sequencial), pondo em evidência as ligações entre as ideias ou
blocos de ideias (sua hierarquia) para que todas conduzam ao fim estabelecido.
• Pode parecer um trabalho demorado e cansativo, mas o tempo gasto na planifi-
cação é tempo que se poupa depois na redação que fica facilitada.
• Partir do mapa de ideias ou da categorização torna mais simples e fácil o trabalho
de elaboração do plano.
• Quem tem pouca experiência de escrita deve elaborar o plano antes de começar
a escrever, mas quando se ganha mais experiência pode ser elaborado mental-
mente.
ii) Compara as tuas respostas com as que são apresentadas no tópico 5. Revisão, da
Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita.
5.4. Compreendendo a Fase 4 do processo de escrita – Edição: revi-
são e melhoria do aspeto gráfico (visual) do texto (sua distribuição no
papel, marcação dos parágrafos, margens, coerência entre as marcas,
caligrafia legível e limpeza)
i) Reflete, e responde às seguintes questões:
‒‒Se rever não é passar a limpo, então não é preciso passar a limpo?
‒‒Por que é preciso passar a limpo?
‒‒Que aspetos do texto são considerados nesta fase?
‒‒A que corresponde esta fase, quando se escreve no computador?
• Como instrumento para esta fase, usa a parte 4. Apresentação gráfica da Grelha
de revisão geral do texto escrito.
ii) Compara as tuas respostas com as informações sobre esta fase do processo de
escrita, do tópico 6. Edição, da Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita
6. Prática da língua
Propomos-te a realização das seguintes atividades:
6.1.2. Elabora um grupo associativo para o tema: Como ter mais êxito
no estudo? Cf. Solução N.º 10.
6.1.3. Elabora uma categorização para o tema Ser jornalista hoje (Cf.
Solução N.º 11) e um mapa de ideias para o tema A ecologia (Cf. Solu-
ção N.º 12).
Texto 1
A mulher tem conseguido um grande avanço na luta pela sua emancipação,
na nossa sociedade. No passado, a mulher não tinha qualquer direito a uma
participação maior na vida socioeconómica de sua comunidade. Seu papel era
limitado às funções domésticas.
Foi somente no século passado que conseguiu afirmar-se como um ser parti-
cipante. Adquiriu o direito de instruir-se, de votar, de ocupar postos governamen-
tais, podendo prestar a sua colaboração na construção de uma nova sociedade.
Texto 2
Não raro tomamos conhecimento através dos meios de comunicação, do
desejo de promover o diálogo Norte – Sul, para tentar buscar uma nova ordem
nas relações económicas entre os países desses dois hemisférios.
Os países ricos concentram-se basicamente no hemisfério Norte. Compram
matéria-prima dos países desenvolvidos e fabricam os produtos industrializa-
dos. Detentores do capital, concederam vultuosos empréstimos para muitos dos
países pobres, os quais atualmente encontram sérias dificuldades para resgatar
estas dívidas.
Os países do hemisfério Sul buscam a todo o instante criar uma nova ordem
no sistema financeiro que determina as relações entre as nações pobres e ricas.
Isso ocorre sobretudo pelas altas taxas de juros que os países em desenvolvi-
mento precisam pagar a seus credores, em virtude dos enormes empréstimos
contraídos.
1. Os textos e as soluções foram extraídos de Granatic, 1996:105,114, 88 e 97, respetivamente, com adap-
tações.
Texto 3
Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na tentativa de esquecer os seus
problemas. Muitos jovens deixam-se dominar pelo vício em diversos tipos de
entorpecentes, mal que se alastra cada vez mais em nossa sociedade.
Acabam tornando-se dependentes dos psicotrópicos que utilizam e, na
maioria das vezes, transformam-se em pessoas inúteis para si mesmas e para
a comunidade.
Texto 4
O controlo da natalidade é de fundamental importância nos países desen-
volvidos.
Nos países onde grande parte da população vive em estado de miséria ab-
soluta, é imprescindível que o governo possibilite às famílias carentes os meca-
nismos necessários para o planeamento da sua prole. Assim, os pais, impedindo
o crescimento exagerado de cada família, teriam melhores condições de subsis-
tência.
Ao Estado cabe, em vez de tentar impor o controlo da natalidade, criar con-
dições satisfatórias de vida para as famílias pobres que possuem um grande
número de filhos, principalmente em países de grande extensão territorial e de
áreas ainda não ocupadas.
Só para turistas1
A bela Atenas da mitologia e dos deuses está hoje confinada a um jardim
cercado, que encerra às cinco da tarde. Já não há crentes nas colinas da Acró-
pole e pelas ruínas dos templos passeiam-se apenas turistas, que lêem interes-
sados as placas onde se assinala que a escultura que ali esteve está agora em
Londres ou em Paris. Mais de dois mil anos resistiram as colunas de Zeus, mas
não ficarão para mais cem: a poluição das fábricas, dos carros e das gentes
faz ver Atenas através de um filtro amarelado, ao som interminável de buzinas
de automóveis e com o cheiro característico dos escapes a que é impossível
escapar.
Tentando diminuir o trânsito, os atenienses descobriram recentemente a «in-
venção» dos táxis colectivos, a juntar aos autocarros, que pelo menos têm a
vantagem de não entrar em greve. (...) Que o trânsito é de loucos pode perce-
ber-se pelas estatísticas: Atenas é a cidade europeia com o índice mais elevado
de acidentes de viação, muitos deles envolvendo motos, que a maioria guia sem
capacete. (...)
Outro dos grandes problemas da moderna Atenas é a construção descon-
trolada. Provavelmente é a capital europeia cujo número de habitantes relativa-
mente à população do país é a mais alta – 35 por cento dos gregos vive na sua
área e esta taxa continua a crescer, segundo os últimos dados. A média europeia
é de 10 a 15 por cento.
A pobreza do campo e a concentração das indústrias em torno de Atenas
continua a atrair massas de gente que, na ausência de planeamento, se aglo-
mera em condições inverosímeis: em edifícios de um ou dois andares vivem 50
famílias, numa proporção que se eleva para as 500 nos sete ou oito pisos, fre-
quentemente sem garagem. Sem parques nem jardins, sem escolas nem outros
serviços essenciais em número suficiente, o nível baixou dramaticamente.
Tal como em outras capitais, o crime desenvolveu-se também: tiroteios e
assaltos são hoje o pão de cada dia, numa cidade ainda há alguns anos consi-
derada das mais calmas.
Dino Mastrantonis, Expresso, Maio de 1991
6.3. Revisão
Noticia
No âmbito do ano da língua portuguesa, declarada pela UNICV, foi realizada
diversas conferências e workshops. No dia 4 Maio de 2012 realizou-se o primei-
ro ciclo de conferências com o tema “A UNIVERSIDADE DE CABO VERDE E
OS DESAFIOS ACTUAIS DA LINGUA PORTUGUESA” dia da língua portugue-
sa e da cultura na CPLP no Auditório da Reitoria da UNICV, pelas 9h30 com as
seguintes actividades:
• Às 10h00 abertura do 1° ciclo de conferência com o reitor da UNICV Doutor
Paulino Lima Fortes e também com embaixadores de Brasil, Portugal, Angola
e Ministro do ensino superior, ciências e inovações; de seguida com a assina-
tura de uma adenda ao protocolo de cooperação entre a Universidade de Cabo
Verde e o Observatório da Língua Portuguesa;
• Às 14h30 conferencias seguidas de debates com o presidente e moderador
Doutor Marcelo Galvão Batista, pro reitor da UNICV;
• Às 14h40 “ A Língua como objecto da política”, Doutora Amália Melo Lopes;
• Às 15h40 “ O valor económico da língua Portuguesa”, Doutor José Paulo Es-
perança (ISCTE); seguido de um pequeno intervalo;
• Às 16h50 “ O português como língua da ciência”, Doutor Paulino Lima Fortes,
e pelas 17h50 o encerramento do 1°ciclo de conferências com a Doutora Ma-
ria Adriana Sousa Carvalho e mais adiante com o fogo d’honra oferecido pelo
magnífico reitor da Universidade de Cabo Verde.
Texto redigido por um grupo de alunos da disciplina de LP IV do Curso ECV 2011/2012 – II Semestre
Soluções
a) O que é pedido?
Comente = exame crítico
Aprecie = juízo intelectual ou moral
b) Sobre o quê?
Comentar e apreciar a influência da comunicação social na formação da
opinião pública
c) Há algo mais que eu precise de esclarecer sobre este conteúdo?
O que é a opinião pública?
• O que se pensa comummente num dado grupo social, ou melhor, o que passa
por ser o pensamento comum
• O que é formar opinião?
• Conseguir a adesão de muitos a uma opinião ou conceito emitido
d) Como?
• Referindo os meios de comunicação social
• Comparando a influência de cada um deles
• congestionamento
• acidentes
• vítimas mortais
• superlotação dos carros
• desrespeito pelos sinais de trânsito
• ausência de fiscalização
• semáforos danificados
• más condições das estradas
• vistoria periódica das viaturas
• uso do cinto de segurança
• conduzir sob efeito do álcool
• desrespeito pelas regras de prioridade
• manobras perigosas
• excesso de velocidade
• falta de um serviço público de transporte
1. Elaborado, em sala de aula, com os alunos da turma do 1.º ano do curso ECVP 2010/11 – II semestre.
Situação
• Desrespeito generalizado pelos sinais e regras de trânsito (condutores e peões)
• Falta de segurança
• Ausência de sinais de trânsito
• Congestionamento temporário
Causas Consequências
• ruas estreitas (parte antiga da cidade) • poluição
• indisciplina • mau cheiro
• estacionamento em sítios que pertur- • ruído
bam o trânsito • esgotamento nervoso
• má formação dos condutores • acidentes
• as pessoas querem carros grandes • perda de tempo
• falta de parques de estacionamento
• as pessoas preferem transportes priva-
dos aos públicos
• os transportes públicos são poucos e
mal cuidados
Soluções
• usar motorizada/bicicleta
• preferir transporte público
• eliminar o trânsito no centro
• construir periféricos e desvios
• punir a indisciplina dos automobilistas com multas
• melhoria dos transportes públicos
• eliminação do trânsito no Plateau
INFORMAÇÃO INTRODUTÓRIA
(elementos, partes, exemplos)
INFORMAÇÃO PRINCIPAL
(solicitação, recusa, etc)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
FECHO
1. Introdução
2. Caracterização da situação
2.1. Comportamento dos condutores
2.2. Comportamento dos peões
2.3. Organização do trânsito
2.4. Impacto desse comportamento na segurança
3. Causas
3.1. Consumo do álcool
3.2. Má formação pessoal e profissional dos condutores
3.2.1. Excesso de velocidade
3.2.2. Manobras perigosas
3.2.3. Desrespeito generalizado pelas regras de trânsito
3.3. Mau comportamento dos peões no trânsito
4. Consequências
4.1. Poluição sonora
4.2. Brigas no trânsito
4.3. Acidentes
4.3.1. Prejuízos materiais
4.3.2. Vítimas mortais
5. Soluções
5.1. Melhorias na organização do trânsito
5.2. Melhoria da iluminação pública
5.3. Melhor organização do transporte público
5.4. Formação profissional dos condutores profissionais
5.5. Reforço do policiamento
5.6. Responsabilização dos intervenientes
6. Conclusão
Solução N.º 16. Texto reformulado pelo grupo e editado pela professora
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Nesta subunidade – Partes do texto –, o foco da aprendizagem são as partes do
texto (introdução, desenvolvimento e conclusão), cujos conteúdos e características
dependem e variam com o tema e o tipo de texto. Pretende-se, com ela, que apren-
das a pensar sobre o modo como escreves cada uma dessas partes e te apropries de
alguns procedimentos e técnicas, nomeadamente das estratégias de continuidade e
progressão textual.
Para isso, e para que consigas realizar os objetivos propostos, convidamos-te a
realizar connosco as atividades indicadas na secção 5. Orientações para autoestudo,
usando como recurso os documentos listados na secção 4, os quais deverás ler com
cuidado.
Finalmente, através das atividades indicadas em 6. Prática da língua, terás a
oportunidade de usar esses saberes e procedimentos autonomamente.
Para aprofundares os teus conhecimentos e ganhares mais consciência sobre estas
questões, deves estudar os textos indicados.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, deves ser capaz de:
• Distinguir as diferentes partes do texto, enunciando as suas funções, conteúdos
e características fundamentais;
• Diferenciar tipos de introdução, em função dos objetivos, do tema e do texto;
• Empregar os elementos que concorrem para a organização tópica e temática de
diferentes tipos de texto;
• Corrigir problemas de organização tópica e temática em textos apresentados;
• Produzir textos com organização tópica e temática adequada ao contexto de
produção, aos objetivos e ao tema;
• Monitorizar as qualidades de um texto, como cuidados a ter durante a
textualização;
• Comparar diferentes tipos de conclusão, em função dos objetivos, do tema e
do texto.
3. Conteúdos
1. 1. As partes do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão
1.1. Introdução: natureza, características, tipos e estrutura; procedimentos de redação
1.2. Desenvolvimento/textualização:
1.2.1. Unidade temática
1.2.1.1. Formas de progressão tópica: hierarquização e continuidade
1.2.1.2. Formas de progressão temática: progressão linear, com tema
constante, por divisão de tema, por tema subdividido
1.2.2. Outras características básicas dos textos: clareza, adequação, precisão,
objetividade, sobriedade, concretude e pessoalidade.
1.3. A conclusão: natureza, tipos e estrutura e suas características; procedimentos
de redação
4. Recursos
• Texto 2.2.1. A consciência
• Texto 2.2.2. Receita para um antitexto
• Texto de apoio 2.2.1. Exemplo de introdução-enquadramento
• Texto de apoio 2.2.2. Exemplos de formas de progressão temática
• Texto de apoio 2.2.3. Texto de alunos
• Texto de apoio 2.2.4. Exemplo de conclusão
• Ficha informativa 2. 2. 1. Redação da introdução
• Ficha informativa 2.2.2. Redação do desenvolvimento/textualização
• Ficha informativa 2. 2.3. Redação da conclusão
ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 2, o
esqueleto-tipo da introdução-enquadramento.
iii) Estuda a Ficha informativa 2.2.1. Redação da introdução. As informações nela
contidas devem servir para compreenderes melhor esta questão.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:125-126; Serafini,1996:56-58; Rei,
1995:20-22; Bastos & Fidalgo, 1990:17-18; Boaventura, 1990:10-23; Gourmelin e Guedon,1992:107-113;
Moita, 1990:107-108.
ii) Compara os teus resultados, com os que te são apresentados na Solução N.º 3.
iii) Certamente que concluíste que a redação do desenvolvimento consiste em
desenvolver as ideias do plano, organizando um texto, ou seja, um contínuo
em que todas as partes estão ligadas entre si. Para continuares a aprender sobre
esta característica fundamental dos textos – a unidade temática –, segue as
orientações a seguir.
5.3.2. Unidade do texto: continuidade e progressão da informação
i) Lê agora os textos constantes do Texto de apoio 2.2.2. Exemplos de formas de
progressão temática, com o objetivo de tentares identificar como a informação
progride em cada um deles e o esquema dessa progressão. Regista as tuas
conclusões.
Texto A1
Isso acontece quando ela se esquece e morde a isca.
Dentro da isca está o anzol.
atrás do anzol o nó
atrás do nó a linha
atrás da linha o caniço
atrás do caniço enguiço.
Texto B Texto C
A girafa Gigi adora viajar. Rodolfo leva a casa nas costas.
Com seu pescoço comprido, A barriga vai no chão.
Vai a qualquer lugar. A cabeça vai no ar
Vê o jacaré na lagoa,
E a preguiça à-toa.
Vê a abelha no ar,
E a zebra a galopar.
Vê a onça malhada, Texto D1
Brincando com a macacada. Vamos falar agora das partes do
Vê o elefante passar, corpo humano. A cabeça é formada
E até ri do seu andar. de crânio e face. O tronco compõe-
Gigi é muito feliz! -se de tórax e abdómen. Os mem-
bros dividem-se em superiores e
Ela pode viajar,
inferiores.
Sem sair do lugar...
1
2
Texto E1
Atualmente, um dos principais fatores que interferem no equilíbrio do ho-
mem/meio ambiente é a poluição. Gases venenosos tornam irrespirável o ar das
grandes cidades. As doenças das vias respiratórias contribuem para o aumento
da mortalidade infantil, principalmente no inverno. (Moreira, 1991:47)
ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 4.
Podes buscar a resposta para alguma dúvida que tenhas, estudando o tópico 1.
Progressão tópica e o 2. Progressão temática ou sequencialização da informação,
na Ficha informativa 2.2.2. Redação do desenvolvimento/textualização.
Um texto pode ser entendido como um conjunto sucessivo de frases que se relacio-
nam, formando um todo de sentido, através de uma progressão textual.
A unidade do texto e a sua compreensão e aceitação pelo leitor (legibilidade) são
Exemplo1
Albert Eckhout
Holanda, 1610-1655
Albert Eckhout foi artista e botânico, e também ficou fascinado pelas plan-
tas, animais, cores e costumes do Brasil. O Conde de Nasau frequentemente
oferecia obras de arte de Eckhout como presente à nobreza europeia. O rei da
Dinamarca recebeu vinte pinturas retratando tipos brasileiros e naturezas-mor-
ta. O rei de França recebeu uma colecção de pinturas que foi usada para fazer
tapeçarias, as chamadas Tapeçarias das índias. Tornaram-se muito conhecidas
e foram tão copiadas que os cartões originais se estragaram. Os trabalhos de
Eckhout contribuíram para que os europeus se interessassem pelo Brasil.
MANGE, Marlyn. A Arte brasileira para crianças. S. Paulo. Martins Fontes. 2002:23
iniciado um outro. Esta é a forma de progressão esperada. Neste caso, não há uma mu-
dança muito rápida, ruturas definitivas ou interrupções excessivamente longas do tópico
que está a ser desenvolvido, prejudicando a unidade do texto. Opera-se uma passagem
gradual – transição – entre um tópico e outro.
• Descontinuidade: um novo tópico é iniciado antes que o anterior tenha sido total-
mente desenvolvido, provocando uma quebra ou rutura no fio discursivo. É uma per-
turbação da progressão tópica.
‒‒ Os articuladores discursivos são recursos para sinalizar a mudança de tópico, ga-
rantindo a unidade do texto.
2. Progressão temática ou sequencialização da informação
Conceito: desenvolvimento dos tópicos (assunto de que se fala, tema), acrescentan-
do, progressivamente, informação nova (o que se diz acerca do tópico), mantendo o fio
condutor, encadeamento.
Modo como se processa a progressão da informação num texto (estratégias/es-
quemas/formas de progressão temática):
• Progressão linear: a informação acerca do tópico anterior ou uma parte dela torna-
-se o tópico da sequência seguinte, ao qual é acrescentada nova informação, e assim
sucessivamente. Pode ser encontrado em todos os tipos de textos.
1
Exemplo1
Coelho lembra Páscoa.
Páscoa lembra chocolate.
Chocolate lembra cobertura.
Cobertura lembra apartamento.
Apartamento lembra casa.
Casa lembra família.
E família lembra coelho.
