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O TUIUTI

Informativo oficial da AHIMTB/RS

Órgão de divulgação das atividades da


Academia de HIstória Militar Terrestre
do Brasil / Rio Grande do Sul (AHIMTB/
RS) - Academia General Rinaldo Pereira
da Câmara - e do Instituto de História
e Tradições do Rio Grande do Sul
(IHTRGS). Membro da Federação das

EDITORIAL
Academias de História Militar Terrestre
do Brasil (FAHIMTB).

EDITOR
Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
Presidente da AHIMTB/RS Neste final atribulado do ano de 2015, o Tuiuti apresenta
Vice do IHTRGS um encerramento rico, com um artigo do membro da
lecaminha@gmail.com
AHIMTB/RS Ênio Kersting Corrêa que versa sobre o papel
fundamental da tração animal na História; especificamente,
PROJETO GRÁFICO/DESIGN ele relata a importância do boi, inclusive na História Militar.
Fabricio Gustavo Dillenburg Trata-se de um artigo longo e bastante completo, que
Núcleo de Estudos de História
Militar Vae Victis aborda diversos aspectos do tema.
Delegado AHIMTB/RS (DRHFPC)
nucleomilitar@gmail.com Na sequência, Antônio Borges apresenta observações sobre
leituras relacionadas ao Curso de Relações Internacionais,
com foco nos elementos militares. E apresentanmos um
ENDEREÇOS VIRTUAIS
acadhistoria@gmail.com documento de fundamental importância, que diz respeito à
www.acadhistoria.com.br rendição na Guerra do Paraguai.

Para todos que nos prestigiam, desejamos os mais sinceros


O informativo O Tuiuti é uma publica- votos de um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de felicidades.
ção da Academia de História Militar
Que tenhamos um ano um pouco melhor, em um país no
Terrestre do Brasil, seção Rio Grande do
Sul e do Instituto de História e Tradições qual possamos voltar a acreditar. Definitivamente, não
do Rio Grande do Sul, com apoio do Nú- merecemos o que nos é apresentado. Que seja um ano no
cleo de Estudos de História Militar Vae qual possamos nos orgulhar, afinal, de sermos brasileiros.
Victis e da Delegacia Regional AHIMTB/
RS Gen Francisco de Paula Cidade. Seu F. G. Dillenburg (Co-Editor) por
objetivo é a divulgação dos trabalhos Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel (Editor)
dessas entidades, bem como da His-
tória Militar em geral e temas relacio-
nados. Os textos publicados expressam
única e exclusivamente a opinião dos "De tanto ver triunfar as nulidades;
autores, não refletindo, necessariamente, de tanto ver prosperar a desonra;
a opinião da AHIMTB/RS, do IHTRGS, da de tanto ver crescer a injustiça;
FAHIMTB, ou de seus membros, como um de tanto ver agigantar-se os poderes
todo. O material publicado está protegi- nas mãos dos maus, o homem chega
do por Leis Internacionais de Copyright. a desanimar-se da virtude, a rir-se da
Para publicação e/ou redistribuição, por honra, a ter vergonha de ser honesto."
favor, entre em contato com o Editor. To- Rui Barbosa
dos os direitos reservados.
CONTEÚDO
4 O ESFORÇO
TRATÓRIO BOVINO
por Ênio Kersting Corrêa

Um belíssimo e completo artigo, que faz um


levantamento histórico sobre a importância
da tração bovina para a humanidade.

23 RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
por Antônio César G. Borges

Observações sobre as leituras


fundamentais para o Curso de Relações
Internacionais, com foco nos militares.

24 MARCO DA RENDIÇÃO
por AHIMTB/RS

Importante documento referente à


Guerra do Paraguai.
4

24

23
1 - INTRODUÇÃO

H
istoricamente, o animal de tiro na área militar foi o cavalo. O boi, porém, apesar de
sua velocidade ser menor, tinha mais força de tração. Em consequência, o boi foi
usado inegavelmente.

Além de ser utilizado para tração, o boi teve outras utilidades: alimentação de tropas, for-
necimento de couro, chifres, etc. Estes usos não formam o objetivo do presente artigo.

