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EDITORIAL
Academias de História Militar Terrestre
do Brasil (FAHIMTB).
EDITOR
Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
Presidente da AHIMTB/RS
Vice do IHTRGS Neste número do Informativo da AHIMTB/RS prestigiamos a
lecaminha@gmail.com participação de um confrade residente em Resende, Estado
do Rio de Janeiro. Ele nos descreve a Heráldica Militar,
assunto que no Brasil deveria ser melhor tratado, posto que,
PROJETO GRÁFICO/DESIGN
Fabricio Gustavo Dillenburg na área militar, traduz o que existe de bom no que se refere
Núcleo de Estudos de História às tradições, tão caras entre nós. O Cel Paiva Filho nos mostra
Militar Vae Victis muito bem tudo isso.
nucleomilitar@gmail.com
E o trabalho de divulgação da História Militar continua, em
ENDEREÇOS VIRTUAIS que pesem as restrições orçamentárias. O site da AHIMTB/
acadhistoria@gmail.com RS está no ar já há alguns dias e já tem mostrado um bom
www.acadhistoria.com.br volume de acessos e de tráfego.
12 TERTULIANO
POTIGUARA
por Rogério Rosa Rodrigues
15 NOVIDADES
A AHIMTB/RS comunica sobre o
recebimento de CD-ROM, lançamento de
livros e fala sobre a Cruzada Albigense.
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15
12
Cel João da Costa Paiva Filho
I – INTRODUÇÃO de um quarto ou de um sexto
“FORAM CRIADOS da largura deste. As peças po-
Desde a mais remota era os dem reduzir-se a metade da
homens utilizavam cores e
ESCUDOS COM
sua largura e, então, recebem
símbolos variados para iden- DESENHOS designações diferentes;
tificação de pessoas, lugares e CARACTERÍSTICOS DE
aspectos ligados à nobreza e CADA CONTENDA. Lei da estilização - dentro do
ao militarismo. CADA SÍMBOLO campo do estudo as figuras
IDENTIFICAVA UM nunca podem apresentar-se
A heráldica, ou armaria, com- na sua forma naturalista. Têm
pondo esta tendência é a ci- CAVALEIRO.”
de beneficiar sempre de uma
ência que estuda os brasões estilização que ajude a encher
e estabelece as normas e pre- e a decorar o campo.
ceitos a que se subordinam a Com o passar dos tempos,
confecção e o uso de escudos feudos e condados adota-
ram os brasões de seus se- Termos comumente
de armas por qualquer enti-
nhores como símbolos locais
dade. utilizados em heráldica:
e, por conseguinte, passa-
ram a representar cidades,
No decorrer da Idade Média, províncias e entidades mili- - abismo = centro geométrico
por ocasião das Cruzadas, os tares. do brasão.
cavaleiros e seus partidários
enfrentavam seus oponentes Na atualidade, países, esta- - adamascado = florações de-
cobertos por armaduras e el- dos, municípios, universi- corativas incluídas nas figuras.
mos, sendo necessário criar dades, organizações civis, - animais = mais comuns: leão
uma forma de identificação nobreza e principalmente as e águia, representam a pró-
que evitasse confronto entre unidades militares utilizam pria característica acreditada
aliados. como símbolos os mais va-
a cada animal. Pode ser in-
riados tipos de brasões.
cluída qualquer espécie com
Por convenção, foram criados
determinado significado, para
escudos com desenhos carac-
II – DESENVOLVIMENTO comporem os brasões. Deve-
terísticos de cada contenda,
se considerar a posição em
sendo que cada símbolo ado-
tado identificava determina- que são desenhados.
A. Conceitos Básicos
do cavaleiro, seus pertences e
montarias, servindo até mes- - armorial = livro registro dos
Lei da iluminura - não pode
mo para identificar os mortos brasões.
juntar-se metal com metal e
e feridos em combate. cor com cor; pode, todavia,
juntar-se pele com pele, pele - brasão (ou escudo) = con-
A palavra heráldica origina- com metal e pele com cor; junto de peças, figuras e orna-
se de “heralds”(mensageiro, mentos disposto sobre o cam-
anunciador), designativo dos Lei das proporções - a base po do próprio escudo ou fora
oficiais encarregados pelos do campo do escudo é o dele, representativos de uma
senhores feudais para compo- quadrado. As peças, os mó- pessoa ou entidade.
rem seus brasões e para servi- veis e as figuras, consoantes
rem como arautos dos feitos e ao seu número, relacionam- - castelo e torre = represen-
da bravura de seus patrões e se com a superfície do cam- tam baluartes defensivos e re-
chefes militares. po do escudo, na proporção sidências dos nobres.
