Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Biografia
António Maria de Fontes Pereira de Melo nasceu a 8 de setembro de 1819,
filho de D. Jacinta Venância Rosa da Cunha Matos e João de Fontes Pereira
de Melo, que foi governador de Cabo Verde por duas vezes. Fontes Pereira de
Melo nunca chegou a ser governador de Cabo Verde, mas no entanto foi eleito
deputado pelas ilhas, o que o impulsionou para uma grande carreira política
futura, e ser um dos principais políticos portugueses do séc. XIX.
Em 1832, com 13 anos, Fontes Pereira de Melo foi estudar para a Academia
dos Guardas Marinhas. Por esta altura travava-se a guerra civil portuguesa
entre liberais constitucionalistas e miguelistas. Fontes Pereira de Melo
participou no combate de 10 de outubro, comandado pelo almirante Charles
Napier, que contribuiu com todos os recursos da sua marinha para repelir as
tropas miguelistas, comandadas pelo Marechal de Bourmont. Fontes Pereira
de Melo volta para a Academia após cumprir o seu dever com a pátria, e é
recompensado com prêmios e aprovado com distinção, chegando a receber no
seu curso um prêmio para recompensar o mérito relevantíssimo, sendo este
um prêmio muito prestigiado. Acabando o seu curso, Fontes Pereira de Melo
matriculou-se na Academia de Fortificação, onde se distinguiu em
engenharia.
Em 1839, o seu pai é nomeado a governador de Cabo Verde, e Fontes
Pereira de Melo vai acompanhá-lo como ajudante, incitando-o a desenvolver
as obras públicas da província, escreve uma grande quantidade de relatórios e
ainda colabora como engenheiro nas obras públicas.
Em 1843 seu pai termina o governo e regressa à metrópole, no entanto
Fontes Pereira de Melo fica em Cabo Verde pois havia-se apaixonado por uma
filha de negociante, D. Maria Josefa de Sousa, com quem tem uma filha.
Infelizmente, ao regressarem para Lisboa a sua mulher e única filha
faleceram, o que provocou a Fontes Pereira de Melo um desgosto tão grande
que este ficou um ano sem sair de casa.
Em 1846 deu-se a Revolta da Maria da Fonte, onde o Duque de Saldanha
encarregou-se de ir ao encontro das tropas revolucionárias. Fontes Pereira de
Melo era um dos seus melhores oficiais, e desempenhou com bravura missão
de reconhecimento do campo de batalha em Torres Vedras, o que, dito pelo
Duque mais tarde, foi este excelente reconhecimento um fator de vantagem
para a escolha e estudo das posições que lhes garantira a vitória.
Pouco depois, Fontes Pereira de Melo é eleito deputado por Cabo Verde,
onde tinha grandes simpatias. Mas no entanto a sua candidatura foi rejeitada
pela comissão de 31 de março de 1848. Fontes Pereira de Melo defende-se e
estreia positivamente, sendo apoiado por António José de Ávila, mais tarde
Duque de Ávila. A câmara voltou a rejeitá-lo, e em vista dessa rejeição, o
presidente convidou a comissão a redigir um parecer conforme a deliberação
da assembleia, ao qual a comissão respondeu demitindo-se, dando lugar a
uma nova disputa, onde alguns dos membros acabaram por retirar a sua
demissão. Três dos que persistiram em mantê-las foram substituídos por
António José de Ávila, José Lourenço da Luz e Augusto Xavier da Silva, e
após reconstituida a comissão, Fontes Pereira de Melo tornou-se deputado.
Fontes Pereira de Melo tratou de mostrar o seu talento e competências.
Defendeu incansavelmente o governo liderado pelo Duque de Saldanha na
câmara e nas comissões, mas mesmo assim, não conseguiu impedir a queda
do governo, devido à crescente instabilidade política e às divisões no interior
do próprio.
Costa Cabral volta ao poder, começando aí o período oposicionista de
Fontes. Em 1850, o governo apresentou uma lei que impunha restrições à
liberdade de imprensa, conhecida por “Lei das Rolhas”. Fontes Pereira de
Melo demonstra-se um belo e digno intérprete dos sentimentos nacionais ao
fazer um notável discurso contra a lei.