O Estado de S. Paulo. 23 Março 2008
Esquema2
A – coelho → B – lembra Páscoa
B – Páscoa → C – lembra chocolate
C – chocolate → D – lembra cobertura
D – cobertura → E – lembra apartamento
E assim sucessivamente
Exemplo1
Marsupiais são animais vertebrados e quadrúpedes. Pertencem à classe
dos mamíferos. Sua característica específica é o facto de possuírem um
órgão em forma de bolsa onde os filhotes permanecem até se desenvolverem
completamente. Esses animais, assim como a maioria dos mamíferos, não são
capazes de identificar todas as variações de cores que os seres humanos são
capazes de enxergar.
Boletim da FAPESP, 5 Nov. 2004.
Esquema2
A – Marsupiais → B – são animais vertebrados e quadrúpedes
A – Marsupiais → C – Pertencem à classe dos mamíferos
A – Marsupiais → D – possuem um órgão em forma de bolsa onde os filhotes perma-
necem até se desenvolverem completamente
A – Marsupiais → E – não são capazes de identificar todas as variações de cores que
os seres humanos são capazes de enxergar
• Progressão por divisão de tema ou com temas derivados: o mesmo tema divi-
de-se em vários temas parciais que são desenvolvidos no texto. É muito usado em
textos que desenvolvem vários pontos como os expositivos e argumentativos.
3
Exemplo3
As bacias hidrográficas brasileiras são extensas e, em sua maior parte,
navegáveis. A Bacia Amazónica ocupa toda a região norte, estendendo-se por
parte da região centro-oeste. A do S. Francisco, o “Rio da Unidade Nacional”,
nasce em Minas, atravessa Minas e Bahia e separa Bahia de Pernambuco e
Alagoas e Alagoas de Sergipe. A Bacia Platina é constituída pelos rios Paraná,
Paraguai e Uruguai, que juntos formam o estuário do Prata.
Esquema1
T
bacias hidrográficas
A
A2
A1 A3
Bacia Amazónica Bacia S. Francisco Bacia Platina
o “Rio da Unidade Nacional”
C D
B
nasce em Minas, atravessa constituída pelos rios Paraná,
ocupa toda a região norte,
Minas e Bahia e separa Bahia Paraguai e Uruguai, que
estendendo-se por parte da
de Pernambuco e Alagoas e juntos formam o estuário do
região centro-oeste
Alagoas de Sergipe Prata.
• Progressão por rema subdividido: cada uma das partes da informação do primeiro
enunciado (rema) vai servir de tema a ser desenvolvido no próximo enunciado. É
usado nos textos expositivos e argumentativos.
2
Exemplo2
A frota de Vasco da Gama era constituída por quatro embarcações: duas
naus, uma caravela e uma naveta de mantimentos. A nau S. Gabriel era coman-
dada por Vasco da Gama. A nau S. Rafael estava sob a chefia do seu irmão,
Paulo da Gama. Nicolau Coelho era o capitão da caravela Bérrio. A navegação
de mantimentos foi esvaziada do seu conteúdo e queimada ao longo da viagem
[…]
BUENO, Eduardo. A viagem dos descobrimentos: a verdadeira história da expedição de Cabral.
Rio de Janeiro: Objectiva. 1988:86
1. Esquema construído a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:163-164; e Koch, 1992:59.
2. Exemplo extraído de Koch e Elias, 2006:164.
Esquema1
Exemplo2
Toda a epopeia contém elementos convencionais. Um desses elementos é o
herói. ##3 Representante dos ideais de uma nacionalidade, passa por uma série
de peripécias e acaba glorificado.
3
Esquema 4
1. Esquema construído a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:164; e Koch, 1992:59.
2. Extraído de Koch, 1992:60.
3. Sinal de elisão textual
4. Construído a partir do esquema apresentado em Koch, 1992:60.
• Precisão: escolha das palavras e expressões com propriedade, isto é, que se ade-
quam perfeitamente às ideias.
ii) Confronta os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 5.
iii) Para aprofundares esta questão, estuda o tópico 5. Características básicas dos
textos, na Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita.
5.4. Redação da conclusão
i) Analisa, com muito cuidado e distingue as diferentes “partes” do Texto de apoio
2.2.4. Exemplo de conclusão, a conclusão para o enunciado: A comunicação
social exerce uma grande influência na formação da opinião pública. Comente esta
afirmação, fazendo referência aos diferentes meios de comunicação social e aprecie,
comparativamente, a influência de cada um deles.1
ii) Resume, numa curta frase, o conteúdo de cada uma dessas partes.
iii) Após teres feito este exercício de reflexão, compara os teus resultados com os
que te são apresentados na Solução N.º 6, o esqueleto-tipo da conclusão.
iv) Para aprofundares os teus conhecimentos sobre a conclusão, lê a Ficha
informativa 2.2.3. Redação da conclusão.
Conceito: parte final do texto que é o ponto de convergência do que se disse no de-
senvolvimento, a sua essência.
Funções
• Responde ao tema central colocado na introdução
• Permite ao leitor recuperar o fio do discurso feito, perspetivar o futuro do problema
ou deixá-lo em aberto.
Natureza
• É o eco da introdução, com o qual faz contraponto:
Introdução Conclusão
Situar no contexto Repor o problema (colocado e resolvido) no mundo ex-
terior, com alargamento de perspetivas.
Colocar o problema Mostrar a resolução: verificar a conformidade entre o as-
sunto colocado e a resposta dada.
Enunciar o plano Resumir as etapas, recordando o essencial do trabalho
feito e mostrando o que se aprendeu com ele.
• Não acrescenta nada de novo: nem exemplos, nem considerações, nem informações
• Associa, com rigor e imaginação, a síntese e a prospetiva: recapitula, sintetizando, da
forma mais expressiva possível, os pontos essenciais ou aprecia a importância relati-
va dos mesmos e interroga o futuro, focando aspetos capazes de virem a influenciar
a evolução do tema.
Tipos de conclusões2
• Conclusão-resumo: recupera o mais importante da argumentação – brevíssimo re-
sumo do que foi dito –, diz o ponto de vista a que se chegou (convergência dos dife-
rentes pontos do desenvolvimento, justificando a tomada de posição) e realça a tese
de partida apresentada no início.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:127; Serafini, 1996:58-59; Rei,
1995:23-24; Bastos & Fidalgo, 1990:17-18, 21; Boaventura, 1990:43-49, 114-118; Gourmelin e Gue-
don,1992:61-62. Moita, 1990:108-109.
2. Serafini, 1996:58-59, donde foram extraídos os exemplos, alguns com adaptações; e Moita, 1990:109.
Exemplo
Neste escrito é mostrado como o trânsito se tornou nas grandes cidades um pro-
blema grave e com aspetos múltiplos, todos igualmente prejudiciais para os cidadãos.
O problema, embora difícil, não parece porém insolúvel; foram apresentadas várias
soluções para a situação atual, que podem ser tomadas a fim de melhorar a vida dos
cidadãos.
• Conclusão-propósito, prospetiva ou de intenção: não retoma os principais argu-
mentos do desenvolvimento, antes encara o futuro do problema apresentando uma
opinião pessoal, apontando soluções ou pistas de ação, várias outras maneiras de
encarar o problema, enumerando aplicações práticas ou consequências concretas
e deixando questões em aberto para a hipótese de, mais tarde, se aprofundar o as-
sunto tratado.
Exemplo 1
À descrição das cidades modernas, tais como hoje, seria preciso acrescentar
também apreciações do tipo psicológico sobre como vivem os cidadãos; por exemplo,
como vivem o problema do trânsito moderno as pessoas antigas que viram as cidades
encher-se sucessivamente de automóveis, que são cada vez mais lentos?
Exemplo 2
Neste escrito, analisei as situações do trânsito nas cidades modernas, de futuro
gostaria de escrever como eu imagino a organização das deslocações numa grande
cidade do ano 2030: passeios que se deslocam, veículos em voos como no filme Blade
Runner e lasers para os ricos, que desintegram as pessoas num lugar para as remate-
rializar no lugar para onde querem ir.
• Conclusão de efeito: combina o tipo resumo e o tipo prospetivo, deixando a questão
em aberto por meio de uma pergunta retórica, de um apelo ao leitor, de uma frase
lapidar ou uma citação, de forma a deixar o leitor com lembrança divertida e positiva
daquilo que leu.
Exemplo
“Pois com certeza que semelhante confusão é criada pela indisciplina dos automo-
bilistas; deviam ser obrigados a pagar multa de cortar a respiração para aprenderem!”
Ao abrir a porta, reparo que tinha deixado o carro, como de resto outras pessoas, no
espaço reservado aos autocarros.
• O tipo de conclusão a fazer depende das circunstâncias em que o texto é produzido,
nomeadamente do tipo de texto, dos seus objetivos e do destinatário:
‒‒ Prova: recuperar o essencial das ideias que resultam do trabalho.
‒‒ Livro: concluir em poucas páginas.
‒‒ Tese: apresentar, com clareza, a hipótese colocada.
‒‒ Relatório: sugerir as soluções para a decisão.
‒‒ Pode-se, ainda, combinar elementos dos três: o resumo das ideias essenciais con-
tidas no desenvolvimento (conclusão resumo), a tomada de posição a que se
chegou a partir dessas ideias e pistas de ação futura (conclusão-propósito), de
uma forma que perdure no leitor (conclusão de efeito).
Principais características
• Da conclusão-resumo
‒‒ Adequação: conformidade entre o problema e a resposta dada;
‒‒ Fundamentação: decorre do desenvolvimento;
‒‒ Concisão: deve conter o essencial, sem pormenores ou ilustrações, sendo que
a sua extensão deve ser proporcional ao desenvolvimento (para uma dissertação
de 25 linhas, a conclusão deverá ter cerca de 5 linhas; ou corresponder a 1/10 do
conjunto; 1/2 página para um texto de 5 páginas);
‒‒ Precisão: escolha das palavras e expressões com propriedade (adequadas ao
destinatário, objetivos, assunto e tipo de texto, nomeadamente);
‒‒ Persuasão: valorização do trabalho feito para causar impressão, conseguir a ade-
são do leitor e afastar a recusa;
‒‒ Uso de conectores como: logo, portanto, por consequência, de forma que…
• Da conclusão de efeito
‒‒ Enfático: vivacidade e expressividade;
‒‒ Originalidade: para impressionar, cativar e persuadir.
Defeitos a evitar
• Os mais frequentes são:
‒‒ Não escrever a conclusão do texto;
‒‒ Usar uma frase feita, um chavão, para terminar o texto;
‒‒ Não escrever a conclusão com cuidado e atenção;
‒‒ Ignorar o leitor e o que ele espera do texto;
‒‒ Acrescentar novas ideias, ignorando o desenvolvimento.
Procedimentos
‒‒ Escrever só depois de o problema ter sido bem analisado;
‒‒ Não apresentar exemplos, ilustrações ou ideias novas;
‒‒ Responder à pergunta feita na introdução;
‒‒ Ligar o problema a outro mais geral;
‒‒ Enumerar várias outras maneiras de perspetivar o problema;
‒‒ Apontar aplicações práticas ou consequências concretas;
‒‒ Usar uma frase lapidar ou uma citação.
6. Prática da língua
6.1. Redação da introdução
6.1.1. Identifica os elementos presentes no início desta introdução ao
tema já considerado na subunidade 2.1. “A comunicação social exerce
uma grande influência na formação da opinião pública. Comente esta
afirmação, fazendo referência aos diferentes meios de comunicação
social e aprecie, comparativamente, a influência de cada um deles”1.
Cf. Solução N.º 7.
2
Introdução1
Ninguém, dentre os consumidores conscientes das mensagens difundidas
pelos poderosos meios de comunicação social, pode ignorar, hoje, a sua influên-
cia no comportamento humano quer formando as opiniões, quer refletindo, de-
sencadeando ou favorecendo a mudança. Menos alertados estão, certamente, as
pessoas pouco esclarecidas, os adolescentes e as crianças em quem sobretudo
a TV, exerce grande atração e desempenha papel importante na sua formação.
6.1.2. Tendo em conta o plano elaborado para este tema (Cf. Ficha
informativa 2.1.2. Plano textual), redige a parte da introdução que o
anuncia. Cf. Solução N.º 8.
6.2. Textualização
Texto A
Este final de século apresenta vários problemas e contradições na cena da
ordem política mundial e a própria ONU tem mostrado incapacidade para re-
solver os conflitos que nós vemos, por exemplo, no continente africano onde
somos particularmente sensíveis ao que acontece em Angola, um país cheio de
riquezas, com o petróleo e os diamantes, recursos a servirem principalmente a
compra de armas que enriquecem os seus fabricantes e matam ou deformam as
pessoas que aspiram à saúde e à cultura que são as bases do desenvolvimento.
Texto de um aluno de uma escola secundária
Texto B
Um pastor tinha um cão e a mãe do pastor era também o pai do cão.
Ao despertar, Branca de Neve ficou encantada por ver o príncipe a seu lado.
Despediu-se dos anõezinhos e, com ele, partiu para o seu reino, onde casaram
e viveram felizes para sempre.
Branca de Neve e os Sete Anões. Lisboa, Difusão Cultural, 1987.P.25
Soluções
1
5.º Não use definitivização adequada em seu texto (esta categoria textual se refere ao
emprego de artigos definidos e indefinidos). Artigos são só artigos, não é mesmo?
Não deve levá-los em conta. Ignore também o seu relevante papel na condução de
informação nova e velha, na formação do sentido, na tessitura do texto. Se usar de-
finido no lugar de indefinido, ou indefinido quando não houver artigo algum, estará
prejudicando a coesão textual do seu trabalho e, principalmente estará dificultando
a leitura do mesmo. [...]
6.º Ao discutir o tema proposto, use argumentação pouco relevante; faça dos assuntos
quotidianos os seus principais argumentos. [...] Ah! Ia me esquecendo; se não tiver
certeza a respeito de dados informativos, invente números e datas. Dê conceitos e
formule definições. As fórmulas mágicas propostas para “descolar” um argumento,
se usadas, evidenciarão imaturidade argumentativa, despreparo em leitura e des-
conhecimento do mundo. [...]
7.º Como último ingrediente para o antitexto, não deixe de usar um tópico inicial que
nada tenha a ver com o tema desenvolvido. Também ao concluí-lo, lembre-se de
que, para um legítimo mau texto, o tópico conclusivo deve estar o mais distanciado
possível do assunto tratado, e não deve “ligar” as ideias do seu texto com vigor.
Afinal, texto coesivo, coerente, com argumentação bem desenvolvida, com tópicos
de abertura e fechamento bem escritos, fazem do seu texto um todo significati-
vo progressivo, caraterizando bons textos; entretanto, se quer escrever a antítese
desta, a receita está pronta. Siga-a com cuidado. Todas as instruções devem ser
obedecidas rigorosamente. Use a imaginação e terá certamente um belo exemplar
de antitexto.
Josénia Vieira da Silva. LIV – IL – UnB (texto com supressões e adaptações)
Resumo:
• Coerência: harmonia de sentido, sem contradições ou ruturas
• Coesão: ligação entre as frases e entre os parágrafos de acordo com a lógica do
pensamento (mecanismos de coesão)
• Parágrafos que desenvolvem as ideias
• Organização dos parágrafos numa sequência que faça sentido
• Modalização
• Pontuação
Esquema2
A – Girafa Gigi → B – adora viajar
A – Girafa Gigi → C – Com seu pescoço comprido, Vai a qualquer lugar
A – Girafa Gigi → D – Vê o jacaré na lagoa
A – Girafa Gigi → E – E (vê) a preguiça à-toa
E assim sucessivamente…
1. As análises dos textos A, B e C foram extraídas de Araújo, 2012:2569, 2570 e 2571, respetivamente.
2. Os esquemas foram construídos a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:162-164.
Esquema
Esquema
T
Corpo humano Partes
B
T1 T2 T3
A cabeça O tronco Os membros
R3
R1 R2
dividem-se em superiores e
é formada de crânio e face compõe-se de tórax e abdómen
inferiores
1. Extraído de Kappel,1998:45.
Esquema
A – um dos principais fatores → B – é a poluição
que interferem no equilíbrio
do homem/meio ambiente
B – Poluição → C – Gases venenosos tornam irrespirável
o ar das grandes cidades
##
C – as doenças das vias res- → D – Contribuem para o aumento da mor-
piratórias talidade infantil
Análise
O parágrafo é demasiado longo, com apenas uma frase de 72 palavras, tor-
nando-o confuso e incompreensível.
O escrevente perdeu-se, esqueceu-se de qual o sujeito e comete muitos
erros. O leitor perde-se, irrita-se com esses erros e desliga-se.
Maneiras de melhorar
Desmembrar o parágrafo em 4 frases, conservando o mesmo conteúdo.
Passou a ter 67 palavras.
Texto reformulado
As pessoas das mesmas classes sociais, principalmente, as ricas, vivem
de modo semelhante no campo e na cidade. Na verdade, a vida delas é muito
interessante quer seja na cidade quer seja no campo. Assim, por exemplo, nas
cidades, algumas crianças ricas divertem-se a jogar na televisão ou a assistir
televisão. No campo, elas também se divertem, mas brincando de pega-pega,
com carros de lata, etc.
T
Tubarões vários tipos de tubarões
B
T1 T2
Uns Outros
R1 R2
Análise
O leitor não consegue recuperar o fio discursivo que é interrompido por que
as formas de manifestação da violência aparecem juntamente com as suas cau-
sas e consequências.
Proposta de reformulação
A reformulação do texto deve ser feita, focando o tópico central do texto – a
violência urbana em Cabo Verde – e apresentando informações sobre ele, numa
sequência lógica, e terminando uma ideia, antes de começar a outra.
Todos os dias acontecem atos de violência praticados por cidadãos cabo-
-verdianos nos centros urbanos de Cabo Verde, principalmente na cidade capi-
tal, Praia.
Esses atos são: roubos, assaltos, vandalismo e assassinatos.
As causas desta violência são: uso de drogas e álcool e também o facto de
os pais já não darem uma boa educação aos filhos.
As consequências dessa violência são a insegurança e o medo para a popu-
lação e assassinatos e a cadeia para os prevaricadores. Estes, algumas vezes
suicidam-se para não serem presos.
Uma possível solução é colocar agentes da Polícia Nacional e da Polícia
Militar por toda a cidade.
Texto A
Análise
• frase com falta de unidade
• frase sobrecarregada de sujeitos gramaticais que levam o leitor a perder o fio
e a desligar-se
• frase demasiado extensa, com 88 palavras
Maneiras de melhorar a frase
• desdobrar a frase em frases mais curtas, cada uma com o seu sujeito e a sua
ideia central
• eliminar as palavras ou expressões que nada acrescentam
Proposta de correção
Este final de século apresenta vários problemas e contradições que nem a
própria ONU tem resolvido. É disto exemplo o continente africano, onde somos
mais sensíveis ao que se passa em Angola. País com abundantes recursos,
como o petróleo e os diamantes, gasta-os sobretudo na compra de armas. En-
quanto os produtores de armamento enriquecem, angolanos morrem, ou veem
adiadas as suas esperanças de paz e desenvolvimento.
Texto B
Análise
• falta clareza à frase; ela é uma charada
• falta-lhe pontuação adequada
Maneiras de melhorar a frase: introduzir pontuação adequada (um ponto
e vírgula)
Proposta de correção: um pastor tinha um cão e a mãe; do pastor era tam-
bém o pai do cão.
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Nesta subunidade – Texto narrativo – a finalidade é aprenderes a escrever textos
deste tipo, integrando e utilizando conhecimentos anteriores sobre o texto narrativo
e sobre o processo e os procedimentos de redação de textos.
