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Índice

1. Introdução.................................................................................................................................2

1.1. Objectivos.........................................................................................................................2

1.1.1. Objectivo geral...........................................................................................................2

1.1.2. Objectivos específicos...............................................................................................2

1.2. Metodologia......................................................................................................................2

2. Nação e ideologia.....................................................................................................................3

3. Papel da Igreja em Moçambique..............................................................................................4

4. O começo do nacionalismo......................................................................................................5

5. A revolta dos intelectuais.........................................................................................................7

6. Conclusão.................................................................................................................................9

7. Referências bibliográficas......................................................................................................10
1. Introdução
A construção da nação em África resulta da interacção entre a herança africana e o legado
colonial, entre os valores africanos e os valores europeus ou ocidentais, entre a tradição e a
modernidade. E dessa interacção está a resultar a formação de um terceiro elemento, que não é o
somatório dos outros dois mas sim algo de novo que comporta ambivalência cultural e cuja
identidade se define mais facilmente no contexto internacional.

O presente trabalho procura demonstrar o contexto remoto e as etapas cruciais que contribuíram
para o projecto da construção das nações em África Neste contexto o presente trabalho ilustra o
nacionalismo precoce caracterizado pela resistência à ocupação colonial em África e de forma
particular na África como um continente. No contexto mediato, o trabalho demonstra que no
caso de África, o projecto da nação começa com a unificação dos movimentos nacionalistas num
contexto de luta pela reconquista das soberanias em África que vai conhecendo desafios até à
introdução do multipartidarismo em 1994 e recentemente com o fenómeno da globalização.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Abordar sobre as Sociedades africanas na construção das nações em África e em
Moçambique.

1.1.2. Objectivos específicos


 Conceituar a nação e ideologia;
 Descrever a situação após a II Guerra Mundial;
 Explicar o papel da Igreja em Moçambique;
 Descrever o começo do Nacionalismo;
 Identificar as razões da revolta dos Intelectuais;

1.2. Metodologia
2. Nação e ideologia
Nação é a união de pessoas com características históricas comuns que formam um povo. Os
estudantes das universidades medievais se reuniam em grupos chamados natio ou natos, termos
originais do latim para a palavra Nação. Como cada estudante era proveniente de um lugar, os
grupos reuniam os estudantes que vinham de mesmos lugares e neles se falavam a língua natal e
seguiam-se as leis de suas respectivas origens. Foram nessas universidades que se engrossaram o
movimento de contestação à Igreja Católica na época do Renascimento. Esse afastamento à
Igreja de Roma, que se intensificou nas colônias do Novo Mundo, colocou o humanismo no
centro das relações entre homem e natureza (Pena, 2023).

O mesmo autor afirma que o termo Nação ganhou repercussão a partir da publicação do livro de
Adam Smith chamado “A Riqueza das Nações”, de 1776, que não se preocupou em caracterizar
muito bem o termo, apenas o utilizou para designar as várias organizações humanas, sendo que a
principal vinculação do termo Nação era com Estado. O termo foi absorvido em dois grandes
movimentos históricos, a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Em ambos utilizou-se o
termo Nação para legitimar o poder do povo. A partir daí, o termo Nação seria recorrente na
história da humanidade, integrando grandes acontecimentos como os que envolveram os estopins
para a Primeira e para a Segunda Guerra Mundial. No mesmo século XX, entre as guerras,
fundou-se a Liga das Nações, com o intuito de tentar garantir a paz entre os povos, que foi
substituída pela Organização das Nações Unidas após o segundo conflito.

O conceito mais aceito de Nação, atualmente, versa sobre a reunião de pessoas com
características históricas semelhantes, ou seja, integrantes de um mesmo grupo étnico, que falam
o mesmo idioma e possuem os mesmos costumes. Assim, tem-se um povo que é unido por
hábitos e tradições. Todavia, é importante ressaltar, os elementos língua, território, religião,
costumes e tradição não constituem uma Nação por si só. Para formá-la é indispensável o vínculo
entre os indivíduos que gera a convicção de querer formar um coletivo. Em outras palavras, a
Nação existe a partir do momento em que também há uma consciência de nacionalidade entre os
indivíduos, formando um grupo com interesses especiais e necessidades particulares (Pena,
2023).
Assim, Nação não se anula ou está submetida ao Estado, pois este é uma forma política adotada.
A Nação é preexistente sem necessidade de organização legal ou política, mesmo que seja
comum fazer sua associação com Estado. Prova disso é o que ocorre no continente africano.
Após a Segunda Guerra Mundial, a África foi toda dividida em Estados segundo o interesse dos
povos europeus. Entretanto essa divisão dos Estados não levou em consideração as
características históricas dos povos que incluíram, gerando, assim, Estados formados por nações
diferentes. A consequência disso é uma interminável onda de guerras civis que varre o
continente, já que as diferenças não foram respeitadas e, hoje, os diferentes povos que habitam o
mesmo território disputam pelo poder (Pena, 2023).

