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O TUIUTI

Informativo oficial da AHIMTB/RS

Órgão de divulgação das atividades da


Academia de HIstória Militar Terrestre
do Brasil / Rio Grande do Sul (AHIMTB/
RS) - Academia General Rinaldo Pereira
da Câmara - e do Instituto de História
e Tradições do Rio Grande do Sul
(IHTRGS). Membro da Federação das

EDITORIAL
Academias de História Militar Terrestre
do Brasil (FAHIMTB).

EDITOR
Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
Presidente da AHIMTB/RS
Vice do IHTRGS Neste número do Informativo da AHIMTB/RS prestigiamos a
lecaminha@gmail.com participação de um confrade residente em Resende, Estado
do Rio de Janeiro. Ele nos descreve a Heráldica Militar,
assunto que no Brasil deveria ser melhor tratado, posto que,
PROJETO GRÁFICO/DESIGN
Fabricio Gustavo Dillenburg na área militar, traduz o que existe de bom no que se refere
Núcleo de Estudos de História às tradições, tão caras entre nós. O Cel Paiva Filho nos mostra
Militar Vae Victis muito bem tudo isso.
nucleomilitar@gmail.com
E o trabalho de divulgação da História Militar continua, em
ENDEREÇOS VIRTUAIS que pesem as restrições orçamentárias. O site da AHIMTB/
acadhistoria@gmail.com RS está no ar já há alguns dias e já tem mostrado um bom
www.acadhistoria.com.br volume de acessos e de tráfego.

Na visitação às biografias de militares e civis que se


O i nformat i vo O Tu iut i é uma destacaram nas diversas fases da História do Brasil trazemos
publicação da Academia de História
Militar Terrestre do Brasil, seção
o cearense General Tertuliano Albuquerque Potiguara, figura
Rio Grande do Sul e do Instituto de de grande destaque na Revolta da Vacina, na Revolta do
História e Tradições do Rio Grande Contestado, na participação do Brasil na 1ª Guerra Mundial e
do Sul. Seu objetivo é a divulgação na Revolução Paulista de 1924, além de outras passagens da
dos trabalhos das duas entidades,
vida nacional.
bem como da História Militar e temas
relacionados. Os textos publicados
expressam única e exclusivamente a Prosseguimos, portanto. Este Informativo chega até Portugal,
opinião dos autores, não refletindo, onde a FAHIMTB possui uma Delegacia, sediada em Lisboa,
necessariamente, a opinião da na figura do Dr. Rui Vargas. O efeito multiplicador é também
AHIMTB/RS, do IHTRGS, da FAHIMTB,
ou de seus membros, como um todo. evidente, o que é motivo de agradecimento aos recipiendários,
O material publicado no informativo está o que a Presidência agora o faz.
protegido por Leis Internacionais
de Copyright. Para publicação e/ou
redistribuição, por favor, entre em Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
contato com o Editor. Editor
CONTEÚDO
4 HERÁLDICA
MILITAR
por Cel João da Costa Paiva Filho

Interessantes aspectos da simbologia


militar, com um estudo de origens,
formas, cores e disposição.

12 TERTULIANO
POTIGUARA
por Rogério Rosa Rodrigues

Combateu a Revolta Paulista de 1924,


foi Deputado pelo Ceará. A 5ª Brigada
de Cavalaria Blindada tem o seu nome.

15 NOVIDADES
A AHIMTB/RS comunica sobre o
recebimento de CD-ROM, lançamento de
livros e fala sobre a Cruzada Albigense.
4