Para isso, primeiro, convidamos-te a rever os principais aspetos relacionados com
o texto narrativo – as categorias da narrativa e a organização específica deste tipo de
texto –, e, depois, a redigir e avaliar este tipo de texto, com recurso a instrumentos e
procedimentos de avaliação adequados, e, finalmente, de modo autónomo.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Planificar a redação de um texto narrativo em função do objetivo, do assunto/
tema, e do leitor a que se destina;
• Mobilizar os conhecimentos prévios sobre o texto narrativo adquiridos em
Leitura;
• Integrar e mobilizar os conhecimentos sobre as etapas a seguir na redação de
um texto;
• Redigir um texto narrativo, respeitando a sua estrutura e características
específicas.
3. Conteúdos
1. Texto narrativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Título
1.2.2. Situação inicial
4. Recursos
• Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo
• Ficha guia 3.1.1. Texto narrativo
• Grelha autocorretiva 3.1.1. Texto narrativo
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:131-141; Neves e Oliveira, 2001:71-94; Silva,
2005:86-114; Neiva,1996:112-113; Rei, 1995:116-119; Giasson, 1993:133-137; Abreu, 1992:49-52; Garcia,
1992:239-252; 360-366.
2. A descrição da estrutura da narrativa e a análise apresentadas foram extraídas de Giasson, 1993:134-135,
com algumas adaptações.
Observação: Esta história apenas tem um episódio; mas elas podem ter vários
episódios que levam à resolução da intriga.
Recursos linguísticos
• Diálogo (troca de falas entre personagens, para conferir dinâmica à ação, caracteri-
zar as personagens, prender a atenção do leitor ou ouvinte);
• Discurso direto, indireto e indireto livre;
• Verbos que exprimem estados, processos e ações;
• Pretérito perfeito (real) imperfeito (abertura para a ficção) e mais que perfeito e, por
vezes, do presente (presente histórico ou narrativo);
• Conectores temporais, adversativos, causais, consecutivos e concessivos
• Expressões do tipo: era uma vez...nesse tempo...havia...
• Recursos estilísticos ou expressivos diversificados como, por exemplo, a compara-
ção, a metáfora, a personificação, a hipérbole e a ironia
Procedimentos de redação
1.º Reflexão e registo dos principais componentes a usar para a construção da narrativa:
• Quem narra? O narrador intervém como participante ou não, subjetivo ou objetivo?
• Quem age? Quem é a personagem ou são as personagens? Dar-lhes um nome ou
não. No segundo caso, é como se simbolizassem a sua espécie (homem, velho, etc.)
na mesma situação.
• Como? Imaginação da trama, o modo como os acontecimentos se articulam: Qual o
modo de vida das personagens? Que história viveram ou poderiam ter vivido? Que
circunstância ou acontecimento deu início à história? Que circunstância ou aconteci-
mento os separou? Qual a sequência da história? Como termina?
• Criação do contexto: Onde se encontram as personagens quando aparecem pela
primeira vez, na história? Registo dos elementos desse espaço e ambiente para uma
posterior descrição. Que tempo pode ser escolhido?
2.º Definição de uma linha temporal para a história, ou seja, o momento ou momentos
em que os acontecimentos se passam: pode ser usada uma sequência cronológica
(começo, meio e fim) ou outras formas como começar pelo ponto mais alto da nar-
rativa (clímax) e depois, contar a história em digressão.
3.º Definição de uma linha espacial para a história: o lugar onde cada um dos aconte-
cimentos ocorre.
4.º Planificação do texto, selecionando o conteúdo de cada uma das partes: o início
(a exposição) e o desenvolvimento (o elemento/acontecimento desencadeador, a
complicação e a resolução). Opção sobre se a narrativa terá um fim e uma moral
ou não.
5.º Redação da narração, considerando os leitores, os momentos de narração e de
descrição, cuidando da coerência entre as partes e da correção das frases e fa-
zendo uso de recursos linguísticos; redação do fim e da moral, se tiver sido essa
a opção.
6.º Atribuição de um título ao texto, bem construído, curto, conciso e apelativo, evitan-
do-se o senso comum. O título é gerado a partir do tema que resulta do tratamento
dado pelo autor a um determinado assunto. Podem ser usadas as seguintes técni-
cas na sua construção: expressões nominais (Os desafios da educação); expres-
sões nominais com dois pontos (A educação: desafios); expressões nominais com
reticências, inspirando dúvida e curiosidade (Acordei...no meio de água); expres-
sões com numerais, evidenciando raciocínio organizado e de fácil compreensão (5
dicas para escrever bem); frases interrogativas, despertando a atenção e levando
à reflexão (O que move a juventude?); exclamação, despertando emoções, senti-
mentos, estados de espírito (O dia D!); expressões da linguagem familiar (Espe-
rar para ver); frases, com verbos que sugerem ações dinâmicas (Jovem caiu no
mar); jogo de palavras, com aproveitamento de sonoridades (Estamos fritos!) ou
de nomes de filmes e livros (A Condessa Descalça, sobre Cesária Évora – filme)1;
metáfora e imagem.
7.º Revisão
Recomendação: no início, não escrever muito para não se perder. Aos poucos, ir
aumentando o tamanho, uma vez que não há limites para a extensão de uma narrativa.
iv) Considera ainda que, para redigires um texto narrativo deves ter em conta o
seguinte:
Grelha texto narrativo1
iii) Agora é tempo de escreveres um texto narrativo. Fá-lo, usando o plano que
elaboraste, ou, em alternativa, o que te foi apresentado na Solução N.º 1. Usa a
Ficha guia 3.1.1. Texto Narrativo, como recurso.
1. Elaborada, essencialmente, com base na bibliografia indicada na Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo
e ainda Sim-Sim, 2007:35-46; Bizarro, S/referências; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e
integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem referências. S/Referências. Pp. 33-34.
iv) Revê o texto que escreveste, usando a Grelha autocorretiva abaixo apresentada.
9. Há presença de parágrafos?
1. Elaborada, essencialmente, com base na bibliografia indicada na Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo
e ainda Sim-Sim, 2007:35-46; Bizarro, S/referências; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e
integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem referências. S/Referências. Pp. 33-34.
38. A 1.ª pessoa (eu/ nós) ou a 3.ª (ele/ eles) são utilizadas, conforme
o tipo de narrador escolhido?
39. As frases estão bem formuladas/estruturadas?
6. Prática da língua
1. Imagina, para cada uma das situações a seguir, uma complicação e uma resolução1:
1.1. Isabel, uma menina de 15 anos, esqueceu-se de sair a tempo da festa em
que estava, para chegar a casa antes da meia-noite, horário combinado com
a família.
1.2. Valter pediu emprestada a mota de um amigo e, mesmo tendo pouca
experiência em pilotar motos, decidiu fazer um passeio pela cidade.
1.3. Vilma estava em férias, e encontrou, em uma festinha, o namorado de sua
melhor amiga. Estão dançando juntos.
2. Lê o texto abaixo e explica por que se trata de um texto narrativo. Cf. Solução N.º 3.
O papagaio palrador1
Um português chega ao Brasil e vê um papagaio muito palrador. Deslumbra-
do com o papagaio, decide comprá-lo e enviá-lo para a sua mãe, em Portugal.
Esperou uma semana, duas, três, e a mãe nada lhe dizia. Então o português
resolveu mandar-lhe um telegrama a perguntar se ela tinha gostado da surpresa.
Três dias depois chegou a resposta:
“Filho, eu adorei, mas mal deu para o almoço.”
Já estava na cama quando se lembrou que não tinha dinheiro para alimentar
os filhos no dia seguinte. Logo ocorreu-lhe que Deus mandaria algo. Eram onze
horas da noite, não podia sair a pedir. Onde é que arranjaria dinheiro? Era mãe
de sete filhos, solteira de trinta e cinco anos, empregada doméstica, ganhava
pouco e não tinha ajuda. Angustiada, revirou-se na cama, mas nada lhe ocorreu.
De repente levantou-se e correu para as gavetas. Nada. O melhor que tinha a
fazer era sair sorrateiramente antes de o Sol raiar a fim de evitar os filhos.
Soluções
Introdução
Passeio ao luar de um casal de namorados
Desenvolvimento
a) Assalto ao casal por um grupo encapuzado
b) A reação da namorada
c) A chegada de auxílio
Conclusão
Promessa de passeio seguro
Um giro frustrado
Numa noite de luar, o Juca, que era um rapaz de festas e noitadas e se di-
zia valente, foi passear com a namorada, Luciana, à beira mar. Os dois faziam
planos para o casamento e meditavam na vida, alheios a tudo o que os rodeava.
De repente, o casal foi surpreendido por um grupo encapuzado que exigiu
tudo de valor que tinham com eles, desde os telemóveis, anéis, dinheiro, até as
sapatilhas. Em pânico, Luciana gritou, a plenos pulmões, por socorro e, imedia-
tamente, foi atingida na cabeça com um violento soco.
Enquanto Juca, desesperado, tentava reanimar a namorada e o agressor,
espantado, tentava fugir, a praia foi inundada por fortes luzes. O grupo, numa
tentativa desesperada de fuga, espalhou-se como uma manada de cabras as-
sustadas. Graças à rapidez dos agentes, todos foram capturados, algemados
e conduzidos à esquadra. Luciana foi conduzida ao hospital e, felizmente, as
lesões não eram sérias.
Juca e Luciana, passado o susto, casaram e prometeram um ao outro, pas-
seios seguros e em locais muito bem frequentados.
Anita saiu por volta das cinco horas da manhã e andou durante muito tempo
sem rumo. Quando já se encontrava muito longe de casa, sentou à sombra de
uma árvore para descansar e pensar na triste sorte dos filhos que não pediram
para vir a este mundo. De repente, sentiu uma mão suave sobre o ombro esquer-
do. Aquela mão trouxe-lhe uma tranquilidade inexplicável. Lentamente virou-se
para encontrar uma idosa muito meiga que inspirava segurança e serenidade.
– Minha filha – disse a senhora – Vejo que algo te perturba. Posso ajudar-te?
– Não...não sei! – respondeu Anita, atrapalhada.
– Então...? – instigou a senhora.
Anita como se quisesse que a senhora levasse os seus problemas, contou
tudo o que a afligia e como resposta viu um grande sorriso no rosto da anciã que
lhe estendeu a mão e disse:
– Vamos para casa.
Quando lá chegaram, foram recebidas por sete carinhas encantadas que
perguntaram em coro:
– É a avozinha?
Antes que a mãe tivesse tempo para responder, a senhora disse:
– Sou, meus netinhos. E venho buscar-vos para irem todos morar comigo. Tenho
uma casa grande e preciso de companhia e de alguém responsável como a
vossa mãe para cuidar das minhas coisas.
Anita e os filhos partiram com a senhora para aquela aventura que prome-
tia ser muito divertida e realmente foi. Todos viveram felizes por muito, muito,
muito tempo.
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Nesta subunidade – Texto expositivo-informativo – pretende-se que aprendas a es-
crever este tipo de texto, integrando e utilizando os conhecimentos anteriores sobre
este tipo de texto e sobre o processo e os procedimentos de escrita. Para isso, terás
que, primeiro, rever os conteúdos referentes a este tipo de texto, e depois a redigir e
avaliar textos expositivo-informativos, com recurso a instrumentos e procedimentos
de avaliação adequados, e, finalmente, de modo autónomo.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Produzir textos expositivo-informativos adequados às circunstâncias e ao
destinatário,
‒‒mobilizando os conhecimentos prévios sobre esse tipo de texto;
‒‒integrando e reutilizando os conhecimentos prévios sobre os procedimentos
das fases e etapas de redação.
3. Conteúdos
1. Texto expositivo-informativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Título
1.2.2. Introdução
1.2.3. Desenvolvimento
1.2.4. Conclusão
1.3. Recursos discursivo-textuais
1.3.1. Coesão e coerência
4. Recursos
• Ficha informativa 3.2.1. Texto expositivo-informativo
• Ficha guia 3.2.1. Texto expositivo-informativo
• Grelha autocorretiva 3.2.1. Texto expositivo-informativo
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:136-137; Silva, 2005:58-61; Rei,
1995:109-112; 112-116.
4. Conclusão: resume-se o assunto de modo claro e preciso focando os pontos mais im-
portantes e procura-se envolver o recetor numa chamada de atenção para o assunto.
• Conclusão do tipo resumo, propósito ou de efeito ou combinação de elementos
dos três tipos (Cf. Ficha informativa 2.2.3. Redação da conclusão).
• Dependente do tema do texto, pode ter um ou mais parágrafos.
Características
• Linguagem objetiva, clara, rigorosa e simples
• Registo de língua cuidado, adequado ao destinatário e à situação, considerando:
as formas de tratamento, o vocabulário rigoroso e a construção frásica
• Recurso a enumeração (identificação e apresentação sequencial de informações),
instruções a serem seguidas, descrições das características do que está a ser
apresentado, definições, comparação, contraste (posições contrárias)
• Uso de estruturas impessoais, de nominalizações e modalidades de possibilidade,
certeza ou probabilidade, em vez de juízos de valor ou sentimentos de apreciação
• Predominância de nomes, verbos, frases declarativas, 3.ᵃ pessoa do singular e
modo indicativo
Procedimentos de redação (Cf. Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita)
1.º Planificação: macroplanificação e microplanificação, estabelecendo um plano que
englobe as circunstâncias e as informações numa dada ordem (Ficha informativa
2.1.2. Plano textual).
2.º Redação: redigir o texto, apresentando os tópicos registados no plano do texto, de
forma encadeada e articulando as frases e parágrafos entre si.
3.º Revisão: terminada a redação, é necessário reler o texto produzido, verificando a
organização e desenvolvimento das ideias, a estrutura convencionada, a coesão
e coerência, a apresentação gráfica, a pontuação e a ortografia e reformulando o
texto, em todo ou em partes.
4.º Edição: passar o texto a limpo com letra legível, disposição gráfica dentro das
margens, papel adequado e em bom estado de limpeza; e valorizar a apresentação
gráfica através de títulos e subtítulos, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinha-
dos, ilustrações, etc.
1.Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:136-137; Silva, 2005:58-61; Rei,
1995:109-112; 112-116; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pe-
dagógicos. Texto mimeografado sem referências. Pp.19-20 e 27-28.
iv) Revê o texto que escreveste com base na Grelha autocorretiva 3.2.1. Texto
expositivo-informativo, abaixo apresentada. Depois da revisão, reformula o teu
texto. Se encontrares dificuldades, não hesites em procurar um professor de
língua portuguesa.
9. Há presença de parágrafos?
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:136-137; Silva, 2005:58-61; Rei,
1995:109-112; 112-116; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pe-
dagógicos. Texto mimeografado sem referências. Pp.19-20 e 27-28.
Se tiveres optado pelo plano que te foi apresentado na Solução N.º 1, compara
o texto expositivo-informativo que escreveste com o elaborado a partir desse plano
e que te é apresentado na Solução N.º 2.
6. Prática da língua
6.1. Procura dois textos expositivo-informativos em jornais, livros, e ou-
tros. Coloca-os no teu portefólio. Para cada um deles, identifica:
A fonte ______________________________________________________________
O assunto ____________________________________________________________
O tema ______________________________________________________________
Nominalizações _______________________________________________________
Enumerações _________________________________________________________
Instruções ____________________________________________________________
Definições ____________________________________________________________
Explicações __________________________________________________________
Comparações _________________________________________________________
Contrastes ___________________________________________________________
Recursos de modalização _______________________________________________
Windsurf Vela
Bodyboard Natação
Mar
Vela
Remos
Saltos
Olimpícos
Desportos
Lago Lago Windsurf
Aquáticos
Natação
Sky Aquático
Natação
Rio
Natação Canoagem
Vela Windsurf
1. Extraído de Ficha 18. Oficina de Escrita, com adaptações. Disponível em: http://www.profteresa.net/ofici-
naescrita/Of_Escrita_Ficha18_info_expo.pdf. Acedido em: 11 dezembro 2012.
Portanto, sempre que leres material como livros, jornais e revistas, procura iden-
tificar textos expositivos-informativos e lê-os, acompanhando com muita atenção: a
sua organização ou estrutura, o conteúdo de cada parte, a progressão e o desenvol-
vimento das ideias, os mecanismos de coesão, a articulação entre os parágrafos e aos
recursos linguísticos.
Aprende com outros e faz o mesmo quando estiveres a escrever.
Soluções
Introdução
Desenvolvimento
1. A vulnerabilidade de Cabo Verde
2. Os impactos das mudanças climáticas
2.1. Os impactos climáticos previstos
2.1.1. Nas condições geográficas
2.1.2. Sobre os recursos naturais
2.1.3. No desenvolvimento rural
2.2. Os impactos climáticos
2.2.1. Na temperatura
2.2.2. Na precipitação
2.2.3. No nível da água do mar
2.3. Os impactos político-sociais
2.3.1. No desenvolvimento do país
2.3.2. Autossuficiência energética e alimentar
2.4. Os impactos naturais
2.4.1. Condições existentes
2.4.2. Impacto nos sistemas naturais e sociais
Conclusão
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Com esta subunidade – Texto descritivo –, pretende-se que aprendas a redigir
textos descritivos, integrando e utilizando os teus conhecimentos sobre este tipo de
texto e sobre o processo e os procedimentos de escrita. Para isso, primeiro, convi-
damos-te a rever os principais aspetos relacionados com o texto descritivo e a apro-
priares-te de técnicas de descrição, depois, a redigir e avaliar este tipo de texto, com
recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados, e, finalmente, de
modo autónomo.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Escrever um texto descritivo, adequado ao(s) destinatário(s) e ao contexto,
realizando, nomeadamente, as seguintes operações:
‒‒mobilização dos conhecimentos prévios sobre o texto descritivo.
‒‒integração e reutilização dos conhecimentos prévios sobre o processo e os pro-
cedimentos das fases e etapas de redação.
3. Conteúdos
1. Texto descritivo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Título
1.2.2. Introdução
1.2.3. Desenvolvimento
1.2.4. Conclusão
1.3. Recursos discursivo-textuais
4. Recursos
• Texto de apoio 3.3.1. Técnicas de descrição
• Ficha guia 3.3.1. Texto descritivo
• Grelha autocorretiva 3.3.1. Texto descritivo.
Definição: texto em que se faz a exposição exata e viva, por meio de palavras,
de propriedades, qualidades ou componentes próprios e simultâneos dum objeto de
descrição. Esta pode ser: autónoma (paisagem, ambiente, pessoa, animal...), local ou
estática, sem movimento (montanha, casa, objeto...), cronológica ou dinâmica, com
movimento (tempestade, mar...).
Objetivo comunicativo: caracterizar o objeto de descrição, expondo os seus ca-
racteres, de um ponto de vista mais objetivo, imparcial ou técnico ou mais pessoal
(subjetivo).
Condições de uso: apresenta-se poucas vezes de forma autónoma; normalmente
surge integrada numa narrativa, dando informações sobre objetos, espaços, ambien-
tes, personagens.
