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Universidade Katyavala Bwila

Faculdade de Economia

Apontamentos de História Económica e Social


de Angola. I Ano.
1. Semestre, 2017.

Prof. Joaquim Augusto A. Manuel “Santos”


E-mail: joaquimmanuel35@yahoo.com.br
Prof. José Victorino Cristiano do Rosário
E-mail: josevictorino1@hotmail.com
Considerações
• 1. Avaliação: 2 provas escritas + Trabalho
Científico + participação activa + prova de
Exame (Época Normal) +Exame de Recurso+
Época Especial.
• 2.Bibliografia:
– Texto de Apoio:
• DILOWA Carlos Rocha, Contribuição a História Económica
de Angola, Luanda 1978.
• Apontamentos:
• NGONDA Lucas Benghy, História Económica e Social de
Angola, 2ª Edição, Luanda, 2008.
Considerações

• Outras referências Bibliográficas.


• AMARAL Ilídio do – Aspectos do povoamento Branco em Angola,
Lisboa ,1960
• ANDRADE Mário, e Oliveira Marc, La Guerre en Angola-Études sócio-
economiques,Ed. Francois Maspero, Paris, 1971.
• BOAVIDA Américo, Angola, Cinco séculos de exploração, Luanda,
UEA
• GUERRA Henrique, Angola, estruturas económicas e sociais, UEA,
Luanda 1988.
• GONÇALVES Jonuel, A Economia ao longo da História de Angola,
1.edição ,2011
• Conteúdo Programático.

• Defesa: Temas a serem investigados:
• Trabalho:
• 20 à 25 páginas
• Tipo de letra: Arial
• Tamanho: 12
• Espaçamento: ½
• Metodologia:
• Pré-texto-
• Texto -
• Pós-texto -
Programa
• UNIDADE I. Introdução à HESA
– Definição de História Económica e Social de Angola:
– Breves considerações sobre os Problemas actuais da Pesquisa da HESA
• 1.3 História de Angola, uma Necessidade Nacional
• 1.4. A Importância da História de Angola
• 1.5. A Periodização da HESA
• 1.4. Os Ciclos Económicos de Angola
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• UNIDADE II. ANGOLA NO PERÍODO PRÉ-COLONIAL –ESTRUTURAS ECONÓMICAS E SOCIAIS DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES
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• 2. Estruturas Económicas e Sociais das primeiras Comunidades de Angola – Khoisan e Vátwas
• 2.1. Os Khoisan. Território E Estruturas Económicas e Sociais
• 2.2. Os Vátwa, Território E Estruturas Económicas e Sociais
• 2.3. Os Bantu de Angola Pré-Colonial. Estruturas Político-Social e Económicas:
• - As Relações de Produção, Forças produtivas, Modo de Produção, Tipo de Economia, Instrumentos de Troca, A funcionalidade dos Mercados e Feiras
•  
• UNIDADE III. O PERÍODO DA PENETRAÇÃO E CONQUISTA EUROPEIA DO TERRIRÓRIO – DO COMÉRCIO ESCANDALOSAMENTE DESIGUAL À ASCENSÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS TRANSATLÂNTICO
• 3.1. Etapas de Penetração portuguesa

• 3.2.Emergência do Colonialismo Europeu em África


• 3.3. Modelos de colonização portuguesa
• 3.4 A Presença Portuguesa no Território -
• Primeiros Contactos entre Europeus e Kongueses e suas Consequências
• 3.4.1. A primeira Expedição Missionária e exploratória comandada por Rui de Sousa. 3.4.2. O comércio Português no Reino do Kongo e a Tentativa de Instalação, 3.4.3. Reinado de Dom Afonso I e sua relação com
Portugal. 3.4.4. 3.4.5. A Evolução do comércio de escravos e a Desagregação da Federação Kongo, 3.5. Primeira e Segunda Expedição para a Exploração do Ndongo 3.5.1. Missão de Paulo Dias de Novais e a Fundação de
Luanda. 3.5.2. Avanço do Domínio Colonial Português e a Decadência do Reino do Ndongo
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Programa
• UNIDADE IV. ANGOLA NO PERÍODO DO MERCANTILISMO E A EXPANSÃO CAPITALISTA
• 4. O Mercantilismo, Teoria e Definição
• 4.1. Início do Tráfico de Escravos Transatlântico e a Economia Mercantilista Europeia
• 4.2. O sistema de escravatura nas sociedades africanas
• 4.3. Angola no Período do Mercantilismo Europeu- A Evolução do comércio de escravos e Expansão colonial Portuguesa em Angola
• 4.4. Tráfico Colonial e Expansão Capitalista
• 4.5. Consequências da Escravatura na Colónia
• 4.6. A Abolição do Tráfico de Escravos e da Escravatura

• UNIDADE V. A Economia de Angola depois da abolição do tráfico de escravos transatlântico
• 5.1 - A partilha Europeia de África e a legitimação da Colonização a luz da nova política económica
• 5.4 - O Sistema Colonial de Exploração portuguesa e a importância da mão-de-obra africana na economia de Angola
• 5.5. O Indigenato e o Regime de Desigualdade Social e Política de exploração Colonização
• 5.6. A Assimilação como Estrutura Económica da colonização Portuguesa
• 5.7. A colonização de povoamento Branco de Angola: Criação de colonatos agrícolas e a economia de fazendeiros brancos
• 5.8. O desenvolvimento da agricultura de Exportação em Angola
• 5.9. A Política Económica Ultramarina de Portugal após a 1º República e tentativa de industrialização da Economia
• 5.9.1 O Pensamento Económico do Estado Novo
• 5.9.2 A Economia Corporativa do Estado Novo
• 5.3 - A integração das colónias no espaço português
• 5.4. O Advento da Independência Nacional
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Programa
• UNIDADE VI. A ECONOMIA ANGOLA PÓS-INDEPENDÊNCIA
• 6.1. O Período da Economia Planificada de Estado (1975-1991)
• 6.1.1. O Sistema Económico de Direcção Centralizada e Planificada em Angola (Adesão à ONU
1976)
• 6.1.3. O Papel do Estado no Processo de Confisco e Nacionalização do património
• 6.1.4. O Redimensionamento Empresarial e a Criação das U.E.E.
• 6.1.5. As Políticas e Estratégias do Partido Único para o Sector Agrário
• 6.1.6. O Saneamento Económico e Financeiro (1987)
• 6.1.7. Adesão ao FMI (1989)
• 6.1.8. O Surto do Mercado Paralelo em Angola
• 6.2. O Período da Transição da Economia Planificada para Economia de Mercado (1992-2001)
• 6.2.1. A Era do multipartidarismo e a construção de um Estado Democrático e de Direito
• 6.2.2. Liberalização do Comércio e o Processo de Privatização. 
• 6.3. Período da Mini-idade de Ouro (2002-2008)
• 6.3.1. A conquista da paz e a Nova era da Economia
• 6.3.1. Novo Paradigma de Cooperação Económica Exterior
• 6.3.2. O Quadro Macroeconómico
Programa
• 6.4. A Economia Angolana depois da Mini-idade de Ouro: Da desacerelação à Tentativa de
Superação (2009-2016)
• 6.4.1. A criação do Fundo Soberano ()
• 6.4.2. 4.2 A crise Económica e Financeira de 2008/2009, Repercursões para Angola
• 6.4.3. O PND (2013-2017)
• 6.4.4. A Crise Económica e Finaceira Angolana de 2014: Causas, consequências e estratégias
para mitigar os efeitos da crise
• 6.4.5 O censo populacional de 2014 e suas implicações na Economia
• 6.4.6. Processo de aceleração da Diversificação Económica e tentativa de superação:
• - (PlanaGeo,)
• - Forum internacional de comércio Angola China
• -. Programa do Governo de relansamento da Agro-industria ( Pólos de d. Agro-industrial,
Capanda, Equimina) (RE. Pg 73)
• - Emergência da Criação da Administração Geral e Tributária (AGT)
• 7 - A posição de Angola na Região, (SADC, UA, CEDEAO)
•  
UNIDADE I: INTRODUÇÃO A HESA
1.1.Definição de História Económica e Social de
Angola
História = aquele que vê, testemunha, que sabe…
procurar saber. (Heródoto séc. V. a.C. )
Estudo das acções realizadas pelos homens
História - estuda toda produção humana (…) sucinta de
constituir mudanças importantes de vida social e de
uma memória histórico – colectiva
A Economia - ciência social cujo objecto de estudo são
os fenómenos económicos tais como: produção,
distribuição, consumo, repartição do rendimento,
acumulação de capital.
O uso racional dos recursos escassos para satisfação das
necessidades ilimitadas
Ciência das opções… entre abdicar e prescindir de Algo.
1.1. História Económica e Social de Angola.

 A Sociologia – Estuda os fenómenos


sociais; a interacção dos vários
grupos, classes e instituições sociais
entre si.
• Angola – Termo proveniente do
título dinástico atribuído aos
soberanos do Reino do Ndongo,
“Ngola”, fundado no séc. XIV,
que devido a importância
atribuída pelos portugueses ao
Reino, foi extensiva a outras
regiões por eles conquistadas,
designando hoje todo território
que compreende a República de
Angola.
1.1.Definição de História Económica e Social de Angola

 História Económica e Social de Angola

 HESA – Estuda os factos económicos e sociais


mais relevantes da produção material e espiritual
da sociedade Angolana em cada época
 Identifica o tipo de organização sócio - económica,
política e cultural nos distintos períodos do
processo histórico Angolano;

 Estuda o modo, o volume, as circunstâncias da


produção...

 Que factores políticos e sociais influenciaram a


produção, distribuição e consumo de bens ao longo
das diferentes etapas do processo histórico
angolano.

 objecto: Acções sociais/Produção, distribuição e consumo do Passado


 Métodos: Interpretação dos factos/provas sociais e económicas:
Produção, distribuição/circulação e consumo
 Funções: Ideológicas e Estratégicas
1.2. Breves considerações sobre os Problemas actuais da HESA

• O Mito da Negação da História de África


• Os primeiros a escreverem a história de Angola foram os europeus. Esses,
em função dos interesses exploratórios sobre a África, negaram o passado e
a história dos povos da África Negra, onde Angola se enquadra.
• Esta negação foi encarregue por teóricos, políticos e filósofos reconhecidos
universalmente.
• Este fenómeno ficou conhecido como o mito da inexistência pura e simples
da historicidade africana, consiste em tentativa de falsificar, desprezar ou
negar o passado e historicidade do continente negro, pela defesa de que a
última concepção histórica aceite seja unicamente feita com documentos
escritos; que os negros africanos são congenitamente incapacitados de fazer
qualquer coisa grande ou a sua passividade natural impondo deste modo a
suposta superioridade da raça branca; entre outras teses.
1.2. Breves considerações sobre os Problemas actuais da HESA

• Essas teses serviram de justificação da ocupação ilegal e


exploração desumana do continente e dos povos
colonizados na abordagem da missão humanista e
civilizadora para com a África, de levar a civilização as
regiões da África Central onde não havia civilização.
• Sendo assim, a nossa historiografia enferma de
deturpações ou deformações e subjectividade, na medida
que omitiam factos relevantes com relação a época
colonial, o que impõe agora mais do que nunca, a imperial
tarefa de os africanos reescreverem a sua própria história:
«A África tem que escrever a sua própria história».
1.2. Breves considerações sobre os Problemas actuais da HESA
Síntese dos Problemas actuais da Pesquisa, Ensino,
Elaboração e Divulgação da HESA
 Deturpação ou deformação e subjectividade das fontes;
 Falta de tradução de livros e outras informações científicas;
 Falta de programa eficiente capaz de incentivar e potenciar especialistas na
busca e recolha de tradições orais;
 A não existência de periodização consensual; resultando no fraco
enquadramento cronológico e agrupamento dos dados de forma sistemática
passíveis de acarretarem problemas de interpretar e analisar;
 Ensino não credível o suficiente;
 Fraco enquadramento dos programas de história de Angola nos diferentes
níveis escolares;
 Sensibilidades políticas, étnicas e religiosas;
 Elaboração e divulgação insignificantes;
1.2.1. História de Angola, uma Necessidade Nacional

 Nas circunstâncias actuais não é fácil fazer a história de Angola.


 Essas dificuldades tornam difícil a pesquisa da nossa História. Mas,
hoje mais do que nunca é imperioso o estudo da história de Angola,
sob pena de perdermos a nossa identidade histórico-cultural.
 Urge necessidade de se empreender esforços de reescrever a
verdadeira história de Angola quanto antes:

 devido a globalização que destrói fronteiras tradicionais,


 e pelo facto de os guardiões da tradição poderem desaparecer fisicamente.

 O contributo inestimável da tradição oral para a reconstrução da


História de Angola – Crítica Histórica
 O esforço para a sua reconstrução transcende barreiras de especialidades
1.3. Importância da HESA
 Leva-nos a compreender que factores políticos e sociais influenciaram a
produção, distribuição e consumo de bens ao longo das diferentes etapas, o
que elas significam, que papeis jogaram tanto nos conflitos sociais como na
evolução das mesmas sociedades, bem como nas definições dessas, como
influíram nas transformações sociais, económicas e políticas.
 Habilitar o estudante de Economia, de Gestão de empresas e
Contabilidade e auditoria a articular-se com facilidade no conjunto de
fenómenos económicos, sociais e políticos de cada época.
 Conhecer a trajectória do crescimento e desenvolvimento
Económico e social de Angola.
 Equacionar valores sobre os modos de produção, consumo e
distribuição das antigas gerações angolanas aos novos modos.
 Relacionar os acontecimentos económicos mundiais e seu impacto
na Economia Nacional ao longo dos tempos.
 Criticar e contribuir de forma saudável aos novos critérios e tendências políticas ligados
a produção, distribuição e consumo.
CONHECER O PASSADO
QUEM SOMOS SENTIMENTO DE PERTENÇA

COMPREENDER O PRESENTE
CONHECER-NOS A NÓS CONHECENDO OS OUTROS

PERSPECTIVAR COM SEGURANÇA O FUTURO


INTEGRIDADE UNIDADE
1.4. A Periodização da HESA
 História Económica do Período Pré-histórico
 Idade paleolítica e neolítica de Angola, reflectindo a produção exercida essencialmente pelos povos
autóctones - Khoisan
 Proto- história
- Corresponde o período das migrações e fixação bantu (até ao séc. XIII ) e início da caducidade
da antiga e longa idade da pedra em Angola pela difusão do ferro
 História Económica do período pré-colonial
 desde o séc. XII a 1575
 História Económica do período colonial
 Início do período colonial com a Fundação da cidade de Luanda 1575 - 1975
- História Económica do período de guerra pela Independência (1961-1975)
 História Económica do período pós-colonial
 História Económica do período da Economia Centralizada/Planificada (1975-1991)
 História Económica do período de Transição da Economia Planificada à Economia de Mercado
(1992-2001)
 História Económica do período da Mini-Idade de Ouro (2002-2008)
 A História Económica de Angola depois da Mini-Idade de ouro: da desacerelação à tentativa
de superação. (2009 à Actualmente)
1.5. ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola (C. Dilowa, 1978)

 Ciclos Económicos de Angola’’ – são determinados


pelo principal produto de exportação numa fase
Histórica.

