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LIVRO DO ALUNO DE

LÍNGUA PORTUGUESA

PRODUÇÃO
ESCRITA
PROCESSO DE ESCRITA. PRODUÇÃO TOTAL.
REESCRITA. MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO.

AMÁLIA DE MELO LOPES �COORDENADORA�


EMANUEL DE PINA
ETELVINO GARCIA
MARIA AMÉLIA CARVALHO GOMES
MARIA GORETI FREIRE SILVA
MARIA HELENA DE SOUSA LOBO
ROSA MARIA MORAIS

CÁTEDRA
EUGÉNIO TAVARES DE
LÍNGUA PORTUGUESA
LIVRO DO ALUNO DE
LÍNGUA PORTUGUESA

PRODUÇÃO
ESCRITA
PROCESSO DE ESCRITA. PRODUÇÃO TOTAL.
REESCRITA. MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO.

Amália de Melo Lopes (Coordenadora)


Emanuel de Pina
Etelvino Garcia
Maria Amélia Carvalho Gomes
Maria Helena de Sousa Lobo
Maria Goreti Freire Silva
Rosa Maria Morais

CÁTEDRA
EUGÉNIO TAVARES DE
LÍNGUA PORTUGUESA
UNIVERSIDADE DE CABO VERDE
Scientia via est
www.unicv.edu.cv

FICHA TÉCNICA

Título Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita

Organização CÁTEDRA EUGÉNIO TAVARES DE LÍNGUA PORTUGUESA


UNIVERSIDADE DE CABO VERDE E CAMÕES, I.P.
Diretora: Amália de Melo Lopes
Vogal: Mariana Faria

Autores Amália de Melo Lopes (Coordenadora)


Emanuel de Pina
Etelvino Garcia
Maria Amélia Carvalho Gomes
Maria Helena de Sousa Lobo
Maria Goreti Freire Silva
Rosa Maria Morais

Concepção Gráfica Edson Carvalho | GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem da Uni-CV

Impressão GCI – Gabinete de Comunicação e Imagem da Uni-CV

Coordenação Editorial DSDE – Elizabeth Coutinho

Edições Uni-CV Praça Dr. António Lereno, Caixa Postal 379-C


Praia, Santiago, Cabo Verde
Tel (+238) 334 0441 – Fax (+238) 261 2660
Email: edicoes@adm.unicv.edu.cv

Copyright Autores / Organização

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

ISBN 978-989-8707-44-4

Praia, novembro de 2018


ÍNDICE

Introdução............................................................................................. 7

Unidade 1
Caracterização da comunicação escrita...........................................11
Guião de aprendizagem.........................................................................13
1. Sinopse..................................................................................................... 13
2. Objetivos................................................................................................... 13
3. Conteúdos................................................................................................. 13
4. Recursos................................................................................................... 14
5. Orientações para autoestudo.................................................................... 14
6. Prática da língua ...................................................................................... 23
7. Para saberes mais…................................................................................. 23
Soluções................................................................................................27

Unidade 2
Processo de escrita........................................................................... 33
Subunidade 2.1. Fases e etapas do processo de escrita...........................35
Guião de aprendizagem ........................................................................35
1. Sinopse .................................................................................................... 35
2. Objetivos .................................................................................................. 35
3. Conteúdos................................................................................................. 36
4. Recursos .................................................................................................. 36
5. Orientações para autoestudo.................................................................... 37
6. Prática da língua ...................................................................................... 67
7. Para saberes mais…................................................................................. 71
Soluções................................................................................................73
Subunidade 2.2. Partes do texto................................................................87
Guião de aprendizagem ........................................................................87
1. Sinopse..................................................................................................... 87
2. Objetivos................................................................................................... 87
3. Conteúdos................................................................................................. 88
4. Recursos................................................................................................... 88
5. Orientações para autoestudo.................................................................... 88
6. Prática da língua......................................................................................110
7. Para saberes mais...................................................................................112
Soluções ............................................................................................. 113
Unidade 3
Produção Total.................................................................................. 125
Subunidade 3.1. Texto narrativo...............................................................127
Guião de aprendizagem.......................................................................127
1. Sinopse................................................................................................... 127
2. Objetivos ................................................................................................ 127
3. Conteúdos............................................................................................... 127
4. Recursos ................................................................................................ 128
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 128
6. Prática da língua..................................................................................... 137
7. Para saberes mais.................................................................................. 138
Soluções..............................................................................................139
Subunidade 3.2. Texto expositivo-informativo..........................................143
Guião de aprendizagem.......................................................................143
1. Sinopse .................................................................................................. 143
2. Objetivos ................................................................................................ 143
3. Conteúdos............................................................................................... 143
4. Recursos................................................................................................. 144
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 144
6. Prática da língua..................................................................................... 151
7. Para saberes mais…............................................................................... 152
Soluções..............................................................................................155
Subunidade 3.3. Texto descritivo..............................................................157
Guião de aprendizagem ......................................................................157
1. Sinopse .................................................................................................. 157
2. Objetivos ................................................................................................ 157
3. Conteúdos............................................................................................... 157
4. Recursos................................................................................................. 158
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 158
6. Prática da língua .................................................................................... 174
7. Para saberes mais… .............................................................................. 175
Soluções..............................................................................................177
Subunidade 3.4. Texto explicativo............................................................187
Guião de aprendizagem.......................................................................187
1. Sinopse................................................................................................... 187
2. Objetivos ................................................................................................ 187
3. Conteúdos............................................................................................... 187
4. Recursos................................................................................................. 188
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 188
6. Prática da língua..................................................................................... 196
7. Para saberes mais ................................................................................. 197
Soluções..............................................................................................199
Subunidade 3.5. Texto argumentativo......................................................201
Guião de aprendizagem ......................................................................201
1. Sinopse .................................................................................................. 201
2. Objetivos ................................................................................................ 201
3. Conteúdos............................................................................................... 201
4. Recursos ................................................................................................ 202
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 202
6. Prática da língua..................................................................................... 219
7. Para saberes mais…............................................................................... 225
Soluções..............................................................................................227

Unidade 4
Reescrita de textos.......................................................................... 233
Subunidade 4.1. Resumo e sumário .......................................................235
Guião de aprendizagem.......................................................................235
1. Sinopse .................................................................................................. 235
2. Objetivos ................................................................................................ 235
3. Conteúdos............................................................................................... 235
4. Recursos ................................................................................................ 236
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 236
6. Prática da língua..................................................................................... 247
7. Para saberes mais…............................................................................... 248
Soluções .............................................................................................249
Subunidade 4.2. Síntese .........................................................................253
Guião de aprendizagem.......................................................................253
1. Sinopse .................................................................................................. 253
2. Objetivos ................................................................................................ 253
3. Conteúdos............................................................................................... 253
4. Recursos ................................................................................................ 254
5. Orientações para autoestudo ................................................................. 254
6. Prática da língua..................................................................................... 267
7. Para saberes mais…............................................................................... 270
Soluções..............................................................................................271
Subunidade 4.3. Paráfrase.......................................................................285
Guião de aprendizagem.......................................................................285
1. Sinopse .................................................................................................. 285
2. Objetivos ................................................................................................ 285
3. Conteúdos............................................................................................... 285
4. Recursos ................................................................................................ 286
5. Orientações para autoestudo.................................................................. 286
6. Prática da língua..................................................................................... 294
7. Para saberes mais ................................................................................. 298
Soluções..............................................................................................299

Apêndice........................................................................................... 303
Mecanismos de textualização..................................................................... 303
Prática da língua ........................................................................................ 303
Sinopse....................................................................................................... 303
1. Coesão textual........................................................................................ 305
2. Articulação sintática e discursiva. Cf. Solução N.º 3............................... 307
3. Paragrafação Cf. Solução N.º 4. ........................................................... 309
4. Modalização.............................................................................................311
Soluções..............................................................................................313

Bibliografia geral.............................................................................. 321

Notas biográficas............................................................................. 327


INTRODUÇÃO
Caro estudante de língua portuguesa,
Os autores congratulam-se com o facto de te poderem proporcionar um Livro
de Produção Escrita que podes utilizar para estudares autonomamente e, assim,
melhorares, como desejamos e esperamos, o teu desempenho na produção escrita
em português, tendo em vista o exame final ou não. Ou seja, trata-se de um material
que podes usar em casa, ou noutro lugar, e à hora que quiseres, individualmente ou
com outros colegas.
Para que consigas atingir os resultados de aprendizagem de cada Guião de apren-
dizagem, o teu empenho e dedicação são imprescindíveis. É com esse estado de es-
pírito que te convidamos a realizar as orientações para autoestudo descritas, usando
os recursos que te são disponibilizados, os quais deves ler com cuidado, tendo como
guia os objetivos de leitura indicados. Nessas orientações, procuramos comunicar
contigo de uma forma direta e simples, para que a nossa mensagem chegue facil-
mente a ti. Por isso, também utilizamos o tratamento por tu.
Quase nunca estamos satisfeitos com os textos que escrevemos, sendo sempre
possível melhorá-los. Alguém disse que escrever é reescrever. Além disso, cada es-
crevente tem o seu estilo próprio. É praticamente impossível que pessoas diferentes
escrevam o mesmo texto ainda que a finalidade, o destinatário e o assunto sejam os
mesmos. Assim, muitas das soluções que te apresentamos, sobretudo quando se tra-
ta de textos, são apenas possibilidades. Deves usar cada solução como uma oportu-
nidade para nova aprendizagem, refletindo sobre os teus resultados para perceberes
o que erraste e não somente para verificar se as tuas respostas estão certas ou erradas.
Para não perderes mais esta oportunidade de aprendizagem, recorre a elas apenas no
momento que te for indicado. Se, no fim, ainda tiveres dúvidas, consulta um colega
mais proficiente ou um professor de língua portuguesa.
Este Livro contém quatro unidades de aprendizagem, cujos conteúdos e objeti-
vos são apresentados muito resumidamente:
1. Caracterização da comunicação escrita: visão geral da comunicação escrita, em
que condições ela acontece, as suas especificidades e, em consequência, as
características do texto escrito, como uma base para compreenderes e desenhares
as situações em que comunicas por escrito.
2. Processo de escrita: perspetiva global da redação do texto, as suas fases e etapas,
para que possas aprimorar o modo como preparas a redação de textos e usares,
mais conscientemente, alguns dos procedimentos e técnicas envolvidos em cada
uma das suas fases e etapas.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 7


3. Produção total de textos: redação de alguns textos, seguindo todas as fases e
etapas da redação, de modo a melhorares a tua capacidade de escrever textos.
Selecionamos, em função das tuas necessidades académicas, os seguintes textos:
narrativo, expositivo-informativo, descritivo, explicativo e argumentativo.
4. Reescrita: redação de textos a partir de outros, de modo a ganhares consciência das
suas características e de alguns dos principais procedimentos que deves dominar
para os escrever com sucesso: resumo e sumário, síntese e paráfrase.

Complementarmente, no apêndice Procedimentos de textualização, são-te pro-


postas atividades relacionadas com alguns dos principais recursos envolvidos na re-
dação de qualquer texto, ou seja, ações que deves saber fazer quando escreves, para
poderes aprimorar as técnicas de escrita. Trata-se de conteúdos que se encontram
aprofundados no Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura, uma vez que,
também, são fatores importantes para a compreensão leitora.
Em cada Guião encontrarás as seguintes secções: 1. Sinopse, um breve resumo
do que se propõe que faças para aprender; 2. Objetivos, ou seja, o que se espera que
fiques a saber e a saber fazer quando terminares de estudar, se seguires as orientações
do guião; 3. Conteúdos, o que se espera que aprendas e que podem ser conheci-
mentos, procedimentos ou técnicas; 4. Recursos, os instrumentos nos quais te deves
apoiar durante o estudo, em cada Guião, e que serão referidos ao longo da secção
orientações para autoestudo, quando for pertinente recorrer a eles; 5. Orientações
para autoestudo, a secção fundamental do Guião, em que, passo a passo, te vamos
dizendo o que deves fazer, os instrumentos que deves usar e a indicação das possibi-
lidades de solução que podes encontrar no fim da unidade ou subunidade e quando
as deves consultar; 6. Prática da língua, oportunidades que te vão permitir praticar
mais a língua, usando os saberes e os procedimentos típicos da produção escrita; e,
para não ficares limitado a este Livro, a secção 7. Para saberes mais… contém pro-
postas de textos para leres, com a finalidade de aprofundares os teus conhecimentos
e ganhares mais consciência sobre as questões tratadas. Nesses textos, também são
apresentadas sugestões de atitudes e de comportamentos que deves esforçar-te por
adotar de modo a dominares, cada vez mais e melhor, a produção escrita. A biblio-
grafia, ou seja, a listagem geral das obras que serviram de fonte ou de inspiração aos
autores, encontra-se no fim do livro sendo que, as referências vêm indicadas em nota
de rodapé, quando é o caso.
Os recursos que vais encontrar são: Textos para leres; Textos de apoio, a partir dos
quais vais perceber o funcionamento prático de alguns fenómenos da língua; Fichas
informativas, sínteses teóricas dos conteúdos e procedimentos; Fichas guia em que te
podes apoiar para escreveres os teus textos; e Grelhas autocorretivas para os avaliares,
depois de concluída a redação. Estes instrumentos e as soluções estão numerados se-
quencialmente, no interior da unidade ou subunidade a que dizem respeito. Assim,

8 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


por exemplo, na referência Texto 3.1.1, o primeiro número refere-se à unidade, o
segundo à subunidade e o último ao texto, nesse caso. Claro que deves sempre ter
por perto o teu dicionário e a tua gramática da língua portuguesa, para esclareceres
as dúvidas que forem surgindo.
Este trabalho surgiu porque sabemos o quanto uma boa competência de escrita
em língua portuguesa é importante para teres sucesso nas outras unidades curricu-
lares do plano de estudos do teu curso. Com efeito, é nessa língua que vais exprimir
o teu pensamento e os teus conhecimentos por escrito, já que, no contexto acadé-
mico, vais escrever sobretudo, na língua portuguesa. Além disso, essa competência é
fundamental para o exercício da cidadania e o teu futuro desempenho profissional.
Por isso, quisemos colocar à tua disposição um material que te vai proporcionar
oportunidades de aprender a aprender procedimentos e técnicas de escrita que te
vão servir para aprimorar a tua capacidade de escrever textos em língua portuguesa.
Podes usar os guiões na ordem em que eles aparecem no Livro ou outra que
melhor servir às tuas necessidades de aprendizagem. Imagina que, ao aprender a
escrever um determinado tipo de texto, percebes, por exemplo, que não dominas
tão bem como começar e desenvolver um parágrafo. Pode ser também que, à parti-
da, saibas que tens necessidade de conhecer mais procedimentos que deves realizar
quando escreves um texto, os mecanismos de textualização. Nesse caso, podes come-
çar por estudar ou reler as subunidades relacionadas com os Fatores de compreensão
leitora, no Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura, e dar continuidade ao
teu estudo, realizando as atividades correspondentes no apêndice referido.
Como aprender a escrever exige empenho e dedicação e não admite preguiça,
propomos-te, logo na primeira unidade, a organização do teu Portefólio de apren-
dizagem da produção escrita.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 9


UNIDADE 1
CARACTERIZAÇÃO DA
COMUNICAÇÃO ESCRITA
Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Nesta unidade – Caracterização da comunicação escrita –, a finalidade é teres uma
visão geral deste modo de uso da língua, ou seja, em que condições ela acontece, as
suas especificidades e, em consequência, as características do texto escrito.
Para isso, primeiro, a partir de um dado tipo de texto, deverás refletir criti-
camente sobre a produção escrita de modo a compreenderes que se trata de uma
modalidade específica do uso da língua, que resulta de um contexto de produção
diferente do do oral.
Depois, farás a análise de pequenos textos para aprofundares a tua compreensão
acerca das suas características e por que elas são diferentes das dos textos orais.
Finalmente, através de uma prática de uso da língua, terás a oportunidade de
usar esses saberes e alguns procedimentos típicos da produção escrita.
Para continuares a aprender sobre estas questões, propomos-te estudar o texto
indicado e seguir as orientações que te são dadas.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta unidade, deves ser capaz de:
• Enunciar as principais condições de produção da comunicação escrita,
comparando-as com as do modo oral;
• Relacionar as características formais distintivas da escrita com as suas condições
de produção;
• Passar um texto oral coloquial para um registo escrito formal.

3. Conteúdos
1.1. Caracterização da comunicação escrita
1.1.1. Condições de produção
1.1.2. Características formais decorrentes dessas condições de produção
1.1.3. Registos de língua

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 13


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

4. Recursos
• Texto 1.1. Carta familiar
• Texto de apoio 1.1. Textos noticiosos radiofónicos e escritos
• Texto de apoio 1.2. Registo comum e técnico
• Ficha informativa 1.1. Caracterização da comunicação escrita

5. Orientações para autoestudo


Segue os procedimentos que te propomos:

5.1. Compreensão da escrita como modo comunicativo


i) Lê o Texto 1.1. Carta familiar, abaixo, tendo em vista perceberes:
‒‒Quem produziu (o texto)?
‒‒O quê?
‒‒Para quem?
‒‒Com que intenção?
‒‒Como é que o escrevente atinge o seu objetivo? Por que ele escreveu determi-
nadas informações e as exprimiu de determinado modo?
‒‒Como é que o escrevente mantém aberto o canal de comunicação?

Nota que, para responderes à penúltima pergunta deves procurar perceber:


a) Por que razão o Manuel afirma: “Lamento...”; “Espero que entendas!” e diz que
queria ir, mas não pôde?
b) Por que razão escreve o 1.º parágrafo do texto?
c) Por que razão faz as seguintes afirmações: “Estava pronto”, “Telefone ocupado” ?
d) Com que intenção ele usa as expressões: “Bem eu não podia recusar, não achas?”
e “Sei que precisavas das minhas cassetes?”
e) Por que menciona o facto de a noite dele ter sido aborrecida?

14 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

Texto 1.1. Carta familiar1

Praia, 6 de Junho de 2012

Caro João,

Lamento não ter podido estar na tua festa de sábado à noite. Estava pronto
para sair quando recebi a chamada de um amigo. Ele tinha acabado de chegar
de S. Vicente – a caminho de Lisboa – e queria passar essa noite comigo antes
da sua partida na manhã seguinte.
Bem eu não podia recusar, não achas? Claro que tentei ligar-te, mas o teu te-
lefone estava ocupado. Depois disso, estive sempre ocupado com o meu amigo.
Espero que entendas! Sei que precisavas dos meus CD’s, mas estou seguro
de que, mesmo assim, vocês terão passado uma noite maravilhosa. A minha,
pelo contrário, foi bastante aborrecida.

Espero ver-te em breve.

Teu amigo, Manuel

ii) Regista cada uma das tuas respostas.


iii) Relaciona as tuas respostas com o esquema de comunicação linguística de
Jakobson que estudaste no secundário. Que conclusões tiras? Regista-as.
iv) Compara as tuas respostas com a Solução N.º 1. Reflete sobre as propostas que
te são feitas.
5.2. Comparação de textos orais e escritos para compreensão das suas
diferenças formais decorrentes das diferentes condições de produção
i) Lê os dois pares de textos seguintes, do Texto de apoio 1.1. Textos noticiosos
radiofónicos e escritos, comparando o texto A com o B e o C com o D, para
identificar o modo de produção de cada um deles e as suas características
formais. Regista os resultados.

1. Texto traduzido e adaptado de Byrne, 1988:11-12.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 15


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

Texto de apoio 1.1. Textos noticiosos radiofónicos e escritos1


2

TEXTO A2
Ontem de manhã deu-se um acidente singular na Avenida da Liberdade,
pelas nove horas, entre um candidato que fazia exame da carta de condução e
o examinador encarregado de verificar as suas aptidões. O carro da escola de
condução seguia em boa marcha atrás de um camião; este travou repentina-
mente. O candidato que tinha estudado mais código do que praticado condução
não conseguiu parar a tempo e chocou contra a traseira do camião. Ouviu-se
então o examinador pronunciar solenemente, mostrando os dentes partidos: –
“Reprovado!”

TEXTO B
Ei, pá! O estardalhaço de ontem na Avenida da Liberdade uma daquelas
joaninhas da escola de condução deu uma trombada valente no traseirame da
bisarma de um camião. Pum! O gajo era muito bom no código, mas quanto a
pegar no volante está quieto… Era de gritos, juntou-se malta e só se ouvia lá de
dentro o examinador com os dentes esfrangalhados aos berros “está reprovado”.

TEXTO C
A Frente Polisário, movimento de libertação do ex-Sara espanhol, anunciou
hoje, em comunicado publicado em Argel, ter abatido dois aviões militares mar-
roquinos e destruído um comboio mineraleiro, após ter posto fora de combate
dezenas de soldados marroquinos e mauritanos, durante uma série de opera-
ções no Sara Ocidental.
Noticiário das 11 horas da Rádio Difusão Portuguesa de 27-12-76.

TEXTO D
Argel, 27 – A Frente Polisário anunciou hoje ter abatido dois aviões militares
marroquinos e destruído um comboio mineraleiro, após ter posto fora de comba-
te várias dezenas de soldados marroquinos e mauritanos durante uma série de
operações no Sara ocidental.
Segundo o comunicado, publicado em Argel, os dois aviões marroquinos tipo
“Fouga Magister” foram abatidos de Hagounia e um dos pilotos foi capturado pelos
combatentes da frente, os quais “destruíram os aquartelamentos de Hagounia e
puseram fora de combate várias dezenas de soldados monárquicos” – (F.P.)
Jornal de Notícias de 28 -12-1976.

1. Textos A e B extraídos de Baylon e Fabre, 1979:75; textos C e D extraídos de Fiúza, 1981:51-52.


2. Optou-se por manter a norma ortográfica em que os textos originais foram escritos.

16 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 2.
Tira as tuas próprias conclusões e reflete sobre elas.
5.3. Compreensão de que o oral e o escrito estão num contínuo de forma-
lidade/informalidade
i) Lê os pequenos textos constantes do Texto de apoio 1.2. Registo comum e
técnico, comparando os textos A e B com os textos C. Regista os resultados.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 17


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

Texto de apoio 1.2. Registo comum e técnico1

TEXTO A
Eu, se eu quisesse, comprava um automóvel. Simplesmente, com as horas
extraordinárias que tenho feito dentro do Guane comprava um carro. E se não
houver horas extraordinárias? Tenho que passar sem elas. Porque eu, com as
horas extraordinárias, tenho feito uma coisa: nem eu nem a minha mulher toca-
mos no dinheiro delas para o governo da casa. Mas a minha mulher diz-me: «Ó
António, gostava de dar este passeio; precisamos de comprar isto ou aquilo…»
E então eu compro uma televisão, vou à praia. Como já passei sem horas ex-
traordinárias, agora tenho que passar sem elas. Aquilo que é o meu ordenado
normal, entrego-o completo à minha mulher desde que casei.
Operários Falam (Recolha de textos de Júlio Graça)

TEXTOS B
Toda a pessoa tem o direito à liberdade de expressão. Este direito com-
preende a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de dar informações
ou ideias sem que possa haver ingerência de autoridades públicas e sem consi-
deração de fronteiras. O presente artigo não impede que os Estados submetam
as empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um regime de
autorização prévia.
O exercício destas liberdades, como implica deveres e responsabilidades,
pode ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou sanções,
previstas pela lei, que constituam providências necessárias, numa sociedade
democrática, para a segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança
pública, a defesa da ordem e a prevenção do delito, a protecção da saúde ou da
moral, a protecção da honra ou dos direitos de outrem, para impedir a divulgação
de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a imparcialidade
do poder judicial.»
Convenção Europeia dos Direitos do Homem, art.º 10.º

1. Texto A extraído de Fiúza, 1981:67; e B e C de Carmo e Dias, 1980:43-44 e 46-47, respetivamente.

18 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

TEXTO C1 TEXTO C2

«JAGUAR «E – TYPE 4.2.» – Os indivíduos tendem a compor-


Cabriolet ou coupé com motor de 4,2 tar-se uniformemente numa grande
litros, caixa de 4 velocidades, todas variedade de situações. É a esta cir-
sincronizadas e diferencial auto- cunstância comportamental que nós
blocante. Apresentado em Londres aplicamos o termo personalidade. Os
no ano de 1964. dois problemas principais associados
Suspensão dianteira por braços à investigação da personalidade são
triangulares e barras de torsão lon- a compreensão do seu desenvolvi-
gitudinais; traseira, de rodas inde- mento e a sua medição.
pendentes com braços transversais Uma das interpretações mais in-
inferiores e eixo superior de duplo fluentes do desenvolvimento da perso-
cardan, actuando como alavanca de nalidade é a formulação psicanalítica,
suporte. Suspensão dupla por mo- apresentada por Freud. Freud postula-
las helicoidais, estabilizador lateral e va que a personalidade se desenvolve
amortecedores telescópicos Girling.» como resultado das experiências do
indivíduo durante uma sequência pre-
Suplemento anual do Mundo Motorizado
determinada de estádios, cada um dos
quais é caracterizado por um modo
dominante de obter satisfação libidino-
sa. As observações clínicas de Freud
levaram-no a sublinhar a importância
do determinismo psicológico, das de-
terminantes inconscientes do compor-
tamento, do conflito, dos mecanismos
de defesa e da motivação no compor-
tamento humano.»
H. Kendler, Introdução à Psicologia II

ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 3 e
reflete sobre eles.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 19


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

5.4. Lê a Ficha informativa 1.1. Caracterização da comunicação escrita,


para aprofundares os teus conhecimentos sobre este modo de funciona-
mento da língua.

Ficha informativa 1.1. Caracterização da comunicação escrita1

Definição: a escrita é um modo comunicativo em que alguém (o escrevente)


comunica com outro (um leitor ausente) sem a ajuda do escrevente, com um
objetivo (intenção comunicativa), sobre algo (assunto), usando um determinado
tipo de texto escrito e não frases isoladas. Por isso, as perguntas-chave quando
se prepara para escrever são: Quem escreve? Para quem? Com que intenção?
Sobre o quê? O quê?
Condições de produção e características formais delas decorrentes:
ela resulta de um contexto de produção diferente do do oral e que, por isso mes-
mo, apresenta características diferentes, nomeadamente uma maior padroniza-
ção e correção formal, como se visualiza no quadro abaixo. Contudo:
O oral e o escrito estão num continuum de formal/informal, dependendo do
contexto, mormente da relação locutor/alocutário.
Muitas vezes escrevemos como falamos, outras falamos como escrevemos,
dependendo, nomeadamente, da distância temporal/espacial, o que implica a
possibilidade ou não de retorno imediato entre os participantes da interação co-
municativa. No interior de cada modo, oral ou escrito, a linguagem tem de ser
adequada aos fatores do contexto situacional: i) os objetivos comunicativos; ii) o
assunto; iii) a relação entre os participantes (identidade social do locutor, estatu-
to e papel Vs. relação social que mantém com o locutor): semelhança/disseme-
lhança, solidariedade/oposição, igualdade/hierarquia, grau de conhecimento do
assunto, valores em presença, idade e sexo, entre outros aspetos.

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Lopes, 2003:65-66; Amor, 1993:63-66;109-110; Fiúza,1981:49-60;
Carmo e Dias, 1980:36-40.

20 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

Características formais decorrentes


Condições de produção
das condições de produção
Disjuntiva: ausência do Emissor ou Meio: visual-motor (grafia): ausência
do Recetor de elementos paralinguísticos (qualidade
O destinatário não está presente; é da voz, expressões visuais, posturas e
imaginário ou pode ser alguém indefinido gestos) / Meios supletivos empobreci-
dos: pontuação...
Não há interação: há ausência de
retorno (o efeito do que se escreve) du-
rante a produção. O escrevente tem de
antecipar as reações do leitor e incorpo-
rá-las no texto
O escrevente tem de ser claro, pois,
não estará com o leitor no momento da
receção
Diferida: distância temporal entre a Sintaxe mais estruturada
produção e a receção Frases completas
Há mais tempo para reflexão e refor- Muita coordenação e subordinação
mulação, o que se traduz em:
Frases passivas
Possibilidade de planificação e regu-
Uso de frases com a estrutura sujei-
lação prévias mais cuidadosas
to/ predicado (oral: topicalização e focos
Possibilidade de reformulação (ma- marcados)
nobras de correção): pode-se parar em
Grande seletividade lexical
cada palavra para a escolher cuidado-
samente, procurá-la no dicionário se for
preciso, conferir o que já se escreveu
com as notas
Reordenação do que já foi escrito
Mudança de ideias sobre o já escrito

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 21


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

Características formais decorrentes


Condições de produção
das condições de produção
Autónoma: menor dependência do Cria o seu próprio contexto e, para isso,
contexto (descontextualizada) precisa ser explícito, donde:
Mais alto grau de autonomia que as Maior precisão e organização das refe-
línguas humanas podem atingir rências e mecanismos de coreferência (re-
As razões que levam à escrita estão missões frequentes e rigorosas no interior
mais afastadas das necessidades ime- do seu próprio corpo)
diatas, obrigando a uma representação Maior distância enunciativa (menor
ou recriação da situação emergência do eu)
Permanente: a escrita é a história do A escrita exige um trabalho conscien-
homem, a sua memória (a sua forma de te de organização da língua em todos os
transmissão de conhecimento organiza- domínios
do). Pode-se sempre voltar a ler. Maior complexidade
Submissão consciente às regras Maior especialização
prescritivas convencionalizadas para a
Referência normativa, donde maiores
escrita
prescrições formais (cada tipo de texto
obedece a prescrições próprias)

22 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

6. Prática da língua
6.1. Transpõe para a modalidade escrita a intervenção de X abaixo trans-
crita1, num registo mais cuidado.

X: não quer saber dos filhos não querem, inclusivamente, dar um tostão para
os filhos, não lhe interessa se eles estão bem se estão mal, ele não vai ver os
filhos, quer dizer, há um completo desprendimento do pai em relação aos filhos.
a mãe, contudo, tem que pedir autorização ao pai, para tudo! em relação aos fi-
lhos … porque o poder paternal não pode ser tirado, quer dizer, a … paternidade
já se sabe que, evidentemente, tem que existir, mas o poder paternal não pode
passar para a mãe, excluindo casos em que se prove que o marido que é, que
é um criminoso, e portanto que … ou que é … completamente alienado, quer
dizer, doido mesmo, não é, não … caso contrário ela tem que ter autorização
para tudo: é para… para viajar, tem que pedir autorização do pai para averbar
os filhos no passaporte, inclusivamente chegava-se ao apuro de ter de pedir
autorização, se fosse necessário uma operação ou qualquer coisa para que a
criança fosse operada… isso… é, é uma tristeza, e a gente, a gente, não é, não,
não faz ideia do que se passa; e há montes de coisas neste género, não é, uns
pais, por exemplo, por qualquer razão até desaparecer completamente da circu-
lação, até se for para outro país e isso tudo, a mãe fica de pés e mãos atadas,
porque não pode sair com a criança porque o filho não pode estar a … averbado
no passaporte dela, porque é necessária a tal … a … declaração do pai e o pai
nem se sabe onde pára nem, onde deixa de parar e, portanto, quer dizer, ora isto
é absolutamente incrível, não é.

6.2. Compara o texto que escreveste com a opção que te é apresentada


na Solução N.º 4. Reflete sobre o resultado desta comparação e, se não
ficares muito satisfeito, voltar a escrever o texto.

7. Para saberes mais…


7.1. Leitura
Neste ponto, propomos-te a leitura de um texto para aprofundares os teus
conhecimentos:
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Escrever. Estratégias de produção
textual. S. Paulo. Editora Contexto. 2011. Pp. 13-30.

1. Extraído de Coutinho et al. ,1996:29.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 23


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

7.2. Trabalho autónomo


1. Sempre que leres um texto como um artigo científico ou de revista ou jornal ou
ouvir um texto oral (uma palestra, conferência, discurso ou outro) tenta perceber as
suas condições de produção: Quem produziu? O quê? Para quem? Com que intenção?
Como é que o autor atinge o seu objetivo? Por que o escrevente/falante escreveu/produziu
determinadas informações e as exprimiu de determinado modo? Como?
2. Tendo em conta que escrever é comunicar através da escrita, que todas as pessoas
podem aprender a escrever bons textos e que se aprende a escrever (re)escrevendo,
o que exige empenho e dedicação e não admite preguiça, propomos-te que
construas o teu Portefólio de escrita.

Como poderás ver no Texto de apoio 1.3. Portefólio de aprendizagem, abaixo, é


um auxiliar importante de aprendizagem. Portanto, começa desde já a organizá-lo,
seguindo as orientações que te são dadas.

Texto de apoio 1.3. Portefólio de aprendizagem1

• Um portefólio de aprendizagem é uma coleção de trabalhos ter-


minados ou em desenvolvimento, com vista à avaliação forma-
tiva e sumativa.
• É um documento que permite dar conta a outros daquilo que o
autor do portefólio foi capaz de fazer durante um certo período
de tempo, podendo ser um semestre, um ano letivo ou uma
O que é
sequência de anos.
• O conteúdo é determinado pelo autor, após a negociação com
o professor.
• Do portefólio de aprendizagem deverão também fazer parte as
descrições das aulas e as reflexões do aluno sobre as aulas, as
suas aprendizagens, leituras e produções.
• Corresponsabilizar o autor pela sua aprendizagem.
• Permitir o registo sistemático.
• Permitir uma reflexão permanente.
Finalidades • Ilustrar o desenvolvimento do aluno.
• Ajudar o autor a avaliar o seu próprio trabalho e desempenho.
• Ajudar o professor a avaliar o aluno com base nos seus diversos
desempenhos.

1. Mukaragagi, L. Le portfólio, Engagement de l’éleve dans l’évaluation de ses apprentissages, apud, Bernar-
des e Miranda, 2007:29, de onde foi extraído, com adaptações.

24 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

• Ajudar o autor a tomar consciência das suas aprendizagens e a


geri-las mais eficazmente.
• Ajudar o autor a fixar os seus objetivos pessoais de aprendiza-
gem e a refletir sobre o seu percurso escolar.
• Ajudar o professor a conhecer melhor as necessidades/dificul-
Utilidade
dades do autor.
• Ajudar o professor a informar-se sobre o desenvolvimento do au-
tor e as competências que vai, progressivamente, adquirindo.
• Ajudar o professor a escolher e a ajustar as atividades pedagó-
gicas e as estratégias de ensino.
• Projetos de aprendizagem.
• Relatos do progresso desses projetos.
• Atividades desenvolvidas na disciplina por indicação do profes-
sor ou por iniciativa individual, com justificação da escolha.
• Material de leitura/estudo indicado pelo professor ou selecionado
por iniciativa individual, com justificação da escolha.
• Comentários dos colegas e do professor.
• Textos criados sobre os textos orais ou escritos ou obras lidas.
Conteúdos
• Textos das reflexões e autoavaliações sobre o desenvolvimento
das atividades e a aprendizagem conseguida em cada unidade.
• Textos escritos lidos e produzidos a pedido do professor e suas
reformulações.
• Textos produzidos por iniciativa individual (poesia, contos ou
outro).
• Todo o material considerado pertinente pelo autor ou pelo pro-
fessor.
• Página de identificação (a iniciar), onde devem ser referidos os
seus dados pessoais: nome, morada, n.º telefone, data de nas-
cimento, nacionalidade, n.º Bilhete de Identidade.
• Autobiografia do autor, com uma ou mais fotografias que melhor
Estrutura ilustrem essas informações.
• Uma introdução descrevendo e justificando o seu conteúdo.
• O material indicado em conteúdos, disposto por ordem/data.
• Índice.
• Reflexão final ou uma conclusão.
• O autor.
Utilizadores • O professor, a quem o portefólio deve ser apresentado regular-
mente, no atendimento, para feedback.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 25


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

Soluções

Solução N.º 1. A escrita como modo comunicativo1

a) Quem produziu (o texto)? – Manuel, o escrevente (emissor)


b) O quê? – um texto que identificámos como uma carta e não frases isoladas
c) Para quem? – João, o leitor (destinatário)
d) Com que intenção? – pedir desculpas e justificar por que ele não foi à festa
e) Como é que o escrevente atinge o seu objetivo? Por que ele escreveu
determinadas informações e as exprimiu de determinado modo?
• Para fazer o destinatário aceitar as suas desculpas diz que lamenta e que
estava pronto para ir, mas não pôde
• Para colocar o destinatário em situação: cria o contexto (primeiro parágrafo)
• Para convencer o destinatário de que tentou entrar em contacto com ele:
Diz que o telefone estava ocupado
• Para antecipar as reações do destinatário, usa as seguintes expressões:
• “Bem eu não podia recusar, não achas?”
• “Sei que precisavas dos meus CD’s”
• “Espero que entendas”
• Para fazer o João colocar-se no lugar dele, menciona o facto de a noite dele
ter sido aborrecida
f) Como é que o escrevente mantém aberto o canal de comunicação? – Usando
uma linguagem informal e recursos típicos da linguagem oral, em que ele se
dirige diretamente ao leitor (frases interrogativas e exclamativas).

1. Nesta solução, segue-se de perto Byrne, 1988:11-12.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 27


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

Solução N.º 2. Leitura comparativa dos excertos do Texto de apoio 1.1. Textos
noticiosos radiofónicos e escritos
1

Texto A Vs. Texto B1


Texto A Texto B
(artigo jornalístico, escrito) (oral, espontâneo)

Estruturação das circunstâncias Sintaxe: frase nominal: “o estarda-


(“ontem de manhã”, “pelas nove horas”) lhaço de ontem”; o “examinador com os
Sintaxe elaborada: frase complexa dentes esfrangalhados”
(“candidato que…”) Entoação exclamativa: “Ei pá!” “era
Léxico selecionado: “acidente sin- de gritos”
gular”, “candidato que fazia exame da Léxico: imagens correntes: “o estar-
carta de condução”, “verificar as suas dalhaço”. “joaninha”. “trombada”, “bisar-
aptidões” ma”; “dentes esfrangalhados”
Discurso alargado: “Deu-se um aci- Gestos e mímica reduzem o discur-
dente singular”, “o carro da escola de so: “Ei pá! “, “Pum! “
condução”, “boa marcha”, “pronunciar
solenemente”
Conclusão
Texto A (escrito): trata-se de uma comunicação diferida, em que o escrevente
tem mais tempo para refletir e, portanto, o texto é mais elaborado.
Texto B (oral, espontâneo): trata-se de uma comunicação espontânea em que
o locutor e o alocutário estão em presença e, portanto, o texto é menos elaborado.

1. Extraído de Baylon e Fabre, 1979:242.

28 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

Texto C Vs. Texto D1


Texto C Texto D
(radiofónico – oral, preparado) (escrito, jornalístico)
Explica que a Frente Polisário é o
“movimento de libertação do ex-Sara es-
panhol” – o que qualquer ouvinte pode
desconhecer; esta informação contribui
para que a notícia se torne imediatamen-
te compreensível e com maior conteúdo
informativo
Clarifica ainda a expressão “Sara Oci- No 1.º parágrafo, ocorre, “Várias de-
dental” que só aparece no fim do comuni- zenas de soldados marroquinos” “foram
cado: o ouvinte fará uma analogia entre postos fora de combate” “durante uma
“Sara Ocidental” e o ex-Sara espanhol série de operações no Sara Ocidental”
A expressão “em comunicado pu- A expressão “comunicado, publicado
blicado em Argel” aparece logo após em Argel” só surge a meio do texto e em
“anunciou hoje”, completando o valor posição menos significativa
significativo do verbo “anunciar”, infor-
mando imediatamente o ouvinte de que
modo a Frente Polisário “anunciou”
O advérbio “hoje”, que se refere à O advérbio “hoje” pode ser engana-
data do comunicado, adquire toda a sua dor para os leitores que leiam apressa-
força, uma vez que este texto é transmi- damente a notícia do dia 28
tido no próprio dia em que foi emitido o
comunicado

1. Extraído de Fiúza, 1981:51-52, com adaptações

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 29


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

Omissão do 2.º parágrafo do texto Porém, no 2.º parágrafo, ocorre “vá-


jornalístico para eliminar todas as infor- rias dezenas de soldados monárquicos”
mações particulares e secundárias que, “foram postos fora de combate” na des-
não aumentando o conteúdo informativo, truição de “os aquartelamentos de Ha-
poderiam confundir ou cansar o ouvinte: gounia”
A expressão “Segundo o comunica- Estas ocorrências poderão confundir
do publicado em Argel” foi encaixada no o leitor pois:
lugar do texto mais conveniente: foi com- o texto não fornece elementos para
pletar o significado do verbo “anunciar” poder concluir se os soldados mortos
Particularização do tipo de aviões eram realmente “monárquicos” ou se
abatidos não se tratará de uma gralha tipográfica,
Informação sobre onde foram abatidos já que as palavras são idênticas;
Esclarecimento sobre a sorte de um são usados sintagmas quase idênti-
dos pilotos cos para exprimir factos diferentes: um
mais geral outro mais particular, “durante
Exemplificação “a série de opera-
uma série de operações no Sara Ociden-
ções” com a citação do caso particular
tal”, no 1.º parágrafo, e “na destruição
dos “aquartelamentos de Hagounia”
dos aquartelamentos de Hagounia”, no
A frase final “e puseram fora de com- 2.º parágrafo
bate várias dezenas de soldados monár-
quicos” é uma repetição quase integral
do 1.º parágrafo do mesmo texto: “após
ter posto fora de combate várias deze-
nas de soldados marroquinos”
As expressões tipo “Fouga Magis-
ter” e “Hagounia” nada significam para
a grande maioria dos ouvintes, que não
são técnicos de aviação ou professores
de Geografia
Conclusão
A notícia jornalística é mais longa.
A notícia radiofónica é mais clara e, portanto, mais compreensível: foram elimi-
nadas todas as informações secundárias e detalhes que não são relevantes e que
poderiam confundir ou cansar o ouvinte.

30 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Caracterização da comunicação escrita UNIDADE 1

Solução N.º 3. Leitura comparativa dos excertos do Texto de apoio 1.2.


Registo comum e técnico-científico1

Texto A – “Eu, se eu quisesse… Texto B – “Toda a pessoa tem…”


• Texto expositivo • Texto expositivo
• Tom oralizante: visível sobretudo pelo • Discurso elaborado
seu carácter repetitivo • Registo comum porque não contém
• Quase que se integra no registo co- metalinguagem técnico-científica
mum ou padrão a todos os níveis lin-
guísticos porque todas as suas cons-
truções e vocábulos são empregados
e compreendidos pela totalidade dos
emissores/recetores, sendo, portanto,
uma língua comum
Registo técnico Registo comum
(mais abstrato) (mais simples)
Texto C1 – técnico Termos (vocabulário) correntes, isto
Termos ligados a formas de ativida- é, palavras usuais, conhecidas e empre-
des profissionais ou lúdicas específicas gadas por todos os falantes
e destinados a designar os objetos de Dele fazem parte os termos indispen-
maneira precisa e exata sáveis para a comunicação dos nossos
pensamentos sobre as coisas essenciais
Texto C2 – científico
da vida humana e social e são conheci-
Embora relacionada com a termino- dos e usados por falantes cultos
logia técnica, reúne termos necessários
à pesquisa e reflexão científicas dentro
de uma determinada ciência; apesar
de terem sido retiradas da linguagem
comum, são palavras que têm sentido
unívoco – significado próprio e sempre
constante
Nota importante: a fronteira entre a linguagem comum e a técnico-científica é
difícil de perceber: a comum assemelha-se à familiar (texto A), mas igualmente à
científica (Textos C). Ou seja, apesar das semelhanças, existem diferenças.

1. Extraído de Fiúza, 1981:68 e Carmo,1980:48.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 31


UNIDADE 1 Caracterização da comunicação escrita

Solução N.º 4. Transposição do texto na sua forma mais apurada1

O pai (sujeito) não quer saber dos filhos, quer dizer, há um desprendimento dele
em relação aos filhos. (Estruturação do parágrafo: declaração inicial, afirma algo) Com
efeito, não lhes dá um tostão, não vai vê-los, não lhe interessa saber se estão bem ou
mal. (Justificação ou fundamentação da declaração inicial, ordenada do mais para o
menos importante, de acordo com um determinado ponto de vista).
Contudo, como o poder paternal existe e não pode ser retirado ou passado para a
mãe, esta tem que pedir autorização ao pai para tudo, excluindo-se os casos em que
se prove que ele sofre de perturbações mentais ou é um criminoso. (mais cuidado na
seleção vocabular)
Na verdade, ela tem que pedir autorização para averbar os filhos no passaporte se
pretende viajar, para uma operação e para muitas outras situações (e não coisas) do
género.
Tal estado de coisas é incrível e acarreta muitos problemas sobretudo quando
acontece os pais viajarem ou desaparecerem da circulação, uma vez que a mãe não
tem como obter a tal declaração.

1. Extraído de Coutinho e Valentim, 1996:92.

32 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


UNIDADE 2
PROCESSO DE ESCRITA
Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

SUBUNIDADE 2.1. FASES E ETAPAS DO PROCESSO DE


ESCRITA

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Nesta subunidade – Fases e etapas do processo de escrita –, pretende-se que ganhes
uma perspetiva global do texto escrito e do seu processo de produção (planificação,
textualização, revisão e edição), aprimorando o modo como planeias os teus textos,
e o uso de alguns dos procedimentos e técnicas envolvidos nesse processo.
Para isso, a partir de um enunciado de tarefa de redação, iremos seguindo o
percurso de produção escrita, parando em cada uma das suas fases e etapas e expe-
rimentando os procedimentos e técnicas que podes usar em cada uma delas para
desenvolveres a tua competência de escrita.
Finalmente, em Prática da língua, terás a oportunidade de usar autonomamente
esses saberes e procedimentos.
Para aprofundares os teus conhecimentos e ganhares mais consciência sobre estas
questões, deves estudar o texto indicado e seguir as orientações que te são dadas.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, deves ser capaz de:
• Preparar a produção de um texto, antes de começar a escrever, numa situação
comunicativa concreta, efetuando as seguintes operações:
‒‒Indicação das condições em que ele vai ser escrito;
‒‒Determinação dos seus destinatários;
‒‒Formulação de objetivos/finalidades comunicativas;
‒‒Escolha do assunto e do tema;
‒‒Decisão sobre a forma de organização textual/tipo de texto;
‒‒Decisão sobre o tipo de discurso (narrativo, descritivo, informativo, argu-
mentativo,…);
• Usar as seguintes técnicas de mobilização de ideias:
‒‒Listas simples;
‒‒Grupos associativos;

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 35


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

• Selecionar as informações a verter no texto, em função do objetivo e do tempo


disponível;
• Usar as seguintes técnicas de organização das informações:
‒‒Mapa de ideias;
• Elaborar o plano do texto a escrever;
• Adotar um comportamento revisor e editor em relação ao teu próprio texto e
ao dos outros, guiado pelo objetivo:
‒‒considerando o leitor, numa atitude colaborativa;
‒‒usando operações e instrumentos adequados;
• Explicitar a importância de cada uma das etapas da planificação textual, como
preparação indispensável para a escrita.

3. Conteúdos
1. Fases e etapas do processo de produção escrita
1.1. Planificação
1.1.1. Macroplanificação
1.1.1.1. Técnicas de mobilização e inventariação de informações: lis-
tas simples e grupos associativos
1.1.1.2. Técnicas de seleção e de organização de informações: catego-
rização e mapa de ideias
1.1.2. Microplanificação
1.1.2.1. Natureza, estrutura e qualidades dos planos textuais
1.1.2.2. Modelos e tipos de planos textuais
2. Textualização (conceito e contextualização)
2.1. Revisão como estratégia de redação: amplitude, etapas e operações
2.2. Edição do texto: objeto e procedimentos

4. Recursos
• Texto de apoio 2.1.1. Formulações de enunciados de tarefas
• Texto de apoio 2.1.2. Distribuição da informação
• Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita
• Ficha informativa 2.1.2. Plano textual
• Grelha de revisão geral do texto escrito

36 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

5. Orientações para autoestudo


Como estás lembrado da Unidade I, escrever não é apenas passar as nossas ideias
para o papel. Escrever é comunicar através da escrita. Portanto, as ideias têm de ser
inventariadas, organizadas e registadas, o que é feito num trabalho progressivo e por
fases e etapas, que interagem. Para compreenderes essas fases e etapas e te apropriares
de algumas técnicas e estratégias, começa por ler a Ficha informativa 2.1.1. Processo
de escrita, abaixo. Depois, segue os procedimentos que te são propostos:

Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita1

1. Fases e etapas da produção de um texto

I FASE
PLANIFICAÇÃO (pre- AÇÕES
paração, antes de
escrever)
1.ª Etapa
macroplanificação
Tomada de várias decisões para ficarem claras as con-
dições em que se vai produzir e publicar o texto:
• Indicar as condições de produção/difusão do texto (Quem
escreve? Em que circunstâncias?)
1.º Passo – projetar • Determinar destinatários (Para quem?)
o texto • Formular / estabelecer objetivos/finalidades comunicati-
vas (Com que intenção?)
• Escolher o assunto e o tema (Sobre o quê?)
• Decidir sobre a forma de organização textual/tipo de texto
e tipo de discurso (O quê?)
Mobilizar/ativar (trazer à memória) as informações/
ideias de que se dispõe (conhecimento)
2.º Passo – procu-
Recolher informações em fontes, mediante leitura e ou-
ra de informações
tras técnicas
(ideias) sobre o que
se vai escrever Registar o inventário das informações (ideias), com re-
curso às seguintes técnicas: lista simples e grupo associa-
tivo

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:111-116;124; Lopes, 2003:45-56;
Granatic, 1996; Serafini, 1996:15-72; Rei, 1995:25-33; Gourmelin e Guedon,1992; Afonso, 1991:93-94;
Bastos, e Fidalgo, 1990; Moita, 1990.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 37


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Selecionar as informações que vão ser efetivamente


usadas no texto, abandonando as outras. Esta seleção
deve ser feita, avaliando quais as ideias que são úteis ou
fortes, tendo em conta as linhas de compreensão do enun-
3.º Passo – seleção e ciado e os parâmetros definidos na macroplanificação. As
organização das infor- ideias supérfluas, excessivas ou que se desviam desses
mações (ideias) parâmetros devem ser abandonadas.
Organizar as ideias selecionadas, agrupando-as por
afinidades e estabelecendo relações entre elas. Para isso,
pode-se usar as técnicas de: a) categorização; e b) mapas
de ideias
2.ª Etapa Elaboração do plano do texto (Cf. Ficha informativa
microplanificação 2.1.2. Plano textual)

Redação propriamente dita: processo de montagem ou


composição dos períodos e parágrafos que dão conta das
informações previstas no plano (concretização do plano),
com recurso aos articuladores sintáticos e discursivos e
tendo em conta, entre outros:
• A estrutura do texto
• A distribuição e progressão da informação
• As qualidades básicas do texto
Com efeito, um texto é um todo organizado com sentido
e não um amontoado de frases porque apresenta ordem e
II FASE TEXTUALI- progressão, ou seja, um fio condutor e continuidade. Para
ZAÇÃO (conversão isso as suas partes têm que ser escritas com rigor, respei-
do plano em texto) tando as decisões tomadas na macroplanificação, o assun-
to e o tema e a especificidade de cada texto e de cada uma
das suas partes.
A experiência recomenda que na primeira redação do
texto (rascunho) se comece pelo desenvolvimento, deixan-
do a introdução para o fim para que ela seja coerente com
o desenvolvimento.
Recomenda-se ainda que, nessa redação o foco da
atenção seja sobretudo o conteúdo, ainda que observando
as convenções textuais e de escrita e regras da gramática.
Leituras críticas do que foi escrito, passo a passo, e
III FASE seu aperfeiçoamento (reorganização e reformulação), ten-
do em conta, entre outros, a sua adequação ao contexto/
REVISÃO situação de comunicação e ao destinatário, e às normas e
convenções textuais e a correção gramatical e ortográfica.
IV FASE Passar o texto a limpo, cuidando da sua apresentação
EDIÇÃO gráfico-estética, incluindo a marcação dos parágrafos

38 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

2. Glossário de termos
Algumas definições, muito simplificadas, de termos que exprimem competências
intelectuais ou operações discursivas que podem ser encontrados em enunciados de
tarefas de redação (ou de provas de qualquer disciplina):

• Analisar: estudar, através da observação de cada parte e das relações que têm entre
si (a análise de um texto requer técnicas e procedimentos próprios)
• Apreciar: ser sensível, compreender, gostar de algo ou de uma qualidade ou valor
• Articular: estabelecer relações ou conexões entre elementos, ideias, conceitos
• Assinalar: indicar através de um sinal que pode ser uma seta, um traço por baixo,
uma cruz, um asterisco, etc.
• Avaliar: determinar o valor, o merecimento, a qualidade
• Classificar: distribuir em classes ou categorias
• Comentar: formular uma posição pessoal sobre o conteúdo e/ou forma do texto,
fundamentada na análise (o comentário requer técnicas e procedimentos próprios)
• Comparar: examinar simultaneamente duas ou mais coisas para lhes determinar as
semelhanças ou diferenças
• Compreender: percecionar o significado, o sentido
• Concluir: chegar a uma decisão, ao fim de uma dedução ou inferência, por raciocínio
lógico
• Condensar: dizer em poucas palavras
• Constatar: verificar; certificar
• Criticar: apontar aspetos positivos e/ou negativos
• Deduzir: raciocinar para concluir a partir do geral para o particular, de factos conhe-
cidos para factos desconhecidos
• Definir: fornecer de modo exato todas as características próprias de um conceito ou
objeto
• Demonstrar: provar com raciocínio convincente; fazer ver
• Descrever: apresentar as características próprias dum objeto de descrição a partir
da observação (a descrição requer técnicas e procedimentos próprios)
• Designar: dar o nome
• Detetar: descobrir ou percecionar qualquer elemento não muito visível ou reconhecível
• Determinar: estabelecer a natureza, os termos ou os limites
• Distinguir: diferenciar duas ou mais coisas, a partir das suas diferentes característi-
cas; reconhecer sentidos ou significados diferentes
• Elaborar: preparar; compor; produzir
• Empregar: usar; utilizar
• Enumerar: especificar um a um
• Esquematizar: representar através de esquema, por tópicos, alíneas, etc.
• Estabelecer condições: determinar que elementos, factos ou coisas são essenciais
para a realização de outra ou para uma verdade no raciocínio lógico
• Examinar: submeter a uma prova, análise, observação
• Excluir: rejeitar, não incluir ou admitir num conjunto; retirar; eliminar
• Exemplificar: mostrar com um ou mais exemplos
• Explicar: dizer de forma a ser entendido; esclarecer
• Expor: apresentar tudo o que se refere a uma questão ou problema de modo a que
as pessoas a quem ela se destina deles adquiram um conhecimento global

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 39


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

• Exprimir hipótese: formular uma tentativa de explicação de factos ou raciocínios,


apontando elementos ou argumentos que fundamentam essa explicação
• Extrair dados: deduzir informações
• Focar: salientar; pôr em destaque; destacar
• Fundamentar: mostrar as razões, os argumentos; provar
• Generalizar: tornar extensivo a muitas coisas as conclusões da observação feita
numa ou em número reduzido delas (afirmar um lei ou princípio geral)
• Hierarquizar: organizar, seguindo uma ordem, grau ou classe
• Identificar: reconhecer qualquer coisa já anteriormente observada ou descrita
• Ilustrar: mostrar com exemplos
• Induzir: raciocinar para concluir a partir de casos individuais ou de factos particulares
• Inferir causas: apontar as explicações, justificações ou razões de uma ação ou pen-
samento
• Inferir: chegar a uma informação, a partir de outras explícitas ou implícitas (num
texto, numa fala, num discurso)
• Informar: passar uma informação de forma clara, objetiva e pormenorizada
• Integrar: completar; passar a fazer parte
• Interpretar: dar um sentido ao que se ouve, se lê, ou se vê, relacionando-o com os
seus conhecimentos do mundo
• Julgar: fazer juízos intelectuais ou morais sobre alguém ou algo
• Justificar: apresentar as razões; dizer por que motivo
• Localizar: indicar o lugar
• Narrar: expor oralmente ou por escrito um ou mais factos (a narração) requer técni-
cas e procedimentos próprios)
• Nomear: dar o nome; indicar
• Optar: preferir; decidir-se por
• Pressupor: tomar algo como certo, verdadeiro ou sabido, estabelecendo relações
lógicas com esses dados pressupostos
• Questionar: procurar a verdade ou a certeza, pondo em causa, expressando incer-
tezas
• Realçar: mostrar; destacar; salientar
• Reconhecer: conhecer, a partir de informações, pormenores já anteriormente per-
cecionados
• Recontar: apresentar acontecimentos vividos, imaginados ou lidos, seguindo a es-
trutura de história
• Reescrever: tornar a escrever; escrever de outro modo
• Referir: mencionar; dizer
• Reformular: dar nova forma; dizer/escrever de outra maneira
• Relacionar: pôr em conexão; mostrar as ligações ou associações
• Relatar: fazer a exposição minuciosa e circunstanciada dos factos ocorridos ou dos
motivos (o relato requer técnicas e procedimentos próprios)
• Selecionar: escolher elementos, informações, preferindo-os a outros, por razões de
interesse ao fim em vista
• Sequencializar: organizar uma sucessão de elementos segundo uma ordem crono-
lógica, causal, lógica…
• Sintetizar: apresentar conjuntamente, de forma resumida
• Transcrever: copiar de um sítio para outro
• Verificar: averiguar se uma coisa é como deve ser ou como a dizem; conferir

40 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

3. Técnicas para registo da informação: lista simples e grupo associativo


a) Lista simples
Definição: registo das informações uma a seguir a outra, formando uma lista, tal
como elas vêm à mente, ou seja, sem qualquer preocupação de organização.
Procedimentos
1.º Numa folha de papel (ou numa folha de texto, no computador), coloca cada um dos
nomes no início de uma coluna, como título;
2.º Deixa correr livremente o pensamento para que as ideias surjam, sem qualquer
preocupação de organização (chuva de ideias);
3.º Regista as ideias, como elas forem surgindo e espaçadamente;
4.º Toma cuidado para não te desviares do que compreendeste;
5.º Sê claro no teu rascunho para evitar confusões, nervosismo e perda de tempo;
6.º Deixa espaço entre as linhas para o caso de quereres acrescentar algo;
7.º Evita escrever no verso das páginas e enumera-as.
Exemplo1
TEMA: «A comunicação social exerce uma grande influência na formação da
opinião pública». Comente esta afirmação, fazendo referência aos diferentes meios de
comunicação social e aprecie, comparativamente, a influência de cada um deles.

IMPRENSA ESCRITA
RÁDIO TELEVISÃO
(jornal, revista)
• mais público (donas de • mobilidade de transporte • público mais alargado
casa, estudantes) • público mais restrito (criança-idoso)
• tempo (noite fora) (com hábitos de leitura) • horário
• rápido • preço • impacto da imagem
• económico • consulta (arquivo) • qualidade dos programas
• mobilidade de transporte • reflexão (voltar atrás, • ligeireza da abordagem
• grande fornecedor de reler) • manipulação da imagem
música • ato voluntário (desloca- • passividade
• quantidade e qualidade ção para compra) • muito tempo junto do
da informação • em linha (online) ecrã
• público/privado • em papel
• rádio educativa • independentes/partidá-
rios

b) Grupo associativo
Definição: esquema gráfico de recolha de ideias, por associação espontânea.
Procedimentos
1.º Desenha, no centro da página, um retângulo, círculo, ou quadrado;
2.º Escreve, dentro da figura, o tema do trabalho;
3.º Deriva linhas dessa figura (tantas quantas os tópicos fortes em que se decompuser
o tema);

1. Tema e lista simples, com adaptações, extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:41 e 42, respetivamente.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 41


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

4.º Deriva ramos ou subtópicos associados às ideias que vão ocorrendo e que vais
acrescentando. À medida que ideias relacionadas com o tema do trabalho vierem
à mente, por associação espontânea, elas vão sendo dispostas radialmente em
torno das primeiras.

Exemplo:

Vantagens
• Permite visualizar a interligação entre o tema e os seus tópicos e subtópicos, e inferir
as suas relações lógicas;
• Estimula o surgimento de novas ideias;
• Serve de instrumento para o desenvolvimento e enriquecimento das ideias.

4. Técnicas de organização da informação


a) Categorização
Conceito: organização das informações/ideias selecionadas em categorias, ou
seja, subconjuntos onde todos os elementos tenham qualquer coisa em comum (con-
juntos lógicos).

42 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Exemplos de categorias

• Antecedente / consequente • Problema dado/aspetos positivos/


• Balanço – crítica / perspetivas/propostas aspetos negativos/perspetivas/
• Causa(s)/efeito(s)/consequência(s)/reme- conclusão
diação • Problema/ causas/ consequên-
• Conhecido/ desconhecido cias/ resoluções
• Definição/alcance e limites • Situação/problemas/possíveis so-
• Elementos/semelhanças/diferenças/con- luções
clusão • Situação/pontos de vista/propos-
• Exposição da tese/ refutação de possíveis tas
objeções/tese do autor/exposição de van- • Situação/diagnóstico/condições
tagens de êxito
• Evolução de um processo/consequências/ • Situação anterior/situação atual/
meios para o infletir futuro/ vantagens/inconvenientes/
• Facto(s)/hipótese(s)/verificação/conclusão opção/explicação
• Interessante/desinteressante
• Observação/proposições
• Passado/evoluções/presente
• Pressuposição/inferência/dedução

Procedimentos
1.º Define as categorias que vão ser usadas, prestando atenção nas ideias em bru-
to (lista simples ou grupo associativo), questionando o assunto/tema e buscando
identificar as relações lógicas que se pode estabelecer entre as ideias, fazendo
perguntas do tipo, por exemplo: Quem? O quê? Onde? Quando? Em que tempo?
Com que meios? Como? Porquê?;
2.º Coloca, à esquerda, a folha com as ideias em bruto e, à direita, a folha em que vais
fazer a categorização;
3.º Procede à categorização das ideias selecionadas, inserindo-as nas categorias defi-
nidas, deixando espaço para modificar ou acrescentar categorias e ideias;

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 43


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Exemplo para o tema

Principais diferenças entre


Meios de comunica-
Problema dado os meios de comunicação
ção social
social
• o que é opinião pública? • Escritos (jornais e • públicos a que se destinam
• como se influencia a opi- revistas) • especificidade da impren-
nião pública? • rádio sa escrita
• com que fins se procura • televisão • impacto da TV
influenciá-la? • trunfos da rádio
• a linguagem massmediática

b) Mapa de ideias
Conceito: esquema gráfico de seleção e organização de informações, distinguindo
as mais importantes das ideias cada vez menos importantes e evidenciando as rela-
ções lógicas entre elas. É uma racionalização natural do grupo associativo e fornece
um resumo das ideias selecionadas.

Procedimentos
1.º Coloca, à esquerda, a folha com as ideias em bruto (grupo associativo) e, à direita,
a folha em que vais fazer o mapa de ideias;
2.º Tal como no grupo associativo, coloca a ideia-força, no centro da página;
3.º À volta do centro, no segundo nível, portanto, em leque, deriva linhas encimadas
pelas categorias, perguntas ou tópicos que tiveres elaborado ou outras categorias
que, entretanto, forem definidas;
4.º Num terceiro nível, podes derivar subcategorias das primeiras categorias a que
vais associando as ideias registadas ou outras que forem surgindo. Podem ser
usados sublinhados, cores, números, etc.

44 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Exemplo:

5. Revisão
a) Em que consiste a revisão do texto?
A revisão não é passar a limpo o rascunho. Ela consiste na releitura do texto pelo
autor, tantas vezes quantas as necessárias, para avaliação do escrito, exercendo a
maior vigilância, para verificar se o texto possui todas as qualidades que deve possuir,
tanto quanto ao conteúdo como quanto à forma (avaliação do texto).
b) Quantas leituras são precisas e qual o foco delas?
Há que desenvolver o hábito de acompanhar o que se escreve através da leitu-
ra, para controlar a adequação e a correção do que se vai escrevendo a todos os
níveis, desde o desenvolvimento das ideias até à ortografia: organização textual,
desenvolvimento das ideias, desenvolvimento dos parágrafos, regras gramaticais,
escolha das palavras, ortografia, entre outros. Ou seja, a revisão acontece em qual-
quer etapa do processo e até mesmo mentalmente antes da redação. Contudo, a
revisão do texto, após a conclusão da redação, é uma fase fundamental e indispen-
sável para a sua melhoria.
A revisão do conteúdo e da forma ocorrem simultaneamente. Contudo, pode-se se-
parar, fazendo, pelo menos duas leituras. A primeira para i) verificar se o texto produzi-
do se adequa aos parâmetros da situação de produção definidos na macroplanificação;
e ii) com foco no conteúdo, conferir se o texto está: a) completo ou se há informações
que precisam de ser desenvolvidas ou reduzidas; b) bem estruturado, em especial se
a organização dos parágrafos e a sua ordem garantem a progressão lógica das ideias,
sem repetições desnecessárias ou quebras ou ruturas no fio discursivo.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 45


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Numa segunda leitura, pode-se focalizar a forma, prestando atenção ao modo


como as informações são ditas, ou seja, se elas são expressas, nomeadamente, de
modo claro e coerente, para encontrar frases, períodos ou parágrafos que precisam de
ser corrigidos ou reformulados (encurtados, simplificados ou reorganizados, por exem-
plo), conferir a adequação do vocabulário e verificar a pontuação, a ortografia, a grafia
e os aspetos gráficos.
c) O que se faz durante a revisão (procedimentos)?
Durante o processo de revisão risca-se, apaga-se, corrige-se e volta-se a escrever,
ou seja, reformula-se.
A reformulação do texto consiste em reescrever o texto, efetuando as correções e
as alterações que as leituras mostraram ser necessárias.
Depois, há que fazer uma nova leitura, colocando-se no lugar do destinatário, para
verificar se o texto tem leitura fácil, isto é, se o leitor consegue acompanhar, sem difi-
culdades, o raciocínio, e se ele fará a interpretação que se pretende. Essa leitura pode
originar novas reformulações para aumentar a legibilidade do texto (a possibilidade que
ele tem de ser aceite pelo leitor).
Se as circunstâncias o permitirem, pode-se proceder a uma nova leitura, algum
tempo depois. Esta leitura distanciada no tempo possibilita dar conta de novos aspetos
de conteúdo e formais a corrigir ou reformular.
d) Quais os instrumentos auxiliares da revisão?
São indispensáveis instrumentos como: gramática, dicionário e prontuário. Grelhas
específicas para autocorreção de diferentes tipos de texto são usadas em contextos
escolares.
e) Em que momentos se faz a revisão?
Ocorre mentalmente, antes da redação.
Ela é feita também ao longo do processo de textualização, acompanhando o que
se escreve para controlar a adequação e a correção da escrita e, ainda no fim, (revisão
final), após a conclusão da redação, para a sua melhoria, fase fundamental e indispen-
sável.
Quanto mais tempo passar entre a redação e a revisão maior será a capacidade
crítica do autor.
f) Qual a importância da revisão?
Sem revisão, não há bom texto. Escrever é reescrever.
g) O que se deve evitar na revisão?
Passar a limpo o rascunho, tal qual.
6. Edição
É nesta fase, a última, que se passa o texto a limpo. Tem como objetivo melhorar o
visual do texto para facilitar a sua leitura e apreciação.
Deve ser feito com uma letra legível (um texto com uma letra pouco clara indispõe
o leitor e não é lido inteiramente) e cuidando da apresentação gráfica ou formatação,
nomeadamente de: a distribuição do texto no papel, o destaque devido aos parágrafos,
o respeito pelas margens, a coerência entre as marcas usadas e a limpeza do texto.