Organização
Tipos de focagem
• Fixa: o narrador-observador está parado, fixo num determinado ponto, de onde foca
o objeto de descrição
• Móvel: o observador pode estar parado, mas focar o objeto de diversos ângulos ou
pode deslocar-se ao mesmo tempo que vai apresentando os aspetos do objeto que
descreve, apresentando-o de diferentes planos de focagem
Planos de focagem: na focagem móvel, podem distinguir-se três planos de foca-
gem, consoante a distância a que o observador se colocou do objeto descrito, implican-
do a seleção de diferentes localizadores espaciais e temporais:
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:141-152; Koch, 2011:65-67; Nascimento e Pinto,
2006:198-205; Neves e Oliveira, 2001:95-110; Rei, 1995:99-105; Garcia, 1992:231-239.
Tipos de descrição
Tipos Exemplo
Retrato: apresentação “…o capitão do navio que o tinha levado de Pala-
de um animal ou pessoa. dron era um açoriano de nome igual a seu pai, “Ger-
Pode ser físico (estatura, mano”. Um velho, de barbas brancas e de um extenso
corpo, vestuário, etc.), psi- bigode de pontas enroladas que lhe imprimiam um ar
cológico ou moral (senti- severo e rigoroso.”
mentos, emoções, etc.),
Alírio Mendes Rosa. Caminho Longe (romance). Pp.20-21.
comportamental (hábitos,
atitudes, gestos, etc.) so-
cial (ocupações, situação
económica, etc.) ou misto,
isto é contemplar dois ou
mais destes aspectos
Caricatura: represen- “Quem ocupa um cargo público, quando esquece
tação deformada ou ridícu- o bem comum, é uma gulosa raposa para quem os
la de um ou vários traços seus críticos são galinhas a devorar – o Lopes, numa
de uma pessoa, ideia, si- reunião agitada, concluía assim o seu pensamento.”
tuação ou instituição
Zacarias Nascimento & José Manuel C. Pinto. A dinâmica da
escrita – como escrever com êxito. P.43
Recursos da descrição
• Vocabulário expressivo: torna a descrição viva e real, despertando no leitor autênti-
cas sensações (visuais, auditivas, olfativas, gustativas, motoras e táteis):
‒‒ Adjetivos: caracterizam os elementos através da adjetivação objetiva, subjetiva,
valorativa, simples ou dupla;
‒‒ Verbos: verbos de estado (ser, parecer, estar) ou de movimento, sugestivos, que
indicam propriedades, qualidades e atitudes, podendo conter uma comparação im-
plícita;
‒‒ Nomes (comuns e abstratos): apontam os aspectos, pormenores ou detalhes do
objeto descrito, estabelecendo-se diversas relações entre eles (sinonímia, hiponí-
mia, heteronímia...).
• Construções sintáticas:
‒‒ Tempos verbais: presente e pretérito imperfeito – tempo durativo que contribui para
a criação de uma atmosfera estática; gerúndio; e conjugação perifrástica;
‒‒ Estruturas caracterizadoras e modificadoras: sintagmas nominais, adjetivais e ad-
verbiais; apostos;
‒‒ Organizadores do espaço: advérbios ou locuções adverbiais de lugar e SP, comple-
mento circunstancial de lugar, que indicam o lugar e a posição, para concretização
dos vários planos observados;
‒‒ Localizadores temporais: conectores e articuladores temporais que situam o objeto
descrito no tempo.
• Recursos estilísticos:
‒‒ Comparação: materialização uma característica ou acentua um pormenor pela sua
semelhança ou diferença/contraste com outro;
‒‒ Hipérbole: caracterização pelo exagero, mas sem cair na inverosimilhança;
‒‒ Personificação: atribuição de características humanas a animais, coisas ou ideias;
‒‒ Animismo: atribuição de vida a seres inanimados, mas sem os elevar à categoria
de pessoas;
‒‒ Repetição: os mesmos sons consonânticos são repetidos em palavras próximas
Exemplos: 123
Características,
Objeto da Partes/elementos
propriedades, Recursos da descrição
descrição do objeto
qualidades
“A sala não é grande,
tamanho dimensão mas é espaçosa” (adjetiva-
ção)
“cobre as paredes um
papel aveludado …” (adje-
tivação, fazendo apelo ao
tato)
revestimento de “… de sombrio escarlate,
papel […] no fundo rubro, ao tré-
paredes cor predominante mulo da claridade deslum-
Ambiente e iluminação brante do gás.” (adjetivação,
da sala1 fazendo apelo ao sentido da
visão)
Sinestesia: uma mistura
de impressões percebidas
pelos diferentes sentidos.2
“A mesa oval, […], esta-
disposição e for- va colocada no centro sobre
móveis e outros mato dos móveis um estrado, […] sob um fel-
ornamentos e outros orna- pudo e macio que acolchoa-
mentos va o rodapé e também os
bordos do estrado.”3
5.º Redigir: elaboração de uma primeira versão escrita do texto, seguindo as decisões
tomadas na preparação e qualificando o objeto por meio dos recursos da descri-
ção, e de uma introdução e conclusão adequadas
6.º Rever o texto, atentando a: i) a ordenação do plano/esquema traçado; ii) o tipo e
plano de focagem e a perspetiva adotados; iii) as características específicas do
texto descritivo; e iv) a correção linguística
Alguns conselhos práticos
• Na descrição de uma pessoa, por exemplo, pode-se começar por uma visão geral e,
depois, aproximando-se dela, passar aos pormenores: os olhos, o nariz, a boca, o sor-
riso, o que esse sorriso revela (inquietação, ironia, desprezo, desespero ...), etc.
• Na descrição de objetos, é importante que, além da imagem visual (cores, formas …),
sejam transmitidas ao leitor outras referências sensoriais, como as táteis (o objeto é
liso ou áspero?), as auditivas (o som emitido pelo objeto), as olfativas.
• A descrição de paisagens ou de ambientes também não deve limitar-se a uma visão
geral. É preciso ressaltar os pormenores, o que não depende apenas da visão. Cer-
tamente, numa paisagem ou num ambiente haverá ruídos, sensações térmicas, chei-
ros, que deverão ser transmitidos ao leitor, evitando que a descrição se transforme
numa fotografia fria e pouco expressiva. Também poderão integrar a cena pessoas,
vultos, animais ou objetos, que lhe dão vida. É, portanto, fundamental destacar esses
elementos.
• Evitar:
‒‒ Indicação de progressão temporal ou da passagem de um estado a outro, já que a
característica principal de um texto descritivo é mostrar as características simultâ-
neas do objeto da descrição
‒‒ A enumeração seca
‒‒ Uma enunciação perspetivada: à direita, à esquerda, em cima, em baixo...
‒‒ Apresentar todos os pormenores acumulados num único período. Deve-se, ao con-
trário, apresentá-los ao leitor pouco a pouco, verificando as partes focalizadas,
associando-as ou interligando-as.
1.2. Acrescenta, partindo dos exemplos propostos, mais vocábulos que concreti-
zem as várias sensações:
Exemplo: Os carros roncam na estrada vizinha (em vez de: Oiço os carros passa-
rem com muito barulho).
a) Vejo a estante com livros muito alinhados.
b) Esta árvore tem uma copa muito frondosa e pomo-nos lá de baixo à sombra.
c) Em frente da porta há um telheiro grande onde nos abrigamos.
d) A sala tem largas janelas de onde se pode ver o mar.
e) Para chegarmos à praia, temos de passar por um caminho estreito e sinuoso.
iv) Confronta o trabalho que fizeste com os resultados que te são apresentados na
Solução N.º 1.
v) Reflete e tira as tuas próprias conclusões sobre as técnicas que podes usar,
quando estiveres a descrever.
5.2. Planificando texto descritivo
i) Considera os seguintes temas e, tendo presente a Ficha informativa 3.3.1.
Texto descritivo, para esclarecimento de eventuais dúvidas, elabora planos para
diferentes tipos de descrição. Procura associar-te a colegas, para em pequenos
grupos, elaborarem esses planos.
1. Retrato: uma mulher de beleza fascinante
2. Utilitária ou técnica: um animal
3. Pitoresca: um dia de chuva, em Cabo Verde...como as mulheres encaram a
chuva.
4. Local ou estática: descrição pormenorizada do interior de um quarto1
5. Cronológica ou dinâmica: descrição do movimento de uma cidade, na
hora de ponta2
ii) Compara os planos/esquemas elaborados com as propostas constantes na
Solução N.º 2, em que te é apresentado um exemplo para cada tipo de descrição.
5.3. Redigindo texto descritivo
i) Escolhe um dos planos/esquemas elaborados e redige um texto descritivo a
partir dele, usando a Ficha guia 3.3.1. Texto descritivo, abaixo. Sempre que,
em qualquer etapa, precisares, volta à Ficha informativa 3.3.1. Texto descritivo,
para esclarecimento de eventuais dúvidas.
1. Moreira,1992a:155.
2. Matos, 1988:90.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:141-152; Koch, 2011:65-67; Nascimento e Pin-
to, 2006:198-205; Neves e Oliveira, 2001:95-110; Rei, 1995:99-105; Garcia, 1992:231-239; e Técnicas e
Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem
referências. Pp. 17-18 e 31-32.
ii) Após a conclusão da redação, faz a revisão do texto produzido, usando a Grelha
autocorretiva 3.3.1. Texto descritivo, abaixo. Caso tenhas conseguido trabalhar
em grupo, podem trocar os textos para avaliarem as produções uns dos outros.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:141-152; Koch, 2011:65-67; Nascimento e Pin-
to, 2006:198-205; Neves e Oliveira, 2001:95-110; Rei, 1995:99-105; Garcia, 1992:231-239; e Técnicas e
Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem
referências. S/Referências. Pp. 17-18 e 31-32.
6. Prática da língua
6.1. Regressa aos planos/esquemas de descrição elaborados em grupo
e, utilizando a Ficha guia na redação e a Grelha autocorretiva na revisão,
redige os textos.
6.2. Redige textos descritivos, à tua escolha para colocares no teu Porte-
fólio. Utiliza a Ficha guia na redação e a Grelha autocorretiva na revisão.
Podes usar ou não os seguintes temas1:
1. Numa rua muito movimentada, dá-se um choque de automóveis.
a) Descreve um dos automobilistas ao sair do carro para se dirigir ao culpado. Refere-
te: ao vestuário; à maneira de andar, de gesticular e de falar e à expressão do rosto.
b) Ao desastre assiste também um polícia. Escreve alguns períodos sobre a sua forma
de agir, ao dirigir-se para o local da ocorrência. Refere-te: à maneira como se move
(apressado, calmo, diligente ou aborrecido?); à expressão do seu rosto (severa,
preocupada ou indiferente?); à sua atitude (agitado, nervoso ou zangado?)
2. No local onde vives – cidade, vila, zona – há vários estabelecimentos comerciais.
Soluções
Para o plano aqui, perto de mim, este, cada vez mais perto, a um palmo do
mais próximo: nariz, frente a frente, junto de…
Para o plano além, por cima de tudo, mais longe ainda…
mais elevado:
Para o plano em baixo, abaixo de, sete palmos abaixo…
mais baixo:
1.4. Imagina animismos que dinamizem uma descrição, pondo ativos os elementos
em itálico e sublinhados, criando novas frases:
Exemplo: Os carros roncam na estrada vizinha (em vez de: Oiço os carros passa-
rem com muito barulho).
Possibilidades:
a) Vejo a estante com livros muito alinhados.
• Os livros enfileiram-se na estante.
b) Esta árvore tem uma copa muito frondosa e pomo-nos lá de baixo à sombra.
• A copa muito frondosa ampara-nos com a sua sombra.
c) Em frente da porta há um telheiro grande onde nos abrigamos.
• Um telheiro grande em frente da porta abriga-nos.
d) A sala tem largas janelas de onde se pode ver o mar.
• As largas janelas da sala permitem-nos ver o mar.
e) Para chegarmos à praia, temos de passar por um caminho estreito e sinuoso.
• O caminho estreito e sinuoso leva-nos à praia.
1. Serafini, 1996:50.
1. Retrato
1. Moreira, 1992:155.
2. Matos et al., 1988:90.
1. Retrato
Laura
Laura não era alta nem baixa, era forte sem ser gorda, e delicada sem magreza.
Os olhos de uma cor-de-avelã diáfano, puro, aveludado, grandes, vivos, cheios de tal
majestade, quando se iravam, de tal doçura quando se abrandavam, que é difícil dizer
quando eram mais belos. O cabelo quase da mesma cor tinha, demais, um reflexo
dourado, vacilante, que ao sol resplandecia, ou antes, relampejava, mas a espaços,
não era sempre, nem em todas as posições da cabeça:-cabeça pequena, modelada
no mais clássico da estatuária antiga, poisada sobre um colo de imensa nobreza, que
harmonizava com a perfeição da linha dos ombros.
A cintura, breve e estreita, mas sem exageração, via-se que o era assim por natu-
reza e sem a menor contrafeição de arte. O pé não tinha as exiguidades fabulosas da
nossa Península, era proporcionado como o da Vénus de Médicis.
Tenho visto muita mulher mais bela, algumas mais adoráveis; nenhuma tão fasci-
nante.
Fascinante é a palavra para ela.
O rosto, oval e perfeitamente simétrico, pálido; só os beiços eram vermelhos como
a rosa de cor mais viva.
A expressão de toda esta figura é que se não descreve. A boca, breve e fina, sorria
pouco; mas quando sorria, oh!...
Tal era Laura.
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra
3. Descrição pitoresca
Chuva
(…) Chovia em Santiago. Chovia em São Nicolau. Cerca do meio-dia […] pingos gros-
sos em Santo Antão. E, à tardinha, aí pelas cinco horas, durante minutos, chuva […] em S.
Vicente, grossa e fresquinha, tão grossa e fresquinha que a ilha inteira dir-se-ia ficar sob
o halo da ressurreição. Perto da noitinha, […] de novo chuvas violentas, fartas, trazendo
ao arquipélago um vigor sadio, uma seiva que penetrava no solo, nas rochas, nos bichos,
nos animais, no sangue das próprias gentes. Caía abundante, sacudida por rija trovoada
e como que desferida por relâmpagos. As ruas do Mindelo eram ribeiras […]. As mulheres
arregaçavam os vestidos e corriam alegremente, de um lado para outro, cabriolavam, gri-
tavam, saltitavam pelas poças, saracoteavam-se, encharcando-se de água numa euforia
desbragada, como se aquela chuva fosse a anunciação de uma nova aurora…
Que rostos tão felizes!
Venância, da janela da sua casa, assistia a este maravilhoso espetáculo, de lágri-
mas nos olhos. (…)
Manuel Ferreira, Hora di Bai (com supressões)
1. Moreira, 1992a:155.
1. Matos et al.1988:90.
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Com esta subunidade – Texto explicativo – pretende-se que aprendas a redigir
textos que expliquem ao leitor algo que este desconhece, de forma a ser entendido,
integrando e utilizando os teus conhecimentos sobre este tipo de texto e sobre o
processo e os procedimentos de escrita.
O procedimento que te propomos é, primeiro, rever os principais aspetos rela-
cionados com o texto explicativo, depois, redigir e avaliar este tipo de texto, com
recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados, e, finalmente, de
modo autónomo.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Redigir um texto explicativo, adequado às circunstâncias e ao(s) destinatário(s),
‒‒mobilizando os conhecimentos prévios sobre esse tipo de texto;
‒‒integrando e reutilizando os conhecimentos prévios sobre os procedimentos
das fases e etapas de redação.
3. Conteúdos
1. Texto explicativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivo
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto: questionamento, corpo explicativo ou
resolução e conclusão
1.3. Recursos discursivo-textuais
1.3.1. Sequências explicativas
1.3.2. Estratégias explicativas
4. Recursos
Os recursos desta subunidade, a que deverás recorrer sempre que seja necessário,
são os seguintes:
• Ficha informativa 3.4.1 Texto explicativo
• Ficha guia 3.4.1 Texto explicativo
• Grelha autocorretiva 3.4.1 Texto explicativo
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:162-169; Neves e Oliveira, 2001:145-169; Va-
noye, 2007:154-155; Alvarez, 2007:9-24; Rei, 1995:106-109.
ii) Compara o plano que elaboraste com o que te é apresentado na Solução N.º 1.
Se achares que ambos correspondem ao plano de um texto explicativo, podes
fundi-los num só plano.
iii) Neste ponto, com auxílio da Ficha guia 3.4.1. Texto explicativo, abaixo, redige
o texto explicativo correspondente ao gráfico, usando o plano que elaboraste,
ou, em alternativa, o que te foi apresentado na Solução N.º 1.
2. Selecionei o tema/assunto/problema/acontecimento?
1. Elaborada a partir de: Rei, 1995:106-109; Vanoye, 2007:154-155; Silva, 2012:162-169; Neves e Oliveira,
2001:145-169; e Alvarez, 2007:9-24.
1. Elaborada a partir de: Rei, 1995:106-109; Vanoye, 2007:154-155; Silva, 2012:162-169; Neves e Oliveira,
2001:145-169; e Alvarez, 2007:9-24.
v) Se tiveres optado pelo plano que te foi apresentado na Solução N.º 1, compara
o texto que escreveste com o texto explicativo elaborado a partir desse plano e
que te é apresentado na Solução N.º 2. Trata-se de um texto produzido por um
grupo de alunos do 1.º Ano ECVP-2012-13 e editado pelos autores deste livro.
6. Prática da língua
6.1. Procura textos explicativos em jornais, livros de receita culinária, re-
vistas científicas e outros. Lê-os, prestando atenção à sua organização
ou estrutura, conteúdo de cada parte, progressão e desenvolvimento das
ideias, mecanismos de coesão e articulação entre os parágrafos. Toma
notas e coloca os textos no teu Portefólio.
6.2. Redige um texto explicativo à tua escolha. Pede a outras pessoas (fa-
miliares, amigos, colegas, professores) que o leiam e façam comentários.
Reformula-o e coloca-o no teu portefólio.
Podes, por exemplo, explicar:
• as regras de um jogo ou de um desporto
• uma técnica particular
• uma lei científica
• um fenómeno histórico, social, linguístico.
Soluções
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Com esta subunidade – Texto argumentativo –, pretende-se que melhores a tua
competência na redação desse tipo de texto, integrando e utilizando os conhecimen-
tos anteriores sobre texto argumentativo e o processo e os procedimentos de escrita.
desse texto, nomeadamente, a argumentação e os tipos de argumentos.
Para isso, primeiramente, propomos-te relembrares as características fundamen-
tais deste tipo de texto. De seguida, sugerimos-te o aprofundamento do processo de
formulação da tese e das técnicas de argumentação, através de uma atividade prática,
para ganhares mais consciência desses procedimentos. Finalmente, convidamos-te a
praticar a redação de textos argumentativos, com recurso a instrumentos e procedi-
mentos de avaliação adequados e com autonomia.
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Produzir um texto argumentativo adequado às circunstâncias e ao destinatário,
‒‒mobilizando os conhecimentos prévios sobre texto argumentativo;
‒‒integrando e reutilizando os conhecimentos prévios sobre os procedimentos
das fases e etapas de redação.
3. Conteúdos
1. Texto argumentativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Introdução: exposição da tese (proposição)
1.2.2. Desenvolvimento: demonstração da tese (corpo da argumentação)
1.2.3. Conclusão: dependendo da argumentação
1.3. Recursos discursivo-textuais
4. Recursos
• Texto de apoio 3.5.1. Processo de argumentação
• Ficha informativa 3.5.1. Texto argumentativo
• Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo
• Grelha autocorretiva 3.5.1. Texto argumentativo
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:152-162; Koch, 2011:72, 154; Neves, e Oliveira,
2001:111-143; Platão e Fiorin, 2009:281-301; Abreu, 2006:47-48; 52-53; Koch, 2006:146-149; Granatic,
1996:76-80, 94-98; Garcia, 1992:370-381; Rei, 1995:88-99.
