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A guerra de Iguape ainda é uma incógnita para muitos historiadores. Calcula-se que ela tenha ocorrido entre 1534
e 1536, na Capitania de São Vicente. A região onde se situa Iguape era bem no limite do Tratado de Tordesilhas
estabelecido entre Portugal e Espanha no Rio da Prata entre Brasil, Argentina e Paraguai.Em 1532 com a
chegada de Martim Afonso de Sousa no Brasil, ele decretou a desocupação dos espanhóis na área onde era
Iguape. Não sendo atendido por Ruy Garcia Moschera e Cosme Fernandes, o "Bacharel de Cananeia", organizou
uma expedição ao comando de Pero Góis para desocupar a terra a todo custo. Segundo Martim, essas terras
pertenciam a Portugal. Quando Moschera e o Barcharel souberam dos planos dos colonos portugueses, reuniram
o apoio de aproximadamente duzentos indígenas arqueiros, e juntos saquearam um navio francês que estava em
Cananeia se apossando das armas, munições e tudo que havia lá dentro.Após se sentirem fortemente armados,
começaram a elaborar estratégias de guerra contra a coroa portuguesa. Cavaram uma trincheira à frente de onde
ficava a população de Iguape e em seguida ficaram à espera dentro dela vinte espanhóis e cento e cinquenta
índios nos manguezais do Mar pequeno bem como na foz da Barra do Icapara. Todos estavam aguardando a
chegada dos portugueses.Os lusitanos tinham uma expedição formada por oitenta homens, que ao desembarcar
foram surpreendidos com muitos tiros e várias emboscadas. Com seu comandante Pero de Góis ferido, partiram
em retirada. Inconformados com a derrota começaram a planejar a revanche.
Em 1534 e 1536 invadiram novamente o território e esse episódio ficou conhecido como Guerra de Iguape.
Moschera e Bacharel devastaram a vila de São Vicente, libertaram presos e matando a maior parte da população.
Incendiaram o cartório de registros oficiais da cidade e o Livro do Tombo que é a maior fonte histórica para saber
as origens da fundação de uma cidade.Após a guerra, Moschera fugiu para Santa Catarina e retornou ao rio da
Prata. O Bacharel Fernandes foi para Cananeia. A população ganhou a construção da primeira igreja da região
erguida em nome de Nossa Senhora das Neves em 1537.Com a falta de água potável, dificuldade de expansão
do território e ataques frequentes de navios piratas, sob a ordem do fidalgo português Eleodoro Ébano Pereira, a
Vila de Icapara foi transferida para a Freguesia de Nossa Senhora das Neves de Iguape a alguns quilômetros ao
Sul, por volta de 1620 e 1625. Atualmente é o centro urbano do município em uma sesmaria concedida por
Francisco Alvares Marinho sob uma doação em 2 de Julho de 1679 por meio de Francisco Pontes Vidal e Manoel
da Costa que são herdeiros de Cosme Fernandes.
Iguape tinha um solo muito fértil para plantar arroz e por isso foi um grande produtor e exportador dessa cultura.
Os colonos tiveram a ideia de construir um canal que ligasse o rio ao mar para transportarem o arroz diretamente
para as embarcações. Esse canal ficou conhecido como Valo Grande. Iguape se transformou em uma ilha envolta
pelo Rio Ribeira e pelo Mar Pequeno. Após vinte anos de obras feitas por escravos, o canal foi finalizado em
1852. Em principio funcionou bem, mas com o passar do tempo começou a se alargar e o que era para ser uma
vala se tornou em um canal muito largo. Em 1900 conseguiram conter as margens e o fluxo de água no canal foi
controlado, evitando que a cidade fosse destruída. No entanto, o Mar Pequeno ficou cheio de lama trazida pelo rio
e isso impediu que os navios chegassem ao porto.Com a catástrofe do Valo Grande, a decadência da cultura de
arroz e má administração governamental arrastada por séculos, a cidade foi perdendo o seu valor. Atualmente o
IDH é baixo e a população sobrevive da pesca e do turismo
Em julho de 1820, maçons e forças burguesas de Portugal – aproveitando-se da ausência do General Beresfort,
militar britânico, então comandante em chefe do exército português, que veio ao Brasil para pedir maior apoio
financeiro à D. João VI – promovem a chamada Revolução Liberal do Porto3 (na cidade do Porto), e impedem o
desembarque do general britânico, que pouco anos antes havia reprimido duramente, causando muitas mortes,
insurreições populares contra a presença militar inglesa no país. Por isso que, em agosto de 1821, D. João VI
retorna rapidamente à Portugal, sem impedir, contudo, que a Revolução do Porto leve ao fim do regime
monárquico absolutista e a criação de uma monarquia parlamentar, cuja constituição – a primeira constituição
portuguesa – veio a ser aprovada em 18 de setembro de 18224. Além do Absolutismo, em 1821, finalmente,
graças à Revolução do Porto, acaba em Portugal outra peça da violência obscurantista da Idade Média: a Santa
Inquisição, que constituía na perseguição, tortura e, muitas vezes, morte em fogueiras (para purificação da alma!)
de ‘hereges’ que não tivessem obediência às normas da Igreja Católica, religião oficial do Reino de Portugal.
Eram diferenciadas as condições de trabalho dos negros escravizados nas lavras, comparadas às da maioria da
população escravizada no país, que trabalhava principalmente na lavoura. O produto das lavras – e na Vila dos
Fanados o principal minério lavrado era o ouro – era mais valioso e havia maior concentração e proximidade dos
negros entre si, gerando muitas revoltas e formação de quilombos na região, além de possibilitar que alguns
negros ou mesmo negras (vide o filme Chica da Silva, que é um pouco caricato mas mostra o poder que alguns
negros chagaram a ter à época, na região). Tendo os negros daquela região das Minas Gerais tomado
conhecimento da Revolução Liberal do Porto e da eventual promulgação da primeira Constituição Português que
era de cunho liberal sem a admissão de trabalho escravo7, uma vez que o Brasil ainda era uma colônia
portuguesa, os negros passaram a reivindicar liberdade e igualdade com os brancos, tendo com uma de suas
lideranças um negro de muitas posses chamado Arguim ou Argoin, ou ainda Agonios.
O grande jornalista, historiador, sociólogo e escritor negro Clóvis Moura, que residiu em São Carlos, SP, no início
dos anos 70, em sua obra inaugural “Rebeliões da Senzala”, cita trecho de uma declaração destes negros
insurgentes: “Em Portugal proclamou-se a Constituição que nos iguala aos brancos: esta mesma Constituição
jurou-se aqui no Brasil. Morte ou Constituição decretamos contra pretos e brancos: morte aos que nos oprimiram,
pretos miseráveis! No campo da honra derramai a última gota de sangue pela Constituição que fizeram os nossos
irmãos de Portugal”. Em junho de 1821 esse movimento negro abolicionista chegou a reunir próximo à Vila de
Ouro Preto, cerca de 15.00 negros. Ainda que tenha conquistado a simpatia de muitos brancos abolicionistas que
também apoiavam a nova constituição Portuguesa, o movimento foi duramente reprimido. Muitas batalhas forma
travadas e esta revolta contribuiu para fermentação social que levou à Independência do Brasil do Reino de
Portugal em 07 de setembro de 1822. Após a Independência, o movimento negro constitucionalista, que
acreditava que com a Independência brasileira obteriam a sonhada liberdade e igualdade de direitos, viu-se
enganado e dilui-se. Não se sabe ao certo quantos mortes essa revolta provocou, mas acredita-se que no mínimo
1000 negros foram mortos pela forças de repressão do Exército.