 1-Ciclo dos Escravos, da cera e da borracha (1500/1892-


1910)
 2- Ciclo do Diamante e do milho (1917-1945)
 3- Ciclo do café (1946 -1972)
 4- Ciclo do Petróleo (1973 - Actualmente)
1.5 - ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola. (C.
Dilowa, 1978)

• 1-Ciclo dos Escravos, da cera • 2- Ciclo do


e da borracha (1500/1892- Diamante e do
1910) milho (1917-1945)

nesta época
mais exportado
seja o diamante
diamante, embora
mais divisas que o
Omilho rendia

• 4- Ciclo do Petróleo (1973 - • 3- Ciclo do café


Actualmente) (1946 -1972)
1.5 ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola
(Emmanuel Carneiro, 1978)

 Cada “ciclo” corresponde a um determinado lapso de tempo


caracterizado pela dominação, na economia e
consequentemente na sociedade, de um produto de
exportação (o qual sobressai em relação aos restantes).
1.5 - ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola
(Emmanuel Carneiro, 1978)

 1. O “ciclo dos escravos”, sensivelmente até à Conferência


de Berlim (cerca de 1885).É o período em que a ocupação
europeia se limitou à conquista e permanência em pontos
restritos da costa marítima de Angola, os quais serviam de
testas-de-ponte do comércio com o interior, praticamente só
de escravos.
1.5 - ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola
(Emmanuel Carneiro, 1978)

 2.O “ciclo da borracha”, desde cerca de 1885 (a primeira


exportação de borracha data, entretanto, de 1869) até
sensivelmente 1910. Confunde-se com o período das guerras
de ocupação militar, reflexo do novo imperativo económico do
“aproveitamento de África” como expressão das alterações
qualitativas impostas pelo desenvolvimento das forças
produtivas e do processo histórico da Europa.
1.5 - ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola
(Emmanuel Carneiro, )

 3. O “ciclo do milho, do café e dos diamantes” desde cerca


de 1910 até 1973 (ano em que inicia o “ciclo do petróleo”),
que Dilolwa (1978), identifica também  como o período da
exploração capitalista de Angola. É o período em que se
cristaliza uma nova lógica no domínio económico com a
implantação de um sector moderno na economia cuja
principal função era a da solvência de uma procura situada no
exterior.
1.5 - ‘’Ciclos Económicos’’ de Angola
(Emmanuel Carneiro, )

 4. O “ciclo do petróleo”, numa lógica de continuidade,


começa em 1973 – ano em que esta commodity se torna o
principal produto de exportação. A Angola independente, até
aos dias de hoje, confunde-se, consequentemente, com o
“ciclo do petróleo”.
UNIDADE II: ANGOLA NO PERÍODO PRÉ-
COLONIAL - ESTRUTURAS ECONÓMICAS
E SOCIAIS DAS PRIMEIRAS
COMUNIDADES .
2. 2. Estruturas Económicas e Sociais das primeiras Comunidades de
Angola – Khoisan e Vátwas

 Existiam Vários Povos não Negros: Pigmeus, Khoisan, Vátwa


ou Kuroca (Pré - bantu)

1. KHOISAN
 Primeiros Habitantes: desde há, pelo menos 12.000 A.C anos
 Habitavam todo território hoje Rep. de Angola antes dos Bantu
 Remanescentes dos habitantes das zonas de savanas ao
extremo sul do Continente
 Formação: Khoisan =
 Hotentote ou Khoi/Khoin
 Bochimane ou Vakankala / Kamussekele ou San
● Kedes; Kazamas
2.3.1. Os Khoisan
 Derivação: Cruzamento Biológico entre chineses ou asiáticos
e africanos “Kung” antes da expansão Bantu

 Território: Faixa Etnogeográfica entre o rio Zambeze e o Cabo na


África do Sul.
 África:
Sul de Angola; Botswana; Namíbia; Zimbábwe e África do Sul
 Angola: Huíla; Kwandu-Kubango e Kunene:

Namakunde, Santa Clara, Chiede, Mulonga wa

Cikongo, Yonde, Kafima, Onjiva, Matala, Cipungo onde são


conhecidos de Vakamusekele
2.3.1. Os Khoisan - Estruturas Económicas e
Sociais
 Estrutura política
 Nível de Produção: Comunidade Primitiva,
 nunca formaram Reinos nem Estados.
 Orientados por um chefe de grupo, escolhido entre si.
 Suas armas eram pequenos arcos com flechas envenenadas, as azagaias.
 Estrutura Económica
 Família extensa – tribo - constituía a unidade económica.

Nomadismo: Recolecção de frutos, cascas e raízes das Árvores


 Sedentarismo - a descoberta da agricultura e da pastorícia os Torna
sedentários:
 A base da sua alimentação passou a ser o massango, a massambala, o inhame e
a carne;
 A Caça, passou a ser a actividade económica essencial;
 Com o excedente da caça, faziam Comércio
com os seus vizinhos Bantu na base de carne.
Bantu
3.2.Presença Portuguesa no Território – 1º
contactos entre Europeus e Kongueses

● O primeiro contacto entre Portugueses e Kongueses se deu a


quando da chegada do navegador português Diogo Cão à
foz do rio Zaire, no dia 23 de Abril de 1482.
● Diogo Cão manteve relações com o Mani Soyo.
● Depois desse ter se apercebido através da população que
havia um Rei morando na cidade de Mbanza Congo, enviou
emissários ao Rei com presentes que foram feitos reféns
pelo Rei do Kongo, Nzinga-a-Nkuvu.
● Diogo Cão, desconfiado da situação de refém da delegação
que enviara a corte do Rei do Kongo, levou consigo do
mesmo modo quatro nativos para Portugal.
2.3.2. Os Vátwa ou Kuroca
 Vátwa
Vá = “as”
Twa = Pessoa = As Pessoas
 Outro Complexo Sócio - Cultural de raça não negra entre os
povos minoritários de Angola
 Habitam o Território desde o Paleolítico
 Formação: Ova-Kwandu ou Kwissi + Ova Kweepe
Território
Faixa semi-desertica do Namibe, entre o mar e a serra da
Chela
Faixa oriental e sul do Dombe grande, fazendo fronteira com
os seus vizinhos Vandombe e Vakuvale
2.3.2. Os Vátwa ou Kuroka
-Estruturas Económicas e Sociais

 Criadores de gado bovino e caçadores de antílopes


 Pouco dedicados a agricultura. Praticam o Comércio.
Estruturas Política e Social Estrutura Económica
Pré-Bantu Os Khoisans nunca formaram reinos A tribo constituia a unidade económica. Durante
(Khoisans e nem Estados, viviam em o nomadismo praticavam a recoleção de frutos, a
Vátwas) comunidades primitivas orientados caça era a actividade principal, só depois da
por um chefe de Grupo escolhido descoberta da agricultura passaram a ser
entre si. cedentário
Vátwa – o regime familiar assenta na Vátwa- poucos dedicados a Agricultura
poligamia
Veneram um ser supremo, culto aos
antepassados

Bantu A solidaridade e vida comunitária Modo de produção semi-tributário, esclavagista,


como regime político. Estado clã e a pré-capitalista.
seguir o Estado Tribo, como base da As Forças produtivas: Tecelões, ferreiros,
estrutura, Constituiam Reinos artesões, Os Bantu sabiam trabalhar o ferro,
delimitados geopoliticamente e por Agricultura pastorícia já difundidas,. Relações
um espaço territorial fixo. de produção: Relações de propriedade, sistema
de herança, relações de classes. tipo de
Economia tradicional e já utilizavam
instrumentos de troca como O zimbo, libongo,
cruzetas, sal da kissama, o Boi os Escravos
2.3. As Comunidades Bantu de Angola -
Penetração e Fixação
 Os povos Bantu surgem da África Central, supostamente
da Região de Benué, fronteira entre a Rep. Dos
Camarões e a Rep. Da Nigéria. Tomando a direcçáo
para Leste e para Sul.
 Alcançando a região da Bacia do Congo, do Planalto
Luba e dos Grandes Lagos, de onde partiu a expansão
para Angola
 Esta expansão tenha começado no séc. XII-XIII, com os
Bakongo e terminado no séc. XIX, com os Kwangares.
2.4.2. Penetração e Fixação Bantu em Angola
2.4.2. Penetração e Fixação Bantu em Angola
2.4.3. Estruturas Político-Social e Económicas
dos Bantu pré- Colonial
Antes da ocupação portuguesa o território angolano estava
organizado em vários reinos.
o Entre eles, existiam os Reinos do Congo, Ndongo, Matamba,
Planalto Central, dos Kwanyamas, dos Lundas, entre outros.
o Alguns deles já dispunham de uma organização social
semelhante aos da Europa da Idade Média, com realce ao
Reino do Congo que foi o mais importante.
o As entidades político-administrativas eram investidas de títulos
de nobreza, geralmente intitulados por Mwene, característico
da região austral de África. A entidade suprema na
organização política era o Rei

2.4.3. Estrutura Económica dos Bantu
Pré-colonial

Estrutura Política e Social


o Sistema e Regime Político: Solidariedade e Vida Comunitária:
o As terras e outros bens constituem património da comunidade de
Sangue.
Caracterizado pelo desenvolvimento de novos modos de
produção:
o O pré-capitalista, semi-capitalista, esclavagista e semi-tributária.

Actividades produtiva – forças produtivas e especialização


o A metalurgia, a agricultura, a pastorícia, o artesanato, a
caça, a pesca fluvial e marítima costeira
2.4.4. Estrutura Económica dos Bantu
Pré-colonial – Relações de Propriedade
 As Relações de Produção incluem: Relações de Propriedade;
Relações de divisão do produto ou de herança; e as Relações
de Classes.
 Relações de Propriedade – Estatuto de Propriedade
 Propriedade de muitos usufrutuários dentro da economia distributiva;
 Património da família;
 Propriedade colectiva;
 Não é objecto de Venda;
 Comparticipação da Comunidade de Sangue
 pertença simples e única da Comunidade e não do indivíduo
o A certo tempo, o Regime da Propriedade Colectiva, transitava
para o da Propriedade Privada na medida que cada família
tinha em posse uma lavra
2.4.4. Estrutura Económica dos Bantu
Pré-colonial
 Sistema de Herança ou de divisão dos bens

Obedecia o Regime Matrilinear


o Os bens ou patrimónios não passavam de pais para filhos, mas de tios
maternos para sobrinhos;
Influenciava também o Regime da Herança do poder político – Sucessão
ao trono Real

 Relações de Classes
A Divisão de Bens era desigual:

o Os escravos usufruíam do estritamente necessário para sobreviver;


o Os homens livres: distinguiam-se entre pobres e ricos;
o Os senhores ficavam com a maior parte dos produtos;
o Os Reis arrecadavam a maior parte da produção. Tinham mais
escravos em posse.
2.4.4. Tipo de Economia Tradicional

O tipo de Economia Tradicional

Economia de subsistência, doméstica ou tradicional


Sistema de Dom e contra Dom na distribuição da riqueza,
(Marcel Mauss, retribuição)
Relações sociais e bem-estar são prioritários e não a Riqueza;
Economia aliada a mitos e rituais religiosos, entre o absoluto e
o sagrado;
Indefinição da moeda
Economia clânica tributária.
Economia distributiva por sistema de parentesco
HE do Período pré-Colonial
• Missão que norte ou a expedição de Diogo Cão, a costa
Ocidental e Oriental da África com objectivo de atingir as
terras do legendário Preste João que procurava, segundo a
lenda, contacto com o Rei de Portugal, atracando em 1482
o Porto de Mpinda, foz do Zaire.

• À história do colonialismo português em Angola, refere-se


quatro opções fundamentais de modelos de colonização:
a colonização por degredados, a colonização de
povoamento branco, a colonização planificada e a não
planificada.
2.4.4.1. Instrumento de troca na economia tributária
Pré-colonial

 Raramente eram feitas de metal, mas de objectos raros e preciosos;


 A economia de troca era generalizada
Instrumento de troca de proximidade
valor da moeda dependia da natureza do produto a trocar ou o próprio produto se
transformava em moeda por seu equivalente
Tinham funções de troca e de pagamento
Nzimbo, moeda corrente nas zonas do antigo Reino do Kongo;
O Sal da Kissama, utilizado nos Estados da Kissama e zonas do Planalto
Central;
Libongos ou Mabelas (tecidos de ráfia), nos Planalto Central e Estados da
Kissama e Kongo;
O Boi era moeda corrente em algumas zonas do Planalto;
Cruzetas de Cobre utilizadas nas Lundas;
O Escravo também constituía para as transacções comerciais Carácter de
moedas.
2.4.4.2. O funcionamento dos mercados e
feiras
 Os vários povos montavam caravanas em direcções distintas;
 Existia um tráfico marítimo ao longo da costa que impedia os povos
do litoral manter comunicações activas com o exterior;
 Mercados e feiras representavam complexas redes Comerciais.
 Eram regulares e periódicos, com mecanismo e instituições de tipo
universal;
 Obedeciam um conjunto de regras que garantiam o seu normal
funcionamento;
 Abastecidos pelos produtos agrícola, pastorícia, extracção mineira e
industrial locais
 Eram posicionadas numa escala de valores que iam desde o Rei aos
Sobas seus vassalos
2.4.4.2. O funcionamento dos mercados e
feiras
 A organização das feiras obedeciam dois tipos:

 Feiras PARTICULARES que eram realizadas nas comunidades


 Feiras GERAIS que reuniam todas as regiões e realizadas nas
Cidades capitais;

 Existia um velador, investido pelo Rei sob autoridade de:


 Visitar regularmente as feiras
 certifica-se do curso normal das operações;
 Garante da paz;
 Controlar o nível de transacções efectuadas;
 Apurar as receitas arrecadadas;
 Manter um controlo cerrado sobre a provável venda de cidadãos
livres.
2.4.4.2. O funcionamento dos mercados e
feiras
 A influência europeia alterou o sistema comercial africano:
 1º pela introdução e concorrência dos produtos ocidentais;
 2º pela abertura de novas rotas e mesmo falcatrua das
localidades pela necessidade do tráfico de escravos.
UNIDADE III – O PERÍODO DA PENETRAÇÃO E CONQUISTA
EUROPEIA DO TERRIRÓRIO – DO COMÉRCIO
ESCANDALOSAMENTE DESIGUAL À ASCENSÃO DO TRÁFICO
DE ESCRAVOS TRANSATLÂNTICO

• O avanço e domínio do colonialismo português até a


formação do território angolano, obedeceu fases distintas,
tentando corresponde-las às distintas fases económicas de
acordo a preponderância de um produto.
• Essas fases correspondem o período do mercantilismo e se
estendem até a abolição do tráfico negreiro, 1878:
• A primeira fase vai de 1482 à 1575. É o Período de
descoberta, penetração, conquista e de monopólio
comercial estabelecido pela Bula assinado pelo papa
Alexandre VI, em 1493, conhecido de Inter Coetera, ratificada
pelo tratado de Tordesilhas de 1494, que divide o Mundo em
Hemisfério Norte para Espanha e Sul para Portugal.
• No campo económico, Segundo Carlos Dilolwa: , a
primeira fase económica vai desde 1482-1500 dominado
por Comércio escandalosamente desigual, baseados
numa relação de amizade aparente de trocas de presentes
e de expedições diplomáticas e comerciais.
• Esta, será superada pela fase do tráfico de Escravos que
terá seu início no Reino do Kongo em 1500 e que será o
sistema de exploração económica dominante até 1878
efectivamente, convertendo a Colónia de Angola, ao
serviço do desenvolvimento da economia esclavagista
brasileira.
• Os factores que condicionaram a presença portuguesa no
litoral do território foram: 1º o movimento da “Expansão
Marítima e Comercial Europeia” que se desenrolou
durante os sécs. XV, XVI e XVII.
• 2º O Capitalismo Comercial, será o catalisador principal
dessa expansão, impulsionada pelo dinamismo económico
e técnico europeu (XI-XIII),
• 3º Pela avidez de riqueza da nova Classe, a burguesa, que
conjugava o grande desígnio cristão a avidez do negócio
das especiarias da Ásia num antagonismo sem equívocos à
“Expansão Islâmica”, na procura de Preste João.
33.2.1.Primeiras Consequências do Contacto
entre Europeus e Kongueses
● Os primeiros contactos entre os dois povos, baseou-se em
relações diplomáticas e económicas ou de cortesia ou ainda
de aliança e de protectorado, resultando na:
● Formação do Primeiro e Segundo grupo de cristãos de
Angola;
● Primeira Expedição Missionária e exploratória comandada
por Rui de Sousa (29.03.1491);
● Construção de Infra-estruturas (templos, Escolas e outras);
● Conversão ao Cristianismo pelo Baptismo da Família Real e
outros Aristocratas e parte da população.
3.3.1.O comércio Português no reino do Kongo e a tentativa de instalação

• A suposta relação de amizade ou de justiça e cortesia levou a confundir os


Reis kongueses, enquanto Portugal fazia uma leitura de subordinação da
Monarquia konguesa à Monarquia portuguesa;
• Muito rápido declinou-se ao Comércio escandalosamente desigual, na
medida em que os portugueses passaram a trocar produtos de pouco valor
como missangas, tecidos velhos, armas enferrujadas, espelhos com produtos
africanos de grande valor como marfim, cobre e sobretudo escravos;
• A primeira tentativa de exploração portuguesa no Reino do Kongo começa
com a expedição de Rui de Sousa;
• No sentido de controlar a ambição desenfreada dos portugueses, obrigou
Afonso I solicitar a D. Manuel que enviasse um representante, a fim de
arrefecer a demasiada ambição dos missionários portugueses.
• É delegado Simão da Silva, que será substituído por Álvaro Lopes, como seu
Representante nas funções de Assistente e Orientador do Rei do Kongo e não
de conquistador do território, partindo de Lisboa em 1512. Tinha a missão de
administrar a justiça e zelar pelos interesses do Rei de Portugal e do Kongo.
• Entre outros 1º sintomas de exploração e dominação e distorção do
comércio no Reino destacamos:

• O tráfico de escravos (que apesar do carácter doméstico inicial foi


ganhando dimensões inimagináveis, ao ponto de converter o Reino na
maior fornecedora de escravos transatlântico na região e desorganizar o
Reino, facilitando minar os pilares políticos, económicos e sociais) e o
cristianismo (que foi o instrumento de dominação por excelência e
conversão à nova civilização produtiva) em que gravitava a vida social do
Reino, desde 1510;