Exemplo: 1
1. Elaborado com base em Granatic, 1996:95, de onde foi extraído o texto, com adaptações.
Recursos
1. Argumentação (em sentido lato): apresentação de uma tese e de um conjunto de
argumentos (provas) interligados ou processo de análise por raciocínio lógico (cons-
trução de relações de causa e efeito/consequência, de analogia, de oposição, entre
outras), com o objetivo de demonstrar a tese e levar o ouvinte/leitor a aceitar o ponto
de vista defendido, intervindo, assim, nas opiniões, atitudes ou comportamentos do
ouvinte/leitor.
• Argumento: procedimento linguístico que tem a função de convencer, persuadir, in-
fluenciar.
‒‒ São declarações que servem de suporte ou prova (evidências, razões) a outras
declarações.
‒‒ Numa sequência, qualquer declaração pode adquirir o estatuto linguístico de argu-
mento ou de conclusão, dependendo da relação que o locutor/escrevente estabe-
lece entre eles.
‒‒ Não se confunde com a opinião que precisa de ser fundamentada nem com o insul-
to que revela falta de argumentos.
‒‒ Somente a partir de dados fiáveis e suficientes é que se pode fazer uma generali-
zação.
• Direção do argumento:
‒‒ a favor: exprime concordância (é verdade, é certo, é evidente, é possível que...)
‒‒ contra: contesta, refuta a validade de uma afirmação ou opinião.
‒‒ parcial: considera certos aspetos, fatores ou circunstâncias (é possível que, em
certos casos, tenha razão; em parte, talvez, tenha razão).
Tipos de argumentos
a) Evidências
• Factuais/científicos (muitas vezes designado de evidência, prova concreta) – algo
que acontece ou resulta de estudo científico: Ele está sempre perto de mim.
• Exemplo – caso particular, real ou fictício, típico ou representativo de uma situação:
Ele preocupa-se tanto comigo que me telefona todas as semanas.
• Ilustração – narra em detalhe e com pormenores de descrição um facto verdadeiro
ou fictício: No ano passado esteve um mês fora em trabalho. Foi para Lisboa fazer
um estágio. E passou a telefonar-me uma vez por semana.
• Dados estatísticos: tabelas, números, mapas...
• Testemunho – facto apresentado por autoridade ou terceiros (testemunhas): F tes-
temunha que ele lhe telefona X vezes durante a manhã e X durante a tarde...
b) Outros
• Autoridade – citação da opinião de alguma pessoa (autor, pesquisador, especia-
lista), entidade, obra ou documento (leis ou outros) ou instituição, com prestígio e
ligado ao tema.
• Consensuais – verdades e princípios universais de aceitação generalizada e apre-
sentados sob forma de raciocínio reduzido: Em toda a parte considera-se que...
‒‒ Como têm baixo grau de informatividade, devem ser aproveitados apenas como
ponto de partida para a argumentação.
‒‒ Distinguem-se do argumento baseado no senso comum que apresenta lugares
comuns, ou seja, juízos de valor, de fundo preconceituoso e sem comprovação
científica e que devem ser evitados.
• Experiência pessoal – experiências vividas, sobretudo se reiteradas: Comprovei
repetidas vezes
• Semelhança com algo que é bem aceite
• Como desenvolver a argumentação?
1.º Escolher o tema (futebol, por exemplo)
2.º Colocar problemas sobre o tema, recomendando-se usar perguntas (O calen-
dário de futebol é o mais adequado ao país? O que pode ser feito para garantir
isenção na escolha dos árbitros? O que se pode fazer para pôr fim ao doping no
futebol?)
3.º Escolher um problema: O que se pode fazer para pôr fim ao doping no futebol?
4.º Formular hipóteses, ou seja, possíveis respostas para o problema colocado
‒‒ Hipótese 1: Para pôr fim ao doping no futebol não se deve exigir tanto dos fute-
bolistas.
‒‒ Hipótese 2: Para pôr fim ao doping no futebol deve-se apertar o controlo.
‒‒ Hipótese 3: Para pôr fim ao doping no futebol deve-se punir exemplarmente os
infratores.
‒‒ Etc.
5.º Escolher a melhor delas, que passa a ser a tese (uma declaração que admite
divergência e, portanto, argumentável).
6.º Construir a argumentação, mediante a estrutura típica da argumentação informal:
i) sustentação: defender a hipótese escolhida (tese), formulando os argumentos
a favor, fazendo à tese a pergunta: por quê? ii) refutação: contradizer uma tese,
com a qual não se concorda. O procedimento pode ser: (a) refutação defensiva
que consiste em contradizer a tese, demostrando que os argumentos que a sus-
tentam (favoráveis) não têm consistência (frágeis, pouco sérios, viciados); e (b)
refutação ofensiva que consiste em defender o contrário da tese que se está a
refutar; iii) contra-argumentação: tratar a tese contrária, refutando os argumentos
contrários à própria tese, usando-os a favor da tese que se pretende defender e,
assim, antecipar o leitor; iv) negociação: incorporar o ponto de vista ou tese de
outra pessoa, enfraquecendo a argumentação alheia.
2. Linguagem
• Índices específicos de coesão e coerência:
• Articuladores argumentativos (locuções conjuntivas e advérbios e locuções adver-
biais) que: i) introduzem os argumentos: já que, pois, como, dado que, etc.; mais
fortes (e até, mesmo, até mesmo, inclusive, etc.); menos forte (nem mesmo); dei-
xam perceber que há outros mais fortes (ao menos, pelo menos, no mínimo etc.);
somam argumentos (e, também, ainda, nem, não só...mas também, tanto...como,
além de..., além disso, a par de...aliás, etc.); e ii) introduzem a conclusão (logo,
assim, portanto, por conseguinte, desse modo, dessa forma, de forma que, assim,
sendo assim, diante disso, dado o exposto, em virtude dos argumentos apresen-
tados, levando-se em conta o que foi observado, nesse sentido, por tudo isso, por
consequência, etc.).
• Articuladores que indicam a ordenação dos argumentos: em primeiro lugar, em
segundo lugar, a seguir, por último, finalmente, etc.
• Conectores que indicam as seguintes relações lógicas: causal, condicional, com-
parativa, concessiva, etc.
• Tempo e modos verbais que indicam atualidade e factualidade: presente e imper-
feito do indicativo.
• Atos de fala para: exprimir opinião, provar, demonstrar, convencer, persuadir, justi-
ficar, conceder ou refutar pontos de vista.
• Pessoas gramaticais: predomínio da 3ª pessoa dos verbos e pronomes, para cons-
truir um efeito de impessoalidade.
• Vocabulário: rico e preciso
• Verbos: que indicam relações de causa e efeito (causar, provocar, originar, ocasio-
nar, suscitar, motivar, etc.); e valores modais (querer, dever, ser preciso,...) ; verbos
para relatar discurso (afirmar, declarar, considerar, alegar, etc.)
• Modalizadores: para a expressão de opinião (crer e parecer, duvidar, achar,...)
• Qualidade da linguagem: sóbria, objetiva, modalizada, de acordo com a variedade
padrão e registo formal.
Procedimentos de redação
1.º Preparação/planificação
a) Formular a tese, produzindo um enunciado que exprima a ideia principal que
se quer defender, ou
b) Elaborar uma lista de teses para, depois, escolher uma, realizando as seguintes
operações: i) reagrupar as teses em três categorias (ideias idênticas, ideias
claramente opostas, ideias mais completas e com que mais se identifica); ii)
avaliar a importância de cada tese e o seu grau de adesão a cada uma (da
menos importante para a mais importante); iii) escolher a sua tese, recusando
as outras
c) Definir o fim a que se destina
d) Definir o destinatário previsto, como uma pessoa concreta a quem se vai
persuadir e adequar o seu discurso e antecipar as objeções que ele vai levantar
e) Mobilizar os conhecimentos disponíveis /pesquisar e tratar a informação sobre
o tema
f) Identificar, nas informações, de modo imparcial, os argumentos favoráveis à
tese que se pretende defender
g) Identificar, nas informações, de modo imparcial, os argumentos desfavoráveis
à tese que se pretende defender
h) Formular os argumentos (determinar como a questão pode ser analisada):
que argumentos usar para defender a tese adotada e que argumentos usar
para contradizer os argumentos desfavoráveis, prevendo ou antecipando as
possíveis objeções do leitor
i) Registar argumentos próprios que exprimem a opinião sobre o tema
j) Selecionar, de entre os argumentos e contra argumentos registados, aqueles
que farão parte do desenvolvimento
k) Fazer um esquema do percurso argumentativo a seguir, decidindo sobre: i) que
aspetos do tema abordar, os momentos para introduzir os argumentos e contra-
argumentos; ii) em que ordem devem ser apresentados e iii) como o leitor será
conduzido para a conclusão (a forma de raciocínio)
l) Refletir e decidir sobre o que se vai escrever na introdução, de modo a favorecer
a compreensão do que será tratado por parte do leitor e sobre a melhor forma
de concluir o texto
m) Refletir e decidir sobre o que se vai escrever na conclusão e o procedimento a
adotar
2.º Redação
a) Redigir a totalidade do texto, sustentando a tese por meio dos recursos
argumentativos e de coesão adequados, considerando a situação e o
destinatário e cuidando da linguagem
b) Dar um título ao texto
3.º Revisão: proceder à releitura do texto escrito na etapa anterior, considerando as
decisões anteriores, avaliando o sucesso ou fracasso da argumentação, e proce-
der a eventuais reformulações
Exemplo:
No local do crime está um casaco.
O casaco é n.º 48.
A vítima usa n.º 40.
Conclusão: O casaco não é da vítima.
Exemplo:
A tua mãe não gosta de mim. Ontem, ela torceu a cara quando me viu che-
gar, e foi para a cozinha. Na hora do almoço, serviu toda a gente antes de mim.
Como se não bastasse, despediu-se secamente: “ – Até segunda.” Isto não seria
nada demais, se hoje não fosse terça-feira.
Tese: A tua mãe não gosta de mim.
Provas:
• Quando me viu chegar, torceu a cara e foi para a cozinha.
• Na hora do almoço, serviu-me em último lugar.
• Despediu-se secamente: “ – Até segunda.” Hoje é terça-feira.
a) “Estou ao teu lado já há dois anos. Sempre procurei alegrar-te quando te mostravas
triste. Foste sempre o primeiro a saber dos meus problemas e das minhas dúvidas.
Essas razões não bastam para te mostrar que sempre fui tua amiga?”
b) “Considerando o testemunho autorizado do perito criminal; considerando os
depoimentos dos parentes da vítima e dos vizinhos, aqui prestados sob juramentos;
considerando que o álibi apresentado pelo réu tornou-se sem efeito, já que foi visto
na hora do crime a trinta quilómetros de onde disse haver estado, e a duzentos
metros da residência da vítima; considerando que o réu se contradisse três vezes
nos seus depoimentos, considerando, em conjunto, todas essas evidências, este
tribunal concluiu pela culpabilidade de António Carlos Fernandes.”
6. Desenvolve a tua capacidade de contra-argumentação, listando para cada uma
das teses que se opõem, um número suficiente e idêntico de provas:
Exemplo:
Foi positivo o homem ter ido à Foi negativo o homem ter ido à lua.
lua.
• desenvolveu a ciência das comunica- • a lua não tem riquezas minerais
ções • afastou a atenção de problemas mais
• desenvolveu as ciências médicas urgentes, como a fome e a poluição
• representou um trampolim para a • o projeto espacial provocou um corte
descoberta de novos mundos na verba destinada à agricultura
ii) Compara os teus resultados, com os que te são apresentados abaixo, na Solução
N.º 1.
iii) Reflete sobre as diferenças, voltando à Ficha informativa 3.5.1. Texto
argumentativo, sempre que necessário, e tira as tuas próprias conclusões.
5.3. Redação orientada de um texto argumentativo, seguindo todas as eta-
pas do processo de escrita
i) Considera os três temas polémicos1 que te são apresentados a seguir. Escolhe um
deles para redigires um texto argumentativo.
• Legalização do aborto
• Modernização da agricultura pelo aumento dos processos de mecanização
• O controlo da natalidade nos países subdesenvolvidos
ii) Volta a reler a Ficha informativa 3.5.1. Texto argumentativo, com especial
atenção nos procedimentos de redação e nos erros a evitar
iii) Prepara a redação do um texto argumentativo sobre o tema que escolheste.
Lembra-te de que, após a escolha do tema, deves:
‒‒Mobilizar as informações sobre ele
‒‒Formular a tese
‒‒Formular os argumentos e contra-argumentos (determinar como a questão
pode ser analisada, que argumentos usar para defender a tese e refutar outras
hipóteses)
‒‒Elaborar o plano, optando por uma via de análise, decidindo sobre os momen-
tos para introduzir os argumentos e em que ordem.
iv) Revê o processo de planificação, usando a Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:152-162; Koch, 2011:72, 154; Neves, e Oliveira,
2001:111-143; Platão e Fiorin, 2009:281-301; Abreu, 2006:47-48; 52-53; Koch, 2006:146-149; Granatic,
1996:76-80, 94-98; Garcia, 1992:370-381; Rei, 1995:88-99.
22. Usar atos de fala para exprimir opinião, provar, demonstrar, con-
vencer, persuadir, justificar, conceder ou refutar pontos de vista?
23. Construir um texto impessoal, preferindo a 3.ª pessoa dos verbos
e pronomes?
24. Recorrer a verbos para relatar discurso e a verbos que indicam
relações de causa e efeito e valores modais?
25. Apresentar os meus argumentos sem parecer autoritário, moda-
lizando as minhas afirmações?
26. Manter a continuidade temática do texto?
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:152-162; Koch, 2011:72, 154; Neves, e Oliveira,
2001:111-143; Platão e Fiorin, 2009:281-301; Abreu, 2006:47-48; 52-53; Koch, 2006:146-149; Granatic,
1996:76-80, 94-98; Garcia, 1992:370-381; Rei, 1995:88-99.
6. Prática da língua1
6.1. Lê e compara os textos a seguir quanto à consistência dos argumen-
tos que apresentam. Cf. Solução N.º 3.
Texto 1 Texto 2
No mundo de hoje, chamado A violência é gerada principal-
de “moderno”, o meio ambiente tem mente pelo facto de a maioria da
sido desprezado pelo ser humano, população não ter onde morar e às
que só pensa em bens materiais. vezes o que comer, a partir disso, o
Se for necessário destruir todo um miserável vai ser obrigado a roubar
ecossistema para fazer um prédio onde começa a violência.
e ganhar dinheiro, isso com certeza
Aluno do 3.º ano do ensino médio
acontecerá.
Aluno do 1.º ano do ensino médio
O casamento perfeito
Progredir e preservar o que é isto?
Para muitos, são apenas duas das milhares de palavras, que constam do
vocabulário português.
Enganam-se porém, pois muito mais do que duas meras e simples palavras,
são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano.
Fundamentais por quê? Muitos se perguntam.
Porque apenas a preservação do meio ambiente, sem o progresso não
adiantaria nada, pois se isso tivesse acontecido, viveríamos ainda como “Adão e
Eva”. Ao mesmo tempo, o progresso desenfreado sem a companhia da preser-
vação do meio ambiente, seria outro fator negativo, pois com o tempo todos nós
acabaríamos morrendo com a tamanha poluição que se formaria com o passar
do tempo.
Para progredirmos é necessário vivermos.
Pensando apenas na vida da natureza, muitos ecologistas se esquecem que
é preciso haver o progresso para haver a vida humana. Do mesmo modo, muitos
empresários, pensando apenas no progresso, se esquecem que é preciso haver
a vida humana para haver o progresso.
Agora unidos, ecologistas e empresários realizariam um casamento perfeito
e os frutos desse casamento seriam um mundo progredido e preservado.
Aluno do 3.º ano do ensino médio
ii) Depois, reflete sobre as informações e o que já sabes sobre este assunto, procurando
responder às seguintes questões e outras mais que achares por bem: E tu, o que
pensas sobre a situação da doença e das formas de prevenção adotadas até agora?
O que mais pode ser feito? Concordas com a posição da educadora Mª. Judith
S. Costa Lins? Ou acreditas que são precisas novas políticas para combater a
propagação desta doença? Se for necessário, procura mais informações e toma
uma posição.
iii) Redige um texto argumentativo, usando a Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo.
iv) Concluído o texto, faz a sua revisão, servindo-te da Grelha autocorretiva 3.5.1.
Texto argumentativo e faz as alterações necessárias.
v) Passa-o a limpo.
vi) Reúne-te com um grupo de colegas e lê o texto para eles. Ouve as suas sugestões
e, se achares que fazem sentido, altera o que for necessário.
vii) Faz uma redação final e apresenta-o ao teu professor no atendimento ou coloca-o
no teu portefólio para ser lido por ele.
Soluções
b) Solução
c) Solução
7. Falhas da argumentação:
7.1. Solução
a) Prova falsa: Pessoas de grandes cabeças têm cérebros grandes, pessoas de
cérebros grandes são intelectuais.
b) Provas que não apoiam a conclusão: Esse menino está a viver problemas
terríveis: o pai está doente, o irmão virou criminoso, a irmã fugiu de casa, uma
tragédia.
c) Provas que não apoiam a conclusão: O meu cliente é um pai extremoso, marido
exemplar, trabalhador honesto, cidadão cumpridor dos seus deveres. Acredito
nos seus bons sentimentos e na sua consciência comunitária.
7.2. São exemplos de generalizações, sem provas suficientes:
a) Os brasileiros são preguiçosos, como a maioria dos latino-americanos.
b) Os meteorologistas sempre erram.
7.3. Nesses exemplos, confunde-se a ideia e o autor:
a) O facto de os antepassados e os pais terem iniciado a devastação contemporâneas
não tira a autoridade moral do senhor defender a natureza.
b) O professor não é o único a ter competência para criticar o ensino do português.
Legalização do aborto
Introdução Muito se discute sobre a legalização do aborto.
Desenvolvimento Considerando o grande número de abortos clandesti-
nos, sobretudo nas camadas mais desfavorecidas, a sua
legalização permitiria que as mulheres, ao optarem por
Aspetos favoráveis ele, fossem convenientemente assistidas em instituições
médicas adequadas.
De acordo com as conceções que norteiam a moral
da nossa sociedade, o aborto é encarado como um aten-
Aspetos contrários
tado à vida, que já se faz presente no momento da conce-
ção e da formação embrionária.
Considerando todos esses aspetos, seria melhor le-
Conclusão galizar o aborto pois a sua legalização não o torna obri-
gatório.
Análise:
O texto apresenta diferentes tipos de problemas:
1. Estruturação dos parágrafos: poderia conter apenas quatro parágrafos
2. Sérios problemas de progressão textual: é desenvolvido a partir de um único ar-
gumento – preservação do meio ambiente e progresso são fundamentais e devem
andar juntos – e, consequentemente, as ideias giram à volta desse argumento e,
assim, alcançam pouca profundidade
3. Pontuação e regência
Reformulação (alterando minimamente o texto):
O casamento perfeito
Progredir e preservar (vírgula) o que é isto? Para muitos, são apenas duas das
milhares de palavras, (vírgula desnecessária) que constam do vocabulário portu-
guês.