No presente artigo, quero primariamente me restringir a seu uso como animal de tiro,
quando desenvolve esforço tratório linear destinado a deslocar carretas, canhões, etc. Não
pretendo analisar o uso do boi destinado a exercer esforço tratório circular (moendas, etc)
nem a exercer pisoteio (amassamento de barro, debulha, etc). Relato o consumo de carne
bovina apenas em casos de extrema necessidade dos contingentes militares, situações
em que os bois de tração foram utilizados como alimento. Citei um caso de uso do búfalo
(um bovídeo) para transporte dorsal.

Por ter assistido a desfiles de carros de boi tive a ideia de criar o presente artigo.

Ênio Kersting Corrêa


2 - CLASSIFICAÇÃO amarrada aos chifres. a ser tracionado ou para dar-
ZOOLÓGICA lhe dirigibilidade. São as
Lembro-me de ver bovinos cordas e a canga.
O boi pertence ao reino ani- nadando na travessia dos an-
mal, à classe dos Mamalia, à tigos banheiros carrapaticidas 3.1- CORDAS
ordem artiodactyla, à sub-or- de imersão.
dem Ruminatia e à família Basicamente há dois tipos.
Diz uma lenda relatada no
bovidae, à qual pertencem livro Deuses Animais, pág 24, Corda de tração: tiradeira,
também os caprinos, os buba- que a princesa Europa, filha corda de coice, tamoeiro,
linos, os ovinos e os antílopes, do rei Agenove, foi raptada e brochas, con-juntas. Corda de
conforme o Manual de Semio- levada montada em um touro dirigibilidade: regeira.
logia dos Ruminantes. enviado por Zeus, que nadou
3.2- CANGA
A família do boi contém o
gênero Bos, do qual há duas A canga é uma peça de madeira
variedades domesticadas: "O ESTREITO DE que tem uma concavidade
Bos taurus, europeia, e Bos BÓSFORO TERIA voltada para baixo em cada
indicus, zebuína. O búfalo está ESSE NOME DEVIDO extre-midade, sendo que tais
na mesma família (bovídeos), concavidades ficam sobre o
À DEUSA GREGA IO,
porém se identifica com o pescoço, contra a cerrnelha
gênero Bubalis. Ambos são QUE O ATRAVESSOU do boi, quando a-trelada.
ruminantes e biungulados. DISFARÇADA DE Ao lado dos pescoços dos
VACA, COMO MEIO bois passavam os canzis, que
2.1 - CAPACIDADE eram duas barras de madeira
NATATÓRIA DE FUGA." pa-ra cada boi. Os canzis
atravessavam a canga através
Nélson Werneck Sodré, no de furos.
capítulo “Travessia de Gado”, desde a Ásia Menor até a ilha
pág 401 do livro Tipos e de Creta. O antigo jugo era uma canga
Aspectos do Brasil, diz que sem canzis, amarada aos pés
os bovinos são aptos a nadar, O Dicionário da Origem e da das guampas.
mas não se atiram à água por Vida das Palavras diz que o
iniciativa própria e descreve a Estreito de Bósforo assim se
artimanha dos tropeiros para Quanto à finalidade do
chama porque a deusa grega
tal. Junto ao barranco do rio um Io o atravessou disfarçada de uso, as cangas variam em
tropeiro “veste” uma carcaça vaca, como meio de fuga, ou comprimento e tipo de
de cabeça de boi e adentra na seja, Bósforo (de bos: bovino conexão com o órgão de
água. Então, o gado, apertado e phoros: passagem) significa tração (corda ou cabeçalho).
contra o rio pelos outros tro- “passagem do bovino”.
peiros, começa a nadar atrás Quanto ao número de bois,
da carcaça pensando tratar-se Os gnus atravessam rios com há: a)canga de um só boi, com