15

12
Cel João da Costa Paiva Filho
I – INTRODUÇÃO de um quarto ou de um sexto
“FORAM CRIADOS da largura deste. As peças po-
Desde a mais remota era os dem reduzir-se a metade da
homens utilizavam cores e
ESCUDOS COM
sua largura e, então, recebem
símbolos variados para iden- DESENHOS designações diferentes;
tificação de pessoas, lugares e CARACTERÍSTICOS DE
aspectos ligados à nobreza e CADA CONTENDA. Lei da estilização - dentro do
ao militarismo. CADA SÍMBOLO campo do estudo as figuras
IDENTIFICAVA UM nunca podem apresentar-se
A heráldica, ou armaria, com- na sua forma naturalista. Têm
pondo esta tendência é a ci- CAVALEIRO.”
de beneficiar sempre de uma
ência que estuda os brasões estilização que ajude a encher
e estabelece as normas e pre- e a decorar o campo.
ceitos a que se subordinam a Com o passar dos tempos,
confecção e o uso de escudos feudos e condados adota-
ram os brasões de seus se- Termos comumente
de armas por qualquer enti-
nhores como símbolos locais
dade. utilizados em heráldica:
e, por conseguinte, passa-
ram a representar cidades,
No decorrer da Idade Média, províncias e entidades mili- - abismo = centro geométrico
por ocasião das Cruzadas, os tares. do brasão.
cavaleiros e seus partidários
enfrentavam seus oponentes Na atualidade, países, esta- - adamascado = florações de-
cobertos por armaduras e el- dos, municípios, universi- corativas incluídas nas figuras.
mos, sendo necessário criar dades, organizações civis, - animais = mais comuns: leão
uma forma de identificação nobreza e principalmente as e águia, representam a pró-
que evitasse confronto entre unidades militares utilizam pria característica acreditada
aliados. como símbolos os mais va-
a cada animal. Pode ser in-
riados tipos de brasões.
cluída qualquer espécie com
Por convenção, foram criados
determinado significado, para
escudos com desenhos carac-
II – DESENVOLVIMENTO comporem os brasões. Deve-
terísticos de cada contenda,
se considerar a posição em
sendo que cada símbolo ado-
tado identificava determina- que são desenhados.
A. Conceitos Básicos
do cavaleiro, seus pertences e
montarias, servindo até mes- - armorial = livro registro dos
Lei da iluminura - não pode
mo para identificar os mortos brasões.
juntar-se metal com metal e
e feridos em combate. cor com cor; pode, todavia,
juntar-se pele com pele, pele - brasão (ou escudo) = con-
A palavra heráldica origina- com metal e pele com cor; junto de peças, figuras e orna-
se de “heralds”(mensageiro, mentos disposto sobre o cam-
anunciador), designativo dos Lei das proporções - a base po do próprio escudo ou fora
oficiais encarregados pelos do campo do escudo é o dele, representativos de uma
senhores feudais para compo- quadrado. As peças, os mó- pessoa ou entidade.
rem seus brasões e para servi- veis e as figuras, consoantes
rem como arautos dos feitos e ao seu número, relacionam- - castelo e torre = represen-
da bravura de seus patrões e se com a superfície do cam- tam baluartes defensivos e re-
chefes militares. po do escudo, na proporção sidências dos nobres.
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AHIMTB/RS to). Cada cor tem simbolismo definidas em relação à frente
próprio, exprimindo virtudes, do cavaleiro que o conduz.
- cruz = representam a divin- idéias ou sentimentos.
dade, símbolo maior dos cru- Quanto à forma pode variar
zados. - paquife = espécie de pena- de acordo com a época, o ma-
cho pendente dos elmos. terial e o local onde foi criado.
- divisa = conjunto de dizeres Não há um padrão universal,
sob o brasão, contendo nor- - peninsular = forma básica do cada país adota o tipo que
malmente legendas morais escudo, terminado em arco. mais se identifica com sua
ou denominações toponími- própria história.
cas. - quartel = cada uma das qua-
tro divisões de um escudo. A parte superior, denominada
- elmo = capacete utilizado pe- chefe, é a principal e mais no-
los cavaleiros feudais e repre- - suportes = figuras que sus- bre, onde devem ser inseridas
sentativo do grau de nobreza tentam os escudos, se forem as figuras principais.
de seu portador. Normalmen- humanas são denominadas
te são incluídos acima e fora de tenentes. No interior dos brasões com-
dos escudos. pondo as figuras, aparecem as
palas, faixas, bandas e bordas.
- escudetes = pequenos escu- B. Composição dos Brasões
dos, inseridos no brasão prin-
cipal. A confecção de um brasão Heráldica Militar
obedece a regras bem defi-
- figuras quiméricas = grifo, nidas pela heráldica, sendo Este ramo se confunde com a
unicórnio, dragão, centauro, comum acrescentar um elmo heráldica real, especialmente
harpéa, sereia, pégaso, qui- com paquife, ou uma coroa quando se observa a composi-
mera, etc. compõem as repre- com acessórios. ção dos mais remotos brasões
sentações relativas a mitos e militares, os quais se apropria-
lendas. Podem também apa- Cada brasão é partido interna- ram de símbolos e modelos
recer figuras humanas e geo- mente em nove partes, com o usados por comandantes do
gráficas. posicionamento das figuras período medieval.
considerando a destra (direi-
- flor-de-lis = representa ca- ta) ou a sinistra (esquerda),
racterísticas familiares, poder METAIS E ESMALTES v
e soberania.

- heraldo = oficial que nos tor-


neios e justa era encarrega-
do de divulgar o espetáculo,
como também pela etiqueta
e protocolo, apresentando os
cavaleiros por meio de seus
escudos.