46 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Como instrumento para esta fase, pode ser usada a parte 4. da Grelha de revisão
geral do texto escrito: Apresentação gráfica.
Em textos que exigem mais cuidado, pode-se pedir a uma outra pessoa, de confian-
ça, que leia o texto antes de ele ser publicado, focando aspetos formais e de conteúdo
e que faça uma apreciação global, sugerindo melhoramentos, pois, os comentários e
as críticas dos outros, normalmente, são muito eficazes.

5.1. Fase 1 da Produção escrita – Planificação (preparação/ programação


da escrita)
Esta fase compreende duas etapas: a macroplanificação e a microplanificação.
Iremos trabalhar sobre elas, primeiro a macro e, depois, a micro.

5.1.1. Compreendendo a Etapa 1 da planificação: macroplanificação


• 1.º Passo da macroplanificação: representação da situação comunicativa (indicação
do contexto de produção/difusão do texto, determinação do(s) destinatário(s),
formulação de finalidades/objetivos comunicativos, escolha do assunto e do tema
(conteúdo), opção pelo tipo de texto e de discurso)
Como percebeste da unidade anterior, quando alguém se prepara para escrever
um texto, as perguntas-chave são: Quem escreve? Para quem? Com que intenção?
Sobre o quê? O quê?
A implicação é que, antes de se começar a escrever, há que programar a realização
da tarefa, tomando várias decisões para ficarem claras as condições em que se vai
produzir e publicar o texto:
• Quem vai escrever? Quem é o autor do texto, o aluno para o professor corrigir
ou o aluno na qualidade de uma pessoa definida?
• Em que condições? Em casa, na aula, na empresa? E durante quanto tempo?
Apenas para o professor corrigir/avaliar? Apenas para o professor e os colegas
lerem? Para publicar no jornal ou no blogue ou outro?
• Para quem? Um leitor potencial, alguém indefinido, ou seja, que não se sabe
bem quem é, como quando se escreve num jornal ou num blogue? Um ou
mais indivíduos concretos com quem o escrevente mantém um determinado
tipo de relação social? Saber qual o perfil do destinatário, as suas necessidades e
expetativas, é um passo fundamental para se definir os objetivos e o tipo de texto;
• Com que intenção? O que se pretende realizar com o texto que se vai escrever?
Os objetivos ou finalidades comunicativas dos textos podem ser muitos e
diversificados: recordar, informar, relatar, expor, convidar, convencer a fazer algo,
dizer como algo funciona, apresentar alguém, aprender, criar, entre outros;

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 47


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

• O quê? Qual o tipo de texto que se vai escrever e a sua forma de organização?
• Como? Que tipo de discurso (informativo, descritivo, narrativo, argumentativo...)
e qual o grau de formalidade (o registo de língua adequado) associados ao tipo de
texto que melhor se adequa aos aspetos anteriores e ao assunto?
• Sobre o quê? Qual o assunto e o tema do texto? Quais as ideias e informações
que deve conter (conteúdo)? Estas decisões têm como base as anteriores, as
quais também permitem que se possa colocar no lugar do destinatário, e
antecipar as suas reações.

Este é o 1.º passo desta etapa essencial no processo de escrita e é designado de


macroplanificação. Terás várias oportunidades de a praticar na Unidade 4, em que
vais ser solicitado a escrever diferentes tipos de texto.
• Compreendendo enunciados de tarefas
Em contexto escolar, os temas para a escrita são, na maior parte das vezes, apre-
sentados sob a forma de enunciados com base nos quais deves redigir textos para
apresentares aos teus professores em situações de avaliação formativa ou sumativa.
Por isso, vamos continuar o caminho das fases e etapas do processo de escrita e
dos procedimentos e técnicas que podem ser usados, tomando como base enuncia-
dos de tarefas.
• O que fazer perante um enunciado de tarefa?1
É preciso, antes de mais, compreendê-lo. Trata-se de um passo crucial para a
redação de textos, em contexto académico. Só deves começar uma tarefa, depois de
teres percebido bem o que te é solicitado, pois o contrário é muito arriscado. Para
isso, habitua-te a ler os enunciados uma primeira vez, para uma compreensão global
e, pelo menos mais uma vez, sublinhando as palavras-chave, de preferência com um
lápis para o caso de teres necessidade de voltar atrás. Assim:
i) Lê com muito cuidado o primeiro enunciado do Texto de apoio 2.1.1. Exemplos
de enunciados de tarefas, cuja formulação é um comentário de citação, buscando
compreendê-lo. Para o efeito, empenha-te em responder às perguntas que te
são colocadas, perguntas essas a que deves habituar-te a fazer sempre que és
colocado perante um enunciado de tarefas:
a) O que é pedido?
b) Sobre o quê?
c) Há algo mais que eu precise de esclarecer sobre este conteúdo?
d) Como?

1. Para esta sequência, segue-se de perto a proposta didática de Bastos e Fidalgo, 1990:13-18; 41-44 e de
Serafini,1996:15-72.

48 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Texto de apoio 2.1.1. Exemplos de enunciados de tarefas


1234

TEMA1: «A comunicação social exerce uma grande influência na formação


da opinião pública». Comente esta afirmação, fazendo referência aos diferentes
meios de comunicação social e aprecie, comparativamente, a influência de cada
um deles.
Exemplo 12: Pensa que as religiões têm futuro?
Exemplo 2: Dinheiro e política.
Exemplo 33: Discuta a seguinte frase de Pascal:
O homem é uma cana, a mais fraca da natureza; mas é uma cana que pensa.
Exemplo 44
Desporto e sociedade
Tópicos
1.º Atividade lúdica e competição
2.º Convívio e violência
3.º Prática e espetáculo
Desenvolva este tema, tendo em conta, os tópicos indicados.
Exemplo 5
Muitas pessoas segregam os seropositivos como se repeliam os leprosos,
pelo temor, infundado, de contágio pelo simples contacto.
Poder-se-á considerar o medo uma forma dramática de solidão?
José Cardoso Pires, Balada da Praia dos Cães.

Exemplo 6
Justifique a seguinte afirmação:
Sem dúvida, a ciência não é perfeita e pode ser mal utilizada, mas é de longe
o melhor instrumento que possuímos, que se corrige a si próprio sem cessar, que
se aplica a tudo.
Carl Sagan, Cosmos

ii) Confronta as tuas respostas com as soluções que te são apresentadas na Solução
N.º 1 e avalia o teu trabalho.
iii) Analisa, no Texto de apoio 2.1.1. Exemplos de enunciados de tarefas, as
formulações apresentadas. Regista, de forma direta e objetiva, como esses
enunciados estão formulados e o que entendeste de cada um deles.
iv) Compara as tuas respostas com as que te são apresentadas na Solução N.º 2.
1. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:41.
2. Os exemplos 1 e 2 foram extraídos de Gourmelin e Guedon,1992:61e 64.
3. Os exemplos 3, 5 e 6 foram extraídos de Afonso e Lopes, 1991:40, 44 e 86.
4. O exemplo 4 foi extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:47.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 49


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

v) Para concluir este tópico, lê/estuda, no ponto 2 da Ficha informativa 2.1.1.


Processo de escrita, o glossário de termos, ou seja, algumas definições, muito
simplificadas, de termos que exprimem competências intelectuais ou operações
discursivas que podem ser encontradas em enunciados de tarefas de redação (ou
de provas de qualquer disciplina). Caso tenhas alguma dúvida, pede ajuda a um
professor de língua portuguesa.
vi) Considera o seguinte enunciado, o qual, a partir de agora, vai guiar o trabalho
que vais desenvolver. Para começar, formula tu próprio as questões que deves
colocar para o compreender:

TEMA: O trânsito na cidade da Praia

Nesta formulação, nada é indicado. Portanto, há que delimitar o tema, formular


os tópicos e delinear o caminho a seguir. Compreendido o enunciado, podes reto-
mar o 1.º passo do processo de macroplanificação, definindo mentalmente e regis-
tando para não te esqueceres: o contexto em que vais escrever, para quem e porquê.
Entretanto, para podermos caminhar juntos, propomos-te a seguinte base de
trabalho no quadro da macroplanificação: familiares teus que se encontram há al-
gum tempo fora do país, estão preocupados com a situação do trânsito na cidade
da Praia e fizeram-te várias perguntas. Para poderes responder, decidiste formular o
tema como indicado acima e escrever um texto a partir dele, a ser publicado num
jornal. Claro que se não resides na cidade da Praia, deves adequar o tema ao lugar
onde habitas.
Depois de estar claro o desenho do que vais escrever, passa ao segundo passo da
macroplanificação que tem que ver com o conteúdo (escolha das ideias e sua orga-
nização), a qual, por sua vez, consiste de vários passos.
• 2.º Passo da macroplanificação: procura de ideias (mobilização do
conhecimento e/ou recolha de informações)
Este passo consiste em trazer à memória as ideias ou informações que se vai
escrever (o conteúdo) ou recolhê-las em fontes. Dado que trabalhaste no curso de
leitura como fazer o tratamento das informações recolhidas em fontes, estes pro-
cedimentos não vão ser considerados aqui, embora algumas técnicas possam ser
retomadas, na perspetiva de quem escreve.
Na verdade, vais trabalhar duas técnicas que podes usar para registar o inventário
das ideias que vais mobilizando, para não as esqueceres: a) lista simples e b) grupo
associativo. Mas lembra-te de que, para inventariar ideias, é preciso tê-las. E para
isso, é preciso ler e ler bastante e permanentemente.

50 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

• Técnica de lista simples


i) Considerando o tema, começa por fazer uma lista simples. Procede como
indicado no ponto 3.a) da Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita.
ii) Compara a lista simples que elaboraste com a que te é apresentada na Solução
N.º 31 e avalia o teu trabalho.
• Técnica de grupo associativo
i) Considerando o mesmo tema – O trânsito na cidade da Praia –, constrói
um grupo associativo, procedendo como explicado no ponto 3.b) da Ficha
informativa 2.1.1. Processo de escrita.
ii) Compara o grupo associativo que elaboraste com o que te é proposto na Solução
N.º 4 e avalia o teu trabalho.
iii) Compara a lista simples com o grupo associativo e tenta perceber e indicar as
vantagens da técnica do grupo associativo em relação à técnica da lista simples.
Compara o que escreveste com a informação que te é dada sobre isso na Ficha
informativa 2.1.1. Processo de escrita.
• 3.º Passo da macroplanificação: seleção e organização das informações (ideias)
i) Após a mobilização das ideias (ou sua recolha, mediante leitura e outras
técnicas), há que selecionar aquelas que vão ser efetivamente usadas no texto,
abandonando as outras. Relê, na Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita,
informações sobre esta questão.
ii) Em seguida, há que organizar as ideias selecionadas, agrupando-as por afinidades
e estabelecendo relações entre elas. Para isso, pode-se usar as seguintes técnicas:
a) a categorização e b) o mapa de ideias.
• Técnica de categorização
i) Antes de começares o exercício de categorização das ideias que inventariaste para
o tema e que registaste na lista simples e no grupo associativo, estuda o ponto 4.a)
categorização da Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita. Caso não conheças
alguns dos termos usados para designar as categorias, consulta um dicionário ou
pede esclarecimentos a professores de português que conheças.
ii) Procede agora à categorização das ideias que inventariaste, usando os
procedimentos indicados na Ficha informativa.
iii) Compara o teu trabalho com as possibilidades que te são apresentadas na
Solução N.º 5. Confronta as duas propostas e avalia o teu trabalho.
• Técnica de mapa de ideias
i) Primeiro, lê a informação sobre esta técnica no ponto 4.b) da Ficha informativa
2.1.1. Processo de escrita.
ii) Agora, elabora um mapa de ideias a partir do grupo associativo que construíste,
adotando os procedimentos explicados na Ficha informativa 2.1.1. Processo de
escrita.
1. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:42, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 51


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

iii) Compara o mapa de ideias que elaboraste com o que te é apresentado na Solução
N.º 6 e avalia o teu trabalho.
5.1.2. Compreendendo a Etapa 2 da planificação: microplanificação
(elaboração do plano do desenvolvimento)
i) Experimenta produzir um texto oral a partir da categorização ou do mapa de
ideias. Certamente que não conseguiste. É que no processo de preparação da
escrita – planificação –, há ainda que refletir sobre as informações selecionadas e
organizadas e quais devem integrar cada uma das partes do texto – introdução,
desenvolvimento e conclusão – e em que ordem (sequência hierárquica), ou
seja, há que elaborar o plano do texto, respeitando a estrutura de cada tipo
de texto e especificidade de cada uma das suas partes. Trata-se da etapa da
microplanificação.
ii) Lê os textos do Texto de apoio 2.1.2. Distribuição da informação, abaixo.
Compara esses textos para perceberes como está distribuída a informação
principal e a secundária em cada um deles (sua sequência e localização). Regista
as tuas conclusões.

Texto de apoio 2.1.2. Distribuição da informação1

Texto A
S. Filipe, 24 de maio de 2012

Sr. José Teixeira,

Sou um grande admirador do hipismo e, além de praticá-lo, estou em ótima


colocação no ranking nacional.
Gostaria de obter informações sobre as provas classificatórias para o Cam-
peonato Cabo-verdiano: data, local e formas de pagamento da inscrição.
Se possível, entre em contacto pelo telefone xxxxxxx ou pelo correio eletróni-
co xxxx.

Cumprimentos.
Assinatura

1. Textos extraídos e adaptados de: Alves, 2005:23-29.

52 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Texto B
Mindelo, 24 de maio de 2012

Sr. Gerente,

O nosso controlo de pagamentos acusa, em sua conta, prestação vencida


há mais de dez dias, motivo pelo qual lhe pedimos a sua imediata regulariza-
ção. Tendo em vista que a emissão desta carta de cobrança é automática por
computador, caso já tenha pagado até à data da entrega da mesma, solicitamos
inutilizá-la.

Atenciosamente,
Luís Carlos Dias
Gerente de cobrança

Texto C
1. Como faço para visitar a fábrica?
É simples. Basta chegar ao Centro da Receção de Visitantes ou ligar para o
telefone xxxx e marcar o horário.
2. Tenho que pagar alguma taxa?
Não. Basta marcar horário que teremos todo o prazer de mostrar a fábrica.
3. Posso visitar a secção de produção de bebida?
Sim. Basta colocar o equipamento adequado.
4. Quantas bebidas são engarrafadas diariamente?
• Água, 2000
• Refrigerantes, 1000
• Cervejas, 500 caixas
5. Quais são os horários de visita?
De segunda a sexta, das 8h às 11h e das 14h às 17h;
Sábado e Domingo, das 10h às 13h.

FÁBRICA DE BEBIDAS LTDA.


CENTRO DA RECEÇÃO DE VISITANTES

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 53


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Texto D
Espargos, 24 de maio de 2012

Sr. José Teixeira,


O microcomputador comprado na Quality Tech no dia 10 de abril do corrente,
exatos quinze dias depois, apresentou problemas que estão a impedir definitiva-
mente o pleno exercício dos meus trabalhos. As providências tomadas por essa
empresa não fizeram efeito, retornando assim os mesmos problemas. Sugiro
que até ao dia 10 do mês de junho seja adotada uma das providências a seguir
especificadas:
Devolução do equipamento e ressarcimento do dinheiro; ou troca por outro
equipamento da mesma configuração.
Aguardo até ao dia 30 de maio, correspondência da Quality Tech informando
uma das soluções a serem tomadas.

Atenciosamente,
João Nunes

iii) Volta a ler esses textos, agora com o objetivo de perceber: i) a intenção do
escrevente de cada um deles; e ii) o efeito que podem provocar no leitor. Regista
as tuas conclusões.
iv) Confronta os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º71
e avalia o teu trabalho.
v) Podes ficar a saber mais sobre esta questão, lendo o tópico Modelos de
planificação na Ficha informativa 2.1.2. Plano textual.

1. Informações de Alves, 2005:23-29.

54 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Ficha informativa 2.1.2. Plano textual1

Conceito: os planos textuais são modos de estruturar as ideias de um tema.


Natureza: com o plano, optamos pelas ideias a utilizar e pela sua ordem sequencial
(sucessão das ideias).
Utilidade:
• Guia o nosso pensamento, indicando o caminho, o itinerário a seguir (o conjunto de
etapas a percorrer ou as balizas a ter em conta na progressão do desenvolvimento
da informação).
• Confere ao texto unidade, coerência e progressão da informação.
• Possibilita evitar a repetição e que o autor se perca.
• Permite guiar o leitor, para que ele também não se perca.
Pressupostos: é o resultado da interação entre o objetivo do autor e o que o leitor
espera, a natureza do assunto ou tema e o tempo disponível.
Estrutura
• É semelhante ao enunciado de tópicos que se produz quando se lê um texto, uma
espécie de índice escrito no início do livro;
• Consiste numa lista de elementos apresentados por palavras-chave, expressões
(preferencialmente), frases ou períodos curtos, devendo utilizar-se a mesma formu-
lação;
• Estes elementos são dispostos hierarquicamente, segundo uma intenção ou um fim;
• Todos os elementos do mesmo nível aparecem alinhados verticalmente sobre a pági-
na e indicados, sequencialmente, por números, letras, marcas, ou uma combinação
lógica destes. Pode-se usar, com coerência, destaques como o negrito e/ou itálico
para os títulos mais importantes;
• O número de blocos a integrar no plano depende do tema, das informações e do tem-
po disponível (2 horas, meses ou anos), mas ele deve ser o mais simples possível:
• A ordem sequencial das ideias e dos argumentos a usar é feita, estabelecendo as
linhas de força entre as categorias para que o texto tenha:
‒‒ Progressão das ideias
‒‒ Articulação entre as ideias
‒‒ Movimento dinâmico
• Tem um formato do tipo apresentado a seguir, neste caso apenas com números:
1. Introdução
2. Ideia principal 1
2.1. Ideia secundária
2.1.1. Subdivisão da ideia secundária ou informação acessória
2.1.1.1. Detalhe da ideia secundária ou da informação acessória
2.1.1.2. Detalhe da ideia secundária ou da informação acessória
2.2. Subdivisão da ideia secundária ou informação acessória
3. Ideia principal 2

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Granatic, 1996:86-118; Gourmelin e Guedon, 1992:79-87;
Moreira, 1992:102-104; Benoit, 1991:49-57; Boaventura, 1990; Moita, 1990:91-96; Nascimento e Pinto,
2006:116-124; Rei, 1995:15-19; Serafini, 1996:40-42.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 55


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

4. Ideia principal 3
4.1. Ideia secundária
4.1.1. Subdivisão da ideia secundária ou informação acessória
4.1.1.1. Detalhe da ideia secundária ou da informação acessória
5. Conclusão
Exemplo de um Plano1 para o tema: “A comunicação social exerce uma grande
influência na formação da opinião pública». Comente esta afirmação, fazendo refe-
rência aos diferentes meios de comunicação social e aprecie, comparativamente, a
influência de cada um deles.
1. Introdução
2. Definição do que é a opinião pública
• Com que meios e para que fins se tenta influenciá-la
3. Enumeração dos principais meios de Comunicação Social
• Imprensa escrita
• Rádio
• Televisão
4. Principais diferenças
• Públicos a que se destinam
• Especificidade da imprensa escrita
• Impacto da TV
• Trunfos da rádio
• A linguagem massmediática
5. Sua importância no mundo moderno: meios poderosos de influenciar a opinião pública
6. A TV o mais “poderoso” media na sociedade moderna
• Efeitos negativos
‒‒ Superficialidade e simplificação da mensagem
‒‒ Narcótico (ocupa demasiado tempo)
‒‒ Manipulação
• Imposição de modelos culturais
• Uniformização de comportamentos
• Imposição de modelos culturais
• Aspetos positivos
‒‒ Quantidade da informação
‒‒ Alargamento de conhecimentos
‒‒ Atualização e modernização da mensagem
‒‒ Cultura acessível à generalidade dos cidadãos
‒‒ Abertura a outras culturas
‒‒ Possibilidade de a opinião culta se manifestar
‒‒ Denúncia de grandes problemas do nosso tempo
‒‒ Mobilização da opinião pública para grandes causas (paz, ecologia, etc.)

1. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:43, com adaptações.

56 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

7. Conclusão
Qualidades: o plano deve ter as seguintes características:
• Hierarquizado: as informações/ideias selecionadas (não se pode dizer tudo) são dis-
postas num esquema hierárquico, ou seja, numa escala organizada de importância;
• Progressivo: esse esquema ou estrutura deve garantir a progressão do desenvolvi-
mento da informação, ou seja, as subdivisões devem desenhar uma dada sequência
das ideias (lógica, cronológica ou de outro tipo). Essa ordem sequencial das ideias
e dos argumentos é feita, estabelecendo as linhas de força entre as categorias para
que o texto tenha articulação e progressão das ideias com movimento dinâmico;
• Equilibrado: a extensão das partes do texto (introdução, o desenvolvimento e as suas
subdivisões e a conclusão) deve ser proporcional, de modo a haver equilíbrio entre
as partes1;
• Ordenado: o corpo do desenvolvimento pode ter de entre duas a quatro partes e a
sua apresentação gráfica e a forma de marcação deve mostrar essa ordenação;
• Flexibilidade: pode ser alterado durante a redação ou mesmo na fase de revisão.
Modelos de planificação
• Não há modelos de planificação ou um plano tipo que se pode usar com qualquer
texto; os modelos de planos e o número de blocos do texto dependem, fundamental-
mente, do assunto e da quantidade de informação, do tipo de texto e da natureza do
trabalho e das relações lógicas que forem estabelecidas entre as ideias;
• Os contributos de diferentes modelos de plano podem ser combinados no mesmo
texto;
• Contudo, existem formas de distribuir, no texto, os tópicos com informação principal e
mais abrangente e informação secundária2 ou mais particular (estrutura textual) que
podem ajudar:
‒‒ Técnica da pirâmide invertida: informação mais importante em primeiro lugar,
para prender a atenção do leitor, seguida da menos importante. Este método con-
segue-se considerando a seguinte ordem: conclusões à argumentos que as fun-
damentam; factos à suas explicações; pedido à razões que o motivam; síntese à
pormenores. É muito usada em comunicados, cartas de reclamação, convites para
eventos, anúncios de empregos.

1.Boaventura (1990:38) refere as seguintes proporções para um trabalho de 5 páginas: “2/10 do conjunto
para a introdução ou 1 página; 4/10 para a primeira parte ou 2 páginas; 3/10 para a segunda parte ou 1
página e meia; 1/10 para a conclusão ou meia página).
2.Informações de Alves, 2005:23-29.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 57


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Exemplo1:

Até onde deve ir o sigilo médico?


A questão está a dividir a classe médica: há situações que justifiquem
a quebra do segredo profissional? O Conselho de Ética para as Ciências da
vida pensa que sim, quando está directamente em causa a vida de terceiros. O
bastonário está contra. Ao “dever moral” contrapõe a queda a quebra de confian-
ça no médico de milhares de pacientes. A questão, que envolve problemas
éticos, pode aplicar-se a outros sectores e actividades como os advogados
ou a banca, os padres ou jornalistas. O Público recorda o que se passa nes-
ses sectores em matéria de sigilo, ao mesmo tempo que aborda o essencial das
posições em confronto na classe médica.
Síntese e introdução a dois artigos, Público, 2000-10-04, Pp. 2-3 (Sublinhados nossos)

‒‒ Técnica do Losango: introdução /assunto principal / informações complementa-


res. Usado para assuntos mais complexos e delicados (recusa a um pedido, can-
celamento de compromisso / resposta à reclamação...).

Exemplo2

Alunos da Escola X sofreram dois assaltos no espaço de oito dias. Por ve-
rem com frequência traficantes de droga junto da Escola Y, pais e encarregados
de Educação manifestaram repetidas vezes as suas preocupações ao Ministério
da Educação. Os meios de comunicação relatavam com uma regularidade in-
quietante situações similares em diferentes pontos do país.
O Governo, face às justas preocupações generalizadas da população, deci-
diu reforçar a vigilância policial junto dos estabelecimentos de ensino. É a “Es-
cola Segura”.

‒‒ Técnica de pergunta e resposta. Formulação de perguntas e das respetivas res-


postas
‒‒ Técnica de problema e solução (ou outras categorias). Apresentação do problema/
possíveis soluções/ conclusão (solução).

Exemplos de alguns tipos de planos textuais


• Plano cronológico: adequado a enunciados que pedem uma abordagem histórica;
a sequência das ideias segue a ordem dos acontecimentos no tempo. Usa-se, por
exemplo, com temas que exigem o relato de um acontecimento ou a descrição de um
processo e em textos como ata, programa e biografia.

1. Extraído de Nascimento, 2006:117.


2. Extraído de Nascimento, 2006:120.

58 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Exemplo1

Muito se discute a importância de algumas fontes de


Tema energia das quais o homem dispõe e que lhe são indispen-
sáveis.
Há alguns séculos as máquinas eram movidas a vapor
Época mais distante
ou através da energia do carvão.

Época mais próxima Depois o homem utilizou a energia elétrica, o combus-


tível extraído dos componentes do petróleo e, por fim, a
(e época atual) energia nuclear, tão combatida por muitos.

• Plano espacial: adequado a enunciados que exigem a caracterização de um espaço


ou de uma paisagem, por exemplo; a sequência das ideias segue uma organização
espacial.

Exemplo2

Apesar de a Itália constituir hoje uma das principais po-


tências económicas europeias, as suas regiões norte e sul
Tema
apresentam contrastes tão marcantes que é possível falar
em duas línguas.
O norte da Itália é uma região extremamente desenvolvi-
Região geográfica 1 da no setor industrial. Cidades como Milão, Génova, Turim e
Trieste são grandes centros produtores de automóveis, má-
(norte da Itália) quinas, produtos químicos e manufaturados em geral. A sua
população desfruta de um alto padrão de vida.
Já o sul do país é uma região predominantemente agrária
Região geográfica 2 que, embora apresente alguns centros desenvolvidos, abriga
uma população de baixo nível de vida, quase toda ocupada
(sul da Itália) no setor primário. Esses factos assemelham a porção meri-
dional do país a países subdesenvolvidos.

• Plano descritivo ou analítico: adequado a enunciados que requerem a decompo-


sição do todo em partes ou aspetos mais simples; a sequência das ideias segue a
apresentação dessas partes ou aspetos que, somados formam esse todo.

1. Extraído de Granatic, 1996:105, com adaptações.


2. Extraído de Granatic, 1996:115, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 59


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Exemplo
A Universidade de Cabo Verde é uma instituição pública de
O todo ensino superior que desenvolve as suas atividades na área de
extensão, investigação e formação (ensino).
No que respeita a este último, disponibiliza cursos de forma-
Parte 1 ção inicial a nível de licenciatura em diversas áreas científicas seja
(ensino) das ciências sociais e humanas seja das ciências exatas e ainda
cursos especializados superiores.
Quanto à investigação, ela decorre nos Centros de Pesquisa
Parte 2 que buscam compreender e resolver vários problemas. Os resul-
(investigação) tados conseguidos são divulgados em publicações e eventos cien-
tíficos especialmente organizados.

• Plano comparativo: adequado a enunciados que exigem o confronto de factos ou


conceitos; a sequência das ideias segue a apresentação das semelhanças (simi-
litudes entre A e B) ou dos contrastes (diferenças entre A e B) e interpretação da
comparação. Pode-se manter separados os elementos de comparação ou articular
as semelhanças e diferenças.

Exemplo1

Diferença 1 Até há poucos anos, trabalhava-se de sol a sol toda a vida.


Os tempos livres são uma fantástica indústria recente onde as
(trabalho) alusões ao prazer constituem a linguagem dominante.
Por outro lado, a escolaridade era um privilégio quando a re-
Diferença 2 gra era o trabalho infantil tão precoce quanto possível. […] Pelo
(escolaridade) contrário, hoje, a tendência largamente predominante é o prolon-
gamento da escolaridade pela terceira década de vida.
Tema A vida antigamente e atualmente
(implícito)

• Plano problemas – causas – consequências – soluções: adequado a enunciados


que exigem a compreensão de situações reais, dos fenómenos atuais da sociedade;
a sequência das ideias segue a apresentação do problema, sua situação no espaço
e no tempo), informações objetivas relativas a ele através de factos, números, des-
crições (o problema, o presente), as suas causas (a explicação), as consequências
(o futuro) e as soluções. Os textos que seguem este tipo de plano podem ter uma
organização do tipo:
SOSRA: Situação, Observação (informações, causas e consequências), Sentimento
(sentimentos e opiniões do autor acerca do problema), Reflexão (argumentos que sus-
tentam a posição apresentada), Ação (mobilização para a concretização das decisões);
SPRI: Situação, Problema, Resolução, Informação.

1. Bento e Martins, s/data:31.

60 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Exemplo1
A nação que deixa depredar as construções conside-
Causa radas como patrimónios, destrói uma parte da história do
seu país.
É de fundamental importância a preservação das
Tema
construções que se constituem em patrimónios históricos.
Isso demonstra claramente o subdesenvolvimento de
uma nação, pois, quando não se conhece o passado de
Consequência um povo e não se valorizam as suas tradições, estamos
desprezando a herança cultural deixada por nossos an-
tepassados.

• Plano dialético: mais adequado a um enunciado que introduz uma controvérsia; a


sequência das ideias pode ser: i) a apresentação ou exposição da tese do autor –
argumentos que a sustentam (defesa da tese) – antítese (refutação dos possíveis
argumentos opostos) e síntese (proposta de ultrapassagem da contradição); ou ii)
apresentação da tese adversa – refutação ou objeção (argumentos contra) – expo-
sição da tese do autor. Os argumentos da mesma natureza (técnicos, económicos,
políticos, afetivos,...) podem ser agrupados.

Exemplo2
Muito se debate a modernização da agricultura pelo au-
Tese
mento dos processos de mecanização.
A utilização dos processos modernos de mecanização,
especialmente nos grandes latifúndios, em muito colabora-
Defesa da tese
ria para o aumento da produtividade, melhorando principal-
mente as condições para a exportação em larga escala.
Refutação dos pos- O aperfeiçoamento dos processos agrícolas, através da
síveis argumentos mecanização permite a substituição do homem pela máqui-
opostos na, aumentando o desemprego na zona rural.

• Plano das ciências: adequado a enunciados que exigem um tratamento que se


aproxima ao método científico. A sequência das ideias segue a apresentação dos
elementos da situação (os factos), uma hipótese plausível de explicação, a verifica-
ção da hipótese (prova e contraprova) e a verdade (afirmação geral).

1. Extraído, com adaptações, de Granatic, 1996:87.


2. Extraído, com adaptações, de Granatic, 1996:96.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 61


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Exemplo1
O facto Sem sombra de dúvida é uma comunidade.
Há uma série de características que acabamos por verificar
nesse conjunto de pessoas. Para além das mais óbvias, que é
essa identidade ocupacional, trabalham todos numa única profis-
A prova são que é a pesca – só isso distingue-a das populações vizinhas
– há um nível de interconhecimento entre vizinhos que os leva a
participar de uma vida social que é essencialmente a vida nesse
espaço.
Mais, eles próprios têm um discurso sobre a diferença em
relação aos outros, têm um conjunto de valores éticos, e até es-
A contraprova
téticos, de comportamentos, diferentes das populações vizinhas
– “porque nós somos pescadores”.
Partilham os valores, olham para si mesmos como sendo di-
ferentes e constroem o seu dia-a-dia nesse espaço geográfico e
A verdade social, partilhando-o.
Excerto da entrevista ao antropólogo Paulo Daniel Mendes na Notícias
Magazine, 2000-04-16

Procedimentos
• Para conseguir elaborar um plano, deve-se proceder metodicamente:
1.º Compreender muito bem a problemática, ou seja, os aspectos envolvidos no as-
sunto colocado, é a plataforma de saída (o contexto, o foco da questão, as ideias
envolvidas, os seus limites, … );
2.º Definir a intenção ou o fim a atingir (a resposta ao problema colocado pelo assunto
e/ou tema);
3.º Estabelecer o caminho do desenvolvimento das ideias, o que se deve fazer para
chegar à resposta, ao fim pretendido. Ou seja, elaborar uma orientação para a
ação, o programa de reflexão que guia o pensamento para se atingir a resposta ao
problema colocado pelo assunto e/ou tema. Para isso, define-se a sucessão das
etapas (sua ordem sequencial), pondo em evidência as ligações entre as ideias ou
blocos de ideias (sua hierarquia) para que todas conduzam ao fim estabelecido.
• Pode parecer um trabalho demorado e cansativo, mas o tempo gasto na planifi-
cação é tempo que se poupa depois na redação que fica facilitada.
• Partir do mapa de ideias ou da categorização torna mais simples e fácil o trabalho
de elaboração do plano.
• Quem tem pouca experiência de escrita deve elaborar o plano antes de começar
a escrever, mas quando se ganha mais experiência pode ser elaborado mental-
mente.

1. Texto extraído de Nascimento e Pinto, 2006:120.

62 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

vi) A partir da categorização ou mapa de ideias elaborados, constrói o plano para a


redação do desenvolvimento do texto para o tema O trânsito na cidade da Praia,
usando apenas números.
vii) Compara o plano que elaboraste com o que te é apresentado na Solução N.º 8
e avalia o teu trabalho.
viii) Para aprenderes mais sobre a planificação textual, estuda a Ficha informativa
2.1.2. Plano textual
5.2. Compreendendo a Fase 2 do processo de escrita – Textualização (re-
dação propriamente dita)
i) Para começar, tenta produzir um texto oral a partir do plano. Certamente que
pudeste verificar que a tarefa fica assim bem mais fácil.
ii) Para saberes em que consiste a textualização, lê o que diz a Ficha informativa
2.1.1. Processo de escrita, sobre esta fase da redação. Esta fase será aprofundada
na subunidade seguinte.
5.3. Compreendendo a Fase 3 do processo de escrita – Revisão (autoava-
liação e correção do texto produzido)
i) Analisa a Grelha de revisão geral do texto escrito, abaixo, e, fazendo apelo a
aprendizagens e práticas anteriores, reflete sobre o que está envolvido na revisão
do texto, respondendo às seguintes perguntas, cujas respostas deves registar:
‒‒Em que consiste a revisão do texto?
‒‒Quantas leituras são precisas, e qual o foco delas?
‒‒O que se faz durante a revisão (procedimentos)?
‒‒Quais os instrumentos auxiliares da revisão?
‒‒Em que momentos se faz a revisão?
‒‒Qual a importância da revisão?
‒‒O que se deve evitar na revisão?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 63


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Grelha de revisão geral do texto escrito1

1. Nível geral SIM NÃO


1. Compreende-se o assunto no seu todo?

Assunto 2. As etapas do raciocínio interligam-se, evi-


denciando progressão da informação, de pa-
rágrafo para parágrafo?
3. O título é adequado ao conteúdo?
4. O conteúdo é adequado ao tema?
5. O conteúdo do desenvolvimento correspon-
de àquele que figura na introdução?
6. Todas as sequências (partes, parágrafos,
frases) contêm informações adequadas ao
assunto e ao tipo de texto?
7. Há repetição desnecessária de informação?
8. Os diversos aspetos/ tópicos abordados es-
tão bem distribuídos no texto?
Relevância, orga- 9. As ideias/informações importantes/solicita-
nização e desen- das para a compreensão do tópico/assunto
volvimento textual proposto estão apresentadas de forma orga-
nizada/progressiva?
10. Os parágrafos estão bem divididos?
11. O texto está organizado de acordo com as
características do seu tipo?
12. O primeiro parágrafo introduz o assunto do
texto?
13. A extensão da introdução está de acordo
com a extensão total do texto?
14. O último parágrafo conclui ou sintetiza?
15. A conclusão responde à introdução?
16. O leitor foi tido em conta?
Destinatário
17. A intenção comunicativa é evidente?
18. O registo de língua está de acordo com o(s)
Registo de língua
destinatário(s), o assunto e a situação?

1. Elaborada a partir da bibliografia indicada nas Fichas informativas da unidade 2

64 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

19. As fontes de informação são referenciadas


com correção?
Intertextualidade
20. As citações estão destacadas entre aspas e
referenciadas?

2. Nível do parágrafo SIM NÃO


21. Cada parágrafo corresponde ao desenvolvi-
mento de um aspeto ou subtópico?
22. A articulação entre os parágrafos é correta?
23. Os períodos e frases estão bem divididos?
24. As frases são simples e curtas?
25. A ordem dos constituintes da frase e das pa-
lavras foi respeitada?
26. Há orações subordinantes sem subordinada?
27. Os articuladores sintáticos são adequados?
Correção morfos-
28. Há palavras e expressões repetidas desne-
sintáctica
cessariamente?
29. As concordâncias foram feitas?
30. Os modos e os tempos dos verbos são ade-
quados?
31. Há correspondência entre modos e tempos
verbais?
32. Os determinantes, pronomes, preposições,
advérbios foram usados adequadamente?
33. Todas as palavras usadas são adequadas ao
assunto e ao(s) destinatário(s)?
Vocabulário
34. Há palavras em falta ou uso de palavras ina-
dequadas, dificultando a compreensão?
35. Os sinais de pontuação estão bem colocados?
Pontuação 36. São usados diversificadamente?
37. São adequados ao tipo de discurso?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 65


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

3. Nível da palavra SIM NÃO


38. Todas as palavras estão escritas correta-
mente?
39. Todas as palavras que levam acentos estão
acentuadas corretamente?
Normas e con-
venções ortográ- 40. As regras de translineação foram respeita-
ficas das?
41. As maiúsculas foram usadas em todos os
casos obrigatórios?
42. Há maiúsculas usadas inadequadamente?

4. Apresentação gráfica SIM NÃO


43. A mancha gráfica é adequada ao tipo de
texto?
44. Há margens adequadas do lado direito e
esquerdo?

Apresentação 45. Todos os parágrafos estão marcados?


gráfico-estética e 46. Os espaços em branco foram respeitados?
legibilidade
47. Se foram usados sublinhados e diferentes
tipos de letras e marcas, eles têm uma ló-
gica?
48. Se o texto foi manuscrito, a caligrafia é le-
gível?

ii) Compara as tuas respostas com as que são apresentadas no tópico 5. Revisão, da
Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita.
5.4. Compreendendo a Fase 4 do processo de escrita – Edição: revi-
são e melhoria do aspeto gráfico (visual) do texto (sua distribuição no
papel, marcação dos parágrafos, margens, coerência entre as marcas,
caligrafia legível e limpeza)
i) Reflete, e responde às seguintes questões:
‒‒Se rever não é passar a limpo, então não é preciso passar a limpo?
‒‒Por que é preciso passar a limpo?
‒‒Que aspetos do texto são considerados nesta fase?
‒‒A que corresponde esta fase, quando se escreve no computador?
• Como instrumento para esta fase, usa a parte 4. Apresentação gráfica da Grelha
de revisão geral do texto escrito.

66 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

ii) Compara as tuas respostas com as informações sobre esta fase do processo de
escrita, do tópico 6. Edição, da Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita

6. Prática da língua
Propomos-te a realização das seguintes atividades:

6.1. Procura, seleção e organização de ideias

6.1.1. Lê atentamente as duas listas de perguntas que orientaram a


busca de ideias de um grupo de alunos sobre os temas Ser jornalista
hoje e A ecologia1. Acrescenta outras perguntas a estas duas listas.
Cf. Solução N.º 9.

Ser jornalista hoje A ecologia

• O que é o jornalista? • Que se entende por ecologia?


• O que faz? • Qual a razão por que se fala mais
• Como o faz? dela hoje do que ontem?
• Onde trabalha? • Qual a ideia de destruição ecoló-
• Que tipos de jornalistas há? gica?
• Que formação deve ter o jornalista? • Quais as dimensões dessa destrui-
• A que princípios deve obedecer o ção?
seu comportamento? • Ela parte do homem ou da nature-
• O que é que o jornalista procura? za?
• Que direitos tem o jornalista no • Refere-se apenas ao nosso pre-
exercício da profissão? sente ou hipoteca já o futuro dos
• E que obrigações? nossos filhos?
• Como é visto pela sociedade? • Qual a relação do progresso com
• Qual a importância do jornalista ela?
para a sociedade? • Qual a ação dos grupos e partidos
• Que características pessoais deve ecologistas?
ter o jornalista? • Quais as vítimas da destruição
ecológica?
• Que géneros de agentes poluido-
res nela interferem?
• Quais as suas consequências?

1.. Extraído de Rei, 1995:13-14.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 67


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

6.1.2. Elabora um grupo associativo para o tema: Como ter mais êxito
no estudo? Cf. Solução N.º 10.

6.1.3. Elabora uma categorização para o tema Ser jornalista hoje (Cf.
Solução N.º 11) e um mapa de ideias para o tema A ecologia (Cf. Solu-
ção N.º 12).

6.2. Elaboração de planos textuais

6.2.1. Considera os 4 textos abaixo1. Identifica o tema e mostra de que


tipo de plano se trata. Cf. Solução N.º 13.

Texto 1
A mulher tem conseguido um grande avanço na luta pela sua emancipação,
na nossa sociedade. No passado, a mulher não tinha qualquer direito a uma
participação maior na vida socioeconómica de sua comunidade. Seu papel era
limitado às funções domésticas.
Foi somente no século passado que conseguiu afirmar-se como um ser parti-
cipante. Adquiriu o direito de instruir-se, de votar, de ocupar postos governamen-
tais, podendo prestar a sua colaboração na construção de uma nova sociedade.

Texto 2
Não raro tomamos conhecimento através dos meios de comunicação, do
desejo de promover o diálogo Norte – Sul, para tentar buscar uma nova ordem
nas relações económicas entre os países desses dois hemisférios.
Os países ricos concentram-se basicamente no hemisfério Norte. Compram
matéria-prima dos países desenvolvidos e fabricam os produtos industrializa-
dos. Detentores do capital, concederam vultuosos empréstimos para muitos dos
países pobres, os quais atualmente encontram sérias dificuldades para resgatar
estas dívidas.
Os países do hemisfério Sul buscam a todo o instante criar uma nova ordem
no sistema financeiro que determina as relações entre as nações pobres e ricas.
Isso ocorre sobretudo pelas altas taxas de juros que os países em desenvolvi-
mento precisam pagar a seus credores, em virtude dos enormes empréstimos
contraídos.

1. Os textos e as soluções foram extraídos de Granatic, 1996:105,114, 88 e 97, respetivamente, com adap-
tações.

68 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Texto 3
Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na tentativa de esquecer os seus
problemas. Muitos jovens deixam-se dominar pelo vício em diversos tipos de
entorpecentes, mal que se alastra cada vez mais em nossa sociedade.
Acabam tornando-se dependentes dos psicotrópicos que utilizam e, na
maioria das vezes, transformam-se em pessoas inúteis para si mesmas e para
a comunidade.

Texto 4
O controlo da natalidade é de fundamental importância nos países desen-
volvidos.
Nos países onde grande parte da população vive em estado de miséria ab-
soluta, é imprescindível que o governo possibilite às famílias carentes os meca-
nismos necessários para o planeamento da sua prole. Assim, os pais, impedindo
o crescimento exagerado de cada família, teriam melhores condições de subsis-
tência.
Ao Estado cabe, em vez de tentar impor o controlo da natalidade, criar con-
dições satisfatórias de vida para as famílias pobres que possuem um grande
número de filhos, principalmente em países de grande extensão territorial e de
áreas ainda não ocupadas.

6.2.2. Constrói os planos para os dois temas seguintes: Ser jornalista


hoje e A ecologia. Confronta as tuas respostas com a proposta de So-
lução N.º 141 e avalia o teu trabalho.

6.2.3. Elabora o plano subjacente ao texto abaixo. Confronta a tua res-


posta com a proposta de Solução N.º 15 e avalia o teu trabalho.

1. Rei, 1995:18 e 19, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 69


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Só para turistas1
A bela Atenas da mitologia e dos deuses está hoje confinada a um jardim
cercado, que encerra às cinco da tarde. Já não há crentes nas colinas da Acró-
pole e pelas ruínas dos templos passeiam-se apenas turistas, que lêem interes-
sados as placas onde se assinala que a escultura que ali esteve está agora em
Londres ou em Paris. Mais de dois mil anos resistiram as colunas de Zeus, mas
não ficarão para mais cem: a poluição das fábricas, dos carros e das gentes
faz ver Atenas através de um filtro amarelado, ao som interminável de buzinas
de automóveis e com o cheiro característico dos escapes a que é impossível
escapar.
Tentando diminuir o trânsito, os atenienses descobriram recentemente a «in-
venção» dos táxis colectivos, a juntar aos autocarros, que pelo menos têm a
vantagem de não entrar em greve. (...) Que o trânsito é de loucos pode perce-
ber-se pelas estatísticas: Atenas é a cidade europeia com o índice mais elevado
de acidentes de viação, muitos deles envolvendo motos, que a maioria guia sem
capacete. (...)
Outro dos grandes problemas da moderna Atenas é a construção descon-
trolada. Provavelmente é a capital europeia cujo número de habitantes relativa-
mente à população do país é a mais alta – 35 por cento dos gregos vive na sua
área e esta taxa continua a crescer, segundo os últimos dados. A média europeia
é de 10 a 15 por cento.
A pobreza do campo e a concentração das indústrias em torno de Atenas
continua a atrair massas de gente que, na ausência de planeamento, se aglo-
mera em condições inverosímeis: em edifícios de um ou dois andares vivem 50
famílias, numa proporção que se eleva para as 500 nos sete ou oito pisos, fre-
quentemente sem garagem. Sem parques nem jardins, sem escolas nem outros
serviços essenciais em número suficiente, o nível baixou dramaticamente.
Tal como em outras capitais, o crime desenvolveu-se também: tiroteios e
assaltos são hoje o pão de cada dia, numa cidade ainda há alguns anos consi-
derada das mais calmas.
Dino Mastrantonis, Expresso, Maio de 1991

6.3. Revisão

6.3.1. Usando a Grelha de revisão geral de texto escrito apresentada


atrás, revê o texto abaixo de uma notícia redigida por um grupo de
alunos e reformula-o. Confronta a tua resposta com a proposta de So-
lução N.º 16 e avalia o teu trabalho.

1. Extraído de Afonso e Lopes, 1991:37-38.

70 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Noticia
No âmbito do ano da língua portuguesa, declarada pela UNICV, foi realizada
diversas conferências e workshops. No dia 4 Maio de 2012 realizou-se o primei-
ro ciclo de conferências com o tema “A UNIVERSIDADE DE CABO VERDE E
OS DESAFIOS ACTUAIS DA LINGUA PORTUGUESA” dia da língua portugue-
sa e da cultura na CPLP no Auditório da Reitoria da UNICV, pelas 9h30 com as
seguintes actividades:
• Às 10h00 abertura do 1° ciclo de conferência com o reitor da UNICV Doutor
Paulino Lima Fortes e também com embaixadores de Brasil, Portugal, Angola
e Ministro do ensino superior, ciências e inovações; de seguida com a assina-
tura de uma adenda ao protocolo de cooperação entre a Universidade de Cabo
Verde e o Observatório da Língua Portuguesa;
• Às 14h30 conferencias seguidas de debates com o presidente e moderador
Doutor Marcelo Galvão Batista, pro reitor da UNICV;
• Às 14h40 “ A Língua como objecto da política”, Doutora Amália Melo Lopes;
• Às 15h40 “ O valor económico da língua Portuguesa”, Doutor José Paulo Es-
perança (ISCTE); seguido de um pequeno intervalo;
• Às 16h50 “ O português como língua da ciência”, Doutor Paulino Lima Fortes,
e pelas 17h50 o encerramento do 1°ciclo de conferências com a Doutora Ma-
ria Adriana Sousa Carvalho e mais adiante com o fogo d’honra oferecido pelo
magnífico reitor da Universidade de Cabo Verde.
Texto redigido por um grupo de alunos da disciplina de LP IV do Curso ECV 2011/2012 – II Semestre

7. Para saberes mais…


7.1. Leitura
Para saberes mais sobre as fases e etapas do processo de escrita, estuda o seguinte
texto e discute o seu conteúdo com os teus colegas:
SERAFINI, Maria Teresa. Como se faz um trabalho escolar. Lisboa. Editorial
Presença. 1996. Pp. 15-42; 63-72.
7.2. Trabalho autónomo
• Sempre que leres um livro ou um texto como um artigo de revista ou de jornal
ou ouvires um texto oral (uma palestra, conferência, discurso ou outro), tenta
perceber como o texto se enquadra no contexto e seguir o seu fio condutor
para entenderes como ele foi organizado (o seu plano).
• Sempre que escreveres, em qualquer contexto, habitua-te a rever os teus
textos, seguindo os procedimentos e os instrumentos. Com muita prática,
irás ganhando mais autonomia e perícia e poderás prescindir desses guias e
instrumentos.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 71


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Soluções

Solução N.º 1. Compreensão de enunciados1

a) O que é pedido?
Comente = exame crítico
Aprecie = juízo intelectual ou moral
b) Sobre o quê?
Comentar e apreciar a influência da comunicação social na formação da
opinião pública
c) Há algo mais que eu precise de esclarecer sobre este conteúdo?
O que é a opinião pública?
• O que se pensa comummente num dado grupo social, ou melhor, o que passa
por ser o pensamento comum
• O que é formar opinião?
• Conseguir a adesão de muitos a uma opinião ou conceito emitido
d) Como?
• Referindo os meios de comunicação social
• Comparando a influência de cada um deles

1. Bastos e Fidalgo, 1990:3-18; 41-44) e de Serafini, 1996:15-72, incluindo os elementos apresentados na


Solução N.º 1, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 73


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Solução N.º 2. Compreensão dos enunciados do Texto de apoio 2.1.1 Exem-


plos de enunciados de tarefas
123

Exemplo11: enunciado em forma de pergunta


• A resposta final terá de ser sim ou não. Contudo, há que situar o problema,
argumentar a favor ou contra as duas posições e tomar uma posição final.
Exemplo 2: justaposição de dois termos
• Há que definir e demonstrar uma ou as relações lógicas possíveis.
Exemplo 32: Discutir/dizer o que se pensa de uma afirmação.
• Neste caso, deve-se expor a parte que se considera verdade; depois a parte
que não se considera certa; e, finalmente, explicitar a própria posição.
Exemplo 43: indicação de vários tópicos separados
• Esses tópicos não podem ser ignorados; há que segui-los.
Exemplo 5: uma afirmação, seguida de uma questão em forma de pergunta.
• Não se tem de responder à pergunta diretamente, mas ela indica o caminho.
Exemplo 6: pedido de justificação ou de explicação de uma afirmação
• O tema deve ser desenvolvido, mantendo-se no sentido do juízo expresso

Solução N.º 3. Lista simples

• congestionamento
• acidentes
• vítimas mortais
• superlotação dos carros
• desrespeito pelos sinais de trânsito
• ausência de fiscalização
• semáforos danificados
• más condições das estradas
• vistoria periódica das viaturas
• uso do cinto de segurança
• conduzir sob efeito do álcool
• desrespeito pelas regras de prioridade
• manobras perigosas
• excesso de velocidade
• falta de um serviço público de transporte

1. Os exemplos 1 e 2 foram extraídos de Gourmelin, e Guedon, 1992:61e 64.


2. Os exemplos 3, 5 e 6 foram extraídos de Afonso e Lopes, 1991:40, 44 e 86.
3. O Exemplo 4 foi extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:47.

74 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Solução N.º 4. Grupo associativo1

1. Elaborado, em sala de aula, com os alunos da turma do 1.º ano do curso ECVP 2010/11 – II semestre.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 75


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Solução N.º 5. Categorização das ideias sobre O trânsito na cidade da Praia

Situação
• Desrespeito generalizado pelos sinais e regras de trânsito (condutores e peões)
• Falta de segurança
• Ausência de sinais de trânsito
• Congestionamento temporário
Causas Consequências
• ruas estreitas (parte antiga da cidade) • poluição
• indisciplina • mau cheiro
• estacionamento em sítios que pertur- • ruído
bam o trânsito • esgotamento nervoso
• má formação dos condutores • acidentes
• as pessoas querem carros grandes • perda de tempo
• falta de parques de estacionamento
• as pessoas preferem transportes priva-
dos aos públicos
• os transportes públicos são poucos e
mal cuidados
Soluções
• usar motorizada/bicicleta
• preferir transporte público
• eliminar o trânsito no centro
• construir periféricos e desvios
• punir a indisciplina dos automobilistas com multas
• melhoria dos transportes públicos
• eliminação do trânsito no Plateau

76 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Solução N.º 6. Mapa de ideias sobre O trânsito na cidade da Praia1

Solução N.º 7. Técnicas de distribuição da informação2

1. Estrutura do texto A: técnica do losango

INFORMAÇÃO INTRODUTÓRIA
(elementos, partes, exemplos)

INFORMAÇÃO PRINCIPAL
(solicitação, recusa, etc)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

FECHO

• Não se entra diretamente no assunto principal a ser abordado


• Como a introdução serve para preparar o leitor para a informação principal, devemos
usá-la quando
‒‒ se pede um favor
‒‒ se tem de dizer não
1. Elaborado, em sala de aula, com os alunos da turma 1.º ano ECVP 2010/11 – II semestre.
2. Informações de Alves, 2009:23-29.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 77


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

2. Estrutura do texto B: técnica de pirâmide invertida

• As ideias são ordenadas hierarquicamente, das mais importantes para as menos


importantes
• Pode-se aplicar esta técnica na redação de:
‒‒ Resumos
‒‒ Anúncios, sobretudo os de emprego
‒‒ Convites para participação em eventos
‒‒ Felicitações
‒‒ Resultados de negociações
3. Estrutura do Texto C: técnica de pergunta e resposta
‒‒ PERGUNTA
‒‒ RESPOSTA
• O texto é estruturado em perguntas (dúvidas) de forma clara e respostas (esclareci-
mento de dúvidas) capazes de satisfazer o leitor de uma forma definitiva.
• Trata-se de uma estrutura muito útil quando se pretende informar um público ou se
tem grande quantidade de informações a transmitir
4. Estrutura do Texto D: técnica de problema e solução (ou outras categorias)

• O escrevente começa com uma descrição objetiva e sucinta do problema e termina


com propostas de solução, seguindo-se o fecho, mantendo um tom cortês em todo
o texto
• Eficaz para resolver questões, sem perda de tempo

78 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Solução N.º 8. Plano textual

1. Introdução
2. Caracterização da situação
2.1. Comportamento dos condutores
2.2. Comportamento dos peões
2.3. Organização do trânsito
2.4. Impacto desse comportamento na segurança
3. Causas
3.1. Consumo do álcool
3.2. Má formação pessoal e profissional dos condutores
3.2.1. Excesso de velocidade
3.2.2. Manobras perigosas
3.2.3. Desrespeito generalizado pelas regras de trânsito
3.3. Mau comportamento dos peões no trânsito
4. Consequências
4.1. Poluição sonora
4.2. Brigas no trânsito
4.3. Acidentes
4.3.1. Prejuízos materiais
4.3.2. Vítimas mortais
5. Soluções
5.1. Melhorias na organização do trânsito
5.2. Melhoria da iluminação pública
5.3. Melhor organização do transporte público
5.4. Formação profissional dos condutores profissionais
5.5. Reforço do policiamento
5.6. Responsabilização dos intervenientes
6. Conclusão

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 79


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Solução N.º 9. Outras perguntas

Ser jornalista hoje A ecologia

• Os jornalistas correm perigo de • Qual a origem do termo ecologia?


vida, no exercício da sua profis- • Qual a importância da ecologia
são? para a sociedade?
• Qual o objetivo do jornalista? • Quais os principais aspectos estu-
• Qual a diferença entre a profissão dados pela ecologia?
do jornalista de hoje e de antiga- • Como se designam as pessoas que
mente? trabalham nesta área?
• Qual o material de trabalho do jor- • Qual a sua formação?
nalista?

Solução N.º 10. Grupo associativo

80 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Solução N.º 11. Categorização para Ser jornalista hoje

Caracterização do Alcance da Limites da Jornalista e


jornalista profissão profissão sociedade
• O que é o jorna- • O que faz? • A que princípios • Qual a diferença
lista? • Como o faz? deve obedecer entre a profissão
• Que tipos de jor- • Onde trabalha? o seu comporta- do jornalista de
nalistas há? • Qual o objetivo mento? hoje e de antiga-
• Que formação do jornalista? • Que direitos tem mente?
deve ter o jorna- • O que é que o o jornalista no • Qual a importân-
lista? jornalista procu- exercício da pro- cia do jornalista
• Que caracterís- ra? fissão? para a socieda-
ticas pessoais • Qual o material • E que obriga- de?
deve ter o jorna- de trabalho do ções? • Como é visto
lista? jornalista? pela sociedade?
• Os jornalistas
correm perigo de
vida, no exercício
da sua profissão?

Solução N.º 12. Mapa de ideias para A ecologia

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 81


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Solução N.º 13. Tipos de planos1

Texto 1 – Plano cronológico


A mulher tem conseguido um grande avanço na luta pela
Tema
sua emancipação, em nossa sociedade.
No passado, a mulher não tinha qualquer direito a uma
Época mais distante participação maior na vida socioeconómica de sua comunida-
de. Seu papel era limitado às funções domésticas.
Foi somente no século passado que conseguiu afirmar-
Época mais próxima -se como um ser participante. Adquiriu o direito de instruir-se,
(e época atual) de votar, de ocupar postos governamentais, podendo prestar
a sua colaboração na construção de uma nova sociedade.

Texto 2 – Plano espacial


Não raro tomamos conhecimento através dos meios de
comunicação, do desejo de promover o diálogo Norte – Sul,
Tema
para tentar buscar uma nova ordem nas relações económi-
cas entre os países desses dois hemisférios.
Os países ricos concentram-se basicamente no hemis-
fério Norte. Compram matéria prima dos países desenvolvi-
Região geográfica 1 dos e fabricam os produtos industrializados. Detentores do
(Hemisfério Norte) capital, concederam vultuosos empréstimos para muitos dos
países pobres, os quais actualmente encontram sérias difi-
culdades para resgatar estas dívidas.
Os países do hemisfério Sul buscam a todo o instante
criar uma nova ordem no sistema financeiro que determina
Região geográfica 2 as relações entre as nações pobres e ricas. Isso ocorre so-
(Hemisfério Sul) bretudo pelas altas taxas de juros que os países em desen-
volvimento precisam pagar a seus credores, em virtude dos
enormes empréstimos contraídos.

1. Extraídos de Granatic, 1996:105, 114, 88 e 97, respetivamente, com adaptações.

82 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

Texto 3 – Plano problemas – causas – consequências – soluções


Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na tentativa de
Causa
esquecer os seus problemas.
Muitos jovens deixam-se dominar pelo vício em diversos
Tema tipos de entorpecentes, mas que se alastra cada vez mais em
nossa sociedade.
Acabam tornando-se dependentes dos psicotrópicos dos
Consequência quais se utilizam e, na maioria das vezes, transformam-se em
pessoas inúteis para si mesmas e para a comunidade.

Texto 4 – Plano dialético


O controlo da natalidade é de fundamental importância
Tese
nos países desenvolvidos.
Nos países onde grande parte da população vive em
estado de miséria absoluta, é imprescindível que o governo
possibilite às famílias carentes os mecanismos necessários
Defesa da tese
para o planeamento da sua prole. Assim, os pais, impedindo
o crescimento exagerado de cada família, teriam melhores
condições de subsistência.
Ao Estado cabe, em vez de tentar impor o controlo da na-
Refutação dos pos- talidade, criar condições satisfatórias de vida para as famílias
síveis argumentos pobres que possuem um grande número de filhos, principal-
opostos mente em países de grande extensão territorial e de áreas
ainda não ocupadas.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 83


SUBUNIDADE 2.1 Fases e etapas do processo de escrita

Solução N.º 14. Planos textuais para os dois temas1

Ser jornalista hoje A ecologia


1. Introdução 1. Introdução
2. Desafios da profissão 2. O conceito
3. Atividades
3. A destruição ecológica
4. Tipos de jornalista 3.1. Consequências
5. Deontologia e éticas profissionais 3.2. Crescimento impressionante
6. Conclusão (Posição acerca da credi-
4. Reação – grupos ecologistas
bilidade da comunicação social)
4.1. Poder crescente
4.2. Ação limitada
5. Poluição – formas concretas
5.1. Marítima
5.2. Atmosférica
6. Conclusão (Posição: a maior ameaça)

Solução N.º 15. Plano do Texto Só para Turistas

A bela Atenas da mitologia e dos deuses está


hoje confinada a um jardim cercado, que encerra às
cinco da tarde. Já não há crentes nas colinas da
Acrópole e pelas ruínas dos templos passeiam-se
1. Introdução apenas turistas, que lêem interessados as placas
onde se assinala que a escultura que ali esteve
(Apresentação e delimitação está agora em Londres ou em Paris. Mais de dois
da problemática que é o mil anos resistiram as colunas de Zeus, mas não
tema/assunto do texto) ficarão para mais cem: a poluição das fábricas, dos
carros e das gentes faz ver Atenas através de um
filtro amarelado, ao som interminável de buzinas de
automóveis e com o cheiro característico dos esca-
pes a que é impossível escapar.
Tentando diminuir o trânsito, os atenienses des-
cobriram recentemente a «invenção» dos táxis co-
2. A situação atual de Atenas lectivos, a juntar aos autocarros, que pelo menos
2.1. Causas da situação têm a vantagem de não entrar em greve. (...) Que o
2.1.1. Trânsito caótico trânsito é de loucos pode perceber-se pelas estatís-
ticas: Atenas é a cidade europeia com o índice mais
elevado de acidentes de viação, muitos deles envol-
vendo motos, que a maioria guia sem capacete. (...)

1. Rei, 1995:18 e 19, com adaptações.

84 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Fases e etapas do processo de escrita SUBUNIDADE 2.1

2.2. Excesso popula- A pobreza do campo e a concentração das in-


cional e construção dústrias em torno de Atenas continua a atrair mas-
descontrolada sas de gente que, na ausência de planeamento, se
2.3. Consequências aglomera em condições inverosímeis: em edifícios
2.3.1. Condições de um ou dois andares vivem 50 famílias, numa pro-
habitacionais porção que se eleva para as 500 nos sete ou oito
péssimas pisos, frequentemente sem garagem. Sem parques
2.3.2. Insuficiência nem jardins, sem escolas nem outros serviços es-
de infraestru- senciais em número suficiente, o nível baixou dra-
turas básicas maticamente.
Tal como em outras capitais, o crime desenvol-
3. Conclusão veu-se também: tiroteios e assaltos são hoje o pão
(resultado...) de cada dia, numa cidade ainda há alguns anos
considerada das mais calmas.