6 O TUIUTI
AHIMTB/RS to). Cada cor tem simbolismo definidas em relação à frente
próprio, exprimindo virtudes, do cavaleiro que o conduz.
- cruz = representam a divin- idéias ou sentimentos.
dade, símbolo maior dos cru- Quanto à forma pode variar
zados. - paquife = espécie de pena- de acordo com a época, o ma-
cho pendente dos elmos. terial e o local onde foi criado.
- divisa = conjunto de dizeres Não há um padrão universal,
sob o brasão, contendo nor- - peninsular = forma básica do cada país adota o tipo que
malmente legendas morais escudo, terminado em arco. mais se identifica com sua
ou denominações toponími- própria história.
cas. - quartel = cada uma das qua-
tro divisões de um escudo. A parte superior, denominada
- elmo = capacete utilizado pe- chefe, é a principal e mais no-
los cavaleiros feudais e repre- - suportes = figuras que sus- bre, onde devem ser inseridas
sentativo do grau de nobreza tentam os escudos, se forem as figuras principais.
de seu portador. Normalmen- humanas são denominadas
te são incluídos acima e fora de tenentes. No interior dos brasões com-
dos escudos. pondo as figuras, aparecem as
palas, faixas, bandas e bordas.
- escudetes = pequenos escu- B. Composição dos Brasões
dos, inseridos no brasão prin-
cipal. A confecção de um brasão Heráldica Militar
obedece a regras bem defi-
- figuras quiméricas = grifo, nidas pela heráldica, sendo Este ramo se confunde com a
unicórnio, dragão, centauro, comum acrescentar um elmo heráldica real, especialmente
harpéa, sereia, pégaso, qui- com paquife, ou uma coroa quando se observa a composi-
mera, etc. compõem as repre- com acessórios. ção dos mais remotos brasões
sentações relativas a mitos e militares, os quais se apropria-
lendas. Podem também apa- Cada brasão é partido interna- ram de símbolos e modelos
recer figuras humanas e geo- mente em nove partes, com o usados por comandantes do
gráficas. posicionamento das figuras período medieval.
considerando a destra (direi-
- flor-de-lis = representa ca- ta) ou a sinistra (esquerda),
racterísticas familiares, poder METAIS E ESMALTES v
e soberania.
C. Brasões Militares do
Exército Brasileiro
BRASÃO DE ARMAS DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
^ PELES
Descrição Heráldica
do nas garras uma estrela de I - as armas de Silva: de argent jalde (ouro) e de goles (verme-
oito pontas de prata, simboli- (prata), um leão rompante, de lho), postos em aspa;
zando: a figura mitológica do purpure (púrpura), armado de
grifo, a vigilância e a guarda blau (azul), por diferença uma V - as armas de Soromenho:
na defesa da Pátria e da lei, e brica com um farpão, de sable de goles (vermelho), uma pe-
a estrela de oito pontas, a ne- (preto); reira, de sinople (verde), fruta-
cessidade de se agir em todos da de argent (prata), entre um
os pontos cardeais, em busca II - as armas de Fonseca: de crescente e uma flor-de-lis,
da união; o elmo, simbolizan- jalde (ouro), cinco estrelas de ambos de jalde (ouro);
do o militar, de prata e forra- cinco pontas, de goles (ver-
do de púrpura, a três quartos melho), postas em aspa; VI - as armas de Silveira: de ar-
para destra com correia azul, gent (prata), três faixas, de go-
paquife e virol de azul e ver- les (vermelho).
melho. Tem por insígnia, num
listel de verde, ondulado, so- Elmo gradeado, de argent
toposto ao escudo em letras (prata), a três quartos para a
de ouro: Exército Brasileiro - destra.
1648."
Paquife e Virol de jalde (ouro),
goles (vermelho), purpure
(Dec. 94.336, de 15/05/87, al- (púrpura), argent (prata), blau
terado pelo Dec. 1.531, de 22 (azul) e sinople (verde).
de junho de 1995) Coronel de Duque.
SÍMBOLO DO EXÉRCITO
Tertuliano de
Albuquerque
Potiguara
Tertuliano de Albuquerque Potiguara (So-
bral, 27 de abril de de 1873 - Rio de Janei-
ro, 30 de setembro de 1957) foi oficial do
Exército Brasileiro, patrono da 5ª Brigada
de Cavalaria Blindada.