- metais e esmaltes = cores


que integram os brasões(me-
tais: ouro/amarelo e prata/
branco – esmaltes: vermelho
,azul, verde, púrpura e pre-
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AHIMTB/RS 7
necessários ao serviço de es-
tado; o vermelho (ou rubi) sig-
nifica intrepidez e seus porta-
dores, por dever de ofício, se
obrigam a defender o país, os
injustiçados e os oprimidos.

C. Brasões Militares do
Exército Brasileiro

A seguir são descritos alguns


dos principais brasões adota-
dos pelo nosso Exército, bem
como o símbolo que identifi-
ca nossa Força Terrestre, este
muitas vezes confundido com
o próprio brasão.

BRASÃO DE ARMAS DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
^ PELES
Descrição Heráldica

Praticamente em todos os Nos brasões das Organizações


exércitos do mundo, encon- Militares que possuem deno-
tramos brasões das organi- minação histórica é incluído
zações militares, muitos dos sobre o centro do brasão a
quais utilizam a simbologia de representação da personali-
nobres e heróis que tiveram dade, do feito heróico ou do
destaque em combate. local que se deseja distinguir.
A estas Organizações também
é concedido um estandarte
No Exército Brasileiro, com a
histórico.
finalidade de padronização
do tipo e das representações As demais OM possuem em
contidas nos brasões das Or- seus distintivos o símbolo da
ganizações Militares (Distinti- especialidade, arma, quadro
vos de OM), foi adotado como ou serviço, com o designati-
padrão o escudo peninsular vo numérico que as identifi-
ou português, com uma faixa quem. "Brasão de Armas - Escudo
sobre o chefe, nas cores azul clássico português parti-
e vermelho, distintivas da For- As cores heráldicas do Exér- do de vermelho e azul, ten-
ça Terrestre Brasileira onde cito representam: o azul (ou do em brocante um grifo de
se inscreve a abreviatura do safira) é indicativo de nobre- ouro, animado, lampassado
nome da Unidade Brasileira. za, majestade e serenidade, e armado de preto, seguran-
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AHIMTB/RS

do nas garras uma estrela de I - as armas de Silva: de argent jalde (ouro) e de goles (verme-
oito pontas de prata, simboli- (prata), um leão rompante, de lho), postos em aspa;
zando: a figura mitológica do purpure (púrpura), armado de
grifo, a vigilância e a guarda blau (azul), por diferença uma V - as armas de Soromenho:
na defesa da Pátria e da lei, e brica com um farpão, de sable de goles (vermelho), uma pe-
a estrela de oito pontas, a ne- (preto); reira, de sinople (verde), fruta-
cessidade de se agir em todos da de argent (prata), entre um
os pontos cardeais, em busca II - as armas de Fonseca: de crescente e uma flor-de-lis,
da união; o elmo, simbolizan- jalde (ouro), cinco estrelas de ambos de jalde (ouro);
do o militar, de prata e forra- cinco pontas, de goles (ver-
do de púrpura, a três quartos melho), postas em aspa; VI - as armas de Silveira: de ar-
para destra com correia azul, gent (prata), três faixas, de go-
paquife e virol de azul e ver- les (vermelho).
melho. Tem por insígnia, num
listel de verde, ondulado, so- Elmo gradeado, de argent
toposto ao escudo em letras (prata), a três quartos para a
de ouro: Exército Brasileiro - destra.
1648."
Paquife e Virol de jalde (ouro),
goles (vermelho), purpure
(Dec. 94.336, de 15/05/87, al- (púrpura), argent (prata), blau
terado pelo Dec. 1.531, de 22 (azul) e sinople (verde).
de junho de 1995) Coronel de Duque.

BRASÃO DE ARMAS DO BRASÃO DE ARMAS


DUQUE DE CAXIAS III - as armas de Lima: de jalde DA AMAN
(ouro), com quatro palas de
Descrição Heráldica goles (vermelho); Descrição Heráldica

Escudo francês, partido em IV - as armas de Brandão: de "Escudo orlando de azul, ten-


dois traços, cortado de um: blau (azul), cinco brandões, de do em campo de ouro o perfil
estilizado das Agulhas Negras (Dec Nr 20.438, de 24 Set
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do Itatiaia, carregado de um 1931)
castelo de ouro; em suporte, lônio na cor verde, filetado de
lanças e espingardas em riste ouro, superposto ao motivo
e um canhão posto horizon- BRASÃO DE ARMAS DA EsSA central do estandarte históri-
talmente por trás do terço co, formado por uma quader-
Descrição Heráldica na partida em azul e vermelho,
filetado de prata, representa
Escudo peninsular português a formação profissional dos
filetado de ouro, campo bran- praças, tendo ao centro uma
co, chefe em faixas, nas cores estrela gironada de prata, re-
heráldicas do Exército, azul e presenta os Estabelecimentos
vermelho, tendo inscrito a de- de Ensino.
signação do Estabelecimento
de Ensino em ouro, em abis- (Informação baseada na IG 11-
mo, um escudo modelo po- 01, baixada pela Portaria Nr
580, Capítulo IV do Artigo 1°
e Anexo "D", de 25 de outubro
de 1999)