A ideologia tende a conservar ou a transformar o sistema social, económico, político ou cultural


existente. Conta com duas características principais: trata-se de uma representação da sociedade
e apresenta um programa político. Ou seja, reflecte sobre a forma como actua a sociedade no seu
conjunto e, com base nisto, elabora um plano de acção para se aproximar e ir ao encontro daquilo
que considera como sendo a sociedade ideal (Pena, 2023).

Em suma, a ideologia trata-se do estudo das ideias. Mas além de estudar, ela é também o
agrupamento dessas ideias ou mesmo princípios sociais e filosóficos que caracterizam um grupo
de pessoas ou mesmo uma sociedade, por exemplo.

3. Papel da Igreja em Moçambique


A Igreja Católica ocupa uma posição privilegiada entre o Estado e a Sociedade Civil. a
instituição Igreja estabelece relações com todos os restantes poderes, possuindo também ela,
poderes que lhe permitem usufruir e manter a sua posição actual. Verificamos ainda que esta
instituição, aparentemente uniforme, é constituída, por sua vez, por vários centros de poder. Em
Moçambique, analistas defendem que a prevalecia da tensão política pode levar o Governo a
aproximar-se da igreja, de modo a que ela comece a ter uma intervenção cada vez mais acutilante
nos esforços para a busca da paz (Fernandes, 2007).

A Igreja Católica teve um papel fundamental nas negociações entre o Governo moçambicano e a
Renamo, que culminaram na assinatura de um acordo geral de paz, em 1992, na capital italiana,
Roma. No actual diálogo político entre o Governo e a Renamo, não se pode dizer que a Igreja
Católica não esteja envolvida, mas pretende-se que tenha uma intervenção mais acutilante
(Fernandes, 2007).

Para a Igreja Católica, todas as iniciativas que possam conduzir a uma paz efectiva e duradoira
em Moçambique, são bem-vindas. Refira-se que durante o conflito armado, que terminou com a
assinatura do acordo de Roma, tanto a Igreja Católica como o Conselho Cristão de Moçambique
defendiam junto do governo moçambicano a política de reconciliação para com a Renamo
(Fernandes, 2007).

4. O começo do nacionalismo
Lourenço (2007) afirma que o nacionalismo moçambicano, como praticamente todo o
nacionalismo africano, foi fruto direto do colonialismo europeu. A base mais característica da
unidade nacional moçambicana é a experiência comum (em sofrer) do povo durante os últimos
cem anos de controle colonial português.

Por nacionalismo entende-se “uma tomada de consciência por parte de indivíduos ou grupos de
indivíduos numa nação ou de um desejo de desenvolver a força, a liberdade ou a prosperidade
dessa nação”. Esta definição aplicase ao nacionalismo em todas as circunstâncias ou fases de
desenvolvimento de qualquer povo. Por exemplo, pode aplicar-se ao nacionalismo europeu como
fenômeno continental ou aos nacionalismos francês, americano, russo, chinês, brasileiro, etc.,
como expressões das aspirações de determinadas entidades étnicas ou nacionais (Faria &
Chichava, 1999).

O contexto africano no qual o nacionalismo moçambicano encontra a sua expressão pode exigir
um aprofundamento da definição acima apresentada. Dadas as recentes circunstâncias históricas
que afetaram as vidas dos vários povos no continente africano, é necessário acrescentar que o
nacionalismo africano também se caracteriza pelo desenvolvimento de atitudes, atividades e
programas mais ou menos estruturados com vista à mobilização de forças para conseguir a
autodeterminação e a independência. No caso específico de Moçambique, estas atitudes,
atividades e programas estruturados, comuns a todas as colônias portuguesas em África e
possivelmente aos outros povos ainda não livres, têm que incluir a organização de planos
militares ou paramilitares para a luta final antes de a independência poder ser assegurada
(Lourenço, 2007).
Os contatos entre Portugal e as regiões a que hoje se chama Moçambique começaram nos fins do
século XV, quando Vasco da Gama, um conhecido navegador português, desembarcou na ilha de
Moçambique em princípios de Março de 1498. Dado que o interesse principal dos reis
portugueses que patrocinaram estas viagens era conseguir uma rota para a Índia que fosse mais
segura do que a então perigosa rota terrestre através do Próximo Oriente, durante muitos anos os
portugueses contentaram-se em criar estações de abastecimento ao longo da costa oriental
africana, deixando o interior intacto. Os portugueses afirmam que estão em Moçambique há mais
de quatrocentos e cinquenta anos, inferindo que durante todo esse tempo controlaram
politicamente o nosso país. A haver alguma verdade nesta pretensão portuguesa, ela tem a ver
com o fato de que logo após o primeiro contacto com as populações da região costeira da África
Oriental, os portugueses, invejando a riqueza e o poder dos governantes árabes da época,
conspiraram, intrigaram e organizaram as forças que conseguiram recrutar, alcançando o
controlo da situação. Isto permitiu aos portugueses monopolizar o comércio, nessa época
extremamente lucrativo, da África Oriental de marfim, ouro e pedras preciosas (Araújo, 2008).