de outro boi. Outros tropeiros, facilidade. O Dicionário de dois canzis; “canga simples”,
em canoas, vão tangendo Termos Próprios e Relativos como diz o livro Mecanização
o gado e dando-lhe vozes diz que “alagadiceiro” é o boi na Cultura do Milho Utilizando
de comando até a margem que pasta em alagados. a Tração Animal, pág 70, e,
oposta.
neste caso, se usa um balancim
A revista A Defesa Nacional 3 - APETRECHOS DE junto ao objeto tracionado; b)
nº 720, jul/ago/1985, fala ATRELAMENTO canga para dois bois, a canga
de bois que atravessaram dupla. O Manual do Criador
a nado o Rio Mampituba São os instrumentos usados de Bovinos, pg 611, diz que
e tracionando uma carreta para conectar o boi ao objeto a inconveniência da canga
dupla é a perda de força quan- lança, serve para freamento e chamava-se o segundo boi
do os dois bois são desiguais. direcionamento. pelo nome e mais alguma voz
de comando. Quando este
4- ATRELAMENTOS A literatura mostra os búfalos boi se aproximava, erguia-se a
tracionando cargas tanto pela outra ponta da canga que era
4.1- AGRUPAMENTO DE BOIS cernelha (como o boi) como colocada sobre o seu pescoço.
pelo peito, com peiteira (como Depois disto, se conectavam
Com a canga simples, o cavalo). A Circular Técnica as brochas.
poderíamos formar juntas nº 18, fev/92, da EMBRAPA/
de mais de dois bois se os Rondônia, diz que a energia 4.4- ATRELAMENTO DA
colocássemos lado a lado, produzida pelo búfalo é mais CANGA AO CABEÇALHO
paralelamente, o que o bem aproveitada quando
livro Máquinas Motoras se usa coalheira ou colar de Para se atrelar os bois já
na Agricultura chama de couro em substituição à canga cangados ao cabeçalho,
"atrelamento em linha", e que o búfalo não se adapta passava-se um deles sobre o
utilizável com cavalos. satisfatoriamente à canga cabeçalho. Punha-se a alça
porque não tem cupim. da tiradeira na ponta inferior
Quanto à composição do da chavelha, passava-se a
agrupamento, os bois vão em 4.3- ATRELAMENTO DOS tiradeira pelas mossas da
fieiras de duplas, ou “tanden”; BOIS À CANGA canga e se puxava até fazer
já os ca-valos podem ficar em o cabeçalho erguer-se e
“tanden” (parelhas) ou “em Esta operação se chama encostar na face inferior da
linha” (um ao lado do outro). “cangar” os bois; o inverso é canga.
“descangar” os bois.
Sendo necessário atrelar Devia-se ter o cuidado para
vários animais é preferível a Pela minha recordação, a que a canga se posicionasse
forma tandem à forma em operação de atrelamento dos sobre o cabeçalho e em frente
linha, segundo o livro Seleção bois começava pela colocação da extremidade superior
do Equipamento Agrícola, de uma extremidade da
que também diz que quando canga sobre o pescoço de um
há vários animais atrelados, boi. O boi ficava mais dócil se FUNDAMENTO GAÚCHO v
Em todo o Brasil, o boi foi fundamental
seus esforços não se somam disséssemos seu nome e a voz não apenas para alimentação e transporte,
integralmente. de comando formada pela mas para a construção do próprio Estado.
No Rio Grande do Sul, ele definiu riquezas
interjeição ooochê!. Após isto, e ditou a economia e o meio de vida.
4.2- ATRELAMENTOS
BOVINO E EQUINO