• A perda da concorrência dos produtos africanos a favor dos produtos


ocidentais que passaram a ser comercializados nos presídios;
• A depreciação e retirada do monopólio do Nzimbo ao Rei, a partir de
1648 à 1651 e efectivamente em 1665 depois da Batalha de Ambwíla;
●A directiva mercantilista e política para o Kongo sob o regimento de
1512 durante o Reinado de D. Afonso I, segundo a qual o Reino se
devia submeter: a) o Kongo devia subsidiar todos os gastos das
missões portuguesas com um pagamento anual em escravos, ouro e
marfim; b) o comércio do Reino do Kongo devia converter-se num
monopólio da coroa portuguesa; c) o Kongo devia adoptar títulos,
emblemas e outros distintivos portugueses; d) A cristianização deveria
estender-se em todo território Konguês. Considerando uma
intromissão nos assuntos internos do Kongo, temendo uma
colonização de facto, deu aval apenas no ramo escolar, técnico e
missionário.
● A forte resistência por parte dos pombeiros indígenas viciados com o
tráfico de escravos sob a decisão de D. Afonso I de expulsar todos os
Portugueses excepto os professores e missionários em 1526;
● A crescente ganância dos portugueses na procura de minas de prata e
de ouro na sequência da oferta de barras de prata por D. Afonso I em
1530 a D. Manuel, o que provocou a mortal batalha de Ambuíla.
• Contudo, pelo facto de existirem instituições muito fortes, não foi possível
a instalação de uma colonização efectiva e a criação de pólos de
penetração para a fixação de portugueses no interior. (Estr. Funcnal e org.)
Cristianismo como instrumento de exploração e dominação e de
Conversão das Relações de Produção

• A perca da identidade religiosa tradicional, pela imposição


da doutrina católico-romana, provocou:
• Alteração nos rituais de investidura dos Reis Kongueses que
era um ritual sagrado, substituídos pelos rituais de
investidura ocidental pelo direito papal de investidura real;
• Facilitou a alteração das regras de sucessão ao trono pelas
constantes insubmissões às regras de sucessão tradicionais
provocadas pela política de corrupção política e terrorismo;
• Como primeiros efeitos da colonização, os títulos da
hierarquia aristocrática da corte de Lisboa como príncipes,
Infantes, Duques, Marqueses, Condes, Viscondes e barões,
foram herdados pela corte do Kongo durante o reinado de
Álvaro II em 1590 e também o vestuário e a alimentação
portuguesa.
• O baptismo dos topónimos de acordo a civilização cristã,
Mbanza Kongo por S. Salvador
• NO CAMPO ECONÓMICO, os valores e princípios da civilização cristã-ocidental
começaram a substituir os das relações de produção da economia tradicional
bantu:
• facilitou a introdução do Capitalismo pela introdução de comerciantes capitalistas
jesuítas ( quem tinham muito mais privilegios de comerciar )como o modo de
produção económico no Reino do Kongo e consigo nova actividade comercial e
nova força produtiva;
• Quanto as relações de produção, o estatuto de propriedade, fez emergir o regime
ou princípio privado ocidental na concepção da propriedade. Passou por ser um
bem privado ou individual, logo o património, passou a ser concebido como um
bem adquirido por meios legais ou jurídico. Passou a ser susceptível a venda ou
posta a lei da maior oferta;
• O princípio individualistico passou a ser entendido como estímulo do liberalismo
económico/ sistema capitalista como princípio da concorrência;
• O sentido de lucro e da riqueza inverteu à concepção dos teóricos modernos de
que a riqueza do Estado depende das riquezas individuais, estimulando o sentido
de lucro e de riqueza individuais entre os kongueses que vai ser gradualmente
efectivada.
• No sistema de herança ou partilha de bens, o regime
matrilinear foi substituído pelo princípio cristão da
primogenitura. Os bens passaram a ser herdados pelo filho
varão ou mais velho e não pelo sobrinho materno.

• Nas relações de Classe, o sentimento de posse e de riqueza


que incitou o individualismo, acelerou a distribuição desigual
dos bens ou das riquezas entre os africanos sem maiores
possibilidades de as classes mais baixas, sobretudo escrava,
ascender com facilidade às categorias superiores.

• A TEORIA DO CAPITAL HUMANO passou aos poucos a


estimular a produção.
3.3. O Reino do Ndongo desde 1519. Primeiros Contactos entre os
Portugueses e o Reino. 3.3.1. Primeira Expedição para a Exploração do Ndongo

• O Reino fora fundada no séc. XIV, por Ngola-a- Njinga e vassalo do R. Kongo até
1565.
• 1º contacto se deu em 1519, na sequência do pedido feito por Ngola Inene a D.
Manuel de Portugal, por intermédio de D. Afonso I do Kongo, de enviar sacerdotes
e comerciantes para se converter e comerciar, como se fazia no Kongo, fazendo
acompanhar o pedido duma oferta de prata e ouro proveniente, talvez de
Matamba.

• D. Manuel I recebeu de bom grado o pedido do Rei do Ndongo pelas seguintes


razões: a) Oportunidade de criar uma colónia que se estendesse do rio Ambriz até
ao Cabo da Boa Esperança, o que daria origem a um novo Brasil; b) ocasião de dar
à igreja mais um reino cristão; c) perspectivas de descobrir fontes de riqueza
(prata e ouro);
Será esta oferta que vai estimular a razão imediata do contacto com o Reino do
Ndongo, na expectativa de explorar as minas de prata em Kambambe que se
suponha;
Fora motivada pelos interesses comerciais, a que se seguiram os de carácter
religioso e político.
• Desse pedido surge a primeira expedição oficial ao Reino do Ndongo,
comandada pelo Comandante Manuel Pacheco e o Escrivão Baltazar de
Castro, com as seguintes incumbências: a) estudarem a possibilidade de
relações com o Ndongo e assegurar ao Rei a amizade do Rei de Portugal;
b) a ordem de baptizar o Rei; c) percorrer a costa africana desde o Zaire
até ao Cabo da Boa Esperança; não maltratarem os indígenas para
ficarem domésticos e contentes para diante; e) explorar o rio Kwanza.
Chegaram a foz do rio Kwanza em 1520 e dirigiram-se a corte do Rei.

• Sabendo o que os portugueses fizeram no Kongo, o Rei recebeu-os mal e


recusou ser baptizado e faz prisioneiro Baltazar de Castro durante seis
anos quem informou ao Rei de que as minas de prata estavam em
Kambambe.
3.3. 2º Expedição para a exploração do Ndongo.

• A 2º expedição será motivada pelo fracasso da 1º expedição por não


terem conseguido converter o Rei e por terem sido feitos prisioneiros;

• Essa expedição foi confiada a Paulo Dias de Novais já no reinado de Ngola


Kiluanje. Dela faziam parte dois sacerdotes jesuítas: Agostinho de Lacerda
(espanhol) e Francisco de Gouveia (português) e os irmãos portugueses
António Mendes e Manuel Pinto;

• A expedição chegou a foz do Kwanza a 3 de Maio de 1560. O Rei recusou-


se de novo a receber o baptismo.
• Todos ficaram prisioneiros por cinco anos, acusados de feiticeiros devido o
incêndio que destruiu a capital, poupando as casas dos portugueses e a
capela que consolidou a acusação.
3.3.3. Missão de Paulo Dias de Novais e a Tentativa de Conquista do Reino

•  Paulo Dias de Novais convenceu-se de que a política de absorção lenta aplicada


ao Kongo não podia ser aplicada no Ndongo. Defendeu em Portugal o princípio
do uso da força;

• O Rei de Portugal D. Sebastião, nomeou Novais como conquistador e donatário


do Reino do Ndongo, com o direito de ocupar o reino, exercer a justiça, criar
povoações, submeter todos os povos da região desde a foz do rio Kwanza até 15 0
ao Norte e exportar escravos;

• A armada chegou a ilha de Luanda a 11 de Fevereiro de 1575 acompanhada dos


padres jesuítas, nomeadamente, Garcia Simões, Baltazar Afonso e os irmãos
Gomes e Constantino Rodrigues;
• O objectivo da Carta de Doação, foi uma tentativa de fixação de colonos brancos
como aconteceu no Brasil, a fim de explorar as célebres minas de prata de
Kambambe, daí o interesse da implantação de 100 famílias portuguesas, um do
exército de 400 homens e 20 cavalos para a cavalaria.
3.3.3.1. Ocupação do Reino e Criação da Colónia de Angola:
Fundação de Luanda

• A cidade é fundada em 1576 com o nome de “Vila de S. Paulo


de Luanda”, quando Novais passa da Ilha para o morro de S.
Paulo, onde ergue a 1º Casa e implanta a primeira povoação.
Inicia a conquista do território de Angola para implantação do
monopólio comercial
• No plano económico, Ndongo, já tinha uma certa dependência,
pela estreita ligação com o tráfico transatlântico de escravos que
relacionava a classe dominante do Reino e os Portugueses da
Costa. Nessa altura, o Ndongo era o principal fornecedor de
escravos para a exportação a partir de Luanda, o que explica a
grande importância que os portugueses atribuíam a este Reino,
para eles, a porta para o interior.
3.3.4. Avanço do Domínio Colonial Português na Região
• A política expansionista portuguesa evolui para o interior, ao longo da bacia do Kwanza, e
para o litoral, do Norte para o sul.
• Em 1580 se realiza a batalha de Massangano onde Ngola Kiluanje fora completamente
derrotado, dando lugar a construção do forte e presídio de Massangano em 1583. Paulo
veio ali a falecer em Outubro de 1589 sem deixar herdeiro. «Por isso, Angola, em vez de
donatário, passou a ser governada por governadores e o território passou para o Estado.
Em 1599, é construída a fortaleza da Muxima. Chegam finalmente a Kambambe onde
construíram uma grande fortaleza em 1603. Mas esta esperança desvaneceu-se após a
conquista, pois encontraram chumbo em vez de prata. Desde então o fornecimento de
escravos para as plantações de cana-de-açúcar (…), tornou-se o objectivo cada vez mais
primordial da penetração portuguesa em Angola. 1611, fundam a fortaleza de Ambaca,
sob o governo de Bento Banha Cardoso que governou Angola de 1611 à 1615.
• Para travar o avanço do domínio colonial português, em 1590 formou-se a primeira
Coligação contra os portugueses: Ndongo, Matamba e Kongo, sob comando de Ngola
Kiluanje. Em 1594, formou-se a segunda Coligação. Outra coligação realizou-se em 1600. é
fortificada pela aliança com os Holandeses. Esses tomam Luanda 1641, encurralando os
Portugueses em Massangano. Assim, permaneceram em Angola durante sete anos. Em
1648, uma frota de 1000 soldados comandados por Salvador Correia, vindos do Brasil,
reconquistou Luanda aos holandeses.
Conquista Definitiva e decadência do Reino do Ndongo e Matamba

• Luís de Vasconcelos atacou a cidade de Kabasa, Capital do reino, em 1620.


Ngola Mbandi foi obrigado a retirar-se e refugiou-se na ilha de Kindonga, no
Kwanza. colocou no trono um rei fantoche, o soba Ngola-Ari (Hadi). Ngola
Mbandi continuou a ser para o povo, o verdadeiro rei, que só viria morrer em
1624, depois de ter voltado a Capital e retomado o trono.

• A vitória definitiva sobre Ngola-Ari II, filho de Ngola-Ari, em 1671 e que havia
subido ao trono em 1664 facilitou o fim do estado independente e dominação
e estabelecimento de monopólio comercial efectivo no Ndongo e Matamba.

• Em 1683 morre Ngola Kanini na sequência da batalha de Katole contra o


Governador de Luanda João da Silva e Sousa. A ele, é substituído D. Vitória,
quem traiu a causa dos povos da Matamba e Kassanje, assinando um tratado
de vassalagem a favor dos portugueses.
UNIDADE # 4. ANGOLA NO PERÍODO DO
MERCANTILISMO E EXPANSÃO
CAPITALISTA
• O período mercantilista em Angola começa em 1575.
• Compreende a segunda fase de contacto entre europeus e africanos, à
1885/1878:
• Surge pela fundação da Cidade de Luanda em 1575/6, na tentativa de
ocupação do reino; início da colonização e avanço do domínio colonial ao
interior; criação de colonatos.
• Este período será caracterizado pelo tráfico negreiro que vai dominar
todo período do mercantilismo até a sua abolição.
• Este período será também caracterizado pela luta da abolição do Tráfico
de escravos que será oficializada apenas em 1836 numa proposta de Sá
da Bandeira.
• Ainda será caracterizado pelo tráfico colonial e expansão capitalista,
pela predominância de alguns produtos de exportação.
4.1. O Mercantilismo, Teoria e Definição

• O capitalismo comercial ultramarino durante os sécs. XVI, XVII


e XVIII, levou os países da Europa, a viverem o período de
acumulação primitiva de capital a escala mundial.
• A ascensão económica e colonial dos ibéricos faz
desencadear na Europa, um “antagonismo comercial
desenfreado” entre os Reis católicos ibéricos e os protestantes
franceses, ingleses e holandeses, que reivindicam seu domínio
sobre o novo mundo, declinando-se na política dos mares,
dando o início, a partir do séc. XVII, a formação de impérios
coloniais na América do Norte e nas ilhas Caraíbas. Estará na
origem da formação de Estados-nação e das rigorosas políticas
proteccionistas. Foi assim, porém que o Mercantilismo surgiu
entre medidas proteccionistas de Estados.
• O mercantilismo foi uma teoria defendida por várias entidades, políticos como Lord
Bughley, Richelieu ou Colbert.
• Surge primeiramente nas obras dos bulionistas: “consideravam que a riqueza do Estado
consistente na posse de metais preciosos”.
• Entre os principais autores do Mercantilismo, citados: a) Malestroit ,1566; b) (Hugon,
1988; c) Jean Bodin, 1568; d) Ortiz, 1588; e) Montchrétien, 1615; f) Locke, 1692; g)
Thomas Mun , 1621. Esses mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações
e que se controlassem as importações e impunham aos Estados, uma forte intervenção
na Economia, e que o acumulo de metais preciosos (ouro e prata) seria a condição
absoluta para a formação de riqueza, o que estaria fundamentada no comércio marítimo.

• “Os mercantilistas preconizaram a expansão das companhias comerciais ultramarinas, que


evitassem às importações, a emigração de mão-de-obra qualificada, optando por uma
política aduaneira proteccionista dos interesses nacionais.

• Foram introduzidas as Actas de Navegação Inglesas, as licenças que submetiam o


comércio de matérias-primas às tarifas aduaneiras protectoras.
• O comércio do ultramar passou a se centrar cada vez mais no tráfico de escravos negros.
DEFINIÇÃO
• O MERCANTILISMO era uma doutrina que conjugava princípios, práticas e medidas
económicas que vigoraram entre os Estados europeus nos séc. XVII e XVIII e que
tinha como objectivo a formação de um Estado forte e independente. Ela
fundamentava-se na:
• - Expansão e predomínio do comércio do ultramar e procura de bens
comercializáveis, como fonte essencial de riquezas;
• - Acumulação permanente de riquezas, essencialmente de metais preciosos (OURO E
PRATA), como finalidade da política estatal;
• - Medidas centralizadoras ou proteccionistas (Estado-Nação) da vida económica do
Pais, como impulso da produção industrial e mercantil e o fomento das exportações;
• - Criação de monopólios e sociedades por acções, como sistema de unificação
económica à escala nacional;
• - Direito de Exclusivo colonial resultado do “Pacto Colonial”, como garantia da
maximização do saldo comercial e do afluxo de metais preciosos;
• - Transição para a componente tráfico negreiro, como actividade central do comércio
ultramarino e lucrativa das metrópoles.
O Pacto Colonial
Objectivo: maximizar o saldo comercial e o afluxo de metais preciosos,

COLÓNIA: TODAS AS
EXPORTAÇÕES SERIAM
DESTINADAS EXCLUSIVAMENTE A
METRÓPOLE
METRÓPOLE. FIXAVA OS PREÇOS
DE SEUS PRODUTOS EM NÍVEIS
MAIS BAIXOS POSSÍVEIS

COLÓNIAS: TODAS AS IMPORTAÇÕES


MONOPOLIZAVA O TRANSPORTE PROVENIENTES DA METRÓPOLE.
DAS MERCADORIAS DAS COLÓNIAS FIXAÇÃO DOS PREÇOS DE SUAS
IMPORTAÇÕES ERAM OS MAIS ALTOS
Celso Furtado: Esse “Pacto” deu origem:

-Ao subdesenvolvimento contemporâneo.