Muito embora os portugueses se tivessem aproveitado desta lamentável situação, nunca


conseguiram impor um controlo político duradouro, à exceção de uma estreita faixa costeira que
ia de Cabo Delgado à cidade-estado de Sofala. Em 1700, um ressurgimento da influência
islâmica nesta parte de África tinha conseguido eliminar efetivamente os comerciantes e
soldados portugueses, assim como dezenas de cidades que haviam dominado em determinadas
alturas (Lourenço, 2007).

Durante um período de duzentos anos, os portugueses conseguiram grandes riquezas pelo


simples fato de terem assegurado o controlo do fluxo de comércio do interior do país para as
cidades-estados costeiras e para o estrangeiro. Durante os séculos XVII e XVIll, a autoridade
portuguesa estava implantada de uma forma suficientemente firme nas regiões do Norte e do
centro de Moçambique para permitir a introdução de missionários católicos – primeiro os
dominicanos, depois os jesuítas, que foram os primeiros a introduzir o cristianismo na África
Oriental (Lourenço, 2007).

No que respeita ao tipo de governo que os portugueses estabeleceram após terem subjugado
todas as regiões do país, já apresentamos descrições que foram publicadas. Pelo que se disse
acima, torna-se evidente que o êxito dos portugueses em controlarem todo Moçambique se deveu
principalmente à falta de uma força política coesa que se lhe opusesse. Desde os primeiros
contactos com as cidades-estados costeiras da África Oriental no século XV, quando os
portugueses conseguiram, ainda que temporariamente, derrotar e controlar muitas delas, ao longo
dos séculos XVI, XVII e XVIII, quando se apoderaram da principal riqueza comercial da região
norte e centro de Moçambique, até ao século XIX, quando procederam à conquista e à
dominação do atual território do nosso país, a reação do nosso povo foi desconexa. Foi uma
reação dispersa que encorajou uma conquista dispersa do nosso povo. Ainda na segunda década
deste século, em 1917 e 1918 para sermos precisos, quando o Makombe do Barwe – numa
tentativa de restabelecer algum do legendário poder do seu antecessor, o Rei Monomopata –
encenou uma insurreição bem-sucedida, o seu sucesso não durou muito tempo, pois não foi uma
insurreição nacional moçambicana: limitou-se a um ou dois reinos tribais” (Faria & Chichava,
1999).

5. A revolta dos intelectuais


O descontentamento das populações submetidas ao colonialismo se manifestou em diversas
formas de resistência, dentre as quais: táticas de guerrilha, banditismo social, guerras abertas,
movimentos messiânicos, ataques às sedes coloniais, movimentos de reafirmação cultural,
greves, além das resistências cotidianas que também foram cruciais. Uma importante força de
contestação (no sentido de organização política) era formada pelos trabalhadores urbanos, que se
reuniam em associações, sindicatos ou simples grupos coletivos, que executavam a sabotagem de
máquinas e promoviam paralisações, reivindicavam melhores condições de trabalho e
denunciavam a exploração colonial (Meneses, 2009).

Em Moçambique não foi diferente, essa forma de contestação também pode ser mapeada em
diversos lugares e diferenciados momentos. O peso político desses movimentos se torna ainda
mais efusivos a partir da década de 1940, com o fim da segunda guerra mundial e quando os
movimentos de independência, que se espalharam pela África, repercutem nos territórios
controlados por Portugal. Nos maiores centros urbanos toma força organizações políticas e
culturais, com grande participação da juventude, que tinham como objetivo refletir a situação
colonial e pensar alternativas para as mudanças na sociedade, gestando um forte nacionalismo
anticolonial. O fortalecimento dessas organizações deve-se a uma maior maturidade e
autorreflexão da história colonial, mas, sobretudo, “pelo agravamento constante da segregação e
da violência colonialista, que faz com que as novas gerações do pós-guerra fossem estruturando
um pensamento nacionalista” (Meneses, 2009).