Sempre do lado legalista, combateu a Revolta Paulista de 1924, comandando a Brigada Potigua-
ra sob ordens do General Eduardo Sócrates, lutando contra os tenentes rebelados do Exército e
da Força Pública de São Paulo, liderando a repressão no bairro da Mooca. Em 1932, ao lado dos
tenentes contra os quais havia lutado 8 anos antes, combateu contra a oligarquia paulista que
promovia uma Revolta Constitucionalista.
Foi eleito deputado federal pelo Ceará na Primeira República. Ao receber pelo correio uma enco-
menda, sofreu um atentado ao explodir uma dinamite, arrancando-lhe um braço. Morreu no Rio
de Janeiro.
Em 31 de outubro de 1974,
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AHIMTB/RS 13
uma rua de Fortaleza foi bati-
zada com o seu nome, assim coronel Estillac Leal, requisi-
como a 5ª Brigada de Cava- tando tropas de apoio. Diante
laria Blindada, unidade do da demora do reforço militar,
Exército Brasileiro sediada em a sua frente tem dezenas de
Ponta Grossa. baixas, pela primeira vez se
encontra numa situação de-
A 5ª Brigada de Cavalaria Blin-
sesperadora. Mas enfim chega
dada (5ª Bda C Bld), também
o reforço, assim fazendo que
conhecida como Brigada Ge-
Adeodato e os seus piquetes
neral Tertuliano de Albuquer-
debandarem desordenada-
que Potyguara, é uma das
mente. Em consequência da
Brigadas Militares de Área do
Brasil. Sua sede localiza-se em demora do reforço, os dois
Ponta Grossa, no Paraná. É ad- oficiais no comando discu-
ministrado pela 5ª Divisão de têm um ferrenho combate tem violentamente, mas são
Exército, com sede em Curiti- com os pares de França e vá- contidos pelos outros oficiais.
ba (Paraná). rios piquetes de jagunços, Após, o coronel ordena para
mas enfim assume o reduto que incendeiem o reduto, re-
e também o incendeia. A lí- tornando a vila de Canoinhas.
Alguns fatos da Cronologia der Maria Rosa resolve aban-
de Tertuliano Potiguara na donar reduto de Perdizinhas, “Se do estudo dos atuais acon-
Guerra do Contestado buscando proteção em Santa tecimentos resultar alguma li-
Maria. ção proveitosa, bendito seja o
Março de 1915 - Coluna Leste - sangue que vai correr”. Assim
O capitão Tertuliano Potygua- Abril de 1915 - A frente do ca- o tenente Francisco de Paula
ra no comando de quinhentos pitão Potyguara confronta-se Cidade encerrava sua análise
soldados, dois oficiais e um pi- com os jagunços, forçando-os sobre o conflito do Contes-
quete de vaqueano percorre a abandonar o reduto Perdizi- tado, em pleno andamento
as cercanias de vila de Itaiópo- nhas, refugiando-se em Santa quando seu artigo foi publica-
lis. Como não obteve sucesso, Maria. O capitão ordena a seus do, na revista A defesa nacio-
improvisa acampamento na soldados incendiar o reduto, nal, no dia 14 de outubro de
vila. seguindo para Santa Maria. 1914.
Abril de 1915 - Potyguara en-
Março de 1915 - Coluna Oeste via Carneirinho a intimar os A frase expressa bem a per-
- a frente do capitão Tertulia- líderes a depor as armas e a cepção dos militares sobre o
no Albuquerque Potyguara, se entregar, onde seriam tra- papel da história no desen-
no comando de quinhentos tados como prisioneiros de volvimento da corporação.
soldados, dois oficiais e um pi- guerra. Do contrário, deveriam O sacrifício de alguns é justi-
quete de vaqueano legalista liberar os doentes, mulheres, ficado se estiver a serviço de
destroi e incendeia os redutos velhos e as crianças, evitando uma causa maior. Neste caso,
de Ignácio Lima, Aleixo Lima, assim muitas mortes desne- a causa maior era pensada em
Maria Rosa, Tamanduá e Trai- cessárias. A frente do capitão dois planos: a nação ficaria li-
ção. Potyguara entra no reduto de vre dos “fanáticos” rebeldes, e
Santa Maria no sentido oeste o Exército sairia fortalecido se
Abril de 1915 - A frente do ca- e encontra-o completamente soubesse usar essa experiên-
pitão Potyguara, dois oficiais abandonado. Adeodato e os cia a seu favor.