Enganam-se porém, pois muito mais do que duas meras e simples palavras,
são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano. Fundamentais por quê?
Muitos se perguntam.
Porque apenas a preservação do meio ambiente, sem o progresso (vírgula) não
adiantaria nada, pois se isso tivesse acontecido, viveríamos ainda como “Adão e
Eva”. Ao mesmo tempo, o progresso desenfreado sem a companhia da preservação
do meio ambiente, seria outro fator negativo, pois com o tempo (vírgula) todos nós
acabaríamos por morrer com a tamanha poluição que se formaria com o passar do
tempo. Para progredirmos (vírgula) é necessário vivermos.
Pensando apenas na vida da natureza, muitos ecologistas se esquecem (de)
que é preciso haver o progresso para haver a vida humana. Do mesmo modo, mui-
tos empresários, pensando apenas no progresso, se esquecem (de) que é preciso
haver a vida humana para haver o progresso.
Agora, unidos, ecologistas e empresários realizariam um casamento perfeito e
os frutos desse casamento seriam um mundo progredido e preservado.
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Esta subunidade – Resumo e sumário – faz parte da unidade Reescrita de textos,
que tem como finalidade aprenderes a escrever alguns dos textos que são escritos a
partir de outros: resumo, sumário, síntese, paráfrase e definição.
Com essa finalidade, o caminho que te propomos é, a partir de textos já estuda-
dos em Leitura, primeiro, perceberes as características do resumo e do sumário, de-
pois, praticares os procedimentos que são utilizados para os escrever, nomeadamente
os que permitem reduzir um texto e, finalmente, redigires estes tipos de textos com
recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados e com autonomia.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Selecionar as ideias fundamentais do texto a resumir, distinguindo-as das
acessórias;
• Utilizar, conscientemente, as regras de redução da informação: supressão, ou
eliminação (apagamento) generalização, integração e construção;
• Reescrever um texto, resumindo-o;
• Reescrever um texto, sumariando-o.
3. Conteúdos
1. Resumo e sumário
1.1. Definição
1.2. Condições de uso
1.3. Características: brevidade, rigor, objetividade, clareza, autossuficiência e ori-
ginalidade
1.4. Procedimentos de redução da informação: supressão, ou eliminação genera-
lização, integração e construção
4. Recursos
• Texto de apoio 4.1.1. Enunciados de tópicos de textos lidos
• Texto de apoio 4.1.2. Resumo do texto O cão
• Texto de apoio 4.1.3. Sumário do texto O cão
• Texto de apoio 4.1.4. Procedimentos de redução da informação
• Texto de apoio 4.1.5. Resumo e sumário do texto Linguagem obscena
• Ficha informativa 4.1.1. Resumo e sumário
• Ficha guia 4.1.1. Resumo
• Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo
O cão1
• Por que o cão compreende?
‒‒ Devido ao hábito
‒‒ Não por aptidão para a linguagem conceptual
• Exprime distintamente o que sente (alegria, pena, cólera, …)
‒‒ Capacidade vocal rica
• Manifesta-se por atitudes corporais
‒‒ Manifestação através de atitudes corporais
• Movimentos da cauda (se a tem)
‒‒ Agito (contente, com vontade de brincar)
‒‒ Imobilidade e posição horizontal (inquieto, na expectativa)
‒‒ Caída (medo)
• Mímicas da fácies
‒‒ Orelhas erguidas e o olhar franco: alegre curiosidade
‒‒ Olhos turvos: angústia
‒‒ Bochechas arreganhadas: reações defensivas ou agressivas, etc.
‒‒ Dar a pata
• Estes comportamentos constituem formas de linguagem
Linguagem obscena2
• Palavrões para quê?
• Definição dos palavrões
• Os palavrões, forma de contestação
‒‒ Na infância
‒‒ Na adolescência
• Diferença entre linguagem obscena e gíria
• A linguagem obscena como obstáculo à comunicação
Elaborado por: F
O cão, devido ao hábito e não por ter aptidão para a linguagem conceptual,
é capaz de compreender o que lhe diz o homem e de se fazer compreender aos
outros.
Para além disso, o cão manifesta-se através de atitudes corporais: os mo-
vimentos da cauda, se a tem – confiança; agressividade, agita-a; inquietação,
na horizontal; medo, caída; da mímica do fácies: as orelhas erguidas e o olhar
franco (alegre curiosidade); olhos turvos (angústia); bochechas arreganhadas
(reações defensivas ou agressivas); e dar a pata.
Estes comportamentos constituem diversas formas de linguagem compreen-
síveis pelo homem e pelos cães.
ii) Identifica expressões e frases e ou períodos que foram substituídos por outros,
mais reduzidos, e como o autor do resumo terá procedido para o conseguir. Para
isso, volta a comparar os dois textos, verificando quando é que foram realizados
alguns dos procedimentos abaixo listados. Regista todos os levantamentos que
fizeres.
‒‒Apagou conteúdos que o leitor pode inferir facilmente a partir dos seus conhe-
cimentos?
‒‒Apagou sequências de expressões que indicam sinonímia ou explicação?
‒‒Apagou exemplos?
‒‒Apagou justificações de afirmação?
‒‒Apagou argumentos contra a posição do autor?
‒‒Reformulou informações, utilizando termos mais genéricos.
‒‒Conservou todas as informações, em alguns casos? Por que não terá procedido
como nas outras circunstâncias?
iii) Compara as tuas respostas com a Solução N.º 1 e tira as tuas próprias conclusões.
5.3. Observando e compreendendo o sumário
i) Lê o sumário produzido a partir do resumo do texto O cão e constante do Texto
de apoio 4.1.3. Sumário do texto O cão, comparando esses dois textos, e tirando
conclusões.
Elaborado por: F
A força do hábito (e não uma aptidão para a linguagem conceptual) leva o
cão a compreender o que lhe dizem e a fazer-se compreender, manifestando-se
sobretudo através da cauda, da mímica facial e dando a pata.
analítico (abarca mais informações), resumo crítico (resumo para ser publicado em
revistas especializadas, resenha).
Apresentação: no início do resumo, há uma indicação clara do título e do autor do
texto resumido
Características gerais
• Brevidade: os principais tópicos do texto são apresentados de forma abreviada,
devendo-se atender à extensão indicada ou à proporção do texto original/texto
resumo (não ultrapassar 1/3 do texto, quando não são indicados os limites).
• Rigor
‒‒ As ideias fundamentais do autor são reproduzidas com fidelidade, sem erros,
deturpações, omissões de ideias nucleares ou acrescento de outras
‒‒ A ordem em que as ideias são apresentadas e as relações entre elas devem ser
mantidas
‒‒ A estrutura e o tipo de enunciação (tempos e pessoas), bem como as articulações
lógicas devem ser respeitados
• Objetividade: o estilo deve ser neutro; o recurso a um estilo muito pessoal ou
excessivamente marcado pelo do autor pode levar a deturpar as ideias do texto-fonte.
• Clareza: os factos ou ideias fundamentais são apresentados numa linguagem clara,
isto é, sem qualquer confusão ou ambiguidade.
• Autossuficiência: o texto deve conter todos os elementos necessários para ser
compreendido por si mesmo, ou seja, mesmo por um leitor que não conhece o texto
original.
• Originalidade: o conteúdo é traduzido na linguagem própria de cada leitor (de um
modo pessoal), embora apenas transmita o ponto de vista do autor
‒‒ Podem ser usados os mesmos vocábulos do texto original. Contudo, devem ser
selecionados de modo a evitar a repetição e palavras inexpressivas ou supérfluas.
As palavras cultas podem ser substituídas por palavras comuns, embora se
conservem vocábulos técnicos ou científicos quando o assunto o exija
‒‒ É admissível apenas uma curta citação, entre aspas, que se destaca pelo seu
conteúdo e forma
‒‒ Deve-se transformar o discurso direto em indireto.
Procedimentos de redação
1.º Leitura do texto a resumir (50% do tempo) para o compreender, correta e objeti-
vamente, na sua globalidade e a sua organização, através de uma boa leitura e
estudo detalhado, usando, especialmente, as seguintes estratégias de:
a) Compreensão do sentido global do texto
i) Identificação do tópico de cada parágrafo, sublinhando a palavra ou grupos de
palavras que apresentem as ideias essenciais
ii) Identificação da ideia fundamental de cada parágrafo, traduzindo-as em palavras
e frases simples que são anotadas à margem ou na folha de rascunho (a
observação de como foi desenvolvido o parágrafo ajuda na compreensão)
iii) Procura das palavras-chave de cada parágrafo e descobrir o seu sentido pelo uso
ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 2.
Tira as tuas próprias conclusões.
5.5. Redação de resumo e de sumário
i) A partir do enunciado de tópicos do texto Linguagem obscena, constante do
Texto de apoio 4.1.1. Enunciados de tópicos de textos lidos, resume esse texto
e redige o seu sumário, usando a Ficha guia 4.1.1.Resumo.
1. Adaptado de Machado et al., 2004:57-58; e de Técnicas e Modelos de escrita (mímeo) s/data e s/indica-
ção do autor. P.29.
ii) Avalia o teu trabalho com auxílio da Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo e, se
necessário, reformula-o.
1. Adaptado de Machado et al., 2004:57-58; e de Técnicas e Modelos de escrita (mímeo) s/data e s/indica-
ção do autor. P. 29.
iii) Compara a tua versão final com a que te é apresentada na Solução N.º 3.
6. Prática da língua
6.1. Substitui as construções sintáticas e lexicais abaixo por outras mais
englobantes1. Cf. Solução N.º 4.
a) Estamos a assistir
b) … torna, obviamente, cada vez mais importante, (…), a opinião pública…
c) … um filme que é uma referência na conjugação entre música, texto, mímica da
representação e cenografia…
d) Ao estimular o crescimento
e) As composições provençais eram satíricas. Essas composições serviam para
ridicularizar costumes.
6.2. Resumo de um texto
a) Resume o Texto Saber ler, abaixo, usando a Ficha guia 4.1.1. Resumo. Cf. Solução N.º 5.
b) Avalia o resumo produzido mediante a Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo.
c) Reformula o resumo a partir dos resultados dessa avaliação, se for necessário.
Saber ler
Toda a gente culta lamenta que, nos países civilizados, ainda haja muitos seres hu-
manos que não sabem ler. Parece-nos isto uma vergonha para a civilização. De facto o
é. Poucos, todavia, de entre toda essa gente culta, chegam a meditar um pouco sobre
as vantagens e desvantagens de saber ou não saber ler.
A primeira vantagem de saber ler – primeira, por ser a que imediatamente ocorre
a qualquer pessoa – é de ordem prática. Evidente se torna que, neste nosso mundo
moderno, o analfabeto está praticamente inibido de muitas coisas. Mas outra vantagem
– talvez não menos importante – oferece a leitura, que é de abrir o acesso à cultura.
Analfabetos há que, pela experiência da vida, pelo trato com os homens, pelos dons
naturais, adquirem aquele grau de cultura já implicada. E homens há que sabem ler
mas não sabem dispor dessa estupenda vantagem, e então como que ficam analfabe-
tos apesar de saberem ler.
José Régio, In O Grito n.º 5, de 1 de Abril de 1960 (Texto submetido a ligeiras alterações formais)
Soluções
1. Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas. (a – Apagamento
de conteúdos facilmente inaferíveis a partir do nosso conhecimento do mundo)
Observação: a oração suprimida é facilmente inferível da anterior, devido a nos-
so conhecimento do mundo.
2. Discutiremos a construção de textos argumentativos, isto é, aqueles textos nos quais
o autor defende determinado ponto de vista por meio do uso de argumentos, procu-
rando convencer o leitor da sua posição. (b – Apagamento de sequências de expres-
sões que indicam sinonímia ou explicação)
Observação: a oração introduzida por “isto é” é explicação de “textos argumen-
tativos” e, portanto, pode ser excluída.
3. Não corra tanto com o seu carro, pois quando se corre muito, não é possível ver a
paisagem e, além disso, o número de acidentes fatais aumenta com a velocidade.
(d – Apagamento das justificações de uma afirmação)
Elaborado por: F
Versão A1
Partindo das premissas – há pessoas que dizem palavrões e ambientes em
que se produzem palavrões – o autor revela a agressividade e a violência que
eles contêm, exemplificando.
Considera, em seguida, as formas específicas da linguagem de diversos
grupos socioprofissionais e compara-as com a linguagem obscena para concluir
que, enquanto as primeiras enriquecem a língua, a segunda não só a empobre-
ce, como impede a transmissão do pensamento, sendo, portanto, um obstáculo
à comunicação.
Versão B
Os palavrões são usados por certas pessoas e em determinados ambientes.
Por meio deles, revela-se na linguagem a agressividade e a violência. Tam-
bém são uma forma de contestação na infância e na juventude, épocas em que
são usados para mostrar independência e revolta contra os adultos.
Enquanto as gírias (formas específicas da linguagem de diversos grupos so-
cioprofissionais) enriquecem a língua, a linguagem obscena não só a empobre-
ce, como impede a transmissão do pensamento, sendo, portanto, um obstáculo
à comunicação.
Sumário2 de A Linguagem obscena de Alberoni. In Público e Privado. Lisboa.
Bertrand Editora. Cap. 17. Pp. 77 e 78.
Elaborado por F
O autor demonstra que os palavrões não são mais do que uma linguagem
degradada que impede a comunicação e que implicam um retrocesso ao estado
animalesco.
a) Assiste-se.
b) a opinião pública ganha importância
c) “… um filme que é uma referência na conjugação das artes cinematográficas”
(uso de hiperónimo)
d) estimulando o crescimento (recurso ao gerúndio)
e) As composições provençais eram satíricas pois, ridicularizavam costumes.”
(recurso a oração complexa)
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Esta subunidade – Síntese – faz parte da unidade Reescrita de textos, que tem
como finalidade aprenderes a escrever alguns dos textos que são escritos a partir de
outros: resumo, sumário, síntese, paráfrase e definição.
Na sequência da redação do resumo e do sumário, pretende-se, nesta subunida-
de, que, primeiro, te apropries das características e dos procedimentos específicos
para redigir a síntese, nomeadamente a comparação de textos e as formas de atribuir
atos aos autores dos textos sintetizados. Finalmente, convidamos-te a redigir este
tipo de texto com recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados
e com autonomia.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de redigir sínteses de textos
de conteúdo idêntico, realizando as seguintes operações:
• Organização das informações dos textos em esquema para uma visão de con-
junto dos mesmos, integrando as ideias principais e secundárias;
• Comparação de textos, identificando informação específica semelhante, dife-
rente e complementar;
• Seleção de informação para elaboração do plano da síntese;
• Apreciação das ideias e intenções fundamentais dos autores;
• Redução da informação;
• Atribuição de atos aos autores dos textos-fontes.
3. Conteúdos
1. Síntese
1.1. Definição
1.2. Condições de uso
1.3. Características idênticas e distintivas face ao resumo
1.4. Regras de redução da informação: supressão ou eliminação; integração; ge-
neralização e construção
4. Recursos
• Texto 4.2.1. Portugal e Espanha1
• Texto 4.2.2. A Relação de Portugal com a Europa
• Texto 4.2.3. Promessas não: certezas!
• Texto 4.2.4. Jornadas com muita graça
• Texto 4.2.5. Olés e Palmas
• Texto de apoio 4.2.1. Leonardo Boff…2
• Texto de apoio 4.2.2. Atribuição de atos
• Ficha informativa 4.2.1. Síntese
• Ficha guia 4.2.1. Síntese
• Grelha autocorretiva 4.2.1. Síntese
1.Textos 4.2.1. e 4.2.2 extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:70, com títulos da nossa responsabilidade; e
textos 4.2.3, 4.2.4 e 4.2.5, idem: 81-82.
2. Machado, et al. 2004:16.
3. Esta sequência bem como os textos e as soluções foram extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:70-74, por
vezes com adaptações.
Resumo Síntese
Diz respeito a um texto, um docu- Realiza-se a partir de informações múl-
mento único tiplas, textos e informações de uma grande
diversidade de fontes ou origens
Coloca-se o foco na restituição das Permanece o rigor na restituição das
informações, com fidelidade às ideias informações, mas há liberdade na ordem e
do texto-fonte e na ordem em que nele organização das ideias
aparecem
É feito colocando-se do ponto É concebida a partir do destinatário,
de vista do autor do texto original, do público visado, tendo em conta as suas
reproduzindo as suas ideias com expetativas, necessidades de informação,
fidelidade; é como se ele apresentasse objetivo que se fixou (informar, convencer
de forma reduzida o seu próprio ou orientar a sua decisão), sendo os textos
pensamento apresentados na 3.ª pessoa
Não ocorre citação do autor e do Ocorre a indicação e atribuição de atos
texto aos autores dos textos resumidos, interpre-
tando o texto e usando o verbo adequado,
com menções frequentes aos autores dos
textos resumidos, para que o leitor não pen-
se que as ideias são do autor da síntese
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Bastos & Fidalgo, 1990:25-30 e 33-36; Benoit, 1991:26; Amor,
1993:135-138; Rei, 1995:81-85; Serafini, 1996:148-152; Neves e Oliveira, 2001:44-46; Machado, 2004;
Fernandes e Campos, 2005; Abreu, 2006; Nascimento e Pinto, 2006:143-150; Medeiros, 2008:123-143.
1. Apresentação de organismos
Balanço
Fonte Estatuto Missões Meios Funcionamento Controlo
Ativo Passivo
Texto 1
….
2. Exposição de regulamentação
Dificuldades de
Circunstância/
Implementação
Espírito do
Propostas
Campo de
legislador
Conteúdo
Exceções
aplicação
contexto
Aplicação
Fonte
Texto 1
….
3. Análise de problema
Diagnóstico
Condições
Problema
Soluções
Situação
de êxito
Fonte
Consequências
Curto Médio
Texto 1
prazo prazo
….
4. Pesquisa
Situação e
Fonte Problemas Soluções
contexto
Texto 1
….
5. Outras categorias
N.B. As diferentes categorias destas grelhas podem variar de um texto para outro.
Oliveira Martins
vi) Compara o que fizeste com os resultados que te são apresentados na Solução
N.º 2. Reflete e tira as tuas próprias conclusões.
vii) Nesta etapa, deves apreciar o conteúdo dos dois textos. Para isso, copia a grelha
abaixo para uma folha de papel e procura completá-la. Relembra as observações
feitas sobre as categorias da grelha de comparação de textos, acima.
viii) Compara os teus resultados com os que constam da Solução N.º 3. Reflete e tira
as tuas próprias conclusões.
ix) Com base nos resultados das etapas anteriores, elabora o plano da síntese dos
dois textos.
x) Como nas outras etapas, propomos-te uma solução para comparares os teus
resultados e tirares as tuas próprias conclusões. Cf. Solução N.º 4.
xi) Redige a síntese, a partir do plano e, depois, compara-o com o que te é apresen-
tado na Solução N.º 5.
5.2. Atribuição de atos aos autores dos textos-fonte1
Neste ponto, sugerimos-te aprofundares o domínio dos procedimentos para atri-
buir atos aos autores dos textos que vais sintetizar. Para isso, faz o que te propomos:
i) Lê o Texto de apoio 4.2.1. Leonardo Boff…, abaixo, e, com recurso à Ficha
informativa 4.2.1. Síntese, identifica e sublinha, os verbos que indicam atos
atribuídos ao autor do texto-fonte:
1. Nesta sequência, segue-se de perto Machado et al., 2004, de onde foram extraídas as atividades (p. 16 e
49) e a Solução (p. 68), com adaptações.
ii) Na margem do texto, redige uma frase curta em que explicas os significados
desses verbos. Depois, compara o teu trabalho com o que te é apresentado na
Solução N.º 6.