A luta contra a dominação estrangeira e pela afirmação de uma identidade nacional efetuada pela
literatura passa necessariamente pela retomada das referências do passado. Os intelectuais dos
países sob o jugo do colonialismo europeu buscaram formas de combater a imagem estereotipada
em que eram representados. A descaracterização da imagem forjada pelo opressor se dá por
intermédio de uma “recuperação” e valoração da história que fora negada, distorcida, inventada
pelo colonizador. Voltar ao passado se transforma em experiência de renovação. A partir dessas
estratégias são lançadas as bases para uma literatura afinada com o projeto de libertação. Para
Manoel Ferreira (1987 apud Zavale 2011), o texto literário africano nega a legitimidade do
colonialismo e faz da revelação e da valorização do universo africano sua raiz primordial.

Ao longo do tempo, a partir do cruzamento das diferentes forças históricas, Moçambique


experimentou diversas formas de nacionalismo. Os nacionalismos são produtos culturais
específicos que remontam a algum tipo de pertencimento e/ou experiência, não são monolíticos,
mas sim, condicionados pelas variações sócio-histórico-culturais de cada povo/região. Existem
os nacionalismos nativistas, os nacionalismos anticoloniais, os nacionalismos independentistas e
tantos outros. De acordo com Nascimento, ao refletir sobre a África “o nacionalismo é uma
síntese de noções e de sentimentos referida à agregação de vários grupos numa “comunidade”, a
qual pode aparecer como “natural” ou historicamente sedimentada, conquanto em África
frequentemente surja em construção (Zavale, 2011).

Para a construção e consolidação desse nacionalismo, foram necessários diversos elementos


fundamentais. Anderson (2008 Zavale 2011) sublinha alguns deles como os jornais e a literatura.
Os dois configuram-se como essenciais na criação, substancialização e circulação das ideias,
funcionando como aparatos ideológicos para a disseminação e difusão do sentimento de
integração e pertença entre os indivíduos, a uma “comunidade imaginada”. Ambos serão
portadores, instrumentos de um pensamento libertador que coloca em evidência e dessacraliza o
mundo colonial. As ideias refletidas no que se escreve cria uma atmosfera de utopia de uma
nação que está a nascer.
6. Conclusão
O surgimento da história crítica, em Moçambique, retoma, no país, a atualidade da temática
sobre o pós-colonial em Moçambique. Indicativo de que, efetivamente, existe a questão de
legitimidade política nos processos locais de formação do estado-nação em Moçambique, que
surge na generalidade dos casos em África, com os movimentos nacionalistas querendo impor
uma identidade histórica comum, num contexto de sociedades plurais, que vivem sua história a
longo prazo.

Os nacionalismos e os estados-nações surgem como movimentos políticos locais, que


reivindicam, perante o centro, a legitimidade política das localidades dentro do sistema-mundo
capitalista. Exprimindo, na prática política, os limites e as ambivalências da totalidade e da
localidade, enquanto estruturas interdependentes do sistema. Modificam-se as formas históricas
de autoridade política do centro sobre as localidades. Ainda que a tal modificação seja inelutável
e se institue em soberania nacional, ela não resulta na independência da localidade em relação ao
centro ou em relação à totalidade do sistema.
7. Referências bibliográficas
Araújo, S. (2008).  Pluralismo jurídico em África: Ficção ou realidade? Revista Crítica de
Ciências Sociais.

Faria, F., & Chichava, A. (1999).  Descentralização e cooperação descentralizada em


Moçambique. Documento de reflexão ECDPM 12. Maastricht: European Centre for
Development Policy Management (ECDPM).

Fernandes, M. (2007). Descentralizar é fragmentar? Riscos do pluralismo administrativo para a


unidade do Estado em Moçambique. Revista Crítica de Ciências Sociais.

Lourenço, V. A. (2007). Entre Estado e autoridades tradicionais em Moçambique: Velhos apoios


ou novas possibilidades políticas. Res-Publica. Revista Lusófona de Ciências Políticas e
Relações Internacionais.

Meneses, M. P. G. (2009). Poderes, direitos e cidadania: O ‘retorno’ das autoridades tradicionais


em Moçambique. Revista Crítica de Ciências Sociais.

PENA, F. Alves. "O que é nação?"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-nacao.htm. Acesso em 30 de março de
2023.

Zavale, G. J. B. (2011).  Municipalismo e poder local em Moçambique. Maputo: Escolar.

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