SÍMBOLO DO EXÉRCITO

inferior do escudo, além de Descrição Heráldica


ramos de carvalho com fo-
lhagens de sua cor; abaixo do "Escudo de três elipses con-
escudo, sobre as coronhas das cêntricas, filetadas, na cor
espingardas e lanças, um fitão dourada. A elipse central é de
de ouro, com o dístico ‘AGU- cor azul e contém o Cruzeiro
LHAS NEGRAS’ de azul." do Sul na cor prateada. O es-

Composição dos Brasões


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AHIMTB/RS BIBLIOGRAFIA: - Site: www.brasões.com/in-
dex.php .
- Notas do Acadêmico e Dele-
gado da FAHIMTB em Portu- O Brasão atual da AHIMTB é
gal Rui Santos Vargas, Delega- uma evolução do brasão ori-
do da Delegacia D. João VI ginal da AHIMTB e por nós
idealizado em 1996, ano da
- Arquivo da FAHIMTB e AHIM- criação da AHIMTB, em 1º
TB/Resende Marechal Mário Março de 1996, no aniversário
Travassos na AMAN do término da Guerra do Para-
guai e início do ensino militar
- Centro de Documentação e acadêmico na AMAN.
Arquivo Histórico do Exército
Brasileiro; Brasão que evoluiu para o da
FAHIMTB, Federação de Aca-
- Artigo “Introdução e Históri- demias de História Militar
paço entre as elipses central e co sobre Heráldica”, Jorge Luiz Terrestre do Brasil, criada em
média é de cor amarela e en- Pavan Cappellano – Cel, publi- 23 de Abril de 2011, no Bicen-
cado na Revista Pedagógica tenário da AMAN, inicialmen-
tre a média e a externa, verde.
2003 da EsPCEx; te com as quatro seguintes
Um resplendor formado por
AHIMTB federadas:
vinte lâminas envolve o escu-
- Pequeno Dicionário de Ter-
do. Sob o escudo, seguindo
mos Heráldicos, baseado no - No Distrito Federal a AHIM-
o seu eixo vertical, um sabre Livro “Armorial Lusitano”, de TB/DF Marechal José Pessoa;
deixa aparecer o punho e a Afonso Eduardo Martins Zú-
ponta. O resplendor e o sabre quete /Portugal; - A AHIMTB/Resende - Mare-
são também na cor prateada." chal Mário Travassos;
- Artigo “Saiba mais sobre He-
ráldica”, da Heráldica Peloten- - A AHIMTB/RJ - Marechal João
se : www.heraldica.com.br e; Batista de Mattos;
III – CONCLUSÃO

O presente trabalho tem por


objetivo apresentar noções
Distribuição
básicas sobre heráldica, em
especial a que estuda o ramo
militar, visando despertar o in-
teresse e incentivar a pesquisa
histórica sobre este vasto as-
sunto, e também, esclarecer
algumas dívidas sobre a com-
posição de alguns dos princi-
pais brasões e distintivos em
uso pelo Exército Brasileiro, de
forma a manter a tradições de
nossa Força Terrestre.
- a AHIMTB/RS – Academia trono do Exército do Brasil. E
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General Rinaldo Pereira da Câ- também o patrono da FAHIM-
mara; e TB e AHIMTB federadas por FAHIMTB, foi pintado pelo fa-
seus pioneirismos: lecido acadêmico Cel Profes-
- a criada, em Sorocaba - São sor Geraldo Levasseur França,
Paulo, a AHIMTB/SP - Gene- - 1º - Ao proceder uma análise artista plástico com diversas
ral Bertoldo Klinger, em 28 crítica pioneira, ou hoje uma obras em Resende e Itatiaia.
de maio de 2013, no ano do Análise pós-Ação (APA) da Ba- Os brasões das AHIMTB fede-
Centenário da Revista A Defe- talha do Passo do Rosário, à radas são o da FAHIMTB tra-
sa Nacional, da qual Bertoldo luz de Fundamentos da Arte zendo embaixo os seguintes
e Ciência Militar, a pedido do dizeres:
Instituto Histórico e Geográfi-
co Brasileiro, do qual era Sócio AHIMTB - DF
Honorário. Marechal Jose Pessoa.