5.3. Redação autónoma de uma síntese1
i) Lê, com cuidado, a Ficha guia 4.2.1. Síntese, a seguir, para te inteirares do seu
conteúdo.
1. Proposta de trabalho e Textos 4.2.3. Promessas não: certezas!, 4.2.4. Jornadas com muita graça e 4.2.5.
Olés e palmas extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:70-74 e 80-81.
ii) Com auxílio da Ficha guia 4.2.1. Síntese, redige a síntese dos Textos 4.2.3. Pro-
messas não: certezas!, 4.2.4. Jornadas com muita graça e 4.2.5. Olés e palmas,
abaixo, percorrendo todas as etapas: da leitura à redação.
O bom do encontro foi não ter havido nem propostas nem conclusões for-
mais. Algumas desilusões anteriores levam-me a tomar como positiva esta verifi-
cação negativa. Lembro-me de um encontro em Tróia, com a presença do então
Presidente da República Ramalho Eanes e dos ministros da Cultura português e
espanhol, onde se produziram propostas e conclusões a rodos, que resultaram
em coisa nenhuma. Este encontro de Madrid, que não quis fazer promessas,
talvez venha a trazer-nos melhores certezas.
Foram umas jornadas com muita graça. A organização esteve bem e o aco-
lhimento espanhol caloroso. Foi muito agradável ver que tanto o público espa-
nhol como a Imprensa estão sensíveis à Literatura e à Cultura portuguesas.
Importantes foram as posições defendidas no sentido de que se desenvolva um
tipo de valorização das literaturas ibéricas pelos próprios dois países, em vez da
submissão aos centros de discussão e da valorização que se colocam invaria-
velmente fora da Península e que estão contribuindo para a criação de efeitos de
moda na sua maioria aleatórios.
iii) Usando a Grelha autocorretiva 4.2.1. Síntese, avalia a tua síntese e reformula-a
se for o caso.
iv) Compara os resultados a que chegaste, em cada etapa, com os que te são apre-
sentados na Solução N.º 7.
6. Prática da língua
6.1. Considera, no quadro abaixo, os verbos para indicar diferentes atos
do autor. Em seguida, lê os textos e preenche os espaços dos sumários
correspondentes com os verbos mais adequados1. Cf. Solução N.º 8.
Texto 1
Sumário do texto 1
1. Cf. Machado et al., 2004, de onde foram extraídas as atividades (p. 50-51) e a Solução (p. 69), com adap-
tações.
Texto 2
Um amigo disse-me:
Não guarde nada para uma ocasião especial. Cada dia que se vive é uma
ocasião especial.
Ainda estou a pensar nestas palavras… já mudaram a minha vida. Agora
estou a ler mais e a limpar menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem
me preocupar com as pragas. Passo mais tempo com a minha família e menos
tempo no trabalho. Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências
a desfrutar, não para sobreviver. Já não guardo nada. Uso os meus copos de
cristal todos os dias. Coloco uma roupa nova para ir a supermercado, se me dá
vontade. Já não guardo o meu melhor perfume para ocasiões especiais, uso-o
quando tenho vontade.
Sumário do texto 2
Texto 3
Sumário do Texto 3
6.2. Junta aos textos já sintetizados (Texto 4.2.3. Promessas não: certe-
zas!; Texto 4.2.4. Jornadas com muita graça; e Texto 4.2.5. Olés e palmas)
os textos a seguir1. Lê-os com cuidado e completa as grelhas. Com base
nelas, elabora o plano e redige a síntese dos seis textos. Cf. Solução N.º 9.
A Oportunidade de um encontro
O que me espanta é que ainda hoje haja pessoas em Portugal para quem
a expansão da literatura portuguesa é um mito ou uma fabricação artificial do
Instituto Português do Livro! O que se passou em Madrid durante estes dias de-
monstra exatamente o contrário: é claro que os escritores portugueses não são
os mais divulgados nas livrarias dos aeroportos, mas quem tiver outras fontes
de informação poderá aperceber-se de que existe uma atenção autêntica, uma
disponibilidade favorável ou mesmo uma cumplicidade entusiástica. E os resul-
tados estão à vista: a exploração pessoana, as múltiplas traduções de Eugénio
de Andrade, o prestígio de Torga, o sucesso editorial (com edições esgotadas)
de um José Saramago ou de uma Lídia Jorge. Ou ainda a descoberta de um
Herberto Helder ou a consagração de um Cardoso Pires.
Esbater as diferenças
Cara a cara
Vejo com alegria que Portugal e a Espanha, finalmente, estão cara a cara,
procurando ultrapassar as diferenças para se encontrarem. Julgo que será útil
que as entidades que procuram intensificar estas relações dialoguem, para
que cada parte possa colher da experiência da outra, processos que têm sido
frutíferos.
Aos que trabalham no próprio interior destas tarefas (escritores, tradutores)
ouso pedir que não se iludam com possíveis facilidades, pois o produto final,
sem o qual só teremos discurso e boas intenções, terá de ser feito com muito
custo e amor, na solidão de cada um de nós.
Soluções
Elaborada por: F
Ambos os autores focam as relações entre os povos ibéricos, embora em
contextos diferentes, e ambos lhes atribuem grande importância.
Mas, Oliveira Martins foca somente as vantagens de uma aliança militar que
transformaria os dois países numa grande potência com peso na Europa, alian-
ça essa que os uniria perante os inimigos, e lhes permitiria continuarem separa-
dos por um respeito mútuo.
Vicente J. Silva, um texto curto, mas denso e rico de ideias, pugna por rela-
ções abertas e cooperantes entre as diversas nações europeias e o mundo, pon-
do em destaque a posição privilegiada de Portugal no diálogo com uma Espanha
pluricultural e multinacional, já iniciado por Fernando Pessoa.
Os dois textos opõem-se frontalmente, ressaltando a publicação do texto jor-
nalístico de Vicente J. Silva, no Expresso, no momento em que Portugal, mem-
bro de pleno direito da CEE, se preparava para o desafio europeu.
O essencial da tese defendida pelo historiador e pensador Oliveira Martins
(a união dos povos peninsulares) torna-se uma realidade cem anos depois, ul-
trapassando a dimensão redutora, explicável no contexto histórico, depois de
vencidas muitas etapas de aproximação, a caminho de uma cooperação a todos
os níveis.
Elaborada por: F
Os três autores (José Saramago, Lídia Jorge e Fernando Assis Pacheco)
abordam um encontro havido entre escritores portugueses e espanhóis e todos
elogiam a boa organização e participação. Contudo, os resultados são eviden-
ciados de pontos de vista diferentes: Saramago destaca o facto de não ter havi-
do propostas nem conclusões formais, augurando efeitos positivos, ao contrário
de encontros em que tal aconteceu; Lídia Jorge salienta a posição assumida
de as literaturas ibéricas deverem ser valorizadas a partir dos próprios países
produtores e não a partir de outros centros com resultados duvidosos; e, por sua
vez, Fernando Assis Pacheco põe em destaque a participação esforçada de um
pequeno editor espanhol.
Sumário do texto 1
O autor distingue os jornalistas em três tipos.
Sumário do texto 2
O autor relata o que um amigo lhe disse e mostra como as palavras desse
amigo influenciaram a sua vida, elencando diversas ações do seu quotidiano
que ele realiza de forma diferente.
Sumário do Texto 3
O autor aponta a contradição entre a existência de extensas listas de di-
reitos humanos e o facto de a maioria da humanidade não ter nenhum. Diante
disso, convida o leitor a sonhar com um mundo possível e elenca algumas das
características desse mundo.
Esbater as diferenças
1. Avaliação positiva 2.Justificação: abrir 3. Conclusão: os resul-
do encontro (1.º período) perspetivas editoriais, fa- tados esbatem as diferen-
zer amizades e aprofun- ças (último período)
dar o conhecimento entre
portugueses e espanhóis
(2.º, 3.º e 4.º períodos)
Cara a cara
1. Avaliação positiva 2. Afirmação do diálo- 3. Apelo final aos que
do encontro (1.º período go como meio de recolher trabalham no próprio inte-
do 1.º §) experiência para o encon- rior destas tarefas (escri-
tro (2.º período do 1.º §) tores, tradutores): não se
deixar iludir com possíveis
facilidades, pois o produto
final demanda muito custo
e amor individuais (2.º §)
Síntese
logarem para
ultrapassar as
_ diferenças
Boa organiza- Cobertura jorna- A exploração Abertura de O diálogo como
ção lística detalhada pessoana, as perspetivas edi- meio de reco-
Bom acolhimen- Afluência razoá- múltiplas tradu- torais lher experiência
to vel do público ções de Eugénio para o encontro
de Andrade, o
Público espa- Oportunidade
prestígio de Tor-
nhol sensível à de amizades e
Ideias idênticas ga, o sucesso
Literatura e à de aprofunda-
ou muito próxi- — editorial de um
Cultura portu- mento de co-
mas José Saramago
guesas nhecimento en-
ou de uma Lídia
tre portugueses
Jorge, a desco-
e espanhóis
berta de Her-
berto Helder, a
consagração de
Cardoso Pires.
Ideias opostas — — — — — —
Ainda que os
escritores por-
tugueses não
sejam os mais
divulgados, a
atenção autênti-
Ideias comple- ca, a disponibi-
mentares — — — lidade favorável — —
e a cumplicida-
de entusiástica
que se verificou
no encontro
Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita
demonstram a
expansão da
literatura portu-
guesa
Foi bom não ter As literaturas Valorização da Manifestação Apelo final aos
havido nem pro- ibéricas devem participação de de espanto escritores e tra-
postas nem con- ser valoriza- um pequeno por existirem dutores para
clusões formais das a partir dos editor de uma pessoas que não se deixarem
próprios países revistinha, em pensam que a iludir com possí-
produtores vez de prosa- expansão da veis facilidades
Síntese
Ideias novas —
dores famosos literatura é um e se conscien-
e de Fernando mito ou uma fa- cializarem de
Pessoa bricação artifi- que o produto
SUBUNIDADE 4.2
cial (1.º período) final, demanda
muito investi-
mento individual
281
SUBUNIDADE 4.2
282
Síntese
gueses não se-
vos, apesar da damental a ideia ções importan- jam os mais divul- para negócios xar iludir pelos
ausência de de que as lite- tes (prosadores gados, a atenção editorais, cons- resultados posi-
produção de raturas ibéricas famosos e Fer- autêntica, a dis- trução de ami- tivos, produtos
Resumo da ideia propostas nem devem ser va- nando Pessoa), ponibilidade favo- zades e do diálogo, e
fundamental conclusões for- lorizadas a par- mas a participa- rável e a cumplici- aprofundamento devem cons-
mais tir dos próprios ção mais esfor- dade entusiástica de conhecimen- ciencializar-se
países produto- çada foi a de um que se verificou to entre portu- de que o produ-
res pequeno editor no encontro de- gueses e espa- to final demanda
de uma revisti- monstram a ex- nhóis muito investi-
nha pansão da litera- mento individual
tura portuguesa
Foca a questão Destaca a po- Compara a par- Demonstra que a Evidencia as Apela à continui-
da ineficácia sição assumida ticipação de expansão da lite- oportunidades dade do diálogo
generalizada de de como as lite- pessoas impor- ratura portuguesa que encontros como forma de
Importância de
encontros raturas ibéricas tantes e a de é um facto do tipo propor- aprofundamento
cada texto
devem ser valo- pessoas mais cionam do encontro en-
rizadas modestas tre portugueses
e espanhóis
Criticar Informar Destacar os par- Argumentar a fa- Explicar
ticipantes vor da tese de
As intenções de
que a literatura —
cada um
portuguesa está
em expansão
Síntese SUBUNIDADE 4.2
Guião de aprendizagem
1. Sinopse
Esta subunidade – Paráfrase –, faz parte da unidade Reescrita de textos, que tem
como finalidade aprenderes a escrever alguns dos textos que são escritos a partir de
outros: resumo, sumário, síntese, paráfrase e definição.
Na sequência da redação do resumo, do sumário e da síntese, pretende-se, nesta
subunidade, que, primeiro, te apropries das características da paráfrase e dos pro-
cedimentos e recursos linguísticos necessários à criação de alternativas de expressão
para um mesmo conteúdo de texto. Finalmente, propomos-te redigir este tipo de
texto com recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados e com
autonomia.
Bom trabalho!
2. Objetivos
No fim desta subunidade, deves ser capaz de:
• Parafrasear expressões/sequências textuais;
• Adotar conscientemente os procedimentos e recursos linguísticos necessários à
criação de alternativas de expressão para um mesmo conteúdo de texto.
3. Conteúdos
1. Paráfrase
1.1. Definição
1.2. Condições de uso
1.3. Tipos: substitutiva ou reprodutiva; explicativa ou metáfrase; desenvolvi-
mento ou amplificação
1.4. Recursos para criar estruturas alternativas
1.5. Recursos linguísticos específicos: pontuação e fórmulas fixas
1.6. Características da linguagem: clareza, concisão, objetividade, simplicidade,
precisão vocabular
1.7. Procedimentos de redação: leitura rápida, leitura atenta para compreensão,
procura de palavras adequadas, reescrita
4. Recursos
• Texto de apoio 4.3.1. Paráfrase
• Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase
• Ficha guia 4.3.1. Paráfrase
• Grelha autocorretiva 4.3.1. Paráfrase
FRASES A FRASES B
Pegue o pano e enxugue a louça. Pegue o pano e seque a louça.
As filhas do gerente do banco foram As moças mais bonitas do meu bairro
convidadas para a festa de formatura. foram convidadas para a festa de formatura.
A mãe contou a história ao filho. A história, ao filho, a mãe contou.
ii) Compara os teus registos com os resultados que te são apresentados na Solução
N.º 1. Reflete e tira conclusões.
5.2. Aprofundando a compreensão de paráfrase
1. Frase: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qual-
quer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)
a) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet.
b) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no mundo
todo, por qualquer um.
c) * A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo todo, a
internet.
2. Frase: Encontrei determinadas pessoas naquela cidade. (determinadas pes-
soas = certas pessoas)
a) Encontrei pessoas determinadas naquela cidade. (pessoas determinadas
= pessoas decididas)
3. Frase: A mulher bonita fez sucesso na festa.
a) A mulher, bonita, fez sucesso na festa.
ii) Lê com cuidado a Solução N.º 2. Compara-a com as tuas respostas, refletindo
sobre os pontos fortes e fracos delas. Tira conclusões.
iii) Neste ponto, a proposta é que leias, com muito cuidado, e apoiando-te nos
resultados da atividade que acabaste de fazer, os pontos seguintes da Ficha in-
formativa 4.3.1. Paráfrase: conceito, condições de uso, recursos para criar es-
truturas alternativas que traduzem o mesmo sentido (transformações formais),
recursos linguísticos e características da linguagem.
Exemplo2
(Pignatari, 1988:52)
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Duarte, 2012; Koch e Elias. 2011:168; Cruz e Zanini, 2009:1904-
1912; Medeiros, 2008:167-184; Vanoye, 2007:152-153; Estrela, 2006:80-81; Nascimento e Pinto, 2006:40-
42; Amor, 1993:135-136; Garcia, 1992:185-187, 322-326.
2. Texto original e paráfrase extraídos de: Medeiros, 2008:169-170, com adaptações.
Exemplo1
Texto original Paráfrase
O apogeu já é decadência, porque Se o apogeu é considerado o último
sendo estagnação não pode conter em degrau de uma escada, a partir do mo-
si um progresso, uma evolução ascen- mento em que é alcançado, passa-se à
sional. Bilac representa uma fase des- estagnação, que é índice de deterioração,
trutiva da poesia, porque toda a perfei- ou inicia-se o processo de declínio. A poe-
ção em arte significa destruição. sia parnasiana, que alcançou em Bilac um
defensor máximo, representa uma estética
(Mário de Andrade, 1976:32) literária que, levada às últimas consequên-
cias, destrói o poético da poesia. Mário
de Andrade revela-se cuidadoso para não
ferir susceptibilidades: considera Bilac um
poeta rigoroso quanto aos princípios par-
nasianos, mas acrescenta que, chegando
a esse limite, a poesia retorna de sua ca-
minhada, na busca de outros elementos
que a faz poética. E o seu principal ingre-
diente acaba revelando-se a dinamicidade
da procura.
Exemplo2
Texto original Paráfrase
Marcela morria de amores pelo Xa- A ironia machadiana penetra a cons-
vier. Não morria, vivia. Viver não é a ciência do leitor acostumado aos roman-
mesma cousa que morrer; assim o afir- ces da linha romântica. Desvenda as
mam todos os joalheiros deste mundo, intenções humanas e mostra o mercanti-
gente muito vista na gramática. Bons lismo também presente nas relações afec-
joalheiros, o que seria do amor se não tivas. Dixe é jóia, enfeite, ornamento de
fossem os vossos dixes e fiados? Um ouro ou pedraria. Sem o comércio de jóias
terço ou um quinto do universal comér- e pedras preciosas, sem o crédito para a
cio dos corações. aquisição de tais produtos, o amor em que
pé estaria? Como seria? Não esquece o
(Machado de Assis, 1979, v1, p. 536) autor também de apresentar ataque aos
gramáticos que gostam de usar a metáfora
joalheiro para os puristas e trabalhadores
do estilo.
‒‒ Tipos:
• Descritivas: descrições precisas, objetivas e concisas: o máximo das principais
características do termo definido, indo do geral ao específico ou explicitando as
suas causas ou finalidade
• Nominais: sinónimos ou antónimos, completados com exemplos ou citações
‒‒ Estrutura linguística:
• Sujeito (paráfrase) + verbo de ligação (é, consiste, significa) + predicativo
(características, propriedades)
• As características do termo definido podem aparecer entre vírgulas ou entre
parênteses: ser humano, um conjunto de características físicas (aparência), sociais
(atitudes, comportamentos, vestimentas), intelectuais (educação, profissão) e
emocionais).
‒‒ Requisitos básicos:
• Ser obrigatoriamente afirmativa, ou seja, não pode ser formulada pela negativa (X
não é Y)
• Ser mais clara do que o definido
• Não introduzir o termo definido na definição
• Ser recíproca para não ser incompleta ou insatisfatória: “todo o ser vivo é homem”
não é verdadeiro porque “gato é ser vivo, mas não é homem”1
• Breve, ou seja, constituída por uma só frase predicativa
• Linguagem simples, clara, objetiva e concisa
Exemplos:
• Cabo Verde:
Cabo Verde é uma República soberana, unitária e democrática, que garante o
respeito pela dignidade da pessoa humana e reconhece a inviolabilidade e inalienabi-
lidade dos Direitos do Homem como fundamento de toda a comunidade humana, da
paz e da justiça.
• Dígrafo:
Dígrafo é combinatória de letras que representam um único fonema: chave,
milho, sonho.
Casanova, Isabel. Dicionário Terminológico. Compreender a TLEBS. Lisboa. Plátano Editora. 2009:100.