- O principal defeito do Mercantilismo foi ter atribuído valor
excessivo aos metais preciosos na concepção de riqueza.
- Foi decisiva para estender as relações comerciais do âmbito
regional para a esfera internacional.
- Ele constituiu uma fase de transição entre o feudalismo e o
capitalismo moderno.
- Garantiu a formação de grandes capitais financeiros que de
certa forma financiaram a revolução tecnológica, precursora do
capitalismo industrial.
- Criticada por Adam Smith e pelos Fisiocratas .
• O comércio colonial desenvolveu-se através da abertura das rotas
marítimas do Atlântico para as Índias Orientais
• Durante os primeiros anos das descobertas, o comércio mundial
concentrava-se em Lisboa, Antuérpia, Sevilha e Amsterdam, enquanto
Veneza, era o centro de distribuição de produtos trazidos das terras
descobertas, mais tarde os centros comerciais mudaram de localidade
em função dos monopólios comerciais,

• O comércio ultramarino era primeiro monopólio dos ibéricos,


• Monopólio da Holanda até meados do século XVI.
• Desde meados até finais desse séc. foi monopólio francês.
• De seguida o comércio mundial era dominado pela expansão Colonial
Inglesa que desde os fins do séc. XVI impôs-se como potência
marítima, apoderando-se de possessões holandesas e francesas.
4.2. Início do Tráfico de Escravos Transatlântico e a Economia Mercantilista Europeia

• Os portugueses foram os primeiros a exportarem escravos negros de África:


Utilizados para casas de concubinas; para círculos ou recintos de espectáculos públicos para a
exibição; e mais tarde para alguns sectores económicos.

O primeiro carregamento de escravos transatlântico foi em 1441 pelos portugueses. Mas foi em
1444 que se realizou o primeiro grande carregamento com o transporte de cerca de 200 escravos
mouros para Lisboa.

• Em 1510, sob exigência da Coroa espanhola, uma Bula Papal de Nicolau V, autorizou “atacar,
submeter, reduzir a condição de escravatura os sarracenos, pagãos e outros inimigos do Cristo ao
sul do cabo Bojador.
• Na ambição de enriquecimento fácil, entidades de renome mundial, defendem uma falsa
antropologia:
Em 1514, o Frei Bartolomeu Las Casas, propôs a substituição dos Índios por escravos negros de
África.
• O Comércio de escravos ultramarino passou a ser o centro do “Tráfico e Exploração Colonial”
durante o “Mercantilismo”
• De princípio, os escravos do Kongo e Angola eram levados para Lisboa, e de
seguida para as Ilhas de S. Tomé. Com o início da colonização do Brasil em
1520 se vai denotar um salto qualitativo nas relações Portugal - Angola;

• No séc. XVII, alguns países europeus, criaram Companhias concessionárias


como as Companhias francesas de Cabo Verde, Senegal e Índias Orientais;
Companhias Holandesas das Índias para o comércio com o Oriente, cuja
tarefa consistia em regular o tráfico ilícito de mercadorias e também de
escravos, visto que era já nessa altura a principal fonte das receitas dos
Estados;

• Tomaram parte activa, alguns Reinos africanos com a conivência dos chefes
tradicionais tais como os Reinos de Oyo, Daomé e Achanti, situados no
Golfo da Guiné e da Nigéria; Kongo, Ndongo, Matamba e Kassanje.
4.2.1. O sistema de escravatura nas sociedades africanas

• A escravatura foi um sistema que existiu em


todos os povos do mundo.
• Compreendia uma certa evolução das forças
produtivas sociais, o sinal de um certo estádio
da evolução sócio - económica ex: na Idade
Média.
TIPOS DE CONDIÇÕES DE CONVERSÃO DIREITOS OU BENEFÍCIOS
ESCRAVOS
ESCRAVOS -Pelos maus comportamentos -Em África ninguém nasce na condição de escravo
DOMÉSTICOS familiares e acabando por ser vendido ainda que fosse filha de mãe escrava;
pelos familiares; os agregados -tinha direitos Cívicos e direitos de propriedade.
acusados de feitiçaria a fim de purgar existiam múltiplos processos para alcançar a
os males no seio da família; por liberdade, alguns dos quais dependiam da iniciativa
práticas comportamentais do próprio escravo:
consideráveis insolentes ou desviantes - era muito rapidamente integrado na família;
socialmente a fim de concertar parecia tolerável, quando honesto e muito
prejuízos morais ou materiais considerado podia substituir um chefe na ausência
causados deste; Era interdito fazer qualquer alusão à
situação anterior de um escravo libertado.

ESCRAVOS DE - Os capturados na guerra; - O escravo possuía, por sua vez, escravos;


GUERRA chegavam de contrair matrimónio com a filha
do senhor e herdar os bens do senhor.
Outros acabavam por fazer parte como
membro do agregado familiar e tratado
como filho ainda que não casassem.
TIPOS DE ESCRAVOS CONDIÇÕES DE DIREITOS OU BENEFÍCIOS
CONVERSÃO
- Muitos escravos de guerra, pelas suas
qualidades, acabavam por se tornarem
Reis e fundadores de Reinos importantes.

- Com possibilidade de ascender a


primeira categoria ao fim de algum tempo
dependendo apenas das suas qualidades.

- Prestavam serviço -Era um instrumento penal;


como indemnização - Uma instituição de justiça, de ordem e
pelo diferendo, ora, disciplina social;
nas administrações - E portanto, não de conversão a produto
locais, ora, nas casas comercializável.
dos Senhores que
os comprassem
4.3. Angola no Período do Mercantilismo Europeu
4.3.1. A Evolução do comércio de escravos e Expansão colonial Portuguesa em Angola

• o período do mercantilismo em Angola, tem início com a fundação de


Luanda. Ele foi caracterizado em Angola por um intenso tráfico de
escravos, que virá a ser a componente principal do mercantilismo.

• Em 1500, os colonos de São Tomé receberam, pelo reconhecimento


do Rei de Portugal, o direito de praticar o”Tráfico de Escravos” no
Kongo
• Será primeiro o Kongo a tomar o monopólio do fornecimento do
tráfico de escravos até a rejeição em 1526 de alguns pontos do Código
Manuelino de 1512 por Afonso I.

• Passou a partir desse momento como fornecedora principal o Ndongo


que se fora intensificando até a fundação de Luanda
• Mais tarde, o Ndongo proibe o tráfico entre os naturais. Kassanje
passa como a fornecedora principal.
• Mais tarde surgiram em função do avanço dos Mbangalas outros
novos Reinos adaptáveis ao tráfico de Escravos.
• No séc. XIV era feito em pé de igualdade. Do séc. XV em diante passou a ser
monopólio exclusivo dos colonos.
•A caça de escravos e as conquistas militares, foram sempre dualidades inseparáveis
da expansão colonial portuguesa em Angola.
•Depois de 1490, saíam do porto de Mpinda (Soyo) perto de 1.000 escravos por ano
para Portugal.
•Antes de 1555, saíam do Reino do Kongo mais de 12.550 escravos por ano, dos
quais 8.500 para o Brasil.
•Até 1580, já 1.000.000 de escravos haviam sido exportados para a Europa e Brasil

•Além das rotas tradicionais, abriram-se outras, por exemplo, a que ligava Mbanza
Kongo à Luanda passando por Mbamba e outra que atingia a região do Kuango.

•A expansão portuguesa conheceu também novas direcções, evoluindo para o


Interior, ao longo da bacia do Kwanza, e para o Litoral, do Norte para o Sul.
• Em 1584, é fundada Benguela-a-Velha, actual Porto Amboím.
•O comércio de escravos prosperava e em 1612, a colónia de Angola podia orgulhar-
se das seguintes contas:
•Receitas … … … … … … … 25.160.00 reais
•Despesas … … … … … … 14. 024.596 reais.
•Caminhando para o Litoral Sul, os portugueses fundam em 1617 Benguela-a-Nova,
actual cidade de Benguela.
• Surgiu uma outra direcção, de Benguela para o interior com a intenção de atingir o
Planalto Central. O comércio de escravos cresce vertiginosamente com a fundação de
Benguela servindo de ponte dum volumoso comércio de escravos com o planalto Central a
partir de 1645 pela Guerra de «Kwata-Kwata».
•De 1625 em diante, cerca de 20.000 escravos saíam todos os anos de Luanda e Benguela e
desse total só 12 ou 13 mil chegavam ao Brasil devido as mortes nas embarcações.
•Em 1680, os portugueses fundaram o presídio e forte de Caconda-a-velha ou da Anha.
•Formou-se a por isso, a Primeira Coligação do Planalto dirigido por Chyaka que destrói o
forte.
•Em 1774 começou a grande campanha de invasão aos reinos do Planalto Central: Chiyaka,
Ndulu, Chingolo e Bailundo.
•Apesar das medidas liberais de Marquês de Pombal durante a governação de Inocêncio de
Sousa Coutinho como governador-geral de Angola, o comércio de escravos conheceu novos
progressos:
•Em 1769 cria-se uma nova rota de escravos a partir das Lunda directamente para o
Mpumbo, no Rei no do kongo.
•Em 1769 fundaram, entre Benguela-a-Velha e Benguela-a-Nova, o forte do Novo redondo
adaptado à exportação de escravos. Para o mesmo fim, fundaram também a Catumbela.
•Dirigem-se de novo ao Planalto e fundam o forte de Caconda-a-Nova, hoje Kakonda.
•Uma nova direcção permite o inicio dos primeiros ataques para o Planalto Sul, aos Reinos
de Matamam:
fundam em Chilengue a povoação de Salvaterra de Magos.
• Nos finais do séc. XVI, Formavam-se no Matamam os Reinos da Huíla e do Humbi.

• Em 1840 os Portugueses lançaram as bases da cidade de Moçâmedes. Em 1845


fundaram Lubango. Em 1857 foi construído o forte de Malanje tornando uma praça
comercial de escravos depois da derrota de Kassanje. Entre 1852-1857 fundou-se Bibala
pelos colonos brasileiros.

• Os rendimentos provenientes da saída de escravos de Angola, era de 150 contos em


1770, enquanto os rendimentos doutros produtos não atingiam 20% desta soma.
• De 1817 a 1820 o número médio de escravos exportados de Angola para o Brasil era de
22.000. a receita pública era nessa época de 217 contos, elevando a parte proveniente
da exportação de escravos a 177 contos que compreendiam 82%.
• Por volta de 1834 o rendimento dos escravos era de 134 contos, enquanto outras
receitas não passavam de 32 contos.

• Devido a abertura dos portos de Luanda e Benguela em 1844 a navegação estrangeira, a


exportação de escravos começou a declinar-se em proveito de produtos agrícolas com
destino a Inglaterra, França e Portugal.
• Em 1844, ultimo ano de grande comércio com o Brasil, as alfândegas de Angola
renderam 25.671.095 reais. Desse total, 17.700.000 reais eram taxas sobre a exportação
de escravos. Devido as medidas abolicionistas, em 1848 já não passavam escravos pelas
alfândegas mas pelos portos clandestinos do Norte, de Novo Redondo e do Lobito. o
comércio clandestino de escravos cifrou-se em 35.000 em 1840 (Valentim Alexandre e Jill
Dias.
4.3.2. Tráfico Colonial e Expansão Capitalista

• O comércio português centrava-se essencialmente nos tráficos ultramarinos.


• Portugal detinha sobre os seus domínios o direito de exclusivo colonial, como
fundamento do desenvolvimento económico da metrópole.
• Desde o século XVII, o tráfico ligava entre si os três vértices do triângulo Portugal-
Brasil-Angola.
• Uma das principais componentes deste comércio era o tráfico negreiro.

• Os primeiros sintomas do capitalismo, denotam-se em Angola com a nomeação de


Inocêncio de Sousa Coutinho (1764) como governador-geral de Angola. Aplicando
medidas anti-clericais e anti-esclavagistas.

• As primeiras indústrias a aparecerem em Angola foram a indústria da pesca e de


peixe seco que se destinava essencialmente para produzir uma parte do alimento
dos escravos e outras mais fracas, como também as fazendas de açúcar em Luanda
e em Benguela.
• Até 1836, apesar de já em 1830 Angola exportar para Portugal arroz, café açúcar,
aguardente, carne seca, tabaco, toucinho, fuba, feijão, etc., a colónia de Angola
quase nada produzia, dependendo quase a sua receita pública do comércio de
escravos com o Brasil que correspondia 82%, o que quase em nada beneficiava
Angola, pois os capitais não se fixavam no país. Só a partir de 1841 a colónia
começou realmente a produzir para o mercado interno e para a exportação.
• No tempo de Sousa Coutinho, nascia uma pequena burguesia colonial angolana
através de mestiços e negros «calçados», a partir do acumulo de capitais ganho com
o negócio da escravatura que começou lentamente a ser aplicado na produção, de
modos que em 1850, Luanda figurava-se como uma grande cidade, com muitas
firmas e empresas comerciais que vendiam produtos da indústria local e também da
produção agrícola colonial. Nessa data, Luanda e Benguela exportavam óleo de
palma, de amendoim, cera, madeira, marfim, algodão, café, cacau, etc. Desde 1861,
Malanje, por sua vez, converteu-se numa grande praça comercial de escravos,
madeira, marfim, cera. Mais tarde passou a comercializar também milho, feijão, fuba
e jinguba. Com o aumento da produção, as importações vindas do Brasil
diminuíram.

• O nascimento do capital angolano aplicado na produção, o enfraquecimento do


comércio com o Brasil, o interesse dos países industriais da Europa, foram as razões
que concorreram para que em 1844 os portos de Luanda e Benguela fossem abertos
ao comércio estrangeiro. Desde aí, aumentou imenso a exportação de novos
produtos e a importação de outros.

• É daí que a decadência do comércio negreiro, ocorria em vantagem de produtos


agrícolas que eram exportados para Inglaterra, França e Portugal. Tudo isto
contribuiu para o desenvolvimento da colónia.
• Políticas monetárias:
• A primeira moeda metálica que circulou nas relações comerciais pela primeira vez em
Angola foi a «macuta», emitida pelos portugueses durante o séc. XIX que foi substituindo
gradualmente o sal e o libongo.

• A insuficiente produção que não chegava de cobrir as necessidades, a partir do arranque


da produção na colónia, em 1841, e a existência de várias moedas em curso com
paridades difíceis de estabelecer, provocaram o desequilíbrio cambial.
• Como 1º tentativa de solução, resolveu-se determinar um câmbio legal entre a moeda
de Angola e a de Portugal, que aliás não correspondia a realidade, pois que surgiu
imediatamente um mercado paralelo onde o ágio era de 16%;
• 2º tentativa, abriu-se em Agosto de 1865, em Luanda, a primeira sucursal do Banco
Nacional Ultramarino, passando as suas notas a constituir a moeda oficial.
• O outro instrumento tendente a estabelecer o equilíbrio cambial foi a intervenção da
pauta de importação, o que permitiu uma travagem quase repentina das importações.
• Mas a gestão bancária não era das melhores, o banco em vez de restringir a emissão
monetária e o crédito, concedia-os indiscriminadamente, o que forçava a um salto nas
importações, provocando novos desequilíbrios. Mas tarde, o banco, forçado a efectuar
as transferências que legalmente lhe eram propostas, começou a aplicar uma política
deflacionista restringindo o crédito. Essa situação de equilíbrio cambial e financeiro
instável e de arranjos constantes prolongou-se até 1892.
• Na década de 1840, o comércio da cera nos mercados
de Luanda e Benguela crescera cerca de trinta vezes o
que provocou o declínio da produção do marfim, de
modos que o volume da sua exportação deu lugar a
exportação de cera.

• Porém, o comércio do marfim, não tarda a sobrepor-se


à produção da cera, devido a um rápido crescimento
no comércio do marfim no mercado mundial.
• Em 1868, realiza-se a primeira exportação da borracha
que pouco tempo depois se tornaria no primeiro
produto de exportação de Angola, pois o ciclo dos
escravos começou a ceder lugar ao ciclo da borracha.
4.3.3. Consequências da Escravatura na Colónia

• Demográficas: despovoamento pela diminuição da população, pois, calcula-se que de


África tenham saído durante os quase três séculos, mais de 150 milhões de homens;
• Político- militar: registou-se o desmembramento dos reinos pelas rupturas institucionais e
as guerras intra e intretribais sobretudo; a desagregação de vários exércitos de conjuntos
político-militares como o Kongo, Ndongo, Bailundu, Kwanyama, Kwamato, etc.
• Económicas: diminuição, estagnação e regressão das forças produtivas e da produção,
levando homens que detinham a arte, entre ferreiros, agricultores e artesãos de
qualidade;
Pobreza, já que milhares de homens robustos e inteligentes foram levados para as Américas, levando
o que havia de melhor na população, os indivíduos mais vigorosos, os mais jovens, os mais sãos.
• É de realçar que a mais dura consequência foi a Psicológica que, por ela se desprendeu o
sentimento de inferioridade e do medo, resultando rapidamente no sentimento de
tribalismo e fácil aculturação de valores; a destruição dos fundamentos éticos e morais
como a solidariedade e a convivência comunitária. Provocou um traumatismo moral e
ideológico em numerosos africanos.