- 2º - Ao adaptar, em 1861, AHIMTB - Resende


como Ministro da Guerra e Marechal Mário Travassos
Chefe do Gabinete de Mi-
nistros, a Doutrina Militar de
AHIMTB - RJ
Portugal, às realidades ope-
Marechal João Batista de Ma-
racionais sul-americanas que
tos
ele vivenciara em cinco cam-
panhas vitoriosas em que co-
AHIMTB/RS
mandara o Exército do Brasil,
Academia General Rinaldo Pe-
e arrematou dizendo “até que
reira da Câmara.
nosso Exército dispusesse de
Klinger foi um dos seus mais uma Tática (Doutrina Militar)
destacados fundadores e co- genuína”. AHIMTB - SP
laboradores. General Bertoldo Klinger
O Brasão da AHIMTB, hoje no
No brasão, aparece em seu in- interior da AMAN, na sede da •
terior, em fundo azul, o mapa
do Brasil e sobre ele o livro de
História Militar Terrestre do
Brasil que desenvolve a His- SOBRE O AUTOR
tória das Forças Terrestres do O Acadêmico João da Costa Paiva
Brasil (Exército, Fuzileiros Na- Filho é Coronel da Infantaria e ocupa
orgulhosamente a Cadeira especial
vais, Infantaria da Aeronáuti- da FAHIMTB dedicada ao combatente
ca, Polícias e Bombeiros Mili- da Guarda Nacional, pioneiro do
tares). E sobre o livro a invicta tradicionalismo Gaúcho e historiador
militar Capitão João Simões Neto.
espada do Duque de Caxias, Graduou-se na AMAN, onde recebeu
de seis campanhas, na qual o Título de Bacharel em Ciências
ele conduziu o Exército do Militares. É Mestre em Aplicações
Militares e Doutor em Aplicações,
Brasil à Vitória, uma das razões Planejamento e Estudos Militares.
de sua consagração como Pa-
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AHIMTB/RS

Tertuliano de
Albuquerque
Potiguara
Tertuliano de Albuquerque Potiguara (So-
bral, 27 de abril de de 1873 - Rio de Janei-
ro, 30 de setembro de 1957) foi oficial do
Exército Brasileiro, patrono da 5ª Brigada
de Cavalaria Blindada.

Filho de Antonio Domingos da Silva,


português de nascimento e de Rosa
Cândida de Albuquerque, nasceu na
Serra da Meruoca, então pertencente
ao território do município de Sobral. Es-
tudou na antiga Escola Militar do Ceará,
em Fortaleza, servindo depois na Infanta-
ria, em 1889, no Rio de Janeiro. Foi promo-
vido a alferes em 3 de novembro de 1894, 1º
tenente em 6 de junho de 1907 e a capitão em
7 de abril de 1909. Era amigo pessoal de Floriano
Peixoto. Serviu na Brigada Policial da Capital Federal no
posto de major, de 1910 a 1914. Foi figura polemica e de desta-
que nas Revolta da Vacina e na Guerra do Contestado. Com a en-
trada do Brasil na I Guerra Mundial no final de 1917, em 1918 o país enviou à França uma missão
militar prepatatória, da qual participou, tendo alcançado o posto detenente-coronel por atos de
bravura praticados em batalha, em outubro daquele ano. Em 8 de julho de 1921 foi promovido a
coronel por merecimento; a General-de-brigada em 20 de janeiro de 1923 e finalmente General-
de divisão em 6 de novembro de 1926.