A tração bovina e a tração


equina são muito diferentes
quanto ao atrelamento. O boi
puxa no aclive com a cernelha
e freia no declive com o lado
traseiro dos chifres, ou seja,
o pescoço é o curso onde
a canga desliza. O cavalo
puxa com o peito através da
peiteira e segura no declive
com o pescoço através da
pescoceira. O cabeçalho da
carroça de quatro rodas, ou
da chavelha. Depois, fazia- os espanhóis da vila de Rio
O TUIUTI
AHIMTB/RS 7
se o amarrio da tiradeira Grande, buscou nos arredores
preferencialmente com uma bois mansos. ao Exército Brasileiro 398 bois
laçada final para poder desatar para reserva do serviço das
posteriormente. Segundo o Caderno de carretas. Isto é revelado no
História nº 50, pág 13, Rafael Diário de Campanha inserido
5. VALORIZAÇÃO DE BOIS Pinto Bandeira, em 02-01- no livro História Militar do
1774, atacou o exército do Brasil, volume 2, página 472.
5.1- PROPRIEDADE DE BOIS espanhol Dom Antônio Gómez
instalado nas imediações do 5.4- LIMITAÇÕES DO BOI
O gado, sobretudo bovino, já arroio Santa Bárbara, afluente
foi usado como moeda em do Rio Vacacaí. Rafael Pinto No relato do livro A Retirada
trocas. “Gado” em latim, pe- Bandeira derrotou o espanhol da Laguna são citados vários
cus, originou, em Português, e a ele tomou, entre outros momentos em que os bois de
“pecúnia”, “pecuniário”, “pecu- animais, 300 bois carreiros e tração se cansavam durante
ária”, etc. Desde tempos remo- os conduziu a Rio Pardo. o movimento da coluna
tos o homem marca a quente militar brasileira. Conforme a
seus animais de propriedade, O exército paraguaio acam- página 94, os animais de tiro
inclusive bois. A marca foi o pou nas proximidades de Ita- dos canhões eram os bois já
mais antigo logotipo. qui. Os paraguaios descuida- esfalfados. Conta também
ram das boiadas das carretas aquele livro que em certo
Segundo o Dicionário de Con- momento tornou-se tamanha
e, em 02 de julho de 1865, o
tabilidade, “semoventes” é o a fadiga dos bois da artilharia,
Major Docca lhes arrebatou
nome da conta que se desti- que eles se negaram a ir
118 bois mansos e mais 9 no
na ao registro dos animais de além e deitaram-se no chão,
trabalho, de reprodução e de dia 04. Os paraguaios, não en-
contrando seus bois, puxaram conforme a página 102. Em
renda. O livro Contabilidade: outro momento os bois da
Teoria e Prática, pág 345, diz suas carretas nos braços e pu-
niram seus guardiões de bois. artilharia afrouxaram por não
que os animais de trabalho,
Tais bois tinham indícios de terem bebido água, segundo
de reprodução ou de rendas
utilização para tração. Foram a página 107.
devem ser classificados no
Ativo Permanente Imobiliza- remetidos para São Francisco
do. O livro esclarece que tais de Assis. A revelação está no Na página 172 de A Retirada
animais se sujeitam à depre- livro Invasão Paraguaia, pág da Laguna vem um relato de
ciação contábil, uma vez que 104. que em 28-05-1867 o local de
têm vida útil limitada. acampamento foi decidido
5.3- AQUISIÇÃO DE BOIS porque os bois estavam
Os bois pertencentes ao cansados e porque ali havia
Estado chamavam-se reiúnos. O Decreto nº 58.380, de 10- água. É uma parte do major
Conforme o livro João 05-67, artigo 11, previa a José Tomás Gonçalves.
Fernandes Vieira, pág 210, o concessão de crédito agrícola
governador João Fernandes para fins de investimento O Diário de Campanha do
Vieira possuía 2.000 bois em animais de trabalho. Exército Brasileiro contra
mansos. Podem também os animais Oribe, inserido no livro História
de trabalho ser objeto de pe- Militar do Brasil, volume 2, pág
5.2- BOIS COMO SAQUE DE nhor, conforme o artigo 781, 436, conta que o carretame
GUERRA inciso V, do Código Civil. que acompanhava a tropa fez
alto junto ao Arroio Cunha
Segundo Dragões de Rio Em 13 de janeiro de 1852 o Peru em 04 de setembro de