e um piquete de vaqueano seus piquetes atacam de sur-
legalista, destroi e incendeia presa, pegando as tropas num No cenário internacional, vi-
o reduto Traição, Faxinal, Rein- fogo cruzado. O capitão envia via-se a Primeira Guerra Mun-
chardt. No reduto Caçador um mensageiro a frente do dial (1914-1918). As questões
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AHIMTB/RS e quase intransitáveis. Arrasei sacrificar a vida de soldados
perto de cinco mil casas, dez em uma operação suicida e
militares estavam em evidên- igrejas e inúmeros ranchos de preferir fuzilar os inimigos
cia, e o ambiente era favorável de palha, tendo apreendido a fazê-los prisioneiros. Nada
a propostas de modernização grande número de armas e que manchasse sua reputa-
das Forças Armadas. Mas a munição de guerra. ção, uma vez que foi eleito
própria composição das tro- deputado federal pelo Ceará
pas no Contestado era um Sua fama foi consagrada pela (1926), atingiu os mais altos
exemplo de como estávamos atuação no Contestado, como postos da hierarquia militar e
distantes das novidades téc- se verifica no culto que o Exér- foi homenageado com nome
nicas e estratégicas em vigor cito lhe concede até hoje. Mas de rua em Fortaleza (1974):
na Europa. Ao lado de oficiais sua gesta guerreira não se res- ainda participou de ação con-
experientes, alguns treinados tringe ao combate aos guer- tra os revoltosos da ofensiva
na Alemanha, havia jovens to- reiros de João Maria. Parte de Tenentista em agosto de 1924
talmente despreparados, par- sua fama viria de episódios em São Paulo. No mesmo mês,
ticipando pela primeira vez de posteriores ao conflito. Em perdeu o braço esquerdo em
uma operação de confronto 1918, o major Potiguara atuou atentado no Quartel-General
direto. Entre os praças, a situa- na Primeira Guerra Mundial da Brigada. Em 1926, foi pro-
ção era especialmente dramá- junto às forças francesas no movido ao posto de general
tica. Uma parcela considerável ataque a St. Quentin, feito que de divisão e atuou na Revolta
foi recrutada de última hora. lhe garantiu elogios oficiais do Constitucionalista (1932). Até
Não conhecia as condições governo francês pela bravura hoje é celebrado como herói
físicas e climáticas da região e empenho. Foi condecorado nas escolas de formação de
conflituosa, tampouco o tipo com a Cruz de Guerra e Palma oficiais do Exército brasileiro.
de inimigo que combateria. e promovido a tenente-coro-
Herói contestado nel.
Novidades
CD-ROM Fortalezas
A AHIMTB/RS recebeu, através do acadêmico Cel Antônio Augusto Vianna de Souza, o
qual recebeu através do Cel BMRS Elson Augusto de Abreu Barisch, o CDRom FORTALEZAS
MULTIMÍDIA, contendo as defesas do RS e de SC durante o século XVIII.
Ordens Honoríficas
Através do nosso Correspondente em
Lisboa recebemos o livro "Os Pupilos
do EXército eas Ordens Honoríficas
Portuguesas".
Fonte: descrição do livro: BURL, Audrey. Hereges de Deus - A Cruzada dos Cátaros e Albigenses.
São Paulo: Madras, 2005.
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A FAHIMTB E SUA ANTECESSORA, A AHIMTB O TUIUTI
Informativo oficial da AHIMTB/RS
A Academia de História Militar Terrestre do Brasil
(AHIMTB) foi fundada em Resende, RJ, em 1º de
março de 1996 e reorganizada em 23 de abril de 2012 Para visualização, recomendamos o
como Federação de Academias de História Militar uso de um leitor de PDF atualizado
Terrestre do Brasil (FAHIMTB), com sede no interior da (ADOBE Reader ou equivalente,
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e mais versão 5.0 ou superior) com as
cinco academias federadas: opções do Menu View, ítem Page
Display, Two Page VIew, Show Gaps
- A AHIMTB/RESENDE – Academia Marechal Mário Between Pages e Show Cover Page
Travassos, junto à FAHIMTB na AMAN e presidida pelo in Two Pages View ligadas. Dessa
acadêmico emérito Cel Claudio Moreira Bento; forma, o informativo será exibido na
forma projetada.
- A AHIMTB/Distrito Federal – Academia Marechal José
Pessoa, com sede no Colégio Militar de Brasília, sob a Caso seu programa esteja em
presidência do acadêmico emérito Gen Div Arnaldo Português, escolha no Menu
Serafim; Visualizar, o ítem Exibir Página,
clique em Exibição em Duas
- A AHIMTB/Rio de Janeiro – Academia Marechal João Páginas e Exibir Página de Rosto
Batista de Mattos, com sede na Associação Nacional em Exibição em Duas Páginas.
dos Veteranos da FEB (ANVFEB/RJ) e sob a presidência
do acadêmico emérito Eng Ten R/2 Art Israel Blajberg;