Solução N.º 16. Texto reformulado pelo grupo e editado pela professora

1.° Ciclo de Conferências de Língua Portuguesa na Uni-CV


No âmbito de 2012 – Ano da língua portuguesa, realizou-se no dia 4 de maio
de 2012, o primeiro ciclo de conferências com o tema “A Universidade de Cabo
Verde e os Desafios atuais da Língua Portuguesa”, em comemoração do dia da
língua portuguesa e da cultura na CPLP, no Auditório da Reitoria da UNICV.
Às 10h00 o Reitor da Uni-CV, Doutor Paulino Lima Fortes, abriu o evento,
tendo discursado os embaixadores de Brasil, Portugal, Angola e o Ministro do
Ensino Superior, Ciências e Inovação; de seguida, foi assinada uma adenda ao
protocolo de cooperação entre a Universidade de Cabo Verde e o Observatório
da Língua Portuguesa.
Após uma pausa, as atividades foram retomadas às 14h30 com conferências
seguidas de debate, moderadas pelo Doutor Marcelo Galvão Batista, Pró-Reitor
da Uni-CV: O valor económico da língua portuguesa, José Paulino Esperança
(ISCTE), A Língua como objecto da política, pela Doutora Amália Melo Lopes (Uni-
-CV) e O português como língua da ciência, pelo Doutor Paulino Fortes (Uni-CV).
A Doutora Maria Adriana Sousa Carvalho, Vice-Reitora da Uni-CV, encerrou
o Ciclo de Conferências que terminou com um Fogo d’Honra oferecido pelo Mag-
nífico Reitor da Universidade de Cabo Verde.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 85


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

SUBUNIDADE 2.2. PARTES DO TEXTO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Nesta subunidade – Partes do texto –, o foco da aprendizagem são as partes do
texto (introdução, desenvolvimento e conclusão), cujos conteúdos e características
dependem e variam com o tema e o tipo de texto. Pretende-se, com ela, que apren-
das a pensar sobre o modo como escreves cada uma dessas partes e te apropries de
alguns procedimentos e técnicas, nomeadamente das estratégias de continuidade e
progressão textual.
Para isso, e para que consigas realizar os objetivos propostos, convidamos-te a
realizar connosco as atividades indicadas na secção 5. Orientações para autoestudo,
usando como recurso os documentos listados na secção 4, os quais deverás ler com
cuidado.
Finalmente, através das atividades indicadas em 6. Prática da língua, terás a
oportunidade de usar esses saberes e procedimentos autonomamente.
Para aprofundares os teus conhecimentos e ganhares mais consciência sobre estas
questões, deves estudar os textos indicados.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, deves ser capaz de:
• Distinguir as diferentes partes do texto, enunciando as suas funções, conteúdos
e características fundamentais;
• Diferenciar tipos de introdução, em função dos objetivos, do tema e do texto;
• Empregar os elementos que concorrem para a organização tópica e temática de
diferentes tipos de texto;
• Corrigir problemas de organização tópica e temática em textos apresentados;
• Produzir textos com organização tópica e temática adequada ao contexto de
produção, aos objetivos e ao tema;
• Monitorizar as qualidades de um texto, como cuidados a ter durante a
textualização;
• Comparar diferentes tipos de conclusão, em função dos objetivos, do tema e
do texto.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 87


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

3. Conteúdos
1. 1. As partes do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão
1.1. Introdução: natureza, características, tipos e estrutura; procedimentos de redação
1.2. Desenvolvimento/textualização:
1.2.1. Unidade temática
1.2.1.1. Formas de progressão tópica: hierarquização e continuidade
1.2.1.2. Formas de progressão temática: progressão linear, com tema
constante, por divisão de tema, por tema subdividido
1.2.2. Outras características básicas dos textos: clareza, adequação, precisão,
objetividade, sobriedade, concretude e pessoalidade.
1.3. A conclusão: natureza, tipos e estrutura e suas características; procedimentos
de redação

4. Recursos
• Texto 2.2.1. A consciência
• Texto 2.2.2. Receita para um antitexto
• Texto de apoio 2.2.1. Exemplo de introdução-enquadramento
• Texto de apoio 2.2.2. Exemplos de formas de progressão temática
• Texto de apoio 2.2.3. Texto de alunos
• Texto de apoio 2.2.4. Exemplo de conclusão
• Ficha informativa 2. 2. 1. Redação da introdução
• Ficha informativa 2.2.2. Redação do desenvolvimento/textualização
• Ficha informativa 2. 2.3. Redação da conclusão

5. Orientações para autoestudo


5.1. Compreendendo as partes do texto
Como já sabes, de um modo geral, os textos compõem-se de três partes: intro-
dução, desenvolvimento e conclusão. Contudo, o conteúdo e a estruturação de cada
uma dessas partes têm especificidades próprias, dependendo do tipo de texto. É o
que acontece, por exemplo, com o texto narrativo, em que as partes se configuram
do seguinte modo: Introdução (Exposição + Elemento/acontecimento desencadea-
dor), Desenvolvimento (Complicação + Resolução) e Conclusão (Fim + Moral, fa-
cultativo), como podes aprofundar na Ficha informativa sobre o texto narrativo.
Para aprofundar os teus conhecimentos sobre as partes do texto, segue os seguin-
tes passos:

88 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

i) Lê o Texto 2.2.1. A consciência, abaixo e distingue essas três partes. Escreve


uma curta frase em que dizes o conteúdo de cada uma delas.

Texto 2.2.1. A consciência1

Consultando a enciclopédia, lê-se para a palavra consciência a seguinte


explicação:
Consciência – Sentimento natural do nosso ser; sentimento interior pelo
qual o homem se torna testemunha de si próprio com respeito ao bem e ao mal
que pratica; Moralidade, integridade.
Acrescenta que o filósofo Kant a identifica com a razão influindo na ordem
prática.
A consciência é, em todos os casos e sempre, o fundamento moral da práti-
ca e o guia imediato da vida quotidiana.
Lembra-me a história de um príncipe que mandou matar o pai para lhe her-
dar rapidamente o trono.
Conseguido o seu objectivo, o príncipe não conseguiu mais um momento de
repouso. O fantasma do rei assassinado aparecia-lhe a todo o instante, tornan-
do-lhe a vida insuportável.
Arrependido, o príncipe suplicou um dia ao fantasma:
– Perdoa-me, pai!...
E a sombra que o perseguia, respondeu-lhe:
– Se fosse o teu pai, perdoava-te...Mas sou a tua consciência!...
Ricardo Alberty. Relógio de Água. Lisboa. Didáctica Editora. 1970

ii) Compara os teus resultados com o que te é apresentado na Solução N.º 1.


5.2. Redação da introdução
Para tomares contacto com algumas das especificidades desta parte do texto,
procede do seguinte modo:
i) Analisa, com muito cuidado, o Texto de apoio 2.2.1. Exemplo de introdução-
enquadramento de um texto cujo tema é «O papel do Estado no desenvolvimento
do Nordeste»2, buscando distinguir as suas diferentes “partes”. Resume numa
curta frase o conteúdo de cada uma dessas partes.

1. Extraído de Nascimento e Pinto, 2006:128.


2. Extraído de Boaventura, 1990:21-23, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 89


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Texto de apoio 2.2.1. Exemplo de introdução-enquadramento

O desenvolvimento económico do Brasil começou na região Centro-Sul e


só há pouco atingiu as outras regiões. Há, assim, uma variedade de regiões,
tendo cada uma suas características, podendo-se substituir a noção tradicional
dos «dois brasis». O nosso objetivo será, pois, estudar uma dessas regiões: a
região Nordeste. Será observado o papel desempenhado pelo setor público,
tentando coordenar os seus recursos e os organismos federais, ao tempo em
que estimula as iniciativas locais à industrialização.
Fora da divisão dos Estados-membros da Federação, pode-se definir a divi-
são do território em cinco regiões, segundo o critério adotado pelos organismos
regionais de planeamento: a) a região Norte; b) a região Nordeste – eis alguns
números – superfície de 1 600 000 Km2, população de mais de 30 000 000 de
habitantes, expetativa de vida em torno de 30 anos, percentagem do território
de 15,1%); c) a região Centro-Sul; d) a região Centro-Oeste: e e) a região Sul.
Procurando corrigir o desequilíbrio regional, o governo aumenta a despesa
pública; esforça-se para centralizar os investimentos para torná-los mais produ-
tivos; cria um sistema de incitamento para fixar a poupança local.
Eis o plano que será seguido neste trabalho:
Primeira parte – A ação do Estado na coordenação dos seus recursos
Segunda parte – A ação do Estado no incentivo ao investimento

ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 2, o
esqueleto-tipo da introdução-enquadramento.
iii) Estuda a Ficha informativa 2.2.1. Redação da introdução. As informações nela
contidas devem servir para compreenderes melhor esta questão.

90 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Ficha informativa 2.2.1. Redação da introdução1

Conceito: parte do texto em que se anuncia o assunto, o tema e se encaminha o


leitor para a estratégia de desenvolvimento, anunciando o plano que se vai seguir.
Função
• Despertar o interesse e a atenção do leitor
• Dar ao leitor uma ideia geral do tema
Natureza
• Mostra que compreendemos o tema e que sabemos do que falamos.
• Conquista a “benevolência” do leitor, nos casos em que: se pretende lisonjeá-lo, o
tema não é de fácil tratamento, a preparação do autor não é grande, o tempo para se
preparar foi exíguo, e se receia que o juízo do leitor seja demasiado rigoroso.
Características
• Adequação: ao assunto, circunstâncias, destinatário, momento, lugar, tempo e es-
paço de que dispõe
• Vivacidade e interesse (específica de uma introdução para prender a atenção): im-
previsibilidade na forma de começar
• Simplicidade, clareza e modéstia: não exagerar na forma de agradar ao leitor
• Extensão: proporcional ao desenvolvimento (2/10 do conjunto; ½ página para duas
páginas; 1 página para um texto de 5 páginas).
Tipos e estrutura
Esta parte do texto tem uma natureza própria e um molde bastante fixo. Contudo,
admite variações que dependem, sobretudo, do contexto em que ela é produzida, da
natureza do assunto e do tipo de texto:
• Texto narrativo: exposição e elemento/acontecimento desencadeador
• Texto descritivo: apresentação do objeto da descrição
• Texto argumentativo: anunciar a opinião, ponto de vista ou tese que se vai defender
• Texto expositivo-informativo (introdução-enquadramento). Alguns tópicos são:
De que se trata? – apresentar a questão a desenvolver (problema, assunto, tema),
sua definição, limites (os pontos essenciais a tratar), sua contextualização (enquadra-
mento histórico, social, político, económico, moral, …), alcance (a duração do problema
e as suas consequências a prazo no plano individual, coletivo, social, económico):
‒‒ Por que este problema? – sublinhar a importância do tema, a sua atualidade ou
dimensão para mostrar por que ele merece a atenção do autor e despertar o inte-
resse do leitor;
‒‒ Como vai ser tratado? – anunciar o plano que se vai seguir, dizendo com clareza
quais as suas divisões ou partes e quais os tópicos focados;
‒‒ O que não é tratado? – informar sobre o que poderia ser incluído, mas que não o é
por qualquer circunstância.

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:125-126; Serafini,1996:56-58; Rei,
1995:20-22; Bastos & Fidalgo, 1990:17-18; Boaventura, 1990:10-23; Gourmelin e Guedon,1992:107-113;
Moita, 1990:107-108.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 91


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Esqueleto-tipo de uma introdução-enquadramento1

Partes do texto da introdução Funções


O desenvolvimento económico do Brasil começou Apresentar uma ideia
na região Centro-Sul e só há pouco atingiu as outras geral da questão-chave,
regiões. Há, assim, uma variedade de regiões, tendo do problema ou do as-
cada uma suas características, podendo-se substituir a sunto/tema a ser trans-
noção tradicional dos «dois brasis». O nosso objetivo mitido (alcance, implica-
será, pois, estudar uma dessas regiões: a região Nor- ções e limites)
deste. Será observado o papel desempenhado pelo
setor público, tentando coordenar os seus recursos e
os organismos federais, ao tempo em que estimula as
iniciativas locais à industrialização.
Fora da divisão dos Estados-membros da Fede- Contextualizar e en-
ração, pode-se definir a divisão do território em cinco quadrar o assunto/tema
regiões, segundo o critério adotado pelos organismos (situar no espaço, na his-
regionais de planeamento: a) a região Norte; b) a região tória, no tempo,...)
Nordeste – eis alguns números – superfície de 1 600
000 Km2, população de mais de 30 000 000 de habitan-
tes, expetativa de vida em torno de 30 anos, percenta-
gem do território de 15,1%); c) a região Centro-Sul; d) a
região Centro-Oeste: e e) a região Sul.
Procurando corrigir o desequilíbrio regional, o go- Fornecer as ideias
verno aumenta a despesa pública; esforça-se para cen- diretrizes (sublinhando
tralizar os investimentos para torná-los mais produtivos; a importância do tema,
cria um sistema de incitamento para fixar a poupança a sua atualidade ou di-
local. mensão, pertinência,...)
de modo a motivar ou
despertar o interesse do
leitor e prender a sua
atenção)
Eis o plano que será seguido neste trabalho: Anunciar o plano a
Primeira parte – A ação do Estado na coordenação seguir (e informar sobre
dos seus recursos o que poderia ter sido
incluído, mas que não o
Segunda parte – A ação do Estado na incitação a
foi por qualquer circuns-
investir
tância)

1. Boaventura, 1990:21-23, com adaptações.

92 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Introdução para prender a atenção1: tipo de introdução que procura despertar


interesse e captar a atenção do leitor, com recurso a:
‒‒ informações curiosas
Enquanto em Paris os autocarros se deslocam a uma velocidade inferior a dos
carros de cavalo do início do século, em Kinshasa, no Zaire, na avenida Bokassa, no
centro da capital, a velocidade dos veículos não ultrapassa os dez quilómetros à hora
nas horas de ponta. A rápida transformação da vida na nossa época provocou por toda
a parte um fenómeno de enormes proporções, o trânsito.
‒‒ exemplos concretos que despertam a emoção do leitor
O dia laboral começa para muitos cidadãos com uma hora de viagem para chegar
ao local de trabalho a uma distância de 20 quilómetros; a dona de casa chega às zonas
comerciais, onde os preços são mais convenientes, depois de ter viajado alguns qui-
lómetros em meia hora, e vai-se embora com o nervosismo de não conseguir chegar
à saída da escola a tempo de apanhar o filho; o paquete que faz recados na cidade e
nunca encontra um estacionamento, acabando por deixar a sua furgoneta na segunda
fila, pensa mais vezes na eventualidade de mudar de ofício. Estes são alguns dos pro-
blemas de quem vive no trânsito de uma grande cidade.
‒‒ perguntas que depois são respondidas no desenvolvimento
Será possível que as cidades continuem a crescer e que as pessoas comprem
cada vez mais carros? Porquê? Por quê perder tanto tempo no automóvel e no autocar-
ro todos os dias? Por que não melhorar a qualidade de vida dos cidadãos repensando
a cidade e reorganizando-a segundo as novas exigências do mundo moderno?
Procedimentos
• Introdução enquadramento
‒‒ depois de se ter estudado o assunto
‒‒ depois de se ter elaborado o plano
‒‒ preferencialmente no fim, quando já se sabe o que apresentar
‒‒ seguindo os tópicos
‒‒ com muito cuidado pois é a primeira impressão com que se fica
‒‒ não ser demasiado geral; ser simples, claro, modesto
• Introdução para prender a atenção: começar com
‒‒ uma interrogação
‒‒ uma definição, uma boa citação ou fórmula conhecida, um exemplo, um facto a
propósito, uma frase provocadora, um provérbio, uma breve história
‒‒ o sentido do enunciado ou situando-o no seu contexto
‒‒ a relação clara entre A e B, se se tratar de uma comparação
Defeitos a evitar
• Introduções longas que denunciam desequilíbrio na composição ou receio de entrar
no tema por falta de preparação
• Partes desligadas, sem nexos lógicos nem palavras de coordenação
• Posições vagas, neutras e ambíguas
• Falta de clareza e empenhamento do autor

1. Exemplos extraídos de Serafini, 1996:57-58.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 93


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

5.3. Redação do desenvolvimento/textualização


Neste ponto, propomos-te trabalhar sobre a redação do desenvolvimento.

5.3.1. Cuidados a ter na textualização


i) Para perceberes quais as exigências de um bom texto, lê a receita para a construção
de um mau texto, a seguir, com os seguintes objetivos de leitura: a) sublinhar,
no texto, os procedimentos a evitar na redação de um texto; e b) inferir as regras
e procedimentos a respeitar. Regista os teus resultados.

Texto 2.2.2. Receita para um antitexto


[...]
Neste trabalho [...] daremos os passos para a construção de um mau texto. A re-
ceita caseira de produção textual, abaixo, estabelecerá sete ingredientes para a con-
secução de um antitexto.
1.º Ao receber o tema para redação, não siga progressão temática alguma; afinal, se
desenvolver a ideia principal do seu texto só na conclusão, terá violado, apenas
a regra de progressão temática de sentido mais importante para a construção de
um texto. As ideias e argumentos chave, em qualquer texto, devem ser trabalha-
dos desde o tópico de abertura, na introdução, até ao seu final, na conclusão. Se
costuma não desenvolvê-los assim, parabéns; o sentido do seu texto será sempre
truncado, sem unidade semântica. O primeiro ingrediente para o seu antitexto está
completo. Pode iniciar a tarefa. [...]
2.º Não se preocupe com a elaboração do vocabulário utilizado no seu texto. Se agir
assim, o mesmo ficará oralizado, cheio de repetições e terá aspeto de texto fala-
do. Naturalmente, desejou impressionar os seus leitores, todavia, ao redigir deste
modo, infringiu mais um dos princípios fundamentais na produção textual, o da
substituição lexical. O escrito sem repetições e redundâncias inadequadas é o ideal
e, para consegui-lo, deverá servir-se da categoria acima. Se a mesma não for usa-
da, terá conseguido o segundo ingrediente para um mau texto. [...]
3.º Não use a pronominalização. Usando-a, o seu texto ficará com referências prono-
minais (anafóricas e catafóricas) que, com certeza, criarão um nível textual ótimo.
Quanto mais referenciações às ideias-chave, mais coesivo e coerente se tornará o
texto. Contudo, parece que não quer um texto bem estruturado e significativo e, por
tal motivo, tudo fará para que o mesmo se identifique com o antitexto. Não usando
a pronominalização, isto é, a substituição adequada de nomes por pronomes, o
seu texto se aproximará, mais uma vez, do texto falado – o que se carateriza pelo
uso reduzido de pronominalização correta – para ter certeza absoluta de mais esta
violação à gramática do texto, não use oblíquos, repita os mesmos pronomes pes-
soais e empregue mal os demonstrativos e sobretudo os relativos, dando preferên-
cia para o emprego do “onde”, sem relação anafórica alguma com o antecedente

94 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

ou, então, use os pronomes pessoais sem referente algum. [...]


4.º Não use articuladores variados – conjunções e preposições – repita sempre os
mesmos. Se gosta do “que” use-o abundantemente de cima para baixo no seu
texto ou, se preferir, empregue o “mas”, alternando com “mais”, ou caso tenha ver-
dadeira simpatia pelo “pois”, use-o em todo o seu escrito. Escrevendo assim, o seu
texto ficará menos elegante, pouco criativo e nada original. A utilização inadequada
de articuladores, além de prejudicar diretamente a microestrutura do texto, atinge-o
também em sua macroestrutura, tornando-o empobrecido. Todavia se o seu desejo
é o de produzir um antitexto, faça “bom proveito” de mais um dos ingredientes para
tal propósito. [...]
5.º Não use definitivização adequada em seu texto (esta categoria textual se refere ao
emprego de artigos definidos e indefinidos). Artigos são só artigos, não é mesmo?
Não deve levá-los em conta. Ignore também o seu relevante papel na condução de
informação nova e velha, na formação do sentido, na tessitura do texto. Se usar de-
finido no lugar de indefinido, ou indefinido quando não houver artigo algum, estará
prejudicando a coesão textual do seu trabalho e, principalmente estará dificultando
a leitura do mesmo. [...]
6.º Ao discutir o tema proposto, use argumentação pouco relevante; faça dos assuntos
quotidianos os seus principais argumentos. [...] Ah! Ia me esquecendo; se não tiver
certeza a respeito de dados informativos, invente números e datas. Dê conceitos e
formule definições. As fórmulas mágicas propostas para “descolar” um argumento,
se usadas, evidenciarão imaturidade argumentativa, despreparo em leitura e des-
conhecimento do mundo. [...]
7.º Como último ingrediente para o antitexto, não deixe de usar um tópico inicial que
nada tenha a ver com o tema desenvolvido. Também ao concluí-lo, lembre-se de
que, para um legítimo mau texto, o tópico conclusivo deve estar o mais distanciado
possível do assunto tratado, e não deve “ligar” as ideias do seu texto com vigor.
Afinal, texto coesivo, coerente, com argumentação bem desenvolvida, com tópicos
de abertura e fechamento bem escritos, fazem do seu texto um todo significati-
vo progressivo, caraterizando bons textos; entretanto, se quer escrever a antítese
desta, a receita está pronta. Siga-a com cuidado. Todas as instruções devem ser
obedecidas rigorosamente. Use a imaginação e terá certamente um belo exemplar
de antitexto.
Josénia Vieira da Silva. LIV – IL – UnB (texto com supressões e adaptações)

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 95


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

ii) Compara os teus resultados, com os que te são apresentados na Solução N.º 3.
iii) Certamente que concluíste que a redação do desenvolvimento consiste em
desenvolver as ideias do plano, organizando um texto, ou seja, um contínuo
em que todas as partes estão ligadas entre si. Para continuares a aprender sobre
esta característica fundamental dos textos – a unidade temática –, segue as
orientações a seguir.
5.3.2. Unidade do texto: continuidade e progressão da informação
i) Lê agora os textos constantes do Texto de apoio 2.2.2. Exemplos de formas de
progressão temática, com o objetivo de tentares identificar como a informação
progride em cada um deles e o esquema dessa progressão. Regista as tuas
conclusões.

Texto de apoio 2.2.2. Exemplos de formas de progressão temática


1

Texto A1
Isso acontece quando ela se esquece e morde a isca.
Dentro da isca está o anzol.
atrás do anzol o nó
atrás do nó a linha
atrás da linha o caniço
atrás do caniço enguiço.

1. Os textos A, B, e C foram extraídos de Araújo, 2012:2569, 2570 e 2571, respetivamente.

96 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Texto B Texto C
A girafa Gigi adora viajar. Rodolfo leva a casa nas costas.
Com seu pescoço comprido, A barriga vai no chão.
Vai a qualquer lugar. A cabeça vai no ar
Vê o jacaré na lagoa,
E a preguiça à-toa.
Vê a abelha no ar,
E a zebra a galopar.
Vê a onça malhada, Texto D1
Brincando com a macacada. Vamos falar agora das partes do
Vê o elefante passar, corpo humano. A cabeça é formada
E até ri do seu andar. de crânio e face. O tronco compõe-
Gigi é muito feliz! -se de tórax e abdómen. Os mem-
bros dividem-se em superiores e
Ela pode viajar,
inferiores.
Sem sair do lugar...
1
2

Texto E1
Atualmente, um dos principais fatores que interferem no equilíbrio do ho-
mem/meio ambiente é a poluição. Gases venenosos tornam irrespirável o ar das
grandes cidades. As doenças das vias respiratórias contribuem para o aumento
da mortalidade infantil, principalmente no inverno. (Moreira, 1991:47)

ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 4.
Podes buscar a resposta para alguma dúvida que tenhas, estudando o tópico 1.
Progressão tópica e o 2. Progressão temática ou sequencialização da informação,
na Ficha informativa 2.2.2. Redação do desenvolvimento/textualização.

Ficha informativa 2.2.2. Redação do desenvolvimento/textualização3

Um texto pode ser entendido como um conjunto sucessivo de frases que se relacio-
nam, formando um todo de sentido, através de uma progressão textual.
A unidade do texto e a sua compreensão e aceitação pelo leitor (legibilidade) são

1. Extraído de Koch, 1992:59.


2. Extraído de Kappel,1998:45.
3. Elaborada, essencialmente, com base em: Araújo, 2013; Koch e Elias, 2011:180; Pereira, 2011/2012:42;
Koch & Elias, 2006:163-164. 180; Nascimento e Pinto, 2006:126-127; Kappel,1998; Serafini, 1996:43-45;
Rei, 1995:25-35; Gourmelin e Guedon,1992:106; Koch, 1992:58-60; Sartout, 1992:28; Bastos & Fidalgo,
1990:18; Moita, 1990:97-104.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 97


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

garantidas, sobretudo pela distribuição e progressão das informações/ideias no texto.


Por isso, no processo da construção do sentido do texto, são muito importantes o que o
autor faz para que o seu texto, ao mesmo tempo, apresente um fio condutor e avance:
estratégias de progressão textual. Se elas não forem realizadas adequadamente, o
leitor não consegue compreender o texto.
• Unidade temática: desenvolvimento dos tópicos indicados no plano de uma forma
lógica compreensível e aceitável pelo leitor, mantendo a compatibilidade entre as
ideias que vão sendo apresentadas, evitando-se, assim, a contradição entre as infor-
mações (incoerência).
1

Texto sem unidade temática1 Texto com unidade temática


Eu Meu nome é Semíarimis Deusdedith. Quando
O meu nome é Aline. Tenho era criança, morria de inveja das Marias. Acha-
dezoito anos. Sou uma pessoa va injusto ter de carregar sozinha um nome tão
recatada diante de estranhos. grande e esquisito.
Porém, quando estou na com- Mais tarde, já adolescente, comecei a pensar
panhia de amigos, me sinto à que talvez ele encerrasse uma espécie de pres-
vontade para expor as minhas ságio. Quem sabe eu não seria um dia, também,
ideias. Sendo aberta somente uma grande mulher? Comecei, então, a sonhar
com estes, com os demais man- em tornar-me uma mistura bombástica de mu-
tenho certa discrição. Admiro a lheres como Jane Fonda, Simone de Beauvoir e
justiça e fico chocada ao ver al- Leila Diniz. Aceitava o convite de John Lennon
guém a ser desprezado. para imaginar um mundo diferente e adorava-me
Adoro divertir-me: ir a festas, assim, na primeira linha, entre aqueles que luta-
assistir filmes, escutar músicas, riam pela vida e os direitos humanos.
bater um papo saudável. Não Hoje encontro-me demasiado ocupada pro-
gosto de depender de outros na curando cumprir a difícil tarefa de ser eu mesma.
realização das minhas tarefas. De forma que o projecto de mulher do século fi-
Outra coisa que me realiza é cou para, quem sabe, uma próxima encarnação.
dar aulas para crianças porque, Minhas contradições são idas e vindas através
como todo o ser humano, gos- das quais vou, aos poucos, transformando-me
to de carinho, e elas são muito numa pessoa inteira. Acredito no questionamen-
afetivas to dos valores estabelecidos, na irreverência cria-
tiva e que o pensamento lúcido seja não só revo-
lucionário, mas também a chave da autonomia.
Neste ano completo meu trigésimo aniversá-
rio. Sou uma mulher comum, uma mulher do meu
tempo. Meu nome? Acho-o simplesmente sibilan-
te como uma serpente e longo feito um rio.

As estratégias de progressão textual são muito importantes para o texto avançar


desde a introdução até à conclusão, mas sobretudo no desenvolvimento: a parte do
texto em que o tema/assunto anunciado na introdução é apresentado pela explicitação
1. Textos extraídos de André Augusto Gazolahttp://www.lendo.org/as-4-qualidades-essenciais-de-um-texto/
Acedido em 20.Agosto.2013.

98 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

(desenvolvimento) dos tópicos e subtópicos de vários níveis hierárquicos previstos no


plano, narrando, descrevendo, informando, expondo, explicando, ou argumentando.

Estratégias de progressão textual:


1. Progressão tópica
Conceito de tópico: o tópico ou tema do texto é a fonte central da elaboração textual;
serve como fio condutor do seu desenvolvimento lógico ou encadeamento.
Progressão tópica ou topicidade: no desenvolvimento do texto, o autor organiza o
tópico central do texto em subtópicos, que alimentam o tópico principal: assunto(s),
ideia(s) ou argumento(s) que são apresentado(s) ao longo do texto e desenvolvido(s)
num dado momento.
Formas de progressão tópica
A apresentação dos tópicos é feita, por um lado, numa escala vertical, ou seja, de
dependência hierárquica e, por outro, numa linha de distribuição sequencial (sequen-
cialidade).
• Hierarquização: o autor progride no texto, na verticalidade, passando por tópicos
com níveis de hierarquia diferentes, consoante o grau de abrangência do assunto: de
tópico(s) com abordagens mais amplas e abrangentes ou principais ou importantes
para tópicos mais particulares ou secundários.
• Sequencialidade: o autor progride no texto, passando de um tópico ou subtópico
para outro, ou seja, trata-se da distribuição de tópicos na linearidade discursiva.
1

Exemplo1
Albert Eckhout

Holanda, 1610-1655
Albert Eckhout foi artista e botânico, e também ficou fascinado pelas plan-
tas, animais, cores e costumes do Brasil. O Conde de Nasau frequentemente
oferecia obras de arte de Eckhout como presente à nobreza europeia. O rei da
Dinamarca recebeu vinte pinturas retratando tipos brasileiros e naturezas-mor-
ta. O rei de França recebeu uma colecção de pinturas que foi usada para fazer
tapeçarias, as chamadas Tapeçarias das índias. Tornaram-se muito conhecidas
e foram tão copiadas que os cartões originais se estragaram. Os trabalhos de
Eckhout contribuíram para que os europeus se interessassem pelo Brasil.
MANGE, Marlyn. A Arte brasileira para crianças. S. Paulo. Martins Fontes. 2002:23

Análise: o texto tem 4 tópicos: 1. Albert Eckhout. 2. O Conde de Nasau. 3. O


rei da Dinamarca. 4. Os trabalhos de Eckhout.

Formas de encadeamento sequencial entre os tópicos


• Continuidade: os tópicos são tratados em sequência, ou seja, um tópico ou subtópico
é introduzido, mantém-se enquanto é desenvolvido e após ser tratado até se esgotar, é

1. Extraído de Koch, 2006:180.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 99


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

iniciado um outro. Esta é a forma de progressão esperada. Neste caso, não há uma mu-
dança muito rápida, ruturas definitivas ou interrupções excessivamente longas do tópico
que está a ser desenvolvido, prejudicando a unidade do texto. Opera-se uma passagem
gradual – transição – entre um tópico e outro.
• Descontinuidade: um novo tópico é iniciado antes que o anterior tenha sido total-
mente desenvolvido, provocando uma quebra ou rutura no fio discursivo. É uma per-
turbação da progressão tópica.
‒‒ Os articuladores discursivos são recursos para sinalizar a mudança de tópico, ga-
rantindo a unidade do texto.
2. Progressão temática ou sequencialização da informação
Conceito: desenvolvimento dos tópicos (assunto de que se fala, tema), acrescentan-
do, progressivamente, informação nova (o que se diz acerca do tópico), mantendo o fio
condutor, encadeamento.
Modo como se processa a progressão da informação num texto (estratégias/es-
quemas/formas de progressão temática):
• Progressão linear: a informação acerca do tópico anterior ou uma parte dela torna-
-se o tópico da sequência seguinte, ao qual é acrescentada nova informação, e assim
sucessivamente. Pode ser encontrado em todos os tipos de textos.
1

Exemplo1
Coelho lembra Páscoa.
Páscoa lembra chocolate.
Chocolate lembra cobertura.
Cobertura lembra apartamento.
Apartamento lembra casa.
Casa lembra família.
E família lembra coelho.
O Estado de S. Paulo. 23 Março 2008

Esquema2
A – coelho → B – lembra Páscoa
B – Páscoa → C – lembra chocolate
C – chocolate → D – lembra cobertura
D – cobertura → E – lembra apartamento
E assim sucessivamente

• Progressão com tema constante: o mesmo tema é apresentado de forma contínua


ao longo do texto, acrescentando-se-lhe novas informações, em cada enunciado. É
típico de textos descritivos.
1. Extraído de Koch, 2011:180.
2. Esquema construído a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:162; e Koch, 1992:58.

100 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Exemplo1
Marsupiais são animais vertebrados e quadrúpedes. Pertencem à classe
dos mamíferos. Sua característica específica é o facto de possuírem um
órgão em forma de bolsa onde os filhotes permanecem até se desenvolverem
completamente. Esses animais, assim como a maioria dos mamíferos, não são
capazes de identificar todas as variações de cores que os seres humanos são
capazes de enxergar.
Boletim da FAPESP, 5 Nov. 2004.

Esquema2
A – Marsupiais → B – são animais vertebrados e quadrúpedes
A – Marsupiais → C – Pertencem à classe dos mamíferos
A – Marsupiais → D – possuem um órgão em forma de bolsa onde os filhotes perma-
necem até se desenvolverem completamente
A – Marsupiais → E – não são capazes de identificar todas as variações de cores que
os seres humanos são capazes de enxergar

• Progressão por divisão de tema ou com temas derivados: o mesmo tema divi-
de-se em vários temas parciais que são desenvolvidos no texto. É muito usado em
textos que desenvolvem vários pontos como os expositivos e argumentativos.
3

Exemplo3
As bacias hidrográficas brasileiras são extensas e, em sua maior parte,
navegáveis. A Bacia Amazónica ocupa toda a região norte, estendendo-se por
parte da região centro-oeste. A do S. Francisco, o “Rio da Unidade Nacional”,
nasce em Minas, atravessa Minas e Bahia e separa Bahia de Pernambuco e
Alagoas e Alagoas de Sergipe. A Bacia Platina é constituída pelos rios Paraná,
Paraguai e Uruguai, que juntos formam o estuário do Prata.

1. Exemplo extraídos de Koch e Elias, 2006:163.


2. Esquema construído a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:163; e Koch, 1992:59.
3. Exemplo extraído de Koch e Elias, 2006:163-164.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 101


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Esquema1

T
bacias hidrográficas
A

A2
A1 A3
Bacia Amazónica Bacia S. Francisco Bacia Platina
o “Rio da Unidade Nacional”

C D
B
nasce em Minas, atravessa constituída pelos rios Paraná,
ocupa toda a região norte,
Minas e Bahia e separa Bahia Paraguai e Uruguai, que
estendendo-se por parte da
de Pernambuco e Alagoas e juntos formam o estuário do
região centro-oeste
Alagoas de Sergipe Prata.

• Progressão por rema subdividido: cada uma das partes da informação do primeiro
enunciado (rema) vai servir de tema a ser desenvolvido no próximo enunciado. É
usado nos textos expositivos e argumentativos.
2

Exemplo2
A frota de Vasco da Gama era constituída por quatro embarcações: duas
naus, uma caravela e uma naveta de mantimentos. A nau S. Gabriel era coman-
dada por Vasco da Gama. A nau S. Rafael estava sob a chefia do seu irmão,
Paulo da Gama. Nicolau Coelho era o capitão da caravela Bérrio. A navegação
de mantimentos foi esvaziada do seu conteúdo e queimada ao longo da viagem
[…]
BUENO, Eduardo. A viagem dos descobrimentos: a verdadeira história da expedição de Cabral.
Rio de Janeiro: Objectiva. 1988:86

1. Esquema construído a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:163-164; e Koch, 1992:59.
2. Exemplo extraído de Koch e Elias, 2006:164.

102 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Esquema1

• Progressão com salto temático ou elipse: um tema é apresentado com as suas


informações, mas a progressão contendo as novas informações apresenta omissão
de um segmento textual que se pode deduzir sem dificuldade
2

Exemplo2
Toda a epopeia contém elementos convencionais. Um desses elementos é o
herói. ##3 Representante dos ideais de uma nacionalidade, passa por uma série
de peripécias e acaba glorificado.
3

Esquema 4

A – Toda a epopeia → B – contém elementos convencionais


B – Um desses elementos → C – é o herói
##
D – representante dos ideais → E – passa por uma série de peripécias e acaba
de uma nacionalidade glorificado

Nota: O mais comum é que estas formas de progressão estejam presentes no


mesmo texto.
Características básicas dos textos
Os textos devem ter algumas características básicas, sem as quais eles podem ser
de difícil compreensão. Algumas delas são:
• Clareza: expressão do pensamento de modo a ele ser facilmente entendido, ou
seja, sem obscuridade ou ambiguidades que podem gerar falta de transparência
ou confusão.

1. Esquema construído a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:164; e Koch, 1992:59.
2. Extraído de Koch, 1992:60.
3. Sinal de elisão textual
4. Construído a partir do esquema apresentado em Koch, 1992:60.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 103


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Exemplo de falta de clareza Possível melhoria


A loja está fechada até ao dia 15 de Reabrimos no dia 15 de Agosto.
Agosto.
Análise: ambiguidade que gera confu-
são no leitor: a loja estará aberta no dia 15
ou 16?

• Adequação: discurso, registo de língua e palavras correspondentes ao perfil do des-


tinatário, aos objetivos, ao tipo de texto, ao assunto e ao grau de formalidade da
situação.

Exemplo de inadequação Possível melhoria


Professora, posso ir ter contigo ao Professora, posso ir ter consigo ao
gabinete? gabinete?
Análise: forma de tratamento desa-
justado

• Concisão: apresentação de grande número de informações, usando o menor núme-


ro de palavras e frases possíveis e indo diretamente ao assunto, sem meias voltas e
frases supérfluas ou repetições desnecessárias (o contrário de prolixidade).
1

Exemplo de prolixidade1 Possível melhoria


Antecedendo a redação, assegure-se Antes de iniciar a redação, verifique
da satisfação destas três exigências pre- se as três condições estão assegura-
liminares. das.
Análise: complicado, não vai direta-
mente ao assunto

• Precisão: escolha das palavras e expressões com propriedade, isto é, que se ade-
quam perfeitamente às ideias.

Exemplo de inexatidão Possível melhoria


Um número importante de pessoas Mais de 2.000 pessoas estiveram
esteve na manifestação. na manifestação.
Análise: uso de um termo vazio (im-
portante): a ideia que se tem de importan-
te pode não ser igual para o escrevente e
para o leitor.

• Objetividade ou neutralidade: apresentação das ideias (factos, situações e outros


objetos) nas suas realidades, com distanciamento, ou seja, sem interferência da von-
tade ou dos sentimentos de quem as apresenta. Ao contrário, a subjetividade consiste
na apresentação das impressões, opiniões e sentimentos pessoais sobre as ideias.

1. Texto, análise e sugestão de melhoria extraídos de Sartout, 1992:28.

104 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Exemplo de subjetividade Possível melhoria


O trabalho está bom, mas contém O conteúdo do trabalho considera
imprecisões. todos os dados e aspetos do tema, mas,
Análise: Está bom por quê? Quais teria sido conveniente fundamentar as
são as imprecisões? afirmações feitas quanto ao uso da lín-
gua portuguesa.

• Sobriedade: escolha de palavras curtas, simples, usuais e/ou terminologia rigorosa.

Exemplo de pretensiosidade Possível melhoria


Ele trabalha com “performance”. Ele trabalha com eficácia.
Análise: o uso do termo performan-
ce aponta para um certo exibicionismo.

• Concretude: apresentação das ideias, usando palavras concretas, factos, ações,


exemplos, comparações, etc. O contrário consiste em usar sentidos figurados, pa-
lavras abstratas, lugares-comuns, noções confusas, expressões vagas e genéricas.

Exemplo de falta de concretude Possível melhoria


Uma grande parte dos alunos consi- 65% dos alunos considera que esta
dera esta disciplina importante. disciplina ajuda na aprendizagem das ou-
Análise: “uma grande parte” é vago, tras.
indeterminado.
• Pessoalidade: a presença e a personalidade de quem escreve são notadas; o con-
trário de impessoalidade, em que o autor se esconde.

Exemplo de impessoalidade Possível melhoria


O vestido é bonito. Acho o vestido bonito.
Análise: é bonito para quem?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 105


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

5.3.3. Outras qualidades básicas do texto


i) Lê agora o Texto de apoio 2.2.3. Produção de alunos para identificares os
problemas que levam à sua rejeição pelo leitor. Regista as tuas conclusões.

Texto de apoio 2.2.3. Produção de alunos

Existe algumas semelhanças entre a qualidade de vida na cidade e no cam-


po que são: as diferentes classes sociais, sim, porque como há pessoas “ricas”
na cidade, há também no campo que, pelos vistos, são muito interessantes quer
na cidade quanto no campo, por exemplo, nas cidades as crianças se divertem
a jogar aqueles jogos na televisão, algumas assistem televisão, no campo as
crianças brincam de pega-pega, com carros de lata, etc.

ii) Confronta os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 5.
iii) Para aprofundares esta questão, estuda o tópico 5. Características básicas dos
textos, na Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita.
5.4. Redação da conclusão
i) Analisa, com muito cuidado e distingue as diferentes “partes” do Texto de apoio
2.2.4. Exemplo de conclusão, a conclusão para o enunciado: A comunicação
social exerce uma grande influência na formação da opinião pública. Comente esta
afirmação, fazendo referência aos diferentes meios de comunicação social e aprecie,
comparativamente, a influência de cada um deles.1

Texto de apoio 2.2.4. Exemplo de conclusão2

Como ficou demonstrado, um número sempre crescente de ouvintes, lei-


tores e espetadores é bombardeado pelos media através das mais modernas
e sofisticadas técnicas de comunicação. E, assim, novas ideias vão surgindo,
novos modelos se vão impondo, alterando comportamentos, influenciando men-
talidades.
Cada um dos meios de difusão tem a sua especificidade, variando a supe-
rioridade conforme o público utilizador. O público mais exigente reconhece a sua
complementaridade e mantém uma atitude crítica e seletiva.

1. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:41.


2. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:44, com adaptações.

106 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

ii) Resume, numa curta frase, o conteúdo de cada uma dessas partes.
iii) Após teres feito este exercício de reflexão, compara os teus resultados com os
que te são apresentados na Solução N.º 6, o esqueleto-tipo da conclusão.
iv) Para aprofundares os teus conhecimentos sobre a conclusão, lê a Ficha
informativa 2.2.3. Redação da conclusão.

Ficha informativa 2.2.3. Redação da conclusão1

Conceito: parte final do texto que é o ponto de convergência do que se disse no de-
senvolvimento, a sua essência.
Funções
• Responde ao tema central colocado na introdução
• Permite ao leitor recuperar o fio do discurso feito, perspetivar o futuro do problema
ou deixá-lo em aberto.
Natureza
• É o eco da introdução, com o qual faz contraponto:

Introdução Conclusão
Situar no contexto Repor o problema (colocado e resolvido) no mundo ex-
terior, com alargamento de perspetivas.
Colocar o problema Mostrar a resolução: verificar a conformidade entre o as-
sunto colocado e a resposta dada.
Enunciar o plano Resumir as etapas, recordando o essencial do trabalho
feito e mostrando o que se aprendeu com ele.

• Não acrescenta nada de novo: nem exemplos, nem considerações, nem informações
• Associa, com rigor e imaginação, a síntese e a prospetiva: recapitula, sintetizando, da
forma mais expressiva possível, os pontos essenciais ou aprecia a importância relati-
va dos mesmos e interroga o futuro, focando aspetos capazes de virem a influenciar
a evolução do tema.
Tipos de conclusões2
• Conclusão-resumo: recupera o mais importante da argumentação – brevíssimo re-
sumo do que foi dito –, diz o ponto de vista a que se chegou (convergência dos dife-
rentes pontos do desenvolvimento, justificando a tomada de posição) e realça a tese
de partida apresentada no início.

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:127; Serafini, 1996:58-59; Rei,
1995:23-24; Bastos & Fidalgo, 1990:17-18, 21; Boaventura, 1990:43-49, 114-118; Gourmelin e Gue-
don,1992:61-62. Moita, 1990:108-109.
2. Serafini, 1996:58-59, donde foram extraídos os exemplos, alguns com adaptações; e Moita, 1990:109.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 107


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Exemplo
Neste escrito é mostrado como o trânsito se tornou nas grandes cidades um pro-
blema grave e com aspetos múltiplos, todos igualmente prejudiciais para os cidadãos.
O problema, embora difícil, não parece porém insolúvel; foram apresentadas várias
soluções para a situação atual, que podem ser tomadas a fim de melhorar a vida dos
cidadãos.
• Conclusão-propósito, prospetiva ou de intenção: não retoma os principais argu-
mentos do desenvolvimento, antes encara o futuro do problema apresentando uma
opinião pessoal, apontando soluções ou pistas de ação, várias outras maneiras de
encarar o problema, enumerando aplicações práticas ou consequências concretas
e deixando questões em aberto para a hipótese de, mais tarde, se aprofundar o as-
sunto tratado.
Exemplo 1
À descrição das cidades modernas, tais como hoje, seria preciso acrescentar
também apreciações do tipo psicológico sobre como vivem os cidadãos; por exemplo,
como vivem o problema do trânsito moderno as pessoas antigas que viram as cidades
encher-se sucessivamente de automóveis, que são cada vez mais lentos?
Exemplo 2
Neste escrito, analisei as situações do trânsito nas cidades modernas, de futuro
gostaria de escrever como eu imagino a organização das deslocações numa grande
cidade do ano 2030: passeios que se deslocam, veículos em voos como no filme Blade
Runner e lasers para os ricos, que desintegram as pessoas num lugar para as remate-
rializar no lugar para onde querem ir.
• Conclusão de efeito: combina o tipo resumo e o tipo prospetivo, deixando a questão
em aberto por meio de uma pergunta retórica, de um apelo ao leitor, de uma frase
lapidar ou uma citação, de forma a deixar o leitor com lembrança divertida e positiva
daquilo que leu.
Exemplo
“Pois com certeza que semelhante confusão é criada pela indisciplina dos automo-
bilistas; deviam ser obrigados a pagar multa de cortar a respiração para aprenderem!”
Ao abrir a porta, reparo que tinha deixado o carro, como de resto outras pessoas, no
espaço reservado aos autocarros.
• O tipo de conclusão a fazer depende das circunstâncias em que o texto é produzido,
nomeadamente do tipo de texto, dos seus objetivos e do destinatário:
‒‒ Prova: recuperar o essencial das ideias que resultam do trabalho.
‒‒ Livro: concluir em poucas páginas.
‒‒ Tese: apresentar, com clareza, a hipótese colocada.
‒‒ Relatório: sugerir as soluções para a decisão.
‒‒ Pode-se, ainda, combinar elementos dos três: o resumo das ideias essenciais con-
tidas no desenvolvimento (conclusão resumo), a tomada de posição a que se
chegou a partir dessas ideias e pistas de ação futura (conclusão-propósito), de
uma forma que perdure no leitor (conclusão de efeito).

108 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Principais características
• Da conclusão-resumo
‒‒ Adequação: conformidade entre o problema e a resposta dada;
‒‒ Fundamentação: decorre do desenvolvimento;
‒‒ Concisão: deve conter o essencial, sem pormenores ou ilustrações, sendo que
a sua extensão deve ser proporcional ao desenvolvimento (para uma dissertação
de 25 linhas, a conclusão deverá ter cerca de 5 linhas; ou corresponder a 1/10 do
conjunto; 1/2 página para um texto de 5 páginas);
‒‒ Precisão: escolha das palavras e expressões com propriedade (adequadas ao
destinatário, objetivos, assunto e tipo de texto, nomeadamente);
‒‒ Persuasão: valorização do trabalho feito para causar impressão, conseguir a ade-
são do leitor e afastar a recusa;
‒‒ Uso de conectores como: logo, portanto, por consequência, de forma que…
• Da conclusão de efeito
‒‒ Enfático: vivacidade e expressividade;
‒‒ Originalidade: para impressionar, cativar e persuadir.
Defeitos a evitar
• Os mais frequentes são:
‒‒ Não escrever a conclusão do texto;
‒‒ Usar uma frase feita, um chavão, para terminar o texto;
‒‒ Não escrever a conclusão com cuidado e atenção;
‒‒ Ignorar o leitor e o que ele espera do texto;
‒‒ Acrescentar novas ideias, ignorando o desenvolvimento.
Procedimentos
‒‒ Escrever só depois de o problema ter sido bem analisado;
‒‒ Não apresentar exemplos, ilustrações ou ideias novas;
‒‒ Responder à pergunta feita na introdução;
‒‒ Ligar o problema a outro mais geral;
‒‒ Enumerar várias outras maneiras de perspetivar o problema;
‒‒ Apontar aplicações práticas ou consequências concretas;
‒‒ Usar uma frase lapidar ou uma citação.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 109


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

6. Prática da língua
6.1. Redação da introdução
6.1.1. Identifica os elementos presentes no início desta introdução ao
tema já considerado na subunidade 2.1. “A comunicação social exerce
uma grande influência na formação da opinião pública. Comente esta
afirmação, fazendo referência aos diferentes meios de comunicação
social e aprecie, comparativamente, a influência de cada um deles”1.
Cf. Solução N.º 7.
2

Introdução1
Ninguém, dentre os consumidores conscientes das mensagens difundidas
pelos poderosos meios de comunicação social, pode ignorar, hoje, a sua influên-
cia no comportamento humano quer formando as opiniões, quer refletindo, de-
sencadeando ou favorecendo a mudança. Menos alertados estão, certamente, as
pessoas pouco esclarecidas, os adolescentes e as crianças em quem sobretudo
a TV, exerce grande atração e desempenha papel importante na sua formação.

6.1.2. Tendo em conta o plano elaborado para este tema (Cf. Ficha
informativa 2.1.2. Plano textual), redige a parte da introdução que o
anuncia. Cf. Solução N.º 8.

6.2. Textualização

6.2.1. Identifica a forma de progressão temática presente em cada um dos


textos seguintes e elabora os respetivos esquemas. Cf. Solução N.º 9.
a) As epopeias são narrativas míticas. Nessas narrativas, há sempre um herói. O
herói realiza uma série de peripécias. O êxito dessas peripécias depende quase
sempre do auxílio de alguma divindade. Tais divindades possuem sentimentos e
preferências iguais aos humanos.3
b) O cão é um animal mamífero e quadrúpede. Ele tem o corpo coberto de pêlos.
O cão é um excelente guarda para nossas casas. É um animal muito fiel.4
c) Cabo Verde é um país arquipelágico. A região de barlavento é composta pelas
ilhas de Sto. Antão, S. Vicente, Sal, S. Nicolau, Boa Vista e Sta. Luzia. A de
sotavento pelas ilhas de Maio, Santiago, Fogo e Brava. As ilhas do Sal, Boa Vista
e Maio são planas e têm muitas praias. As de Sto. Antão, Santiago, S. Nicolau,
Fogo e Brava são montanhosas.

1. In: Bastos e Fidalgo, 1990:41.


2. In: Bastos e Fidalgo, 1990:44, com adaptações.
3. Texto extraído de Koch e Elias, 2006:162.
4. Koch,1992:58.

110 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

d) O João foi ao oceanário para ver os tubarões. Encontrou tubarões de vários


tipos. Uns eram maiores e com uma cabeça mais vulgar, outros tinham uma
cabeça com um formato estranho, como se fosse o formato de um martelo.1
6.2.2. Identifica e corrige os problemas de organização tópica e temá-
tica no texto abaixo. Cf. Solução N.º 10.

A violência urbana em Cabo Verde


A violência urbana em Cabo Verde é um problema que acontece todos os
dias, mais praticada nas zonas urbanas, principalmente na nossa cidade capital,
Praia.
Esta tem sido cada vez mais praticada pelos cidadãos cabo-verdianos.
As causas desta violência são: roubos, assaltos, vandalismo, uso de drogas
e álcool. As pessoas perdem a sua privacidade e vão para a cadeia. Outras ficam
com medo e não saem à rua.
A principal consequência dessa violência é os cúmplices matarem-se uns
aos outros e outros suicidarem-se para não serem presos. Também os pais já
não dão uma boa educação aos filhos.
As possíveis soluções são polícias em todos os lados da cidade conjunta-
mente com a Polícia Militar.
Texto de Aluno

6.2.3. Os textos abaixo2 evidenciam falta de algumas das qualidades es-


senciais de um texto. Analisa-os e: i) identifica a qualidade em falta, ii)
sugere maneiras de os melhorar e iii) reformula-os. Cf. Solução N.º 11.

Texto A
Este final de século apresenta vários problemas e contradições na cena da
ordem política mundial e a própria ONU tem mostrado incapacidade para re-
solver os conflitos que nós vemos, por exemplo, no continente africano onde
somos particularmente sensíveis ao que acontece em Angola, um país cheio de
riquezas, com o petróleo e os diamantes, recursos a servirem principalmente a
compra de armas que enriquecem os seus fabricantes e matam ou deformam as
pessoas que aspiram à saúde e à cultura que são as bases do desenvolvimento.
Texto de um aluno de uma escola secundária

1. Extraído de Pereira, 2011/2012:42.


2. Textos e soluções extraídos de Nascimento e Pinto, 2006:94-97, com adaptações nas soluções.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 111


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Texto B
Um pastor tinha um cão e a mãe do pastor era também o pai do cão.

6.3. Redação de conclusão


Tendo presente a natureza da conclusão, analisa o final do conto Branca de Neve
e os Sete Anões1, abaixo apresentada, e regista, numa curta frase, a sua função. Cf.
Solução N.º 12.

Ao despertar, Branca de Neve ficou encantada por ver o príncipe a seu lado.
Despediu-se dos anõezinhos e, com ele, partiu para o seu reino, onde casaram
e viveram felizes para sempre.
Branca de Neve e os Sete Anões. Lisboa, Difusão Cultural, 1987.P.25

7. Para saberes mais...


7.1. Leitura
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e escrever. Estratégias de produção
textual. S. Paulo. Editora Contexto. 2011. Pp. 159-189.
REI, José E. Curso de redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 11-35.
7.2. Trabalho autónomo
Sempre que leres um livro ou um texto como um artigo de revista ou de jornal
ou ouvires um texto oral (uma palestra, conferência, discurso ou outro) tenta seguir
o fio condutor, identificar e perceber os procedimentos adotados pelos autores na
introdução e na conclusão e para fazer progredir a informação. Presta atenção às suas
qualidades para aprenderes com outros o que é bom e a rejeitar o mau.

1. Rei, 1995:24, com adaptações.

112 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Soluções
1

Solução N.º 1. Partes do texto

Partes do texto Conteúdo


Texto 2.2.1. A consciência 1
Título
Consultando a enciclopédia, lê-se para a palavra Introdução: o que acer-
consciência a seguinte explicação: ca do assunto diz uma en-
Consciência – Sentimento natural do nosso ser; ciclopédia (procura de infor-
sentimento interior pelo qual o homem se torna tes- mação)
temunha de si próprio com respeito ao bem e ao mal
que pratica; Moralidade, integridade.
Acrescenta que o filósofo Kant a identifica com a
razão influindo na ordem prática.
A consciência é, em todos os casos e sempre, o Desenvolvimento:
fundamento moral da prática e o guia imediato da vida • Opinião do autor;
quotidiana. • Introdução de uma histó-
Lembra-me a história de um príncipe que mandou ria/exemplo.
matar o pai para lhe herdar rapidamente o trono.
Conseguido o seu objectivo, o príncipe não con-
seguiu mais um momento de repouso. O fantasma do
rei assassinado aparecia-lhe a todo o instante, tor-
nando-lhe a vida insuportável.
Arrependido, o príncipe suplicou um dia ao fan-
tasma:
– Perdoa-me, pai!...
E a sombra que o perseguia, respondeu-lhe:
– Se fosse o teu pai, perdoava-te...Mas sou a tua Conclusão (subenten-
consciência!... dida): a consciência é uma
voz íntima que nunca se
Ricardo Alberty. Relógio de Água. Lisboa. Didáctica Editora. 1970
cala

1. Extraído de Nascimento e Pinto, 2006:128.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 113


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Solução N.º 2. Esqueleto-tipo de uma introdução-enquadramento

Partes do texto da introdução Funções


O desenvolvimento económico do Brasil Apresentar uma ideia geral da
começou na região Centro-Sul e só há pou- questão-chave, do problema ou do
co atingiu as outras regiões. Há, assim, uma assunto/tema a ser desenvolvido
variedade de regiões, tendo cada uma suas (de que se trata, alcance, implica-
características, podendo-se substituir a noção ções e limites)
tradicional dos «dois brasis». O nosso obje-
tivo será, pois, estudar uma dessas regiões:
a região Nordeste. Será observado o papel
desempenhado pelo setor público, tentando
coordenar os seus recursos e os organismos
federais, ao tempo em que estimula as inicia-
tivas locais à industrialização.
Fora da divisão dos Estados-membros da Contextualizar e enquadrar o
Federação, pode-se definir a divisão do terri- assunto/tema (situar no espaço, na
tório em cinco regiões, segundo o critério ado- história, no tempo,...)
tado pelos organismos regionais de planea-
mento: a) a região Norte; b) a região Nordeste
– eis alguns números – superfície de 1 600
000 Km2, população de mais de 30 000 000 de
habitantes, expetativa de vida em torno de 30
anos, percentagem do território de 15,1%); c)
a região Centro-Sul; d) a região Centro-Oeste:
e e) a região Sul.
Procurando corrigir o desequilíbrio regio- Fornecer as ideias diretrizes
nal, o governo aumenta a despesa pública; (sublinhando a importância do
esforça-se para centralizar os investimentos tema, a sua atualidade ou dimen-
para torná-los mais produtivos; cria um siste- são, pertinência,...), de modo a
ma de incitamento para fixar a poupança local. motivar ou despertar o interesse do
leitor e prender a sua atenção.
Eis o plano que será seguido neste trabalho: Informar como o tema vai ser
Primeira parte – A ação do Estado na tratado, anunciando o plano a se-
coordenação dos seus recursos guir (e informar sobre o que pode-
ria ter sido incluído, mas que não o
Segunda parte – A ação do Estado na in-
foi por qualquer circunstância)
citação a investir

114 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Solução N.º 3. Procedimentos a evitar na redação de um texto

Texto 2.2.2. Receita para um antitexto


[...]
Neste trabalho [...] daremos os passos para a construção de um mau texto. A re-
ceita caseira de produção textual, abaixo, estabelecerá sete ingredientes para a con-
secução de um antitexto.
1.º Ao receber o tema para redação, não siga progressão temática alguma; afinal, se
desenvolver a ideia principal do seu texto só na conclusão, terá violado, apenas
a regra de progressão temática de sentido mais importante para a construção de
um texto. As ideias e argumentos chave, em qualquer texto, devem ser trabalha-
dos desde o tópico de abertura, na introdução, até ao seu final, na conclusão. Se
costuma não desenvolvê-los assim, parabéns; o sentido do seu texto será sempre
truncado, sem unidade semântica. O primeiro ingrediente para o seu antitexto está
completo. Pode iniciar a tarefa. [...]
2.º Não se preocupe com a elaboração do vocabulário utilizado no seu texto. Se agir
assim, o mesmo ficará oralizado, cheio de repetições e terá aspeto de texto fala-
do. Naturalmente, desejou impressionar os seus leitores, todavia, ao redigir deste
modo, infringiu mais um dos princípios fundamentais na produção textual, o da
substituição lexical.
O escrito sem repetições e redundâncias inadequadas é o ideal e, para consegui-
-lo, deverá servir-se da categoria acima. Se a mesma não for usada, terá consegui-
do o segundo ingrediente para um mau texto. [...]
3.º Não use a pronominalização. Usando-a, o seu texto ficará com referências prono-
minais (anafóricas e catafóricas) que, com certeza, criarão um nível textual ótimo.
Quanto mais referenciações às ideias-chave, mais coesivo e coerente se tornará o
texto. Contudo, parece que não quer um texto bem estruturado e significativo e, por
tal motivo, tudo fará para que o mesmo se identifique com o antitexto. Não usando
a pronominalização, isto é, a substituição adequada de nomes por pronomes, o seu
texto se aproximará, mais uma vez, do texto falado – o que se carateriza pelo uso
reduzido de pronominalização correta – para ter certeza absoluta de mais esta viola-
ção à gramática do texto, não use oblíquos, repita os mesmos pronomes pessoais e
empregue mal os demonstrativos e sobretudo os relativos, dando preferência para o
emprego do “onde”, sem relação anafórica alguma com o antecedente ou, então, use
os pronomes pessoais sem referente algum. [...]
4.º Não use articuladores variados – conjunções e preposições – repita sempre os
mesmos. Se gosta do “que” use-o abundantemente de cima para baixo no seu
texto ou, se preferir, empregue o “mas”, alternando com “mais”, ou caso tenha ver-
dadeira simpatia pelo “pois”, use-o em todo o seu escrito.
Escrevendo assim, o seu texto ficará menos elegante, pouco criativo e nada ori-
ginal. A utilização inadequada de articuladores, além de prejudicar diretamente a
microestrutura do texto, atinge-o também em sua macroestrutura, tornando-o em-
pobrecido. Todavia se o seu desejo é o de produzir um antitexto, faça “bom provei-
to” de mais um dos ingredientes para tal propósito. [...]

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 115


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

5.º Não use definitivização adequada em seu texto (esta categoria textual se refere ao
emprego de artigos definidos e indefinidos). Artigos são só artigos, não é mesmo?
Não deve levá-los em conta. Ignore também o seu relevante papel na condução de
informação nova e velha, na formação do sentido, na tessitura do texto. Se usar de-
finido no lugar de indefinido, ou indefinido quando não houver artigo algum, estará
prejudicando a coesão textual do seu trabalho e, principalmente estará dificultando
a leitura do mesmo. [...]
6.º Ao discutir o tema proposto, use argumentação pouco relevante; faça dos assuntos
quotidianos os seus principais argumentos. [...] Ah! Ia me esquecendo; se não tiver
certeza a respeito de dados informativos, invente números e datas. Dê conceitos e
formule definições. As fórmulas mágicas propostas para “descolar” um argumento,
se usadas, evidenciarão imaturidade argumentativa, despreparo em leitura e des-
conhecimento do mundo. [...]
7.º Como último ingrediente para o antitexto, não deixe de usar um tópico inicial que
nada tenha a ver com o tema desenvolvido. Também ao concluí-lo, lembre-se de
que, para um legítimo mau texto, o tópico conclusivo deve estar o mais distanciado
possível do assunto tratado, e não deve “ligar” as ideias do seu texto com vigor.
Afinal, texto coesivo, coerente, com argumentação bem desenvolvida, com tópicos
de abertura e fechamento bem escritos, fazem do seu texto um todo significati-
vo progressivo, caraterizando bons textos; entretanto, se quer escrever a antítese
desta, a receita está pronta. Siga-a com cuidado. Todas as instruções devem ser
obedecidas rigorosamente. Use a imaginação e terá certamente um belo exemplar
de antitexto.
Josénia Vieira da Silva. LIV – IL – UnB (texto com supressões e adaptações)

Resumo:
• Coerência: harmonia de sentido, sem contradições ou ruturas
• Coesão: ligação entre as frases e entre os parágrafos de acordo com a lógica do
pensamento (mecanismos de coesão)
• Parágrafos que desenvolvem as ideias
• Organização dos parágrafos numa sequência que faça sentido
• Modalização
• Pontuação

116 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Solução N.º 4. Exemplos de formas progressão temática

Texto A. Progressão linear1


Análise: “há um desdobramento contínuo de um rema (o anzol) que se transforma
no tema subsequente, que por sua vez apresenta um novo rema (o nó), que novamen-
te constitui-se como tema da oração seguinte, e assim, sucessivamente.”
Esquema2
A – Isso acontece → B – quando ela se esquece e morde a isca.
B – Dentro da isca → C – está o anzol
C – atrás do anzol → D – o nó
D – atrás do nó → E – a linha
E – atrás da linha → F – o caniço
F – do caniço → G – enguiço

Texto B. Progressão com tema constante


Análise: “esse exemplo apresenta um determinado tema (a girafa Gigi) que é to-
mado como tema em todas as orações do texto, tornando o foco temático. Com isso, a
partir de um dado tema, o que são acrescentados são remas, informações novas sobre
esse tema. Para o leitor, ao estabelecer o ato de leitura, ele traz em mente esse tema
constante, agregando a ele, informações novas, que dão desenvolvimento, linearidade
ao texto.”

Esquema2
A – Girafa Gigi → B – adora viajar
A – Girafa Gigi → C – Com seu pescoço comprido, Vai a qualquer lugar
A – Girafa Gigi → D – Vê o jacaré na lagoa
A – Girafa Gigi → E – E (vê) a preguiça à-toa
E assim sucessivamente…

Texto C. Progressão por divisão de tema ou com tema derivado


Análise: “o tema inicial é Rodolfo. No entanto, notamos que esse tema (conside-
rado um hipertema) dá origem a outros temas derivados que vão se desdobrando (a
barriga de Rodolfo, a cabeça de Rodolfo), sem perder de vista o hipertema. Tal proces-
so não chega a acarretar estranhamento, já que o leitor abre mão de conhecimentos
extralinguísticos para construir essa relação – todo ser vivo possui partes do corpo.
Assim, considerar conhecimentos extralinguísticos é fator determinante para o estabe-
lecimento de sentidos ao se utilizar esse tipo de progressão temática.”

1. As análises dos textos A, B e C foram extraídas de Araújo, 2012:2569, 2570 e 2571, respetivamente.
2. Os esquemas foram construídos a partir dos apresentados em Koch e Elias, 2006:162-164.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 117


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Esquema

Texto D. Progressão por desenvolvimento de um rema subdividido


Análise: cada uma das partes da informação do primeiro enunciado (rema) – par-
tes do corpo humano, é sujeito dos enunciados seguintes e desenvolvido neles (ca-
beça, tronco e membros), acrescentando-se informação nova sobre cada uma delas.

Esquema
T
Corpo humano Partes
B

T1 T2 T3
A cabeça O tronco Os membros

R3
R1 R2
dividem-se em superiores e
é formada de crânio e face compõe-se de tórax e abdómen
inferiores

Texto E. Progressão com salto temático ou elipse1


Análise: “Percebe-se facilmente que no trecho elidido [...o ar das grandes cidades.
## As doenças das vias respiratórias...] poderia estar escrito “e isso gera” ou “o que
cria” ou “o que acarreta doenças das vias respiratórias”. Preenchido esse espaço, a
oração seguinte sofreria uma adaptação, empregando-se o pronome relativo: “as quais
contribuem para o aumento...”