Pardo, página 138, Rafael Ministro Galan, representante 1851 porque os bois estavam
Pinto Bandeira após expulsar do General Urquiza, forneceu muito cansados e sem
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AHIMTB/RS soldados esfomeados coleta- sar o Rio Pelotas em direção
ram em um vaso o sangue do ao Rio Grande do Sul começa
condições de subir o aclive de boi, conforme a pág 103. a padecer fome. Foi neces-
uma coxinha que havia logo sário inclusive matar os bois
após. Em 29-05-1867, quando José cansados que arrastavam a
Tomás Gonçalves assumiu o artilharia. Isto está na pág 101
Depois da Guerra do Paraguai, comando da coluna brasileira, do livro Vida de Aparicio Sara-
em 1872, o Visconde de na ata da reunião dos coman- via.
Pelotas apresentou ao dantes de corpos, foi citado
Imperador um relatório que que os comandantes anterio- 5.6- CONFORTO AO BOI
dizia: “O sistema de puxar res haviam autorizado a uti-
a bois o trem do Exército é lização dos bois condutores 5.6.1- MOLHELHA
péssimo e incompatível com da artilharia para sustentar a
a velocidade que se deve tropa, de acordo com tal livro, Ao ver uma carreta em
pretender nas operações de pág 175. andamento, tive uma ideia:
guerra. O boi não caminha colocar um estofamento,
com chuva nem quando há Em 16-06-1867, a boiada dos talvez de esponja, na parte
muito calor”. Isto é contado no carros vinha sendo carneada da canga que atrita com o
livro Velhos Regimentos, pág há muito, segundo página 181 pescoço do boi, onde há uma
85. de A Retirada da Laguna que concavidade voltada para
transcreve uma parte dada baixo. O Pequeno Dicionário,
5.5- ABATE DE BOIS DE pelo comandante da coluna, de Cândido de Figueiredo, diz
TRAÇÃO major José Tomás Gonçalves que “molhelha” é uma espécie
ao presidente da província de de almofada em que se
5.5.1- GUERRA DO Mato Grosso. assenta a canga que junge os
PARAGUAI bois. Diz, também, a Grande
5.5.2- GUERRA DE CANUDOS Enciclopédia Brasileira e
O livro A Retirada da Laguna, Portuguesa que “molhelheiro”
páginas 111, 219 e 228, conta O livro Velhos Regimentos é o indivíduo que faz ou
que a expedição brasileira na conta que, em situação de conserta molhelhas.
Guerra do Paraguai, por falta fome da tropa, foram abatidos
de comida, carneou alguns os bois usados para tracionar A proposta da molhelha
bois de tiro. o pesado canhão Whitworth aparece no artigo 3º, inciso
32 durante a 4ª expedição XIII, do decreto nº 24.645.
Em 1867 foi formada uma na Guerra de Canudos. O Este dispositivo legal manda
coluna militar brasileira para livro Os Sertões, no capítulo revestir de couro as correntes
expulsar os paraguaios que “Quarta Expedição”, conta dos animais de tiro.
haviam invadido o atual Mato que na Guerra de Canudos,
Grosso do Sul. Conta-nos o li- em 29 de junho de 1897, por 5.6.2- EM RELAÇÃO AO
vro A Retirada da Laguna que, falta de munições de boca, CABEÇALHO
em função da fome que aco- os soldados abateram os bois
metia os integrantes da co- mansos que haviam puxado o O comprimento do cabeça-
luna militar, carnearam seus canhão Whitworth 32. lho tem a ver com o compri-
bois de tração. Este livro, na mento do corpo do boi: se o
pág 96, conta que em maio 5.5.3- REVOLUÇÃO boi for maior do que o cabe-
1867 durante o trajeto da co- FEDERALISTA çalho, o recavém dianteiro
luna brasileira na Guerra do baterá nas pernas do boi em
Paraguai um boi de tração A tropa revolucionária lidera- um declive. Para solucionar
muito cansado foi carneado. da por Gumersindo Saraiva, isto, poderia haver um ajuste
Quando um boi foi carneado, em 31-05-1894, após atraves- de comprimento do cabeça-
O TUIUTI
AHIMTB/RS 9
guerra e sua comercialização
era proibida aos súditos da
nação em paz com nação
inimiga de nação aliada
conforme artigo 16 de tratado
celebrado entre Brasil e
Portugal em 19-05-1836 e
artigo 11 de tratado celebrado
entre Brasil e Prússia em 09-
04-1828.