Procedimentos de redação
1.º Leitura rápida do original para se inteirar do seu conteúdo
2.º Leitura atenta do original para perfeita compreensão, não esquecendo de:
a) Sublinhar em cada parágrafo as ideias principais
1. Garcia, 1992:326.
TEXTO A TEXTO B
“Democracia é quando eu mando em Democracia tem um conceito bem
você, ditadura é quando você manda em relativo, depende do lugar onde a pes-
mim.” soa esteja. Se ela estiver no comando,
há democracia; se ela for comandada,
Millôr Fernandes então só existe a ditadura.
ii) Compara as tuas conclusões com as que constam da Solução N.º 3. Quais os
pontos comuns e os diferentes? Por que isso aconteceu? Tira as tuas próprias
conclusões.
iii) Identifica, na Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase, a parte em que trata da citação
e lê-a, comparando com a citação que serviu de exemplo.
TEXTO A TEXTO B
“Paráfrase consiste na reescrita de Parafrasear é dizer ou escrever o
um discurso (enunciado ou texto inteiro), mesmo, mas de uma forma mais aces-
mantendo e explicitando as suas ideias sível.
centrais, mas dando-lhe uma nova forma.”
6. Prática da língua
6.1. Usando a paráfrase, reescreve o texto abaixo1, com auxílio da Ficha
guia 4.3.1. Paráfrase. Em caso de alguma dúvida ou de necessidade de
confirmação, volta à Ficha informativa 4.3.1.Paráfrase.
Para onde?
Assim dá para organizar bolsa de apostas: qual será, afinal, o destino de
Fernandinho Beira-Mar? Os advogados do traficante tentam, no STJ, anular a
decisão do Ministério da Justiça e garantir sua volta para Bangu 1. Mas o minis-
tro da Justiça, embora afirme que Beira-Mar não permanecerá mais do que trinta
dias preso em São Paulo, garante que ele não voltará para o Rio e nem será
transferido para o Acre.
1. Elaborada, essencialmente, com base em: Duarte, 2012; Koch e Elias. 2011:168; Cruz e Zanini, 2009:1904-
1912; Medeiros, 2008:167-184; Vanoye, 2007:152-153; Estrela, 2006:80-81; Nascimento e Pinto, 2006:40-
42; Amor, 1993:135-136; Garcia, 1992:185-187, 322-326.
6.2. Tens mais um texto1 para parafrasear, desta feita um poema que já
deves ter conhecido no Secundário. Depois de teres concluído todo o
processo de redação, compara o teu texto com o que te é apresentado na
Solução N.º 7.
Como morreu quen nunca bem
Ouve da ren que mais amou
E quen viu quanto receou
D’ela e foi morto por én:
Ay, mha senhor, assi moyr’eu!
(Pai Soares de Taveiros)
Soluções
1. Frase: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qual-
quer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)
a) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet. –
PARÁFRASE
b) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no mundo
todo, por qualquer um. – PARÁFRASE
c) * A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo todo, a
internet. – NÃO É PARÁFRASE
Explicação:
• Em a) e b) houve conservação do sentido do texto, o que não acontece em
c). Nela NÃO É A MENTE DE DEUS QUE ACESSA...O texto diz que ELA É
ACESSADA POR QUALQUER UM.
• Cuidado na mudança de posição dos termos da frase. Às vezes, estas
mudanças causam alteração no sentido do texto.
Paráfrases:
a) A publicação de um livro do pesquisador foi comemorada pelos amigos
(nominalização)
b) A crítica ao novo livro feita pelo jornalista teve como repercussão a revolta dos
leitores. (nominalização)
c) É melhor que se cale antes que… (noutro contexto)
d) Deixa-me ler o A Semana ou Procura nele X ou Y…
Dessa forma é possível organizar bolão de apostas: qual deverá ser, final-
mente, o destino de Fernandinho Beira-Mar? Os advogados do traficante bus-
cam, no STJ, a anulação da decisão do Ministério da Justiça, o que garantiria
seu retorno a Bangu 1. Porém, o ministro da Justiça, apesar de afirmar que
Beira-Mar permanecerá no máximo 30 dias preso em São Paulo, assegura que
o detento não retornará para o Rio e também não será transferido para o Acre.
Como aquele enamorado que morreu de desgosto por amar a quem não lhe
tinha a menor afeição, o que ele tanto receava e foi causa do seu grande sofri-
mento, assim, minha amada, morro eu.
Sinopse
No Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura –, foste
confrontado com alguns fatores linguísticos derivados do texto
(coesão textual, articulação sintática e discursiva e organização
de ideias e paragrafação) e do autor (modalização), que inte-
ragem com os do leitor, para a compreensão leitora, mas que,
também, são importantes para a redação de textos.
Por isso, nesta secção, propomos-te algumas atividades rela-
cionadas com esses conteúdos, na vertente produção escrita. Por-
tanto, antes de as realizares, podes ter necessidade de rever esses
conteúdos no Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura.
APÊNDICE
1. Coesão textual
1.1. Constrói uma nova versão dos textos A e B1, utilizando, em relação às
palavras e ou expressões a negro, os mecanismos de coesão que julga-
res adequados. Cf. Solução N.º 1.
Para cada um dos exercícios haverá um «texto-base» em que não foi rea-
lizada a coesão. Esta tarefa caberá a ti, usando os mecanismos de coesão.
Deverás, em primeiro lugar, fazer um levantamento de sinónimos ou expressões
adequadas e, depois substituir os termos repetidos. Assim, no Texto A, é impor-
tante saberes que baleias podem ser chamadas de cetáceos, grandes animais
marinhos, etc., e que China, no Texto B, pode ser chamado de grande país ama-
relo, gigante amarelo etc. Esse levantamento permitir-te-á uma maior agilidade
no uso da coesão textual.
Texto A. Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias de todo o mundo
e até há pouco tempo nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que
as baleias encalham. Segundo uma hipótese corrente, as baleias suicidar-se-iam ao
pressentir a morte, em razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as ba-
leias praticariam uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra, as baleias de-
sorientar-se-iam por influência de tempestades magnéticas ou de correntes marinhas.
Agora, dois pesquisadores do Departamento de História Natural do Museu Bri-
tânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta científica para o suicídio
das baleias. De acordo com a Katharine Perry e Michel Moore, as baleias são deso-
rientadas de suas rotas em alto-mar para as águas rasas do litoral por ação de um mi-
núsculo verme de apenas 2,5 centímetros de comprimento. Ele aloja-se no ouvido
das baleias, impedindo que as baleias se orientem pelo eco da voz.
Texto B. A China é mesmo um país fascinante, onde tudo é dimensionado em
termos gigantescos. A China é uma civilização milenar. A China abriga, na terceira
maior extensão territorial planetária (com 9 960 547 km2), cerca de 1 bilhão e 100
mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a humanidade. Mencionar tudo o que a
China, um tanto misteriosa, tem de grande ocuparia um espaço também exagerado.
teria apenas uma triste cova no quintal, debaixo da figueira lampa, o cemitério dos
cães e dos gatos da casa. E louvar a Deus apodrecer a dois passos da cozinha! A burra
nem sequer essa sorte tivera. Os seus ossos reluziam ainda na mata da Pedreira. Chu-
va, geada, sincelo em cima. Até um lebrão descarado se fora aninhar debaixo da ar-
cada das costelas, de caçoada! Ah, sim, entre dois males … Já que não havia melhor,
ficar ao menos ali. No tempo dos figos, pela fresca, a patroa viria consolar a barriga.
(5) Gostava de figos, a velhota. E sempre se sentiria acompanhado uma vez por
outra. (6) Não que lhe fizesse grande finca-pé naquela amizade. Longe disso (7) A
menina dos seus olhos era a morgada, a filha, que o acariciara como a uma criança.”
4. Modalização
4.1. Atenua as formas imperativas, servindo-te de expressões de polidez1.
Cf. Solução N.º 5.
a) Fale mais alto.
b) Atenda ao meu pedido.
c) Aceite as minhas desculpas.
d) Entre.
e) Cale-se.
f ) Apresente-se ao diretor.
4.2. Constrói uma nova versão dos textos abaixo2, usando recursos de
modalização. Para avaliares os teus resultados, compara as tuas respos-
tas com as que te são apresentadas na Solução N.º 6.
a) O Titanic era considerado um navio indestrutível, inafundável. Apesar disso, ainda
na sua viagem inaugural, o enorme monumento à engenharia naval inglesa bateu
em um iceberg. O navio apenas tinha salva-vidas para o pessoal da primeira classe.
E afundou-se rapidamente, numa das maiores tragédias marítimas da história.
Soluções
Texto reformulado
Os descobrimentos, e não a conquista espacial, continuam a ser a maior
aventura do homem, embora algumas pessoas pensem que seja a conquista
espacial.
Apesar disso, se fosse possível escolher entre as duas, qualquer pessoa
escolheria a navegação espacial, porque nesta os astronautas permanecem em
contacto com a terra (o lugar de onde partiram) e têm poucas possibilidades de
ser vítimas de acidente.
Ao contrário, os navegadores dos descobrimentos eram homens isolados a
partir do momento em que desapareciam da costa porque ninguém tinha mais
notícias deles. Eles corriam mais riscos, pois podiam sofrer com a fome (...) ou
naufragar. Às vezes acontecia descobrirem novas terras e, então, tanto podiam
tornar-se reis dos indígenas como ser mortos por eles.
Depois da viagem ficavam a saber que existem no mundo outras socieda-
des, com homens de diferentes cores, com moral, deuses e valores diferentes.
Também ficavam a saber que a terra é redonda e que gira à volta do sol. Por
essa razão sentiam-se como um homem novo.
2.1. Redige novas versões dos textos abaixo, utilizando os articuladores sintáticos
como indicado:
a) De oposição (coordenação adversativa) – mas, porém, todavia, contudo, entretanto
1. A esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia noite, mas/ porém/ en-
tretanto/ todavia/ contudo os navios da Guarda Costeira já estavam a caminho,
preparados para o resgate – mesmo lugar
2. A esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia noite, os navios da
Guarda Costeira entretanto/ todavia/ contudo já estavam a caminho, preparados
para o resgate. – mudança de lugar
b) De oposição por subordinação concessiva – orações cujo sentido embora
contrarie as afirmações das respetivas subordinantes, não impede que essas
se realizem. – embora, conquanto, ainda que, apesar de
1. Embora/ ainda que os navios da Guarda Costeira já estivessem a caminho, prepa-
rados para o resgate, a esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia-noite.
2. Apesar de/ os navios da Guarda Costeira já estarem a caminho, preparados para o
resgate, a esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia-noite.
c) Articuladores sintáticos de fim (para que, a fim de que, de maneira a)
1. O imperador não prestou crédito à narração e ordenou-lhe que expedisse para S.
Cristóvão dois batalhões de primeira linha para reforçar a guarda dos paços.
d) Articuladores sintáticos de conclusão (portanto, por consequência, consequentemente,
por conseguinte, por isso)
1. Aquele que sobe por favor deixa sempre rastro de humilhação, consequente-
mente/ por consequência/ por isso/ por conseguinte devemos ter sempre cora-
gem e confiança no nosso próprio esforço.
2. São possíveis outras versões com o articulador antes ou depois do verbo.
2.2. Para cada par de frases sublinhadas existe a possibilidade de estabelecer
vários tipos de relação. Escreve as frases com todas as hipóteses de relação
que encontrares, indicando a natureza dessa mesma relação:
“A velha toda a vida o pusera à distância. Dava-lhe o naco de broa (honra lhe seja),
mas borrava a pintura logo a seguir: – Ala! E ele retirava-se cerimoniosamente para o
ninho. Só a rapariga o aquecera ao colo quando pequeno, e, depois, pelos anos fora, o
consentira ao lume, enroscado a seus pés, enquanto a neve, branca e fria, ia cobrindo
o telhado. O velho também o apaparicava de tempos a tempos. Se a vida lhe corria
e chegava dos bens de testa desenrugada, punha-lhe a manápula na cabeça, meiga-
mente, e prometia-lhe a vinda do patrão novo. Porque o seu verdadeiro senhor era o
filho, um doutor, que morava muito longe. Só aparecia na terra nas férias do Natal. Mas
nessa altura pertencia-lhe inteiramente. Os outros apenas o tratavam, o sustentavam,
para que o menino tivesse cão grande quando chegasse.
1.º par
3. Temporal: O velho também o apaparicava de tempos a tempos, quando a vida
lhe corria. E/Então, chegava dos bens de testa desenrugada. Punha-lhe a ma-
nápula na cabeça, meigamente, e prometia-lhe a vinda do patrão novo.
4. Condicional: O velho também o apaparicava de tempos a tempos, pondo-lhe a
manápula na cabeça, meigamente, e prometendo-lhe a vinda do patrão novo,
se a vida lhe corria e chegava dos bens de testa desenrugada.
5. Causal: O velho também o apaparicava de tempos a tempos, pondo-lhe a ma-
nápula na cabeça, meigamente, e prometendo-lhe a vinda do patrão novo, por-
que a vida lhe corria e chegava dos bens de testa desenrugada.
6. Conclusiva: A vida lhe corria, portanto o velho também o apaparicava de tem-
pos a tempos, pondo-lhe a manápula na cabeça, meigamente, e prometendo-lhe
a vinda do patrão novo.
7. Final: Porque a vida lhe corria, o velho punha-lhe a manápula na cabeça, meiga-
mente e prometia-lhe a vinda do patrão novo para o apaparicar.
2.º Par
1. Aditiva (conjunção): Só aparecia na terra nas férias do Natal e nessa altura
pertencia-lhe inteiramente.
2. Causal: Nessa altura, … porque … Como só aparecia na terra nas férias do Na-
tal, nessa altura pertencia-lhe inteiramente.
3. Explicativa: nessa altura pertencia-lhe inteiramente, uma vez que/já que/só apa-
recia na terra nas férias do Natal.
4. Temporal: Quando aparecia na terra nas férias do Natal, pertencia-lhe inteira-
mente.
5. Final: Aparecia na terra nas férias do Natal para lhe pertencer inteiramente.
6. Condicional: Se aparecesse na terra nas férias do Natal, pertencia-lhe inteira-
mente.
7. Concessiva (oposição): Apesar de só nessa altura lhe pertencer inteiramente,
só aparecia na terra nas férias do Natal. Embora nessa altura lhe pertencesse
inteiramente, só aparecia na terra nas férias do Natal.
8. Consecutiva: Visto que só aparecia na terra nas férias do Natal, nessa altura
pertencia-lhe inteiramente.
9. Conclusiva: Só aparecia na terra nas férias do Natal, portanto nessa altura
pertencia-lhe inteiramente.
2.3. Reescreve o texto a seguir, fazendo a ligação das frases, segundo a
relação indicada:
1. Consequência; 2.Causa; 3. Causa; 4. Conclusão; 5. Conclusão; 6. Conces-
são; 7. Causa. Veja-se algumas sugestões inseridas no texto.
“Sentia-se cada vez pior. (1 – pois, porque, de tal forma que) Agora nem a cabe-
ça sustinha de pé. Por isso encostou-se ao chão, devagar. E assim ficou, estendido e
bambo à espera. (2 – porque se) Tinha-se despedido já de todos. (3 – Uma vez que)
Nada mais lhe restava sobre a terra senão morrer calmo e digno, como outros haviam fei-
to a seu lado. É claro que escusava de sonhar com um enterro bonito, igual a muitos que
vira, dentro de um caixão de galões amarelos, acompanhado pelo povo em peso… Isso
era só para gente, rica ou pobre. (4 – consequentemente) Ele teria apenas uma triste
cova no quintal, debaixo da figueira lampa, o cemitério dos cães e dos gatos da casa. E
louvar a Deus apodrecer a dois passos da cozinha! A burra nem sequer essa sorte tivera.
Os seus ossos reluziam ainda na mata da Pedreira. Chuva, geada, sincelo em cima. Até
um lebrão descarado se fora aninhar debaixo da arcada das costelas, de caçoada! Ah,
sim, entre dois males … Já que não havia melhor, ficar ao menos ali. No tempo dos figos,
pela fresca, a patroa viria consolar a barriga. (5 – pois) Gostava de figos, a velhota. E
sempre se sentiria acompanhado uma vez por outra. (6 – Posto que/ conquanto) Não
que lhe fizesse grande finca-pé naquela amizade. Longe disso (7 – porque) A menina
dos seus olhos era a morgada, a filha, que o acariciara como a uma criança.
b) Não se deve falar mal dos ausentes nem [e também] adquirir maus hábitos capazes
de prejudicar a saúde.
c) Ela cozinha muito bem, [apesar de] e o seu marido se queixar-se de que passa a
maior parte do tempo ao telefone.
3.3. Faz o que for necessário para evitar a incoerência e/ou a ambiguidade dos
seguintes períodos:
a) Depois de esperar longo tempo, [quem esperava?] o autocarro chegou finalmente,
mas vinha repleto.
b) Para X não ser mordido [quem seria mordido, o próprio cão?], o cão teve de ficar
acorrentado.
c) O telefone tocou ao entrar [quem entrou, o próprio telefone? / tocou quando X
entrava] no quarto para apanhar a chave.
d) Desde os três anos, [quem tinha 3 anos?] o meu pai já me ensinava a ler.
e) Quando criança [eu era criança], o meu avô sempre me entretinha recordando
episódios da sua infância.
3.4. Escreve três tópicos de parágrafo (declaração inicial, alusão histórica e
interrogação) a respeito dos seguintes temas: a) O trabalho da mulher fora de
casa. b) A pobreza em Cabo Verde; c) A universidade cabo-verdiana e o ano 2020
a) O trabalho da mulher fora de casa
Declaração inicial: O trabalho da mulher fora de casa. é necessário ao desenvolvi-
mento da sociedade.
Alusão histórica: O trabalho da mulher fora de casa é uma conquista do Séc. XX.
Interrogação: Qual a importância do trabalho da mulher fora de casa?
b) A pobreza em Cabo Verde
Declaração inicial: A pobreza em Cabo Verde é gritante.
Alusão histórica: A pobreza em Cabo Verde é um fenómeno antigo.
Interrogação: Para quando o fim da pobreza em Cabo Verde?
c) A universidade pública cabo-verdiana e o ano 2020.
Declaração inicial: A universidade pública cabo-verdiana completará 17 anos em
2023.
Alusão histórica: A universidade pública cabo-verdiana foi criada em 2006.
Interrogação: Em que fase de desenvolvimento estará a universidade pública ca-
bo-verdiana em 2023?
3.5. Escolhe um dos tópicos de cada um dos exercícios anteriores e desenvolve-o,
indicando a tua opção.
As possibilidades são múltiplas.
3.6. Desenvolve o seguinte tópico de parágrafo por detalhes, exemplo específico,
comparação e fundamento da proposição:
Viajar de avião, segundo os entendidos, é desfrutar do meio de transporte mais
confortável e seguro que existe.
ETELVINO GARCIA
Licenciado em Língua e Cultura Portuguesas - Língua Estrangeira pela Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, é professor na Universidade de Cabo Verde
desde 2002-2003. É Assistente na Universidade de Cabo Verde desde 2002-2003
e mestrando em Ensino do Português Língua Segunda/Língua Estrangeira. Tem
como principais áreas de interesse ao nível de investigação o ensino e aprendizagem
das Línguas de Cabo Verde.
José Esteves Rei, Coordenador da Linha 2 de Investigação da Cátedra Eugénio Tavares de Língua
Portuguesa– Ensino do Português como Língua Segunda, em Cabo Verde.