1. Extraído de Kappel,1998:45.

118 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Esquema
A – um dos principais fatores → B – é a poluição
que interferem no equilíbrio
do homem/meio ambiente
B – Poluição → C – Gases venenosos tornam irrespirável
o ar das grandes cidades
##
C – as doenças das vias res- → D – Contribuem para o aumento da mor-
piratórias talidade infantil

Solução N.º 5. Identificação dos problemas

Análise
O parágrafo é demasiado longo, com apenas uma frase de 72 palavras, tor-
nando-o confuso e incompreensível.
O escrevente perdeu-se, esqueceu-se de qual o sujeito e comete muitos
erros. O leitor perde-se, irrita-se com esses erros e desliga-se.
Maneiras de melhorar
Desmembrar o parágrafo em 4 frases, conservando o mesmo conteúdo.
Passou a ter 67 palavras.
Texto reformulado
As pessoas das mesmas classes sociais, principalmente, as ricas, vivem
de modo semelhante no campo e na cidade. Na verdade, a vida delas é muito
interessante quer seja na cidade quer seja no campo. Assim, por exemplo, nas
cidades, algumas crianças ricas divertem-se a jogar na televisão ou a assistir
televisão. No campo, elas também se divertem, mas brincando de pega-pega,
com carros de lata, etc.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 119


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Solução N.º 6 . Esqueleto-tipo da conclusão

Partes do texto da conclusão Funções


Como ficou demonstrado, um número Resumo das ideias essenciais
sempre crescente de ouvintes, leitores e
espetadores é bombardeado pelos media
através das mais modernas e sofisticadas
técnicas de comunicação. E, assim, novas
ideias vão surgindo, novos modelos se
vão impondo, alterando comportamentos,
influenciando mentalidades.
Cada um dos meios de difusão tem Posição do autor
a sua especificidade, variando a supe-
rioridade conforme o público utilizador. O
público mais exigente reconhece a sua
complementaridade e mantém uma atitu-
de crítica e seletiva.
Em aberto Perspetivas de ação futura

Solução N.º 7. Elementos presentes na introdução

A parte da introdução apresentada contém a ideia geral do assunto/tema

Solução N.º 8. Redação da parte da introdução

Sugestão da parte da introdução que anuncia o desenvolvimento, conside-


rando o plano elaborado:
É esta a problemática que será tratada neste trabalho. Nele começa-se por
dizer o que se entende por opinião pública, referindo com que meios e para
que fins se tenta influenciá-la. A seguir, enumera-se os principais meios de
comunicação social, destacando as suas principais diferenças e semelhanças.
De seguida, demonstra-se que, apesar dos seus efeitos negativos, a TV é o
mais “poderoso” media na sociedade moderna. Finalmente, apresenta-se a
conclusão.

120 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Solução N.º 9. Formas de progressão temática e seus esquemas1

Texto A. Progressão linear


Esquema
A – As epopeias → B – são narrativas míticas
B – Nessas narrativas → C – há sempre um herói
C – O herói → D – realiza uma série de peripécias
D – O êxito dessas peripécias → E – depende quase sempre do auxílio de alguma
divindade
E – Tais divindades → F – possuem sentimentos e preferências iguais aos humanos

Texto B. Progressão com tema constante


Esquema
A – O cão → B – é um animal mamífero e quadrúpede
A – O cão → C – tem o corpo coberto de pêlos
A – O cão → D – é um excelente guarda para nossas casas
A – O cão → E – é um animal muito fiel

Texto C. Progressão por divisão de tema ou com temas derivados


Esquema

1. Esquemas extraídos de Koch e Elias, 2006:162-164.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 121


SUBUNIDADE 2.2 Partes do texto

Texto D. Progressão por rema subdividido


Esquema

T
Tubarões vários tipos de tubarões
B

T1 T2
Uns Outros

R1 R2

Solução N.º 10. Identificação e correção dos problemas de organização tópica


e temática do texto

Análise
O leitor não consegue recuperar o fio discursivo que é interrompido por que
as formas de manifestação da violência aparecem juntamente com as suas cau-
sas e consequências.
Proposta de reformulação
A reformulação do texto deve ser feita, focando o tópico central do texto – a
violência urbana em Cabo Verde – e apresentando informações sobre ele, numa
sequência lógica, e terminando uma ideia, antes de começar a outra.
Todos os dias acontecem atos de violência praticados por cidadãos cabo-
-verdianos nos centros urbanos de Cabo Verde, principalmente na cidade capi-
tal, Praia.
Esses atos são: roubos, assaltos, vandalismo e assassinatos.
As causas desta violência são: uso de drogas e álcool e também o facto de
os pais já não darem uma boa educação aos filhos.
As consequências dessa violência são a insegurança e o medo para a popu-
lação e assassinatos e a cadeia para os prevaricadores. Estes, algumas vezes
suicidam-se para não serem presos.
Uma possível solução é colocar agentes da Polícia Nacional e da Polícia
Militar por toda a cidade.

122 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Partes do texto SUBUNIDADE 2.2

Solução N.º 11. Identificação da qualidade em falta, propostas de melhoria e


reformulação

Texto A
Análise
• frase com falta de unidade
• frase sobrecarregada de sujeitos gramaticais que levam o leitor a perder o fio
e a desligar-se
• frase demasiado extensa, com 88 palavras
Maneiras de melhorar a frase
• desdobrar a frase em frases mais curtas, cada uma com o seu sujeito e a sua
ideia central
• eliminar as palavras ou expressões que nada acrescentam
Proposta de correção
Este final de século apresenta vários problemas e contradições que nem a
própria ONU tem resolvido. É disto exemplo o continente africano, onde somos
mais sensíveis ao que se passa em Angola. País com abundantes recursos,
como o petróleo e os diamantes, gasta-os sobretudo na compra de armas. En-
quanto os produtores de armamento enriquecem, angolanos morrem, ou veem
adiadas as suas esperanças de paz e desenvolvimento.

Texto B
Análise
• falta clareza à frase; ela é uma charada
• falta-lhe pontuação adequada
Maneiras de melhorar a frase: introduzir pontuação adequada (um ponto
e vírgula)
Proposta de correção: um pastor tinha um cão e a mãe; do pastor era tam-
bém o pai do cão.

Solução N.º 12. Função do final do conto

Apresenta o ponto de convergência do desenvolvimento, o seu remate; no


caso, trata-se do desfecho da história.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 123


UNIDADE 3
PRODUÇÃO TOTAL
Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

SUBUNIDADE 3.1. TEXTO NARRATIVO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Nesta subunidade – Texto narrativo – a finalidade é aprenderes a escrever textos
deste tipo, integrando e utilizando conhecimentos anteriores sobre o texto narrativo
e sobre o processo e os procedimentos de redação de textos.
Para isso, primeiro, convidamos-te a rever os principais aspetos relacionados com
o texto narrativo – as categorias da narrativa e a organização específica deste tipo de
texto –, e, depois, a redigir e avaliar este tipo de texto, com recurso a instrumentos e
procedimentos de avaliação adequados, e, finalmente, de modo autónomo.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Planificar a redação de um texto narrativo em função do objetivo, do assunto/
tema, e do leitor a que se destina;
• Mobilizar os conhecimentos prévios sobre o texto narrativo adquiridos em
Leitura;
• Integrar e mobilizar os conhecimentos sobre as etapas a seguir na redação de
um texto;
• Redigir um texto narrativo, respeitando a sua estrutura e características
específicas.

3. Conteúdos
1. Texto narrativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Título
1.2.2. Situação inicial

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 127


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

1.2.3. Elemento desencadeador


1.2.4. Complicação
1.2.5. Resolução
1.2.6. Fim
1.2.7. Moral (facultativo)
1.3. Recursos discursivo-textuais
1.3.1. Categorias da narrativa
1.3.1.1. Personagens principais e secundárias) e sua caracterização
1.3.1.2. Ação (tema central e como é explorado)
1.3.1.3. Tempo (como é expresso pelo autor)
1.3.1.4. Espaço (contexto espacial)
1.3.2. Coesão e coerência
1.3.3. Redação e sequencialização dos parágrafos
1.3.4. Modalização
1.4. Recursos semântico-gramaticais
1.4.1. Relação pessoas gramaticais/tipo de narrador
1.4.2. Tempos verbais
1.4.3. Advérbios conectivos e adjuntos de tempo

4. Recursos
• Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo
• Ficha guia 3.1.1. Texto narrativo
• Grelha autocorretiva 3.1.1. Texto narrativo

5. Orientações para autoestudo


Para aprenderes como se escreve um texto narrativo, segue os procedimentos que
te propomos a seguir:

5.1. Relembrando texto narrativo


i) Revê o processo e os procedimentos de leitura de texto narrativo no Livro do
Aluno de Língua Portuguesa – Leitura.
ii) Regista as conclusões a que chegaste sobre as categorias da narrativa e a
organização específica deste tipo de texto.
iii) Agora, compara o que escreveste, com o conteúdo da Ficha informativa 3.1.1.
Texto narrativo.

128 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo1

Definição: relato de acontecimentos, reais ou fictícios, segundo uma ordem cronoló-


gica ou articulados segundo uma organização estrutural própria de tempo, de causa e
de consequência.
Objetivo comunicativo
• Entreter (literatura fantástica, policial, de ficção científica...)
• Informar (reportagem, relato histórico...)
• Exprimir emoções pessoais (diário...)
Condições de uso
• Comunicação quotidiana, em que se conta o que se passou
• Textos literários
Tipos de texto
• Reais: história, biografia, reportagem, algumas crónicas...
• Fictícios: histórias tradicionais ou populares, lendas, romance, novela, conto...
Principais componentes (categorias da narrativa)
• Quem narra? (o narrador)
• Quem age? (as personagens)
• Faz ou diz o quê? Com que objetivos? Com que resultados? (a trama ou série
de episódios descritos segundo uma estrutura discursiva que provocam a resolu-
ção da complicação).
• Em que lugar(es)? (contexto espacial)
• Em que tempo(s)? (contexto temporal)
Estrutura organizacional2
• Título: sintetiza o conteúdo global do texto, preservando a sua essência, mas sem
dizer tudo. Tem a função de cativar o interesse para a leitura do texto.
• Exposição: descrição da ou das personagens, do tempo, do lugar e da situação
inicial, isto é, a situação em que está a personagem principal no início da história.
Normalmente começa por: “Era uma vez…”
• Elemento/acontecimento desencadeador: apresentação do acontecimento que
muda a situação inicial, dando início à história. Normalmente começa por: “Um dia…”
• Complicação – compreende:
‒‒ A reação da personagem: o que a personagem pensa ou diz como reação ao
elemento desencadeador;
‒‒ O objetivo: o que a personagem decide fazer a propósito do problema central da
narrativa;
‒‒ A tentativa: o esforço da personagem para resolver esse problema.
• Resolução: revelação dos resultados frutíferos ou infrutíferos da tentativa da per-
sonagem, isto é, a resolução do problema (reequilíbrio).
• Fim (facultativo): consequência a longo prazo da ação da personagem – perspeti-
vação do futuro.
• Moral (facultativo): preceito ou lição que se pode tirar da história.

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:131-141; Neves e Oliveira, 2001:71-94; Silva,
2005:86-114; Neiva,1996:112-113; Rei, 1995:116-119; Giasson, 1993:133-137; Abreu, 1992:49-52; Garcia,
1992:239-252; 360-366.
2. A descrição da estrutura da narrativa e a análise apresentadas foram extraídas de Giasson, 1993:134-135,
com algumas adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 129


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

Análise de uma história, com um único episódio

Exposição Era uma vez (tempo) um dragão feroz (perso-


nagem) que vivia numa caverna sobranceira a uma
aldeia (espaço) e que amedrontava toda a gente (si-
tuação inicial).
Elemento/acontecimento Um dia este dragão caiu a um lago e perdeu a
desencadeador capacidade de lançar chamas. Já não podia assustar
os aldeões, lançando fogo em direção a eles.
Complicação O dragão receava que a gente da aldeia viesse
à sua caverna para o caçar (reação); queria muito
voltar a produzir fogo (objetivo). Assim, correu para
o restaurante mexicano mais próximo, pediu o taco
mais picante, o chili mais forte e uma forte dose de
piripiri. Engoliu tudo isto e soprou. (tentativa)
Resolução Ué! O fogo jorrou! O dragão podia de novo lançar
chamas!
Fim Voltou para a sua caverna e viveu feliz para sem-
pre a aterrorizar os aldeões com as suas maravilho-
sas chamas.
Moral Os fortes nunca desistem!

Observação: Esta história apenas tem um episódio; mas elas podem ter vários
episódios que levam à resolução da intriga.
Recursos linguísticos
• Diálogo (troca de falas entre personagens, para conferir dinâmica à ação, caracteri-
zar as personagens, prender a atenção do leitor ou ouvinte);
• Discurso direto, indireto e indireto livre;
• Verbos que exprimem estados, processos e ações;
• Pretérito perfeito (real) imperfeito (abertura para a ficção) e mais que perfeito e, por
vezes, do presente (presente histórico ou narrativo);
• Conectores temporais, adversativos, causais, consecutivos e concessivos
• Expressões do tipo: era uma vez...nesse tempo...havia...
• Recursos estilísticos ou expressivos diversificados como, por exemplo, a compara-
ção, a metáfora, a personificação, a hipérbole e a ironia

130 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

Procedimentos de redação
1.º Reflexão e registo dos principais componentes a usar para a construção da narrativa:
• Quem narra? O narrador intervém como participante ou não, subjetivo ou objetivo?
• Quem age? Quem é a personagem ou são as personagens? Dar-lhes um nome ou
não. No segundo caso, é como se simbolizassem a sua espécie (homem, velho, etc.)
na mesma situação.
• Como? Imaginação da trama, o modo como os acontecimentos se articulam: Qual o
modo de vida das personagens? Que história viveram ou poderiam ter vivido? Que
circunstância ou acontecimento deu início à história? Que circunstância ou aconteci-
mento os separou? Qual a sequência da história? Como termina?
• Criação do contexto: Onde se encontram as personagens quando aparecem pela
primeira vez, na história? Registo dos elementos desse espaço e ambiente para uma
posterior descrição. Que tempo pode ser escolhido?
2.º Definição de uma linha temporal para a história, ou seja, o momento ou momentos
em que os acontecimentos se passam: pode ser usada uma sequência cronológica
(começo, meio e fim) ou outras formas como começar pelo ponto mais alto da nar-
rativa (clímax) e depois, contar a história em digressão.
3.º Definição de uma linha espacial para a história: o lugar onde cada um dos aconte-
cimentos ocorre.
4.º Planificação do texto, selecionando o conteúdo de cada uma das partes: o início
(a exposição) e o desenvolvimento (o elemento/acontecimento desencadeador, a
complicação e a resolução). Opção sobre se a narrativa terá um fim e uma moral
ou não.
5.º Redação da narração, considerando os leitores, os momentos de narração e de
descrição, cuidando da coerência entre as partes e da correção das frases e fa-
zendo uso de recursos linguísticos; redação do fim e da moral, se tiver sido essa
a opção.
6.º Atribuição de um título ao texto, bem construído, curto, conciso e apelativo, evitan-
do-se o senso comum. O título é gerado a partir do tema que resulta do tratamento
dado pelo autor a um determinado assunto. Podem ser usadas as seguintes técni-
cas na sua construção: expressões nominais (Os desafios da educação); expres-
sões nominais com dois pontos (A educação: desafios); expressões nominais com
reticências, inspirando dúvida e curiosidade (Acordei...no meio de água); expres-
sões com numerais, evidenciando raciocínio organizado e de fácil compreensão (5
dicas para escrever bem); frases interrogativas, despertando a atenção e levando
à reflexão (O que move a juventude?); exclamação, despertando emoções, senti-
mentos, estados de espírito (O dia D!); expressões da linguagem familiar (Espe-
rar para ver); frases, com verbos que sugerem ações dinâmicas (Jovem caiu no
mar); jogo de palavras, com aproveitamento de sonoridades (Estamos fritos!) ou
de nomes de filmes e livros (A Condessa Descalça, sobre Cesária Évora – filme)1;
metáfora e imagem.
7.º Revisão
Recomendação: no início, não escrever muito para não se perder. Aos poucos, ir
aumentando o tamanho, uma vez que não há limites para a extensão de uma narrativa.

1. Adaptação de Neiva 1996:112-113, de onde foi extraído o último exemplo.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 131


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

iv) Considera ainda que, para redigires um texto narrativo deves ter em conta o
seguinte:
Grelha texto narrativo1

O que se faz quando se conta?


• Diz-se o que se passou. • Testemunha-se.
• Informa-se. • Imagina-se que algo se passou.

O que se pode contar?


• Acontecimentos ocorridos. • A vida de outras pessoas (biografia)
• A nossa própria vida (autobiografia). • Acontecimentos e situações imagina-
dos.
Como se conta?
• Normalmente, estrutura-se a narrativa pela ordem: princípio, meio e fim.
• Utiliza-se a 3.ª pessoa (ele/ eles) ou a 1.ª pessoa (eu/ nós).
• Usa-se o presente ou o pretérito.
Quem conta?
• Um narrador, que pode ser exterior à história ou participante, como personagem
dela também.
Para quem se conta?
• Crianças, adolescentes, adultos.
Para quê contar?
• Para entreter (literatura fantástica, policial, de ficção científica...).
• Para informar (notícias, reportagens, relatórios...).
• Para exprimir emoções pessoais (diários).
Onde encontrar textos narrativos?
• Em jornais, livros, bandas desenhadas...

5.2. Redigindo texto narrativo


i) Prepara-te para escrever um texto narrativo, fazendo a macroplanificação e a
microplanificação. Em caso de dúvida, sobre o que está envolvido nestas duas
etapas da planificação, volta à Unidade 2 e revê os procedimentos.
ii) Compara o teu plano com o que te é apresentado na Solução N.º 1. Tira conclusões.

1. Dias e Militão, 2006:35.

132 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

iii) Agora é tempo de escreveres um texto narrativo. Fá-lo, usando o plano que
elaboraste, ou, em alternativa, o que te foi apresentado na Solução N.º 1. Usa a
Ficha guia 3.1.1. Texto Narrativo, como recurso.

Ficha guia 3.1.1. Texto narrativo1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Defini o fim a que se destina o meu texto e o(s) seus destinatá-
rio(s)?
2. A intervenção do narrador (participante ou não, subjetivo ou ob-
jetivo)?
3. As personagens – os intervenientes nos acontecimentos?
4. A ação – os acontecimentos a narrar e o modo como se desenro-
lam?
5. O espaço – o (s) lugar (es) onde decorre(m) os acontecimentos?
6. O tempo – a altura em que decorrem os acontecimentos?
7. Decidi sobre o conteúdo de cada uma das partes: o início (a expo-
sição), o desenvolvimento (o elemento/acontecimento desenca-
deador, a complicação e a resolução)?

Ao redigir, procurei: SIM NÃO


8. Narrar os acontecimentos seguindo a ordem definida?
9. Adotar marcas gráficas como: títulos e subtítulos, sublinhado, itá-
lico e tipos de grafia diferente?
10. Apresentar cada ideia nova num parágrafo?
11. Construir parágrafos que desenvolvem a ideia de modo consis-
tente?
12. Construir uma introdução adequada ao tipo de texto?
13. Fazer as descrições necessárias?
14. Usar recursos estilísticos como a comparação, a metáfora, a
personificação, a hipérbole e a ironia para tornar a linguagem
expressiva?
15. Utilizar as marcas adequadas para o tipo de narrador selecio-
nado?

1. Elaborada, essencialmente, com base na bibliografia indicada na Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo
e ainda Sim-Sim, 2007:35-46; Bizarro, S/referências; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e
integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem referências. S/Referências. Pp. 33-34.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 133


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

16. Articular as frases e os parágrafos para situar os factos no tempo


e no espaço, de modo a que a narrativa evolua com coerência?
17. Usar advérbios conectivos (assim, contrariamente, seguidamen-
te...); advérbios adjuntos de tempo (agora, ainda, então...) con-
junções subordinativas temporais (quando, enquanto...)?
18. Empregar vocabulário variado e expressivo?
19. Usar palavras sinónimas, hiperónimas, hipónimas e a pronomi-
nalização, para evitar a repetição de palavras?
20. Recorrer a verbos de elocução diversificados e adequados: di-
zer, afirmar...; perguntar, interrogar...; responder, replicar...; ne-
gar, contestar...; exclamar, bradar...; pedir, solicitar...; mandar or-
denar...)?
21. Empregar o discurso direto, tendo em atenção as suas regras,
bem como as da construção do diálogo?
22. Usar, por vezes, o presente para contar acontecimentos que es-
tão a decorrer ou para atualizar acontecimentos do passado?
23. Usar o pretérito perfeito para acontecimentos ocorridos no pas-
sado, indicando o real?
24. Usar, o pretérito imperfeito para marcar a abertura para o irreal?
25. Garantir a progressão das ideias/informações?
26. Evitar ideias contraditórias?
27. Fechar o texto com uma conclusão adequada?
28. Atribuir um título adequado e atrativo à história para estimular a
sua leitura?

Na revisão, verifiquei se: SIM NÃO


29. Cumpri as orientações anteriores?
30. Respeitei o objetivo previsto?
31. O texto pode ser lido de forma fluente?
32. Utilizei vocabulário adequado?
33. A linguagem é adequada?
34. As frases e períodos são longos?
35. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras
que as exigem?

134 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

36. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo,


de acordo com os contextos?
37. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

iv) Revê o texto que escreveste, usando a Grelha autocorretiva abaixo apresentada.

Grelha autocorretiva 3.1.1. Texto narrativo1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto está estruturado com introdução, desenvolvimento e con-
clusão?
2. A narrativa começa com a apresentação de uma situação inicial e
a apresentação do herói e das personagens?
3. A introdução contém a apresentação das personagens e do espa-
ço e da situação?
4. Contém circunstância desencadeadora e resolução?

5. A história foi desenvolvida, relatando o modo como os aconteci-


mentos se articulam?
6. As personagens estão descritas convenientemente?

7. A narrativa termina, sem acrescentar factos novos depois do desfecho?

8. A descrição está presente e em momentos próprios?

9. Há presença de parágrafos?

10. O título reflete o conteúdo global do texto?

11. O título é fácil de compreender?

12. O título está suficientemente atraente para despertar a curiosida-


de dos leitores ?
13. Todas as palavras do título são realmente necessárias?

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO


14. A ordem escolhida foi respeitada, no relato dos acontecimentos?

15. Os subtópicos estabelecem uma relação adequada com o tópico?

1. Elaborada, essencialmente, com base na bibliografia indicada na Ficha informativa 3.1.1. Texto narrativo
e ainda Sim-Sim, 2007:35-46; Bizarro, S/referências; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e
integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem referências. S/Referências. Pp. 33-34.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 135


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

16. O texto tem um fio condutor?

17. O texto apresenta ruturas e omissões que que comprometem a


sua compreensão?
18. O texto apresenta ideias que se contradizem?

19. Ocorrem advérbios conectivos (assim, contrariamente, seguida-


mente...), advérbios adjuntos de tempo (agora, ainda, então...)
conjunções subordinativas temporais (quando, enquanto...)?
20. Ocorrem palavras sinónimas, hiperonímias, hiponímias e a pro-
nominalização, evitando a repetição de palavras?
21. São utilizados verbos no presente e no pretérito perfeito e imper-
feito para conferir progressão à narração dos acontecimentos?
22. Cada parágrafo corresponde a uma ideia principal?

23. Os parágrafos começam com um tópico que contém a ideia prin-


cipal?
24. Identifica-se, no parágrafo, o tipo de tópico?

25. Reconhece-se o tipo de desenvolvimento do parágrafo?

26. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são


adequadas?
27. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?

28. Existe coerência entre os tempos e modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


29. As marcas de narrador participante ou não, subjetivo ou objetivo
são evidentes e claras?
30. O registo de língua é adequado?

31. A repetição de palavras tem unicamente uma função estilística?

32. O vocabulário é sugestivo e variado?

33. Ocorrem recursos de estilo como: comparação, metáfora, perso-


nificação, hipérbole e a ironia?
34. As regras de construção do discurso direto, indireto e indireto livre
foram respeitadas?
35. Há travessões e dois pontos a indicar a fala das personagens?

36. Os verbos de elocução são diversificados e adequados?

136 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

37. Há coordenação entre modos e tempos verbais?

38. A 1.ª pessoa (eu/ nós) ou a 3.ª (ele/ eles) são utilizadas, conforme
o tipo de narrador escolhido?
39. As frases estão bem formuladas/estruturadas?

40. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são


adequadas?
41. O texto contém erros ortográficos, de translineação e de acen-
tuação?

APRESENTAÇÃO SIM NÃO


42. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
43. A apresentação gráfica está valorizada através de: títulos e
subtítulos, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinhados, ilustra-
ções, etc.?

AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO


44. O texto pode ser melhorado?

v) Reformula o texto e se encontrares dificuldades, não hesites em procurar


um professor de língua portuguesa. Se tiveres optado pelo plano que te foi
apresentado na Solução N.º 1, compara o teu texto com o texto narrativo
elaborado a partir desse plano e que te é apresentado na Solução N.º 2.

6. Prática da língua
1. Imagina, para cada uma das situações a seguir, uma complicação e uma resolução1:
1.1. Isabel, uma menina de 15 anos, esqueceu-se de sair a tempo da festa em
que estava, para chegar a casa antes da meia-noite, horário combinado com
a família.
1.2. Valter pediu emprestada a mota de um amigo e, mesmo tendo pouca
experiência em pilotar motos, decidiu fazer um passeio pela cidade.
1.3. Vilma estava em férias, e encontrou, em uma festinha, o namorado de sua
melhor amiga. Estão dançando juntos.
2. Lê o texto abaixo e explica por que se trata de um texto narrativo. Cf. Solução N.º 3.

1. Extraído de Abreu, 2006: 52-53, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 137


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

O papagaio palrador1
Um português chega ao Brasil e vê um papagaio muito palrador. Deslumbra-
do com o papagaio, decide comprá-lo e enviá-lo para a sua mãe, em Portugal.
Esperou uma semana, duas, três, e a mãe nada lhe dizia. Então o português
resolveu mandar-lhe um telegrama a perguntar se ela tinha gostado da surpresa.
Três dias depois chegou a resposta:
“Filho, eu adorei, mas mal deu para o almoço.”

3. Redige um texto narrativo, dando continuidade à história, acrescentando


os momentos da estrutura ainda em falta. Compara o teu trabalho com a
possibilidade que te é apresentada na Solução N.º 4.

Já estava na cama quando se lembrou que não tinha dinheiro para alimentar
os filhos no dia seguinte. Logo ocorreu-lhe que Deus mandaria algo. Eram onze
horas da noite, não podia sair a pedir. Onde é que arranjaria dinheiro? Era mãe
de sete filhos, solteira de trinta e cinco anos, empregada doméstica, ganhava
pouco e não tinha ajuda. Angustiada, revirou-se na cama, mas nada lhe ocorreu.
De repente levantou-se e correu para as gavetas. Nada. O melhor que tinha a
fazer era sair sorrateiramente antes de o Sol raiar a fim de evitar os filhos.

4. Redige uma narrativa à tua escolha para colocares no teu Portefólio.

7. Para saberes mais


7.1 Leitura
REI, José Esteves. Curso de Redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 116-119.
7.2. Trabalho autónomo
No dia a dia, mesmo numa simples conversa, a narração está presente, pois esta-
mos sempre a contar histórias.
Por isso, para aprenderes com outros, procede do seguinte modo: sempre que
leres livros, jornais, obras literárias e outros, procura identificar as sequências nar-
rativas e prestar atenção à sua organização ou estrutura, ao conteúdo de cada parte,
à progressão e ao desenvolvimento das ideias, aos mecanismos de coesão e à arti-
culação entre os parágrafos. Para poderes lê-los com frequência, deves recortar ou
fotocopiar essas sequências e colocá-las no teu portefólio.

1. Extraído de Silva, 2012:190.

138 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

Soluções

Solução N.º 1. Plano de texto narrativo

Introdução
Passeio ao luar de um casal de namorados
Desenvolvimento
a) Assalto ao casal por um grupo encapuzado
b) A reação da namorada
c) A chegada de auxílio
Conclusão
Promessa de passeio seguro

Solução N.º 2. Texto narrativo plano Solução N.º 1

Um giro frustrado
Numa noite de luar, o Juca, que era um rapaz de festas e noitadas e se di-
zia valente, foi passear com a namorada, Luciana, à beira mar. Os dois faziam
planos para o casamento e meditavam na vida, alheios a tudo o que os rodeava.
De repente, o casal foi surpreendido por um grupo encapuzado que exigiu
tudo de valor que tinham com eles, desde os telemóveis, anéis, dinheiro, até as
sapatilhas. Em pânico, Luciana gritou, a plenos pulmões, por socorro e, imedia-
tamente, foi atingida na cabeça com um violento soco.
Enquanto Juca, desesperado, tentava reanimar a namorada e o agressor,
espantado, tentava fugir, a praia foi inundada por fortes luzes. O grupo, numa
tentativa desesperada de fuga, espalhou-se como uma manada de cabras as-
sustadas. Graças à rapidez dos agentes, todos foram capturados, algemados
e conduzidos à esquadra. Luciana foi conduzida ao hospital e, felizmente, as
lesões não eram sérias.
Juca e Luciana, passado o susto, casaram e prometeram um ao outro, pas-
seios seguros e em locais muito bem frequentados.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 139


SUBUNIDADE 3.1 Texto narrativo

Solução N.º 3. Estrutura do texto

• Exposição: situação inicial em que se responde às perguntas quem? e onde?


e o quê? – um português (quem) chegado ao Brasil (onde) sente-se atraído por
uma ave típica desse país (o quê)
• Elemento/acontecimento desencadeador que muda a situação inicial, dan-
do início à história: a compra e o envio do papagaio à mãe que desencadeia
a história
• Complicação: a ausência de notícias e o envio do telegrama à mãe
• Resolução: revelação (através da fala em discurso direto) que a mãe não
compreendeu que o presente do filho era um animal de estimação e não um
petisco
• Fim que pode ser deduzido: o papagaio foi comido numa parca refeição; por
isso, não foi suficientemente valorizado
• Moral que também pode ser deduzido: desconhecimento da mãe do portu-
guês, daquele tipo de aves, desconhecimento esse que, pode ser generalizado
a todos os portugueses, como anedota
Recursos linguísticos
• Diálogo (fala da mãe)
• Discurso direto (fala da mãe)
• Verbos que exprimem processos e ações, que se sucedem cronologicamente
e estão relacionadas logicamente entre si, formando uma unidade: primeiro,
o português chega ao Brasil; a seguir, vê um papagaio muito palrador e sen-
te-se atraído por ele; depois, POR ISSO, decide comprá-lo e enviá-lo à mãe;
QUANDO envia o telegrama à mãe, ela, COMO CONSEQUÊNCIA DISSO,
responde-lhe
• Presente (presente histórico ou narrativo – chega, vê, decide,...), pretérito per-
feito (real – esperou, resolveu, chegou,...), imperfeito (abertura para a ficção
– dizia)

140 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto narrativo SUBUNIDADE 3.1

Solução N.º 4. Continuação da história

Anita saiu por volta das cinco horas da manhã e andou durante muito tempo
sem rumo. Quando já se encontrava muito longe de casa, sentou à sombra de
uma árvore para descansar e pensar na triste sorte dos filhos que não pediram
para vir a este mundo. De repente, sentiu uma mão suave sobre o ombro esquer-
do. Aquela mão trouxe-lhe uma tranquilidade inexplicável. Lentamente virou-se
para encontrar uma idosa muito meiga que inspirava segurança e serenidade.
– Minha filha – disse a senhora – Vejo que algo te perturba. Posso ajudar-te?
– Não...não sei! – respondeu Anita, atrapalhada.
– Então...? – instigou a senhora.
Anita como se quisesse que a senhora levasse os seus problemas, contou
tudo o que a afligia e como resposta viu um grande sorriso no rosto da anciã que
lhe estendeu a mão e disse:
– Vamos para casa.
Quando lá chegaram, foram recebidas por sete carinhas encantadas que
perguntaram em coro:
– É a avozinha?
Antes que a mãe tivesse tempo para responder, a senhora disse:
– Sou, meus netinhos. E venho buscar-vos para irem todos morar comigo. Tenho
uma casa grande e preciso de companhia e de alguém responsável como a
vossa mãe para cuidar das minhas coisas.
Anita e os filhos partiram com a senhora para aquela aventura que prome-
tia ser muito divertida e realmente foi. Todos viveram felizes por muito, muito,
muito tempo.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 141


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

SUBUNIDADE 3.2. TEXTO EXPOSITIVO-INFORMATIVO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Nesta subunidade – Texto expositivo-informativo – pretende-se que aprendas a es-
crever este tipo de texto, integrando e utilizando os conhecimentos anteriores sobre
este tipo de texto e sobre o processo e os procedimentos de escrita. Para isso, terás
que, primeiro, rever os conteúdos referentes a este tipo de texto, e depois a redigir e
avaliar textos expositivo-informativos, com recurso a instrumentos e procedimentos
de avaliação adequados, e, finalmente, de modo autónomo.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Produzir textos expositivo-informativos adequados às circunstâncias e ao
destinatário,
‒‒mobilizando os conhecimentos prévios sobre esse tipo de texto;
‒‒integrando e reutilizando os conhecimentos prévios sobre os procedimentos
das fases e etapas de redação.

3. Conteúdos
1. Texto expositivo-informativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Título
1.2.2. Introdução
1.2.3. Desenvolvimento
1.2.4. Conclusão
1.3. Recursos discursivo-textuais
1.3.1. Coesão e coerência

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 143


SUBUNIDADE 3.2 Texto expositivo-informativo

1.3.2. Modalização e modalidades de possibilidade, certeza ou probabilidade


1.3.3. Redação e sequencialização dos parágrafos
1.3.4. Enumerações, instruções, definições, explicações, comparações e
contrastes.
1.4. Recursos semântico-gramaticais: estruturas impessoais e de nominalização,
frases declarativas, 3.ª pessoa do singular e modo indicativo.

4. Recursos
• Ficha informativa 3.2.1. Texto expositivo-informativo
• Ficha guia 3.2.1. Texto expositivo-informativo
• Grelha autocorretiva 3.2.1. Texto expositivo-informativo

5. Orientações para autoestudo


Para aprenderes como se escreve um texto expositivo-informativo, segue os pro-
cedimentos que te propomos a seguir:

5.1. Revisão de aprendizagens anteriores


i) Revê todo o processo e os procedimentos de leitura do texto expositivo-
informativo no Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura.
ii) Estuda a Ficha informativa 3.2.1. Texto expositivo-informativo, abaixo.

144 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

Ficha informativa 3.2.1. Texto expositivo-informativo1

Conceito: texto em que se desenvolve, de modo completo e pormenorizado, uma ma-


téria (tema cultural, científico, tecnológico, etc., situação ou problema). Engloba carac-
terísticas do texto informativo e do expositivo.
Objetivo comunicativo: dar a conhecer ao leitor informações, esclarecendo-o acerca
de uma dada matéria, sem maior aprofundamento e sem persuadir.
Tipos de textos informativos
• Notícias, avisos e reportagens
• Avisos, anúncios públicos e propagandas
• Convites
• Entrevistas
• Folhetos
• Boletins meteorológicos
• Rótulo de um bem de consumo
• Correspondência pessoal ou comercial
• Prospetos de medicamentos
Estrutura
1. Título: expressão-chave que, de forma sintética, aponta para o tema central do texto.
2. Introdução (de que vai falar o texto): a apresentação do assunto que vai ser trata-
do e estabelecimento do propósito da sua realização, captando a atenção do rece-
tor, com uma definição, descrição, ou com outros dados ou questões de interesse.
• Introdução do tipo introdução-enquadramento: apresentação do tema, definição
do propósito da exposição (objetivos e intenção do autor) e breve referência ao
percurso seguido no texto (as suas partes e o conteúdo de cada uma delas (Cf.
Ficha informativa 2.2.1. Redação da introdução).
• Dependendo do tema do texto, pode ter um ou mais parágrafos.
3. Desenvolvimento (esclarecimentos e informações que ilustram o assunto).
• Através de definições, análises, classificações, comparações e contrastes, res-
ponde às perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? Porquê? Para quê?
• Apresentação das informações, dados, exemplos, pormenores do tema ou as-
peto indicado, segundo uma ordenação clara e coerente mediante parágrafos
sucessivos, coesos e articulados entre si, através de narração, descrição, com-
paração, sequências – causa-consequência, problema-solução, de acordo com
uma sequência lógica ou cronológica.
• O contexto de produção e o conteúdo do texto podem exigir a apresentação
de evidências comprovativas, referências bibliográficas e citações textuais bem
como elementos gráficos (diferentes estilos de marcas gráficas e cores diferen-
tes, quadros e tabelas explicativos, diagramas, ilustrações, fotografias, etc.) para
clarificar, exemplificar ou ampliar a informação exposta.
• Também pode conter subtítulos que sintetizam a ideia que vai ser exposta, orientan-
do o leitor. (Cf. Ficha informativa 2.2.2. Redação do desenvolvimento/textualização).

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:136-137; Silva, 2005:58-61; Rei,
1995:109-112; 112-116.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 145


SUBUNIDADE 3.2 Texto expositivo-informativo

4. Conclusão: resume-se o assunto de modo claro e preciso focando os pontos mais im-
portantes e procura-se envolver o recetor numa chamada de atenção para o assunto.
• Conclusão do tipo resumo, propósito ou de efeito ou combinação de elementos
dos três tipos (Cf. Ficha informativa 2.2.3. Redação da conclusão).
• Dependente do tema do texto, pode ter um ou mais parágrafos.
Características
• Linguagem objetiva, clara, rigorosa e simples
• Registo de língua cuidado, adequado ao destinatário e à situação, considerando:
as formas de tratamento, o vocabulário rigoroso e a construção frásica
• Recurso a enumeração (identificação e apresentação sequencial de informações),
instruções a serem seguidas, descrições das características do que está a ser
apresentado, definições, comparação, contraste (posições contrárias)
• Uso de estruturas impessoais, de nominalizações e modalidades de possibilidade,
certeza ou probabilidade, em vez de juízos de valor ou sentimentos de apreciação
• Predominância de nomes, verbos, frases declarativas, 3.ᵃ pessoa do singular e
modo indicativo
Procedimentos de redação (Cf. Ficha informativa 2.1.1. Processo de escrita)
1.º Planificação: macroplanificação e microplanificação, estabelecendo um plano que
englobe as circunstâncias e as informações numa dada ordem (Ficha informativa
2.1.2. Plano textual).
2.º Redação: redigir o texto, apresentando os tópicos registados no plano do texto, de
forma encadeada e articulando as frases e parágrafos entre si.
3.º Revisão: terminada a redação, é necessário reler o texto produzido, verificando a
organização e desenvolvimento das ideias, a estrutura convencionada, a coesão
e coerência, a apresentação gráfica, a pontuação e a ortografia e reformulando o
texto, em todo ou em partes.
4.º Edição: passar o texto a limpo com letra legível, disposição gráfica dentro das
margens, papel adequado e em bom estado de limpeza; e valorizar a apresentação
gráfica através de títulos e subtítulos, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinha-
dos, ilustrações, etc.

5.2. Redação de texto expositivo-informativo


i) Prepara a redação de um texto expositivo-informativo, fazendo a macroplanificação
e a microplanificação. Em caso de dúvida, sobre o que está envolvido nestas duas
etapas da planificação, vai às subunidades 2.1. e 2.2. e revê os procedimentos.
ii) Compara o teu plano com o que te é apresentado na Solução N.º 1. Se achares
que todos correspondem ao plano de um texto expositivo-informativo, podes
fundi-los num só plano.
iii) Agora é tempo de escreveres um texto expositivo-informativo. Para isso, usa
a Ficha guia 3.2.1. Texto expositivo-informativo, abaixo, como recurso e,

146 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

partindo do plano que elaboraste, ou, em alternativa, o que te foi apresentado


na Solução N.º 1. Se quiseres, podes ainda fundir os dois num outro.

Ficha guia 3.2.1. Texto expositivo-informativo1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Defini o fim a que se destina o meu texto e o(s) seus destinatário (s)?

2. Trouxe à memória o que sabia sobre o tema e/ou fui investigar


sobre ele?
3. Organizei os dados recolhidos em categorias ou num mapa de
ideias?
4. Constitui um esquema/plano do texto com a distribuição equilibra-
da dos dados?
5. Aproximei o esquema/plano da estrutura típica do texto?

6. Ordenei a progressão dos dados segundo um critério lógico, cla-


ro e coerente (hierárquico, cronológico ou outro)?
7. Identifiquei o tipo de relações lógicas existentes entre as partes?

8. Refleti e decidi sobre o conteúdo da introdução e da conclusão?

Ao redigir, procurei: SIM NÃO


9. Apoiar-me na ordenação do esquema/plano do texto traçado?

10. Adotar marcas gráficas como: títulos e subtítulos, sublinhado, itá-


lico e tipos de grafia diferente?
11. Apresentar cada ideia nova num parágrafo?

12. Construir parágrafos que desenvolvem a ideia de modo consis-


tente?
13. Construir uma introdução adequada ao tipo de texto?

14. Recorrer a frases-chave para iniciar os parágrafos que depois


desenvolvi?
15. Apresentar dados, exemplos, precisões, pormenores elucidati-
vos?
16. Selecionar vocabulário adequado ao tema tratado?

1.Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:136-137; Silva, 2005:58-61; Rei,
1995:109-112; 112-116; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pe-
dagógicos. Texto mimeografado sem referências. Pp.19-20 e 27-28.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 147


SUBUNIDADE 3.2 Texto expositivo-informativo

17. Utilizar conectores e articuladores devidos?

18. Adotar marcas da função informativa?

19. Evitar discurso subjetivo?

20. Manter a continuidade temática do texto?

21. Garantir a progressão das ideias/informações?

22. Evitar ideias contraditórias?

23. Fechar o texto com uma conclusão adequada?

24. Atribuir um título adequado e atrativo ao texto para estimular a


sua leitura?

Ao rever, verifiquei se: SIM NÃO


25. Cumpri as orientações anteriores?

26. Respeitei o objetivo previsto?

27. O texto pode ser lido de forma fluente?

28. Evitei marcas da primeira pessoa?

29. Utilizei vocabulário adequado?

30. A linguagem é adequada ao contexto e ao destinatário?

31. As citações estão destacadas entre aspas e referenciadas?

32. As frases e os períodos apresentam-se sem hierarquia e ordena-


ção clara das ideias ou com estruturação complexa?
33. As frases e períodos são longos?

34. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que


as exigem?
35. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo,
de acordo com os contextos?
36. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

iv) Revê o texto que escreveste com base na Grelha autocorretiva 3.2.1. Texto
expositivo-informativo, abaixo apresentada. Depois da revisão, reformula o teu
texto. Se encontrares dificuldades, não hesites em procurar um professor de
língua portuguesa.

148 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

Grelha autocorretiva 3.2.1. Texto expositivo-informativo1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão?

2. Na introdução coloca-se o problema, delimita-se o tema, os seus


antecedentes e o estado da questão?
3. O desenvolvimento apresenta todas as ideias/informações impor-
tantes para a compreensão do assunto/tema?
4. No desenvolvimento nota-se a fundamentação, comprovação e
ilustração das afirmações?
5. O desenvolvimento dá conta do processo e das transformações
verificadas?
6. As informações e indicações dizem respeito a factos concretos e
referências reais?
7. Verifica-se ausência de juízos de valor ou sentimentos de apre-
ciação?
8. As tomadas de posição estão sempre justificadas?

9. Há presença de parágrafos?

10. O título reflete o conteúdo global do texto?

11. O título é fácil de compreender?

12. O título está suficientemente atraente para despertar a curiosida-


de dos leitores?
13. Todas as palavras do título são realmente necessárias?

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO


14. O problema tratado no desenvolvimento é realmente aquele que
figura na introdução?
15. As ideias estão apresentadas de forma objetiva, clara e concisa?

16. As ideias fundamentais estão explícitas?

17. Quando necessário, as ideias fundamentais estão explicadas?

18. Os dados são avançados de forma lógica e sistemática e ligados


entre si?

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Nascimento e Pinto, 2006:136-137; Silva, 2005:58-61; Rei,
1995:109-112; 112-116; e Técnicas e Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pe-
dagógicos. Texto mimeografado sem referências. Pp.19-20 e 27-28.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 149


SUBUNIDADE 3.2 Texto expositivo-informativo

19. As etapas do raciocínio se interligam e são lógicas?

20. Há demonstração dos resultados, sua descrição e caracterização?

21. Distingue-se bem os factos pontuais, os factos gerais, as possibi-


lidades e as teses demonstradas?
22. Os exemplos relacionam-se com as ideias expostas e as ilustram?

23. Os subtópicos estabelecem uma relação adequada com o tópico?

24. O texto tem um fio condutor?

25. O texto apresenta ruturas e omissões que comprometem a sua


compreensão?
26. O texto apresenta ideias que se contradizem?

27. Existem ideias que não correspondem ao que acontece no mundo


que o texto representa?
28. Cada parágrafo corresponde a uma ideia principal?

29. Os parágrafos começam com um tópico que contém a ideia principal?

30. Identifica-se, no parágrafo, o tipo de tópico?

31. Reconhece-se o tipo de desenvolvimento do parágrafo?

32. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são


adequadas?
33. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?

34. Existe coerência entre os tempos e modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


35. Predominam estruturas impessoais e nominalizações?

36. O registo de língua é cuidado ou culto, atendendo a forma de tra-


tamento, vocabulário e construção frásica?
37. A modalização é adequada à situação/contexto?

38. As frases estão bem formuladas/estruturadas?

39. O texto contém erros ortográficos, de translineação e de acen-


tuação?

150 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

APRESENTAÇÃO SIM NÃO


40. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
41. A apresentação gráfica está valorizada através de: títulos e subtítu-
los, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinhados, ilustrações, etc.?

AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO


42. O texto pode ser melhorado?

Se tiveres optado pelo plano que te foi apresentado na Solução N.º 1, compara
o texto expositivo-informativo que escreveste com o elaborado a partir desse plano
e que te é apresentado na Solução N.º 2.

6. Prática da língua
6.1. Procura dois textos expositivo-informativos em jornais, livros, e ou-
tros. Coloca-os no teu portefólio. Para cada um deles, identifica:
A fonte ______________________________________________________________
O assunto ____________________________________________________________
O tema ______________________________________________________________
Nominalizações _______________________________________________________
Enumerações _________________________________________________________
Instruções ____________________________________________________________
Definições ____________________________________________________________
Explicações __________________________________________________________
Comparações _________________________________________________________
Contrastes ___________________________________________________________
Recursos de modalização _______________________________________________

6.2. Com base nas informações sobre o texto expositivo-informativo, re-


dige um, com um tema à tua escolha. Partilha-o com outras pessoas e
coloca-o no teu portefólio.
Título
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 151


SUBUNIDADE 3.2 Texto expositivo-informativo

6.3. A partir do mapa de ideias que se apresenta1, constrói um texto expo-


sitivo-informativo. Partilha-o com outras pessoas e coloca-o no teu por-
tefólio.

Surf Sky Aquático

Windsurf Vela

Bodyboard Natação

Mar

Vela
Remos
Saltos
Olimpícos
Desportos
Lago Lago Windsurf
Aquáticos
Natação

Sky Aquático

Natação

Rio

Natação Canoagem

Vela Windsurf

Sky Aquático Remo

7. Para saberes mais…


7.2. Leitura
Para aprenderes mais sobre texto expositivo-informativo, estuda os textos abaixo
indicados, referentes ao texto informativo e ao expositivo:
REI, José E. Curso de Redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 109 – 112;
112 -115.
7.3. Trabalho autónomo
São muitas as circunstâncias em que somos solicitados a informar e expor sobre
uma matéria (tema cultural, científico, tecnológico, etc. e situação ou problema).

1. Extraído de Ficha 18. Oficina de Escrita, com adaptações. Disponível em: http://www.profteresa.net/ofici-
naescrita/Of_Escrita_Ficha18_info_expo.pdf. Acedido em: 11 dezembro 2012.

152 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

Portanto, sempre que leres material como livros, jornais e revistas, procura iden-
tificar textos expositivos-informativos e lê-os, acompanhando com muita atenção: a
sua organização ou estrutura, o conteúdo de cada parte, a progressão e o desenvol-
vimento das ideias, os mecanismos de coesão, a articulação entre os parágrafos e aos
recursos linguísticos.
Aprende com outros e faz o mesmo quando estiveres a escrever.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 153


Texto expositivo-informativo SUBUNIDADE 3.2

Soluções

Solução N.º 1. Plano de texto expositivo-informativo

Introdução
Desenvolvimento
1. A vulnerabilidade de Cabo Verde
2. Os impactos das mudanças climáticas
2.1. Os impactos climáticos previstos
2.1.1. Nas condições geográficas
2.1.2. Sobre os recursos naturais
2.1.3. No desenvolvimento rural
2.2. Os impactos climáticos
2.2.1. Na temperatura
2.2.2. Na precipitação
2.2.3. No nível da água do mar
2.3. Os impactos político-sociais
2.3.1. No desenvolvimento do país
2.3.2. Autossuficiência energética e alimentar
2.4. Os impactos naturais
2.4.1. Condições existentes
2.4.2. Impacto nos sistemas naturais e sociais
Conclusão

Solução N.º 2. Texto expositivo-informativo correspondente ao plano

Mudanças climáticas em Cabo Verde1


As projeções disponíveis sugerem manifestações dos impactos do clima que agra-
varão as pressões já existentes sobre o desenvolvimento do arquipélago e nos esfor-
ços de redução da pobreza. Esses impactos variam desde a erosão acelerada e danos
à infraestrutura ao longo da costa como resultado da subida do nível do mar, a condi-
ções muito mais difíceis para a manutenção da agricultura e segurança local.
Cabo Verde é um exemplo perfeito de vulnerabilidade às mudanças climáticas. A
insularidade do arquipélago e as características climáticas (comum à região do Sahel)
terão efeitos graves sobre aos já sensíveis ecossistemas, bem como as pessoas que
dependem deles, devido às mudanças climáticas.

1. Disponível em: http://docplayer.com.br/6207040-Integracao-das-mudancas-climaticas-em-cabo-verde.html


Acesso em 25 de maio de 2016.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 155


SUBUNIDADE 3.2 Texto expositivo-informativo

A Comunicação Nacional Inicial de Cabo Verde (INC-1999) à Convenção Quadro


das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas identificou a água, florestas, o de-
senvolvimento costeiro, agricultura e pecuária como os sectores mais vulneráveis às
mudanças climáticas. Praticamente toda a água consumida para beber ou irrigação é
atualmente dessalinizada, que é um processo de consumo extremamente elevado de
energia; as provisões de água subterrânea são cada vez mais escassas e contamina-
das por água salgada, enquanto a precipitação e a humidade relativa do ar deverão
diminuir. Assim, as mudanças climáticas afetarão a segurança alimentar, que, por sua
vez, afetarão o desenvolvimento rural, sendo, portanto, suscetíveis de provocar a mi-
gração inter-ilhas, que mudará a pressão para as zonas peri-urbanas.
As projeções climáticas para Cabo Verde em geral apontam para um futuro mais
quente e seco. Os modelos do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáti-
cas (PIAC) preveem um aumento nas temperaturas médias de até 2,5 °C para a região
do Atlântico tropical oriental, e uma diminuição da humidade e precipitação de 5-10%
por ano 1. Dependendo dos modelos e das fontes, prevê-se que o nível do aumento do
mar chegue a entre 0,13 e 1,4 m até ao fim deste século.
Essas alterações macroclimáticas e do nível do mar estão previstas manifestar-se
numa variedade de formas (ver quadro abaixo). Há previsões de que os seus impac-
tos venham impedir o desenvolvimento de Cabo, consequentemente provocando um
desvio dos objetivos estratégicos do país, de evoluir no sentido da autossuficiência
em termos de alimentos e energia. Por outro lado, através de medidas adequadas de
adaptação e estratégias resistentes às mudanças climáticas, esses impactos podem
ser reduzidos e ganhas oportunidades. Cabo Verde tem uma abundância de recursos
energéticos endógenos de fontes renováveis que podem ser aproveitadas para produ-
zir energia e aquecimento de água para o serviço doméstico e industrial. As mudanças
climáticas previstas terão um impacto significativo nos sistemas naturais e sociais de
Cabo Verde, não menos dos quais será a disponibilidade de água e acesso às fontes
de energia – duas componentes fundamentais para o desenvolvimento do arquipélago
e para as perspetivas de redução da pobreza.
A situação de Cabo Verde é agravada pela interação de pressões múltiplas devido
à sua fraca capacidade de adaptação. Por este motivo as mudanças climáticas previs-
tas terão um impacto significativo nos sistemas naturais e sociais de Cabo Verde, não
menos dos quais será a disponibilidade de água e acesso às fontes de energia – duas
componentes fundamentais para o desenvolvimento do arquipélago e para as perspe-
tivas de redução da pobreza.
Integração das Mudanças Climáticas em Cabo Verde:
Avaliação de Riscos e Oportunidades Climáticas (adaptado)

156 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

SUBUNIDADE 3.3. TEXTO DESCRITIVO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Com esta subunidade – Texto descritivo –, pretende-se que aprendas a redigir
textos descritivos, integrando e utilizando os teus conhecimentos sobre este tipo de
texto e sobre o processo e os procedimentos de escrita. Para isso, primeiro, convi-
damos-te a rever os principais aspetos relacionados com o texto descritivo e a apro-
priares-te de técnicas de descrição, depois, a redigir e avaliar este tipo de texto, com
recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados, e, finalmente, de
modo autónomo.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Escrever um texto descritivo, adequado ao(s) destinatário(s) e ao contexto,
realizando, nomeadamente, as seguintes operações:
‒‒mobilização dos conhecimentos prévios sobre o texto descritivo.
‒‒integração e reutilização dos conhecimentos prévios sobre o processo e os pro-
cedimentos das fases e etapas de redação.

3. Conteúdos
1. Texto descritivo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Título
1.2.2. Introdução
1.2.3. Desenvolvimento
1.2.4. Conclusão
1.3. Recursos discursivo-textuais

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 157


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

1.3.1. Tipos de focagem: fixa e móvel


1.3.2. Planos de focagem móvel: de um plano próximo (plano aproxima-
do); de um plano distante (plano médio); de um plano afastado (pla-
no afastado)
1.3.3. Tipos de descrição: retrato, caricatura, utilitária ou técnica, pitoresca,
local ou estática e cronológica ou dinâmica
1.3.4. Recursos da descrição: vocabulário expressivo, construções sintáticas
e recursos estilísticos
1.3.5. Coesão e coerência
1.3.6. Redação e sequencialização dos parágrafos
1.3.7. Modalização
1.4. Recursos semântico-gramaticais
1.4.1. Valor semântico dos adjetivos
1.4.2. Imperfeito do indicativo
1.4.3. Verbos de movimento e locativos
1.4.4. Localizadores espaciais e temporais

4. Recursos
• Texto de apoio 3.3.1. Técnicas de descrição
• Ficha guia 3.3.1. Texto descritivo
• Grelha autocorretiva 3.3.1. Texto descritivo.

5. Orientações para autoestudo


5.1. Relembrando texto descritivo
Propomos-te que realizes as seguintes tarefas, como preparação para a redação
de texto descritivo:
i) Primeiro, revê o processo e os procedimentos de leitura de texto descritivo no
Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura.
ii) Depois, estuda muito bem a Ficha informativa 3.3.1. Texto descritivo, abaixo,
para ativares os conhecimentos sobre: tipos e planos de focagem, organização ou
estrutura e recursos da descrição.

158 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Ficha informativa 3.3.1. Texto descritivo1

Definição: texto em que se faz a exposição exata e viva, por meio de palavras,
de propriedades, qualidades ou componentes próprios e simultâneos dum objeto de
descrição. Esta pode ser: autónoma (paisagem, ambiente, pessoa, animal...), local ou
estática, sem movimento (montanha, casa, objeto...), cronológica ou dinâmica, com
movimento (tempestade, mar...).
Objetivo comunicativo: caracterizar o objeto de descrição, expondo os seus ca-
racteres, de um ponto de vista mais objetivo, imparcial ou técnico ou mais pessoal
(subjetivo).
Condições de uso: apresenta-se poucas vezes de forma autónoma; normalmente
surge integrada numa narrativa, dando informações sobre objetos, espaços, ambien-
tes, personagens.
Organização

Partes do Texto Conteúdo


• indicação do objeto a ser descrito (o tema-título que resume
a informação)
Introdução • localização do objeto de descrição no tempo, espaço e face
a quem descreve
• escolha do registo (objetivo/subjetivo)
• caracterização do objeto da descrição, tendo em conta os
tipos (fixa e móvel) e planos (aproximado, médio e afastado)
de focagem
Desenvolvimento
• explicitar, de modo claro e ordenado, os elementos e pro-
priedades do objeto de descrição, usando os recursos de
descrição
• apresentação de uma visão de conjunto
Conclusão
• expressão do sentimento que o objeto desperta no autor

Tipos de focagem
• Fixa: o narrador-observador está parado, fixo num determinado ponto, de onde foca
o objeto de descrição
• Móvel: o observador pode estar parado, mas focar o objeto de diversos ângulos ou
pode deslocar-se ao mesmo tempo que vai apresentando os aspetos do objeto que
descreve, apresentando-o de diferentes planos de focagem
Planos de focagem: na focagem móvel, podem distinguir-se três planos de foca-
gem, consoante a distância a que o observador se colocou do objeto descrito, implican-
do a seleção de diferentes localizadores espaciais e temporais:

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:141-152; Koch, 2011:65-67; Nascimento e Pinto,
2006:198-205; Neves e Oliveira, 2001:95-110; Rei, 1995:99-105; Garcia, 1992:231-239.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 159


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

De um ponto próximo De um ponto distante De um ponto afastado


(plano aproximado) (plano médio) (plano afastado)
Aqui Ali Lá
A meu lado
Perto de mim Um pouco mais afastado Acolá
Aqui mesmo Mais distante Um pouco mais longe
Junto a mim Mais longe Muito ao longe
Diante de mim ... Mais afastado
Diante dos meus olhos A perder de vista
Defronte À distância
Mesmo em frente ...
...

Tipos de descrição

Tipos Exemplo
Retrato: apresentação “…o capitão do navio que o tinha levado de Pala-
de um animal ou pessoa. dron era um açoriano de nome igual a seu pai, “Ger-
Pode ser físico (estatura, mano”. Um velho, de barbas brancas e de um extenso
corpo, vestuário, etc.), psi- bigode de pontas enroladas que lhe imprimiam um ar
cológico ou moral (senti- severo e rigoroso.”
mentos, emoções, etc.),
Alírio Mendes Rosa. Caminho Longe (romance). Pp.20-21.
comportamental (hábitos,
atitudes, gestos, etc.) so-
cial (ocupações, situação
económica, etc.) ou misto,
isto é contemplar dois ou
mais destes aspectos
Caricatura: represen- “Quem ocupa um cargo público, quando esquece
tação deformada ou ridícu- o bem comum, é uma gulosa raposa para quem os
la de um ou vários traços seus críticos são galinhas a devorar – o Lopes, numa
de uma pessoa, ideia, si- reunião agitada, concluía assim o seu pensamento.”
tuação ou instituição
Zacarias Nascimento & José Manuel C. Pinto. A dinâmica da
escrita – como escrever com êxito. P.43

160 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Utilitária ou técnica: […] Ao sair vi um adereço de azeviche muito sim-


apresentação da estrutura plesmente lavrado, e por isso mesmo ainda mais lin-
e funcionamento do objeto do na sua simplicidade. Tênue filete de ouro embutido
bordava a face polida e negra da pedra. Há certos ob-
jetos que um homem dá à mulher por um egoístico ins-
tinto do belo, só para ver o efeito que produzem nela.
(…) Não resisti ; comprei o adereço, e tão barato, que
hesitei se devia oferecê-lo. […]
José de Alencar. Lucíola. Rio de Janeiro. Ediouro, 1999. (Fragmento)1

Pitoresca: apresenta- “Era a ribeira Sanha, silenciosa e taciturna. Mergu-


ção de lugares e objetos, lhada num silêncio tão grande e tão profundo quanto
evocando formas, sons, ensurdecedor, aquela ribeira sofria o mesmo drama
odores, etc. que se abatera sobre a ilha. Não se ouvia um único
som que fosse.
Noutros tempos, àquela hora, a ribeira Sanha re-
gurgitava de vida nocturna animada pela cantoria de
inofensivos insectos como grilos e cigarras, mas tam-
bém pelo piar agoirento de corujas, o gongom e ou-
tras aves nocturnas. Atravessar aquela ribeira a altas
horas da noite era façanha a que poucos se atreviam.
Mas agora, sem quaisquer indícios de superstição, re-
velava-se tranquila e inofensiva. A vida esvaíra-se-lhe
completamente Há quanto tempo não ouvia o ribom-
bar das águas das cheias a serpentearem pelo seu
leito como um monstro em direcção ao mar.
Alírio Mendes Rosa, Caminho Longe (romance). P. 47

Local ou estática: “A casa de Nené de Guiné, um pouco maior que


apresentação (espaço físi- as outras da vizinhança, situava-se quase no sopé
co, retrato físico e psicoló- do Monte que dera nome àquela aldeia ali protegida
gico; caricatura; objetos) li- pela imponência da elevação orográfica. Era uma casa
gando todos os elementos caiada de branco, com duas portas na fachada princi-
entre si, com ausência de pal e uma janela do lado sul, coberta com telha fran-
verbos de ação. cesa e um quintal de grandes dimensões. Subindo ao
pátio, podia-se avistar as localidades de Saltos, Patim,
Forno e sobranceiro ao mar, o Monte Genebra.”
Alírio Mendes Rosa, Caminho Longe (romance). P.39

1. In: Sarmento, 2006:316.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 161


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

Cronológica ou dinâ- “Mariano Paulo olhou a locomotiva que chegava,


mica: apresentação com entre silvos e rolos de fumo. A gare cheirava a óleo, a
divisão dos assuntos em carvão queimado. Viajantes apressados desciam das
quadros sucessivos (espa- carruagens: o pessoal da estação passava com as
ço físico: elementos físicos suas fardas escuras; operários, de ganga, atravessa-
do interior ou exterior; es- vam a linha, correctores de boné agaloado ofereciam
paço psicológico: carac- os hotéis da cidade. […] A máquina arquejava, o sol
terísticas psicológicas do da meia tarde ardia nos vidros da enorme marquise.
ambiente que influenciam Sinais, um gesto de partida e o comboio largou pelos
o comportamento; espaço campos do rio, já doirados do Outono.”
social (ambiente de as-
Carlos de Oliveira, Casa na Duna1
pectos sociais ou caracte-
rísticas sociais); ambiente
humano). É marcada pelo
movimento.

Recursos da descrição
• Vocabulário expressivo: torna a descrição viva e real, despertando no leitor autênti-
cas sensações (visuais, auditivas, olfativas, gustativas, motoras e táteis):
‒‒ Adjetivos: caracterizam os elementos através da adjetivação objetiva, subjetiva,
valorativa, simples ou dupla;
‒‒ Verbos: verbos de estado (ser, parecer, estar) ou de movimento, sugestivos, que
indicam propriedades, qualidades e atitudes, podendo conter uma comparação im-
plícita;
‒‒ Nomes (comuns e abstratos): apontam os aspectos, pormenores ou detalhes do
objeto descrito, estabelecendo-se diversas relações entre eles (sinonímia, hiponí-
mia, heteronímia...).
• Construções sintáticas:
‒‒ Tempos verbais: presente e pretérito imperfeito – tempo durativo que contribui para
a criação de uma atmosfera estática; gerúndio; e conjugação perifrástica;
‒‒ Estruturas caracterizadoras e modificadoras: sintagmas nominais, adjetivais e ad-
verbiais; apostos;
‒‒ Organizadores do espaço: advérbios ou locuções adverbiais de lugar e SP, comple-
mento circunstancial de lugar, que indicam o lugar e a posição, para concretização
dos vários planos observados;
‒‒ Localizadores temporais: conectores e articuladores temporais que situam o objeto
descrito no tempo.
• Recursos estilísticos:
‒‒ Comparação: materialização uma característica ou acentua um pormenor pela sua
semelhança ou diferença/contraste com outro;
‒‒ Hipérbole: caracterização pelo exagero, mas sem cair na inverosimilhança;
‒‒ Personificação: atribuição de características humanas a animais, coisas ou ideias;
‒‒ Animismo: atribuição de vida a seres inanimados, mas sem os elevar à categoria
de pessoas;
‒‒ Repetição: os mesmos sons consonânticos são repetidos em palavras próximas

1. Extraído de Azeredo et al., 1982:270.

162 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

(aliteração); repetição da mesma palavra ou construção sintática no início de ver-


sos ou frases sucessivos (anáfora), para intensificar/reforçar uma ideia ou exprimir
a duração de alguma coisa;
‒‒ Metáfora: transferência do significado normal de uma palavra para o de outra, de-
vido a uma certa semelhança;
‒‒ Epítetos de circunstância: individualização de uma qualidade do objeto descrito.
Procedimentos de redação
1.º Definir o objeto da descrição e formular o tema-título (casa, menino...)
2.º Observar, de diversas maneiras e com os diferentes sentidos (vista, ouvido, olfato,
gosto e tato), o objeto de descrição, para ter, primeiro, uma visão global (grandeza,
pequenez...) e, depois, uma visão dos pormenores (forma, cor...); o que é observa-
do depende da ótica ou da sensibilidade do autor que deve ir registando o resultado
da observação
3.º Adotar uma perspetiva face à descrição: i) definir para quê e para quem se vai des-
crever; ii) escolher o ponto de vista: subjetivo (refletindo a sensibilidade do autor)
ou objetiva (transmitindo informação factualmente comprovável); iii) selecionar o
tipo e plano de focagem; iv) localizar o momento e o local da descrição; v) optar
pelo tipo de descrição (dinâmica ou estática)
4.º Esquematizar o plano da descrição através da:
a) enumeração das partes constitutivas do tema-título;
b) associação de características, propriedades, qualidades ou componentes a
cada uma dessas partes;
c) seleção das que melhor caracterizam o objeto da descrição. Devem ser
apresentadas as mais significativas, tendo em conta as decisões tomadas no
3.º passo;
d) ordenação dos elementos do objeto descrito segundo: uma certa ordem
ou sequência lógica, hierarquização (impressão global, visão geral, visão
pormenorizada) ou, dependendo da posição em que o observador se encontra
em relação ao objeto (à direita/à esquerda; em cima/em baixo; exterior/interior;
ascendente/descendente...);
e) associação ao objeto de descrição, suas partes e/ou características,
propriedades, qualidades ou componentes, recursos da descrição como,
por exemplo, adjetivos, relações de palavras, estruturas modificadoras,
comparação, metáfora, etc.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 163


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

Exemplos: 123

Características,
Objeto da Partes/elementos
propriedades, Recursos da descrição
descrição do objeto
qualidades
“A sala não é grande,
tamanho dimensão mas é espaçosa” (adjetiva-
ção)
“cobre as paredes um
papel aveludado …” (adje-
tivação, fazendo apelo ao
tato)
revestimento de “… de sombrio escarlate,
papel […] no fundo rubro, ao tré-
paredes cor predominante mulo da claridade deslum-
Ambiente e iluminação brante do gás.” (adjetivação,
da sala1 fazendo apelo ao sentido da
visão)
Sinestesia: uma mistura
de impressões percebidas
pelos diferentes sentidos.2
“A mesa oval, […], esta-
disposição e for- va colocada no centro sobre
móveis e outros mato dos móveis um estrado, […] sob um fel-
ornamentos e outros orna- pudo e macio que acolchoa-
mentos va o rodapé e também os
bordos do estrado.”3

1. Exemplos extraídos de Sarmento, 2006:316.


2. Cf. Sarmento, 2006:317.
3. Cf. Sarmento, 2006:316.

164 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

como um coqueiro (com-


altura alta
paração)
enrugadas, ossudas,
mãos envelhecidas gretadas, manchadas (adje-
tivação)

características psi- alegre


cológicas asseada

Velha1 características so- viúva “desvalida viúva” (adjeti-


ciais pobre vação)

O carácter da dona Um-


belina é comparado com a
asseada sua casa: “Ambos eram as-
caráter vistosa seados e vistosos, alegres.”
alegre “Não há traste que não
se pareça com o seu dono”
(comparações).