Sempre do lado legalista, combateu a Revolta Paulista de 1924, comandando a Brigada Potigua-
ra sob ordens do General Eduardo Sócrates, lutando contra os tenentes rebelados do Exército e
da Força Pública de São Paulo, liderando a repressão no bairro da Mooca. Em 1932, ao lado dos
tenentes contra os quais havia lutado 8 anos antes, combateu contra a oligarquia paulista que
promovia uma Revolta Constitucionalista.
Foi eleito deputado federal pelo Ceará na Primeira República. Ao receber pelo correio uma enco-
menda, sofreu um atentado ao explodir uma dinamite, arrancando-lhe um braço. Morreu no Rio
de Janeiro.
Em 31 de outubro de 1974,
O TUIUTI
AHIMTB/RS 13
uma rua de Fortaleza foi bati-
zada com o seu nome, assim coronel Estillac Leal, requisi-
como a 5ª Brigada de Cava- tando tropas de apoio. Diante
laria Blindada, unidade do da demora do reforço militar,
Exército Brasileiro sediada em a sua frente tem dezenas de
Ponta Grossa. baixas, pela primeira vez se
encontra numa situação de-
A 5ª Brigada de Cavalaria Blin-
sesperadora. Mas enfim chega
dada (5ª Bda C Bld), também
o reforço, assim fazendo que
conhecida como Brigada Ge-
Adeodato e os seus piquetes
neral Tertuliano de Albuquer-
debandarem desordenada-
que Potyguara, é uma das
mente. Em consequência da
Brigadas Militares de Área do
Brasil. Sua sede localiza-se em demora do reforço, os dois
Ponta Grossa, no Paraná. É ad- oficiais no comando discu-
ministrado pela 5ª Divisão de têm um ferrenho combate tem violentamente, mas são
Exército, com sede em Curiti- com os pares de França e vá- contidos pelos outros oficiais.
ba (Paraná). rios piquetes de jagunços, Após, o coronel ordena para
mas enfim assume o reduto que incendeiem o reduto, re-
e também o incendeia. A lí- tornando a vila de Canoinhas.
Alguns fatos da Cronologia der Maria Rosa resolve aban-
de Tertuliano Potiguara na donar reduto de Perdizinhas, “Se do estudo dos atuais acon-
Guerra do Contestado buscando proteção em Santa tecimentos resultar alguma li-
Maria. ção proveitosa, bendito seja o
Março de 1915 - Coluna Leste - sangue que vai correr”. Assim
O capitão Tertuliano Potygua- Abril de 1915 - A frente do ca- o tenente Francisco de Paula
ra no comando de quinhentos pitão Potyguara confronta-se Cidade encerrava sua análise
soldados, dois oficiais e um pi- com os jagunços, forçando-os sobre o conflito do Contes-
quete de vaqueano percorre a abandonar o reduto Perdizi- tado, em pleno andamento
as cercanias de vila de Itaiópo- nhas, refugiando-se em Santa quando seu artigo foi publica-
lis. Como não obteve sucesso, Maria. O capitão ordena a seus do, na revista A defesa nacio-
improvisa acampamento na soldados incendiar o reduto, nal, no dia 14 de outubro de
vila. seguindo para Santa Maria. 1914.
Abril de 1915 - Potyguara en-
Março de 1915 - Coluna Oeste via Carneirinho a intimar os A frase expressa bem a per-
- a frente do capitão Tertulia- líderes a depor as armas e a cepção dos militares sobre o
no Albuquerque Potyguara, se entregar, onde seriam tra- papel da história no desen-
no comando de quinhentos tados como prisioneiros de volvimento da corporação.
soldados, dois oficiais e um pi- guerra. Do contrário, deveriam O sacrifício de alguns é justi-
quete de vaqueano legalista liberar os doentes, mulheres, ficado se estiver a serviço de
destroi e incendeia os redutos velhos e as crianças, evitando uma causa maior. Neste caso,
de Ignácio Lima, Aleixo Lima, assim muitas mortes desne- a causa maior era pensada em
Maria Rosa, Tamanduá e Trai- cessárias. A frente do capitão dois planos: a nação ficaria li-
ção. Potyguara entra no reduto de vre dos “fanáticos” rebeldes, e
Santa Maria no sentido oeste o Exército sairia fortalecido se
Abril de 1915 - A frente do ca- e encontra-o completamente soubesse usar essa experiên-
pitão Potyguara, dois oficiais abandonado. Adeodato e os cia a seu favor.
e um piquete de vaqueano seus piquetes atacam de sur-
legalista, destroi e incendeia presa, pegando as tropas num No cenário internacional, vi-
o reduto Traição, Faxinal, Rein- fogo cruzado. O capitão envia via-se a Primeira Guerra Mun-
chardt. No reduto Caçador um mensageiro a frente do dial (1914-1918). As questões
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AHIMTB/RS e quase intransitáveis. Arrasei sacrificar a vida de soldados
perto de cinco mil casas, dez em uma operação suicida e
militares estavam em evidên- igrejas e inúmeros ranchos de preferir fuzilar os inimigos
cia, e o ambiente era favorável de palha, tendo apreendido a fazê-los prisioneiros. Nada
a propostas de modernização grande número de armas e que manchasse sua reputa-
das Forças Armadas. Mas a munição de guerra. ção, uma vez que foi eleito
própria composição das tro- deputado federal pelo Ceará
pas no Contestado era um Sua fama foi consagrada pela (1926), atingiu os mais altos
exemplo de como estávamos atuação no Contestado, como postos da hierarquia militar e
distantes das novidades téc- se verifica no culto que o Exér- foi homenageado com nome
nicas e estratégicas em vigor cito lhe concede até hoje. Mas de rua em Fortaleza (1974):
na Europa. Ao lado de oficiais sua gesta guerreira não se res- ainda participou de ação con-
experientes, alguns treinados tringe ao combate aos guer- tra os revoltosos da ofensiva
na Alemanha, havia jovens to- reiros de João Maria. Parte de Tenentista em agosto de 1924
talmente despreparados, par- sua fama viria de episódios em São Paulo. No mesmo mês,
ticipando pela primeira vez de posteriores ao conflito. Em perdeu o braço esquerdo em
uma operação de confronto 1918, o major Potiguara atuou atentado no Quartel-General
direto. Entre os praças, a situa- na Primeira Guerra Mundial da Brigada. Em 1926, foi pro-
ção era especialmente dramá- junto às forças francesas no movido ao posto de general
tica. Uma parcela considerável ataque a St. Quentin, feito que de divisão e atuou na Revolta
foi recrutada de última hora. lhe garantiu elogios oficiais do Constitucionalista (1932). Até
Não conhecia as condições governo francês pela bravura hoje é celebrado como herói
físicas e climáticas da região e empenho. Foi condecorado nas escolas de formação de
conflituosa, tampouco o tipo com a Cruz de Guerra e Palma oficiais do Exército brasileiro.
de inimigo que combateria. e promovido a tenente-coro-
Herói contestado nel.