• É hoje, o reflexo do atraso e subdesenvolvimento, despovoamento, empobrecimento


moral da África em contraste com uma zona Norte, altamente desenvolvida.
4.3.4. A Abolição do Tráfico de Escravos e da Escravatura em Angola

• Durante o séc. XVIII, várias correntes abolicionistas lançam campanha contra a escravatura:

• Movimento Missionário - Padres católicos, Raynal e Grégóire; e os Quacres e Metodismos


ingleses,

• Movimento filosófico do Iluminismo – filósofos francesas do século das luzes, Voltaire.

• Nem razões de carácter filantrópicas ou missionárias, nem razões de ordem filosóficas,


explicam a abolição do tráfico de escravos e da escravatura. A causa principal foi de ordem
económica.

• Foi intimamente influenciada pelas Revoluções Liberais e consequentemente pelas


vastas revoltas populares / proletárias na Europa e E.U.A. desde finais do séc. XVIII -
sindicatos trabalhistas, associações de contestação das formas vil capitalistas.

• O Avanço da revolução industrial capitalista que vai injectar uma industrialização cada vez
mais tecnicista e automatizada provocando a substituição progressiva da elevada
necessidade de mão-de-obra.
• Necessidade de mercados de escoamento de
produtos e de consumo; de fornecimento de
matéria -prima; de fornecimento de mão- de -
obra; e mercado de instalação de fábricas.
• A produção exigia um tipo de mão-de-obra
afincada, para tal assalariada
• Para tal, realizou-se o Congresso de Viena em
1815, que vai tomar medidas abolicionistas
• 1772, a Inglaterra proibia a escravatura no seu território.
Mais tarde, em 1807, proibia o tráfico de escravos nas suas
colónias. Em 1834 concedia a liberdade a todos os
escravos do Império.
• Em 1836, a Inglaterra e Portugal chegaram a um acordo
sobre a abolição do tráfico de escravos.
• A França abole em 1848.
• Nos E.U.A., Abraham Lincoln decreta o fim da escravatura
no fim da Guerra de Secessão (1861-1865).
• Nas colónias espanholas aconteceu em 1879.
• Em 1888 foi a vez do Brasil.
• Portugal, terminou definitivamente com o tráfico em
1878.
Abolição do tráfico negreiro e da escravatura no Território

• A primeira tentativa de abolição surge durante a Governação de


Sousa Coutinho instigada pelas ideias iluministas de Marquês de
Pombal a partir de 1755, aplicando medidas anti-clericais e anti-
esclavagistas;

• Havia resistência da Junta Geral de Angola, da Associação


Comercial de Luanda e dos Negreiros:
• Os negreiros resistiam à penetração externa e se opunham à
transição para o comércio «lícito».
• Mas esta resistência explica-se sobretudo, pela debilidade do
capitalismo português oitocentista, pois, até ao séc. XIX não existia
uma burguesia industrial suficientemente forte para suportar a
burguesia colonial que tinha como base económica a mão-de-obra
escrava.
• Influências directas da abolição do tráfico de escravos e da escravatura:
a) a independência do Brasil em 1822;
- a independência do Brasil em 1822, amputava Portugal das forças vivas da sua base
económica;
- a reconstituição e conversão da sua economia à uma economia capitalista moderna, só seria
possível com a abolição do tráfico negreiro
- a aprovação da Lei Brasileira de Eusébio de Queiroz de 1850, que ditava o encerramento dos
portos brasileiros ao comércio de escravos e encarregando a armada brasileira de apreender
todas as embarcações com escravos.

b) a pressão capitalista internacional, (Grã-Bretanha);


- Em 1830, começa a acção repressiva da armada britânica sob o tráfico a Sul do equador;
- Em 1830, nas colónias portuguesas se deixa de cobrar direitos sobre as exportações de
escravos dificultando as rendimentos públicas
- Em 1839, os cruzadores britânicos foram autorizados a visitar e a apresar navios portugueses
envolvidos no tráfico;
• - Em 1850, é a data fundamental, porque marca o encerramento do Brasil como principal
mercado para a mão-de-obra escrava angolana.

c) a influência da Revolução Liberal Portuguesa de 1820.


• As ideias iluministas dos Direitos do Homem e do Cidadão
trazidas pela Revolução Liberal Portuguesa de 1820, vão
inspirar uma mentalidade anti-esclavagista para as colónias
portuguesas.

• Sá da Bandeira aprova o decreto de 10 de Dezembro de 1836


que oficializa a abolição, visando um maior desenvolvimento
económico de Angola

• Em função das actividades clandestinas, a efectividade da


abolição viria a acontecer em 1878.
UNIDADE # 5. A Economia de Angola Depois da Abolição do
Tráfico de Escravos

● Depois do declínio do tráfico negreiro a África volta a despertar o


interesse das potências europeias.
O séc. XIX é o das transformações das economias africanas
● O advento da Revolução Industrial tornou caduco os processos da
economia mercantilista.
● A África transforma-se em reservatório de matérias primas para a Europa
e muito rápido em mercados de mão-de-obra barata, de consumo e de
instalação de monopólios.
 É a era do expansionismo, ocupação efectiva e colonização europeia
de facto sobre a África.
 Porém, o desenvolvimento da agricultura em São Tomé e no Brasil
exigia cada vez mais a mão de obra servil, razão que levou Portugal a
continuar com a pratica do comércio de escravos
• Daí a justificação de Sá da Bandeira defendendo-se da Inglaterra,
argumentando que “o tráfico de escravos africanos para São Tomé devia ser
encorajado, porque muitos escravos passavam para a condição de libertos
e que, além disso, o desenvolvimento da agricultura no arquipélago ajudaria
a sua prosperidade, o progresso do comércio e a civilização nas possessões
africanas em geral”
• Na verdade, a ideia do capitalismo em Angola remonta com precisão os 50
do séc. XVIII, quando o Governador português Francisco Inocêncio de Sousa
Coutinho , tentou implementar as medidas liberais em Angola tomadas em
Portugal pelo Marques de Pombal. A resistência dos pombeiros nobres
Brasileiros e aristocratas portugueses pesou à sua implementação.
• A chancela de Angola sob tutela do Brasil foi de parte decisiva para tal
resistência até que depois da sua independência, concretamente em 1825,
Portugal veio ser obrigado a assinar um tratado com Brasil a fim de que este
respeitasse a colónia de Angola como um domínio Português.
A partilha Europeia de África e a legitimação da Colonização
a luz da nova política económica

• As rivalidades imperialistas entre as potências capitalistas europeias como consequência da Partilha


Imperialista do Mundo e que fora acelerada no período que vai desde 1876 à 1914, quando
ingressaram outras potências como os Estados Unidos da América e Japão, na “Partilha de África”
pela Conferência de Berlim que realizou-se em 1884-1885 a fim de definir um novo Direito público
colonial, criando condições favoráveis ao desenvolvimento do comércio.
• Será o desenvolvimento do comércio marítimo no oceano Atlântico e a Navegação dos Grandes
Rios , Congo e Níger, que motivará a Grande rivalidade capitalista em África.
As novas teorias económicas originaram a transição do capitalismo da Livre Concorrência a fase do
Capitalismo Monopolista ou Imperialismo
• A lógica dessa mudança, assenta na expansão da industrialização pelo avanço da Revolução
tecnológica, a concorrência e a competitividade na busca de mercados de matérias primas,
expansão das multinacionais na génese da internacionalização do capitalismo, o que impulsiona a
Corrida à Ocupação Efectiva de África. Essa razão, levou a abolir o trabalho pela mão-de-obra
escrava para colocar os africanos a produzirem matérias primas no seu próprio continente. dali, a
necessidade de partilhar a África para melhor dominá-la.
• A conferência que incidiu sobre a posse da embocadura do rio Zaire num confronto entre França e
Bélgica contra o direito natural de Portugal sobre a mesma região, foi convocada pela Alemanha e
teve a participação dos Estados da Europa Ocidental e Oriental, incluindo E.U.A. e Japão.
• A Conferência aprovou as seguintes medidas:
• 1º declaração relativa à liberdade do comércio na bacia do Congo, suas embocaduras e regiões
circunvizinhas e outras anexas;
• 2º uma declaração sobre o tráfico de escravos e das operações terrestres e marítimas do tráfico;
• 3º uma declaração relativa a neutralidade dos territórios incluindo na Bacia do Congo;
• 4º aprovação de duas actas de Navegação do Congo e do Níger e seus afluentes;
• 5º uma declaração introduzindo nas relações internacionais regras uniformes relativas a ocupação de
possessões sobre todo o continente;
• 6º interdição total do tráfico de escravos;
• 7º proibição de comercialização de vinho aos naturais.

• Essas medidas amputaram os direitos históricos evocados por Portugal em função da sua fragilidade técnica
, económica e militar, uma vez que a ocupação passou a ser feita ou pela força das armas ou pela forma
pacífica , o que significou necessidade de consagrar uma série de acordos de protectorados (como o de
Simulambuco) e acordos bilaterais entre potências europeias que definiram a s actuais fronteiras de Angola
(Convenção entre Portugal e associação internacional do Congo de 14 de Fevereiro de 1885 e de 25 de Maio
de 1891; Convenção Luso-francesa de 12 Maio de 1886; convenção Luso-alemã de 30 de Dezembro de 1886
e a Convenção Luso-Britânica de 30 de Maio de 1905). Em nome de suas debilidades económicas e
institucionais, o plano de ocupação de Portugal foi frustrado diante de rivais colossais projectos como o de
Cécil Rodes que a 11 de Janeiro de 1890, pela retirada de suas tropas nas regiões de Chire e Machona. No
entanto, perdeu a Norte, a bacia do Congo e áreas circunvizinhas em benefício dos franceses e Belgas, a
Leste, perdeu a vasta região dos Lundas sob o controle dos Ingleses, a Sul, parte importante da grande nação
Ovambo a favor dos Alemães.

• A Conferência traçou um novo mapa geopolítico sobre o continente


• Legitimou a implantação de Companhias e monopólios comerciais europeus como a colonização efectiva
• Portugal, a favor do seu plano de ocupação,
“Mapa Cor-de-Rosa” conservou parte dos
territórios de Angola, Guine Bissau,
Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo
Verde e perdeu seu direito exclusivo sobre o
Congo e territórios ao redor; as duas Rodésia,
Botswana e parte norte da Namíbia.
• Portugal adoptou o modelo de dominação
colonial da Administração directa: Assimilação,
que se revelou severamente racista.
campanhas de ocupação militar para consolidar a
colonização
• Portugal, antes de implantar as Companhias procedeu as campanhas de ocupação militar para
consolidar a colonização desde 1836 à 1917 e pacificar os naturais para melhor dominá-los.
• Registaram-se alguns fracassos no avanço militar: o número reduzido de tropas portuguesas
que eram ainda mais reduzidos quando assolados pelas doenças tropicais e a fragilidade bélica
e técnica do exército português principalmente, bem como a sua incapacidade económica pelos
quais tinha de enfrentar pressões de outras potências.
• Essas, foram de parte acompanhadas pelas constantes resistências dos naturais devido aos
abusos sistémicos e práticas multiformes dos agentes do sistema colonial.
• Destacamos as seguintes resistências:

-- A Guerra do Bailundo: Mutu-Ya-Kevela (de 1902), as de 1914 e 1917 e de 1930 a 1940;


• -- A Revolta dos Bundas contra o Imposto
• -- A Grande Revolta no Seles e Amboím (1917-1918)
-- A Grande Revolta no Norte (1913-1915) Álvaro Buta. Em 1913 teve início a revolta das populações
do norte, dirigida por Tulante Buta .
- A Resistência dos Dembos até 1907;
• -- As resistências Humbe e Ovambo (As Revoltas de Mandume) até 1917 e as do Kwando
Kubango e Moxico;
A resistência Chokwe até 1920 e a ocupação das Lunda
Essas revoltas prolongaram-se até 1940 com a resistência dos Mukubais.
• Entre as razões dessas resistências destacamos:
- o envio de Contratados para as plantações de S. Tomé
- a ocupação territorial esforçada
- a expropriação de terras cultiváveis;
- as culturas obrigatórias, como a da cultura de algodão em algumas regiões a partir de
1907;
- a cobrança de Dízimos e impostos (imposto indígena de 1906) sobre a produção e
transacções de mercadorias ou bens;
- o roubo de gados bem como as crises económicas provocadas pelo envenenamento dos
gados; e
- as práticas de abusos multiformes, tais como as prisões, os trabalhos forçados, etc.

• As consequências dessas resistências foram assustadoras e negativas, tendo resultado


numa maior opressão e controlo colonial sobre o poder de decisão e autonomia social,
política e económica:
- As populações foram submetidos a pesados impostos e obrigatórios, à expropriação de
terras e às culturas obrigatórias, ao estatuto do indigenato e ao trabalho forçado.
Observou-se a passividade das suas línguas no ensino, na imprensa, nas celebrações
religiosas, na administração pública e no sistema de justiça.
• Na verdade, a ideia do capitalismo em Angola remonta com precisão os 50 do séc. XVIII,
quando o Governador português Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho , tentou
implementar as medidas liberais em Angola tomadas em Portugal pelo Marques de
Pombal. A resistência dos pombeiros nobres Brasileiros e aristocratas portugueses
pesou à sua implementação.
• A chancela de Angola sob tutela do Brasil foi de parte decisiva para tal resistência até
que depois da sua independência, concretamente em 1825, Portugal veiu ser obrigado
a assinar um tratado com Brasil a fim de que este respeitasse a colónia de Angola como
um domínio Português.
• Porém, o desenvolvimento da agricultura em São Tomé e no Brasil exigia cada vez mais
a mão de obra servil, razão que levou Portugal a continuar com a pratica do comércio
de escravos. Dali a justificação de Sá da Bandeira defendendo-se da inglaterra,
argumentando que “o tráfico de escravos africanos para São Tomé devia ser encorajado,
porque muitos escravos passavam para a condição de libertos e que, além disso, o
desenvolvimento da agriculatura no arquipélago ajudaria a sua prosperidade, o
progresso do comércio e a civilização nas possessões africanas em geral”
.
O Sistema Colonial de Exploração portuguesa e a importância da mão-de-obra africana na economia de Angola

- A instalação do sistema colonial em África, como as campanhas de ocupação só foi acelerada


no último quartel do século XIX, devido a incipiente burguesia industrial portuguesa em se
constituir em suporte de uma política colonial agora virada para os territórios africanos
- Foi graças a abertura de vias de comunicação e aos investimentos no sector dos transportes
permitindo o avanço dos exploradores, que a ocupação efectiva foi completada.

- A transformação da Economia Esclavagista para a Capitalista Colonial passava pelo


desenvolvimento da agricultura com base a instalação de colonos nas zonas rurais e o
desenvolvimento das vias de comunicação terrestres (ferroviários e rodoviários) e do sector
dos transportes.
- Apesar de não ser considerado de início o trabalho indígena, será este tipo de trabalho a
estrutura fundamental da economia e da composição da sociedade colonial, de que
dependeria o desenvolvimento da agricultura na colónia.