O livro História Militar do


Brasil usa frequentemente a
^ BRASIL: 209.215.666 CABEÇAS
expressão “carretame” como
De acordo com a Food and Agriculture
é um veículo de tração coletivo de carreta, ou seja,
Organization - FAO, o continente
americano é responsável por cerca de equina; “carroça”, entretanto, conjunto de carretas.
36% do rebanho bovino produzido no
mundo. Brasil e Índia possuem os maiores
em algumas literaturas,
rebanhos, o Brasil estando em 1º lugar. pode ter tração bovina. Já 6.2- EXEMPLOS DE
foi patrimônio público e UTILIZAÇÃO NA LOGÍSTICA
privado. A carreta, segundo MILITAR
lho. Soluções prováveis: a)a o Novíssimo Dicionário da
adoção de pedaço de chassi Língua Portuguesa, de Alpheu 6.2.1- NA ANTIGUIDADE
metálico com furos e parafu- Tersariol, é uma “viatura de
sos (verticalmente para não artilharia”. Já em 1200-1300 a. C., os
esfolar o boi nas curvas); b)à purstas utilizaram carros de
semelhança de uma antena O Pequeno Dicionário, de
boi para transportar bagagens,
Cândido de Figueiredo, diz
de rádio, dois tubos de diâme- que “chiola” é uma carreta material bélico e soldados na
tro diferentes, encaixados um velha prestes a desconjuntar- guerra contra o faraó Ramsés
no outro. se. Aliás, um conto lançado na II. Posteriormente, os filisteus
página 65 do livro Gauchadas também usaram carros de
5.6.3- EM RELAÇÃO À do Candinho Bicharedo bois com mesma finalidade na
CANGA diz que o tabuame de uma guerra contra o faraó Ramsés
velha carreta se contorcia III, em 1195 a. C. Citando
Creio, ademais, que a canga, se fazendo estalar as cavilhas bibliografia, o livro Ciclo do
for curta, provoca desconforto ao atravessar um terreno Carro de Bois no Brasil, pág
ao boi, uma vez que faz a cos- irregular conduzida pelo 56/8, nos informa isto.
personagem Tinoco.
tela do boi roçar contra o
cabeçalho. 6.2.2- NA DEMARCAÇÃO
O livro Contabilidade Rural,
pág 68, conta que o carro de
6- TRANSPORTE MILITAR bois: 1)fica na conta Veículos; Uma expedição – Exército
EM CARRETAS 2)é um ativo imobilizado com Pacificador – comandada por
duração média de 10 anos; 3)é Dom Diogo de Souza partiu
6.1- DEFINIÇÃO DE CARRETA sujeito à taxa de depreciação de Bagé, RS, em 1811, para
anual de 10 %. atacar o Forte Santa Teresa
No RS, “carreta” é um veículo e levava 1.500 bois de corte
de duas ou quatro rodas, de A carreta e outros artigos e 140 carretas. Diz isto um
tração bovina, eventualmente de guerra foram declarados artigo do Coronel Estigarríbia
bubalina, enquanto “carroça” objetos de contrabando de publicado no Correio Militar
10 O TUIUTI
AHIMTB/RS diz: 1)“carretas carregadas ponte sobre o Arroio Juqueri
com 80 arrobas e puxadas pela qual passaram as viaturas
do Sul nº 93, março/2007. por 12 ou mais bois”: 2)”dez da Brigada de Artilharia. Cada
carretas estão debaixo das viatura era tirada por três
Segundo o livro Escolas ordens de um capataz e todas juntas de boi. Conta-nos isto
Militares de Rio Pardo, pág 39, debaixo das ordens de um o Relatório daquela Comissão
o Exército Demarcador tinha oficial subalterno (comissário datado de 1º de agosto de
73 carros e carretas e 976 bois de transportes)”. Conta-nos 1865.
mansos. isto o livro Reminiscências da
Campanha de 1827, pág 421. Em Ofício de 08/06/1865,
O livro Carreteadas Heróicas o capitão Sezefredo José
narra as várias participações 6.2.4 - NA GUERRA DO Gonçalves, comandante da
das carretas nos conflitos PARAGUAI Guarnição de Itaqui, avisou
militares no Sul. Diz, por o coronel Fernandes Lima
exemplo, que o General A página 93 de Andrade que no dia 03 de junho tinha
Ptolomeu, na Batalha de Neves, o Vanguardeiro!, diz saído do local Trincheira uma
Caiboaté, em 1755, tinha 400 que as carretas transportavam força paraguaia com 5 peças
carretas e 1.000 bois mansos, os salsichões e os feixes de de artilharia, 50 carretas com
pág 134. junco necessários para a canoas e outros apetrechos de
construção de uma ponte guerra. Ele teve conhecimento
O livro Dragões de Rio Pardo, durante o ataque das tropas disto por meio de um capitão
página 158, conta que os brasileiras ao local chamado brasileiro que fora preso pelos
dragões comandados por Estabelecimento durante a paraguaios e que fugira.