Em 1851 rebentou a insurreição contra Costa Cabral, iniciada pelo Duque
de Saldanha e com apoiantes em todo o país, o que viria a tornar-se o período
da Regeneração. Fontes Pereira de Melo foi uma figura importante da
Regeneração, e manteve sempre uma oposição ao ministério de Costa Cabral.
No mesmo ano o governo cai e organiza-se um governo de transição chefiado
pelo Duque da Terceira, mas após a entrada em Lisboa e popular aclamação,
Duque do Saldanha toma o poder das mãos do ministério de transição. No
ministério formado pelo Duque entravam vários representantes do Partido
Progressista, como Jervis de Atouguia, Marquês de Loulé, Joaquim Filipe de
Soure e Ferreira Pestana, estes últimos três tendo ficado pouco tempo no
governo, sendo substituídos por Rodrigo da Fonseca Magalhães e Fontes
Pereira de Melo. Rodrigo da Fonseca Magalhães pôs termo à instabilidade
política que se vivia e tratou de dar ao país tranquilidade. Fontes Pereira de
Melo que partilhava dessas mesmas ideias, pretendeu restituir a ordem da
administração e de fazer o país progredir e acompanhar os outros países que
eram transformados por melhoramentos e inovações.
Fontes liderou por pouco tempo o Ministério da Marinha, mas no pouco
tempo aplicou importantes reformas que transformaram Portugal.
Graças a esta arrojada iniciativa de Fontes, reorganizou-se
financeiramente o país e remodelou-se o perímetro do município de Lisboa.
Após a morte inesperada da rainha D. Maria II a 15 de novembro de 1853,
tendo o seu filho primogénito D. Pedro 16 anos, levou ao enfraquecimento do
governo e a Costa Cabral e ao Conde da Taipa a formarem uma forte oposição,
a qual Fontes Pereira de Melo rebateu batendo-se na tribuna, manifestando
não só os serviços que a sua administração prestara aos empregados, como as
suas contribuições para o progresso de Portugal. Fontes Pereira de Melo vai
também tratar de restabelecer o crédito do país no estrangeiro, mas para que
a Bolsa de Valores Londrina desse cotação aos fundos portugueses, Fontes
Pereira de Melo viu-se obrigado a criar impostos.
A oposição conseguiu, no entanto, agitar o país, e sem condições para
governar, o governo demite-se a 6 de Junho de 1856. O governo que sucedeu
foi o do Duque de Loulé, que anuncia um programa semelhante aos seus
antecessores.
Duque da Terceira volta ao poder em 1859, porém, ao morrer em 1860, o
governo passa para Duque de Loulé novamente.
A 13 de setembro de 1871, o partido regenerador volta ao poder, presidindo
Fontes Pereira de Melo. Este governo restituiu o país, elevando o crédito e
riqueza pública, e conseguiu remediar os efeitos da crise bancária de 1876.
O governo demite-se em 1877 ao enfrentar dificuldades nos debates
parlamentares, sendo chamado o Marquês de Ávila para construir governo,
que só durou um ano.
Fontes Pereira de Melo apercebeu-se, após uma oposição de deputados nas
eleições de 1878, que não valia a pena manter um governo fraco, e com isto
em maio de 1879 pediu demissão do gabinete.
Em 1881 foi-lhe dada presidência da Câmara dos Padres, após a morte do
Duque de Ávila. No dia 11 de novembro desse mesmo ano, Fontes Pereira de
Melo encarregue de organizar novo governo, com missão principal de
modificar a constituição do Estado por um novo Ato Adicional à Carta
Constitucional, que transformava a câmara dos pares de hereditária a
vitalícia. Na responsabilidade de Fontes Pereira de Melo estava também a de
uma nova reforma de organização do exército.
Em 22 de janeiro de 1887, Fontes Pereira de Melo falece, após o término da
sua terceira chefia, e a sua morte causou grande sensação, tanto aos seus
amigos como adversários, e a sua falta foi sentida. Fontes Pereira de Melo foi
sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Jazigo de família.