- Portugal passa para o modelo de colonização de povoamento branco


• O ponto fulcral da conflitualidade social gerada pelo sistema de exploração em África foi o recrutamento de mão-
de-obra, a partir de 1850, quando o Brasil cessava de ser o principal destinatário do tráfico negreiro» (Almeida
Kanga, Repensar a História de Angola, Manual de História de Angola II, 2005. P. 6). O período que vai desde 1920 e
1950, representa para a história do sistema colonial o seu período Central e compreende a Idade de Ouro do
colonialismo e a coroa das decisões acordadas na Conferência de Berlim em 1884-1885.
• 
• . Mas apesar da tamanha diversidade, todos os regimes formavam um sistema único na sua essência mais
intrínseca, a maximização de lucros estava n o centro das atenções. Os territórios eram governados segundo
princípios racistas, geralmente mais duros nos territórios onde os colonos brancos governavam ou tinham grande
participação nos assuntos correntes. Os portugueses, como outros europeus, adoptaram dois critérios na
obtenção de lucros: o primeiro consistia em forçar ou persuadir os nativos a trabalharem nas minas de
propriedade europeia ou no cultivo de produtos como o cacau, o café, o sisal e a ginguba, quase sempre por
salários ou preços baixos, que rendia aos europeus avultados lucros. O segundo consistia em vender mercadorias
de fabrico europeu aos nativos, tendo a cautela de não deixarem que as mesmas fossem fabricados nas colónias.
Razão pela qual, de 1896 à 1940 os colonialistas prepararam tudo para que se começassem a instalar os
monopólios. Para tal, foi necessário aos colonialistas arranjar uma mão-de-obra para a agricultura e
para as indústrias extractivas, e para lograr os seus objectivos foi preciso dominar completamente os
povos africanos para estabilizar a mão-de-obra, a fim de torná-los mais seguros. Finalmente, esses
trabalharam no sentido de desfazer a unidade política dos povos, provocando assim a dispersão das
pessoas. Por outro lado, para que os monopólios tivessem o campo livre foram tomadas algumas
medidas para que as pequenas e médias burguesias coloniais não se elevassem à grande burguesia.1

• A estrutura fundamental da economia e da sociedade colonial e que assegurou a exploração


foi o sistema indígena, isto é, “o Indigenato”
A importância da mão-de-obra indígena na economia colonial
portuguesa

• Pese embora o carácter racial de que se incorporava a colonização europeia, a permente necessidade da mão-de-obra
nativa foi sempre uma condição sine qua non para a exploração capitalista e sempre se deparou com acontecimentos
de realce em Angola.
• A inserção/importância da mão-de-obra na economia de Angola é decorrente das várias tentativas fracassadas do
Estado português em utilizar, para exploração das colónias, mão-de-obra europeia. Para ultrapassar tal situação,
pensou-se no recrutamento forçado de africanos para rentabilizarem as terras aráveis.
• A recusa de milhares de portugueses em emigrar para Angola, desde o séc. XVII, tida como colónia penal, túmulo do
homem branco, de onde iam legiões de degredados com propósito de limpar Portugal e Brasil de judeus, jesuítas e
ciganos, terra de elevada mortalidade, infestada de insectos, animais selvagens perigosos e africanos hostis.
• Razão pela qual até 1846, existissem apenas 1830 brancos. Entre 1900 à 1936, chegaram 35000 portugueses. Esses
eram formados de assassinos, incendiários, violadores e ladrões. Ao contrário do que se desejava, eram essencialmente
comerciantes e não agricultores . Tomavam muitas vezes o lugar dos africanos em ofícios que não requeriam formação
profissional como sapateiros, ferreiros, alfaiates, porteiros. Regra geral, esses eram colonos iletrados e pobres, sem
capital para investir. Os poucos agricultores foram incapazes de se adaptar às novas colheitas e diferentes métodos
exigidos em África. Concorda Douglas Wheeler, acrescentando que eram pequenos comerciantes, cujas ambições se
limitavam a possuir uma taberna ou armazém. Na verdade, não estavam preparados para o capitalismo imperialista,
pois, não existia nesses, um forte espírito de proprietário. Apesar da fundação da colónia de brancos livres na
Catumbela em 1836, a colonização não fora bem sucedida devido a assistência técnica e financeira do governo
tornando difícil, a principal razão dessa emigração, a transplantação de camponeses portugueses e do seu modo de vida
para Angola rural, que em conformidade a convicção de Bender «era o melhor meio de garantir a soberania portuguesa,
de civilizar as populações indígenas e de desenvolver as economias coloniais»4
• o Governo português, através de António Eanes que denota a importância do nativo na economia
colonial, se vê obrigado a fazer recurso a mão-de-obra nativa para exploração da colónia. António
Eanes assegurava que o africano poderia ser um elemento importante da colonização portuguesa,
se cultivasse em pequenas parcelas de terra mandioca, milho, feijão, amendoim, tabaco, batata-
doce, abóboras, melancias e melões para suprir a falta de produtos que provocava agitações sociais
e perturbações políticas. Enfatizava que a dinamização da conomia colonil não se podia fazer sem a
existência da mão-de-obra barata e abundante dos africanos. Para vtal, promulgou-se a
institucionalização do trabalho forçado em 1889. (LOPES, Júlio Mendes e CAPUMBA, Pedro
Almeida: História, 11º Classe, Texto Editores, Luanda, 2006, pg. 86).

• Em 1899, foi instituído o código dos Indígenas, que obrigava os governos a recrutar jovens ,
crianças, mulheres forçosamente para o trabalho de obras públicas (pontes, estradas, caminhos-de-
ferro, aeroportos e outras infra-estruturas) como para as grandes plantações agrícolas dos colonos
e foi reprimida a vadiagem e o imposto de palhota o que implicou a introdução os trabalho
regulamentado, obrigatório, correccional e sentenciado. Na regulamentação do trabalho, foi
aplicado o método indirecto procurando coagir o africano a obter rendimentos monetários para
poder pagar o imposto ou comprar bens. O directo compelia o nativo ao trabalhar para o seu bem ,
ou para fins de interesse público. (Ibdem, pg. 87)
O indigenato
• estrutura fundamental da economia e da sociedade colonial foi o Indigenato, concebido pelo trabalho indígena e
constituído por indivíduos de raça negra (indígenas) obrigados a trabalharem nas fazendas e campos de minas dos
brancos.
• O êxito da exploração capitalista colonial devia-se pela mão-de-obra barata e abundante afim de maximizar os lucros.
Mas para aumentar cada vez mais a mão-de-obra para a produção agrícola e exportação mineira, a aposta seria o
trabalho escravo pelo recrutamento dos indígenas. Por este motivo, os colonos pressionaram a administração colonial a
permitir a continuidade das práticas severas de exploração e acantonar as leis.

• É bem verdade que depois da abolição da escravatura, ainda muitos africanos foram obrigados a trabalhar para os
europeus pura e simplesmente à forca

• De acordo com o Artigo 2º do estatuto dos indígenas portugueses da Guiné, Angola e Moçambique, Decreto Lei nº
39666, de 20 de Maio de 1954, «São considerados indígenas nas referidas províncias, os indivíduos de raça negra que
nelas tendo nascido ou vivendo habitualm ente ainda não possuem a cultura e os hábitos individuais e sociais exigidos
pela integral aplicação do direito público e privado dos cidadãos portugueses»
• Indígenas, eram todos os indivíduos de raça preta ou dela descendem que pela ilustração e costumes se não
distinguem do comum da sua raça. Marcelo Caetano, Princípios e Métodos da Colonização portuguesa, Agência Geral
do Ultramar, Lisboa, 1951, pg. 30
• Implica com isso dizer que os indígenas tinham de assimilar a cultura e civilização lusitana.

• Para aludir a opinião pública nacional e internacional, o escravo tinha sido transformado em servente 9. Em 1875
elaborava-se o primeiro regulamento do trabalho indígena promulgado pelo Ministro Andrade Corvo a 20 de Dezembro
de 1875, uma legislação que introduzira a Cláusula de “Vagabundagem” destinada à todos os nativas não produtivos e,
por conseguinte sujeitos a “Contratos” de trabalho sem pagamento, controlados pelos chefes de postos administrativos.
• No Decreto de 9 de Novembro de 1899, o Governo português promulgava um novo Código de trabalho indígena segundo a qual o seu Artigo 1º Reza que
«todos os indígenas das Províncias Ultramarinas são sujeitos à obrigação moral e legal de procurar e adquirir pelo trabalho os meios que lhes faltam, de
subsistir e de melhorar a própria condição social. Tem plena liberdade para escolher o modo de cumprir essa obrigação; mas, se a não cumprem de modo
algum, a autoridade pública pode impor-lhes o seu cumprimento» 10
• No seu Art. 2, aponta estarem isentos de obrigações de trabalho
• a) os indígenas possuindo capitais ou bens suficientes pata assegurar a sua subsistência ou os que procuram os meios de existência praticando
regularmente o comércio ou uma profissão, etc;
• b) os agricultores que cultivam por conta própria terras cuja superfície mínima é fixada pelos regulamentos locais ou produzem pela exportação de gêneros
em quantidades prescritas pelos tais regulamentos;
• c) os indígenas que trabalham cada ano em qualidade de salários durante um número mínimo de meses fixados pelos regulamentos de aplicação local.
• Entre esses encontramos os proprietários de capitais ou de bens e outros voluntários assalariados, os cipaios, os regedores e os chefes e mais tarde os
assimilados, constituíam, as categorias de africanos isentas desta obrigação.
• É a partir desse código que é institucionalizado Trabalho Forçado e consigo , o recrutamento forçado de jovens, crianças, mulheres para os trabalhos de
obras públicas e para as grandes plantações e minas de colonos

• O Trabalho Forçado é um contrato assinado entre o empregador e o empregado mediante um salário, por isso se diz também “Trabalho assalariado
obrigatório” ou ainda “Contrato”. É ainda uma mão-de-obra barata quase gratuita. Baseava-se essencialmente na exploração racional e coordenadas das
riquezas do solo e do subsolo, mas sobretudo no trabalho de centenas de milhares de africanos de maneira permanente, porém, graças ao trabalho
forçado, foi possível a construção de pontes, barragens, de estradas, caminhos-de-ferro e a exploração em massa dos diamantes e do ferro como das
grandes e médias plantações de café e açucar.8
• O trabalho forçado constituiu o motor da economia colonial. Depois de 1836, introduziu-se a agricultura de exportação que exigia abundante mão de obra .
A metrópole impossibilitada de se dispor numa altura que as colónias já não podiam fornecer mão-de-obra escrava, as economias coloniais em crise, não
viam outro recurso senão converter a mão-de-obra indígena numa disfarçada escravatura, o Trabalho Forçado.
• A comissão presidida por António Eanes, através do Despacho de 26 de Outubro de 1899, foi encarregada de analisar as possibilidades de instaurar um
regime de trabalho destinado aos indígenas do Ultramar. Os indígenas Considerados selvagens, essa, entendeu que o Estado na qualidade de entidade
soberana sobre as colónias, deveria impor, pela força de obrigação, o trabalho aos indígenas das colónias.

•  
• Em 1903, é publicado no diário do Governo em Lisboa, um Decreto promulgado a 29 de Janeiro para o recrutamento de mão-de-obra angolana destinada
às outras províncias portuguesas, tais como a Guiné, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé. O mesmo fixava a duração do Contrato a cinco anos renovável
(segundo seu Art. 57 do Código de trabalho). Enquanto que para os indígenas da Guiné e de Moçambique esta duração foi encurtada para dois ou três
anos.
• Em 1913, o General Norton de Matos, criou a secretaria dos Negócios Indígenas para assegurar a curatela e a tutela dos indígenas enviados nas plantações
sobre o regime de contrato. Reformada entre 1919 à 1933 tomou a designação de repartição dos Negócios Indígenas. Norton de Matos, suspende os
castigos corporais contra os indígenas, encoraja o sistema de “contrato livre”, e estabelece salários para os indígenas que até aí não existia.
• Com a ascensão do Estado Novo de Salazar, o Governo fez algumas modificações e subtilezas às leis do trabalho contratado. Por Decretos de 1926 e 1928
estabeleceu novas “leis indígenas” que em teoria aboliu-se a cláusula de vagabundagem, mas acrescentou a estipulação de que os africanos deviam
trabalhar por salários pagos durante um período de cada ano. Caso se recusassem a trabalhar de livre vontade poderiam ser contratados pelo Estado. Uma
“Cláusula de Protecção” do Código de trabalho de 1928 determinava que os africanos só poderiam ser forçados a trabalhar em serviços de premente
interesse público; todavia, o “interesse público” incluía legalmente as fazendas privadas dos brancos, garantindo assim ao colono o fornecimento de mão-de
obra barata.11 Eram passíveis de 90 à 180 dias de trabalho para administração, também à requisição gratuita de famílias para o trabalho usando suas próprias
enxadas e comidas.
• Este Novo código do Trabalho Indígena, instituía:
• a) o Trabalho Correccional, que consistia no envio dos indígenas criminosos como mão-de-obra nas colónia penais agrícolas, fundadas como
estabelecimentos de criminosos portugueses do direito comum;
• b) o trabalho Obrigatório, em conformidade com Lucas Ngonda, (História económica e social de Angola1) em função do espírito eurocêntrico, as actividades
quotidianas dos indígenas não eram considerados como trabalho, mas sim como simples práticas ancestrais, não havendo no trabalho social dos africanos a
divisão social do trabalho tal como era na Europa, daí que eram obrigados a trabalhar (homens, mulheres e crianças e velhos quando houvesse necessidade
de substituir os jovens), como único meio de civilizá-los, na construção de estradas, de pontes, nos caminhos –de-ferro, e de outras infra-estruturas sociais,
como trabalho de interesse público e consequentemente não remunerado. Os nativos eram obrigados a abandonar as suas aldeias e trabalhar, muitas vezes
bem longe, sobre contratos ;
• C) o trabalho sob Contrato, era regulamentado num acordo entre os colonos que solicitavam a mão-de-obra e a administração que se encarregava de
distribuir os indígenas aos plantadores e comerciantes da colónia;
• d) o trabalho Voluntário, uma justificação forjada dos teóricos do trabalho forçado para aludir a opinião internacional. É bem verdade que, em nenhum
momento da história colonial portuguesa, nunca o trabalho foi voluntário, pois que o recrutamento foi sempre a força mediante medidas coercivas exercidas
pelas administração sobre uma população nativa quase indefesa. A única condição para a sua isenção, só seria feita quando transformado em assimilado.

• Em 1954, é definido, devido as pressões dos organismos pro-descolonização, o Estatuto jurídico do Indígena “o Estatuto dos Indígenas Portugueses da
Guiné, Angola e Moçambique”.
• A condição do “indígena-objecto do Estado Português, que reservava o direito de comercializar o seu trabalho com os plantadores e comerciantes privados,
estendeu-se até 1961, com a extinção do trabalho forçado”, apesar de na prática for efectivada apenas em 1974
• . Num pensamento de Kamabaya, tomada pelo Pe. Almeida Kanga, compreende-se que «dificultava a vida do empresariado nativo com o objectivo de
obrigar a fornecer a sua força de trabalho aos brancos como assalariado (...) não lhe era permitido ter meios para trabalhar por conta própria, sendo,
portanto, tal prática , a responsável pelo atraso técnico e económico da camada negra» 14

• Sem sombras de dúvidas que o Estatuto do indigenato legitimava uma nova condição de escravatura desfalçada.
• O indigenato, será, portanto, o agente do progresso económico e fonte da prosperidade colonial. Lucas Benguy Ngonda, História Económica e Social de
Angola (Apontamentos para o 1º ano do ensino Superior em Economia), UAN, Luanda, 2008.
• Aldeias inteiras eram queimadas, bem como etnias completas eram repartidas pelos plantadores que procuravam
trabalhadores para as suas fazendas, acompanhados pelos funcionários da administração colonial, os quais convocavam os
sobas das aldeias sob pena de castigos corporais até a morte
• Os africanos, para além do Trabalho Forçado, estavam também sobrecarregados de várias obrigações (impostos e outras
obrigações serventis). No código de trabalho dos indígenas revisto em 1928, foi instituída a “Caderneta”, instrumento de
controlo laboral e policial que permitia controlar não só os períodos e as regiões de trabalho, mas também o pagamento de
“Imposto”, das “Multas” e outras penas. . (Ao fim de um ano de trabalho suportando as piores condições de alimentação e de
alojamento, o trabalhador trazia para casa, entre 500 a 1200 escudos, o suficiente para comprar apenas um par de panos
para a mulher e um par de botas e como se não bastasse, os 80 a 200 (ou 300, noutros casos) escudos ganhos por mês ficava
na cantina do patrão e no pagamento da alimentação e do imposto, o que representava cerca de três meses de trabalho.) 1

• Como as obrigações eram cada vez mais sobrecarregadas, a situação criara, como consequência, um grande descontentamento
que veio a motivar milhares de angolanos a migrarem nas colónias vizinhas no período de 1930 à 1950. Calcula-se que cerca de
5% da população angolana – 100 a 200 mil – teria emigrado antes de 1961, sendo dos Bakongo para as minas do Kongo belga
(Catanga e Leopoldville), dos Ovimbundu para as minas do Sudoeste africano (Namíbia ou para África do Sul), dos Tucokwe e
Lwena (Luvale) para o Catanga e Rodésia, os Cabinda para o Kongo francês. Com efeito as oportunidades de trabalho eram ai
melhor remuneradas e em melhores condições, podendo mesmo prosperar como comerciantes e pequenos industriais, ter
acesso à escola e ter uma qualificação profissional. Estes, já social e culturalmente diferentes, serão aqueles que de volta ao
país, exercerão papel determinante na eclosão do movimento nacionalista, nos anos 1955-1961 15 (Edmundo Rocha, Angola,
Contribuição ao Estudo do Nacionalismo Moderno Angolano (Período 1950-1964) Testemunho e Estudo Documental, Luanda,
2002).
• 13 Cfr. Almeida Kanga, 2005, p. 25, o enviu de trabalhadores a S. Tomé durava 5 anos afim de trabalhar nas plantações ou roças
de cacau e café. Muitos contratados, porém, nunca mais voltaram. A 2º forma de Trabalho consistia em prestar serviço sob a
forma de contrata de um ano a dezoito meses às empresas públicas ou privadas de café, algodão, cana-de-açucar, etc, dentro
de Angola. A 3º forma, previa em prestar algum serviço à Administração Colonial sem qualquer remuneração ou compromisso
laboral da parte empregadora. 14 Cfr. KAMABAYA, Moisés, O Renascimento da Personalidade Africana, Ed. Nzila, Luanda 2003,
86-87. In Cfr. KANGA, almeida, repensar a história de angola, manual de história de angola II, edição do Sedipu, Uije-Angola,
2005. P. 26.
• 15
porque em muitos casos o pessoal da administração recusava aos nativos a qualificação ao “status” de
assimilados afim de manterem um amplo repositório de potenciais contratados. A estatística de 1950 aponta
como número de nativos assimilados, não superior a 1% da população negra de toda Angola.
• 16
Cfr. BENDER, G, J., Angola Sob o Domínio Português, Ed. Nzila, Luanda 2004, p. 255; KANGA, almeida,
repensar a história de angola, manual de história de angola II, edição do Sedipu, Uije-Angola, 2005. P.28)
• 17
Caetano, M., A Constituição de 1933, Estatuto de Direito Político, Lisboa 1956, p. 23, in KANGA, almeida,
Repensar a História de Angola, Manual de História de Angola II, edição do Sedipu, Uije-Angola, 2005. P.29.