5.º Redigir: elaboração de uma primeira versão escrita do texto, seguindo as decisões
tomadas na preparação e qualificando o objeto por meio dos recursos da descri-
ção, e de uma introdução e conclusão adequadas
6.º Rever o texto, atentando a: i) a ordenação do plano/esquema traçado; ii) o tipo e
plano de focagem e a perspetiva adotados; iii) as características específicas do
texto descritivo; e iv) a correção linguística
Alguns conselhos práticos
• Na descrição de uma pessoa, por exemplo, pode-se começar por uma visão geral e,
depois, aproximando-se dela, passar aos pormenores: os olhos, o nariz, a boca, o sor-
riso, o que esse sorriso revela (inquietação, ironia, desprezo, desespero ...), etc.
• Na descrição de objetos, é importante que, além da imagem visual (cores, formas …),
sejam transmitidas ao leitor outras referências sensoriais, como as táteis (o objeto é
liso ou áspero?), as auditivas (o som emitido pelo objeto), as olfativas.
• A descrição de paisagens ou de ambientes também não deve limitar-se a uma visão
geral. É preciso ressaltar os pormenores, o que não depende apenas da visão. Cer-
tamente, numa paisagem ou num ambiente haverá ruídos, sensações térmicas, chei-
ros, que deverão ser transmitidos ao leitor, evitando que a descrição se transforme
numa fotografia fria e pouco expressiva. Também poderão integrar a cena pessoas,
vultos, animais ou objetos, que lhe dão vida. É, portanto, fundamental destacar esses
elementos.

1. Alguns dos exemplos foram extraídos de Sarmento, 2006:314.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 165


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

• Evitar:
‒‒ Indicação de progressão temporal ou da passagem de um estado a outro, já que a
característica principal de um texto descritivo é mostrar as características simultâ-
neas do objeto da descrição
‒‒ A enumeração seca
‒‒ Uma enunciação perspetivada: à direita, à esquerda, em cima, em baixo...
‒‒ Apresentar todos os pormenores acumulados num único período. Deve-se, ao con-
trário, apresentá-los ao leitor pouco a pouco, verificando as partes focalizadas,
associando-as ou interligando-as.

iii) Para aprimorares as técnicas necessárias à redação de texto descritivo, realiza as


atividades constantes do Texto de apoio 3.3.1. Técnicas de descrição, abaixo.

Texto de apoio 3.3.1 Técnicas de descrição1

1. Descrição de ambientes (cenários)


1.1. Construção de sensações: visuais, auditivas, olfativas, gustativas, motoras e
táteis
1.1.1. De acordo com o exemplo, imagina modificadores expressivos para os
seguintes nomes: pasta, secretária, campo, casa, praia, rua
Exemplo:
Sofá: acolhedor, de veludo macio, onde apetece aninhar-se, amigo
das horas de ócio
Pasta:
Secretária:
Campo:
Casa:
Praia:
Rua:

1.2. Acrescenta, partindo dos exemplos propostos, mais vocábulos que concreti-
zem as várias sensações:

1. Exercícios extraídos de Moreira,1992a:156-157; e 162-163, nalguns casos com adaptações.

166 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Sensações Formas Recursos Vocábulos


Adjetivo sinuoso
Forma Verbo ziguezaguear
Sintagma preposicional em caracol
Visuais Adjetivo berrante
Cor
Verbo branquear
Adjetivo baço
Brilho
Verbo rebrilhar,
Verbo rescender
Olfativas Adjetivo fétido
Nome aroma
Adjetivo rugoso
Táteis Verbo escaldar
Nome cetim
Adjetivo ensurdecedor

Auditivas Verbo atroar


Nome silêncio
Adjetivo acre
Gustativas Verbo salivar
Nome guloseima

1.3. Lista advérbios, locuções adverbiais, sintagmas preposicionais ou mesmo ver-


bos para traduzir os vários planos numa descrição
Exemplos:
Para o plano mais afastado: ali, lá longe, à distância, além, no horizonte, afastan-
do-se a perder de vista…
Para o plano mais próximo, mais elevado, mais baixo…

Para o plano mais próximo: aqui


Para o plano mais elevado: além
Para o plano mais baixo: em baixo
1.4. Imagina animismos que dinamizem uma descrição, pondo ativos os elementos
em itálico e sublinhados, criando novas frases:

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 167


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

Exemplo: Os carros roncam na estrada vizinha (em vez de: Oiço os carros passa-
rem com muito barulho).
a) Vejo a estante com livros muito alinhados.
b) Esta árvore tem uma copa muito frondosa e pomo-nos lá de baixo à sombra.
c) Em frente da porta há um telheiro grande onde nos abrigamos.
d) A sala tem largas janelas de onde se pode ver o mar.
e) Para chegarmos à praia, temos de passar por um caminho estreito e sinuoso.

1.5. Descobre as onomatopeias correspondentes:


a) O barulho do relógio:
b) Quando se fala baixo:
c) O trovão:
d) O vento muito forte:
e) Toque de cristais:

2. Descrição de personagens (retratos)


2.1. Imagina modificadores para:
Objeto Modificadores Objeto Modificadores
Olhos Boca
Cabelos Silhueta
Nariz Figura (aparência)
2.2. Imagina advérbios ou orações circunstanciais para as diferentes atitudes:
Atitudes Advérbios Atitudes Advérbios
Falar Entrar
Rir Sair
Descansar
Esperar
Correr
2.3. Imagina comparações para:
Objeto Comparações Objeto Comparações
A barba Os cabelos
Pescoço A saia
O olhar As calças

168 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

2.4. Enumera sentimentos possíveis nestas diferentes situações:


Situações Sentimento Situações Sentimento
Uma partida Um êxito
Uma chegada Um fracasso
O começo de qual-
A notícia de uma surpresa
quer atividade

iv) Confronta o trabalho que fizeste com os resultados que te são apresentados na
Solução N.º 1.
v) Reflete e tira as tuas próprias conclusões sobre as técnicas que podes usar,
quando estiveres a descrever.
5.2. Planificando texto descritivo
i) Considera os seguintes temas e, tendo presente a Ficha informativa 3.3.1.
Texto descritivo, para esclarecimento de eventuais dúvidas, elabora planos para
diferentes tipos de descrição. Procura associar-te a colegas, para em pequenos
grupos, elaborarem esses planos.
1. Retrato: uma mulher de beleza fascinante
2. Utilitária ou técnica: um animal
3. Pitoresca: um dia de chuva, em Cabo Verde...como as mulheres encaram a
chuva.
4. Local ou estática: descrição pormenorizada do interior de um quarto1
5. Cronológica ou dinâmica: descrição do movimento de uma cidade, na
hora de ponta2
ii) Compara os planos/esquemas elaborados com as propostas constantes na
Solução N.º 2, em que te é apresentado um exemplo para cada tipo de descrição.
5.3. Redigindo texto descritivo
i) Escolhe um dos planos/esquemas elaborados e redige um texto descritivo a
partir dele, usando a Ficha guia 3.3.1. Texto descritivo, abaixo. Sempre que,
em qualquer etapa, precisares, volta à Ficha informativa 3.3.1. Texto descritivo,
para esclarecimento de eventuais dúvidas.

1. Moreira,1992a:155.
2. Matos, 1988:90.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 169


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

Ficha guia 3.3.1. Texto descritivo1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Identifiquei o objeto a descrever?

2. Defini o fim a que se destina o meu texto e o(s) seu(s) destinatário(s)?

3. Observei de diversas maneiras e, com os diferentes sentidos o


objeto de descrição, para ter, primeiro, uma visão de conjunto e,
depois, uma visão dos pormenores?
4. Registei os resultados da observação feita?

5. Escolhi o momento e o local da descrição?

6. Optei por uma perspetiva objetiva ou subjetiva de descrição?

7. Selecionei o tipo de observação (fixa ou móvel)?

8. Selecionei o plano de observação (aproximado, médio e afastado)?

9. Tracei o esquema/plano orientador da descrição:

a) enumerando as partes constitutivas do objeto a descrever?

b) associando, a cada uma dessas partes, as características,


propriedades, qualidades ou componentes que melhor as
caracterizam?
c) ordenando os elementos do objeto da descrição segundo uma
certa ordem ou sequência lógica, hierarquização ou dependendo
da posição em que o observador se encontra em relação ao
objeto?
10. Refleti e decidi sobre o conteúdo da introdução e da conclusão?

Ao redigir, procurei: SIM NÃO

11. Seguir, no desenvolvimento, as decisões tomadas na preparação:

a) construindo parágrafos de acordo com a ordem do plano/


esquema elaborado?
b) usando advérbios e outros recursos para localizar os
componentes selecionados?

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:141-152; Koch, 2011:65-67; Nascimento e Pin-
to, 2006:198-205; Neves e Oliveira, 2001:95-110; Rei, 1995:99-105; Garcia, 1992:231-239; e Técnicas e
Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem
referências. Pp. 17-18 e 31-32.

170 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

c) usando os modos e tempos verbais mais adequados (presente


do indicativo e pretérito imperfeito) ?
d) usando vocabulário expressivo e outros recursos da descrição
para qualificar as partes do objeto como, por exemplo, estruturas
caracterizadoras e modificadoras, a comparação, a metáfora, a
personificação, etc. ?
e) evitando repetir os verbos ser, haver, ter, estar, substituindo-os
por outros mais expressivos, de sentido equivalente?
12. Adotar marcas gráficas como: títulos e subtítulos, sublinhado, itá-
lico e tipos de grafia diferente?
13. Apresentar cada ideia nova num parágrafo?

14. Construir parágrafos que desenvolvem a ideia de modo consis-


tente?
15. Construir uma introdução adequada ao tipo de texto?

16. Manter a continuidade do texto?

17. Garantir a progressão das ideias/informações?

18. Evitar ideias contraditórias?

19. Fechar o texto com uma conclusão adequada?

20. Atribuir um título adequado e atrativo ao texto para estimular a


sua leitura?

Na revisão, verifiquei se: SIM NÃO


21. Cumpri as orientações anteriores?

22. Respeitei o objetivo previsto?

23. O texto pode ser lido de forma fluente?

24. A coerência da perspetiva de descrição e do tipo e plano de ob-


servação?
25. A adequação dos recursos de descrição usados?

26. Utilizei vocabulário adequado?

27. A linguagem é adequada ao contexto e ao destinatário?

28. As citações estão destacadas entre aspas e referenciadas?

29. As frases e períodos são longos?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 171


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

30. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que


as exigem?
31. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo,
de acordo com os contextos?
32. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

ii) Após a conclusão da redação, faz a revisão do texto produzido, usando a Grelha
autocorretiva 3.3.1. Texto descritivo, abaixo. Caso tenhas conseguido trabalhar
em grupo, podem trocar os textos para avaliarem as produções uns dos outros.

Grelha autocorretiva 3.3.1. Texto descritivo1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. A descrição que elaborei apresenta:

a) Uma introdução que contém o tema-título, a localização do


objeto de descrição no tempo, espaço, face a quem descreve e
a perspetiva adotada (objetivo/subjetivo)?
b) Um desenvolvimento que apresenta todos os elementos e
propriedades importantes do objeto da descrição?
c) Uma conclusão que contempla uma visão de conjunto do objeto
da descrição e o efeito que ele produz no autor?
2. Há presença de parágrafos?

3. O título reflete o conteúdo global do texto?

4. O título é fácil de compreender?

5. O título está suficientemente atraente para despertar a curiosidade


dos leitores?
6. Todas as palavras do título são realmente necessárias?

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO


7. A descrição é predominantemente objetiva ou subjetiva?

8. O tipo e o plano de focagem são evidentes?

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:141-152; Koch, 2011:65-67; Nascimento e Pin-
to, 2006:198-205; Neves e Oliveira, 2001:95-110; Rei, 1995:99-105; Garcia, 1992:231-239; e Técnicas e
Modelos de escrita. Funcionalidade e integração em percursos pedagógicos. Texto mimeografado sem
referências. S/Referências. Pp. 17-18 e 31-32.

172 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

9. É possível seguir o plano/esquema do texto?

10. A apresentação das partes do objeto e das suas propriedades e


características segue uma dada ordenação?
11. Não há exagero na caracterização das partes/elementos selecio-
nados (exceto na caricatura)?
12. Cada parágrafo corresponde a uma ideia?

13. Os parágrafos começam com um tópico que contém a ideia prin-


cipal a ser desenvolvida?
14. Identifica-se, no parágrafo, o tipo de tópico?

15. Identifica-se, no parágrafo, o tipo de desenvolvimento?

16. As palavras ou expressões usadas para articular os parágrafos


entre si são adequadas?
17. As frases estão bem formuladas/estruturadas?

18. Há ligação lógica entre as frases?

19. O texto contém erros de concordância (género, número, tempo,


modo, aspeto, etc.)?

LINGUAGEM SIM NÃO


20. Exploraram-se as características das partes/elementos selecio-
nados pelos diferentes sentidos?
21. Foram associados às partes/elementos selecionados do objeto
construções comparativas, metafóricas, etc.?
22. O vocabulário e outros recursos da descrição utilizados são su-
gestivos e permitem que o leitor visualize e/ou sinta o que se des-
creveu?
23. Os tempos verbais que predominam no texto são o presente e o
imperfeito do indicativo?
24. Há repetição dos verbos ser, haver, ter e estar?

25. As frases estão bem formuladas/estruturadas?

26. O registo de língua é adequado?

27. Verificam-se erros ortográficos, de translineação e de acentuação?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 173


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

APRESENTAÇÃO SIM NÃO


28. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
29. A apresentação gráfica está valorizada através de: títulos e subtítu-
los, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinhados, ilustrações, etc. ?

AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO


30. O texto pode ser melhorado?

iii) Mediante o resultado da avaliação, melhora o texto que escreveste,


reformulando-o, caso seja necessário.
iv) Concluída a reformulação, compara o teu texto com o equivalente que te é
apresentado na Solução N.º 3.
v) Se depois de leres esse texto, exemplificativo desse tipo de descrição, perceberes
que ainda podes melhorar o teu texto, deita mãos à obra. Lembra-te que escrever
é reescrever sempre.
• Caso tenhas trabalhado com outros colegas, podem ler as versões finais uns aos
outros para apreciação
• Podes, ainda, pedir a um professor de língua portuguesa que leia o teu texto.
• Deves colocar a versão final no teu portefólio.

6. Prática da língua
6.1. Regressa aos planos/esquemas de descrição elaborados em grupo
e, utilizando a Ficha guia na redação e a Grelha autocorretiva na revisão,
redige os textos.

6.2. Redige textos descritivos, à tua escolha para colocares no teu Porte-
fólio. Utiliza a Ficha guia na redação e a Grelha autocorretiva na revisão.
Podes usar ou não os seguintes temas1:
1. Numa rua muito movimentada, dá-se um choque de automóveis.
a) Descreve um dos automobilistas ao sair do carro para se dirigir ao culpado. Refere-
te: ao vestuário; à maneira de andar, de gesticular e de falar e à expressão do rosto.
b) Ao desastre assiste também um polícia. Escreve alguns períodos sobre a sua forma
de agir, ao dirigir-se para o local da ocorrência. Refere-te: à maneira como se move
(apressado, calmo, diligente ou aborrecido?); à expressão do seu rosto (severa,
preocupada ou indiferente?); à sua atitude (agitado, nervoso ou zangado?)
2. No local onde vives – cidade, vila, zona – há vários estabelecimentos comerciais.

1. Os temas 1 e 2 foram extraídos de Semedo, 1977:1 a 3/VI, alguns com adaptação.

174 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Redige algumas linhas sobre os que melhor conheces: o supermercado (os


fregueses e as mercadorias); a livraria (os livros que gostarias de folhear); a padaria
ou pastelaria (horas de maior movimento, a tentação da guloseima); a “venda” da
zona (variedade de mercadorias, ponto de encontro e de conversa).
6.3. Redige um texto descritivo de entre os temas abaixo, integrando os
vários tipos de descrição. Imagina estes cenários, animados com perso-
nagens.
• À porta da Universidade, dez minutos antes de começarem as aulas.
• Na bicha do autocarro.
• Na praia, ao domingo, em agosto!

7. Para saberes mais…


7.1. Leitura
Para saberes mais sobre o texto descritivo, estuda o seguinte texto e discute o seu
conteúdo com os teus colegas:
REI, José Esteves. Curso de Redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 99-105.
7.2. Trabalho autónomo
No dia a dia, mesmo numa simples conversa, a descrição está presente, pois esta-
mos sempre a apresentar a outros pessoas que vimos, cenas a que assistimos, lugares
que visitamos, objetos de que precisamos, etc.
Por isso, e para poderes aperfeiçoar a redação de textos descritivos, aprende com
os outros: sempre que leres livros, jornais, obras literárias e outros deves identificar
sequências descritivas e prestar atenção à sua organização ou estrutura, ao conteúdo
de cada parte, à progressão e ao desenvolvimento das ideias, aos mecanismos de coe-
são e à articulação entre os parágrafos. Para poderes lê-los com frequência, recorta-os
ou fotocopia-os e coloca-os no teu portefólio.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 175


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Soluções

Solução N.º 1 Texto de apoio 3.3.1. Técnicas de descrição1

1. Descrição de ambientes (cenários)


1.1. Construção de sensações: visuais, auditivas, olfativas, gustativas, motoras e
táteis
1.1.1. De acordo com o exemplo, imagina modificadores expressivos para os
seguintes nomes: pasta, secretária, campo, casa, praia, rua
Exemplo:
Sofá: acolhedor, de veludo macio, onde apetece aninhar-se, amigo das horas de ócio
Possibilidades:
Pasta: de couro, sebosa de tanto manuseio e envelhecida pelo tempo
Secretária: antiga, de mogno, envernizada, coberta de livros e papéis
Campo: verde intenso, a perder de vista
Casa: “...branca, nas dunas, voltada para o mar… ”2
Praia: “...muito grande, quase deserta, com rochedos, maravilhosa3
Rua: “...suja, esburacada, carcomida de velhice.”4
1.2. Acrescenta, partindo dos exemplos propostos, mais vocábulos que concreti-
zem as várias sensações:

Sensações Formas Recursos Vocábulos


Adjetivo sinuoso, helicoidal, redonda, oval…
Verbo ziguezaguear, ondular, retorcer
Forma
Sintagma em caracol, aos círculos, de oiro…
preposicional

Visuais berrante, violeta, esverdeado, encardido


Adjetivo
Cor esbranquiçada
Verbo branquear, avermelhar, amarelar
Adjetivo baço, doirado, reluzente, luzidio, iluminado
Brilho
Verbo rebrilhar, reluzir, lustrar,

1. Exercícios extraídos de Moreira,1992:156-157 e 162-163, nalguns casos com adaptações.


2. Sophia de Mello Breyner Andresen, A Menina do Mar, extraído de Neiva, 1996:249.
3. Sophia de Mello Breyner Andresen, A Menina do Mar, adaptado de Neiva, 1996:249.
4. Soeiro Pereira Gomes, Refúgio Perdido e Outros Contos (crónicas) extraído de Neiva, 1996:246.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 177


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

Verbo rescender, cheirar, inspirar, respirar

Olfativas Adjetivo fétido, fedorento, nauseabundo


Nome aroma, odor, hálito, cheiro
rugoso, suave, áspero, gelado, macio,
Adjetivo
pegajoso
Táteis
Verbo escaldar, arrefecer, enrugar,
Nome cetim, algodão, seda
Adjetivo ensurdecedor, estrondoso, sonoro
Auditivas Verbo atroar, tilintar, ranger, trovejar, espraiar-se
Nome silêncio, trovão,
Adjetivo acre, doce, amargo
Gustativas Verbo salivar, degustar,..
Nome guloseima, chocolate, açúcar
1.3. Lista advérbios, locuções adverbiais, sintagmas preposicionais ou mesmo ver-
bos para traduzir os vários planos numa descrição
Exemplos:
Para o plano mais afastado: ali, lá longe, à distância, além, no horizonte, afastan-
do-se a perder de vista…
Para o plano mais próximo, mais elevado, mais baixo…
Possibilidades:

Para o plano aqui, perto de mim, este, cada vez mais perto, a um palmo do
mais próximo: nariz, frente a frente, junto de…
Para o plano além, por cima de tudo, mais longe ainda…
mais elevado:
Para o plano em baixo, abaixo de, sete palmos abaixo…
mais baixo:
1.4. Imagina animismos que dinamizem uma descrição, pondo ativos os elementos
em itálico e sublinhados, criando novas frases:
Exemplo: Os carros roncam na estrada vizinha (em vez de: Oiço os carros passa-
rem com muito barulho).

178 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Possibilidades:
a) Vejo a estante com livros muito alinhados.
• Os livros enfileiram-se na estante.
b) Esta árvore tem uma copa muito frondosa e pomo-nos lá de baixo à sombra.
• A copa muito frondosa ampara-nos com a sua sombra.
c) Em frente da porta há um telheiro grande onde nos abrigamos.
• Um telheiro grande em frente da porta abriga-nos.
d) A sala tem largas janelas de onde se pode ver o mar.
• As largas janelas da sala permitem-nos ver o mar.
e) Para chegarmos à praia, temos de passar por um caminho estreito e sinuoso.
• O caminho estreito e sinuoso leva-nos à praia.

1.5. Descobre as onomatopeias correspondentes:


a) O barulho do relógio: tiquetaque
b) Quando se fala baixo: chiu chiu
c) O trovão: rimbombom
d) O vento muito forte: Vu-uu-uu...
e) Toque de cristais: tlim tlim

2. Descrição de personagens (retratos)


2.1. Imagina modificadores para:

Objeto Modificadores Objeto Modificadores


pequenos, médios, grandes, re-
dondos, achinesados, pestanudos,
grande; pequena,
Olhos claros, escuros, castanhos, pretos, Boca
de gentil recorte
rasgados como num desenho de-
corativo
encaracolados, crespos, frisados,
lisos, fartos, curtos, compridos, esbelta, gorducha.
Cabelos Silhueta
pelos ombros, castanhos, ruivos, elegante
pretos
jovial, altiva, tímida,
abatatado, direito, arrebitado, pe- Figura feliz, cansada, ale-
Nariz
queno, comprido, de papagaio (aparência) gre, marota, enig-
mática, doce

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 179


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

2.2. Imagina advérbios ou orações circunstanciais para as diferentes atitudes:


1

Atitudes Advérbios Atitudes Advérbios


bem falante,
sorrateiramente, com
Falar falar pelos cotovelos, demora- Entrar
vagar, devagar
damente…
bem humorado, graciosa-
mente, escancarando a boca, raramente, lentamen-
Rir Sair
“como se o resto não tivesse te, devagar
bastante pele…”1,
Descansar preguiçosamente, longamente,
pacientemente, nervo-
rapidamente, velozmente, Esperar
Correr samente, com gozo
com persistência,
2.3. Imagina comparações para:

Objeto Comparações Objeto Comparações


A barba rija como o seu carácter Os cabelos pretos como azeviche
Pescoço parecido com o de um cisne A saia redonda como um balão
O olhar profundo como o mar As calças estreitas como um funil
2.4. Enumera sentimentos possíveis nestas diferentes situações:

Situações Sentimento Situações Sentimento


compensação,
Saudade, tristeza,
Uma partida Um êxito satisfação,
angústia
felicidade,
alegria desânimo,
Uma chegada Um fracasso
surpresa terror
ansiedade,
O começo de A notícia de espanto, estupefação,
expectativa,
qualquer atividade uma surpresa admiração
serenidade

1. Serafini, 1996:50.

180 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

Solução N.º 2. Esquemas/planos de textos descritivos

1. Retrato

2. Utilitária ou técnica para um animal1

1. Esquema adaptado de Silva, 2012:148.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 181


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

3. Pitoresca: um dia de chuva, em Cabo Verde... como as mulheres encaram a chuva.


Espaço físico:
• ilhas
• uma cidade
• chuvas violentas, fartas…
• transformação no arquipélago: um vigor sadio
• chuva grossa e fresquinha, abundante, sacudida por rija trovoada e como que desfe-
rida por relâmpagos.
• ruas (…) eram ribeiras
Espaço humano
• As mulheres
‒‒ arregaçavam os vestidos
‒‒ corriam alegremente
‒‒ cabriolavam
‒‒ gritavam
‒‒ saltitavam pelas poças
‒‒ saracoteavam-se
‒‒ rostos felizes
Tempo: meio dia, à tardinha, aí pelas cinco horas, durante minutos, perto da noitinha
4. Local ou estática: descrição pormenorizada do interior de um quarto1
• Localização: entre o quarto do fundo e a escada, no centro da casa
• Detalhes do ambiente físico (fechado)
‒‒ quarto que dá para a varanda
• mobiliário: divã, mesa, cómoda com espelho, armário
‒‒ ao centro: espaço livre
‒‒ outros objetos: cadernos de capa de oleado, jarra de vidro coalhado azul cheia
de cravos
• Caracterização de cada peça do mobiliário:
‒‒ mesa estreita e baixa, verde
• pequena cómoda
• paredes brancas
• Disposição dos móveis: encostados à parede
• Localização dos objetos: sobre a mesa verde, ao lado dos cadernos de capa de olea-
do…está uma jarra
5. Cronológica ou dinâmica: descrição do movimento de uma cidade, na hora de ponta2
• Tempo: hora de ponta
‒‒ Trânsito complicado que provoca
• desordem nos passeios das praças, na(s) rua(s), na cidade
• Ambiente humano de hostilidade
‒‒ pessoas aos encontrões
‒‒ pessoas a praguejarem

1. Moreira, 1992:155.
2. Matos et al., 1988:90.

182 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

• Tentativas de modificação desse ambiente, para não insultar


‒‒ pedir desculpas
‒‒ sorrir
‒‒ pedir para arrumar

Solução N.º 3. Textos correspondentes aos esquemas/planos da Solução N.º 2

1. Retrato
Laura
Laura não era alta nem baixa, era forte sem ser gorda, e delicada sem magreza.
Os olhos de uma cor-de-avelã diáfano, puro, aveludado, grandes, vivos, cheios de tal
majestade, quando se iravam, de tal doçura quando se abrandavam, que é difícil dizer
quando eram mais belos. O cabelo quase da mesma cor tinha, demais, um reflexo
dourado, vacilante, que ao sol resplandecia, ou antes, relampejava, mas a espaços,
não era sempre, nem em todas as posições da cabeça:-cabeça pequena, modelada
no mais clássico da estatuária antiga, poisada sobre um colo de imensa nobreza, que
harmonizava com a perfeição da linha dos ombros.
A cintura, breve e estreita, mas sem exageração, via-se que o era assim por natu-
reza e sem a menor contrafeição de arte. O pé não tinha as exiguidades fabulosas da
nossa Península, era proporcionado como o da Vénus de Médicis.
Tenho visto muita mulher mais bela, algumas mais adoráveis; nenhuma tão fasci-
nante.
Fascinante é a palavra para ela.
O rosto, oval e perfeitamente simétrico, pálido; só os beiços eram vermelhos como
a rosa de cor mais viva.
A expressão de toda esta figura é que se não descreve. A boca, breve e fina, sorria
pouco; mas quando sorria, oh!...
Tal era Laura.
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra

2. Descrição utilitária ou técnica


Os Elefantes1
Os elefantes têm uma pele espessa, acinzentada e enrugada, uma grande cabeça
e uma tromba longa, flexível e preênsil, utilizada para obter o alimento e a água, e in-
cisivos superiores, ou presas, alongados que atingem um comprimento considerável.
O Elefante-Africano apresenta orelhas muito grandes e a parte frontal do crânio plana,
tendo a espécie asiática orelhas mais pequenas e uma parte frontal do crânio convexa.

1. Texto extraído de http://animais.com.sapo.pt/elefante2.html. Acedido em: 8 de março de 2012.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 183


SUBUNIDADE 3.3 Texto descritivo

3. Descrição pitoresca
Chuva
(…) Chovia em Santiago. Chovia em São Nicolau. Cerca do meio-dia […] pingos gros-
sos em Santo Antão. E, à tardinha, aí pelas cinco horas, durante minutos, chuva […] em S.
Vicente, grossa e fresquinha, tão grossa e fresquinha que a ilha inteira dir-se-ia ficar sob
o halo da ressurreição. Perto da noitinha, […] de novo chuvas violentas, fartas, trazendo
ao arquipélago um vigor sadio, uma seiva que penetrava no solo, nas rochas, nos bichos,
nos animais, no sangue das próprias gentes. Caía abundante, sacudida por rija trovoada
e como que desferida por relâmpagos. As ruas do Mindelo eram ribeiras […]. As mulheres
arregaçavam os vestidos e corriam alegremente, de um lado para outro, cabriolavam, gri-
tavam, saltitavam pelas poças, saracoteavam-se, encharcando-se de água numa euforia
desbragada, como se aquela chuva fosse a anunciação de uma nova aurora…
Que rostos tão felizes!
Venância, da janela da sua casa, assistia a este maravilhoso espetáculo, de lágri-
mas nos olhos. (…)
Manuel Ferreira, Hora di Bai (com supressões)

4. Descrição local ou estática


O quarto1
Entre o quarto do fundo e a escada, exactamente no centro da casa, fica o quarto
que dá para a varanda de madeira pintada de verde.
Nesse quarto os móveis – o divã, a mesa estreita e baixa, a pequena cómoda com
o espelho, o armário – estão encostados à parede e o quarto tem, ao centro, em frente
do espelho, um espaço livre como um palco onde a luz, o nevoeiro e os gestos dançam.
Sobre a mesa verde, ao lado dos cadernos de capa de oleado, onde, na leve escri-
ta acinzentada do lápis, as palavras se alinham dia após dia como se emergissem dos
dias, está uma jarra de vidro coalhado azul cheia de cravos cujo perfume se recorta,
nítido e delimitado, no perfume salino do ar.
Nas paredes brancas reflecte-se uma grande claridade de areal e o sabor a algas,
como um grito de contínua alegria, invade todos os espaços, gavetas, armários, rou-
pas, caixas, livros.
Aqui, de manhã se é acordado por um marulho de vagas e o dorso do mar coberto
de brilhos cintila entre as persianas como um peixe na rede. O fulgor exterior assedia
as orlas da penumbra.
Sophia de Mello Breyner Andersen

1. Moreira, 1992a:155.

184 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto descritivo SUBUNIDADE 3.3

5. Descrição cronológica ou dinâmica


À hora de ponta1
Àquela hora o trânsito complicava-se. As lojas, os escritórios, algumas oficinas,
atiravam para a rua centenas de pessoas. Nos largos passeios das grandes praças
havia encontrões. As pessoas de aprumo tinham de fechar os olhos àquele desacato e
não viam remédio senão receber e dar encontrões também e praguejar algumas vezes.
Os eléctricos apinhavam-se na linha à frente uns dos outros.
[…]] A multidão propunha uma confraternização à força. Era preciso pedir descul-
pas ao marçano que se acaba de pisar, implorar às pessoas penduradas no eléctrico
que se apertassem um pouco mais para se poder arrumar um pé, nada mais que um
pé, num cantinho do estribo, muitas vezes sorrir para gente que nunca se tinha visto
antes e apetecia insultar.
Mário Dionísio, O dia cinzento e outros contos

1. Matos et al.1988:90.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 185


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

SUBUNIDADE 3.4. TEXTO EXPLICATIVO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Com esta subunidade – Texto explicativo – pretende-se que aprendas a redigir
textos que expliquem ao leitor algo que este desconhece, de forma a ser entendido,
integrando e utilizando os teus conhecimentos sobre este tipo de texto e sobre o
processo e os procedimentos de escrita.
O procedimento que te propomos é, primeiro, rever os principais aspetos rela-
cionados com o texto explicativo, depois, redigir e avaliar este tipo de texto, com
recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados, e, finalmente, de
modo autónomo.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Redigir um texto explicativo, adequado às circunstâncias e ao(s) destinatário(s),
‒‒mobilizando os conhecimentos prévios sobre esse tipo de texto;
‒‒integrando e reutilizando os conhecimentos prévios sobre os procedimentos
das fases e etapas de redação.

3. Conteúdos
1. Texto explicativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivo
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto: questionamento, corpo explicativo ou
resolução e conclusão
1.3. Recursos discursivo-textuais
1.3.1. Sequências explicativas
1.3.2. Estratégias explicativas

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 187


SUBUNIDADE 3.4 Texto explicativo

1.4. Recursos gráficos: títulos e subtítulos, parágrafos providos de títulos,


sublinhado, itálico e tipos de grafia diferente
1.5. Recursos semântico-gramaticais
1.5.1. Conectores: de adição, oposição, causa, consequência e explicativos
1.5.2. Verbos: imperativo ou com valor imperativo, infinitivo e no presen-
te do modo indicativo ou no pretérito imperfeito.
1.5.3. Pessoas: 3.ª do singular e 1.ª do plural
1.5.4. Estruturas sintáticas: nominalizações e predominância de orações
explicativas, causais, consecutivas e finais.
1.5.5. Fórmulas fixas para expressão da paráfrase: quer dizer, ou seja, ou
melhor, melhor dizendo, como se dizia, por outras palavras, dizendo
de outra forma, em síntese, em suma, isto é, tal (não) significa.
1.5.6. Vocabulário específico: terminologia relacionada com o tema

4. Recursos
Os recursos desta subunidade, a que deverás recorrer sempre que seja necessário,
são os seguintes:
• Ficha informativa 3.4.1 Texto explicativo
• Ficha guia 3.4.1 Texto explicativo
• Grelha autocorretiva 3.4.1 Texto explicativo

5. Orientações para autoestudo


Segue os procedimentos que te propomos a seguir:

5.1. Revisão de aprendizagens anteriores


i) Revê todo o processo e os procedimentos de leitura de texto explicativo, no
Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura. Toma notas.
ii) Agora, estuda a Ficha informativa 3.4.1. Texto explicativo, abaixo, para
aprofundares os teus conhecimentos sobre as características específicas e os
procedimentos para a sua redação. Enquanto lês, relaciona o seu conteúdo com
as notas que tiraste. Caso ainda tenhas alguma dúvida, procura esclarecê-la
junto de um colega ou de um professor de língua portuguesa.

188 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

Ficha informativa 3.4.1. Texto explicativo1

Definição: texto em que o autor faz saber ou compreender ao seu leitor/interlocutor


determinada realidade desconhecida (conceito, como realizar uma ação...), explicitan-
do as relações entre elementos, partes, fatores ou ações, a sua aplicação ou as suas
particularidades.
Objetivo: fazer compreender o como e o porquê de uma questão, ou seja, explica-
-se ao leitor algo que ele desconhece, de forma a ele ser entendido.
Condições de uso: muito usado nas atividades académicas sendo necessário um
conhecimento global do tema que se pretende explicar.
Estrutura
• Questionamento: apresentação do tema/assunto/problema/acontecimento, muitas
vezes através de uma ou mais perguntas explícitas como: Porquê? Como? Em que
consiste? Exemplos: O que é o cálcio? Porque ferve a água? Como se calcula o vo-
lume de uma caixa? Como se faz a cachupa? Em que consiste a solidificação?
• Corpo explicativo ou resolução do questionamento (resposta à questão ou ques-
tões colocada(s)), com recurso a:
‒‒ Sequências explicativas diversas: exposição das informações que se pretende
transmitir, sequência cronológica de acontecimentos, apresentação de um proces-
so e seus resultados (causa-consequência), passos a seguir como numa receita,
descrição, comparação, problema-solução;
‒‒ Estratégias explicativas, visando fazer compreender o que se transmite: exemplos,
definições e reformulações;
‒‒ Inclusão de exemplos e ilustrações (gráficos, esquemas, desenhos, fotografias…).
• Conclusão: reforço da ideia. Normalmente confirma as ideias mais importantes ex-
plicadas na resolução do questionamento feito.
Textos explicativos: artigos científicos, textos académicos e de ordem didática,
receitas culinárias, manuais de instrução, leis, folhetos de remédio, convenções, regras
e eventos, entre outros.
Recursos gráficos
• Títulos e subtítulos
• Parágrafos providos de títulos como: “descrição”, “legenda”, “acidente”…
• Sublinhado, itálico e tipos de grafia diferente
Recursos linguísticos
• Conectores: de adição, oposição, causa, consequência e explicativas
• Verbos: no presente do modo indicativo (atemporal) ou do pretérito imperfeito, no
imperativo ou formas verbais com valor imperativo e no infinitivo
• Pessoas: 3.ª do singular e 1.ª do plural
• Estruturas sintáticas: nominalizações (para condensar o que foi dito e assegurar a
progressão do texto), construção passiva (como forma de impessoalizar o discurso),
predominância de orações explicativas, causais, consecutivas e finais.
• Fórmulas fixas para expressão da paráfrase: quer dizer, ou seja, ou melhor, melhor
dizendo, como se dizia, por outras palavras, dizendo de outra forma, em síntese, em

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:162-169; Neves e Oliveira, 2001:145-169; Va-
noye, 2007:154-155; Alvarez, 2007:9-24; Rei, 1995:106-109.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 189


SUBUNIDADE 3.4 Texto explicativo

suma, isto é, tal (não) significa


Linguagem
• Simples, clara, concisa e objetiva, com ausência de intervenção pessoal como, por
exemplo, adjetivos e expressões valorativos, a menos que exigidos pelo discurso.
• Vocabulário especializado (terminologia relacionada com a área de saber do tema),
preciso (desprovido de ambiguidade) e adequado ao destinatário
Procedimentos de redação
1.º Selecionar o tema/assunto/problema/acontecimento
2.º Formular a pergunta que dará origem à explicação
3.º Redigir a introdução (questionamento)
4.º Preparar (planificar) a redação do texto, tendo em conta as seguintes regras:
• Reduzir o tema/assunto/problema/acontecimento aos factos/aspetos simples ou iso-
lados que o compõem
• Estabelecer ligações entre esses factos/aspetos
• Relacionar o tema/assunto/problema/acontecimento aos seus fatores de: causa, fi-
nalidade, consequência, circunstâncias ou motivação (significado pessoal, relação
com intenções)
• Separar o essencial a explicar, em função do objetivo e do destinatário
• Partir do que o recetor conhece para o desconhecido
5.º Redigir o desenvolvimento:
• Explicando através de sequências explicativas diversas, usando estratégias explica-
tivas, recorrendo a imagens e analogias e inserindo exemplos e ilustrações e tendo
em conta as seguintes regras:
‒‒ Introduzir relações lógicas entre factos e elementos justapostos
‒‒ Mostrar relações entre coisas, objetos, ações, intenções, pessoas…
• Colocar aspetos, partes, elementos do todo em ordem (lógica, cronológica, sequen-
cial, funcional…)
• Responder a perguntas colocadas por quem pretende compreender
• Utilizando vocabulário, linguagem e estruturas linguísticas adequados
6.º Redigir a conclusão

5.2. Redigindo texto explicativo


i) Prepara a redação de um texto explicativo, a partir do gráfico abaixo, fazendo a
macroplanificação e a microplanificação. Em caso de dúvida, sobre o que está
envolvido nestas duas etapas da planificação, estuda ou revê os procedimentos
na subunidade 2.1.1. Fases e etapas do processo de escrita, deste livro.

190 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

Gráfico correspondente à resposta de uma pergunta de inquérito1

Pergunta colocada a 134 professores do Ensino Secundário: Como melho-


rar o domínio da escrita? (indique três atividades):
1. Praticar, atentamente, a escrita em todas as disciplinas
2. Analisar em conselho de turma a escrita de cada aluno
3. Criar um dossier individual de escrita que acompanhará o aluno no seu per-
curso escolar
4. Tomar a escrita como um objectivo da aula de Português
5. Exigir um certo domínio sem o qual o aluno não passará
6. Oficializar a expressão escrita entre alunos e entre estes e os professores:
justificação de faltas, comentários de avaliações, apreciação de métodos, cor-
respondência entre turmas

1. Exercício extraído de Rei, 1995:108.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 191


SUBUNIDADE 3.4 Texto explicativo

ii) Compara o plano que elaboraste com o que te é apresentado na Solução N.º 1.
Se achares que ambos correspondem ao plano de um texto explicativo, podes
fundi-los num só plano.
iii) Neste ponto, com auxílio da Ficha guia 3.4.1. Texto explicativo, abaixo, redige
o texto explicativo correspondente ao gráfico, usando o plano que elaboraste,
ou, em alternativa, o que te foi apresentado na Solução N.º 1.

Ficha-guia 3.4.1. Texto explicativo1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Defini o fim a que se destina o meu texto e o(s) destinatário(s)?

2. Selecionei o tema/assunto/problema/acontecimento?

3. Formulei uma pergunta para dar origem à explicação?

4. Trouxe à memória o que sabia sobre o tema e/ou fui investigar


sobre ele?
5. Reduzi o tema/assunto/problema/acontecimento aos factos/aspe-
tos simples ou isolados que o compõem?
6. Estabeleci ligações entre esses factos/aspetos?

7. Relacionei o tema/assunto/problema/acontecimento aos seus fa-


tores de: causa, finalidade, consequência, de significado pessoal?
8. Separei o essencial a explicar, em função do objetivo e do desti-
natário?
9. Refleti e decidi sobre o conteúdo da introdução e conclusão?

Ao redigir, procurei: SIM NÃO


10. Construir uma introdução adequada ao tipo de texto?

11. Responder a perguntas colocadas por quem pretende compreen-


der?
12. Apresentar cada ideia nova num parágrafo?

13. Construir parágrafos que desenvolvem um aspeto de modo con-


sistente?
14. Utilizar sequências explicativas diversas: exposição, descrição,
informação, comparação?

1. Elaborada a partir de: Rei, 1995:106-109; Vanoye, 2007:154-155; Silva, 2012:162-169; Neves e Oliveira,
2001:145-169; e Alvarez, 2007:9-24.

192 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

15. Fazer recurso a estratégias explicativas: exemplos, definições,


ilustrações e reformulações?
16. Fazer recurso às seguintes estruturas sintáticas: nominalizações,
construção passiva, orações explicativas, causais, consecutivas e
finais?
17. Colocar aspetos, partes, elementos do todo numa dada ordem
(lógica, cronológica, sequencial, funcional, do conhecido para o
desconhecido)?
18. Desenvolver os diversos aspetos/ tópicos abordados de forma
coerente?
19. Usar conectores de adição, oposição, causa, consequência e ex-
plicativos?
20. Selecionar vocabulário adequado ao assunto / tema / problema /
acontecimento tratado?
21. Preferir verbos: no presente do indicativo, no imperativo e no in-
finitivo?
22. Usar a 3.ª pessoa do singular e a 1.ª do plural, evitando a subje-
tividade?
23. Adotar marcas gráficas como: títulos e subtítulos, sublinhado, itá-
lico e tipos de grafia diferente?
24. Fechar o texto com uma conclusão adequada?

25. Atribuir um título adequado e atrativo ao texto para estimular a


sua leitura?

Na revisão, verifiquei se: SIM NÃO


26. Cumpri as orientações anteriores?

27. Respeitei o objetivo previsto?

28. A explicação pode ser compreendida por um leitor que desconhe-


ce o tema/assunto/problema/acontecimento?
29. Evitei marcas da primeira pessoa?

30. Utilizei vocabulário adequado?

31. A linguagem é adequada ao contexto e ao destinatário?

32. As citações estão destacadas entre aspas e referenciadas?

33. As frases e os períodos são longos?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 193


SUBUNIDADE 3.4 Texto explicativo

34. As frases e os períodos se apresentam sem hierarquia e ordena-


ção clara das ideias ou com estruturação complexa?
35. Usei os conectores adequados?

36. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que


as exigem?
37. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo,
de acordo com os contextos?
38. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

iv) Revê o texto que escreveste, usando a Grelha autocorretiva 3.4.1.Texto


explicativo abaixo apresentada. Reformula o texto e, se encontrares dificuldades,
não hesites em procurar um professor de língua portuguesa.

Grelha autocorretiva 3.4.1. Texto explicativo1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto apresenta questionamento, corpo explicativo ou resolução
e conclusão?
2. O questionamento formula uma pergunta explícita ou não?
3. O corpo explicativo ou resolução responde à questão colocada?
4. As sequências explicativas usadas correspondem ao tema/assunto/
problema/acontecimento?
5. Há presença de estratégias explicativas como exemplos, ilustra-
ções, definições e reformulações?
6. Há presença de parágrafos?
7. A conclusão é adequada?
8. O título reflete o conteúdo global do texto?
9. O título é fácil de compreender?
10. O título está suficientemente atraente para despertar a curiosidade
dos leitores?
11. Todas as palavras do título são realmente necessárias?

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO


12. A explicação dada no corpo explicativo ou resolução corresponde à
questão colocada no questionamento?

1. Elaborada a partir de: Rei, 1995:106-109; Vanoye, 2007:154-155; Silva, 2012:162-169; Neves e Oliveira,
2001:145-169; e Alvarez, 2007:9-24.

194 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

13. Existe ligação entre os factos/aspetos?


14. Há relação entre o acontecimento e os seus fatores?
15. Os factos e elementos justapostos estão relacionados logicamente?
16. As relações entre coisas, objetos, ações, intenções, pessoas… são
evidentes?
17. Os aspetos, partes, elementos do todo estão colocados numa dada
ordem?
18. As perguntas colocadas por quem pretende compreender estão
respondidas?
19. As explicações partem do que o recetor conhece para o desconhe-
cido?
20. Os exemplos e as ilustrações ajudam a compreender a questão?
21. Os títulos e subtítulos, sublinhado, itálico e tipos de grafia diferente
contribuem para a explicação da questão?
22. O texto tem um fio condutor?
23. O texto apresenta ruturas e omissões que comprometem a sua
compreensão?
24. Quando necessário, as ideias fundamentais estão explicadas?
25. Os subtópicos estabelecem uma relação adequada com o tópico?
26. O texto apresenta ideias que se contradizem?
27. Cada parágrafo corresponde a uma ideia principal?
28. Os parágrafos começam com um tópico que contém a ideia principal?
29. Identifica-se, no parágrafo, o tipo de tópico?
30. Reconhece-se o tipo de desenvolvimento do parágrafo?
31. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são
adequadas?
32. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?
33. Existe coerência entre os tempos e modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


34. A linguagem é simples, concisa e objetiva?
35. Há presença de conectores de adição, oposição, causa, conse-
quência e explicativas?
36. Os verbos estão, predominantemente, no presente do indicativo, no
imperativo e no infinitivo?
37. Predominam a 3.ª pessoa do singular e a 1.ª do plural?
38. Há presença de nominalizações, construção passiva, orações expli-
cativas, causais, consecutivas e finais, fórmulas fixas de paráfrase?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 195


SUBUNIDADE 3.4 Texto explicativo

39. O vocabulário é adequado ao assunto/tema tratado?


40. As frases estão bem formuladas/estruturadas?
41. O texto contém erros ortográficos, de translineação e de acentuação?

APRESENTAÇÃO SIM NÃO


42. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
43. A apresentação gráfica está valorizada através de: títulos e subtítu-
los, sublinhados, ilustrações, etc.?
44. As citações estão destacadas entre aspas e referenciadas?
AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO
45. O texto pode ser melhorado?

v) Se tiveres optado pelo plano que te foi apresentado na Solução N.º 1, compara
o texto que escreveste com o texto explicativo elaborado a partir desse plano e
que te é apresentado na Solução N.º 2. Trata-se de um texto produzido por um
grupo de alunos do 1.º Ano ECVP-2012-13 e editado pelos autores deste livro.

6. Prática da língua
6.1. Procura textos explicativos em jornais, livros de receita culinária, re-
vistas científicas e outros. Lê-os, prestando atenção à sua organização
ou estrutura, conteúdo de cada parte, progressão e desenvolvimento das
ideias, mecanismos de coesão e articulação entre os parágrafos. Toma
notas e coloca os textos no teu Portefólio.

6.2. Redige um texto explicativo à tua escolha. Pede a outras pessoas (fa-
miliares, amigos, colegas, professores) que o leiam e façam comentários.
Reformula-o e coloca-o no teu portefólio.
Podes, por exemplo, explicar:
• as regras de um jogo ou de um desporto
• uma técnica particular
• uma lei científica
• um fenómeno histórico, social, linguístico.

196 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

7. Para saberes mais


7.1. Leitura
Para aprofundares os teus conhecimentos sobre o texto explicativo, deves ler o
seguinte texto:
REI, José E. Curso de Redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 106-109.
7.2. Trabalho autónomo
Na tua vida académica, és permanentemente solicitado a explicar. E assim vai
continuar a ser na tua vida profissional. Portanto, sempre que leres livros, jornais e
revistas, procura identificar textos explicativos. Lê-os, acompanhando com muita
atenção: a sua organização ou estrutura, o conteúdo de cada parte, a progressão e o
desenvolvimento das ideias, os mecanismos de coesão e a articulação entre os pará-
grafos. Aprende com os outros, para depois, ao escreveres, tentares fazer como eles.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 197


Texto explicativo SUBUNIDADE 3.4

Soluções

Solução N.º 1. Plano do texto explicativo

1. Introdução: apresentação do tema/questionamento (faz-se uma questão ou


mais ‒ Qual o assunto do gráfico?)
2. Desenvolvimento: explicação de cada item do gráfico. Resolução da questão
3. Conclusão: confirmação das ideias mais importantes explicitadas na Resolu-
ção da(s) questão(ões). Pode não ocorrer.

Solução N.º 2. Texto correspondente ao plano da Solução N.º 1

A pergunta “Como melhorar o domínio da escrita?” foi colocada a 134 pro-


fessores do Ensino Secundário que deveriam responder, indicando três das seis
atividades indicadas.
As atividades 1 “Praticar atentamente a escrita em todas as disciplinas” e 4
“tomar a escrita como um objetivo da aula de Português” tiveram o maior número
de indicações. Trata-se de atividades que focam a necessidade da escrita ser
ensinada na aula de Português, mas também nas outras disciplinas.
Numa posição intermédia, ficaram as atividades 5 “Exigir um certo domínio
sem o qual o aluno não passará” e 6 “Oficializar a expressão escrita entre alunos
e entre estes e os professores: justificação de faltas, comentários de avaliações,
apreciação de métodos, correspondência entre turmas” as quais apontam para
as exigências a fazer aos alunos.
Finalmente, as atividades indicadas em 2 “Analisar em conselho de turma a
escrita de cada aluno” e em 3 “Criar um dossier individual de escrita que acom-
panhará o aluno no seu percurso escolar” foram as que mereceram menos res-
postas, certamente porque se referem a atividades individuais.
Portanto, pode-se dizer que os professores consideram que a escrita deve
ser ensinada nas aulas de português e valorizam algumas estratégias para
esse ensino.
Texto elaborado por alunos do 1.º Ano do Curso ECVP-2012-13 e revisto pelos autores

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 199


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

SUBUNIDADE 3.5. TEXTO ARGUMENTATIVO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Com esta subunidade – Texto argumentativo –, pretende-se que melhores a tua
competência na redação desse tipo de texto, integrando e utilizando os conhecimen-
tos anteriores sobre texto argumentativo e o processo e os procedimentos de escrita.
desse texto, nomeadamente, a argumentação e os tipos de argumentos.
Para isso, primeiramente, propomos-te relembrares as características fundamen-
tais deste tipo de texto. De seguida, sugerimos-te o aprofundamento do processo de
formulação da tese e das técnicas de argumentação, através de uma atividade prática,
para ganhares mais consciência desses procedimentos. Finalmente, convidamos-te a
praticar a redação de textos argumentativos, com recurso a instrumentos e procedi-
mentos de avaliação adequados e com autonomia.

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Produzir um texto argumentativo adequado às circunstâncias e ao destinatário,
‒‒mobilizando os conhecimentos prévios sobre texto argumentativo;
‒‒integrando e reutilizando os conhecimentos prévios sobre os procedimentos
das fases e etapas de redação.

3. Conteúdos
1. Texto argumentativo
1.1. Características gerais
1.1.1. Natureza
1.1.2. Objetivos
1.1.3. Condições de uso
1.2. Organização específica do texto
1.2.1. Introdução: exposição da tese (proposição)
1.2.2. Desenvolvimento: demonstração da tese (corpo da argumentação)
1.2.3. Conclusão: dependendo da argumentação
1.3. Recursos discursivo-textuais

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 201


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

1.3.1. Argumentação: tipos de argumentos


1.3.2. Atos de fala para: exprimir opinião, provar, demonstrar, convencer,
persuadir, justificar, conceder ou refutar pontos de vista.
1.3.3. Modalizadores: para expressão de opinião.
1.3.4. Linguagem: sóbria, objetiva, modalizada, de acordo com a variedade
padrão e registo formal.
1.4. Recursos semântico-gramaticais
1.4.1. Articuladores: argumentativos e de ordenação dos argumentos
1.4.2. Conectores: causais, condicionais, comparativos, concessivos, etc.
1.4.3. Tempo e modos verbais: presente e imperfeito do indicativo.
1.4.4. Pessoas gramaticais: predomínio da 3.ª pessoa
1.4.5. Vocabulário: verbos que indicam relações de causa e efeito; e valores
modais.

4. Recursos
• Texto de apoio 3.5.1. Processo de argumentação
• Ficha informativa 3.5.1. Texto argumentativo
• Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo
• Grelha autocorretiva 3.5.1. Texto argumentativo

5. Orientações para autoestudo


5.1. Relembrando as características do texto argumentativo
i) Revê o processo e os procedimentos de leitura de texto argumentativo, no Livro
do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura, com o objetivo de recordares as
principais características desse tipo de texto: finalidade, estrutura e processo
argumentativo.
ii) Com essa mesma finalidade, faz uma nova leitura cuidada da Ficha informativa
3.5.1. Texto argumentativo.

202 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Ficha informativa 3.5.1. Texto argumentativo1

Definição: texto produzido com a intenção, explícita ou implícita, de convencer,


persuadir, influenciar o leitor, reforçando ou alterando o seu comportamento.
Objetivo comunicativo: fazer com que o leitor (ou ouvinte) aceite o ponto de vista
do autor, ou faça o que está sendo dito ou proposto (e não apenas compreenda)
Tipos de textos argumentativos
• No contexto escolar é designado dessa forma
• Textos argumentativos são, por exemplo: editorial, artigo de opinião, carta de recla-
mação, publicidade, discursos políticos, sermões, conselhos, críticas...
• A argumentação pode estar contido numa dissertação, num comentário, numa expo-
sição escrita, mas também numa crítica de cinema ou de música.
Condições de uso
• Convencer os outros
• Defender um ponto de vista
• Apresentar uma opinião
• Propor uma solução
Formas de progressão textual
• Da declaração inicial (tese) para os argumentos que sustentam a tese
• Dos argumentos organizados numa sequência lógica, hierárquica, casual ou crono-
lógica, dependendo da natureza dos argumentos para a formulação da conclusão.
Organização

Partes do texto Conteúdo/forma


• Situar o tema e apresentar a tese e o ponto de vista que
se vai desenvolver no texto (anunciar os argumentos)
• Pode conter um ou mais parágrafos e ser feita de diferen-
tes formas:
‒‒ Formulação de uma tese, a partir de uma declaração
inicial: apresenta-se um problema e, a partir dele, a
tese, na forma afirmativa e bem definida, de modo claro
Introdução: expo-
e sem referir quaisquer razões ou provas
sição da tese (propo-
‒‒ Interrogação: apresenta-se uma ou mais perguntas so-
sição)
bre o tema, que serão respondidas no texto
‒‒ Exemplo: uma pequena história, por exemplo, para in-
troduzir e situar a tese
‒‒ Citação: a tese é construída a partir de uma citação de
uma autoridade no assunto ou de um documento credível
‒‒ Roteiro: anuncia-se ao leitor o que se pretende desen-
volver no texto e como

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:152-162; Koch, 2011:72, 154; Neves, e Oliveira,
2001:111-143; Platão e Fiorin, 2009:281-301; Abreu, 2006:47-48; 52-53; Koch, 2006:146-149; Granatic,
1996:76-80, 94-98; Garcia, 1992:370-381; Rei, 1995:88-99.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 203


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

• Apresentação consistente e organizada da argumen-


tação, ou seja, da formulação dos argumentos e contra
argumentos que sustentam o ponto de vista do autor: fac-
tos, exemplos, citações, testemunhos, dados estatísticos
• A argumentação deve estar sempre articulada com a tese
e seguir um raciocínio lógico que pode ser feito de forma:
indutiva, a forma de pensar mais comum (do particular
para o geral, da conclusão para a experiência); dedutiva
(do geral para o específico, da experiência para a con-
clusão); ou causal (da causa para a consequência, e do
motivo para o efeito ou vice-versa); ou a via explicativa:
Desenvolvimen-
o convencimento resulta da explicação objetiva, com re-
to: demonstração da
curso à definição, comparação, analogia, descrição e nar-
tese (corpo da argu-
ração
mentação; parte mais
• O número de parágrafos não é fixo, embora se recomen-
longa e da qual de-
de que cada parágrafo deva conter o desenvolvimento de
pende a qualidade do
um argumento. Quando um argumento é complexo pode
texto)
ser desdobrado em dois parágrafos
• As formas de desenvolvimento de parágrafos mais usa-
dos neste tipo de texto são: enumeração, por exemplos,
comparação por contraste, definição, alusão histórica,
causa e consequência e fundamentação da afirmação
• Apresentação dos argumentos no texto (oral ou escrito)
numa certa ordem gradativa, dependendo da sua força
argumentativa: disposição decrescente (argumento mais
forte/convincente > menos forte/convincente > fraco/não
muito convincente); crescente ou climática (dos argumen-
tos mais frágeis para os mais fortes) ou dispersa

204 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

• Não existe argumentação sem conclusão (o último ou os


dois últimos parágrafos)
• A conclusão decorre naturalmente dos argumentos
• Embora não exista fórmula única para a conclusão, os
procedimentos mais utilizados são:
‒‒ Agregação: apresentação dos aspetos abordados
numa palavra ou frase que os inclua
‒‒ Pergunta: formulação de uma pergunta retórica, isto é,
pergunta cuja resposta já foi apresentada, de alguma
forma, no desenvolvimento, para reforçar o ponto de
Conclusão vista ou estimular a reflexão do leitor
‒‒ Proposta: apresentação de propostas e soluções con-
cretas para a questão em análise; devem ser evitadas
frases vagas do tipo (é preciso fazer alguma coisa para
mudar esta situação)
‒‒ Síntese: retoma sintética da tese e dos argumentos que
confirmam ou contrariam a afirmação inicial, evitando-
-se a repetição de palavras e frases
‒‒ Surpresa: finalização de modo criativo (citação de pes-
soa ilustre, ironia, piada, pensamento ilustrativo de tudo
o que foi dito)

Exemplo: 1

Partes do texto A pena de morte1


Introdução – 1.º § Cogita-se, com muita frequência, da implantação
(apresentação da tese) da pena de morte. Muitos aspectos devem ser anali-
sados na abordagem dessa questão.
Desenvolvimento
2.º § – desenvolvimen- Os defensores da pena de morte argumentam
to dos argumentos favo- que ela intimidaria os assassinos perigosos, impe-
ráveis dindo-os de cometer crimes monstruosos, dos quais
costumeiramente temos notícia. Além do mais alivia-
ria, em certa medida, a superlotação dos presídios.
Isso sem contar que certos criminosos, considerados
irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus
crimes bárbaros.

1. Elaborado com base em Granatic, 1996:95, de onde foi extraído o texto, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 205


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

3.º § – desenvolvimen- Outros, porém, não conseguem admitir a ideia de


to dos argumentos desfa- um ser humano tirar a vida de um semelhante, por
voráveis mais terrível que tenha sido o delito cometido. Há re-
gistos históricos de pessoas executadas injustamente,
pois as provas de sua inocência evidenciaram-se após
o cumprimento da sentença. Por outro lado, a vigência
da pena de morte não é capaz de, por si, desencorajar
a prática de crimes: estes não deixaram de ocorrer nos
países em que ela é ou foi implantada.
Conclusão – 4.º § Por todos esses aspectos, percebemos o quanto
Expressão inicial que é difícil nos posicionarmos categoricamente contra ou
remete para o que foi dito a favor da implantação da pena de morte. (expressão
nos parágrafos anteriores inicial) Enquanto esse problema é motivo de debates,
+ afirmação da dificuldade só nos resta esperar que a lei consiga atingir os infra-
em chegar a uma conclu- tores com justiça e eficiência, independentemente da
são definitiva ou posiciona- sua situação socioeconómica. Isso se faz necessário
mento pessoal + observa- para defender os direitos de cada cidadão das mais
ção final diversas formas de agressão das quais é hoje vítima
constante. (observação final)

Recursos
1. Argumentação (em sentido lato): apresentação de uma tese e de um conjunto de
argumentos (provas) interligados ou processo de análise por raciocínio lógico (cons-
trução de relações de causa e efeito/consequência, de analogia, de oposição, entre
outras), com o objetivo de demonstrar a tese e levar o ouvinte/leitor a aceitar o ponto
de vista defendido, intervindo, assim, nas opiniões, atitudes ou comportamentos do
ouvinte/leitor.
• Argumento: procedimento linguístico que tem a função de convencer, persuadir, in-
fluenciar.
‒‒ São declarações que servem de suporte ou prova (evidências, razões) a outras
declarações.
‒‒ Numa sequência, qualquer declaração pode adquirir o estatuto linguístico de argu-
mento ou de conclusão, dependendo da relação que o locutor/escrevente estabe-
lece entre eles.
‒‒ Não se confunde com a opinião que precisa de ser fundamentada nem com o insul-
to que revela falta de argumentos.
‒‒ Somente a partir de dados fiáveis e suficientes é que se pode fazer uma generali-
zação.
• Direção do argumento:
‒‒ a favor: exprime concordância (é verdade, é certo, é evidente, é possível que...)
‒‒ contra: contesta, refuta a validade de uma afirmação ou opinião.
‒‒ parcial: considera certos aspetos, fatores ou circunstâncias (é possível que, em
certos casos, tenha razão; em parte, talvez, tenha razão).