O capitão Tertuliano de Al- Em 1918, o boletim interno •


buquerque Potiguara (1873- do Exército chegou a citá-lo
1957) foi responsável pela der- como “oficial muito enérgico
rubada de um dos principais e muito distinto que pediu
bastiões de defesa sertaneja: para servir em corpo de eli- Contribuição de Rogério Rosa
a vila rebelde de Santa Maria, te”. Ainda segundo o boletim, Rodrigues. Material retirado
em Santa Catarina. Conside- Potiguara fez parte, volunta- do site da 5ª Bda C Bld – Ponta
rado o maior herói militar do riamente, de um batalhão de Grossa, PR.
Contestado, ele escreveu: ataque e foi ferido no dia 2 de
Depois de 11 dias de marcha, outubro de 1918. Rogério Rosa Rodrigues é
sendo oito de combates dias professor da Universidade do
e noites, tomei e arrasei 13 re- Em 1922, sua atuação no Con- Estado de Santa Catarina e
dutos com sacrifícios enormes testado foi criticada em um autor da tese “Veredas de um
do meu heroico destacamen- duelo verbal entre tenentes grande sertão: A guerra do
to. Matamos em combate a e a alta oficialidade no Clube Contestado e a modernização
fogo e arma branca perto de Militar do Rio de Janeiro. Ao do exército brasileiro” (UFRJ,
seiscentos jagunços, não con- relembrar a guerra, o tenente 2008).
tando o grande número de Asdrúbal Gwaier de Azeve-
feridos que se iam arrastando do o acusou de, em parceria
por dentro das matas virgens com Setembrino de Carvalho, •
O TUIUTI
AHIMTB/RS 15

Novidades
CD-ROM Fortalezas
A AHIMTB/RS recebeu, através do acadêmico Cel Antônio Augusto Vianna de Souza, o
qual recebeu através do Cel BMRS Elson Augusto de Abreu Barisch, o CDRom FORTALEZAS
MULTIMÍDIA, contendo as defesas do RS e de SC durante o século XVIII.

O Projeto trabalha também com os sites: www.fortalezasmultimidia.com.br e www.


fortalezas.org

O CDRom está à disposição dos interessados na biblioteca da AHIMTB/RS junto ao Museu


do CMPA.

Ten Cel Woloszyn Lança


Livro pela Bibliex
O acadêmico Ten Cel BMRS André
Luís Woloszyn obteve recentemente
a publicação pela BIBLIEx da obra
de sua lavra “Terrorismo Global”.
Conforme o texto das abas, o
trabalho do Ten Cel Woloszyn é uma
obra inédita por apresentar análises
e abordar a operacionalidade do
terrorismo desde os grupos surgidos
entre a década de 1960 até o advento
dos radicais islâmicos que deram
início ao chamado ‘novo terrorismo’.

O livro está à venda nas livrarias e no


site da BIBLIEx www.bibliex.com.br.

Contatos com o autor pelo e-mail


alwi.war@gmail.com.
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AHIMTB/RS

Ordens Honoríficas
Através do nosso Correspondente em
Lisboa recebemos o livro "Os Pupilos
do EXército eas Ordens Honoríficas
Portuguesas".

Aproveitamos a oportunidade para


agradecer ao Dr. Rui Santos Vargas.

O próprio título já fornece uma ideia do


excelente conteúdo do livro, o qual
está á disposição dos interessados
na nossa biblioteca no CMPA.

Você Sabe o Que é Cruzada Albigense?