• As más condições impostas pelo trabalho forçado tinha obrigado os nativos a emigrar para o Congo belga e na
Rodésia, outros ainda para a Namíbia.
• Apesar dos protestos e denúncias, o Governo continuou com prontidão a recrutar abertamente e fornecer
aos colonos mão-de-obra indígena não remunerada. Alguns autores, afirmam que a administração ganhava
cerca de 12 USD por cabeça posta a disposição do colono seu proprietário. incapacidade física do assalariado
que podia levar-lhe ao seu total esgotamento, pouco importava o patrão. Segundo fontes, a taxa de
mortalidade dos nativos fornecidos pelo Governo atingia a percentagem de 35% durante o período de
contratos de dois anos. Não obstante o sistema de Trabalho forçado vir a ser abolida em 1961 através do
Início da Guerra de Libertação, a prática de forçar directamente os negros a trabalhar continuou em Angola
até 1974 com o advento da Independência.12 A pressão de recrutamento forçado de trabalhadores sob
contrato era cada vez maior para compensar a ausência de mecanização. No entanto, para satisfazer as
necessidades de mão-de-obra barata, a administração procedia a rusgas tanto nos musseques como nas
sanzalas e até nas escolas.  

• Conclusivamente, dizer que o Trabalho forçado na colónia de Angola, era praticada por três formas distintas:
1º, o Desterro para S. Tomé e Príncipe; 2º, o Contrato serventuário dentro do próprio território; 3º, o Trabalho
forçado local do Município prestado ao então Administrador do Concelho ou ao chefe do posto.13
trabalhadores recenseados (1935-1939)
Gráfico pg. 104
• 5.4. Regime de Desigualdade Social e Política (para consolidação )de exploração Colonização
•  A “civilização” dos nativos, constituiu a mais importante justificação ideológica para atingir o objectivo político da completa
soberania. Portanto, teria que se basear numa prática racial, pois, ainda em conformidade com Bender « (...) O legado mais
notável do povoamento planificado foi a introdução da competição e do conflito inter-raciais quanto às terras e à Produção» 5.
5
BENDER, p. 222,223; FERREIRA, V., Estudos Ultramarinos, Vol. IV, Ed. Agência Geral do Ultramar, Lisboa 1955, p.215

• O colonato de tipo racista, declinou-se num Regime de Desigualdade de amplitude social e política. Este Regime surge como
uma forma de consolidação do sistema de exploração colonial. «Desde 1850 que o colonialismo português vem arquitectando
para a sociedade angolana uma dualidade sócio-cultural distintas: uma era a sociedade de colonos brancos que comandava o
aparelho repressivo e explorador dos territórios e outra, era a sociedade dos nativos, a fornecedora da mão-de-obra barata».6
6
Cfr. KANGA, almeida, repensar a história de angola, manual de história de angola II, edição do Sedipu, Uije-Angola, 2005. P.
21)
 
• Este regime de desigualdade sócio-político, apoiou-se na justificação teórica da superioridade racial, uma concepção
portuguesa que data desde o séc. XV e que prevaleceu durante as três primeiras décadas do Estado Novo. Os angolanos
continuavam a ser considerados como sub-humanos. Bender afirma que, de acordo com essa visão, “o negro era ainda
homem selvagem, homem da idade do ferro, cheio de virtudes simples como um animal qualquer”. Nesta lógica , a tarefa do
branco seria a de dirigir e ensinar os negros a trabalhar, mais do que trabalhar juntamente com eles nos campos. 7
• Moisés Kamabaya, assegura a distinção da sociedade colonial entre o Centro e a periferia. O estado da periferia, a sociedade
dos africanos, era tudo de desagradável e desprezível, sendo as suas experiências e patrimónios culturais ou simplesmente,
valores culturais, próprios de um homem explorado. Pretendiam apenas fazer do negro simplesmente um serviçal colocado a
disposição dos colonos.

A Lei Orgânica sobre a administração civil das províncias ultramarinas promulgada no advento da República de 1910,
distinguia a sociedade dos nativos por duas categorias: indígenas-civilizados e indígenas não civilizados. Os não civilizados
ficaram sob a autoridade directa da administração colonial. A legislação que assegurou a constituição dessas sociedades ,
permitiu a publicação de vários Decretos para definição do estatuto do Indigenato.
O Modelo assimilacionista da colonização Portuguesa
• A suposta selvagaria como condição social do negro na visão eurocêntrica, fora imposta numa tentativa
moderada pela teoria evolucionista de colonização durante o séc. XIX.
• Alguns defensores portugueses dessa teoria eram unânimes de que o método de inculcar o sistema de
colonização mental dos africanos através da mestiçagem forçada e pelo transformismo cultural e social
desses, seria a via mais adequada.
• O modelo da assimilação, foi introduzida na prática com a ascensão ao poder de António de Oliveira Salazar e
a criação do Estado Novo.
• Percebe-se como assimilação, um processo legal pelo qual o africano fora imposto a abandonar a sua
condição de selvagem, impuro e a assimilar padrões culturais ocidentais, considerados puros como a língua,
religião, hábitos e costumes. Assim, o assimilado, é todo o nativo que saísse legalmente do estatuto da
civilização portuguesa, ou assimilado da cidadania portuguesa.
• Ela, baseava-se na divisão dos angolanos em nativos indígenas e nativos assimilados.
• Eram considerados indígenas, os indivíduos da raça preta e seus descendentes e que não possuíam ainda a
iluminação espiritual pessoal e os hábitos sociais que pressupõem as condições para o requisito integral da
lei pública e privada dos cidadãos portugueses. Enquanto assimilado, é todo o nativo que saísse legalmente
do estatuto da civilização portuguesa, ou assimilado da cidadania portuguesa.
• Podemos mesmo dizer que, a mais evidente ideologia imperial e racista foi a política de assimilação dos
indígenas.  
• Não existia no homem português o desejo de assimilar muito menos civilizar o africano. Era objectivo a longo
prazo das autoridades coloniais o desaparecimento gradual da raça negra. (Valentim Alexandre, Origens do Colonialismo
Português Moderno (1822-1891), Lisboa, Sá da Costa, 1979, citando o historiador Oliveira Martins, a Civilização Africana – O Brasil e as Colónias
Portuguesas, Lisboa, Ed. 1880, 1953, pp. 261-265, refer: «a ideia de uma edução dos negros é, portanto absurda não perante a história, como
também perante a capacidade mental dessas raças inferiores. Só um lento e longo cruzamento com sangue mais fecundo podera gradualm ente ir
transformando-as; e é exactamente isso o que de um modo espontâneo veio sucedendo desde uma idade em que ainda os europeus não se
preocupavam com a África. (…) a civilização da raças negras só pode caminhar pelo cruzamento com os negróides islamitas do Oriente: o Ocidente
não lhes dará como espécies por elas assimiláveis, mais do que panos para se vestirem, aguardentes para se embriagarem, pólvora para se
exterminarem».
• Da mesma maneira que aconteceu com a comunidade negra brasileira, destruída culturalmente e
desfocalizada socialmente, perdendo o reconhecimento como detentor de uma identidade própria (a
africanidade) e sem ganhar a identidade euro-brasileira, seria a mesma prevista para o homem negro de
África. Em conformidade com Bender, esse processo ocorreria por três fases: a destruição das
sociedades tradicionais; a inculcação da cultura portuguesa; e a integração dos africanos destribalizados
e lusitanizados na sociedade portuguesa.
• segundo publicação do diploma legislativo nº 237 de 1931, eram definidas os seguintes critérios para a
aquisição do estatuto de assimilado e cidadão português consequentemente:

 ter 18 anos de idade,


 saber ler, falar fluentemente o português,
 ser trabalhador assalariado,
 comer, vestir e ter a mesma religião que os portugueses,
 manter um padrão de vida e de costumes semelhante ao estilo de vida europeu, o que implicava
abandono dos costumes culturais de seus avôs, e não ter cadastro manchado na polícia. (a aptidão à
categoria de assimilado, impunha ao nativo a uma inspecção por parte do administrador local que
passava uma carta de recomendações que lhe dá o direito de possuir o bilhete de identidade, a
garantia de acesso dos filhos ao ensino, ao crédito, a assistência médica, a carta de condução, e
outras oportunidades do regime colonial)1
Os nativos assimilados gozavam socialmente de estatuto de isenção de todos os trabalhos forçados, o
que incentivava a muitos a obtenção do mesmo estatuto. Esta farsa colonial, porém, era só para meia
dúzia de angolanos.15 Mas os assimilados estavam sujeitos a impostos mais altos e ao serviço militar
obrigatório.
• Esta política de contratado, facilitou de parte o acesso às instituições económicas e educacionais europeias, mas
na prática, concretiza-se que não lhes rendeu condições necessárias para que fossem qualificados como cidadãos
de primeira classe por várias razões: 1º, tanto o sector privado como o sector público, pagavam aos assimilados
salários mais baixos, sob o pretexto de que os salários reflectiam a produtividade diferencial das raças; 2º tanto o
nível cultural como a produtividade económica de um individuo eram também, pre-avaliados numa base racial e
não numa base cultural nem sequer individual; 3º as leis e práticas portuguesas garantiam que qualquer pessoa
branca em Angola, mesmo que fosse tida pelos compatriotas como parasita, indolente ou moralmente
degenerada, era objecto de uma consideração social mais elevada e recebia melhores salários do que quase a
totalidade dos não brancos.16
• Aqui não Em conformidade a este pensamento, acima, prestemos atenção as palavras de Marcelo Caetano: «os
indígenas são sujeitos portugueses, sob a protecção do Estado português, mas sem formar parte da nação. A
nação é considerada como uma comunidade cultural ou como uma associação política de cidadãos». 17 Neste
sentido, o nativo assimilado não era um agente político capaz de aspirar a altos cargos de significado cimeiro no
contexto nacional como o de Presidente, o de Ministro, Governador, nem as vezes, de chefes administrativo, nem
na administração nem no exército, tão pouco na igreja (uma moda medievalista), e culturalmente, apesar de ser
esforçado a apossar-se de atitudes e comportamentos lusitanos, é um cidadão limitado, pois a nação cultural não
lhe confere um postulado digno de nascença portuguesa. Se repararmos, estava na mesma condição e ou as vezes
pior em relação a um animal doméstico, apenas com alguns deveres e simples direitos, mas esforçado a trabalhos
esclavagista tal como um não assimilado para conseguir dinheiro para cobrir os impostos mais elevados, sem
reconhecimento natural nem na comunidade cultural nem na política.
•  
• Se a cultura lusitana, de parte, pode ser garantia de uma uniformização entre os povos assimilados (brancos e pretos), a raça, era condição de
diferenciação, dali as leis da separação colonial e restrições portuguesas para os negros e, as leis e práticas de inclusão e consideração social elevada
para os portugueses. Portanto, a distinção entre indígenas e assimilados era apenas questão de documentação, porque na prática eram iguais.
• impulsionadas pela nova Comunidade Internacional, ONU, que fora por sua vez, criada pelo impulso das Superpotências (EUA e URSS), após a II
Grande Guerra Mundial, incentivaram protestos a nível internacional contra as práticas discriminatórias portuguesas, levadas a cabo por direcção dos
grupos de naturais mais experimentados na emigração (assimilados e mestiços). Esses grupos de naturais vão elevar reivindicações que culminarão na
ressurreição do 11 de Novembro de 1975 pelas lutas armadas de libertação nacional iniciadas em 1961.
• Essas sublevações vão suscitar reformas no Aparelho Colonial Português, como a revogação do indigenato, o que levou a abolição da distinção social
entre “cidadãos civilizados” e “cidadãos não civilizados”; a criação de organismos administrativos africanos locais; a coordenação de leis
consuetudinárias portuguesas e angolanas; reformulação da regulamentação das concessões e ocupação de terras; e também como a abolição do
sistema do trabalho forçado não remunerado.
• 18 Uma das mais importantes causa das descolonizações foram sem dúvida as Grandes Guerras Mundiais, pois, foi nela onde se encontraram
condições para o desenvolvimento e afirmação do nacionalismo africano ao colocar no teatro de guerra os guerreiros africanos ao lado dos aliados e
fez emergir em palco as superpotências que vão dominar e dirigir o mundo ao ponto de arbitrar uma política de descolonização sem equívoco. Num
reparo próprio, a condição que impulsionou este fenómeno foi mais uma vez económica, portanto, tratava-se de fazer funcionar uma nova forma de
rendimento de capital, que vem substituir as políticas do imperialismo colonial, uma das estratégias fora a expansão industrial e capitalista que
necessitava de abrir a onda de multinacionais que para tal teria de criar condições para se instalar nos vários territórios do mundo tanto nas periferias
quanto nos centros o que só seria possível se os mercados fossem mais abertos e tivessem uma soberania própria o que condicionaria por sua vez, a
necessidade de contracção de mercados técnicos e financeiros, orientados por eles mesmos, que é a tal neocolonização. (As duas guerras mundiais
tiveram repercussões significativas para a consciência do nacionalismo moderno africano, pois elas encerraram uma série de acontecimentos
que possibilitaram o despertar e consolidação do sentimento nacionalista africano. A Carta do Tratado de Paz de Versalhes; a participação e o
não reconhecimento da promessa feita aos combatentes africanos na I e II Guerra Mundial pelas administrações coloniais; a Revolução Russa
de Outubro de 1917 e a consequente criação da U.R.S.S.; as Organizações das Nações Unidas (ONU); a Conferência de Bandung; a carta do
Atlântico Norte e as Quatros Liberdades Fundamentais de Rooservelt que, ora defendendo ideias de auto-governo, democracia representativa
e direitos iguais, autodeterminação dos povos oprimidos, ora, colocando os africanos em contacto com o carácter instrumental da técnica e
com a violência exercida pelos brancos entre si, ou ainda apoiando material, psicológica, moral, técnica e intelectualmente os movimentos de
libertação e até mesmo defendendo direito de liberdade dos povos oprimidos por razões de rivalidade entre as potências coloniais,
permitiram com que os africanos compreendessem melhor a natureza do colonialismo e das sociedades europeias e, em voz de soberania a
partir de fóruns internacionais, reivindicar decisivamente a libertação política dos africanos a luz das liberdades fundamentais do homem
evocadas por organizações e nações, partindo mais tarde para as lutas armadas de libertação nacionais)1.
A colonização por povoamento Branco de Angola

• Com a perda do Brasil e com o fim do comércio de escravos, Portugal iniciou o grande
povoamento branco de Angola
• Empreendeu uma política de obras de fomento e de fixação de colonos no litoral do
interior.
• No final do séc. XIX a população indígena estava reduzida a 2.700.000 habitantes com
uma população branca não acima de 1830 representando apenas 0,6% da população.
• A primeira colónia foi instalada em Moçâmedes poucos anos depois de 1786, iniciada
por pernambucanos degredados, por açorianos e madeirenses. Tinham como
instruções de incrementarem as culturas agrícolas de primeiras necessidade,
hortaliças, frutos cana-de-açucar, café algodão, cação, tabaco, palmeiras, jinguba ou
amendoim e a criação de gado bovino.
• Em 1880 o planalto da Huila recebeu um grande contingente de cerca de 300 Boers.
 
• Na impossibilidade de estimular a imigração em massa de portugueses para Angola,
Portugal teve que recorrer a continuação de povoamento de degredados de vários
países da Europa mesmo depois de maus resultados económicos.
• Iniciou a fundação de colónias penais agrícolas.
• Em 1884, fundou-se em Malanje com o nome de esperança a primeira colónia penal agrícola
• Em Benguela, criou-se a segunda colónia penal em 1885, chamada de Ribeiro da Silva.
• Entre 1883 e 1898 haviam entrado em Angola 4.114 condenados dentre portugueses, italianos e
outros europeus.
• No princípio do séc. XX a população branca de Angola era predominantemente constituída por
degredados.
• O colonato português teve também dissabores. O facto de a maioria dos colonos ter vindo dos mais
indesejados reclusos das prisões portuguesas, pois quase na sua totalidade não instruídos ou sem
qualificação, com raras excepções, os esquemas de povoamento foram gravosos fracassos
económicos e, em muitos casos, o deslocamento dos africanos da área ocupada por um colonato
originou uma descida real da produtividade rural.