206 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Tipos de argumentos
a) Evidências
• Factuais/científicos (muitas vezes designado de evidência, prova concreta) – algo
que acontece ou resulta de estudo científico: Ele está sempre perto de mim.
• Exemplo – caso particular, real ou fictício, típico ou representativo de uma situação:
Ele preocupa-se tanto comigo que me telefona todas as semanas.
• Ilustração – narra em detalhe e com pormenores de descrição um facto verdadeiro
ou fictício: No ano passado esteve um mês fora em trabalho. Foi para Lisboa fazer
um estágio. E passou a telefonar-me uma vez por semana.
• Dados estatísticos: tabelas, números, mapas...
• Testemunho – facto apresentado por autoridade ou terceiros (testemunhas): F tes-
temunha que ele lhe telefona X vezes durante a manhã e X durante a tarde...
b) Outros
• Autoridade – citação da opinião de alguma pessoa (autor, pesquisador, especia-
lista), entidade, obra ou documento (leis ou outros) ou instituição, com prestígio e
ligado ao tema.
• Consensuais – verdades e princípios universais de aceitação generalizada e apre-
sentados sob forma de raciocínio reduzido: Em toda a parte considera-se que...
‒‒ Como têm baixo grau de informatividade, devem ser aproveitados apenas como
ponto de partida para a argumentação.
‒‒ Distinguem-se do argumento baseado no senso comum que apresenta lugares
comuns, ou seja, juízos de valor, de fundo preconceituoso e sem comprovação
científica e que devem ser evitados.
• Experiência pessoal – experiências vividas, sobretudo se reiteradas: Comprovei
repetidas vezes
• Semelhança com algo que é bem aceite
• Como desenvolver a argumentação?
1.º Escolher o tema (futebol, por exemplo)
2.º Colocar problemas sobre o tema, recomendando-se usar perguntas (O calen-
dário de futebol é o mais adequado ao país? O que pode ser feito para garantir
isenção na escolha dos árbitros? O que se pode fazer para pôr fim ao doping no
futebol?)
3.º Escolher um problema: O que se pode fazer para pôr fim ao doping no futebol?
4.º Formular hipóteses, ou seja, possíveis respostas para o problema colocado
‒‒ Hipótese 1: Para pôr fim ao doping no futebol não se deve exigir tanto dos fute-
bolistas.
‒‒ Hipótese 2: Para pôr fim ao doping no futebol deve-se apertar o controlo.
‒‒ Hipótese 3: Para pôr fim ao doping no futebol deve-se punir exemplarmente os
infratores.
‒‒ Etc.
5.º Escolher a melhor delas, que passa a ser a tese (uma declaração que admite
divergência e, portanto, argumentável).
6.º Construir a argumentação, mediante a estrutura típica da argumentação informal:
i) sustentação: defender a hipótese escolhida (tese), formulando os argumentos
a favor, fazendo à tese a pergunta: por quê? ii) refutação: contradizer uma tese,

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 207


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

com a qual não se concorda. O procedimento pode ser: (a) refutação defensiva
que consiste em contradizer a tese, demostrando que os argumentos que a sus-
tentam (favoráveis) não têm consistência (frágeis, pouco sérios, viciados); e (b)
refutação ofensiva que consiste em defender o contrário da tese que se está a
refutar; iii) contra-argumentação: tratar a tese contrária, refutando os argumentos
contrários à própria tese, usando-os a favor da tese que se pretende defender e,
assim, antecipar o leitor; iv) negociação: incorporar o ponto de vista ou tese de
outra pessoa, enfraquecendo a argumentação alheia.
2. Linguagem
• Índices específicos de coesão e coerência:
• Articuladores argumentativos (locuções conjuntivas e advérbios e locuções adver-
biais) que: i) introduzem os argumentos: já que, pois, como, dado que, etc.; mais
fortes (e até, mesmo, até mesmo, inclusive, etc.); menos forte (nem mesmo); dei-
xam perceber que há outros mais fortes (ao menos, pelo menos, no mínimo etc.);
somam argumentos (e, também, ainda, nem, não só...mas também, tanto...como,
além de..., além disso, a par de...aliás, etc.); e ii) introduzem a conclusão (logo,
assim, portanto, por conseguinte, desse modo, dessa forma, de forma que, assim,
sendo assim, diante disso, dado o exposto, em virtude dos argumentos apresen-
tados, levando-se em conta o que foi observado, nesse sentido, por tudo isso, por
consequência, etc.).
• Articuladores que indicam a ordenação dos argumentos: em primeiro lugar, em
segundo lugar, a seguir, por último, finalmente, etc.
• Conectores que indicam as seguintes relações lógicas: causal, condicional, com-
parativa, concessiva, etc.
• Tempo e modos verbais que indicam atualidade e factualidade: presente e imper-
feito do indicativo.
• Atos de fala para: exprimir opinião, provar, demonstrar, convencer, persuadir, justi-
ficar, conceder ou refutar pontos de vista.
• Pessoas gramaticais: predomínio da 3ª pessoa dos verbos e pronomes, para cons-
truir um efeito de impessoalidade.
• Vocabulário: rico e preciso
• Verbos: que indicam relações de causa e efeito (causar, provocar, originar, ocasio-
nar, suscitar, motivar, etc.); e valores modais (querer, dever, ser preciso,...) ; verbos
para relatar discurso (afirmar, declarar, considerar, alegar, etc.)
• Modalizadores: para a expressão de opinião (crer e parecer, duvidar, achar,...)
• Qualidade da linguagem: sóbria, objetiva, modalizada, de acordo com a variedade
padrão e registo formal.

208 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Procedimentos de redação
1.º Preparação/planificação
a) Formular a tese, produzindo um enunciado que exprima a ideia principal que
se quer defender, ou
b) Elaborar uma lista de teses para, depois, escolher uma, realizando as seguintes
operações: i) reagrupar as teses em três categorias (ideias idênticas, ideias
claramente opostas, ideias mais completas e com que mais se identifica); ii)
avaliar a importância de cada tese e o seu grau de adesão a cada uma (da
menos importante para a mais importante); iii) escolher a sua tese, recusando
as outras
c) Definir o fim a que se destina
d) Definir o destinatário previsto, como uma pessoa concreta a quem se vai
persuadir e adequar o seu discurso e antecipar as objeções que ele vai levantar
e) Mobilizar os conhecimentos disponíveis /pesquisar e tratar a informação sobre
o tema
f) Identificar, nas informações, de modo imparcial, os argumentos favoráveis à
tese que se pretende defender
g) Identificar, nas informações, de modo imparcial, os argumentos desfavoráveis
à tese que se pretende defender
h) Formular os argumentos (determinar como a questão pode ser analisada):
que argumentos usar para defender a tese adotada e que argumentos usar
para contradizer os argumentos desfavoráveis, prevendo ou antecipando as
possíveis objeções do leitor
i) Registar argumentos próprios que exprimem a opinião sobre o tema
j) Selecionar, de entre os argumentos e contra argumentos registados, aqueles
que farão parte do desenvolvimento
k) Fazer um esquema do percurso argumentativo a seguir, decidindo sobre: i) que
aspetos do tema abordar, os momentos para introduzir os argumentos e contra-
argumentos; ii) em que ordem devem ser apresentados e iii) como o leitor será
conduzido para a conclusão (a forma de raciocínio)
l) Refletir e decidir sobre o que se vai escrever na introdução, de modo a favorecer
a compreensão do que será tratado por parte do leitor e sobre a melhor forma
de concluir o texto
m) Refletir e decidir sobre o que se vai escrever na conclusão e o procedimento a
adotar
2.º Redação
a) Redigir a totalidade do texto, sustentando a tese por meio dos recursos
argumentativos e de coesão adequados, considerando a situação e o
destinatário e cuidando da linguagem
b) Dar um título ao texto
3.º Revisão: proceder à releitura do texto escrito na etapa anterior, considerando as
decisões anteriores, avaliando o sucesso ou fracasso da argumentação, e proce-
der a eventuais reformulações

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 209


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

4.º Edição: passar a limpo


Erros a evitar
• Apresentar opiniões em vez de provas ou apresentar provas falsas
• Empregar argumentos consensuais ou lugares comuns em vez de argumentos
consistentes
• Apresentar argumentos que não se relacionam com a tese
• Apresentar argumentos que não apoiam a conclusão
• Não contra-argumentar, refutando as previsíveis objeções do leitor à tese defen-
dida
• Não refutar tese(s) contrária(s) à tese defendida
• Generalizar, ou seja, transferir uma dada característica para todos os elementos
de uma classe, sem dados suficientes
• Confundir a ideia com o autor, seja atacando o autor para dizer que a ideia não
tem valor, seja justificando uma ideia com o apoio de um especialista ou pessoa
importante fora da especialidade em que o tema se insere
• Confundir causa e efeito ou tomar uma circunstância como causa
• Não realçar a progressão do raciocínio

5.2. Aprofundando os procedimentos de argumentação


i) Realiza as atividades indicadas no Texto de apoio 3.5.1. Processo de
argumentação, abaixo, seguindo as instruções. De preferência, trabalha com
um grupo de colegas (3 a 5 pessoas), para poderem confrontar ideias e aprender
uns com os outros.

Texto de apoio 3.5.1. Processo de argumentação

1. Discute e formula uma tese para cada um dos seguintes temas1:


1.1. Lugares de diversão abertos até às seis da manhã?
1.2. Os jovens e a violência.
1.3. A música na vida dos jovens.
2. Lê atentamente a conversa entre Anita e Bárbara2. Achas que a Anita consegue
provar o que afirma? Justifica.

1. Extraídos de Rei, 1995:97, com adaptações


2. Diálogo extraído de Krause et al., 1982:113, de onde foram extraídos o desenvolvimento e as atividades
bem como as propostas de resolução, com adaptações: atividade 3, 4, 5, 6. 7.1, 7.2., 7.3. e 7.4, Pp.114;
124; 115-116; 134; 142-143; 152-153; e 162, respetivamente, às vezes com adaptações.

210 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Anita – Definitivamente, aquele sujeitinho não presta!


Bárbara – Mas por que a senhora está a dizer isso?
Anita – Ora, ele não presta porque não presta.
Bárbara – Sim, mas o que a faz pensar assim?
Anita – Eu não gosto dele. Este é um motivo mais do que suficiente.
Bárbara – Mas por que a senhora não gosta dele?
Anita – Porque ele não presta.

3. Para cada série de provas, tira uma conclusão possível.

Exemplo:
No local do crime está um casaco.
O casaco é n.º 48.
A vítima usa n.º 40.
Conclusão: O casaco não é da vítima.

a) Estou com fome.


• Tenho pouco dinheiro.
• Na rua há um restaurante caro e um botequim barato.
b) Segunda-feira há prova de Matemática.
• Quero estudar Matemática.
• O meu livro de Matemática está com a Joana.
• A casa da Joana fica perto da minha.
c) Geraldo é recém-formado.
• Geraldo reclama das condições de trabalho.
• O chefe de pessoal disse, há algum tempo, que não admitia reclamações de
recém-formados.
4. Considera as teses abaixo e encontra, para cada uma, três ou quatro provas
que as sustentem:

Exemplo: O fumo faz mal à saúde.


• Os fumadores têm menos fôlego do que os não-fumadores.
• Os fumadores são mais atacados por doenças pulmonares do que os não-fu-
madores.
• Há, nos fumadores, maior incidência de cancro pulmonar do que nos não-fu-
madores.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 211


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

a) O ser humano não pode passar vinte dias sem água.


b) A terra é redonda.
c) A união faz a força.

5. Considera as sequências textuais abaixo, e levanta o esquema da argumenta-


ção, identificando a tese e os argumentos.

Exemplo:
A tua mãe não gosta de mim. Ontem, ela torceu a cara quando me viu che-
gar, e foi para a cozinha. Na hora do almoço, serviu toda a gente antes de mim.
Como se não bastasse, despediu-se secamente: “ – Até segunda.” Isto não seria
nada demais, se hoje não fosse terça-feira.
Tese: A tua mãe não gosta de mim.
Provas:
• Quando me viu chegar, torceu a cara e foi para a cozinha.
• Na hora do almoço, serviu-me em último lugar.
• Despediu-se secamente: “ – Até segunda.” Hoje é terça-feira.

a) “Estou ao teu lado já há dois anos. Sempre procurei alegrar-te quando te mostravas
triste. Foste sempre o primeiro a saber dos meus problemas e das minhas dúvidas.
Essas razões não bastam para te mostrar que sempre fui tua amiga?”
b) “Considerando o testemunho autorizado do perito criminal; considerando os
depoimentos dos parentes da vítima e dos vizinhos, aqui prestados sob juramentos;
considerando que o álibi apresentado pelo réu tornou-se sem efeito, já que foi visto
na hora do crime a trinta quilómetros de onde disse haver estado, e a duzentos
metros da residência da vítima; considerando que o réu se contradisse três vezes
nos seus depoimentos, considerando, em conjunto, todas essas evidências, este
tribunal concluiu pela culpabilidade de António Carlos Fernandes.”
6. Desenvolve a tua capacidade de contra-argumentação, listando para cada uma
das teses que se opõem, um número suficiente e idêntico de provas:
Exemplo:

Foi positivo o homem ter ido à Foi negativo o homem ter ido à lua.
lua.
• desenvolveu a ciência das comunica- • a lua não tem riquezas minerais
ções • afastou a atenção de problemas mais
• desenvolveu as ciências médicas urgentes, como a fome e a poluição
• representou um trampolim para a • o projeto espacial provocou um corte
descoberta de novos mundos na verba destinada à agricultura

a) As mulheres devem trabalhar fora./ As mulheres não devem trabalhar fora.


b) A energia nuclear é benéfica./ A energia nuclear não é benéfica.
c) É importante ler muito./ Não é importante ler muito.

212 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

7. Observa os seguintes textos, exemplos de tipos de argumentação inadequada.


Esquematiza os argumentos. Mostra falhas.
7.1. Exemplos
a) Veja esse chapéu, meu caro. O seu proprietário é certamente um intelectual.
O chapéu é muito grande; ora, proprietários de grandes chapéus têm grandes
cabeças. E pessoas de grandes cabeças têm cérebros grandes. Daí, não é
difícil perceber que pessoas de cérebros grandes são intelectuais. E se conclui
o que eu disse no princípio.
b) Senhor professor, eu sei que o senhor é humano. Está certo que o meu filho
tirou nota baixa, mas ele precisa passar. Esse menino está a viver problemas
terríveis: o pai está doente, o irmão virou criminoso, a irmã fugiu de casa, uma
tragédia. Se ele for reprovado, ficará traumatizado para o resto da vida, senhor
professor.
c) Meritíssimo, senhores jurados, senhor promotor: o meu cliente não pode ser
acusado deste crime. O meu cliente é um pai extremoso, marido exemplar,
trabalhador honesto, cidadão cumpridor dos seus deveres. Acredito nos seus
bons sentimentos e na sua consciência comunitária; justamente por isso,
ser-me-á surpreendente ver este pobre coitado não ser absolvido. Creio que
entenderão a armadilha pregada pelo destino, e a caridade de cada um falará
mais alto.
7.2. Exemplos
a) Os brasileiros são preguiçosos, como a maioria dos latino-americanos. Pode-
se provar isso pelo estranho hábito de dormir após o almoço.
b) Os meteorologistas sempre erram. Hoje, anunciaram no jornal que ia chover. E
está este sol brilhante.
7.3. Exemplos
a) O senhor não tem autoridade moral para defender a natureza. Os seus
antepassados e os seus pais foram os que iniciaram a devastação
contemporânea.
b) Qual é a desse jornalista? Ele não é professor, e portanto, não tem a menor
competência para criticar o ensino do Português.
7.4. Exemplos
a) Todas as pessoas de mais de 50 anos gostam de tango. O João gosta de tango,
o que significa que o João tem mais de 50 anos.
b) Repare como todo o professor lê Jean Piaget. O nosso novo amigo diz ser mero
estudante de Eletrónica. No entanto, já o vi a ler Piaget. Ele deve estar nos
enganando: acho que ele é professor.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 213


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

ii) Compara os teus resultados, com os que te são apresentados abaixo, na Solução
N.º 1.
iii) Reflete sobre as diferenças, voltando à Ficha informativa 3.5.1. Texto
argumentativo, sempre que necessário, e tira as tuas próprias conclusões.
5.3. Redação orientada de um texto argumentativo, seguindo todas as eta-
pas do processo de escrita
i) Considera os três temas polémicos1 que te são apresentados a seguir. Escolhe um
deles para redigires um texto argumentativo.
• Legalização do aborto
• Modernização da agricultura pelo aumento dos processos de mecanização
• O controlo da natalidade nos países subdesenvolvidos
ii) Volta a reler a Ficha informativa 3.5.1. Texto argumentativo, com especial
atenção nos procedimentos de redação e nos erros a evitar
iii) Prepara a redação do um texto argumentativo sobre o tema que escolheste.
Lembra-te de que, após a escolha do tema, deves:
‒‒Mobilizar as informações sobre ele
‒‒Formular a tese
‒‒Formular os argumentos e contra-argumentos (determinar como a questão
pode ser analisada, que argumentos usar para defender a tese e refutar outras
hipóteses)
‒‒Elaborar o plano, optando por uma via de análise, decidindo sobre os momen-
tos para introduzir os argumentos e em que ordem.
iv) Revê o processo de planificação, usando a Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo.

1 Temas e textos extraídos de Granatic, 1996:93-98, com adaptações.

214 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Defini o fim a que se destina o meu texto e o(s) destinatário(s)?

2. Formulei a tese, produzindo um enunciado que exprime a ideia


principal que pretendo defender de modo afirmativo, bem definida
e de forma clara?
3. Trouxe à memória o que sabia sobre o tema e/ou fui investigar
sobre ele?
4. Identifiquei, nas informações disponíveis, de modo imparcial, os
argumentos favoráveis e desfavoráveis à tese formulada?
5. Formulei os meus próprios argumentos e contra argumentos?

6. Selecionei argumentos pertinentes, suficientes e relevantes?

7. Decidi sobre a ordem de apresentação dos argumentos selecio-


nados?
8. Refleti e decidi sobre o conteúdo da introdução e da conclusão?

9. Atribui um título adequado e atrativo ao texto para estimular a sua


leitura?

Ao redigir, procurei: SIM NÃO


10. Seguir a ordem de apresentação dos argumentos que defini na
preparação?
11. Adotar marcas gráficas como: títulos e subtítulos, sublinhado, itá-
lico e tipos de grafia diferente?
12. Construir uma introdução adequada ao tipo de texto?

13. Distribuir os argumentos de forma coerente?

14. Apresentar os argumentos de forma organizada/progressiva?

15. Apresentar cada ideia nova num parágrafo?

16. Construir parágrafos que desenvolvem um argumento de modo


consistente?
17. Usar recursos, factos, exemplos, citações, testemunhos e dados
estatísticos para provar a minha tese?

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:152-162; Koch, 2011:72, 154; Neves, e Oliveira,
2001:111-143; Platão e Fiorin, 2009:281-301; Abreu, 2006:47-48; 52-53; Koch, 2006:146-149; Granatic,
1996:76-80, 94-98; Garcia, 1992:370-381; Rei, 1995:88-99.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 215


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

18. Evitar usar lugares comuns e argumentos consensuais?

19. Escolher com cuidado os articuladores argumentativos para in-


troduzir os argumentos, indicar a sua ordenação e a conclusão?
20. Optar por conectores que indicam as seguintes relações lógicas:
causal, condicional, comparativa, concessiva, etc. ?
21. Selecionar o presente e o imperfeito do indicativo?

22. Usar atos de fala para exprimir opinião, provar, demonstrar, con-
vencer, persuadir, justificar, conceder ou refutar pontos de vista?
23. Construir um texto impessoal, preferindo a 3.ª pessoa dos verbos
e pronomes?
24. Recorrer a verbos para relatar discurso e a verbos que indicam
relações de causa e efeito e valores modais?
25. Apresentar os meus argumentos sem parecer autoritário, moda-
lizando as minhas afirmações?
26. Manter a continuidade temática do texto?

27. Garantir a progressão das ideias/informações?

28. Evitar ideias contraditórias?

29. Fechar o texto com uma conclusão adequada?

30. Atribuir um título adequado e atrativo ao texto para estimular a


sua leitura?

Na revisão, verifiquei se: SIM NÃO


31. Cumpri as orientações anteriores?

32. Respeitei o objetivo previsto?

33. O texto pode ser lido de forma fluente?

34. A argumentação é clara e consistente e pode despertar a adesão


do leitor?
35. Utilizei vocabulário adequado?

36. A linguagem é adequada ao contexto e ao destinatário?

37. As citações estão destacadas entre aspas e referenciadas?

38. As frases e os períodos são longos?

39. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que


as exigem?

216 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

40. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo,


de acordo com os contextos?
41. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

v) Usando essa ficha como instrumento de apoio, procede à redação do texto.


vi) Faz a revisão do texto que escreveste, com auxílio da Grelha autocorretiva 3.5.1.
Texto argumentativo.

Grelha autocorretiva 3.5.1. Texto argumentativo1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão?

2. Na introdução apresenta-se o problema e a tese?

3. A tese é clara e acessível ao destinatário?

4. O desenvolvimento fundamenta a tese com argumentos?

5. Os argumentos são suficientes para defender a tese e convencer


o leitor?
6. Existem generalizações inadequadas?

7. Deteta-se confusões entre ideia e autor ou entre causa e conse-


quência ou causa e motivo?
8. Existem circunstâncias tomadas como causa?

9. São apresentados lugares comuns e argumentos consensuais?

10. São apresentados contra-argumentos?

11. Os contra-argumentos estão bem desenvolvidos e são claros e


consistentes?
12. A conclusão é congruente com o desenvolvimento?

13. A forma da conclusão é adequada ao tipo de texto, à introdução e


ao estilo do desenvolvimento?
14. Há presença de parágrafos?

15. O título reflete o conteúdo global do texto?

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Silva, 2012:152-162; Koch, 2011:72, 154; Neves, e Oliveira,
2001:111-143; Platão e Fiorin, 2009:281-301; Abreu, 2006:47-48; 52-53; Koch, 2006:146-149; Granatic,
1996:76-80, 94-98; Garcia, 1992:370-381; Rei, 1995:88-99.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 217


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

16. O título é fácil de compreender?

17. O título está suficientemente atraente para despertar a curiosida-


de dos leitores?
18. Todas as palavras do título são realmente necessárias?

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO


19. A ordenação dos argumentos é adequada?
20. São apresentados argumentos que não se relacionam com a tese?
21. São apresentados argumentos que não apoiam a conclusão?
22. O texto tem um fio condutor?
23. O texto apresenta ruturas e omissões que comprometem a sua
compreensão?
24. O texto apresenta ideias que se contradizem?
25. Cada parágrafo corresponde a um argumento?
26. Os parágrafos começam com um tópico que contém a ideia prin-
cipal?
27. Identifica-se, no parágrafo, o tipo de tópico?
28. Reconhece-se o tipo de desenvolvimento do parágrafo?
29. As palavras ou expressões que introduzem os argumentos e os
contra-argumentos são adequados e dão conta da força dos argu-
mentos?
30. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?
31. Existe coerência entre os tempos e modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


32. O registo de língua é cuidado ou culto, atendendo à forma de tra-
tamento, ao vocabulário e à construção frásica?
33. A modalização é adequada à situação/contexto?
34. As frases estão bem formuladas/estruturadas?
35. Não contém erros ortográficos, de translineação e de acentuação?

APRESENTAÇÃO SIM NÃO


36. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
37. A apresentação gráfica está valorizada através de: títulos e subtítu-
los, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinhados, ilustrações, etc. ?
AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO
38. O texto pode ser melhorado?

218 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

vii) Faz as alterações necessárias. Passa-o a limpo.


viii) Compara a tua versão, com a que te é apresentada na Solução N.º 2. Reflete e
tira conclusões.
ix) Para praticares mais a redação deste tipo de texto, procede do mesmo modo
relativamente aos outros temas. No fim compara os teus textos com as versões
que te são apresentadas também na Solução N.º 2. Reflete e tira conclusões.

6. Prática da língua1
6.1. Lê e compara os textos a seguir quanto à consistência dos argumen-
tos que apresentam. Cf. Solução N.º 3.

Texto 1 Texto 2
No mundo de hoje, chamado A violência é gerada principal-
de “moderno”, o meio ambiente tem mente pelo facto de a maioria da
sido desprezado pelo ser humano, população não ter onde morar e às
que só pensa em bens materiais. vezes o que comer, a partir disso, o
Se for necessário destruir todo um miserável vai ser obrigado a roubar
ecossistema para fazer um prédio onde começa a violência.
e ganhar dinheiro, isso com certeza
Aluno do 3.º ano do ensino médio
acontecerá.
Aluno do 1.º ano do ensino médio

6.2. O texto que se segue, produzido a partir do tema Preservação do meio


ambiente e progresso, apresenta problemas de diferentes tipos. Identifi-
ca-os e reformula o texto. Cf. Solução N.º 4.

1. Propostas de atividades 1 e 2, alguns textos e soluções extraídos de Cereja e Magalhães, 2005:369-370;


352; e 346, algumas vezes com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 219


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

O casamento perfeito
Progredir e preservar o que é isto?
Para muitos, são apenas duas das milhares de palavras, que constam do
vocabulário português.
Enganam-se porém, pois muito mais do que duas meras e simples palavras,
são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano.
Fundamentais por quê? Muitos se perguntam.
Porque apenas a preservação do meio ambiente, sem o progresso não
adiantaria nada, pois se isso tivesse acontecido, viveríamos ainda como “Adão e
Eva”. Ao mesmo tempo, o progresso desenfreado sem a companhia da preser-
vação do meio ambiente, seria outro fator negativo, pois com o tempo todos nós
acabaríamos morrendo com a tamanha poluição que se formaria com o passar
do tempo.
Para progredirmos é necessário vivermos.
Pensando apenas na vida da natureza, muitos ecologistas se esquecem que
é preciso haver o progresso para haver a vida humana. Do mesmo modo, muitos
empresários, pensando apenas no progresso, se esquecem que é preciso haver
a vida humana para haver o progresso.
Agora unidos, ecologistas e empresários realizariam um casamento perfeito
e os frutos desse casamento seriam um mundo progredido e preservado.
Aluno do 3.º ano do ensino médio

6.3. Redige um texto argumentativo sobre a SIDA.


i) Primeiro, lê o painel de textos1 que se segue, sobre o tema.

1. Disponível em: https://stopsida.blogs.sapo.cv/9214.html Acedido em: 12 de dezembro de 2016.

220 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Dia mundial da luta contra a SIDA: Prossegue a caminhada rumo ao Zero


30 Novembro 2012
Segundo dados avançados pela ONUSIDA, tem-se verificado uma redução
de mais de 50 por cento na taxa de novas infecções por VIH em 25 países de
baixo e médio rendimento – mais de metade desses países estão situados em
África, a região mais afectada pelo VIH.
Além dos resultados na prevenção do vírus, a África Subsaariana tem redu-
zido mortes relacionadas com a SIDA em um terço nos últimos seis anos e tendo
aumentado o número de pessoas em tratamento antirretroviral em 59 por cento
nos últimos dois anos.
Nalguns dos países que têm a maior prevalência de VIH no mundo, as taxas
das novas infecções pelo VIH foram reduzidas drasticamente desde 2001: 73
por cento no Malawi, 71 por cento no Botsuana, 68 por cento na Namíbia, 58 por
cento na Zâmbia, 50 por cento no Zimbabué e 41 por cento na África do Sul e
Suazilândia.
Segundo a ONUSIDA, a África do Sul aumentou o tratamento do VIH em 75
por cento nos últimos dois anos, garantindo que 1,7 milhões de pessoas tives-
sem acesso ao tratamento com antirretrovirais.
Rumo ao zero nas novas infecções em crianças
A área onde está a ser alcançado o maior progresso é, possivelmente, a
redução das novas infecções por VIH em crianças. Diminuíram 24 por cento nos
dois últimos anos, segundo dados divulgados no site da ONUSIDA.
Metade das reduções globais de novas infecções pelo VIH nos últimos dois
anos tem sido entre as crianças recém-nascidas. “Está a tornar-se evidente que
a obtenção de zero novas infecções por VIH em crianças é possível”, afirmou
Michel Sidibé, secretário executivo da ONUSIDA.
Menos mortes relacionadas a SIDA
O relatório da ONUSIDA mostra que a terapia antirretroviral tem servido para
salvar vidas. Nos últimos 24 meses o número de pessoas com acesso ao tra-
tamento aumentou em 63 por cento globalmente. Já na África subsaariana, um
recorde de 2,3 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento. China aumen-
tou em cerca de 50 por cento o número de pessoas em tratamento de VIH, no
ano passado.
As maiores quedas de mortes relacionadas a SIDA aconteceram em países
como a África do Sul onde houve 100 000 mortes a menos; no Zimbabué, menos
de 90 000 pessoas a morrerem de causas relacionadas com o VIH/SIDA, bem
como o Quênia e a Etiópia .

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 221


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

Acesso e uso estratégico de antirretrovirais


Enquanto os países redobram os seus esforços para oferecer antirretrovirais
a todos aqueles que precisam deles, há evidências, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), de que uma utilização mais ampla, mais estratégica
destes medicamentos pode trazer novos benefícios. A OMS avança que estudos
demonstram que os mesmos medicamentos usados para salvar vidas e manter
as pessoas saudáveis também podem impedir as pessoas de transmitir o VIH a
parceiros sexuais e às crianças através de mãe para filho.
No início deste ano, a OMS divulgou novas diretrizes para o tratamento de
pessoas com VIH que têm parceiros não infectados. A Organização recomenda
agora oferecer antirretrovirais aos parceiros dos portadores de VIH, de modo a
reduzir a probabilidade de transmissão de VIH para o parceiro não infectado.
Alguns países já estão a considerar oferecer a todas as mulheres grávidas
com VIH um tratamento antirretroviral para a vida.
A OMS está atualmente a rever as novas pesquisas científicas e experiên-
cias dos países, a fim de publicar uma orientação atualizada e consolidada sobre
o uso de antirretrovirais, em meados de 2013.
Rumo ao Zero é o lema do programa global adoptado pela ONUSIDA para o
período de 2011 a 2015.

Até 2010: Cabo Verde com 3.299 casos acumulados


01 Dezembro 2011
Em 2010, foram registados 411 casos novos de seropositivos em Cabo Ver-
de, mais 92 casos em relação a 2009 (319 novos casos de infecção detectados),
no mesmo período foram efectuados mais de 20 mil testes. O número de casos
de VIH/SIDA acumulados até 2010 é de 3.299, com 727 óbitos.
A taxa de prevalência do vírus a nível nacional é de 0,8 por cento, mas exis-
tem dois subgrupos considerados de maior risco e que apresentam, em 2010,
valores muito superiores ao referido. É o caso dos Profissionais Trabalhadores
do Sexo – 5,3 por cento e dos Usuários de Droga – 3,6 por cento.
O principal modo de transmissão é a via sexual que representa mais de 80%
dos casos notificados. Previna-se.

222 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Como combater a SIDA


Como não existe ainda um medicamento ou vacina para a cura da SIDA, pre-
cisamos conhecer as formas de transmissão da doença e aprender como nos
prevenir.
As formas de transmissão do HIV são sexual, sanguínea e perinatal:
• relação sexual com pessoa infectada pelo HIV sem o uso da camisinha femini-
na ou masculina (sexo oral, sexo vaginal e sexo anal);
• sangue (e seus derivados) contaminados pelo HIV em transfusões;
• contacto com objetos pontiagudos e cortantes como agulhas, seringas e instru-
mentos com resíduos de sangue contaminado pelo HIV;
• seringa compartilhada por usuários de droga injetável;
• mãe infetada pelo HIV, que transmite o vírus para o filho durante a gravidez, o
parto ou a amamentação.
As formas de prevenção estão ligadas a práticas seguras, tais como:
• negociar e utilizar corretamente a camisinha em relações sexuais penetrativas;
• ter relações sexuais sem penetração;
• não compartilhar seringas e agulhas;
• utilizar seringas limpas, caso use drogas injetáveis.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 223


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

Um sentido para a educação sexual1


(...)
O Mundo virou uma grande feira de sexo, com explosão de adultério, divór-
cio, SIDA e outras doenças sexualmente transmissíveis, aborto, prostituição e
gravidez na adolescência. O fortalecimento da autoridade dos pais, conferida por
Deus e alimentada pela experiência, é uma exigência urgente que pode reverter
esse quadro.
Um programa de educação sexual nos moldes pretendidos não trará bene-
fício algum, pelo contrário, irá exacerbar a já muito forte sexualidade dos jovens
e direcioná-la para fins não legítimos. E qual é a solução? Certamente não será
um programa de educação sexual visando a prevenção de doenças ou de gravi-
dez como está sendo pretendido.
Um programa de educação sexual encontra a sua essência na proposta de
vida regida pela castidade. Não tenhamos medo desta palavra. Educar para o
amor é educar para a castidade, solução para uma vida de amor pleno. Praticar
sexo seguro é esperar até ao casamento, e viver o casamento na fidelidade. Por
isso, o valor da castidade nos planos religioso e psicológico deve ser ensinado
aos jovens. Todo o projeto de educação sexual deve ter como núcleo a castidade,
enfatizada na sua relação com o amor e apresentada em seu significado mais
profundo.
Maria Judith Sucupira da Costa Lins, Professora da Faculdade de Educação. O Globo, 23/7/2000

ii) Depois, reflete sobre as informações e o que já sabes sobre este assunto, procurando
responder às seguintes questões e outras mais que achares por bem: E tu, o que
pensas sobre a situação da doença e das formas de prevenção adotadas até agora?
O que mais pode ser feito? Concordas com a posição da educadora Mª. Judith
S. Costa Lins? Ou acreditas que são precisas novas políticas para combater a
propagação desta doença? Se for necessário, procura mais informações e toma
uma posição.
iii) Redige um texto argumentativo, usando a Ficha guia 3.5.1. Texto argumentativo.
iv) Concluído o texto, faz a sua revisão, servindo-te da Grelha autocorretiva 3.5.1.
Texto argumentativo e faz as alterações necessárias.
v) Passa-o a limpo.
vi) Reúne-te com um grupo de colegas e lê o texto para eles. Ouve as suas sugestões
e, se achares que fazem sentido, altera o que for necessário.
vii) Faz uma redação final e apresenta-o ao teu professor no atendimento ou coloca-o
no teu portefólio para ser lido por ele.

1. Extraído de Cereja e Magalhães, 2005:348, com adaptações.

224 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

7. Para saberes mais…


7.1. Leitura
Para aprofundares ainda mais os teus conhecimentos sobre o texto argumentati-
vo, sugerimos-te a leitura do seguinte texto:
REI, José E. Curso de Redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 88-99.
7.3. Trabalho autónomo
No dia a dia, mesmo numa simples conversa, a argumentação está sempre pre-
sente, pois estamos sempre a defender as nossas ideias e pontos de vista, argumen-
tando a favor delas e contra-argumentando para rejeitar as ideias dos outros.
No contexto académico, sequências argumentativas são solicitadas nas várias
unidades curriculares, para avaliar a capacidade de exposição e de argumentação,
seja em respostas de provas seja em trabalhos. Portanto, sugerimos-te que, no con-
texto das unidades curriculares, nas respostas às perguntas ou nos textos que escre-
ves, procures seguir os preceitos desse tipo de texto.
Para que escrevas cada vez melhor esse tipo de texto, também é importante
que, quando estudas o material das diferentes unidades curriculares, aproveites para
aprender com os outros: identificando a tese defendida pelos autores, delimitando
os argumentos que sustentam essas teses, distinguindo facto de opinião, e delinean-
do o percurso argumentativo desses textos e a sua conclusão.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 225


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Soluções

Solução N.º 1. Texto de apoio 3.5.1. Processo de argumentação

1. Teses para cada um dos seguintes temas1:


1.1. Os lugares de diversão devem ficar abertos até às seis da manhã./Os lugares
de diversão não devem ficar abertos até às seis da manhã.
1.2. Os jovens são os agentes fundamentais da violência urbana em Cabo Verde./
Os jovens são as principais vítimas da violência urbana em Cabo Verde.
1.3. São os jovens que estão a desenvolver a música em Cabo Verde./ Os jovens
estão a deturpar a música de Cabo Verde.
2. Resposta possível e justificação:
Não. Ela manifesta a sua opinião, mas não se apoia em factos para provar o que
afirma. A opinião dela é tão válida como: “Definitivamente, aquele homem é um grande
sujeito!” A opinião de uma pessoa sobre qualquer assunto só tem valor se for funda-
mentada em factos que a comprovem. As provas precisam de ser verdadeiras. A con-
clusão tem de estar baseada em provas.

3. Conclusões para cada série de provas:


a) Conclusão: Vou comer no botequim.
b) Conclusão: Vou buscar o meu livro de Matemática para estudar.
c) Conclusão: Geraldo vai ser despedido.

4. Provas que sustentam as teses:


a) O ser humano não pode passar vinte dias sem água.
• A água representa 70 a 90% do peso dos seres vivos.
• Todos os organismos perdem água diariamente.
• Essa água tem de ser reposta de modo a manter equilíbrio na quantidade de água
do organismo.
• Se não beberem água, os animais desidratam e podem morrer de sede em poucos
dias (quatro) por falta de água.
b) A terra é redonda.
• A força da gravidade puxa tudo para o seu centro.
• A Terra está sujeita à força da gravidade.
• Como a terra é um grande planeta (tem grande massa) a sua força da gravidade é
grande.
• Essa força foi, aos poucos, dando a forma arredondada à terra ao fazer com que
todos os pontos da sua superfície fiquem a uma mesma distância do centro.

1. Extraídos de Rei, 1995:97, com adaptações

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 227


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

c) A união faz a força.


• Individualmente somos fracos.
• Cada cabeça tem uma parcela de inteligência.
• Juntas, as fraquezas viram força.
• Juntas, as inteligências viram uma equipa.
• Equipas unidas por objetivos comuns obtêm melhores resultados do que indivíduos
ou grupos isolados.
• Desunidos, continuamos fracos e com uma parcela de inteligência.

5. Esquema da argumentação, identificando a tese e os argumentos das sequên-


cias textuais:
a) Solução:
Tese: Sempre fui tua amiga.
Provas:
• Estou ao teu lado já há dois anos.
• Sempre procurei alegrar-te quando te mostravas triste.
• Foste sempre o primeiro a saber dos meus problemas e das minhas dúvidas.
b) Solução
Tese: O réu António Carlos Fernandes é culpado do crime de que é acusado.
Provas:
• O testemunho autorizado do perito criminal.
• Depoimentos, prestados sob juramentos, dos parentes da vítima e dos vizinhos.
• O réu ter sido visto, na hora do crime, a trinta quilómetros de onde disse haver estado
e a duzentos metros da residência da vítima, pelo que o álibi apresentado por ele
tornou-se sem efeito.
• O réu contradisse-se três vezes.

6. Provas para as teses que se opõem:


a) Solução

As mulheres devem trabalhar fora. As mulheres não devem trabalhar fora.


• tornam-se menos dependentes dos • abandonam a casa e os filhos
parceiros • os trabalhos domésticos ficam entre-
• contribuem para a economia domés- gues a empregadas
tica • poupam o dinheiro que gastariam com a
• conhecem outras realidades contratação de empregadas domésticas
• ficam mais felizes e relacionam-se • os filhos são melhor educados
melhor com a família

228 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

b) Solução

A energia nuclear é benéfica. A energia nuclear não é benéfica.


• não causa efeito de estufa ou chuvas • a formação de resíduos nucleares peri-
ácidas gosos e a emissão causal de radiação
• é fácil de transportar como novo causa a poluição radioativa
combustível • é não renovável e o recurso para a sua
• permite aumentar a competitividade produção esgota-se
• embora cara, é mais barata que mui- • pode ser utilizada para fins bélicos,
tos outros, como o petróleo para a construção de armas nucleares
• é uma energia cara pois tanto o
investimento inicial, como a manutenção
são de elevados custos

c) Solução

É importante ler muito. Não é importante ler muito.


• a leitura estimula o bom funcionamento • a leitura pode ser substituída pela te-
da memória levisão
• melhora o vocabulário • a televisão e o cinema fazem o mesmo
• proporciona um conhecimento amplo e ou melhor papel que a leitura, melho-
diversificado sobre diversos assuntos rando o vocabulário
• a televisão proporciona um conheci-
mento amplo e diversificado sobre di-
versos assuntos

7. Falhas da argumentação:
7.1. Solução
a) Prova falsa: Pessoas de grandes cabeças têm cérebros grandes, pessoas de
cérebros grandes são intelectuais.
b) Provas que não apoiam a conclusão: Esse menino está a viver problemas
terríveis: o pai está doente, o irmão virou criminoso, a irmã fugiu de casa, uma
tragédia.
c) Provas que não apoiam a conclusão: O meu cliente é um pai extremoso, marido
exemplar, trabalhador honesto, cidadão cumpridor dos seus deveres. Acredito
nos seus bons sentimentos e na sua consciência comunitária.
7.2. São exemplos de generalizações, sem provas suficientes:
a) Os brasileiros são preguiçosos, como a maioria dos latino-americanos.
b) Os meteorologistas sempre erram.
7.3. Nesses exemplos, confunde-se a ideia e o autor:
a) O facto de os antepassados e os pais terem iniciado a devastação contemporâneas
não tira a autoridade moral do senhor defender a natureza.
b) O professor não é o único a ter competência para criticar o ensino do português.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 229


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

7.4. Este tipo de argumentação inadequada consiste na confusão entre causa e


efeito.
a) Solução
Causa: Porque o João gosta de tango e as pessoas de mais de 50 anos gostam
de tango. Efeito: O João tem mais de 50 anos.
Confusão: Não são apenas as pessoas com mais de 50 anos que gostam de
tango
b) Solução
Causa: Porque já viu o novo amigo ler Jean Piaget como todo o professor.
Efeito: O novo amigo não é estudante de Eletrónica, mas sim professor.
Confusão: Não são apenas os professores que leem Jean Piaget.

Solução N.º 2. Textos argumentativos referentes aos temas propostos

Legalização do aborto
Introdução Muito se discute sobre a legalização do aborto.
Desenvolvimento Considerando o grande número de abortos clandesti-
nos, sobretudo nas camadas mais desfavorecidas, a sua
legalização permitiria que as mulheres, ao optarem por
Aspetos favoráveis ele, fossem convenientemente assistidas em instituições
médicas adequadas.
De acordo com as conceções que norteiam a moral
da nossa sociedade, o aborto é encarado como um aten-
Aspetos contrários
tado à vida, que já se faz presente no momento da conce-
ção e da formação embrionária.
Considerando todos esses aspetos, seria melhor le-
Conclusão galizar o aborto pois a sua legalização não o torna obri-
gatório.

230 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Texto argumentativo SUBUNIDADE 3.5

Modernização da agricultura pelo aumento dos processos de mecanização


A modernização da agricultura pelo aumento dos pro-
Introdução cessos de mecanização é um tema muito discutido e que
desperta muita paixão.
Desenvolvimento A utilização dos processos modernos de mecaniza-
ção, especialmente nos grandes latifúndios, em muito co-
laboraria para o aumento da produtividade, melhorando
Aspetos favoráveis principalmente as condições para a exportação em larga
escala.
O aperfeiçoamento dos processos agrícolas, através
Aspetos contrários da mecanização, permite a substituição do homem pela
máquina, aumentando o desemprego na zona rural.
Tendo em vista que, não se deve continuar com uma
agricultura penosa, havendo que melhorar as condições
de trabalho dos agricultores para poder garantir o sus-
Conclusão
tento das populações, há que encontrar formas de criar
outros empregos na zona rural, através do agronegócio,
por exemplo.

O controlo da natalidade nos países subdesenvolvidos


O controlo da natalidade é de fundamental importân-
Introdução
cia nos países subdesenvolvidos.
Desenvolvimento Nos países onde grande parte da população vive
em estado de miséria absoluta, é imprescindível que o
governo possibilite às famílias carentes os mecanismos
Aspetos favoráveis necessários para a planificação da sua prole. Assim, os
pais, impedindo o crescimento exagerado de cada famí-
lia, teriam as melhores condições de subsistência.
Ao Estado cabe, em vez de tentar impor o controlo
da natalidade, criar condições satisfatórias de vida para
Aspetos contrários as famílias pobres que possuem um grande número de
filhos, principalmente em países de grande extensão ter-
ritorial e de áreas ainda não ocupadas.
Considerando que os Estados dos países subdesen-
volvidos não dispõem de muitos recursos, certamente
que a solução estará em eles informarem as pessoas
para que as famílias possam assumir uma posição fun-
Conclusão
damentada e voluntária, ao mesmo tempo que, na me-
dida das suas possibilidades, criam as condições para
a melhoria do atendimento das grávidas e das crianças
pequenas.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 231


SUBUNIDADE 3.5 Texto argumentativo

Solução N.º 3. Análise dos textos

A argumentação não é satisfatória em ambos os textos. O primeiro, ao uti-


lizar um argumento consensual, não acrescenta nada de novo. E o segundo,
apesar de estabelecer uma relação correta entre miséria e violência acaba por
usar uma argumentação de senso comum, fazendo afirmações genéricas, infun-
dadas e preconceituosas.

Solução N.º 4. Análise do texto O casamento perfeito

Análise:
O texto apresenta diferentes tipos de problemas:
1. Estruturação dos parágrafos: poderia conter apenas quatro parágrafos
2. Sérios problemas de progressão textual: é desenvolvido a partir de um único ar-
gumento – preservação do meio ambiente e progresso são fundamentais e devem
andar juntos – e, consequentemente, as ideias giram à volta desse argumento e,
assim, alcançam pouca profundidade
3. Pontuação e regência
Reformulação (alterando minimamente o texto):

O casamento perfeito
Progredir e preservar (vírgula) o que é isto? Para muitos, são apenas duas das
milhares de palavras, (vírgula desnecessária) que constam do vocabulário portu-
guês.
Enganam-se porém, pois muito mais do que duas meras e simples palavras,
são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano. Fundamentais por quê?
Muitos se perguntam.
Porque apenas a preservação do meio ambiente, sem o progresso (vírgula) não
adiantaria nada, pois se isso tivesse acontecido, viveríamos ainda como “Adão e
Eva”. Ao mesmo tempo, o progresso desenfreado sem a companhia da preservação
do meio ambiente, seria outro fator negativo, pois com o tempo (vírgula) todos nós
acabaríamos por morrer com a tamanha poluição que se formaria com o passar do
tempo. Para progredirmos (vírgula) é necessário vivermos.
Pensando apenas na vida da natureza, muitos ecologistas se esquecem (de)
que é preciso haver o progresso para haver a vida humana. Do mesmo modo, mui-
tos empresários, pensando apenas no progresso, se esquecem (de) que é preciso
haver a vida humana para haver o progresso.
Agora, unidos, ecologistas e empresários realizariam um casamento perfeito e
os frutos desse casamento seriam um mundo progredido e preservado.

232 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


UNIDADE 4
REESCRITA DE TEXTOS
Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

SUBUNIDADE 4.1. RESUMO E SUMÁRIO

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Esta subunidade – Resumo e sumário – faz parte da unidade Reescrita de textos,
que tem como finalidade aprenderes a escrever alguns dos textos que são escritos a
partir de outros: resumo, sumário, síntese, paráfrase e definição.
Com essa finalidade, o caminho que te propomos é, a partir de textos já estuda-
dos em Leitura, primeiro, perceberes as características do resumo e do sumário, de-
pois, praticares os procedimentos que são utilizados para os escrever, nomeadamente
os que permitem reduzir um texto e, finalmente, redigires estes tipos de textos com
recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados e com autonomia.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de:
• Selecionar as ideias fundamentais do texto a resumir, distinguindo-as das
acessórias;
• Utilizar, conscientemente, as regras de redução da informação: supressão, ou
eliminação (apagamento) generalização, integração e construção;
• Reescrever um texto, resumindo-o;
• Reescrever um texto, sumariando-o.

3. Conteúdos
1. Resumo e sumário
1.1. Definição
1.2. Condições de uso
1.3. Características: brevidade, rigor, objetividade, clareza, autossuficiência e ori-
ginalidade
1.4. Procedimentos de redução da informação: supressão, ou eliminação genera-
lização, integração e construção

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 235


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

4. Recursos
• Texto de apoio 4.1.1. Enunciados de tópicos de textos lidos
• Texto de apoio 4.1.2. Resumo do texto O cão
• Texto de apoio 4.1.3. Sumário do texto O cão
• Texto de apoio 4.1.4. Procedimentos de redução da informação
• Texto de apoio 4.1.5. Resumo e sumário do texto Linguagem obscena
• Ficha informativa 4.1.1. Resumo e sumário
• Ficha guia 4.1.1. Resumo
• Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo

5. Orientações para autoestudo


Segue os passos que te propomos abaixo, para poderes ter sucesso na elaboração
do resumo:

5.1. Leitura do texto


O primeiro passo para se redigir um bom resumo (e sumário) é compreender o
texto a ser resumido na sua totalidade bem como a sua organização, através de uma
boa leitura e estudo detalhado. Por isso, volta ao teu Livro de Leitura e revê todo o
processo de leitura dos textos O cão e Linguagem obscena, relembrando como se faz o
enunciado de tópicos de um texto. Os enunciados de tópicos desses textos estão no
Texto de apoio 4.1.1. Enunciados de tópicos de textos lidos.

236 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

Texto de apoio 4.1.1. Enunciados de tópicos de textos lidos


1
2

O cão1
• Por que o cão compreende?
‒‒ Devido ao hábito
‒‒ Não por aptidão para a linguagem conceptual
• Exprime distintamente o que sente (alegria, pena, cólera, …)
‒‒ Capacidade vocal rica
• Manifesta-se por atitudes corporais
‒‒ Manifestação através de atitudes corporais
• Movimentos da cauda (se a tem)
‒‒ Agito (contente, com vontade de brincar)
‒‒ Imobilidade e posição horizontal (inquieto, na expectativa)
‒‒ Caída (medo)
• Mímicas da fácies
‒‒ Orelhas erguidas e o olhar franco: alegre curiosidade
‒‒ Olhos turvos: angústia
‒‒ Bochechas arreganhadas: reações defensivas ou agressivas, etc.
‒‒ Dar a pata
• Estes comportamentos constituem formas de linguagem

Linguagem obscena2
• Palavrões para quê?
• Definição dos palavrões
• Os palavrões, forma de contestação
‒‒ Na infância
‒‒ Na adolescência
• Diferença entre linguagem obscena e gíria
• A linguagem obscena como obstáculo à comunicação

5.2. Observando e compreendendo o resumo: comparação do texto-fonte


com o resumo
i) Para aprofundares a tua compreensão das características de um resumo, lê o
resumo constante do Texto de apoio 4.1.2. Resumo do texto O cão, fazendo
por compreender como se dá a passagem do enunciado de tópicos para o texto
resumido. Para isso, responde às perguntas abaixo indicadas:
1. Texto de Yves Verbeek, Os grandes Enigmas do Mundo Animal. In: Gomes, 1982:76.
2. Texto e enunciado de tópicos extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:56 e 58.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 237


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

‒‒Qual a diferença fundamental entre o texto-resumo e o texto-fonte?


‒‒Existe diferença entre a sequência em que as ideias são apresentadas no texto-
-fonte e no texto-resumo?
‒‒Ocorreu mudança de estrutura na passagem de um texto para outro? Houve
mudança de tempos e pessoas?
‒‒Que mudanças ocorreram no vocabulário?

Texto de apoio 4.1.2. Resumo do texto O cão

Resumo do texto O cão de Yves Verbeek, Os grandes enigmas do mundo


animal

Elaborado por: F
O cão, devido ao hábito e não por ter aptidão para a linguagem conceptual,
é capaz de compreender o que lhe diz o homem e de se fazer compreender aos
outros.
Para além disso, o cão manifesta-se através de atitudes corporais: os mo-
vimentos da cauda, se a tem – confiança; agressividade, agita-a; inquietação,
na horizontal; medo, caída; da mímica do fácies: as orelhas erguidas e o olhar
franco (alegre curiosidade); olhos turvos (angústia); bochechas arreganhadas
(reações defensivas ou agressivas); e dar a pata.
Estes comportamentos constituem diversas formas de linguagem compreen-
síveis pelo homem e pelos cães.

ii) Identifica expressões e frases e ou períodos que foram substituídos por outros,
mais reduzidos, e como o autor do resumo terá procedido para o conseguir. Para
isso, volta a comparar os dois textos, verificando quando é que foram realizados
alguns dos procedimentos abaixo listados. Regista todos os levantamentos que
fizeres.
‒‒Apagou conteúdos que o leitor pode inferir facilmente a partir dos seus conhe-
cimentos?
‒‒Apagou sequências de expressões que indicam sinonímia ou explicação?
‒‒Apagou exemplos?
‒‒Apagou justificações de afirmação?
‒‒Apagou argumentos contra a posição do autor?
‒‒Reformulou informações, utilizando termos mais genéricos.
‒‒Conservou todas as informações, em alguns casos? Por que não terá procedido
como nas outras circunstâncias?

238 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

iii) Compara as tuas respostas com a Solução N.º 1 e tira as tuas próprias conclusões.
5.3. Observando e compreendendo o sumário
i) Lê o sumário produzido a partir do resumo do texto O cão e constante do Texto
de apoio 4.1.3. Sumário do texto O cão, comparando esses dois textos, e tirando
conclusões.

Texto de apoio 4.1.3. Sumário do texto O cão1

Sumário do texto O cão de Yves Verbeek, Os grandes enigmas do mundo


animal

Elaborado por: F
A força do hábito (e não uma aptidão para a linguagem conceptual) leva o
cão a compreender o que lhe dizem e a fazer-se compreender, manifestando-se
sobretudo através da cauda, da mímica facial e dando a pata.

ii) Para aprofundares a tua compreensão do sumário, estuda, na Ficha informativa


4.1.1. Resumo e sumário, a informação referente ao sumário. Enquanto estu-
das, vai relacionando essas informações com o texto-sumário que acabaste de ler
e as conclusões a que chegaste.

Ficha informativa 4.1.1. Resumo e sumário2

Resumo: texto produzido a partir de outro (reescrita) e que apresenta, de forma


sucinta, fiel, e na ordem do texto original, as ideias ou factos essenciais nele contidos,
mantendo as relações lógicas entre elas.
Sumário3: resumo do texto numa só frase
Condições de uso: exprimir de forma condensada a informação essencial contida
num texto
• Fazer resumos é um processo eficaz para compreender um dado assunto e também
um exercício fundamental para a transmissão das ideias de forma clara, breve,
rigorosa e original.
• Na vida profissional exige-se capacidade para comunicar com rapidez e eficiência,
portanto, aprender a resumir é aumentar as hipóteses de sucesso.
• O resumo é usado para fins diversos, e é essa finalidade que determina o seu tipo:
resumo indicativo ou descritivo (apenas os pontos principais), resumo informativo ou

1. Extraído de Gomes, 1982:77.


2. Elaborada, essencialmente, com base em: Medeiros, 2008:123-143; Nascimento e Pinto, 2006:143-
150; Abreu, 2006; Fernandes e Campos, 2005; Machado, 2004; Neves e Oliveira, 2001:44-46; Serafini,
1996:148-152; Rei, 1995:77-78; Amor, 1993:136-138; Benoit, 1991:26; Bastos & Fidalgo, 1990:25-30.
3. Este termo também é usado para referir a apresentação das divisões principais de um livro (índice) ou os
tópicos de uma exposição longa para situar os ouvintes (roteiro da exposição).

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 239


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

analítico (abarca mais informações), resumo crítico (resumo para ser publicado em
revistas especializadas, resenha).
Apresentação: no início do resumo, há uma indicação clara do título e do autor do
texto resumido
Características gerais
• Brevidade: os principais tópicos do texto são apresentados de forma abreviada,
devendo-se atender à extensão indicada ou à proporção do texto original/texto
resumo (não ultrapassar 1/3 do texto, quando não são indicados os limites).
• Rigor
‒‒ As ideias fundamentais do autor são reproduzidas com fidelidade, sem erros,
deturpações, omissões de ideias nucleares ou acrescento de outras
‒‒ A ordem em que as ideias são apresentadas e as relações entre elas devem ser
mantidas
‒‒ A estrutura e o tipo de enunciação (tempos e pessoas), bem como as articulações
lógicas devem ser respeitados
• Objetividade: o estilo deve ser neutro; o recurso a um estilo muito pessoal ou
excessivamente marcado pelo do autor pode levar a deturpar as ideias do texto-fonte.
• Clareza: os factos ou ideias fundamentais são apresentados numa linguagem clara,
isto é, sem qualquer confusão ou ambiguidade.
• Autossuficiência: o texto deve conter todos os elementos necessários para ser
compreendido por si mesmo, ou seja, mesmo por um leitor que não conhece o texto
original.
• Originalidade: o conteúdo é traduzido na linguagem própria de cada leitor (de um
modo pessoal), embora apenas transmita o ponto de vista do autor
‒‒ Podem ser usados os mesmos vocábulos do texto original. Contudo, devem ser
selecionados de modo a evitar a repetição e palavras inexpressivas ou supérfluas.
As palavras cultas podem ser substituídas por palavras comuns, embora se
conservem vocábulos técnicos ou científicos quando o assunto o exija
‒‒ É admissível apenas uma curta citação, entre aspas, que se destaca pelo seu
conteúdo e forma
‒‒ Deve-se transformar o discurso direto em indireto.

Procedimentos de redação
1.º Leitura do texto a resumir (50% do tempo) para o compreender, correta e objeti-
vamente, na sua globalidade e a sua organização, através de uma boa leitura e
estudo detalhado, usando, especialmente, as seguintes estratégias de:
a) Compreensão do sentido global do texto
i) Identificação do tópico de cada parágrafo, sublinhando a palavra ou grupos de
palavras que apresentem as ideias essenciais
ii) Identificação da ideia fundamental de cada parágrafo, traduzindo-as em palavras
e frases simples que são anotadas à margem ou na folha de rascunho (a
observação de como foi desenvolvido o parágrafo ajuda na compreensão)
iii) Procura das palavras-chave de cada parágrafo e descobrir o seu sentido pelo uso

240 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

de estratégias como: contexto, composição da palavra e, finalmente, dicionário


iv) Procura dos conectores (identificar as palavras de ligação entre as várias frases
e os vários parágrafos) para verificar como as ideias estão articuladas.

b) Compreensão da organização global do texto


i) Divisão hierárquica do texto em partes/momentos, distinguindo a ideia principal
das acessórias e dos exemplos
ii) Atribuição de um título-resumo a cada uma das partes
c) Construção de um enunciado de tópicos do texto, distinguindo claramente as ideias
principais das secundárias, os exemplos, os argumentos, etc.
2.º Redação do resumo (50% do tempo disponível), mediante:
a) Seleção das ideias ou factos essenciais que integrarão o resumo
b) Levantamento das frases e expressões que podem ser reduzidas a outras mais
curtas e mais englobantes
c) Redação do resumo, usando os procedimentos de sumarização, considerando as
características gerais do resumo e os fins a que ele se destina
d) Releitura do resumo para verificar a sua conformidade às características deste tipo
de texto e as incorreções gramaticais
e) Reformulação do texto, em função dos resultados da releitura

Procedimentos de sumarização1 – os procedimentos que permitem reduzir um


texto são supressão ou eliminação, construção e generalização:
• Seleção ou supressão ou eliminação de informação: de uma sequência de
orações, selecionar aquelas que contêm as informações mais importantes, ou seja,
aquelas sem as quais não se pode compreender as outras, e apagar palavras,
expressões, orações que se referem a ideias, factos ou pormenores secundários
(exemplos, explicações, justificações de uma afirmação, argumentos contra a posição
do autor), fórmulas de ênfase, interjeições, …
Exemplo2: “Passou uma rapariga. Ela levava um vestido, que era amarelo às
bolinhas.” pode ser substituído por “Passou uma rapariga que levava um vestido.” Ou
por “Passou uma rapariga.”
• Integração: reformulação/substituição de uma sequência/lista de informações,
utilizando termos mais genéricos ou englobantes que incorporam essas informações
Exemplo: “F dirigiu-se à porta, abriu-a, desceu as escadas e saiu de casa.” pode ser
substituído por : F saiu de casa.”
• Construção: incorporação de frases em outras que as incluem
Exemplo: “F, ao chegar a casa, deu banho ao filho, pôs a roupa na máquina, fez o
jantar, serviu-o, lavou a loiça e só depois se sentou a descansar.” pode ser substituído
por: “F fez a lida da casa e só depois descansou.”
• Generalização: reformulação de informações, com substituição de elementos,

1. Os exemplos de integração, construção e generalização foram extraídos de: Amor, 1993:137.


2. Extraído de Neves, 2001:44.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 241


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

palavras e orações, por outras mais gerais que os incluem


Exemplo: “F, da sua janela, via passar automóveis, peões, toda a sorte de viajantes
matinais.” pode ser substituído por “F via passar o trânsito matinal.”
Recursos linguísticos para construir frases ou expressões mais englobantes:1
• Substituir frases passivas (mais longas) por frases ativas: O problema foi analisado
pela administração > A administração analisou o problema.
• Recorrer ao particípio passado dos verbos: Se a sua proposta tivesse entrado a
tempo seria a escolhida. > Entrada a tempo, a sua proposta seria a escolhida.
• Recurso ao gerúndio: Uma vez que analisa todas as estratégias do mercado, a
empresa… > Analisando todas as estratégias do mercado, a empresa…
• Evitar algumas formulações negativas: Não conseguiu lembrar-se de… > Esqueceu-
se de…
• Substituir perífrases por palavras equivalentes: dar origem> originar; fazer face a >
enfrentar; ser próprio de > caracterizar; dar autorização > autorizar; ser a prova de
> provar; o aumento do dinheiro em circulação sem corresponder ao aumento de
produção, que acaba por conduzir a uma subida geral dos preços e ao agravamento
do custo de vida > inflação

O resumo distingue-se de:


• Contração: tornar o texto mais pequeno, suprimindo ou apagando as partes
acessórias e deixando as principais.
• Reconto: contar as ideias do texto, usando palavras próprias.
• Análise: trabalhar com as ideias principais e secundárias.
• Comentário: dar opinião pessoal, fazer juízo crítico sobre as ideias ou as atitudes
contidas no texto.
• Resenha: fazer um resumo crítico mais abrangente, o qual é acompanhado de
comentários, opiniões e comparação com outras obras/textos da mesma área
literária, musical, cinematográfica, etc.
• Paráfrase: reexpor o texto, mantendo-lhe o significado, mas dando-lhe nova forma.
• Citações textuais: reprodução de expressões ou frases inteiras do texto. Podem
significar falta de compreensão; contudo, se se quiser retomar alguma expressão
mais significativa, ela pode ser colocada entre aspas.

5.4. Observando e compreendendo os procedimentos de sumarização


i) Para aprofundares os teus conhecimentos sobre os procedimentos de sumari-
zação, ou seja, o que se deve fazer para reduzir a extensão de um texto, começa
por seguir as instruções contidas no Texto de apoio 4.1.4. Procedimentos de
redução da informação.

1. Extraídos de Nascimento e Pinto, 2006:148.

242 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

Texto de apoio 4.1.4. Procedimentos de redução da informação1


Identificar o procedimento de redução da informação (frases rasuradas) usado
em cada caso, escrevendo a letra correspondente entre os parêntesis:
Procedimentos de sumarização ou de redução da informação:
a) Apagamento de conteúdos facilmente inferíveis a partir do nosso conhecimento
do mundo
b) Apagamento de sequências de expressões que indicam sinonímia ou explicação
c) Apagamento de exemplos
d) Apagamento das justificações de uma afirmação
e) Apagamento de argumentos contra a posição do autor
f) Reformulação de informações, utilizando termos mais genéricos
g) Conservação de todas as informações, dado que elas não são resumíveis

1. Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas. ( )


2. Discutiremos a construção de textos argumentativos, isto é, aqueles textos nos
quais o autor defende determinado ponto de vista por meio do uso de argumentos,
procurando convencer o leitor da sua posição. ( )
3. Não corra tanto com o seu carro, pois quando se corre muito, não é possível ver a
paisagem e, além disso, o número de acidentes fatais aumenta com a velocidade. ( )
4. O principal suspeito do assassinato era o marido: era ciumento e não tinha um áli-
bi, dado que afirma ter ficado a rondar a casa para ver se a mulher se encontrava
com o amante. ( )
5. De manhã, lavou a louça, varreu a casa, tirou o pó e passou a roupa. À tarde, foi
ao banco pagar as contas, retirar talão de cheques, extracto e, à noite, preparou
a aula, corrigiu os trabalhos e elaborou a prova. > De manhã, cuidou da casa; à
tarde, foi ao banco e, à noite, trabalhou. ( )
6. O Iluminismo ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do
Antigo Regime. ( )
7. A pena de morte tem muitos argumentos a seu favor, mas nada justifica tirar a vida
de nosso semelhante. ( )
No resumo de uma narração, podem-se suprimir as descrições de lugar, de tem-
po, de pessoas ou de objetos, se elas não são condições necessárias para a realiza-
ção da ação. Por exemplo, descrever um homem como ciumento pode ser relevante
e, portanto, essa descrição não poderá ser suprimida, se esta qualidade é que deter-
minará que o homem assassine a sua esposa. Já a sua descrição como alto e magro
poderá nesse caso ser suprimida. ( )

1. Extraído de Machado et al., 2004:25-26.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 243


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

ii) Compara os teus resultados com os que te são apresentados na Solução N.º 2.
Tira as tuas próprias conclusões.
5.5. Redação de resumo e de sumário
i) A partir do enunciado de tópicos do texto Linguagem obscena, constante do
Texto de apoio 4.1.1. Enunciados de tópicos de textos lidos, resume esse texto
e redige o seu sumário, usando a Ficha guia 4.1.1.Resumo.

Ficha guia 4.1.1.Resumo1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Defini o fim a que se destina o meu resumo e o(s) seu(s) destinatário(s)?
2. Fiz uma primeira leitura do texto a resumir?
3. Selecionei as ideias ou factos essenciais, assinalando os tópicos de
parágrafos e as palavras-chave?
4. Dividi o texto em partes e dei um título-resumo a cada uma das partes?
5. Esforcei-me por reconstruir o encadeamento das ideias, sublinhando
os articuladores do discurso e compreendendo o seu significado?
6. Esquematizei as ideias expostas/construí o plano do texto?
7. Fiz o levantamento das frases e expressões a serem reduzidas ou
transformadas em outras mais englobantes?
Ao redigir, procurei: SIM NÃO
8. Relatar as ideias e factos fundamentais do texto original com fideli-
dade, sem erros nem deturpações?
9. Respeitar a ordem em que as ideias ou factos do texto original são
apresentados?
10. Encontrar formas resumidas de exprimir as ideias ou factos do texto
original?
11. Suprimir aspetos secundários (as listas ou enumerações, porme-
nores irrelevantes, exemplos, explicações, justificações de uma afir-
mação, argumentos contra a posição do autor, citações pequenas
histórias a propósito)?
12. Evitar o recurso a expressões explicativas?
13. Evitar copiar expressões ou frases inteiras do texto?
14. Transformar discurso direto em indireto?
15. Usar conectores e verbos adequados às relações entre as ideias do
texto original?
16. Escolher vocabulário adequado ao tipo de texto?

1. Adaptado de Machado et al., 2004:57-58; e de Técnicas e Modelos de escrita (mímeo) s/data e s/indica-
ção do autor. P.29.

244 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

17. Construir parágrafos que desenvolvem a ideia de modo consistente?


18. Articular adequadamente os parágrafos e as frases?
19. Manter a continuidade temática do texto?
20. Garantir a progressão das ideias/informações?
21. Evitar ideias contraditórias?
22. Respeitar o limite de palavras ou de linhas estabelecido?