Patrício Correa da Câmara Guerra do Paraguai. Contou Revela-nos isto o livro Invasão
usavam carretas para o isto Andrade Neves em Paraguaia, pág 166.
transporte de farinha e de parte escrita em 22/02/1868.
prisioneiros. O exército por- Adicionalmente, conta O General Osório quando era
tuguês, no combate de Andrade Neves, em parte Ministro da Guerra passou
Caiboaté, contava com 200 redigida em 01-09-1868, que o serviço de transportes do
carretas, segundo página 80. uma carreta levava os trens de Exército para as unidades de
ponte que foi construída para cavalaria e eliminou o sistema
Durante a Revolução de transpor o Passo da Pátria antigo feito com carretas
1923, Honório Lemes, em seu durante a Guerra do Paraguai. particulares. Está no livro
relatório de 03 de setembro, Está no livro Andrade Neves, o General Osório: o Maior Herói
relata que após derrotar os Vanguardeiro!, pág 99. e Líder Popular Brasileiro, pág
inimigos, tomou a eles vários 207.
despojos entre os quais uma O livro Vilagran Cabrita e a
carreta de bois. Narra isto o Engenharia de Seu Tempo, 6.2.5- NA GUERRA DE
livro Carreteadas Heróicas, na pág 179, relata que o CANUDOS
pág 158. Batalhão de Engenheiros, na
Guerra do Paraguai, tinha Diz o livro Do Litoral ao Sertão,
6.2.3 - NA GUERRA carretas para transportar pág 330, que a 4ª expedição
CISPLATINA escadas e pranchões durante destinada à Guerra de Canu-
a Batalha de Humaitá, em 16- dos e comandada por Artur
O exército de Barbacena 07-1868. Este livro também Oscar usou sete carretas pra
estacionou à beira do conta, na página 226 que, transportar víveres. Ademais,
Arroio Traíras no dia 01 durante a Guerra do Paraguai, levava 100 bois mansos para
de fevereiro de 1827. Ali o a Comissão de Engenheiros tração. No entanto, o livro
alemão Seweloh descreve presidida por José Carlos Expedições Militares Contra
os meios de transporte. Ele de Carvalho construiu uma Canudos, pág 115, nos conta
que na 4ª expedição durante 6.2.7 - OUTRAS GUERRAS
O TUIUTI
AHIMTB/RS 11
a Guerra de Canudos o coro-
nel Campelo providenciou 40 O mesmo livro Ciclo do Carro 6.3- TRANSPORTE DE SAQUE
carretas puxadas a boi. de Bois no Brasil também
conta que em 1832 no sul A página 41 do livro Santiago-
O capítulo “Quarta Expedição” do Ceará, o general Pedro RS conta que o caudilho
do livro Os Sertões conta que, Labatut combatia as hostes uruguaio Frutuoso Rivera usou
durante a Guerra de Canudos, do ex-coronel Joaquim Pinto 60 carretas para transportar
a Comissão de Engenharia, Madeira. Labatut requi- objetos preciosos dos templos
católicos das Missões para o
chefiada por Siqueira de sitava os carros de boi em
Uruguai após o tratado de paz
Menezes, levou o canhão encontrava em seu itinerário
estabelecido com a recém-
Whitworth 32 através da para que conduzissem ao fundada República Oriental
região de Aracaty, puxado por teatro de operações, tropa e do Uruguai.
20 juntas de boi. material bélico.
As tropas paraguaias
Bernardino José de Souza, Os arquivos da República Far- chefiadas por Roble e Resquin
autor do livro Ciclo do Carro roupilha foram transportados retornaram ao Paraguai
de Bois no Brasil conta que em uma carreta conforme a atravessando a Província
ouviu em sua infância notícias pág 167 do livro Ciclo do Carro de Corrientes e se dirigiram
sobre comboios de carros de de Bois no Brasil. A partir dela ao Rio Paraná. Levaram
bois empregados na Guerra vários documentos foram ex- um grande saque: mais
de Canudos. pedidos, assim, a capital da de 10.000 mil cabeças de
República peregrinou por vá- gado e centenas de carretas
6.2.6- NA REVOLUÇÃO rios caminhos do Rio Grande de despojos retirados das
FEDERALISTA do Sul. estâncias correntinas. Conta-
nos isto o livro Reminiscências
Em 5 de março de 1895, da Campanha do Paraguai,
Aparício Saraiva decidiu sair pág 100.
de Piraí com suas tropas
revolucionárias em direção Em 13 de junho de 1865, o
exército paraguaio, coorde-
ao Uruguai. Como nem todos
nado por Estigarribia, iniciou
têm cavalos, alguns homens
o saque dos objetos mais pre-
viajam nas carretas sobre ciosos existentes em São Borja.
os sacos que guardam as Foram usadas 50 carretas para
munições. Isto está na pág transportar tais objetos ao