• O desejo de tornar a colónia numa casa de cidadãos portugueses honestos e trabalhadores fundou-
se na Catumbela em 1836. mas será efectivada, a substituição por portugueses livres, após o
derrube da primeira República em 1926.
• Em 1932 um decreto encerrava o depósito dos degredados em Luanda, abrindo o de Forte
Roçadas, em 1936.

• Esse sistema, só foi totalmente abolido em 5 de Junho de 1954 e consigo a criação de grandes
colonatos agrícolas.
• A sua actividade económica era o comércio e
não a agricultura.
• Os poucos agricultores foram incapazes de se
adaptarem as novas colheitas e diferentes
métodos exigidos em África
• o Governo foi incapaz de fornecer assistência
técnica e financeira necessária.
• Este quadro inviabilizou os esperados sucessos
económicos.
Criação de colonatos agrícolas
• O fundamento político do povoamento de colonos nas zonas rurais era o de assegurar a soberania portuguesa em
todo o território afim de se criar a sociedade multicultural segundo o modelo “Luso - Tropicalismo”.
• . Embora este fenómeno ter-se acelerado durante a metade do Séc XIX, este fenómeno é muito antigo para a
história da colonização portuguesa3. Este, encerrava em si razões como: transformar os camponeses portugueses
rurais indigentes em pequenos proprietários agrícolas, sob pena de não se tornarem revoltados; disciplinar a
produção e o emprego obrigatório de processos técnicos mais aperfeiçoados em relação aos tradicionais; e ocupar
as terras aráveis ainda desocupadas e até mesmo as ocupadas pelos naturais. Por isso, a emigração e a colonização
deviam ser dirigidos e não expontâneas, portanto, não ser confiada à iniciativa individual ou privada. Em
conformidade com Bender, a principal razão dessa emigração, apoiava-se na convicção de que a transplantação de
camponeses portugueses e do seu modo de vida para Angola rural «era o melhor meio de garantir a soberania
portuguesa, de civilizar as populações indígenas e de desenvolver as economias coloniais»4. A “civilização” dos
nativos, constituiu a mais importante justificação ideológica para atingir o objectivo político da completa
soberania.
• O fracasso da colonização penal obrigou Portugal tomar medidas de povoamento e colonização planificadas
• Nos anos cinquenta do séc. XX surgem dois grandes colonatos agrícolas: o colonato da Cela e o de Matala com 8.400
famílias.

• Houve discussão entre a colonização planificada e a livre na necessidade de encorajar a elevada emigração Brasileira
e portuguesa

• Apesar de todo esforço de atrair número considerável de portugueses para Angola, só depois da luta de libertação, o
número de portugueses que emigrava para Angola passava de 172 529 em 1960, para 600 000 em 1974
• Para assegurar a política de ocupação de terras e de povoamento branco foi criada, em 1962 a Junta Provincial de
Povoamento de Angola (J.P.P.A.) evoluindo para 335 000, apesar de se ver mais uma vez obrigada de empreender o
povoamento por degradados
A economia de fazendeiros brancos

• O interesse bastante demasiado em salvar o interesse dos


fazendeiros portugueses de S. Tomé de onde iam uma boa parte
da mão-de-obra angolana, resultou fracassos de implantação de
colónias penais agrícolas em Angola

• Segundo Paiva Couceiro, Governador de Angola, num relatório


de 1907, calculava a média anual de deportados na ordem de
40 000, contra as estatísticas oficiais que calculavam desde
1909-1922 cerca de 20 000 contratados.

• Angola entra no período de exploração agrícola e de outros


recursos naturais a partir de 1850, apesar de prevalecer uma
economia esclavagista. No entanto foi surgindo timidamente as
1º fazendas agrícolas desde as primeiras medidas abolicionistas.
O desenvolvimento da agricultura em Angola
- A agricultura da Exportação

• O povoamento branco no interior deu lugar ao nascimento de fazendas agrícolas tornado


caduco o comércio de pacotilhas
• Desenvolve-se a agricultura da exportação:
• A principal produção era o café, seguida do algodão e do açúcar. A produção do sisal como a
criação de gado também eram significante.
• A produção do Café: a sua agricultura espontânea desenvolveu-se nas províncias de Cabinda
(Maiombe), Uíge, Ambriz, Kwanza Norte(Dembos, Encoge, Golungo Alto, Cazengo ), zonas do
planalto de Malange, Kwanza Sul (Porto Amboim, Novo Redondo, Gabela, Seles).
• A primeira exportação de Café foi registada em 1823 em pequenas quantidades. Essa cultura
foi desenvolvida por colonos brasileiros.
• Segundo relatório de Paiva Couceiro (1907-1909), 1500 toneladas foram produzidas pelos
colonos fazendeiros e 3 000 pelo sector produtivo dos nativos
• Entre 1909-1928 a produção atingira 10 000 toneladas.
• Trinta anos depois da II Guerra Mundial, devido o surto das grandes companhias agrícolas
consagradas a agricultura de exportação e do aproveitamento da produção dos indígenas,
Angola consagra-se no quarto maior produtor mundial do Café, que apesar da crise
económica de 1929, sucedeu o Ciclo da Borracha em Angola.
• Em 1946, o café ultrapassou em valor os diamantes e em 1973 veio a ser ultrapassado pelo
petróleo que ascendia como ciclo económico em Angola
• A cultura da Cana-de-açúcar:
• Em Angola só depois do séc. XIX, se desenvolveu, devido a atenção portuguesa sobre a
produção voltada ao Brasil e Ilhas de S. Tomé.
• Em 1836, foi fundada a Companhia da Agricultura e Indústria de Angola e Benguela tendo
como finalidade de desenvolver a plantação de Cana-de açúcar.
• Para o mesmo fim foi empossado o Governador Germack Possolo, segundo o ofício nº
291, de 30 de Junho de 1840.
• Só em 1902 foi instalado perto de Benguela a primeira fábrica de açúcar. Em 1903, foram
instaladas em Caxito, Vale do Dande, Boa Vista e Bom Jesus alavancados pela família
Brasileira Lara.
• Seguiu a instalação da Companhia Agrícola do Cassequel em Catumbela (que resulata da
fusão da fazenda Maravilha, de António da Costa, e S. Pedro, de Bernardino Correia) e a
Companhia de Açúcar de Angola, proprietária das fazendas do Dombe Grande e tantativa.
• Em 1914, Angola exportou 6.749 toneladas de açúcar
• Até 1960 a produção de açúcar abastecia o mercado do espaço do Ultramar português,
continuando crescer abastecendo países como a França, Holanda, Inglaterra, Bélgica,
E.U.A. e outros. Até 1973 atingira 9.678 toneladas
• A cultura do Sisal:
• De 1924-1928, a sua exportação atingiu 62
toneladas.
• Em 1943 atingiu 12.721 toneladas no valor de
49.060 contos.
• Com o aumento de fazendeiros e a exploração
da mão-de-obra indígena, trinta anos depois,
sua exportação atingira 53.399 com o valor de
467.928 contos.
• A plantação do Algodão:
• O cultivo do algodão fora recomenda pelas autoridades de Lisboa desde o séc. XVII.
• Torna uma cultura obrigatória no séc. XIX.
• Em 1872 a sua exportação atingiu 818 toneladas.
• Seu rápido desenvolvimento obrigou o governo a conceder grandes zonas da exploração
algodoeiras em detrimento de cultivadores nativos.
• Em 1912, uma portaria do governo de Angola tornou obrigatório o cultivo de algodão pelos
indígenas de Icolo e Bengo e Muxima com a obrigação de cada família cultivar anualmente meio
hectar de algodão exótico, cuja semente era fornecido pelo Estado, vendendo o quilo ao preço de
70.000 reais.
• Em 1926, o Decreto nº 11 994 de 24 de Julho, alterou profundamente o sistema de cultivo e de
compra, estabelecendo as regras das concessões sobre a exploração algodoeira por indígenas,
assimilados e colonos europeus.
• A COTONANG (Companhia Geral dos Algodões de Angola, SARL), sociedade com capitais Luso-
Belga criada em 1926, detinha o monopólio da exploração algodoeira na Bacia do Kwango.
• Trinta e quatro anos depois passou como monopolista absoluto sobre o algodão da Baixa de
Cassange com 33.508 plantadores nativos
• Esta cultura foi obrigatória nesta região até 1961
• A portaria nº 6619 de 5 de Janeiro de 1949 obrigava os nativos a cultivarem 0,25 à 1 hectar de
algodão.
• A criação de Gado:
• A criação de gado teve um grande sucesso nos planaltos
centrais do país em função do clima sobretudo o bovino, o
caprino e o suíno. No entanto foi extensiva a todo o país
• A maior densidade da criação de gado para fins comerciais
se deu desde a implantação da colonização efectiva à
independência.
• Nos primeiros anos, a sua produção estava concentrada nas
mãos dos nativos
• Desenvolveu-se no sul do país, nos planaltos da Huila, do
Bié, do Huambo, do Cunene e do Cuando-Cubango.
A extracção mineira
• As minas existiam sobretudo na parte noroeste de
• Angola (planalto da Lunda), para a extracção de
diamantes, e na parte sul de Angola
• (planalto de Huíla e Cuando-Cubango), para a
extracção de minério de ferro. O
• Noroeste (regiões de Cabinda e de Luanda) assistiu
na década de 50 a prospecções para a pesquisa de
petróleo, que conduziram à descoberta de
importantes jazidas na década seguinte.
A política económica ultramarina de Portugal e a influência da
Primeira República
• Depois das campanhas militares de ocupação territorial, desde 1885 à 1917, surge uma nova fase de renovação económica
que passava necessariamente pela restauração política, administrativa , económica e social.
• Uma das maiores dificuldades da colónia neste período está relacionada com as via de comunicação terrestres (rodoviários
e ferroviários) e por outro lado, pelos métodos de exploração esclavagistas bastantes dolorosos para os naturais que
resistiam a modernização da economia
• A1º República, impulsiva com a veleidade da transição da fase proto-capitalista ao capitalismo moderno e com a ideia do
desenvolvimento económico e social das colónias, combateu e suspendeu durante o mandato de Norton de Matos, com
base a Legislações, o Estatuto do indigenato e o Trabalho forçado, a pesar de ser parcial, a favor de um trabalho livre e a
protecção do trabalhador africano, como a incorporação da economia tradicional nos circuitos da economia colonial.
Prossegui com outras reformas de âmbito administrativo.
• Contava-se que com a1º República, se impulsionasse o desenvolvimento económico das colónias, as possibilidades da
ascensão social e a igualdade racial. Foram frustradas tais esperanças em face de um colonialismo que insistia em manter
formas arcaicas de exploração de recursos materiais e humanos (??) e cuja filosofia de actuação assentava na «histórica
superioridade europeia (??).

• Estaria em mãos do General Norton de Matos a reorganização económica


• Desde 1857, Angola obedecia a seguinte divisão administrativa: Luanda, Golungo Alto, Ambriz, Benguela e Moçâmedes.
Até1876, abrangendo uma área de cerca de 100 000 km2, com cerca de 3.000 europeus e quase meio milhão de indígenas.
• De seguida foram criados vários empreendimentos e houve implantação de grandes companhias.
• No domínio do ensino, foi criado em 1919 o Liceu de Luanda. No sector da comunicação social, nasceram as primeiras
estações de Rádio Telegráfica em Luanda, lobito e Novo Redondo. Em 1920, pelas leis nºs 1005 e 1022 respectivamente, de
7 e 20 de Agosto foram criados os Conselhos Executivos, Legislativos e de Finanças. No ano seguinte, a colónia foi
autorizada a contratar e contrair empréstimos destinados às despesas de fomento e colonização até 60.000.000 .
• Em 4 de Maio de 1921 foi promulgada a Carta Orgânica da Província de Angola, no intuito do crescimento económico da
província
• Empreendimentos no sector dos transportes:

• A primeira linha férrea a ser construída foi o que ligava Luanda-Malange


construída entre 1886-1908.
• Em 1903, iniciou a construção do Caminho-de- Ferro de Benguela pela
Companhia Inglesa, Tanganika Concession, terminado em 1931 com 1348 km até
a Fronteira.
• De 1904 a 1926, foi construída o de Moçâmedes à Lubango e o de Amboím em
1922

• As linhas do Norte, cerca de 650 km inicialmente, ligavam Luanda ao planalto


em contacto aos portos. A linha férrea de Benguela, com cerca de 1500 km de
via, ligavam os portos de Benguela e do Lobito aos planaltos do Huambo, do Bié
e de Lunda, atravessando depois a fronteira com o Congo Belga ( Zaire) a
caminho de Elisabethville (Lubumbashi), no Catanga (Shaba); no sul, cerca de
300 km de vias, também ligavam o porto de Moçâmedes (hoje Namibe) ao
planalto de Huíla.
• Plantações, minas e caminhos de ferro faziam parte de uma estrutura
naturalmente virada para o exterior, contactando com ele através de portos.

• A reorganização gradual dos principais portos de Angola nomeadamente o de


Luanda, Lobito (que foi suplantando o de Benguela) e o de Moçâmedes,
contribuiu para corresponder ao término das linhas de caminho de ferro.
• para tal fim, começaram a surgir na década de 50 igualmente os aeródromos,
com destaque os de
• Luanda e Nova Lisboa ( Huambo) que constituíam aeroportos de articulação
internacional.
• Tudo isso, constituiu condições necessárias para estimular a produção tanto
tradicional como colonial o que aumentou significativamente.
Na verdade, a ocupação efectiva fora completada graças a abertura de vias de
comunicação e aos investimentos no sector dos transportes permitindo o
avanço dos exploradores
•  
• No sector agrícola, recorrendo à mão-de-obra
africana, Norton conseguiu aumentar a produção
agrícola:
• O feijão que conhecera uma exportação na ordem de
20 tonelada em 1911, atingiu em 1929 3.326
toneladas;
• A produção de rícino que quase não existia, atingiu em
as 1.158 toneladas em 1929;
• O Milho que em 1911 atingira 29 toneladas cresceu
para 53.956 toneladas em 1929.
Planos de Fomento
• Para evitar erros de improvisação e a dispersão de esforços e conseguir atrair a imigração
portuguesa a Angola como garantir o incremento económico foram concebidos Planos
de Fomento com um fundo próprio na garantia de meios materiais e financeiros:
• O 1º Programa correspondia o período de 1938-1945, com uma garantia de cobertura de
180.000 contos:
• Visava empreendimentos e estudos diversos e a construção do Porto de Luanda,
construção de escolas, edifícios administrativos, hospitais e postos sanitários, construção
de linhas férreas, laboratório central de patologia veterinária de Nova Lisboa, criação de
estações rádio-telegráficas, o reconhecimento minério de Bembe e outras obras.

• O 2º correspondia o período de 1946-1950:


• Exploração de energia, a defesa da saúde das populações, o incremento demográfico,
agrícola, pecuário, florestal e mineiro.
• Esses Planos funcionaram durante o Estado Novo de Salazar e continuaram com o
regime de Marcelo Caetano.
• Até 1974 estes planos asseguram a fixação de colonos e o incremento da economia
conseguindo atrair número considerável de portugueses livres para Angola.
Etapas de penetração portuguesa
• 3ª. 1815-1848
 Luta pela abolição do tráfico de escravos
 Congresso de Viena 1815:
 Portugal forçado a por fim ao tráfico negreiro
 1836, antigos escravos passaram a chamar-se
serviçais.
 1878 o tráfico de escravos foi substituido pelo
trabalho forçado (1878-1914)
Etapas de penetração portuguesa
 4ª. 1848-1923
Ocupação militar e colonização de Angola.
Falta de população por parte de Portugal
Ocupação militar do território angolano.
Início de grandes empreendimentos
económicos:
Construção de estradas, pontes, caminho de
ferro e vilas no interior do País.
Etapas de penetração portuguesa
 5ª. 1923-1961
Mão de obra indígena nas fazendas,
Trabalho forçado,
Crescimento do povoamento branco.
Economia administrativa, papel do Estado
preponderante.
Exportação da população angolana para S. Tomé
e Cabo Verde.
Etapas de penetração portuguesa
• 5ª. 1923-1961
• Regulamentação do trabalho indígena por
Decreto nº 951 de 4 de Outubro de 1914.
• Infraestruturas rodoviárias:
• CFL (1909), CFB (1931) com 1300 km.
• Período do panafricanismo:
• Dr. William Du Bois, Sylvester William. Nkuame
Nkrumah, Marcus Garvey, George Padmore,
Etapas de penetração portuguesa
 6ª. 1961-1975
Direito dos povos colonizados a conduzirem o
seu destino.
Forte corrente nacionalista
Revoltas contra o trabalho forçado.
Revolta na Baixa de Cassange (04/01/1961)
Assalto às Cadeias de Luanda (04/02/1961),
Cônego Manuel Das Neves
Independência colonial
Inauguração do Caminho de ferro.
INDEPENDÊNCIAS
DE PAÍSES
AFRICANOS
• Marcelo Caetano, Princípios e Métodos da Colonização portuguesa, Agência Geral do Ultramar, Lisboa,
1951,

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