Ao rever verifiquei se: SIM NÃO


23. No início do resumo há uma indicação clara do título e do autor do
texto resumido?
24. O vocabulário e o registo de língua estão adequados ao objetivo de
um resumo académico/escolar?
25. O texto está adequado ao destinatário, ou seja, ao professor?
26. As ideias fundamentais do autor estão reproduzidas com fidelidade,
sem erros, deturpações, omissões de ideias nucleares ou acrescen-
to de ideias?
27. A ordem em que as ideias são apresentadas no texto original e as
relações entre elas foram mantidas?
28. O texto contém estruturas sintáticas e lexicais económicas e englo-
bantes?
29. O texto não contém comentários e opiniões?
30. O texto apresenta continuidade?
31. Existe progressão das ideias/informações?
32. As frases e os períodos apresentam-se sem hierarquia e ordenação
clara das ideias ou com estruturação complexa?
33. As frases e os períodos são longos?
34. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que
as exigem?
35. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo, de
acordo com os contextos?
36. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

ii) Avalia o teu trabalho com auxílio da Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo e, se
necessário, reformula-o.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 245


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto pode ser compreendido mesmo por um leitor que não conhe-
ce o texto original?
2. O texto transmite a imagem que quero passar de mim mesmo, ou
seja, a imagem de quem leu e compreendeu o texto original?
3. O texto corresponde ao objetivo de um resumo académico/escolar?
4. O texto está adequado ao destinatário (professor)?
5. O texto apresenta apenas as ideias ou factos fundamentais do texto
original?
6. A sequência das ideias do texto é a mesma que a do texto original?
7. As ideias ou factos fundamentais do texto original estão apresenta-
dos de forma reduzida?
8. O texto resumido não excede 1/3 do número de linhas do texto ori-
ginal?
ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO
9. É possível acompanhar o desenvolvimento das ideias do texto pará-
grafo a parágrafo?
10. Os parágrafos e as frases estão bem articulados?
11. Os subtópicos estabelecem uma relação adequada com o tópico?
12. O texto apresenta ideias que se contradizem?
13. Existem ideias que não correspondem ao que acontece no mundo
que o texto representa?
14. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são
adequadas?
15. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?
16. Existe coerência entre os tempos e modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


17. O registo de língua é cuidado ou culto, atendendo a forma de trata-
mento, vocabulário e construção frásica?
18. A modalização é adequada à situação/contexto?
19. As frases estão bem formuladas/estruturadas?
20. O texto contém erros ortográficos, de translineação e de acentua-
ção?

1. Adaptado de Machado et al., 2004:57-58; e de Técnicas e Modelos de escrita (mímeo) s/data e s/indica-
ção do autor. P. 29.

246 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

APRESENTAÇÃO GRÁFICA SIM NÃO


21. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
22. A apresentação gráfica do texto corresponde ao que é esperado?

AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO


23. O texto pode ser melhorado?

iii) Compara a tua versão final com a que te é apresentada na Solução N.º 3.

6. Prática da língua
6.1. Substitui as construções sintáticas e lexicais abaixo por outras mais
englobantes1. Cf. Solução N.º 4.
a) Estamos a assistir
b) … torna, obviamente, cada vez mais importante, (…), a opinião pública…
c) … um filme que é uma referência na conjugação entre música, texto, mímica da
representação e cenografia…
d) Ao estimular o crescimento
e) As composições provençais eram satíricas. Essas composições serviam para
ridicularizar costumes.
6.2. Resumo de um texto
a) Resume o Texto Saber ler, abaixo, usando a Ficha guia 4.1.1. Resumo. Cf. Solução N.º 5.
b) Avalia o resumo produzido mediante a Grelha autocorretiva 4.1.1. Resumo.
c) Reformula o resumo a partir dos resultados dessa avaliação, se for necessário.

Saber ler

Toda a gente culta lamenta que, nos países civilizados, ainda haja muitos seres hu-
manos que não sabem ler. Parece-nos isto uma vergonha para a civilização. De facto o
é. Poucos, todavia, de entre toda essa gente culta, chegam a meditar um pouco sobre
as vantagens e desvantagens de saber ou não saber ler.
A primeira vantagem de saber ler – primeira, por ser a que imediatamente ocorre
a qualquer pessoa – é de ordem prática. Evidente se torna que, neste nosso mundo
moderno, o analfabeto está praticamente inibido de muitas coisas. Mas outra vantagem
– talvez não menos importante – oferece a leitura, que é de abrir o acesso à cultura.
Analfabetos há que, pela experiência da vida, pelo trato com os homens, pelos dons
naturais, adquirem aquele grau de cultura já implicada. E homens há que sabem ler
mas não sabem dispor dessa estupenda vantagem, e então como que ficam analfabe-
tos apesar de saberem ler.

1. Extraídos de Fernandes e Campos, 2005:8 e 16.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 247


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

Nos primeiros se torna particularmente aflitivo o analfabetismo. Pois se, com a


simples experiência e os dons naturais, conseguem eles distinguir-se, até onde não
iriam se soubessem ler, se pudessem cultivar a leitura? Quanto aos segundos, são o
exemplo dum mal que sempre existiu, mas particularmente alastra nos nossos vertigi-
nosos dias. Sim, não basta saber ler, se por saber ler se entende distinguir uns certos
caracteres e dar-lhes significado! Há um saber ler que vai muito mais longe, muito mais
alto, muito mais fundo. E só este verdadeiramente abre as portas de oiro da cultura
autêntica.
Neste superior sentido, – não, não sabe ler o indivíduo que se limita a devorar jornais,
revistas, seleções ou romances mais ou menos policiais, com um mínimo de atividade
mental. Porque saber ler – no superior sentido – é meditar os grandes autores; dialogar
com eles, discutir com eles os problemas que nos propõem; viajar, de braço dado com
eles, pelos maravilhosos reinos da Sensibilidade, da Fantasia, da Inteligência; admirar,
conscientemente, o que nos ofereçam de grande, belo, verdadeiro; chegar, enfim, a ser
digno do seu convívio, e enriquecer o espírito ao calor e à luz desse contacto.
Isto, sim, é saber ler, – porque saber ler é colaborar. Mas isto exige atenção, vagar,
concentração, recolhimento, esforço. O profundíssimo prazer da boa leitura é com tal
moeda que se paga. Aqui me dirão que a vertiginosa vida actual não chega para tanto!
Não dá tempo. E eu bem vejo que em grande parte se substitui hoje a leitura pela Rádio
ou pela Televisão, como se pudesse o que quer que seja substituir a leitura! Bem vejo
que se lê onde calha, como calha, ao Deus dará. Por certo é melhor ler mal, que nada.
Mas, no fim e ao cabo, ou o homem acabará por sofrer uma degradação, ou, na medida
do possível, terá de se opor à vertigem em que hoje vai arrastado. Meus amigos! Em
havendo vontade e juventude, há sempre uma medida do possível até contra a mais
firme aparência do impossível.

José Régio, In O Grito n.º 5, de 1 de Abril de 1960 (Texto submetido a ligeiras alterações formais)

7. Para saberes mais…


7.1. Leitura
Neste ponto, sugerimos que leias o seguinte texto:
FERNANDES, Cidália & CAMPOS, Ângela. Resumir é fácil. Lisboa. Plátano
Editora. 2005. Pp. 7-9; 13-17; 30-31; e 32-39.
7.2. Trabalho autónomo
Resumir textos é uma tarefa quotidiana seja no contexto académico, seja no
meio profissional. Portanto, fica a recomendação de, no contexto do estudo das
diferentes unidades curriculares do teu plano de estudos, fazeres sempre resumos
das tuas leituras. Se assim procederes, o teu estudo fica facilitado: por um lado, para
resumir tens de compreender muito bem e, por outro, depois, já não tens que ler
tantas páginas de informação. Basta reler os resumos!

248 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

Soluções

Solução N.º 1. Respostas às perguntas

1. As respostas às perguntas do primeiro grupo estão na Ficha informativa 4.1.1.


Resumo e sumário. Relê o texto, buscando marcas dessa característica.
2. Perguntas do segundo grupo:
• Apenas foram mantidas as ideias fundamentais.
• As expressões acessórias (exemplos, justificações, …) foram suprimidas ou
apagadas.
• Foram evitadas repetições.
• Foi feita ‘reformulação de informações’, utilizando termos mais genéricos e
com recurso a orações complexas, relacionando logicamente as informações.

Solução N.º 2. Explicação das operações realizadas1

a) Apagamento de conteúdos facilmente inferíeis a partir do nosso conhecimento do


mundo.
b) Apagamento de sequências de expressões que indicam sinonímia ou explicação.
c) Apagamento de exemplos.
d) Apagamento das justificações de uma afirmação.
e) Apagamento de argumentos contra a posição do autor.
f) Reformulação de informações, utilizando termos mais genéricos (integração).
g) Conservação de todas as informações, dado que elas não são resumíveis.

1. Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas. (a – Apagamento
de conteúdos facilmente inaferíveis a partir do nosso conhecimento do mundo)
Observação: a oração suprimida é facilmente inferível da anterior, devido a nos-
so conhecimento do mundo.
2. Discutiremos a construção de textos argumentativos, isto é, aqueles textos nos quais
o autor defende determinado ponto de vista por meio do uso de argumentos, procu-
rando convencer o leitor da sua posição. (b – Apagamento de sequências de expres-
sões que indicam sinonímia ou explicação)
Observação: a oração introduzida por “isto é” é explicação de “textos argumen-
tativos” e, portanto, pode ser excluída.
3. Não corra tanto com o seu carro, pois quando se corre muito, não é possível ver a
paisagem e, além disso, o número de acidentes fatais aumenta com a velocidade.
(d – Apagamento das justificações de uma afirmação)

1. Extraído de Machado et al., 2004:62-63.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 249


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

Observação: as orações suprimidas são justificativas. Observe-se o conector “pois”


4. O principal suspeito do assassinato era o marido: era ciumento e não tinha um álibi,
dado que afirma ter ficado a rondar a casa para ver se a mulher se encontrava com
o amante. (d – Apagamento de sequências de expressões que indicam sinonímia ou
explicação)
Observação: as orações que vêm depois de dois pontos são explicações ou jus-
tificativas da primeira. Observe-se que há um “pois” ou “porque” implícito: (pois) “era
ciumento e não tinha um álibi…”
5. De manhã, lavou a louça, varreu a casa, tirou o pó e passou a roupa. À tarde, foi ao
banco pagar as contas, retirar talão de cheques, extracto e, à noite, preparou a aula,
corrigiu os trabalhos e elaborou a prova. > De manhã, cuidou da casa; à tarde, foi
ao banco e, à noite, trabalhou. (f – Reformulação de informações, utilizando termos
mais genéricos (integração)
Observação: só é possível resumir, reformulando as orações e usando termos
mais genéricos.
6. O Iluminismo ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do
Antigo Regime. (g – Conservação de todas as informações, dado que elas não são
resumíveis).
Observação: Não é possível resumir.
7. A pena de morte tem muitos argumentos a seu favor, mas nada justifica tirar a vida
de nosso semelhante. (e – Apagamento de argumentos contra a posição do autor)
Observação: em períodos ligados com “mas”, o segundo período é o que indica
a posição do autor. No caso, a oração inicial dá um argumento contrário à posição do
autor, argumento a favor da implantação da pena de morte.
8. No resumo de uma narração, podem-se suprimir as descrições de lugar, de tempo,
de pessoas ou de objetos, se elas não são condições necessárias para a realização
da ação. Por exemplo, descrever um homem como ciumento pode ser relevante e,
portanto, essa descrição não poderá ser suprimida, se esta qualidade é que determi-
nará que o homem assassine a sua esposa. Já a sua descrição como alto e magro
poderá nesse caso ser suprimida. (c – Apagamento de exemplos).
Observação: O exemplo foi eliminado. Observe-se o conectivo “por exemplo”.

250 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Resumo e sumário SUBUNIDADE 4.1

Solução N.º 3. Resumo e sumário do texto Linguagem obscena


12

Resumo de A Linguagem obscena de Alberoni. In Público e Privado. Lisboa.


Bertrand Editora. Cap. 17. Pp. 77 e 78.

Elaborado por: F
Versão A1
Partindo das premissas – há pessoas que dizem palavrões e ambientes em
que se produzem palavrões – o autor revela a agressividade e a violência que
eles contêm, exemplificando.
Considera, em seguida, as formas específicas da linguagem de diversos
grupos socioprofissionais e compara-as com a linguagem obscena para concluir
que, enquanto as primeiras enriquecem a língua, a segunda não só a empobre-
ce, como impede a transmissão do pensamento, sendo, portanto, um obstáculo
à comunicação.
Versão B
Os palavrões são usados por certas pessoas e em determinados ambientes.
Por meio deles, revela-se na linguagem a agressividade e a violência. Tam-
bém são uma forma de contestação na infância e na juventude, épocas em que
são usados para mostrar independência e revolta contra os adultos.
Enquanto as gírias (formas específicas da linguagem de diversos grupos so-
cioprofissionais) enriquecem a língua, a linguagem obscena não só a empobre-
ce, como impede a transmissão do pensamento, sendo, portanto, um obstáculo
à comunicação.
Sumário2 de A Linguagem obscena de Alberoni. In Público e Privado. Lisboa.
Bertrand Editora. Cap. 17. Pp. 77 e 78.
Elaborado por F
O autor demonstra que os palavrões não são mais do que uma linguagem
degradada que impede a comunicação e que implicam um retrocesso ao estado
animalesco.

1. Extraído de Bastos e Fidalgo, 1990:59.


2. Idem.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 251


SUBUNIDADE 4.1 Resumo e sumário

Solução N.º 4. Construções mais englobantes

a) Assiste-se.
b) a opinião pública ganha importância
c) “… um filme que é uma referência na conjugação das artes cinematográficas”
(uso de hiperónimo)
d) estimulando o crescimento (recurso ao gerúndio)
e) As composições provençais eram satíricas pois, ridicularizavam costumes.”
(recurso a oração complexa)

Solução N.º 5. Resumo de texto Saber ler

Resumo de texto de Régio, José. In O Grito n.º 5, de 1 de Abril de 1960.


Elaborado por: (autor do resumo)
Apesar de nos países civilizados ainda existirem muitos analfabetos, as pes-
soas cultas desses países não refletem sobre isso, apenas lamentam.
As vantagens do saber ler são: de ordem prática (decorrentes de uma socie-
dade letrada) e permitir o acesso à cultura (aquisição de novos conhecimentos,
abertura de horizontes).
Existem dois tipos de analfabetos: os que aprenderam a ler e que não fazem
uso dessa capacidade; e os que não aprenderam os mecanismos da leitura e da
escrita, mas que se cultivaram (analfabetos cultos).
Saber ler no sentido superior é meditar os grandes autores, dialogar, discutir
com eles; é colaborar (o que exige atenção, vagar, concentração, recolhimento,
esforço, …), pois não sabe ler aquele que apenas distingue caracteres e dá-lhes
significado ou devora jornais, revistas, seleções, romances sem atividade mental.
A rádio e a televisão não substituem a leitura.

252 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

SUBUNIDADE 4.2. SÍNTESE

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Esta subunidade – Síntese – faz parte da unidade Reescrita de textos, que tem
como finalidade aprenderes a escrever alguns dos textos que são escritos a partir de
outros: resumo, sumário, síntese, paráfrase e definição.
Na sequência da redação do resumo e do sumário, pretende-se, nesta subunida-
de, que, primeiro, te apropries das características e dos procedimentos específicos
para redigir a síntese, nomeadamente a comparação de textos e as formas de atribuir
atos aos autores dos textos sintetizados. Finalmente, convidamos-te a redigir este
tipo de texto com recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados
e com autonomia.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, espera-se que sejas capaz de redigir sínteses de textos
de conteúdo idêntico, realizando as seguintes operações:
• Organização das informações dos textos em esquema para uma visão de con-
junto dos mesmos, integrando as ideias principais e secundárias;
• Comparação de textos, identificando informação específica semelhante, dife-
rente e complementar;
• Seleção de informação para elaboração do plano da síntese;
• Apreciação das ideias e intenções fundamentais dos autores;
• Redução da informação;
• Atribuição de atos aos autores dos textos-fontes.

3. Conteúdos
1. Síntese
1.1. Definição
1.2. Condições de uso
1.3. Características idênticas e distintivas face ao resumo
1.4. Regras de redução da informação: supressão ou eliminação; integração; ge-
neralização e construção

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 253


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

1.5. Procedimentos para sintetizar textos: comparação de textos e atribuição de


atos aos autores dos textos-fonte

4. Recursos
• Texto 4.2.1. Portugal e Espanha1
• Texto 4.2.2. A Relação de Portugal com a Europa
• Texto 4.2.3. Promessas não: certezas!
• Texto 4.2.4. Jornadas com muita graça
• Texto 4.2.5. Olés e Palmas
• Texto de apoio 4.2.1. Leonardo Boff…2
• Texto de apoio 4.2.2. Atribuição de atos
• Ficha informativa 4.2.1. Síntese
• Ficha guia 4.2.1. Síntese
• Grelha autocorretiva 4.2.1. Síntese

5. Orientações para autoestudo3


5.1. Redação acompanhada de uma síntese
Propomos-te que nos acompanhes na redação de uma síntese, realizando cada
uma das etapas necessárias para o efeito:
i) Primeiro, estuda bem a Ficha informativa 4.2.1. Síntese, abaixo, para com-
preenderes bem as semelhanças e diferenças entre o resumo e a síntese e os pro-
cedimentos específicos para a redação de uma síntese. Sempre que, em qualquer
etapa, precisares, volta à Ficha informativa para esclarecimento de eventuais
dúvidas.

1.Textos 4.2.1. e 4.2.2 extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:70, com títulos da nossa responsabilidade; e
textos 4.2.3, 4.2.4 e 4.2.5, idem: 81-82.
2. Machado, et al. 2004:16.
3. Esta sequência bem como os textos e as soluções foram extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:70-74, por
vezes com adaptações.

254 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Ficha informativa 4.2.1. Síntese1

Conceito: a síntese aproxima-se do resumo na medida em que também se trata de


reproduzir o essencial, com autossuficiência, clareza, originalidade e objetividade; mas
distingue-se claramente do resumo.
Finalidade: é usada para se obter uma visão de conjunto de informações contidas
em textos longos e de diferentes tipos.
Comparação resumo e síntese

Resumo Síntese
Diz respeito a um texto, um docu- Realiza-se a partir de informações múl-
mento único tiplas, textos e informações de uma grande
diversidade de fontes ou origens
Coloca-se o foco na restituição das Permanece o rigor na restituição das
informações, com fidelidade às ideias informações, mas há liberdade na ordem e
do texto-fonte e na ordem em que nele organização das ideias
aparecem
É feito colocando-se do ponto É concebida a partir do destinatário,
de vista do autor do texto original, do público visado, tendo em conta as suas
reproduzindo as suas ideias com expetativas, necessidades de informação,
fidelidade; é como se ele apresentasse objetivo que se fixou (informar, convencer
de forma reduzida o seu próprio ou orientar a sua decisão), sendo os textos
pensamento apresentados na 3.ª pessoa
Não ocorre citação do autor e do Ocorre a indicação e atribuição de atos
texto aos autores dos textos resumidos, interpre-
tando o texto e usando o verbo adequado,
com menções frequentes aos autores dos
textos resumidos, para que o leitor não pen-
se que as ideias são do autor da síntese

Algumas formas de atribuição de atos aos autores:


• Indicação do conteúdo geral: aborda, trata de, …
• Posicionamento do autor do resumo face ao que ele pensa sobre a verdade do que
é dito pelo autor: afirma, nega, acredita, duvida, … O autor X considera que … ou
Segundo o autor Y…
• Organização das ideias do texto: define, classifica, enumera, argumenta, …
• Indicação da relevância de uma ideia do texto: enfatiza, ressalta, …
• Ação do autor em relação ao leitor: incita, busca levar a, …

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Bastos & Fidalgo, 1990:25-30 e 33-36; Benoit, 1991:26; Amor,
1993:135-138; Rei, 1995:81-85; Serafini, 1996:148-152; Neves e Oliveira, 2001:44-46; Machado, 2004;
Fernandes e Campos, 2005; Abreu, 2006; Nascimento e Pinto, 2006:143-150; Medeiros, 2008:123-143.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 255


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Exemplo do início de uma possível síntese:


Vários autores (Bastos e Fidalgo, 1990; Torres, 90; Moreira, 1992, de entre outros)
concordam em que o resumo consiste na redução do texto inicial ou texto-fonte. Esses
autores destacam ainda que se deve ser fiel às ideias do texto original, não as detur-
pando ou acrescentando ideias pessoais.
Procedimentos de redação
Na redação de uma síntese, deve seguir-se os seguintes passos:
1.º Leitura aprofundada de cada um dos textos, do mesmo tipo de leitura que é feito
para o resumo, com divisão dos textos em partes, atribuição de um título-resumo a
cada parte e elaboração de enunciado de tópicos;
2.º Confronto das informações: comparação dos textos (ideias comuns, semelhantes,
diferentes, complementares, opostas, …) para se ter uma ideia de conjunto deles e
uma primeira definição da estrutura do texto.
• Para realizar esta etapa, deve-se: i) seguir os enunciados de tópicos e recorrer
continuamente aos textos, evitando deixar-se influenciar pelas ideias de um autor,
ao se ler o outro, forçar o que está ou não está dito, conciliar ideias ou posições que
são irredutíveis; ii) tomar como base o texto mais completo e claro; e iii) classificar
a informação, inscrevendo as ideias numa grelha em forma de colunas – quadro de
bordo ou quadro de colunas –, cada uma representando um tópico, uma questão ou
uma categoria. Estas categorias ou questões dependem do texto.
• Não há que se impressionar com o tamanho do texto; podem ter tamanhos diferentes,
mas o mais curto pode ser denso e conter mais ideias e estas serem mais originais.
3.º Apreciação das ideias, partindo da seleção feita na etapa anterior. Trata-se de si-
tuar um texto em relação ao outro, salientando, por exemplo, as perspetivas com
que os autores apresentam as suas ideias, as suas intenções fundamentais e a sua
respetiva importância.
4.º Elaboração do plano da síntese, reagrupando as ideias em categorias de modo
claro e lógico e integrando-as num plano textual como, por exemplo:
1. Introdução (resumo da tese ou da informação de cada texto)
2. Desenvolvimento
2.1. Aspetos comuns
2.2. Diferenças
2.3. Complementaridades
3. Conclusão (apreciação pessoal sobre o assunto/tema, partindo das ideias dos
autores do texto)
5.º Redação de uma síntese que dê conta dos tópicos do plano, com as mesmas reco-
mendações do resumo e ainda a referência aos autores e a atribuição de atos aos
mesmos, ressaltando as suas intenções fundamentais.
6.º Revisão.

256 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Exemplos de quadros para recolha e classificação da informação1:

1. Apresentação de organismos

Balanço
Fonte Estatuto Missões Meios Funcionamento Controlo
Ativo Passivo
Texto 1
….

2. Exposição de regulamentação
Dificuldades de
Circunstância/

Implementação
Espírito do

Propostas
Campo de
legislador

Conteúdo

Exceções
aplicação
contexto

Aplicação
Fonte

Texto 1
….

3. Análise de problema
Diagnóstico

Condições
Problema

Soluções
Situação

de êxito
Fonte

Consequências

Curto Médio
Texto 1
prazo prazo
….

4. Pesquisa

Situação e
Fonte Problemas Soluções
contexto
Texto 1
….

1. Extraídos de Benoit, 1991:45 e 47.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 257


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

5. Outras categorias

Fonte Motivo ou razão/ Efeito/ Remédios/soluções


causa consequência
Texto 1
….

N.B. As diferentes categorias destas grelhas podem variar de um texto para outro.

ii) Depois, lê os Textos 4.2.1. Portugal e Espanha e 4.2.2. A relação de Portugal


com a Europa para uma compreensão global e profunda. Deves usar o mesmo
tipo de leitura feita para a preparação do resumo.

Texto 4.2.1. Portugal e Espanha

As forças e a influência aliadas dos dois Estados peninsulares contarão na


Europa como uma grande potência; e se é ocioso dizer, principalmente neste
momento, as vantagens que daí vêm para nós, talvez o não seja apontar rapi-
damente a vantagem inapreciável para a Espanha. Uma aliança é forçosamente
um contrato bilateral, em que se pesam os encargos e os lucros recíprocos.
Ora, sem a aliança de Portugal, a Espanha nunca será uma grande potência.
Também lhe é impossível a ela defender a raia aberta portuguesa, e num conflito
europeu, Portugal poderá ver-se outra vez forçado, como em 1808, a ser o lugar
de desembarque, o arsenal e a base de operações dos inimigos da Espanha.
A Espanha pode armar meio milhão de soldados e a sua frota joga oitocentos
canhões em navios que movem duzentos mil cavalos-vapor. Armemos nós cento
e vinte ou cento e cinquenta mil soldados, elevemos a nossa esquadra a quatro-
centos canhões. (…) Demos, armados, a mão à Espanha armada, numa aliança
completa e cabal – e a Espanha e Portugal, unidos perante os inimigos, separa-
dos pelo respeito recíproco, serão no mundo uma das primeiras potências.

Oliveira Martins

258 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Texto 4.2.2. A relação de Portugal com a Europa

A Relação de Portugal com a Europa e com o mundo – mesmo com aquele


que fala português – passa hoje necessariamente por uma resposta positiva,
aberta e audaciosa ao desafio espanhol e impõe uma concepção moderna do
espaço ibérico, um espaço que, contrariamente à arrevesada visão de uma Es-
panha reduzida a Castela, se caracteriza precisamente pela sua multinacionali-
dade. Temos, nesse mosaico politicamente integrado, mas culturalmente plural,
interlocutores identificados com preocupações e sentimentos comuns, desde
Galiza à Catalunha. E na perspectiva de uma Europa-nação que tenderá a ser
cada vez mais regional e menos centrada no Estado-nação, a posição portu-
guesa tem uma flexibilidade potencial, uma plasticidade, que a vocaciona para
um grande diálogo ibérico. Esse diálogo que nos dias de hoje é já intensamente
protagonizado por Fernando Pessoa.

Vicente Jorge Silva

iii) Divide os textos em partes e atribui um título-resumo a cada parte.


iv) Compara o teu trabalho com os resultados que te são apresentados na Solução
N.º 1. Tira as tuas próprias conclusões.
v) Compara as ideias/informações dos dois textos, preenchendo o esquema abaixo.
Para trabalhares mais à vontade, copia-o para uma folha de papel. Tem em aten-
ção que se trata de um esquema geral que podes usar sempre que pretenderes
comparar textos. Não tens que preencher todos os itens.
Esquema para comparação dos textos

Texto 4.2.1. Portugal e Texto 4.2.2. A relação de


Espanha Portugal com a Europa
Ideias comuns
Ideias idênticas ou muito
próximas
Ideias opostas
Ideias complementares
Ideias novas

vi) Compara o que fizeste com os resultados que te são apresentados na Solução
N.º 2. Reflete e tira as tuas próprias conclusões.
vii) Nesta etapa, deves apreciar o conteúdo dos dois textos. Para isso, copia a grelha
abaixo para uma folha de papel e procura completá-la. Relembra as observações
feitas sobre as categorias da grelha de comparação de textos, acima.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 259


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Texto 4.2.1. Portugal e Texto 4.2.2. A Relação de


Espanha Portugal com a Europa
Resumo da tese
Importância de cada texto
As intenções de cada um

viii) Compara os teus resultados com os que constam da Solução N.º 3. Reflete e tira
as tuas próprias conclusões.
ix) Com base nos resultados das etapas anteriores, elabora o plano da síntese dos
dois textos.
x) Como nas outras etapas, propomos-te uma solução para comparares os teus
resultados e tirares as tuas próprias conclusões. Cf. Solução N.º 4.
xi) Redige a síntese, a partir do plano e, depois, compara-o com o que te é apresen-
tado na Solução N.º 5.
5.2. Atribuição de atos aos autores dos textos-fonte1
Neste ponto, sugerimos-te aprofundares o domínio dos procedimentos para atri-
buir atos aos autores dos textos que vais sintetizar. Para isso, faz o que te propomos:
i) Lê o Texto de apoio 4.2.1. Leonardo Boff…, abaixo, e, com recurso à Ficha
informativa 4.2.1. Síntese, identifica e sublinha, os verbos que indicam atos
atribuídos ao autor do texto-fonte:

1. Nesta sequência, segue-se de perto Machado et al., 2004, de onde foram extraídas as atividades (p. 16 e
49) e a Solução (p. 68), com adaptações.

260 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Texto de apoio 4.2.1. Leonardo Boff…

Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz”, apontando o facto de que


vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violência.
Diante disso, o autor levanta a questão da possibilidade de essa violência poder
ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a
tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas hu-
manas e um conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa cultura de
violência, tornando difícil a sua superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder
dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabele-
cermos uma cultura da paz contra a da violência, pois esta estaria nos levando
à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria possível construir
essa cultura, pelo facto de que os seres humanos são providos de componentes
genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados
de recursos para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o
cuidado, definido pelo autor como sendo uma relação amorosa com a realida-
de, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o
teólogo conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a
paz, construindo a cultura da paz a partir de nós mesmos, tomando a paz como
projeto pessoal e colectivo.

ii) Na margem do texto, redige uma frase curta em que explicas os significados
desses verbos. Depois, compara o teu trabalho com o que te é apresentado na
Solução N.º 6.
5.3. Redação autónoma de uma síntese1
i) Lê, com cuidado, a Ficha guia 4.2.1. Síntese, a seguir, para te inteirares do seu
conteúdo.

1. Proposta de trabalho e Textos 4.2.3. Promessas não: certezas!, 4.2.4. Jornadas com muita graça e 4.2.5.
Olés e palmas extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:70-74 e 80-81.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 261


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Ficha guia 4.2.1 Síntese1

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Defini o fim a que se destina o meu texto e o(s) seu(s) destinatário(s)?
2. Fiz uma primeira leitura dos textos a sintetizar?
3. Selecionei as ideias ou factos essenciais, assinalando os tópicos de
parágrafos e as palavras-chave em cada texto?
4. Dividi os textos em partes e dei um título-resumo a cada uma delas?
5. Esforcei-me por reconstruir o encadeamento das ideias, de cada um
dos textos, sublinhando os articuladores do discurso e compreen-
dendo o seu significado?
6. Esquematizei as ideias expostas ou construí o plano de cada texto?
7. Procurei ter uma ideia de conjunto dos textos, identificando as suas
ideias comuns, semelhantes, diferentes, complementares, opostas,
ou outras?
8. Apreciei os textos, procurando perceber, por exemplo, as perspeti-
vas dos autores, as suas intenções fundamentais e a importância de
cada um?
9. Construí o plano do texto da síntese, reagrupando as ideias em ca-
tegorias de um modo claro e lógico?
10. Fiz o levantamento das frases e expressões a serem reduzidas ou
transformadas em outras mais englobantes?
11. Identifiquei os atos dos autores, percebendo as suas intenções fun-
damentais?
Ao redigir, procurei: SIM NÃO
12. Relatar as ideias e factos fundamentais do texto original com fideli-
dade, sem erros nem deturpações?
13. Fazer referência aos autores?
14. Atribuir atos aos autores, de modo a dar conta das suas intenções
fundamentais?
15. Encontrar formas resumidas de exprimir as ideias ou factos dos tex-
tos originais?
16. Suprimir aspetos secundários (as listas ou enumerações, porme-
nores irrelevantes, exemplos, explicações, justificações de uma afir-
mação, argumentos contra a posição do autor, citações, pequenas
histórias a propósito)?
17. Evitar o recurso a expressões explicativas?
18. Evitar copiar expressões ou frases inteiras do texto?

1. Adaptado de Machado, 2004:57-58; e de Técnicas e Modelos de escrita (mímeo) s/data e s/indicação do


autor. P. 29.

262 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

19. Transformar discurso direto em indireto?


20. Usar conectores e verbos adequados às relações entre as ideias do
texto original?
21. Escolher vocabulário adequado ao tipo de texto?
22. Construir parágrafos que desenvolvem a ideia de modo consisten-
te?
23. Articular adequadamente os parágrafos e as frases?
24. Manter a continuidade temática do texto?
25. Garantir a progressão das ideias/informações?
26. Evitar ideias contraditórias?
27. Respeitar o limite de palavras ou de linhas estabelecido?

Ao fazer a revisão, verifiquei se: SIM NÃO


28. No início da síntese, há uma indicação clara dos títulos e dos auto-
res dos textos sintetizados?
29. O texto está adequado ao objetivo de uma síntese académica/es-
colar?
30. O texto está adequado ao destinatário, ou seja, ao professor?
31. As ideias fundamentais do autor estão reproduzidas com fidelidade,
sem erros, deturpações, omissões de ideias nucleares ou acrescen-
to de ideias?
32. O texto contém estruturas sintáticas e lexicais económicas e englo-
bantes?
33. O texto não contém comentários e opiniões?
34. O texto apresenta continuidade?
35. Existe progressão das ideias/informações?
36. Não existem ideias contraditórias?
37. As frases e os períodos se apresentam sem hierarquia e ordenação
clara das ideias ou com estruturação complexa?
38. As frases e os períodos são longos?
39. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que
as exigem?
40. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo, de
acordo com os contextos?
41. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

ii) Com auxílio da Ficha guia 4.2.1. Síntese, redige a síntese dos Textos 4.2.3. Pro-
messas não: certezas!, 4.2.4. Jornadas com muita graça e 4.2.5. Olés e palmas,
abaixo, percorrendo todas as etapas: da leitura à redação.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 263


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Texto 4.2.3. Promessas não: certezas!

O bom do encontro foi não ter havido nem propostas nem conclusões for-
mais. Algumas desilusões anteriores levam-me a tomar como positiva esta verifi-
cação negativa. Lembro-me de um encontro em Tróia, com a presença do então
Presidente da República Ramalho Eanes e dos ministros da Cultura português e
espanhol, onde se produziram propostas e conclusões a rodos, que resultaram
em coisa nenhuma. Este encontro de Madrid, que não quis fazer promessas,
talvez venha a trazer-nos melhores certezas.

In JL, n.º 362, José Saramago

Texto 4.2.4. Jornadas com muita graça

Foram umas jornadas com muita graça. A organização esteve bem e o aco-
lhimento espanhol caloroso. Foi muito agradável ver que tanto o público espa-
nhol como a Imprensa estão sensíveis à Literatura e à Cultura portuguesas.
Importantes foram as posições defendidas no sentido de que se desenvolva um
tipo de valorização das literaturas ibéricas pelos próprios dois países, em vez da
submissão aos centros de discussão e da valorização que se colocam invaria-
velmente fora da Península e que estão contribuindo para a criação de efeitos de
moda na sua maioria aleatórios.

In JL, n.º 362, Lídia Jorge

264 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Texto 4.2.5. Olés e palmas


1

O IPLL1 trabalhou bastante bem no terreno e os resultados naturalmente


apareceram: cobertura jornalística detalhada, afluência razoável do público. Os
prosadores (Saramago, Cardoso Pires, Lídia) tiveram a parte de leão, também
naturalmente. Houve ainda a sombra espessa de Fernando Pessoa – nada a
objectar, é como o cartão de crédito, toda a gente tem. Mas quem deu a nota
de ternura foi um pequeno editor de Cuenca, Juan Varela, da revistinha Menú,
que fez três dias a fio a viagem de ida e volta para estar presente no Círculo de
Belas Artes. Para esse, olés, palmas e ao menos uma orelha! O resto cabe no
entendimento normal das pessoas civilizadas.

In JL, n.º 362, Fernando Assis Pacheco

iii) Usando a Grelha autocorretiva 4.2.1. Síntese, avalia a tua síntese e reformula-a
se for o caso.

Grelha autocorretiva 4.2.1. Síntese2

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto pode ser compreendido mesmo por um leitor que não conhe-
ce os textos originais?
2. O texto transmite a imagem que quero passar de mim mesmo, ou
seja, a imagem de quem leu e compreendeu os textos originais?
3. O texto corresponde ao objetivo de uma síntese académica/escolar?
4. O texto está adequado ao destinatário (professor)?
5. O texto apresenta apenas as ideias ou factos fundamentais dos tex-
tos originais?
6. As ideias ou factos fundamentais dos textos originais estão apresen-
tados de forma reduzida?
7. O texto síntese não excede 1/3 do número de linhas dos textos ori-
ginais?
ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO
8. É possível acompanhar a relação entre as ideias dos textos originais?
9. O texto apresenta referências aos autores dos textos originais?
10. O texto dá conta das intenções fundamentais dos autores, através
de verbos que indicam os seus atos?

1. IPLL = Instituto Português do Livro e da Leitura


2. Adaptado de Machado et al., 2004:57-58; e de Técnicas e Modelos de escrita (mímeo) s/data e s/indicação
do autor. P. 29.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 265


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

11. Os parágrafos e as frases estão bem articulados?


12. Os subtópicos estabelecem uma relação adequada com o tópico?
13. O texto apresenta ideias que se contradizem?
14. Existem ideias que não correspondem ao que acontece no mundo
que o texto representa?
15. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são
adequadas?
16. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?
17. Existe coerência entre os tempos e os modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


18. O registo de língua é cuidado ou culto, atendendo à forma de trata-
mento, ao vocabulário e à construção frásica?
19. A modalização é adequada à situação/contexto?
20. As frases estão bem formuladas/estruturadas?
21. O texto contém erros ortográficos, de translineação e de acentua-
ção?
APRESENTAÇÃO GRÁFICA SIM NÃO
22. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
23. A apresentação gráfica do texto corresponde ao que é esperado?

AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO


24. O texto pode ser melhorado?

iv) Compara os resultados a que chegaste, em cada etapa, com os que te são apre-
sentados na Solução N.º 7.

266 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

6. Prática da língua
6.1. Considera, no quadro abaixo, os verbos para indicar diferentes atos
do autor. Em seguida, lê os textos e preenche os espaços dos sumários
correspondentes com os verbos mais adequados1. Cf. Solução N.º 8.

definir – descrever – elencar – enumerar – classificar – caracterizar –


exemplificar – contrapor – confrontar – comparar – opor – diferenciar – começar
– iniciar – introduzir – desenvolver – terminar – concluir – pensar – acreditar
– julgar – apontar – afirmar – negar – questionar – criticar – descrever – narrar –
distinguir – relatar – explicar – expor – comprovar – provar – apontar – defender
a tese – justificar – apresentar – mostrar – duvidar – abordar – tratar de – definir
– classificar – enumerar – realizar – argumentar – enfatizar – ressaltar – incitar
– buscar – levar a – abordar – discorrer – sugerir

Texto 1

Há três tipos de jornalistas:


1. O repórter, que escreve o que viu;
2. O repórter interpretativo, que escreve o que viu e o que ele acha que isso
significa;
3. O especialista, que escreve a respeito do significado daquilo que não viu.

(adaptado de Elio Gaspari, Folha de S. Paulo, 13/09/1998)

Sumário do texto 1

O autor (_____________) os jornalistas em três tipos.

1. Cf. Machado et al., 2004, de onde foram extraídas as atividades (p. 50-51) e a Solução (p. 69), com adap-
tações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 267


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Texto 2

Um amigo disse-me:
Não guarde nada para uma ocasião especial. Cada dia que se vive é uma
ocasião especial.
Ainda estou a pensar nestas palavras… já mudaram a minha vida. Agora
estou a ler mais e a limpar menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem
me preocupar com as pragas. Passo mais tempo com a minha família e menos
tempo no trabalho. Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências
a desfrutar, não para sobreviver. Já não guardo nada. Uso os meus copos de
cristal todos os dias. Coloco uma roupa nova para ir a supermercado, se me dá
vontade. Já não guardo o meu melhor perfume para ocasiões especiais, uso-o
quando tenho vontade.

(mensagem distribuída por email)

Sumário do texto 2

O autor (_____________) o que um amigo lhe disse e (_____________)


como as palavras desse amigo influenciaram a sua vida, (_____________) di-
versas ações do seu quotidiano que ele (_____________) de forma diferente.

Texto 3

Em 1949 e em 1976, as Nações Unidas proclamaram extensas listas de


direitos humanos, mas a imensa maioria da humanidade só tem o direito de
ver, ouvir e calar. Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de
sonhar? Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar o olhar num ponto além
da infâmia para adivinhar outro mundo possível:
o ar estará livre do veneno que não vier dos medos humanos e das humanas
paixões;
nas ruas, os automóveis serão esmagados pelos cães;
as pessoas não serão dirigidas pelos automóveis, nem programadas pelo
computador, nem compradas pelo supermercado e nem olhadas pelo televisor.

(Eduardo Galeano, Fórum Social Mundial 2011. Caros amigos 01/2000)

268 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Sumário do Texto 3

O autor (_____________) a contradição entre a existência de extensas lis-


tas de direitos humanos e o facto de a maioria da humanidade não ter nenhum.
Diante disso, (_____________) o leitor a sonhar com um mundo possível e
(_____________) algumas das características desse mundo.

6.2. Junta aos textos já sintetizados (Texto 4.2.3. Promessas não: certe-
zas!; Texto 4.2.4. Jornadas com muita graça; e Texto 4.2.5. Olés e palmas)
os textos a seguir1. Lê-os com cuidado e completa as grelhas. Com base
nelas, elabora o plano e redige a síntese dos seis textos. Cf. Solução N.º 9.

A Oportunidade de um encontro

O que me espanta é que ainda hoje haja pessoas em Portugal para quem
a expansão da literatura portuguesa é um mito ou uma fabricação artificial do
Instituto Português do Livro! O que se passou em Madrid durante estes dias de-
monstra exatamente o contrário: é claro que os escritores portugueses não são
os mais divulgados nas livrarias dos aeroportos, mas quem tiver outras fontes
de informação poderá aperceber-se de que existe uma atenção autêntica, uma
disponibilidade favorável ou mesmo uma cumplicidade entusiástica. E os resul-
tados estão à vista: a exploração pessoana, as múltiplas traduções de Eugénio
de Andrade, o prestígio de Torga, o sucesso editorial (com edições esgotadas)
de um José Saramago ou de uma Lídia Jorge. Ou ainda a descoberta de um
Herberto Helder ou a consagração de um Cardoso Pires.

In JL, n.º 362, Francisco José Viegas

Esbater as diferenças

Encontros como este são de extrema importância. Abrem perspectivas edi-


toriais. Dão origem a amizades. E ajudam a que os editores portugueses e es-
panhóis compreendam que, para além de serem portugueses e espanhóis, são
também pessoas humanas com os mesmos problemas e as mesmas angústias.
E é isso que faz esbater as diferenças.

In JL, n.º 362, Manuel de Seabra

1. Textos extraídos de Bastos e Fidalgo, 1990:81 e 82.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 269


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Cara a cara

Vejo com alegria que Portugal e a Espanha, finalmente, estão cara a cara,
procurando ultrapassar as diferenças para se encontrarem. Julgo que será útil
que as entidades que procuram intensificar estas relações dialoguem, para
que cada parte possa colher da experiência da outra, processos que têm sido
frutíferos.
Aos que trabalham no próprio interior destas tarefas (escritores, tradutores)
ouso pedir que não se iludam com possíveis facilidades, pois o produto final,
sem o qual só teremos discurso e boas intenções, terá de ser feito com muito
custo e amor, na solidão de cada um de nós.

In JL, n.º 362, José Bento

7. Para saberes mais…


7.1. Leitura
Neste ponto, sugerimos que leias o seguinte texto:
REI, José E. Curso de Redacção II – O texto. Porto Editora. 1995. Pp. 81-83.
7.3. Trabalho autónomo
Na vida quotidiana, seja no contexto académico, seja no meio profissional, es-
tamos sempre face à necessidade de elaborar sínteses, por falta de tempo para ler
informações dispersas.
Portanto, sempre que, no contexto do estudo das diferentes unidades curricu-
lares do teu plano de estudos, tiveres que ler e apresentar algum assunto ou tema,
faz uma síntese das tuas diferentes leituras, de modo a facilitares o teu estudo e a
apresentação oral dos mesmos nos seminários (metodologia de trabalho que consiste
na apresentação e discussão de textos teóricos).

270 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Soluções

Solução N.º 1. Divisão dos textos em partes e atribuição de um título-resumo


a cada parte

Texto 4.2.1. Portugal e Espanha 4.2.2. A relação de Portugal com a


Europa
1. Portugal e Espanha podem ser uma A. A relação de Portugal com a Europa e
grande potência Europeia com o mundo impõe:
A1. Uma resposta ao desafio espanhol
A2. Uma conceção moderna da
Península ibérica
Desde “As forças” até “… potência;” Desde “A relação…” até “…ibérico.”
2. Vantagens recíprocas da aliança dos B. A Espanha, espaço multinacional:
dois povos peninsulares B1. integração política
B2. diferenciação cultural
Desde “…e se é ocioso dizer…” até Desde “…Um espaço…” até “…Catalu-
“…recíprocos.” nha.”
3. Sem Portugal, a Espanha nunca será C. Numa Europa cada vez mais regional,
uma grande potência Portugal é o interlocutor vocacionado
para o diálogo ibérico.
Desde “…Ora, sem a aliança …” até Desde “… E na perspectiva…” até “…
“…potência.” ibérico.”
4. Portugal e Espanha, armados e alia- D. Fernando Pessoa no centro do diálogo
dos, respeitando-se mutuamente ibérico
Desde “A Espanha…” até ao fim Desde “Esse diálogo…” até ao fim

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 271


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Solução N.º 2. Comparação dos textos

Texto 4.2.1. Portugal e Texto 4.2.2. A relação de


Espanha Portugal com a Europa
Ideias comuns A relação dos povos ibéricos
Ideias idênticas ou
_ _
muito próximas
Aliança
Contrato bilateral Cooperação
Relação + restrita (Portugal Abertura/diálogo
e Espanha) como um todo Relação + ampla (Portugal com a
Ideias opostas
oposto à Europa Europa e com o mundo)
Tónica nas vantagens para a Tónica no diálogo
Espanha
Visão militarista
Ideias comple- Visão moderna
mentares
A multinacionalidade da Espanha
Pluralidade cultural
Ideias novas _ A regionalização da Europa
O diálogo ibérico protagonizado
por Fernando Pessoa

Solução N.º 3. Apreciação das ideias dos textos

Texto 4.2.1. Portugal e Texto 4.2.2. A relação de


Espanha Portugal com a Europa
Os dois povos peninsulares As relações de Portugal com a
aliados e armados serão uma Europa e com o mundo passam por
Resumo da
potência militar na Europa. uma resposta positiva e aberta ao
tese
desafio espanhol e por uma visão
nova do espaço ibérico.
Foca as vantagens mútuas Analisa a importância da po-
dos dois países sob o ponto de sição portuguesa numa Espanha
Importância
vista estritamente militar, fren- pluricultural, no mundo contempo-
de cada texto
te à europa, num determinado râneo.
momento da História.
Defende a formação de um Evidencia a opinião do analista
As intenções bloco peninsular potente e per- sobre as relações do Portugal mo-
de cada um suasivo frente à Europa. derno com a Europa e com o diálo-
go aberto e flexível com a Espanha.

272 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Solução N.º 4. Plano da síntese

1. Introdução (resumo da tese ou da informação de cada texto)


2. Desenvolvimento
2.1. Aspetos comuns
2.2. Diferenças
2.3. Complementaridades
3. Conclusão (apreciação pessoal sobre o assunto/tema, partindo das ideias dos
autores do texto)

Solução N.º 5. Síntese dos textos

Síntese dos textos Portugal e Espanha de Oliveira Martins e A relação de


Portugal com a Europa de Vicente Jorge Silva. In: BASTOS, Cecília. R. N. S. e
FIDALGO, Maria Júlia. S. C. Saber redigir. Porto. Porto Editora. 1990. P. 70.

Elaborada por: F
Ambos os autores focam as relações entre os povos ibéricos, embora em
contextos diferentes, e ambos lhes atribuem grande importância.
Mas, Oliveira Martins foca somente as vantagens de uma aliança militar que
transformaria os dois países numa grande potência com peso na Europa, alian-
ça essa que os uniria perante os inimigos, e lhes permitiria continuarem separa-
dos por um respeito mútuo.
Vicente J. Silva, um texto curto, mas denso e rico de ideias, pugna por rela-
ções abertas e cooperantes entre as diversas nações europeias e o mundo, pon-
do em destaque a posição privilegiada de Portugal no diálogo com uma Espanha
pluricultural e multinacional, já iniciado por Fernando Pessoa.
Os dois textos opõem-se frontalmente, ressaltando a publicação do texto jor-
nalístico de Vicente J. Silva, no Expresso, no momento em que Portugal, mem-
bro de pleno direito da CEE, se preparava para o desafio europeu.
O essencial da tese defendida pelo historiador e pensador Oliveira Martins
(a união dos povos peninsulares) torna-se uma realidade cem anos depois, ul-
trapassando a dimensão redutora, explicável no contexto histórico, depois de
vencidas muitas etapas de aproximação, a caminho de uma cooperação a todos
os níveis.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 273


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Solução N.º 6. Atribuição de atos no Texto de apoio 4.2.1. Leonardo Boff…

1. Levantamento dos verbos


Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz”, apontando o facto de que
vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violência.
Diante disso, o autor levanta a questão da possibilidade de essa violência poder
ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a
tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas hu-
manas e um conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa cultura de
violência, tornando difícil a sua superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder
dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabele-
cermos uma cultura da paz contra a da violência, pois esta estaria nos levando
à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria possível construir
essa cultura, pelo facto de que os seres humanos são providos de componentes
genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados
de recursos para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o
cuidado, definido pelo autor como sendo uma relação amorosa com a realida-
de, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o
teólogo conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a
paz, construindo a cultura da paz a partir de nós mesmos, tomando a paz como
projeto pessoal e colectivo.
2. Explicação dos tipos de atos: inicia e conclui: indicam a organização
das ideias do texto; incitando-nos: indica ação do autor em relação ao leitor;
apresenta, reconhecendo, considera, definido: indicam posicionamento do autor
do resumo face ao que ele pensa sobre a verdade do que é dito

274 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Solução N.º 7 – A. Divisão dos textos em partes e atribuição de um título-


resumo a cada uma

Textos 4.2.3. Promessas 4.2.4. Jornadas com


4.2.5. Olés e palmas
não: certezas! muita graça
Avaliação do encontro (1.º Avaliação do encontro (1.º Avaliação do encontro (1.ª
período) período) frase do 1.º período)
Justificação: desilusões an- Justificação: organização, Justificação: cobertura jor-
teriores (2.º e 3.º períodos) acolhimento (2.º período) nalística detalhada, afluên-
Expetativas: o encontro Resultados em destaque: cia razoável do público (2.ª
terá efeitos positivos (4.º sensibilidade à Literatura frase do 1.º período)
período) e à Cultura Portuguesas Notas sobre o desenvol-
pelo público espanhol; vimento dos trabalhos: os
posição de serem os pró- prosadores, a sombra de
prios países ibéricos a va- Fernando Pessoa e a par-
lorizarem as suas Literatu- ticipação especial (todo o
ras, em vez da submissão resto do texto)
a outros centros com con-
sequências negativas (3.º
período)

Solução N.º 7 – B. Comparação/confronto dos textos

Texto 4.2.3. Texto 4.2.4.


Texto 4.2.5. Olés
Promessas não: Jornadas com muita
e palmas
certezas! graça
Ideias comuns bom encontro Jornadas com Resultados à
muita graça. vista
Ideias idênticas Boa organização Cobertura jor-
ou muito próximas Bom acolhimento nalística detalha-
— da
Público espanhol
sensível à Literatura e Afluência ra-
à Cultura Portuguesas zoável do público
Ideias opostas — — —
Ideias comple-
— — —
mentares

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 275


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Ideias novas Foi bom não As literaturas ibé- Va l o r i z a ç ã o


ter havido nem pro- ricas devem ser va- da participação de
postas nem con- lorizadas a partir dos um pequeno edi-
clusões formais próprios países produ- tor de uma revis-
tores tinha, em vez de
prosadores famo-
sos e de Fernando
Pessoa

Solução N.º 7 – C. Apreciação dos textos

Texto 4.2.3. Texto 4.2.4. Texto 4.2.5. Olés e


Promessas não: Jornadas com palmas
certezas! muita graça
O encontro foi O encontro foi O encontro foi
bom e terá efeitos bom, sendo o resul- bem preparado e teve
positivos, apesar tado fundamental a participações impor-
da ausência de ideia de que as lite- tantes (prosadores
Resumo da
produção de pro- raturas ibéricas de- famosos e Fernando
ideia funda-
postas nem con- vem ser valorizadas Pessoa), mas a par-
mental
clusões formais a partir dos próprios ticipação mais esfor-
países produtores çada foi a de um pe-
queno editor de uma
revistinha
Foca a questão Destaca a po- Compara a parti-
da ineficácia gene- sição assumida de cipação de pessoas
Importância de
ralizada de encon- como as literaturas importantes à de
cada texto
tros ibéricas devem ser pessoas mais mo-
valorizadas destas
As intenções de Criticar Informar Destacar os par-
cada um ticipantes

Solução N.º 7 – D. Plano da síntese

1. Introdução (apresentação do assunto/tema dos textos)


2. Desenvolvimento
2.1. Complementaridades
2.2. Ideias novas
3. Conclusão (apreciação pessoal sobre o assunto/tema, partindo das ideias dos
autores do texto)

276 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Solução N.º 7 – E. Texto da síntese

Síntese dos textos Promessas não: certezas! de José Saramago, Jornadas


com muita graça de Lídia Jorge e Olés e palmas de Fernando Assis Pacheco,
publicados no JL n.º 362. In: BASTOS, Cecília. R. N. S. & FIDALGO, Maria Júlia.
S. C. Saber redigir. Porto. Porto Editora. 1990. Pp. 80-81.

Elaborada por: F
Os três autores (José Saramago, Lídia Jorge e Fernando Assis Pacheco)
abordam um encontro havido entre escritores portugueses e espanhóis e todos
elogiam a boa organização e participação. Contudo, os resultados são eviden-
ciados de pontos de vista diferentes: Saramago destaca o facto de não ter havi-
do propostas nem conclusões formais, augurando efeitos positivos, ao contrário
de encontros em que tal aconteceu; Lídia Jorge salienta a posição assumida
de as literaturas ibéricas deverem ser valorizadas a partir dos próprios países
produtores e não a partir de outros centros com resultados duvidosos; e, por sua
vez, Fernando Assis Pacheco põe em destaque a participação esforçada de um
pequeno editor espanhol.

Solução N.º 8. Sumários com verbos que indicam atos do autor

Sumário do texto 1
O autor distingue os jornalistas em três tipos.
Sumário do texto 2
O autor relata o que um amigo lhe disse e mostra como as palavras desse
amigo influenciaram a sua vida, elencando diversas ações do seu quotidiano
que ele realiza de forma diferente.
Sumário do Texto 3
O autor aponta a contradição entre a existência de extensas listas de di-
reitos humanos e o facto de a maioria da humanidade não ter nenhum. Diante
disso, convida o leitor a sonhar com um mundo possível e elenca algumas das
características desse mundo.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 277


SUBUNIDADE 4.2 Síntese

Solução N.º 9 – A. Divisão dos textos em partes e atribuição de um título-


resumo a cada parte

Texto 4.2.3. Promessas não: certezas!


1. Avaliação do encon- 2. Justificação: desilu- 3. Expetativas: o en-
tro (1.º período) sões anteriores (2.º e 3.º contro terá efeitos positi-
períodos) vos (4.º período)
Texto 4.2.4. Jornadas com muita graça
1. Avaliação do encon- 2. Justificação: orga- 3. Importância do en-
tro (1.º período) nização, acolhimento (2.º contro: sensibilidade à
período) Literatura e à Cultura por-
tuguesas pelo público es-
panhol; posição de serem
os próprios países ibéricos
a valorizarem as suas lite-
raturas, em vez da submis-
são a outros centros com
consequências negativas
(3.º período)
Texto 4.2.5. Olés e palmas
1. Avaliação positiva 2. Justificação: cober- 3. Importância do en-
do encontro (1.ª frase do tura jornalística detalhada, contro: os prosadores, a
1.º período) afluência razoável do pú- sombra de Fernando Pes-
blico (2.ª frase do 1.º pe- soa e a participação espe-
ríodo) cial (todo o resto do texto)
A oportunidade de um encontro
1.Manifestação de es- 2. Argumentação
panto por existirem pes- 2.1. Favorável à tese
soas que pensam que a (concessão): os escritores
expansão da literatura é portugueses não são os
um mito ou uma fabricação mais divulgados (desde “é
artificial (1.º período) claro” até “aeroportos”, no
2.º período)
2.2. Contra a tese: o
que se passou em Madrid
foi a demonstração do
contrário, com respetivas
provas (desde “O que se
passou” até “contrário” e,
depois, desde “mas” até
“entusiástica”, no 2.º perío-
do e ainda todo o 3.º perío-
do que contém as provas)

278 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Síntese SUBUNIDADE 4.2

Esbater as diferenças
1. Avaliação positiva 2.Justificação: abrir 3. Conclusão: os resul-
do encontro (1.º período) perspetivas editoriais, fa- tados esbatem as diferen-
zer amizades e aprofun- ças (último período)
dar o conhecimento entre
portugueses e espanhóis
(2.º, 3.º e 4.º períodos)

Cara a cara
1. Avaliação positiva 2. Afirmação do diálo- 3. Apelo final aos que
do encontro (1.º período go como meio de recolher trabalham no próprio inte-
do 1.º §) experiência para o encon- rior destas tarefas (escri-
tro (2.º período do 1.º §) tores, tradutores): não se
deixar iludir com possíveis
facilidades, pois o produto
final demanda muito custo
e amor individuais (2.º §)

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 279


SUBUNIDADE 4.2
280

Solução N.º 9 – B. Comparação dos textos


Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita

Textos 4.2.3. 4.2.4. Jornadas A oportunidade


Texto 4.2.5. Esbater as
Promessas com muita de um Cara a cara
Olés e palmas diferenças
não: certezas! graça encontro
Bom encontro Jornadas com Resultados à Encontro de ex- O p o r t u n i d a d e
muita graça vista trema importân- para Portugal
Ideias comuns cia e Espanha dia-

Síntese
logarem para
ultrapassar as
_ diferenças
Boa organiza- Cobertura jorna- A exploração Abertura de O diálogo como
ção lística detalhada pessoana, as perspetivas edi- meio de reco-
Bom acolhimen- Afluência razoá- múltiplas tradu- torais lher experiência
to vel do público ções de Eugénio para o encontro
de Andrade, o
Público espa- Oportunidade
prestígio de Tor-
nhol sensível à de amizades e
Ideias idênticas ga, o sucesso
Literatura e à de aprofunda-
ou muito próxi- — editorial de um
Cultura portu- mento de co-
mas José Saramago
guesas nhecimento en-
ou de uma Lídia
tre portugueses
Jorge, a desco-
e espanhóis
berta de Her-
berto Helder, a
consagração de
Cardoso Pires.
Ideias opostas — — — — — —
Ainda que os
escritores por-
tugueses não
sejam os mais
divulgados, a
atenção autênti-
Ideias comple- ca, a disponibi-
mentares — — — lidade favorável — —
e a cumplicida-
de entusiástica
que se verificou
no encontro
Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita

demonstram a
expansão da
literatura portu-
guesa
Foi bom não ter As literaturas Valorização da Manifestação Apelo final aos
havido nem pro- ibéricas devem participação de de espanto escritores e tra-
postas nem con- ser valoriza- um pequeno por existirem dutores para
clusões formais das a partir dos editor de uma pessoas que não se deixarem
próprios países revistinha, em pensam que a iludir com possí-
produtores vez de prosa- expansão da veis facilidades

Síntese
Ideias novas —
dores famosos literatura é um e se conscien-
e de Fernando mito ou uma fa- cializarem de
Pessoa bricação artifi- que o produto

SUBUNIDADE 4.2
cial (1.º período) final, demanda
muito investi-
mento individual
281
SUBUNIDADE 4.2
282

Solução N.º 9 – C. Apreciação dos textos


Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita

Textos 4.2.3. 4.2.4. Jornadas


Texto 4.2.5. A oportunidade Esbater as
Promessas com muita Cara a cara
Olés e palmas de um encontro diferenças
não: certezas! graça
O encontro O encontro foi O encontro foi Ainda que os Encontros do Os escritores e
foi bom e terá bom, sendo o bem preparado escritores portu- tipo constituem tradutores não
efeitos positi- resultado fun- e teve participa- oportunidades se devem dei-

Síntese
gueses não se-
vos, apesar da damental a ideia ções importan- jam os mais divul- para negócios xar iludir pelos
ausência de de que as lite- tes (prosadores gados, a atenção editorais, cons- resultados posi-
produção de raturas ibéricas famosos e Fer- autêntica, a dis- trução de ami- tivos, produtos
Resumo da ideia propostas nem devem ser va- nando Pessoa), ponibilidade favo- zades e do diálogo, e
fundamental conclusões for- lorizadas a par- mas a participa- rável e a cumplici- aprofundamento devem cons-
mais tir dos próprios ção mais esfor- dade entusiástica de conhecimen- ciencializar-se
países produto- çada foi a de um que se verificou to entre portu- de que o produ-
res pequeno editor no encontro de- gueses e espa- to final demanda
de uma revisti- monstram a ex- nhóis muito investi-
nha pansão da litera- mento individual
tura portuguesa
Foca a questão Destaca a po- Compara a par- Demonstra que a Evidencia as Apela à continui-
da ineficácia sição assumida ticipação de expansão da lite- oportunidades dade do diálogo
generalizada de de como as lite- pessoas impor- ratura portuguesa que encontros como forma de
Importância de
encontros raturas ibéricas tantes e a de é um facto do tipo propor- aprofundamento
cada texto
devem ser valo- pessoas mais cionam do encontro en-
rizadas modestas tre portugueses
e espanhóis
Criticar Informar Destacar os par- Argumentar a fa- Explicar
ticipantes vor da tese de
As intenções de
que a literatura —
cada um
portuguesa está
em expansão
Síntese SUBUNIDADE 4.2

Solução N.º 9 – D. Plano da síntese

1. Introdução (apresentação do assunto/tema dos textos)


2. Desenvolvimento
2.1. Aspetos comuns
2.2. Diferenças
2.3. Complementaridades
3. Conclusão (apreciação pessoal sobre o assunto/tema, partindo das ideias dos
autores do texto)

Solução N.º 9 – E. Texto possível da síntese

Síntese dos textos Promessas não: certezas! de José Saramago, Jornadas


com muita graça de Lídia Jorge, Olés e palmas de Fernando Assis Pacheco, A
Oportunidade de um encontro de Francisco José Viegas, Esbater as diferenças
de Manuel de Seabra e Cara a cara de José Bento, publicados no JL n.º 362. In:
BASTOS, Cecília. R. N. S. & FIDALGO, Maria Júlia. S. C. Saber redigir. Porto.
Porto Editora. 1990. Pp. 80-81
Elaborado por: F
Todos os autores considerados (José Saramago, Lídia Jorge, Fernando Pa-
checo, Francisco Viegas, Manuel de Seabra e José Bento) abordam um encontro
havido entre escritores portugueses e espanhóis e todos, com exceção de Viegas
que não faz uma apreciação explícita, elogiam a boa organização e participação.
Contudo, os resultados são evidenciados de pontos de vista diferentes: Sa-
ramago destaca o facto de não ter havido propostas nem conclusões formais,
augurando efeitos positivos, ao contrário de encontros em que tal aconteceu; Lí-
dia Jorge salienta a posição assumida de as literaturas ibéricas deverem ser va-
lorizadas a partir dos próprios países produtores e não a partir de outros centros
com resultados duvidosos e Fernando Pacheco põe em destaque a participação
esforçada de um pequeno editor espanhol.
Por sua vez, enquanto Francisco Viegas procura demonstrar que a expan-
são da literatura portuguesa é uma realidade, apresentando factos que provam a
atenção autêntica, a disponibilidade favorável e a cumplicidade entusiástica face
aos escritores portugueses, durante o encontro, Manuel de Seabra prefere ex-
plicar as oportunidades que encontros do tipo proporcionam (negócios editorais,
construção de amizades e aprofundamento de conhecimento entre os partici-
pantes); aliás, o diálogo como meio de construção do conhecimento é a questão
central do texto de José Bento que apela os escritores e tradutores a não se dei-
xarem iludir pelos resultados positivos imediatos, mas antes a se conscienciali-
zarem de que o produto final esperado demanda muito investimento individual.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 283


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

SUBUNIDADE 4.3. PARÁFRASE

Guião de aprendizagem

1. Sinopse
Esta subunidade – Paráfrase –, faz parte da unidade Reescrita de textos, que tem
como finalidade aprenderes a escrever alguns dos textos que são escritos a partir de
outros: resumo, sumário, síntese, paráfrase e definição.
Na sequência da redação do resumo, do sumário e da síntese, pretende-se, nesta
subunidade, que, primeiro, te apropries das características da paráfrase e dos pro-
cedimentos e recursos linguísticos necessários à criação de alternativas de expressão
para um mesmo conteúdo de texto. Finalmente, propomos-te redigir este tipo de
texto com recurso a instrumentos e procedimentos de avaliação adequados e com
autonomia.
Bom trabalho!

2. Objetivos
No fim desta subunidade, deves ser capaz de:
• Parafrasear expressões/sequências textuais;
• Adotar conscientemente os procedimentos e recursos linguísticos necessários à
criação de alternativas de expressão para um mesmo conteúdo de texto.