A Cruzada dos Cátaros e Albigenses trata de uma tragédia agonizante que perdurou
por séculos em uma das regiões mais agradáveis da França, cuja história medieval
é como a elaborada arte do mosaico, colorida e trabalhada de forma atrativa, mas,
quando observada fixamente, apresenta-nos a imagem do diabo medieval. O terror
começou em 1209, quando o papa Inocêncio III ordenou uma cruzada contra os
hereges obstinados, conhecidos como cátaros, os puros, pois estes acreditavam em
dois deuses, um espiritual e bom, e o outro terreno e mau, além do que negavam a
realidade física da crucificação de Cristo. Em virtude disso, a Igreja Católica declarou um
anátema, exigindo a exterminação dos descrentes. A partir daí, instaurou-se a Cruzada
Albigense, na região de Albi, Languedoc, França, o que propiciou aos historiadores
relatos de matanças, batalhas e brutalidades. Essa barbárie pode ser contada por meio
dos registros da história de cidades e vilas como Béziers, Rennes-le-Château, Lavaur,
Toulousse, Montségur, Montaillou e Villerouge-Termenès. Este processo histórico-
religioso tem a lamentar os tristes lugares onde tantas pessoas inocentes tiveram suas
vidas exterminadas pela Santa Inquisição.

Fonte: descrição do livro: BURL, Audrey. Hereges de Deus - A Cruzada dos Cátaros e Albigenses.
São Paulo: Madras, 2005.
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A FAHIMTB E SUA ANTECESSORA, A AHIMTB O TUIUTI
Informativo oficial da AHIMTB/RS
A Academia de História Militar Terrestre do Brasil
(AHIMTB) foi fundada em Resende, RJ, em 1º de
março de 1996 e reorganizada em 23 de abril de 2012 Para visualização, recomendamos o
como Federação de Academias de História Militar uso de um leitor de PDF atualizado
Terrestre do Brasil (FAHIMTB), com sede no interior da (ADOBE Reader ou equivalente,
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e mais versão 5.0 ou superior) com as
cinco academias federadas: opções do Menu View, ítem Page
Display, Two Page VIew, Show Gaps
- A AHIMTB/RESENDE – Academia Marechal Mário Between Pages e Show Cover Page
Travassos, junto à FAHIMTB na AMAN e presidida pelo in Two Pages View ligadas. Dessa
acadêmico emérito Cel Claudio Moreira Bento; forma, o informativo será exibido na
forma projetada.
- A AHIMTB/Distrito Federal – Academia Marechal José
Pessoa, com sede no Colégio Militar de Brasília, sob a Caso seu programa esteja em
presidência do acadêmico emérito Gen Div Arnaldo Português, escolha no Menu
Serafim; Visualizar, o ítem Exibir Página,
clique em Exibição em Duas
- A AHIMTB/Rio de Janeiro – Academia Marechal João Páginas e Exibir Página de Rosto
Batista de Mattos, com sede na Associação Nacional em Exibição em Duas Páginas.
dos Veteranos da FEB (ANVFEB/RJ) e sob a presidência
do acadêmico emérito Eng Ten R/2 Art Israel Blajberg;

- A AHIMTB/Rio Grande do Sul – Academia General


Rinaldo Pereira da Câmara, com sede no Colégio
Militar de Porto Alegre (CMPA) e sob a presidência do
acadêmico emérito Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis; e

- A AHIMTB/São Paulo – Academia General Bertoldo O Núcleo de Estudos de História


Klinger, com sede no Instituto Histórico, Geográfico e Militar Vae Victis é responsável
Genealógico de Sorocaba (IHGGS), sob a presidência pelo projeto gráfico e pelo design do
informativo O Tuiuti, do que muito se
do acadêmico Historiador Adilson Cesar, também orgulha.
o presidente do citado Instituto. As citadas AHIMTB
funcionam com delegações de poderes específicos Com o objetivo de divulgar a
da FAHIMTB e AHIMTB/Resende. História, sobretudo em seu viés
militar, o Núcleo de Estudos de
A AHIMTB foi fundada na data do aniversário do História Militar Vae Victis tem, como
término da Guerra do Paraguai e do início do ensino missão, levar ao máximo possível de
pessoas o conhecimento da História
militar na Academia Militar das Agulhas Negras em
Militar, divulgando sua importância,
Resende. Teve, como sua sucessora, a FAHIMTB e as resgatando os seus valores e as suas
AHIMTB federadas, que são destinadas a desenvolver memórias, fornecendo subsídios para
a História das Forças Terrestres do Brasil: Exército, uma educação integral e de qualidade.
Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Forças Nossa postura é absolutamente
Auxiliares e outras forças que as antecederam desde independente, livre de qualquer
o Descobrimento. posição política ou religiosa, voltada
unicamente para a preservação e
divulgação do conhecimento histórico,
A FAHIMTB, com sede e foro em Resende mas de sem qualquer conexão com entidades
amplitude nacional, tem como patrono o Duque de que não tenham cunho explicitamente
Caxias e como patronos de cadeiras historiadores cultural. Mais informações no endereço
militares terrestres consagrados. www.nucleomilitar.com

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