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Trabalho 25 de abril

- A luta armada na guerra colonial portuguesa;


Nos anos 50 e 60, tornou-se difícil para o Governo Português manter a sua
política colonial. Depois da Segunda Guerra Mundial, e com a aprovação da
Carta das Nações Unidas, o Estado Novo viu-se obrigado a rever a sua política
colonial e a procurar soluções para o futuro do nosso império. Desde logo, a
questão colonial tinha um grande interesse económico por parte de Portugal
uma vez que tinha em vista uma produção de larga escala de produtos tropicais,
sendo eles o sisal, o açúcar, o café, o algodão e óleos vegetais, dando particular
importância ao rico subsolo de Angola, ao ter em atenção os seus recursos
naturais de petróleo, diamantes, carvão e minério de ferro para o mercado
externo. O negar da possibilidade de autonomia das colónias africanas, fez
extremar as posições dos movimentos de libertação que, se foram formando na
África portuguesa. O confronto armado iniciou-se no norte de Angola, em
março de 1961, dirigido por Agostinho Neto sendo interveniente a MPLA
( Movimento Popular de Libertação de Angola). Já em Moçambique, a luta é
dirigida pela FRELIMO ( Frente de Libertação de Moçambique) fundada em
1962. A guerra estende-se no ano de 1964. Na Guiné, distingue-se o PAIGN
(Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde) em 1956, fundado por
Amílcar Cabral e a guerra alastrou-se em 1963. Portugal viu-se envolvido em
duras frentes de batalha que, como consequências humanas trouxe cerca de
8000 mortes e cerca de 100 000 ficaram feridos e incapacitados. Também
economicamente despendeu-se 40% do orçamento Geral do Estado na
destruição das capitais coloniais e gastos excessivos para a manutenção da
guerra, onde a população portuguesa se encontrava muito descontente. Depois
de terminados os conflitos com Portugal estes territórios continuaram com
guerras civis. As colónias conseguiram a sua independência entre 1974 e 1975.
A resistência portuguesa ultrapassou, em muito, os prognósticos da
comunidade internacional, que previam a capitulação rápida desta nação
pequena e economicamente atrasada. De referir que, as mulheres tiveram um
papel fundamental na guerra colonial, da tradicional retaguarda à participação
ativa num conflito em que assistiram feridos, carregaram armas e ganharam
consciência política.

- Razões da revolução de abril de 1974;


A revolução de abril que ocorreu principalmente no dia 25 de abril, foi levada a
cabo pelo major Otelo Saraiva de Carvalho e ficou conhecida pela Operação “
Fim-Regime”. As razões para esta operação foi principalmente a insistência na
questão da guerra colonial, onde o descontentamento dos portugueses era
bastante visível uma vez que, 40% do Orçamento Geral do Estado despendia da
guerra do ultramar. A equiparação dos oficiais milicianos aos oficiais do quadro
que gerou uma contestação generalizada nos oficiais do quadro permanente,
centrada na classe dos capitães, de longe a mais sacrificada. Assim, esses oficiais
começam a sua contestação, uma vez que, por essa lei, os oficiais vindos da
classe dos milicianos, uma vez findo o curso na Academia Militar e promovidos a
capitães, agora do quadro permanente, iria ultrapassá-los. Outra razão, foi a
falta de liberdade imposta pelo sistema político opressor. Esta falta de liberdade
surgia quando não se podia dizer mal do Governo, nem dar a entender alguma
opinião contrária. Tudo passava pelo rigoroso “lápis azul” da censura e era
comum livros, músicas, desenhos e notícias serem apreendidos por porem em
causa a ordem pública. Também não era permitido grupos de pessoas juntarem-
se para falar ou a discutir ideias, muito menos podiam existir associações ou
reuniões. As dificuldades económicas estavam presentes nas famílias
portuguesas que faziam de tudo para sustentar o seu seio familiar e levavam
por vezes às más condições em que viviam. Também, a proibição da existência
de partidos políticos e a ausência de eleições livres criava um
descontentamento da população e as mulheres só podiam votar se tivessem o
ensino secundário. As mulheres, principalmente eram alvo de uma
discriminação em que enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se
podiam casar, e as professoras tinham de ter uma autorização especial. Já para
saírem sozinhas do país, todas as mulheres casadas precisavam da autorização
do marido. Todas estas razões, foram o motivo pela qual, no dia 25 abril de
1974 saíram de casa todos os portugueses para vivenciar esta revolução e a
transformação que iria sofrer o sistema português.

- Cronologia dos acontecimentos do 25 de abril de 1974;


Tudo começa no dia 24 de abril:
22h00 - é instaurado o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas
(MFA) onde Otelo e mais cinco oficiais, no Regimento de Engenharia 1.
22h55 - a canção “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, é veiculada pelas
Emissoras Associadas de Lisboa. Essa era uma das senhas para informar a
população que as operações estavam a começar.