3. Conteúdos
1. Paráfrase
1.1. Definição
1.2. Condições de uso
1.3. Tipos: substitutiva ou reprodutiva; explicativa ou metáfrase; desenvolvi-
mento ou amplificação
1.4. Recursos para criar estruturas alternativas
1.5. Recursos linguísticos específicos: pontuação e fórmulas fixas
1.6. Características da linguagem: clareza, concisão, objetividade, simplicidade,
precisão vocabular
1.7. Procedimentos de redação: leitura rápida, leitura atenta para compreensão,
procura de palavras adequadas, reescrita

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 285


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

4. Recursos
• Texto de apoio 4.3.1. Paráfrase
• Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase
• Ficha guia 4.3.1. Paráfrase
• Grelha autocorretiva 4.3.1. Paráfrase

5. Orientações para autoestudo


5.1. Observando e compreendendo a paráfrase
i) Observa, um a um, os pares de frases abaixo1, com o objetivo de identificar e
explicar o que têm de comum e de diferente. Para conseguires isso, tenta res-
ponder às questões abaixo e regista as tuas respostas.
‒‒Qual a diferença de sentido das frases correspondentes nas duas colunas?
‒‒Que mudanças ocorreram na passagem das frases correspondentes da coluna
A para a B?
‒‒O que essas frases têm de comum e de diferentes em termos de palavras, ex-
pressões, ou sequência de elementos?

Texto de apoio 4.3.1. Paráfrase

FRASES A FRASES B
Pegue o pano e enxugue a louça. Pegue o pano e seque a louça.
As filhas do gerente do banco foram As moças mais bonitas do meu bairro
convidadas para a festa de formatura. foram convidadas para a festa de formatura.
A mãe contou a história ao filho. A história, ao filho, a mãe contou.

ii) Compara os teus registos com os resultados que te são apresentados na Solução
N.º 1. Reflete e tira conclusões.
5.2. Aprofundando a compreensão de paráfrase

5.2.1. Observando e compreendendo a diferença entre paráfrase e não


paráfrase
i) Observa e compara as frases a seguir2 com as suas possíveis paráfrases e indica,
à frente de cada uma, se é ou não uma paráfrase. Na margem, explica a razão
da tua decisão.
1.Exemplos e explicações extraídos de: http://pt.shvoong.com/books/dictionary/1721215-par%C3%A1fra-
se/#ixzz1x9TA1nms Acedido em: 7 de junho de 2012.
2. Exemplos e soluções extraídos de http://portuguesnaveia.blogspot.com/2008/04/parfrase.html. Acedido
em: 26 junho de 2012 .

286 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

Texto de apoio 4.3.1. Paráfrase (continuação)

1. Frase: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qual-
quer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)
a) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet.
b) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no mundo
todo, por qualquer um.
c) * A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo todo, a
internet.
2. Frase: Encontrei determinadas pessoas naquela cidade. (determinadas pes-
soas = certas pessoas)
a) Encontrei pessoas determinadas naquela cidade. (pessoas determinadas
= pessoas decididas)
3. Frase: A mulher bonita fez sucesso na festa.
a) A mulher, bonita, fez sucesso na festa.

ii) Lê com cuidado a Solução N.º 2. Compara-a com as tuas respostas, refletindo
sobre os pontos fortes e fracos delas. Tira conclusões.
iii) Neste ponto, a proposta é que leias, com muito cuidado, e apoiando-te nos
resultados da atividade que acabaste de fazer, os pontos seguintes da Ficha in-
formativa 4.3.1. Paráfrase: conceito, condições de uso, recursos para criar es-
truturas alternativas que traduzem o mesmo sentido (transformações formais),
recursos linguísticos e características da linguagem.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 287


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase1

Conceito: reescrita de um discurso (enunciado ou texto inteiro), mantendo as suas


ideias centrais, explicitando-as, mas dando-lhe uma nova forma.
Condiçõde uso
• Compreender o que se lê;
• Traduzir uma informação para uma linguagem mais acessível para que ela chegue a
um maior número de pessoas;
• Inclui-se na sequência normal de um texto, mas com a referência (entre parênteses
curvos, indica-se a fonte – nome do autor e a data da publicação –, sem a indicação
do número da página); a inserção de uma paráfrase deve ficar clara no texto (início,
fim ou interrupção).
Tipos
• Paráfrase substitutiva ou reprodutiva (reprodução): tradução livre ou quase literal de
um outro texto, repetindo as ideias originais, com palavras mais simples, mas próprias
(substituição de palavras por outras de sentido equivalente, dizer por outras palavras)
‒‒ Pode ser usado no mesmo contexto e situação, mas deve ser evitado nos trabalhos
académicos pois este tipo de paráfrase está próximo da cópia, esclarecendo muito
pouco as ideias e não mostrando com clareza que se compreendeu.

Exemplo2

Texto original Paráfrase


Se posso prever tudo o que uma Quando se pode prever tudo aquilo
pessoa me vai dizer, a mensagem é que uma pessoa vai falar, o conteúdo da
totalmente redundante e eu posso abs- sua exposição é inteiramente redundante
ter-me de a ouvir ou ela de o dizer; ao e eu posso deixar de prestar-lhe atenção
contrário, se nada posso prever do que ou ela de o dizer; diferentemente, se não
ela me vai dizer – caso alguém que se posso conjecturar nada do que ela vai fa-
dirigisse a mim numa língua que desco- lar-me – caso alguma pessoa se dirigisse
nheço completamente – a comunicação a mim num idioma que não conheço to-
também é impossível. Em ambos os ca- talmente – a comunicação também não é
sos não há possibilidade de intercâmbio possível. Nos dois casos, é impossível o
de informação. intercâmbio de informação.

(Pignatari, 1988:52)

• Paráfrase explicativa ou metáfrase: reescrita, em termos mais simples,


esclarecendo sentidos obscuros ou não totalmente explícitos e ampliando ideias
tornando o texto claro, incisivo e evidente, com recurso ao desenvolvimento de
conceitos e à argumentação.

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Duarte, 2012; Koch e Elias. 2011:168; Cruz e Zanini, 2009:1904-
1912; Medeiros, 2008:167-184; Vanoye, 2007:152-153; Estrela, 2006:80-81; Nascimento e Pinto, 2006:40-
42; Amor, 1993:135-136; Garcia, 1992:185-187, 322-326.
2. Texto original e paráfrase extraídos de: Medeiros, 2008:169-170, com adaptações.

288 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

Exemplo1
Texto original Paráfrase
O apogeu já é decadência, porque Se o apogeu é considerado o último
sendo estagnação não pode conter em degrau de uma escada, a partir do mo-
si um progresso, uma evolução ascen- mento em que é alcançado, passa-se à
sional. Bilac representa uma fase des- estagnação, que é índice de deterioração,
trutiva da poesia, porque toda a perfei- ou inicia-se o processo de declínio. A poe-
ção em arte significa destruição. sia parnasiana, que alcançou em Bilac um
defensor máximo, representa uma estética
(Mário de Andrade, 1976:32) literária que, levada às últimas consequên-
cias, destrói o poético da poesia. Mário
de Andrade revela-se cuidadoso para não
ferir susceptibilidades: considera Bilac um
poeta rigoroso quanto aos princípios par-
nasianos, mas acrescenta que, chegando
a esse limite, a poesia retorna de sua ca-
minhada, na busca de outros elementos
que a faz poética. E o seu principal ingre-
diente acaba revelando-se a dinamicidade
da procura.

• Paráfrase desenvolvimento ou amplificação: reescrita, acrescentando definição


dos termos utilizados, exemplos, pormenores, comparações, contrastes, exposição
de relações de causa e efeito, metáforas, diferentes formas de redundância entre
outros (mesmo assim, mantém valor estético-estilístico).

Exemplo2
Texto original Paráfrase
Marcela morria de amores pelo Xa- A ironia machadiana penetra a cons-
vier. Não morria, vivia. Viver não é a ciência do leitor acostumado aos roman-
mesma cousa que morrer; assim o afir- ces da linha romântica. Desvenda as
mam todos os joalheiros deste mundo, intenções humanas e mostra o mercanti-
gente muito vista na gramática. Bons lismo também presente nas relações afec-
joalheiros, o que seria do amor se não tivas. Dixe é jóia, enfeite, ornamento de
fossem os vossos dixes e fiados? Um ouro ou pedraria. Sem o comércio de jóias
terço ou um quinto do universal comér- e pedras preciosas, sem o crédito para a
cio dos corações. aquisição de tais produtos, o amor em que
pé estaria? Como seria? Não esquece o
(Machado de Assis, 1979, v1, p. 536) autor também de apresentar ataque aos
gramáticos que gostam de usar a metáfora
joalheiro para os puristas e trabalhadores
do estilo.

1. Texto original e paráfrase extraídos de: Medeiros, 2008:170, com adaptações.


2. Texto original e paráfrase extraídos de: Medeiros, 2008:170-171, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 289


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

Recursos para criar estruturas alternativas que traduzem o mesmo sentido


(transformações formais):
• Omissão de termos facilmente subentendidos
• Substituição das palavras por outras, com recurso às relações de significado entre
elas (sinonímia, hiponímia, hiperonímia)
• Nominalização
• Inversão da ordem dos elementos das orações
• Inversão da ordem dos períodos
• Mudança de voz verbal
• Conversão de frases negativas em afirmativas de igual valor (ou vice-versa).
Recursos linguísticos
• Pontuação
• Fórmulas fixas: expressões que apontam a transição do texto original para a paráfrase,
tais como: quer dizer, ou seja, ou melhor, melhor dizendo, como se dizia, por outras
palavras, dizendo de outra maneira, em síntese, em suma, isto é, tal (não) significa.
Exemplo: Ele não tinha almoçado, ou seja, estava com fome.
Características da linguagem
• Clareza
• Concisão
• Objetividade
• Simplicidade
• Precisão vocabular
Paráfrase não é:
• Mera substituição das palavras de um texto
• Contração, resumo ou comentário
• Citação: menção num texto, de informação de outra fonte mediante transcrição
literal e rigorosa, isto é, sem acrescentar nada, alterar a pontuação, trocar palavras e
omitir informações que distorçam o pensamento original, com colocação de aspas e
indicação da fonte, usando o sistema autor, data
‒‒ Referência sistema autor, data: SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística
Geral. Lisboa. Publicações Dom Quixote. 1971.
‒‒ Uma transcrição sem colocação de aspas nem indicação da fonte ou uma ligeira
reformulação, com alteração de algumas palavras são cópias disfarçadas e
portanto, plágio.
• Definição: apresentação das características que distinguem um objeto, ideia ou ser
de outro, usando expressões ou palavras supostamente conhecidas (sinónimos,
antónimos…)

290 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

‒‒ Tipos:
• Descritivas: descrições precisas, objetivas e concisas: o máximo das principais
características do termo definido, indo do geral ao específico ou explicitando as
suas causas ou finalidade
• Nominais: sinónimos ou antónimos, completados com exemplos ou citações
‒‒ Estrutura linguística:
• Sujeito (paráfrase) + verbo de ligação (é, consiste, significa) + predicativo
(características, propriedades)
• As características do termo definido podem aparecer entre vírgulas ou entre
parênteses: ser humano, um conjunto de características físicas (aparência), sociais
(atitudes, comportamentos, vestimentas), intelectuais (educação, profissão) e
emocionais).
‒‒ Requisitos básicos:
• Ser obrigatoriamente afirmativa, ou seja, não pode ser formulada pela negativa (X
não é Y)
• Ser mais clara do que o definido
• Não introduzir o termo definido na definição
• Ser recíproca para não ser incompleta ou insatisfatória: “todo o ser vivo é homem”
não é verdadeiro porque “gato é ser vivo, mas não é homem”1
• Breve, ou seja, constituída por uma só frase predicativa
• Linguagem simples, clara, objetiva e concisa

Exemplos:
• Cabo Verde:
Cabo Verde é uma República soberana, unitária e democrática, que garante o
respeito pela dignidade da pessoa humana e reconhece a inviolabilidade e inalienabi-
lidade dos Direitos do Homem como fundamento de toda a comunidade humana, da
paz e da justiça.

Constituição da República de Cabo Verde, artigo 1.º

• Dígrafo:
Dígrafo é combinatória de letras que representam um único fonema: chave,
milho, sonho.

Casanova, Isabel. Dicionário Terminológico. Compreender a TLEBS. Lisboa. Plátano Editora. 2009:100.

Procedimentos de redação
1.º Leitura rápida do original para se inteirar do seu conteúdo
2.º Leitura atenta do original para perfeita compreensão, não esquecendo de:
a) Sublinhar em cada parágrafo as ideias principais

1. Garcia, 1992:326.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 291


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

b) Escrever à parte essas ideias


3.º Procurar palavras adequadas (de sentido equivalente, mais simples, ...) e criar estrutu-
ras alternativas que traduzem o sentido do texto, operando as transformações formais
4.º Reescrever essas ideias, reafirmando ou esclarecendo as ideias centrais do texto
original e dando-lhes uma redação própria, respeitando as seguintes exigências de
uma boa paráfrase:
a) Basear-se no texto
b) Manter a mesma ordem de ideias
c) Não modificar o sentido original
d) Não omitir nenhuma informação essencial
e) Não acrescentar informações novas. O que se inclui são aspetos relevantes da
opinião pessoal de quem faz a paráfrase (comentários, ideias e impressões ou
críticas bem fundamentadas)
f) Não comentar qualquer ideia do texto original
g) Utilizar vocabulário diferente sempre que possível (Cf. Procedimento 2)
h) Mudar o registo discursivo
i) Distanciar do texto original, usando estruturas alternativas que traduzem o
sentido do texto original, realizando mudanças formais (Cf. Procedimento 2)

5.2.2. Observando e compreendendo a diferença entre paráfrase e


citação
i) Observa agora os textos A e B1, abaixo e responde às seguintes questões, com
base no que já sabes sobre a paráfrase. Regista as tuas conclusões.
‒‒Qual delas é paráfrase da outra?
‒‒Qual é uma citação?

Texto de apoio 4.3.1. Paráfrase (continuação)

TEXTO A TEXTO B
“Democracia é quando eu mando em Democracia tem um conceito bem
você, ditadura é quando você manda em relativo, depende do lugar onde a pes-
mim.” soa esteja. Se ela estiver no comando,
há democracia; se ela for comandada,
Millôr Fernandes então só existe a ditadura.

ii) Compara as tuas conclusões com as que constam da Solução N.º 3. Quais os
pontos comuns e os diferentes? Por que isso aconteceu? Tira as tuas próprias
conclusões.

1. Textos extraídos de: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100228112446AAGvtMu. Acedi-


do em: 7 de junho 2012.

292 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

iii) Identifica, na Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase, a parte em que trata da citação
e lê-a, comparando com a citação que serviu de exemplo.

5.2.3. Observando e compreendendo a diferença entre paráfrase e de-


finição
i) Tens, novamente, dois textos diferentes. Distingue-os.

TEXTO A TEXTO B
“Paráfrase consiste na reescrita de Parafrasear é dizer ou escrever o
um discurso (enunciado ou texto inteiro), mesmo, mas de uma forma mais aces-
mantendo e explicitando as suas ideias sível.
centrais, mas dando-lhe uma nova forma.”

In: Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase, desta


subunidade

ii) Confere a tua resposta na Solução N.º 4. Reflete e tira conclusões.


iii) Para aprofundares um pouco mais sobre o conceito de definição, lê sobre este
assunto, na Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase. Durante a leitura, vai comparan-
do o que é dito nessa Ficha com a definição de paráfrase apresentada e recordan-
do, também, as várias definições com que te tens defrontado nas tuas leituras,
no teu percurso académico.
iv) Lê toda a Ficha informativa 4.3.1. Paráfrase, relendo as partes que já tinhas
lido. Presta muita atenção nos seguintes pontos dessa ficha: recursos para criar
estruturas alternativas, recursos linguísticos, características da linguagem e pro-
cedimentos de redação.

5.3. Redação orientada de paráfrases


i) Parafraseia as sequências abaixo:
‒‒O pesquisador publicou um livro que foi comemorado pelos amigos1.
‒‒O jornalista criticou o livro recém-lançado, provocando indignação nos leitores2.
‒‒Prosseguir nesse tom não é correto e pode ter consequências negativas…3
‒‒Tens aí o A Semana?4
ii) Compara cada uma das paráfrases que elaboraste com as que te são apresentadas
na Solução N.º 5. Busca perceber o que fizeste bem ou mal e porquê.

1. Frase original e paráfrase extraídos de Medeiros, 2008:168.


2.Frase original e paráfrase extraídos de Mira, 2011. Disponível em: http://pt.slideshare.net/kerolayne12345/
metodologia-cientfica-parfrase-slides. Acedido em: 1 de agosto 2014.
3. Frase original e paráfrase extraídos de Amor, 1993:135.
4. Frase original e paráfrase extraídos de Amor, 1993:136, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 293


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

6. Prática da língua
6.1. Usando a paráfrase, reescreve o texto abaixo1, com auxílio da Ficha
guia 4.3.1. Paráfrase. Em caso de alguma dúvida ou de necessidade de
confirmação, volta à Ficha informativa 4.3.1.Paráfrase.

Para onde?
Assim dá para organizar bolsa de apostas: qual será, afinal, o destino de
Fernandinho Beira-Mar? Os advogados do traficante tentam, no STJ, anular a
decisão do Ministério da Justiça e garantir sua volta para Bangu 1. Mas o minis-
tro da Justiça, embora afirme que Beira-Mar não permanecerá mais do que trinta
dias preso em São Paulo, garante que ele não voltará para o Rio e nem será
transferido para o Acre.

(Jornal Zero Hora, Março de 2003)

Ficha guia 4.3.1. Paráfrase2

Antes de redigir: SIM NÃO


1. Fiz, num primeiro momento, uma leitura rápida para ter uma ideia de
conjunto do texto que vou parafrasear?
2. Fiz, num segundo momento, uma leitura atenta do texto inicial/origi-
nal para a sua perfeita compreensão, sem me esquecer de identifi-
car e sublinhar em cada período e/ou parágrafo as ideias principais?
3. Esquematizei as ideias expostas pelo autor do texto inicial/original?
4. Fiz o levantamento de expressões, elementos, frases/ideias funda-
mentais do texto a ser parafraseado?
5. Construí um plano do texto da paráfrase, reagrupando as expres-
sões, elementos ou frases de um modo claro e lógico?
6. Atribuí um título adequado e atrativo ao texto para estimular a sua
leitura?

1. Extraído de http://pt.shvoong.com/books/dictionary/1721215-par%C3%A1frase/#ixzz1x9TA1nms Acedido


em: 2012-06-07.
2. Elaborada, essencialmente, com base em: Duarte, 2012; Koch e Elias. 2011:168; Cruz e Zanini, 2009:1904-
1912; Medeiros, 2008:167-184; Vanoye, 2007:152-153; Estrela, 2006:80-81; Nascimento e Pinto, 2006:40-
42; Amor, 1993:135-136; Garcia, 1992:185-187, 322-326.

294 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

Ao redigir: SIM NÃO


7. Reescrevi o texto inicial, reafirmando ou esclarecendo as ideias
centrais e dando-lhes uma redação própria, respeitando as seguin-
tes exigências:
a) Basear-se no texto?
b) Manter a mesma ordem de ideias?
c) Não modificar o sentido original?
d) Não omitir nenhuma informação essencial?
e) Não comentar qualquer ideia do texto original?
f) Utilizar vocabulário diferente sempre que possível?
g) Mudar o registo discursivo?
8. Procurei distanciar-me do texto inicial, criando construções alterna-
tivas, operando transformações formais mediante, entre outros, os
seguintes procedimentos:
a) Omissão de termos facilmente subentendidos?
b) Substituição das palavras por outras, com recurso às relações de
significado entre elas (sinonímia, hiponímia, hiperonímia)?
c) Nominalização?
d) Inversão da ordem dos elementos das orações?
e) Inversão da ordem dos períodos?
f) Mudança de voz verbal?
g) Conversão de frases negativas em afirmativas de igual valor (ou
vice-versa)?
9. Evitei copiar expressões ou frases inteiras do texto inicial?
10. Construí parágrafos que desenvolvem a ideia de modo consistente?
11. Articulei adequadamente os parágrafos e as frases?
12. Mantive a continuidade temática do texto?

13. Garanti a progressão das ideias/informações?

14. Evitei ideias contraditórias?

15. Respeitei o limite de palavras ou de linhas estabelecido?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 295


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

Na revisão, verifiquei se: SIM NÃO


16. O texto apresenta conformidade dos requisitos básicos da paráfrase?

17. Existe adequação da estrutura linguística usada: sujeito + verbo de


ligação + predicativo?
18. O texto apresenta continuidade?

19. Existe progressão das ideias/informações?

20. As frases e os períodos apresentam-se sem hierarquia e ordena-


ção clara das ideias ou com estruturação complexa?
21. As frases e os períodos são longos?

22. As preposições são adequadas aos verbos e outras palavras que


as exigem?
23. Os pronomes clíticos estão colocados antes ou depois do verbo, de
acordo com os contextos?
24. Fui correto na ortografia, acentuação e pontuação?

6.1.1. Avalia o texto que produziste com recurso à Grelha autocorretiva


4.3.1. Paráfrase. Se for o caso, reformula o teu texto, atendendo aos
resultados.

Grelha autocorretiva 4.3.1 Paráfrase1

ESTRUTURA E CONTEÚDO SIM NÃO


1. O texto que escrevi corresponde ao objetivo de uma paráfrase?
2. O sentido da paráfrase é o mesmo que o do texto original?
3. Apresenta as ideias ou expressões fundamentais do texto inicial,
sem omissões ou deturpações?
4. A ordem em que as ideias aparecem no texto da paráfrase é a mes-
ma do texto original ?
5. O texto que escrevi contém comentário?
6. O texto que escrevi é uma mera substituição das palavras do texto
inicial?
7. O texto que escrevi contém alguma transcrição literal ou citação,
sem colocação de aspas?
8. O texto que escrevi é um resumo ou condensação do texto inicial?
9. O texto que escrevi é um comentário do texto inicial?

1. Elaborada, essencialmente, com base em: Duarte, 2012; Koch e Elias. 2011:168; Cruz e Zanini, 2009:1904-
1912; Medeiros, 2008:167-184; Vanoye, 2007:152-153; Estrela, 2006:80-81; Nascimento e Pinto, 2006:40-
42; Amor, 1993:135-136; Garcia, 1992:185-187, 322-326.

296 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

10. O título reflete o conteúdo global do texto?


11. O título é fácil de compreender?
12. O título desperta a curiosidade dos leitores?
13. Todas as palavras do título são realmente necessárias?

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E COESÃO SIM NÃO


14. As ideias ou expressões fundamentais do texto inicial são apresen-
tadas com construções alternativas?
15. O texto apresenta todas as ideias/informações importantes para a
compreensão do tópico?
16. O texto apresenta ruturas e omissões que comprometem a sua
compreensão?
17. Os parágrafos e as frases estão bem articulados?
18. Os subtópicos estabelecem uma relação adequada com o tópico?
19. O texto apresenta ideias que se contradizem?
20. Existem ideias que não correspondem ao que acontece no mundo
que o texto representa?
21. As palavras ou expressões para articular parágrafos e frases são
adequadas?
22. O texto apresenta erros de concordância (género e número)?
23. Existe coerência entre os tempos e modos verbais?

LINGUAGEM SIM NÃO


24. O texto respeita a estrutura linguística própria da paráfrase?
25. A modalização é adequada à situação/contexto?
26. As frases estão bem formuladas/estruturadas?
27. O texto contém erros ortográficos, de translineação e de acentuação?
28. Os pronomes clíticos estão colocados na posição correta?

APRESENTAÇÃO SIM NÃO


29. O texto apresenta-se com letra legível, disposição gráfica dentro
das margens, papel adequado e em bom estado de limpeza?
30. A apresentação gráfica está valorizada através de: títulos e subtítu-
los, marcas, alíneas, espaçamentos, sublinhados, etc.?
AVALIAÇÃO FINAL SIM NÃO
31. O texto pode ser melhorado?

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 297


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

6.1.2. Compara o teu texto com o que te é apresentado na Solução N.º 6.

6.2. Tens mais um texto1 para parafrasear, desta feita um poema que já
deves ter conhecido no Secundário. Depois de teres concluído todo o
processo de redação, compara o teu texto com o que te é apresentado na
Solução N.º 7.
Como morreu quen nunca bem
Ouve da ren que mais amou
E quen viu quanto receou
D’ela e foi morto por én:
Ay, mha senhor, assi moyr’eu!
(Pai Soares de Taveiros)

7. Para saberes mais


7.1. Leitura
Para aprofundares as tuas leituras sobre a paráfrase, citação e definição, estuda os
seguintes textos e discute os seus conteúdos com os colegas:
MEDEIROS, João B. Redação Científica. S. Paulo. Editora Atlas. SA. 2008.Pp. 167-
184.
GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. Editorial da Fundação
Getúlio Vargas. Rio de Janeiro. 1992. Pp. 322-326.
7.2. Trabalho autónomo
Parafrasear textos é uma maneira de tornar mais claro e objetivo o que está dito
noutro texto, desenvolvendo, assim, o poder de concisão, clareza e precisão vocabu-
lar. No contexto académico, a paráfrase é uma das melhores formas de se mostrar
que se entendeu claramente a ideia do texto original. Por isso, deves sempre parafra-
sear as ideias centrais dos textos teóricos que tens de estudar nas diferentes unidades
curriculares do curso.

1. Extraído de Garcia, 1992:186.

298 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

Soluções

Solução N.º 1. Comparação entre frases e as suas paráfrases

• Apesar de os pares de frases terem o mesmo significado, não apresentam


a mesma forma. Ou seja, dizem o mesmo de outro modo, sendo, por isso,
designadas de paráfrases.
• Na passagem das frases do Grupo A (originais) para o Grupo B (paráfrases
correspondentes), ocorreram determinadas transformações formais:
Par 1 – Explicação: O verbo “enxugar “foi trocado por seu sinónimo “secar”.
Essa é uma transformação que utiliza sinónimo.
Par 2 – Explicação: “As filhas do gerente do banco” e “As moças mais bo-
nitas do meu bairro” não são necessariamente expressões sinónimas, mas, num
determinado contexto, referem-se às mesmas pessoas. – expressão equivalente.
Par 3 – Explicação: Os termos da oração são simplesmente deslocados de
lugar, sem que haja necessidade de alterar a construção verbal. – processo de
inversão de elementos.

Solução N.º 2. Comparação entre frases e as suas paráfrases

1. Frase: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qual-
quer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)
a) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet. –
PARÁFRASE
b) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no mundo
todo, por qualquer um. – PARÁFRASE
c) * A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo todo, a
internet. – NÃO É PARÁFRASE
Explicação:
• Em a) e b) houve conservação do sentido do texto, o que não acontece em
c). Nela NÃO É A MENTE DE DEUS QUE ACESSA...O texto diz que ELA É
ACESSADA POR QUALQUER UM.
• Cuidado na mudança de posição dos termos da frase. Às vezes, estas
mudanças causam alteração no sentido do texto.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 299


SUBUNIDADE 4.3 Paráfrase

2. Frase: Encontrei determinadas pessoas naquela cidade. (determinadas pes-


soas = certas pessoas)
a) Não paráfrase: Encontrei pessoas determinadas naquela cidade. (pessoas
determinadas = pessoas decididas)
Explicação:
• No primeiro exemplo, determinadas é um pronome indefinido; no segundo, é
um adjetivo.
• Cuidado também com a pontuação.
3. Frase: A mulher bonita fez sucesso na festa. (Neste caso, o adjetivo bonita é
uma característica da mulher. Trata-se de uma mulher sempre bonita, ou seja,
no outro dia, vai continuar bonita.)
a) Não paráfrase: A mulher, bonita, fez sucesso na festa.
Explicação:
• Neste caso, as vírgulas indicam que a mulher está bonita naquele momento.
• Cuidado também com a pontuação.

Solução N.º 3. Distinção entre paráfrase e citação

A – Citação B – Paráfrase da citação


“Democracia é quando eu mando Democracia tem um conceito bem re-
em você, ditadura é quando você man- lativo, depende do lugar onde a pessoa
da em mim.” esteja. Se ela estiver no comando, há
Millôr Fernandes democracia; se ela for comandada, então
só existe a ditadura.

Solução N.º 4. Distinção entre paráfrase e definição

A – Definição de paráfrase (citação) B – Paráfrase da definição de paráfrase

300 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


Paráfrase SUBUNIDADE 4.3

Solução N.º 5. Paráfrases das sequências

Paráfrases:
a) A publicação de um livro do pesquisador foi comemorada pelos amigos
(nominalização)
b) A crítica ao novo livro feita pelo jornalista teve como repercussão a revolta dos
leitores. (nominalização)
c) É melhor que se cale antes que… (noutro contexto)
d) Deixa-me ler o A Semana ou Procura nele X ou Y…

Solução N.º 6. Paráfrase do texto Para onde?

Dessa forma é possível organizar bolão de apostas: qual deverá ser, final-
mente, o destino de Fernandinho Beira-Mar? Os advogados do traficante bus-
cam, no STJ, a anulação da decisão do Ministério da Justiça, o que garantiria
seu retorno a Bangu 1. Porém, o ministro da Justiça, apesar de afirmar que
Beira-Mar permanecerá no máximo 30 dias preso em São Paulo, assegura que
o detento não retornará para o Rio e também não será transferido para o Acre.

Solução N.º 7. Paráfrase de texto Como morreu quen nunca ben

Como aquele enamorado que morreu de desgosto por amar a quem não lhe
tinha a menor afeição, o que ele tanto receava e foi causa do seu grande sofri-
mento, assim, minha amada, morro eu.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 301


APÊNDICE
MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO
Prática da língua

Sinopse
No Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura –, foste
confrontado com alguns fatores linguísticos derivados do texto
(coesão textual, articulação sintática e discursiva e organização
de ideias e paragrafação) e do autor (modalização), que inte-
ragem com os do leitor, para a compreensão leitora, mas que,
também, são importantes para a redação de textos.
Por isso, nesta secção, propomos-te algumas atividades rela-
cionadas com esses conteúdos, na vertente produção escrita. Por-
tanto, antes de as realizares, podes ter necessidade de rever esses
conteúdos no Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Leitura.
APÊNDICE

1. Coesão textual
1.1. Constrói uma nova versão dos textos A e B1, utilizando, em relação às
palavras e ou expressões a negro, os mecanismos de coesão que julga-
res adequados. Cf. Solução N.º 1.

Para cada um dos exercícios haverá um «texto-base» em que não foi rea-
lizada a coesão. Esta tarefa caberá a ti, usando os mecanismos de coesão.
Deverás, em primeiro lugar, fazer um levantamento de sinónimos ou expressões
adequadas e, depois substituir os termos repetidos. Assim, no Texto A, é impor-
tante saberes que baleias podem ser chamadas de cetáceos, grandes animais
marinhos, etc., e que China, no Texto B, pode ser chamado de grande país ama-
relo, gigante amarelo etc. Esse levantamento permitir-te-á uma maior agilidade
no uso da coesão textual.

Texto A. Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias de todo o mundo
e até há pouco tempo nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que
as baleias encalham. Segundo uma hipótese corrente, as baleias suicidar-se-iam ao
pressentir a morte, em razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as ba-
leias praticariam uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra, as baleias de-
sorientar-se-iam por influência de tempestades magnéticas ou de correntes marinhas.
Agora, dois pesquisadores do Departamento de História Natural do Museu Bri-
tânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta científica para o suicídio
das baleias. De acordo com a Katharine Perry e Michel Moore, as baleias são deso-
rientadas de suas rotas em alto-mar para as águas rasas do litoral por ação de um mi-
núsculo verme de apenas 2,5 centímetros de comprimento. Ele aloja-se no ouvido
das baleias, impedindo que as baleias se orientem pelo eco da voz.
Texto B. A China é mesmo um país fascinante, onde tudo é dimensionado em
termos gigantescos. A China é uma civilização milenar. A China abriga, na terceira
maior extensão territorial planetária (com 9 960 547 km2), cerca de 1 bilhão e 100
mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a humanidade. Mencionar tudo o que a
China, um tanto misteriosa, tem de grande ocuparia um espaço também exagerado.

1. Exercício extraído de Abreu, 2006:24.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 305


APÊNDICE

1.2. Lê o texto abaixo, identifica os seus problemas e reformula-o. Cf. So-


lução N.º 2.

Resumo do texto O Astronauta e o Homem dos Descobrimentos de Rómulo


de Carvalho. In: O Comércio do Porto (1946-1966)
Elaborado por alunos de Língua Portuguesa do Curso ECVP, da Uni-CV
A conquista espacial é considerado, como sendo a maior aventura, mas os
descobrimentos continuam a ser a maior aventura. Apesar de, se for para esco-
lher entre as duas qualquer pessoa escolheria a navegação no espaço porque
estes permanece em contacto com as pessoas de onde partiu, tem poucas pos-
sibilidades de ser vítimas do acidente.
Ao contrário, os navegadores dos descobrimentos são homens isolados a
partir do momento em que desaparecem da costa. Estes correm mais riscos,
porque ninguém tem notícias. Sofrem: “fome, sede, escorbuto, a agonia, a revol-
ta, a traição, a morte lenta e raivosa”, como também podiam naufragar, descobrir
novas terras, “tornar-se reis dos indígenas, ou ser mortos por estes.
Sofrendo tudo isto ficaram a saber que existe homens no mundo de diferen-
tes cores, em outras sociedades; com moral, deuses e valores humanos diferen-
tes; que a terra era redonda e move-se à volta do sol. E ao pensar em tudo isto
sente-se “um homem novo”.

306 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


APÊNDICE

2. Articulação sintática e discursiva.1 Cf. Solução N.º 3.


2.1. Redige novas versões dos textos abaixo, utilizando os articuladores
sintáticos como indicado:
a) De oposição (coordenação adversativa): “A esquadra portuguesa deixou o porto
da Praia à meia-noite, mas os navios da Guarda Costeira já estavam a caminho,
preparados para o resgate.”
b) De oposição (subordinação concessiva): redige outra versão do texto do exer-
cício anterior.
c) De fim: “O imperador não lhe prestou crédito à narração e ordenou-lhe que expedis-
se para S. Cristóvão dois batalhões de primeira linha a fim de lhe reforçar a guarda
dos paços”.
d) De conclusão: “Aquele que sobe por favor deixa sempre rastro de humilhação, logo
devemos ter sempre coragem e confiança no nosso próprio esforço.”
2.2. Para cada par de frases sublinhadas existe a possibilidade de estabe-
lecer vários tipos de relação. Escreve as frases com todas as hipóteses
de relação que encontrar, indicando a natureza dessa mesma relação:
“A velha toda a vida o pusera à distância. Dava-lhe o naco de broa (honra lhe
seja), mas borrava a pintura logo a seguir: – Ala! E ele retirava-se cerimoniosamente
para o ninho. Só a rapariga o aquecera ao colo quando pequeno, e, depois, pelos
anos fora, o consentira ao lume, enroscado a seus pés, enquanto a neve, branca e
fria, ia cobrindo o telhado. O velho também o apaparicava de tempos a tempos. Se
a vida lhe corria e chegava dos bens de testa desenrugada, punha-lhe a manápula na
cabeça, meigamente, e prometia-lhe a vinda do patrão novo. Porque o seu verda-
deiro senhor era o filho, um doutor, que morava muito longe. Só aparecia na terra
nas férias do Natal. Mas nessa altura pertencia-lhe inteiramente. Os outros apenas
o tratavam, o sustentavam, para que o menino tivesse cão grande quando chegasse.”

Miguel Torga, Bichos

2.3. Reescreve o texto a seguir, fazendo a ligação das frases, segundo a


relação indicada:
“Sentia-se cada vez pior. (1) Agora nem a cabeça sustinha de pé. Por isso encos-
tou-se ao chão, devagar. E assim ficou, estendido e bambo à espera. (2) Tinha-se
despedido já de todos. (3) Nada mais lhe restava sobre a terra senão morrer calmo
e digno, como outros haviam feito a seu lado. É claro que escusava de sonhar com
um enterro bonito, igual a muitos que vira, dentro de um caixão de galões amarelos,
acompanhado pelo povo em peso… Isso era só para gente, rica ou pobre. (4) Ele
1. Exercício 2.1. extraído de Abreu, 2006:38; e exercícios 2.2. e 2.3. de Matos et al. 1988a:153.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 307


APÊNDICE

teria apenas uma triste cova no quintal, debaixo da figueira lampa, o cemitério dos
cães e dos gatos da casa. E louvar a Deus apodrecer a dois passos da cozinha! A burra
nem sequer essa sorte tivera. Os seus ossos reluziam ainda na mata da Pedreira. Chu-
va, geada, sincelo em cima. Até um lebrão descarado se fora aninhar debaixo da ar-
cada das costelas, de caçoada! Ah, sim, entre dois males … Já que não havia melhor,
ficar ao menos ali. No tempo dos figos, pela fresca, a patroa viria consolar a barriga.
(5) Gostava de figos, a velhota. E sempre se sentiria acompanhado uma vez por
outra. (6) Não que lhe fizesse grande finca-pé naquela amizade. Longe disso (7) A
menina dos seus olhos era a morgada, a filha, que o acariciara como a uma criança.”

Miguel Torga, In Bichos

1 – Consequência; 2 – causa; 3 – causa; 4 – conclusão; 5 – conclusão; 6 – concessão;


7 – causa

308 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


APÊNDICE

3. Paragrafação1 Cf. Solução N.º 4.


3.1. Os seguintes parágrafos são incoerentes ou porque os conectores de
transição são inadequados às relações que se pretendia estabelecer, ou
porque o que se diz no desenvolvimento não se concilia com o que está
expresso no tópico do parágrafo. Assinala a causa da incoerência e pro-
cura reestruturar os parágrafos de maneira mais satisfatória:
a) Na verdade, a televisão é um passatempo mortificante, pois, além de proporcio-
nar às famílias alguns momentos de distração, reduz-lhes o tempo que poderiam
dedicar à conversa, que cada vez se torna mais rara entre pais e filhos (Redação
de aluno).
b) Imenso tem sido o progresso do século XX. A técnica, posta a serviço do ho-
mem, fornece-lhe meios eficazes para enfrentar a vida e amenizar-lhe as aspe-
rezas. Somos forçados a admitir que uma série de males passaram a afligir a
humanidade. (idem)
c) O problema do desajustamento conjugal é um dos mais graves que a sociedade
vem enfrentando no século atual. O homem tem-se mostrado capaz de, pela
ciência e pela técnica, domar a natureza e aproveitá-la em benefício próprio. En-
tretanto, não conseguiu ainda resolver os inúmeros problemas de ordem moral
que o vêm afligindo. (idem)
3.2. As seguintes frases (parágrafos ou simples períodos) extraídas ou
adaptadas de redações de alunos, carecem de unidade e coerência, por
razões diversas. Identifica em cada uma delas a causa da falta de unidade
e de coerência e, em seguida, reestrutura-as:
a) A França é um país de grandes poetas e pintores, ao passo que os alemães sempre
se destacaram como músicos e filósofos.
b) Não se deve falar mal dos ausentes nem adquirir maus hábitos capazes de preju-
dicar a saúde.
c) Ela cozinha muito bem, e o seu marido queixa-se de que passa a maior parte do
tempo ao telefone.
3.3. Faz o que for necessário para evitar a incoerência e/ou a ambiguidade
dos seguintes períodos:
a) Depois de esperar longo tempo, o autocarro chegou finalmente, mas vinha repleto.
b) Para não ser mordido, o cão teve de ficar acorrentado.
c) O telefone tocou ao entrar no quarto para apanhar a chave.
d) Desde os três anos, o meu pai já me ensinava a ler.
e) Quando criança, o meu avô sempre me entretinha recordando episódios da sua
infância.
1. Os exercícios 1, 2 e 3 foram extraídos de Garcia, 1992:476, 477 e 478; e os 4, 5 e 6 de Abreu, 1991:77,
em alguns casos com adaptação.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 309


APÊNDICE

3.4. Escreve três tópicos de parágrafo (declaração inicial, alusão histórica


e interrogação) a respeito dos seguintes temas:
a) O trabalho da mulher fora de casa
b) A pobreza em Cabo Verde
c) A universidade pública cabo-verdiana e o ano 2023
3.4.1. Escolhe um dos tópicos de cada um dos exercícios anteriores e
desenvolve-o, indicando a tua opção.

3.4.2. Desenvolve o seguinte tópico de parágrafo por detalhes, exem-


plo específico e comparação e fundamento da proposição:
Viajar de avião, segundo os entendidos, é desfrutar do meio de transporte mais con-
fortável e seguro que existe.

310 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


APÊNDICE

4. Modalização
4.1. Atenua as formas imperativas, servindo-te de expressões de polidez1.
Cf. Solução N.º 5.
a) Fale mais alto.
b) Atenda ao meu pedido.
c) Aceite as minhas desculpas.
d) Entre.
e) Cale-se.
f ) Apresente-se ao diretor.
4.2. Constrói uma nova versão dos textos abaixo2, usando recursos de
modalização. Para avaliares os teus resultados, compara as tuas respos-
tas com as que te são apresentadas na Solução N.º 6.
a) O Titanic era considerado um navio indestrutível, inafundável. Apesar disso, ainda
na sua viagem inaugural, o enorme monumento à engenharia naval inglesa bateu
em um iceberg. O navio apenas tinha salva-vidas para o pessoal da primeira classe.
E afundou-se rapidamente, numa das maiores tragédias marítimas da história.

b) É interessante que as confederações desportivas tomem medidas concretas para coibir


a prática do doping dos atletas em competições. Os casos comprovados dessa prática
serão julgados sumariamente, e o atleta será expulso imediatamente da entidade.
4.3. Imagina a seguinte situação3.
Pediste ao diretor de um serviço que te indicasse três profissionais ligados a uma
área qualquer para realizar uma mesa redonda sobre a tolerância. O diretor indicou
em sua carta-resposta esses três profissionais: um sociólogo, um psicólogo e um
professor. Deves escrever novamente a esse diretor, agradecendo o sociólogo, mas
pedindo a substituição do psicólogo e do professor. Faz isso, usando a modalização.
Cf. Solução N.º 7.

1. Exercícios extraídos de Garcia, 1992:459, nalguns casos com adaptações.


2. Exercícios extraídos de Abreu, 2006:61, com adaptações.
3. Exercício extraído de Abreu, 2006:61, com adaptações.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 311


APÊNDICE

Soluções

Solução N.º 1. Nova versão dos textos A e B

Texto A. Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias de todo


o mundo e até há pouco tempo nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de
explicar por que as baleias encalham isso acontece. Segundo uma hipótese
corrente, as baleias esses cetáceos suicidar-se-iam ao pressentir a morte, em
razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as baleias praticariam
uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra hipótese corrente, as ba-
leias esses grandes mamíferos marinhos desorientar-se-iam por influência de
tempestades magnéticas ou de correntes marinhas.
Agora, dois pesquisadores do Departamento de História natural do Museu
Britânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta científica para o sui-
cídio das baleias desses mamíferos. De acordo com a Katharine Perry e Michel
Moore, as baleias esses animais são desorientados de suas rotas em alto-mar
para as águas rasas do litoral por acção de um minúsculo verme de apenas 2,5
centímetros de comprimento. Ele aloja-se no ouvido das baleias, impedindo-as
de se orientarem que as baleias se orientem [elipse] pelo eco da voz.
Texto B. A China é mesmo um país fascinante, onde tudo é dimensionado
em termos gigantescos. Trata-se de (A China é) uma civilização milenar. A chi-
na que abriga, na terceira maior extensão territorial planetária (com 9 960 547
km2), cerca de 1 bilhão e 100 mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a huma-
nidade. Mencionar tudo o que a China essa civilização, um tanto misteriosa,
tem de grande ocuparia um espaço também exagerado.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 313


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Solução N.º 2. Identificação dos problemas e reformulação do texto

A conquista espacial é considerado [concordância feminino]/[por quem?],


como sendo a maior aventura [de quem?], mas os descobrimentos continuam a
ser a maior aventura. Apesar de [oposição errada: se a conquista espacial é a
maior aventura, então é natural que ela seja escolhida], se for para escolher
[se fosse dado a escolher] entre as duas qualquer [falta vírgula] pessoa esco-
lheria a navegação no espaço porque estes [perda de coesão, porque “estes”,
sendo masculino e plural, não pode substituir “a navegação”] permanece
[concordância plural] em contacto com as pessoas de onde partiu,[de onde
partiram as pessoas?] tem [concordância plural] poucas possibilidades de
ser vítimas do acidente. [qual?]
Ao contrário, os navegadores dos descobrimentos são homens isolados a partir
do momento em que desaparecem da costa (1).. Estes correm mais riscos, porque
ninguém tem notícias [relação causal mal estabelecida: não é por não se ter no-
tícias de alguém que ela corre riscos; devia ser deslocado para junto do sinal
(1)]. Sofrem: “fome, sede, escorbuto, a agonia, a revolta, a traição, a morte lenta e
raivosa”, como também podiam naufragar, descobrir novas terras, “tornar-se reis
dos indígenas, [estão na lista dos sofrimentos] ou ser mortos por estes.
Sofrendo tudo isto ficaram a saber [ao sofrer isso, ficam a saber?] que
existe [concordância plural] homens no mundo de diferentes cores, em outras
sociedades; com moral, deuses e valores humanos diferentes; que a terra era
[já não é? /tempo verbal] redonda e move-se à volta do sol. E ao pensar [ao
pensar, sente-se?] em tudo isto sente-se “um homem novo”.

Texto reformulado
Os descobrimentos, e não a conquista espacial, continuam a ser a maior
aventura do homem, embora algumas pessoas pensem que seja a conquista
espacial.
Apesar disso, se fosse possível escolher entre as duas, qualquer pessoa
escolheria a navegação espacial, porque nesta os astronautas permanecem em
contacto com a terra (o lugar de onde partiram) e têm poucas possibilidades de
ser vítimas de acidente.
Ao contrário, os navegadores dos descobrimentos eram homens isolados a
partir do momento em que desapareciam da costa porque ninguém tinha mais
notícias deles. Eles corriam mais riscos, pois podiam sofrer com a fome (...) ou
naufragar. Às vezes acontecia descobrirem novas terras e, então, tanto podiam
tornar-se reis dos indígenas como ser mortos por eles.
Depois da viagem ficavam a saber que existem no mundo outras socieda-
des, com homens de diferentes cores, com moral, deuses e valores diferentes.
Também ficavam a saber que a terra é redonda e que gira à volta do sol. Por
essa razão sentiam-se como um homem novo.

314 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


APÊNDICE

Solução N.º 3. Preenchimento com articuladores adequados

2.1. Redige novas versões dos textos abaixo, utilizando os articuladores sintáticos
como indicado:
a) De oposição (coordenação adversativa) – mas, porém, todavia, contudo, entretanto
1. A esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia noite, mas/ porém/ en-
tretanto/ todavia/ contudo os navios da Guarda Costeira já estavam a caminho,
preparados para o resgate – mesmo lugar
2. A esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia noite, os navios da
Guarda Costeira entretanto/ todavia/ contudo já estavam a caminho, preparados
para o resgate. – mudança de lugar
b) De oposição por subordinação concessiva – orações cujo sentido embora
contrarie as afirmações das respetivas subordinantes, não impede que essas
se realizem. – embora, conquanto, ainda que, apesar de
1. Embora/ ainda que os navios da Guarda Costeira já estivessem a caminho, prepa-
rados para o resgate, a esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia-noite.
2. Apesar de/ os navios da Guarda Costeira já estarem a caminho, preparados para o
resgate, a esquadra portuguesa deixou o porto da Praia à meia-noite.
c) Articuladores sintáticos de fim (para que, a fim de que, de maneira a)
1. O imperador não prestou crédito à narração e ordenou-lhe que expedisse para S.
Cristóvão dois batalhões de primeira linha para reforçar a guarda dos paços.
d) Articuladores sintáticos de conclusão (portanto, por consequência, consequentemente,
por conseguinte, por isso)
1. Aquele que sobe por favor deixa sempre rastro de humilhação, consequente-
mente/ por consequência/ por isso/ por conseguinte devemos ter sempre cora-
gem e confiança no nosso próprio esforço.
2. São possíveis outras versões com o articulador antes ou depois do verbo.
2.2. Para cada par de frases sublinhadas existe a possibilidade de estabelecer
vários tipos de relação. Escreve as frases com todas as hipóteses de relação
que encontrares, indicando a natureza dessa mesma relação:
“A velha toda a vida o pusera à distância. Dava-lhe o naco de broa (honra lhe seja),
mas borrava a pintura logo a seguir: – Ala! E ele retirava-se cerimoniosamente para o
ninho. Só a rapariga o aquecera ao colo quando pequeno, e, depois, pelos anos fora, o
consentira ao lume, enroscado a seus pés, enquanto a neve, branca e fria, ia cobrindo
o telhado. O velho também o apaparicava de tempos a tempos. Se a vida lhe corria
e chegava dos bens de testa desenrugada, punha-lhe a manápula na cabeça, meiga-
mente, e prometia-lhe a vinda do patrão novo. Porque o seu verdadeiro senhor era o
filho, um doutor, que morava muito longe. Só aparecia na terra nas férias do Natal. Mas
nessa altura pertencia-lhe inteiramente. Os outros apenas o tratavam, o sustentavam,
para que o menino tivesse cão grande quando chegasse.

Miguel Torga, Bichos

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 315


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1.º par
3. Temporal: O velho também o apaparicava de tempos a tempos, quando a vida
lhe corria. E/Então, chegava dos bens de testa desenrugada. Punha-lhe a ma-
nápula na cabeça, meigamente, e prometia-lhe a vinda do patrão novo.
4. Condicional: O velho também o apaparicava de tempos a tempos, pondo-lhe a
manápula na cabeça, meigamente, e prometendo-lhe a vinda do patrão novo,
se a vida lhe corria e chegava dos bens de testa desenrugada.
5. Causal: O velho também o apaparicava de tempos a tempos, pondo-lhe a ma-
nápula na cabeça, meigamente, e prometendo-lhe a vinda do patrão novo, por-
que a vida lhe corria e chegava dos bens de testa desenrugada.
6. Conclusiva: A vida lhe corria, portanto o velho também o apaparicava de tem-
pos a tempos, pondo-lhe a manápula na cabeça, meigamente, e prometendo-lhe
a vinda do patrão novo.
7. Final: Porque a vida lhe corria, o velho punha-lhe a manápula na cabeça, meiga-
mente e prometia-lhe a vinda do patrão novo para o apaparicar.
2.º Par
1. Aditiva (conjunção): Só aparecia na terra nas férias do Natal e nessa altura
pertencia-lhe inteiramente.
2. Causal: Nessa altura, … porque … Como só aparecia na terra nas férias do Na-
tal, nessa altura pertencia-lhe inteiramente.
3. Explicativa: nessa altura pertencia-lhe inteiramente, uma vez que/já que/só apa-
recia na terra nas férias do Natal.
4. Temporal: Quando aparecia na terra nas férias do Natal, pertencia-lhe inteira-
mente.
5. Final: Aparecia na terra nas férias do Natal para lhe pertencer inteiramente.
6. Condicional: Se aparecesse na terra nas férias do Natal, pertencia-lhe inteira-
mente.
7. Concessiva (oposição): Apesar de só nessa altura lhe pertencer inteiramente,
só aparecia na terra nas férias do Natal. Embora nessa altura lhe pertencesse
inteiramente, só aparecia na terra nas férias do Natal.
8. Consecutiva: Visto que só aparecia na terra nas férias do Natal, nessa altura
pertencia-lhe inteiramente.
9. Conclusiva: Só aparecia na terra nas férias do Natal, portanto nessa altura
pertencia-lhe inteiramente.
2.3. Reescreve o texto a seguir, fazendo a ligação das frases, segundo a
relação indicada:
1. Consequência; 2.Causa; 3. Causa; 4. Conclusão; 5. Conclusão; 6. Conces-
são; 7. Causa. Veja-se algumas sugestões inseridas no texto.

316 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


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“Sentia-se cada vez pior. (1 – pois, porque, de tal forma que) Agora nem a cabe-
ça sustinha de pé. Por isso encostou-se ao chão, devagar. E assim ficou, estendido e
bambo à espera. (2 – porque se) Tinha-se despedido já de todos. (3 – Uma vez que)
Nada mais lhe restava sobre a terra senão morrer calmo e digno, como outros haviam fei-
to a seu lado. É claro que escusava de sonhar com um enterro bonito, igual a muitos que
vira, dentro de um caixão de galões amarelos, acompanhado pelo povo em peso… Isso
era só para gente, rica ou pobre. (4 – consequentemente) Ele teria apenas uma triste
cova no quintal, debaixo da figueira lampa, o cemitério dos cães e dos gatos da casa. E
louvar a Deus apodrecer a dois passos da cozinha! A burra nem sequer essa sorte tivera.
Os seus ossos reluziam ainda na mata da Pedreira. Chuva, geada, sincelo em cima. Até
um lebrão descarado se fora aninhar debaixo da arcada das costelas, de caçoada! Ah,
sim, entre dois males … Já que não havia melhor, ficar ao menos ali. No tempo dos figos,
pela fresca, a patroa viria consolar a barriga. (5 – pois) Gostava de figos, a velhota. E
sempre se sentiria acompanhado uma vez por outra. (6 – Posto que/ conquanto) Não
que lhe fizesse grande finca-pé naquela amizade. Longe disso (7 – porque) A menina
dos seus olhos era a morgada, a filha, que o acariciara como a uma criança.

Miguel Torga, Bichos

Solução N.º 4. Paragrafação

3.1. Os seguintes parágrafos são incoerentes, ou porque os conectores de


transição são inadequados às relações que se pretendia estabelecer, ou porque
o que se diz no desenvolvimento não se concilia com o que está expresso no
tópico do parágrafo. Assinala a causa da incoerência e procura reestruturar os
parágrafos de maneira mais satisfatória:
a) Na verdade, a televisão é um passatempo mortificante, [contraditório] pois, além
[apesar] de proporcionar às famílias alguns momentos de distração, reduz-lhes o
tempo que poderiam dedicar à conversa, que cada vez se torna mais rara entre pais
e filhos (Redação de aluno).
b) Imenso tem sido o progresso do século XX. [Com efeito] A técnica, posta a serviço
do homem, fornece-lhe meios eficazes para enfrentar a vida e amenizar-lhe as
asperezas. [Contudo] Somos forçados a admitir que uma série de males passaram
a afligir a humanidade. (idem)
c) O problema do desajustamento conjugal é um dos mais graves que a sociedade
vem enfrentando no século atual. [Na verdade, se, por um lado ou apesar de] O
homem tem-se mostrado capaz de, pela ciência e pela técnica, domar a natureza e
aproveitá-la em benefício próprio. [Por outro, ele ainda] Entretanto, não conseguiu
ainda resolver os inúmeros problemas de ordem moral que o vêm afligindo. (idem)
3.2. As seguintes frases (parágrafos ou simples períodos) extraídas ou adaptadas
de redações de alunos, carecem de unidade e coerência, por razões diversas.
Identifica em cada uma delas a causa da falta de unidade e de coerência, e em
seguida reestrutura-as:
a) A França é um país de grandes poetas e pintores, ao passo que os alemães [na
Alemanha] sempre se destacaram como músicos e filósofos.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 317


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b) Não se deve falar mal dos ausentes nem [e também] adquirir maus hábitos capazes
de prejudicar a saúde.
c) Ela cozinha muito bem, [apesar de] e o seu marido se queixar-se de que passa a
maior parte do tempo ao telefone.
3.3. Faz o que for necessário para evitar a incoerência e/ou a ambiguidade dos
seguintes períodos:
a) Depois de esperar longo tempo, [quem esperava?] o autocarro chegou finalmente,
mas vinha repleto.
b) Para X não ser mordido [quem seria mordido, o próprio cão?], o cão teve de ficar
acorrentado.
c) O telefone tocou ao entrar [quem entrou, o próprio telefone? / tocou quando X
entrava] no quarto para apanhar a chave.
d) Desde os três anos, [quem tinha 3 anos?] o meu pai já me ensinava a ler.
e) Quando criança [eu era criança], o meu avô sempre me entretinha recordando
episódios da sua infância.
3.4. Escreve três tópicos de parágrafo (declaração inicial, alusão histórica e
interrogação) a respeito dos seguintes temas: a) O trabalho da mulher fora de
casa. b) A pobreza em Cabo Verde; c) A universidade cabo-verdiana e o ano 2020
a) O trabalho da mulher fora de casa
Declaração inicial: O trabalho da mulher fora de casa. é necessário ao desenvolvi-
mento da sociedade.
Alusão histórica: O trabalho da mulher fora de casa é uma conquista do Séc. XX.
Interrogação: Qual a importância do trabalho da mulher fora de casa?
b) A pobreza em Cabo Verde
Declaração inicial: A pobreza em Cabo Verde é gritante.
Alusão histórica: A pobreza em Cabo Verde é um fenómeno antigo.
Interrogação: Para quando o fim da pobreza em Cabo Verde?
c) A universidade pública cabo-verdiana e o ano 2020.
Declaração inicial: A universidade pública cabo-verdiana completará 17 anos em
2023.
Alusão histórica: A universidade pública cabo-verdiana foi criada em 2006.
Interrogação: Em que fase de desenvolvimento estará a universidade pública ca-
bo-verdiana em 2023?
3.5. Escolhe um dos tópicos de cada um dos exercícios anteriores e desenvolve-o,
indicando a tua opção.
As possibilidades são múltiplas.
3.6. Desenvolve o seguinte tópico de parágrafo por detalhes, exemplo específico,
comparação e fundamento da proposição:
Viajar de avião, segundo os entendidos, é desfrutar do meio de transporte mais
confortável e seguro que existe.

318 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


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Algumas ideias para o desenvolvimento por enumeração ou descrição de detalhes:


• Quando se entra num avião, é se atendido por uma hospedeira bonita e simpática
que … Durante o voo: cinema, música, revistas, …
• Segurança…acidentes são raros, pilotos não bebem … estradas …
Algumas ideias para o desenvolvimento por exemplo específico:
• Numa viagem nacional, por exemplo, …
• Numa viagem internacional, por exemplo, …
Algumas ideias para o desenvolvimento por comparação:
• Autocarro, barco, hiace …

Solução N.º 5. Expressões de polidez

a) Por favor, fale mais alto./ Importa-se de falar mais alto?


b) Atenda ao meu pedido, se possível.
c) Peço-lhe que aceite as minhas desculpas.
d) Pode entrar.
e) Agradeço que permaneça em silêncio.
f) Pode apresentar-se ao diretor. / Deve apresentar-se ao diretor.

Solução N.º 6. Versões modalizadas dos textos

a) PROVAVELMENTE o Titanic era considerado/ FOI CONSTRUÍDO COM A


INTENÇÃO DE SER um navio QUASE indestrutível, inafundável. Apesar
disso/CONTUDO, ainda na sua viagem inaugural, o/ QUE SE PENSAVA
SER UM enorme monumento à engenharia naval inglesa bateu em um
iceberg. COMO, AO QUE PARECE o navio apenas tinha salva-vidas para
o pessoal da primeira classe. E afundou-se rapidamente, numa, NO QUE,
PROVAVELMENTE É/ NO QUE É CONSIDERADO POR MUITOS COMO A
MAIOR das tragédias marítimas da história.»
b) É/SERIA interessante que as confederações desportivas tomem/TOMASSEM
medidas concretas para coibir a prática do doping dos atletas em
competições. ACHO QUE/ Os casos comprovados dessa prática serão/
DEVERIAM/PODERIAM SER julgados/TALVEZ sumariamente, e o atleta
será/EVENTUALMENTE expulso imediatamente da entidade.
Poder = mais baixo: poderiam ser julgados sumariamente
Dever = mais alto: deveriam ser julgados talvez sumariamente

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 319


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Solução N.º 7. Elementos para modalização da carta

É NECESSÁRIO agradecer por ter indicado o sociólogo, o psicólogo, e o


professor. NÃO HÁ DÚVIDAS DE QUE são pessoas que participam em tudo/
PODEM ter dado provas da sua competência/ CERTAMENTE são muito conhe-
cidas...
Contudo, pensamos que DEVERIAM ser dadas oportunidades a outros pro-
fissionais. Assim, ficar-lhe-ia imensamente grato(a) se substituísse o professor
e o psicólogo.

320 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


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PLATÃO, Francisco S. e FIORIN, José Luiz. Lições de texto. Leitura e redação. S.
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Profisar. Escrever um texto informativo-expositivo. Roteiros para ler, escrever e gramaticar.
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324 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


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Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 325


NOTAS BIOGRÁFICAS
AMÁLIA MARIA VERA-CRUZ DE MELO LOPES
Professora Auxiliar aposentada da Universidade de Cabo Verde, Doutora em Lin-
guística, Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas e Licenciada em
Estudos Portugueses. Diretora da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa, é
membro da Cátedra Amílcar Cabral, da Academia de Ciências e Humanidades de
Cabo Verde e da Fundação Amílcar Cabral. Tem como principais áreas de interesse
ao nível da investigação o ensino do português como segunda língua, sociolinguís-
tica e política linguística.

EMANUEL CORREIA DE PINA


Assistente graduado da Universidade de Cabo Verde e membro da Cátedra Eugénio
Tavares de Língua Portuguesa. Mestre e doutorando em Linguística pela Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa e Licenciado em Língua e Cultura Portuguesa
pela mesma Faculdade. Tem como principais áreas de interesse ao nível da investiga-
ção o ensino do Português como língua segunda e a sintaxe comparada das línguas
portuguesa (português europeu e português brasileiro) e cabo-verdiana.

ETELVINO GARCIA
Licenciado em Língua e Cultura Portuguesas - Língua Estrangeira pela Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, é professor na Universidade de Cabo Verde
desde 2002-2003. É Assistente na Universidade de Cabo Verde desde 2002-2003
e mestrando em Ensino do Português Língua Segunda/Língua Estrangeira. Tem
como principais áreas de interesse ao nível de investigação o ensino e aprendizagem
das Línguas de Cabo Verde.

MARIA AMÉLIA RODRIGUES DE CARVALHO GOMES


Professora do Ensino Secundário, Licenciada em Língua e Cultura Portuguesas -
Língua Estrangeira e Mestre em Didática das Língua - Português Língua Não Ma-
terna. Membro da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa, tem lecionado
Língua Portuguesa, Comunicação e Expressão, Técnicas de Leitura e de Redação
e Supervisão de Estágio na Universidade de Cabo Verde e no Instituto Superior
de Ciências Jurídicas e Sociais. Tem como principais áreas de interesse ao nível da
investigação a produção de materiais didáticos para o ensino do Português Língua
Não Materna.

Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita 327


MARIA GORETI VARELA FREIRE SILVA
Licenciada e Mestre em Língua e Cultura Portuguesa e doutoranda em Português
como Língua Estrangeira/Língua Segunda Universidade de Lisboa. Assistente gra-
duada na Uni-CV desde 2008, é membro da Cátedra Eugénio Tavares da Língua
Portuguesa, da Equipa Nacional do VON (Vocabulário Ortográfico Nacional), e da
Comissão Científica para a área disciplinar de Línguas e Literaturas na Universidade
de Cabo Verde. Tem como principais áreas de interesse ao nível da investigação o
ensino do Português como língua segunda e a tradução para a língua cabo-verdiana.

MARIA HELENA VIEIRA MARTINS DE SOUSA LOBO


Assistente graduada aposentada da Universidade de Cabo Verde, onde lecionou vá-
rias disciplinas entre elas Literaturas Brasileira e Portuguesa, foi também professora
de línguas portuguesa e francesa no Liceu Domingos Ramos. Licenciada em Filolo-
gia Românica e Mestre em Ensino do Português como Língua Segunda/Estrangeira,
área de interesse a que se tem dedicado nos últimos anos, na sua atividade como
membro da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa. É também membro da
Fundação Amílcar Cabral.

ROSA MARIA MORAIS


Professora aposentada do Quadro do Ensino Secundário, foi coordenadora da disci-
plina de língua portuguesa, no Liceu Domingos Ramos e professora dessa disciplina
na Uni-CV. Membro da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa, é Licenciada
em Línguas e Literaturas Modernas–Estudos Portugueses e Mestre em Ciências da
Educação – Avaliação. Integrou o Projeto de Renovação e Extensão do Ensino Básico
(PREBA) e atuou como formadora de Professores do Ensino Básico e Secundário
(presencial e a distância), como orientadora de estágio pedagógico de professores de
Português e na elaboração de programas e manuais de Língua Portuguesa.

328 Livro do Aluno de Língua Portuguesa – Produção Escrita


A primeira ideia sobre a metodologia deste manual refere-se à dimensão indutiva ou de descoberta da
aprendizagem. Esta e o conhecimento são realidades construídas, por cada um que delas necessita, no
lugar e no tempo em que se encontra.
Nesta linha, vemos este manual seguir o paradigma indutivo, seguindo os princípios seguintes:
1. Autonomia do estudante e utilidade da aprendizagem (citamos, da “Introdução”):
Os autores congratulam-se com o facto de te poderem proporcionar um Livro de Produção Escrita
que podes utilizar para estudares autonomamente e, assim, melhorares, como desejamos e espera-
mos, o teu desempenho na produção escrita em português, tendo em vista o exame �inal ou não.
2. Função instrumental da aprendizagem (citamos de novo):
Este trabalho surgiu porque sabemos o quanto uma boa competência de escrita em língua portu-
guesa é importante para teres sucesso nas outras unidades curriculares […].
3. Aprendizagem, individual e colaborativa, liberta do espaço e do tempo escolares e do próprio
professor (citamos, ainda):
Ou seja, trata-se de um material que podes usar em casa, ou noutro lugar, e à hora que quiseres,
individualmente ou com outros colegas.

José Esteves Rei, Coordenador da Linha 2 de Investigação da Cátedra Eugénio Tavares de Língua
Portuguesa– Ensino do Português como Língua Segunda, em Cabo Verde.

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