Dia 25 de abril:
00h25 - a segunda senha — a que ficou mais conhecida como símbolo da
Revolução — é tocada: “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, passa no
programa Limite, da Rádio Renascença, confirmando que os militares estavam
em marcha definitiva.
Entre essas operações, estavam ocupações de locais estratégicos, como: Rádio e
Televisão de Portugal (RTP); Emissora Nacional, Rádio Clube Português (RCP);
Aeroporto de Lisboa; Quartel-General; Estado-Maior do Exército; Ministério do
Exército; Banco de Portugal; e Marconi Comunicações Internacionais, que foram
ocupados simultaneamente, a partir da 0h:30min do dia 25 de abril.
3h00 – Surge a primeira comunicação de cumprimento de objetivo ao PC ( “
Acabámos de ocupar MÓNACO sem incidentes”)
4h26 - o MFA apresenta o seu primeiro comunicado, no Rádio Clube Português.
Os comunicados foram frequentes ao longo do dia.
4h30 – Estão concluídas as ocupações das emissoras de rádio e televisão, do
aeroporto da Portela e do Quartel-General da Região Militar de Lisboa, entre
outras.
6h00 – Efetivos da EPC de Santarém, sob o comando de Salgueiro Maia, chegam
ao terreiro do paço.
9h00 – Salgueiro Maia procura evitar confrontos parlamentando com as forças
fiéis ao Regime.
10h00 – As forças militares estacionadas na Rua do Arsenal passam-se para o
lado dos revoltosos.
12h30 – Salgueiro Maia cerca o Quartel da GNR, no Largo do Carmo, onde
Marcelo Caetano se refugiara.
14h30 – Forças fiéis ao regime cercam os revoltosos no largo os revoltosos no
Largo do Carmo. Sendo, por sua vez, cercadas por outra coluna do MFA, acabam
por retirar ou aderir ao movimento.
17h30 – O general Spínola chega ao quartel, onde recebe a rendição de
Marcello Caetano.
19h30 – O ex-chefe do governo é retirado do quartel dentro de um carro
blindado.
19h50 – Através da RTP, um comunicado do MFA anuncia a queda do regime.
20h20 – 250 agentes da DGS que se encontram cercados na sede disparam
sobre os manifestantes fazendo 4 mortes e cerca de três dezenas de feridos.
Mais tarde será abatido um agente que tenta fugir.
22h00 – Spínola e Costa Gomes reúnem na pontinha com a coordenação do
MFA.
Dia 26 de abril:
01h25 – A junta de Salvação Nacional apresentam-se ao país via RTP. O general
Spínola, seu presidente, lê o Programa do MFA.
9h30 – A polícia política rende-se. Marcello Caetano, Américo Tomás e alguns
ministros chegam à ilha da Madeira, de onde, dias depois, partirão para o Brasil.

- Cantores de intervenção e algumas canções proibidas na época;


Era chamado «cantores de intervenção», para quem a arte era sobretudo um
veículo de divulgação dos ideais políticos mais marcantes da época. Ficaram
conhecidos principalmente José Afonso ( Zeca Afonso) mas também outros
como é o exemplo de Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco e Luís Cília.
Na altura, a canção foi um veículo de dinamização e mobilização das pessoas
mas também de perseguição a estes cantores pelo regime do Estado Novo,
muitos deles chegando a ser presos ou exilados. É o exemplo da canção de Zeca
Afonso ( “A formiga no carreiro” ) que foi editada porque a fábula expressa
nessa composição parece não ter sido interpretada pelos serviços de censura. A
canção mais marcante foi de facto a “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso ou
a “Tourada” de Fernando Tordo que se tornaram intemporais e fizeram história.
A “Grândola, Vila Morena” é a canção emblemática da revolução dos cravos e
de todos os que participaram no Movimento das Forças Armadas ( MFA); é o
sinal para avançar com as tropas para derrubar o regime vigente de Marcelo
Caetano; é o símbolo da vitória da democracia. Quanto à letra da canção,
observamos que se faz o elogio de determinados valores e, de forma
subentendida, a denúncia dos desvios e aberrações das instituições político-
sociais salazaristas. Além desta, também outras canções ficaram conhecidas e
foram proibidas como é o exemplo: “Trova do Vento Que Passa” de Adriano
Correia de Oliveira; “Queixa das Almas Jovens Censuradas” de José Mário
Branco; “O Povo Unido Jamais Será Vencido” de Luís Cília; “O Patrão e Nós”, de
Fausto; “Somos Livres” de Ermelinda Duarte; “Letra Para Um Hino” de
Francisco Fanhais; …

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