167 do livro Vida de Aparicio Paraguai. A revelação está no
Saravia. livro Invasão Paraguaia, pág
73. Posteriormente, o exército
Bernardino José de Souza, no paraguaio remeteu de Itaqui
livro Ciclo do Carro de Bois no para o Paraguai grande des-
Brasil, pág 160, conta que na pojo em 7 carretas e mais 7
Guerra da Independência, no carretas com doentes, confor-
Piauí, o Sargento-mor João me a página 107 do mesmo
José da Cunha, comandante livro, Invasão Paraguaia.
das forças reacionárias
marchou a partir de Oeiras 6.4 - CARRETA COMO
para sufocar a revolução no SAQUE DE GUERRA
Parnaíba levando em carros
de boi todo o seu material Uma impressão de um exem-
bélico. plar do periódico paraguaio
12 O TUIUTI
AHIMTB/RS pág 282 do livro Vida de Apa- Isto nos é informado pelo
ricio Saravia. livro Ciclo do Carro de Bois no
El Semanario, de 1867, trans- Brasil.
crito na página 144 do livro 6.5 - USO DESESPERADO
A Retirada da Laguna, conta DA CARRETA Os carretões foram
que, em um combate com a construídos pelo carpinteiro
expedição militar brasileira, Cita Taunay, na página 121 Manuel de Abreu, segundo
os paraguaios se apoderaram de A Retirada da Laguna, a Enciclopédia Conhecer,
de 38 carretas brasileiras que a queima de carretas para volume III, apesar de outras
continham provisões, muni- aquecimento dos soldados. fontes lhe darem o nome
ções, armas e roupas. de Joaquim de Abreu. Cada
A página 158 de Dragões de carretão tinha quatro rodas
A página 490 do livro História Rio Pardo conta que Patrício gigantes, segundo o livro
Militar do Brasil, volume 2, Correa da Câmara, após o Memórias de José Garibaldi,
narra que em 01 de fevereiro combate de São Gabriel pág 66.
de 1852 o Exército Brasileiro do Batovi, devido a uma
e os aliados derrotaram o enfermidade, se fez conduzir 6.7- APOIO MILITAR
Exército do argentino Rosas em uma carreta.
que, em precipitada fuga, 6.7.1- COMO ENFERMARIA
abandonou nove carretas 6.5.1- USO DA CARRETA
carregadas. Conforme a pág PARA FOGO As carretas de boi foram
563, o comandante era João usadas como ambulância
Daniel Dâmaso dos Reis e Para aquecimento e por falta após um combate junto ao Rio
o inimigo fugiu para o local de lenha seca queimaram as Apa em maio de 1867 entre a
Logares Santos. carretas de boi, segundo a expedição militar brasileira e
página 103 de A Retirada da o exército paraguaio. Nelas os
Durante a Revolução Fede- Laguna. Depois, na página doentes ficavam apertados
111, o livro conta novamente devido ao pequeno espaço.
ralista, no Rio Grande do Sul,
que as carretas tinham sido Conta-nos isto a página 85 de
os revolucionários, vencedo-
queimadas e as juntas de boi A Retirada da Laguna.
res do Combate do Cerro do
matadas para serem comidas.
Ouro, em 1893, tomaram aos
Várias carretas foram
inimigos três carretas e sete queimadas, sobrando só uma
6.6- LANCHÕES DE
carroças, entre outros; depois, GIUSEPPE GARIBÁLDI carreta para a enfermaria,
no Combate do Passo do Ja- pág 103. Depois, a página
cuí, os revolucionários reco- Ele, na Revolução Farroupilha, 173 deste livro revela que na
lheram doze carretas e outros teve a ideia de transportar condução dos doentes em
despojos. Em 1894, os gover- por terra seus dois lanchões, carretas, devido à exiguidade
nistas comunicaram que to- Seival e Farroupilha (ou Rio de espaço, os doentes ficavam
maram dos revolucionários Pardo, conforme alguns comprimidos.
três carretas. Conta-nos isto o autores), desde o Rio Capivari
livro Carreteadas Heróicas. até a Lagoa Tramandaí, numa A página 158 de Dragões de
viagem que durou desde 05 Rio Pardo conta que Patrício
No Uruguai, perto do rio até 11 de julho de 1839. Cada Correa da Câmara, após o
Dayman, Aparício Saraiva, lanchão era posto sobre uma combate de São Gabriel
que defendia os blancos, teve grande carreta e tracionado do Batovi, devido a uma
seu acampamento tomado de por cinquenta juntas de bois enfermidade, se fez conduzir
assalto pelo governista Muniz (controvérsias entre autores em uma carreta.
em março de 1904. Muniz se quanto a este número). Davi
apodera de onze carretas com Canabarro era o comandante Dionísio Cerqueira, no livro
armas e munições. Isto está na desta operação de transporte. Reminiscências da Campanha
O TUIUTI
AHIMTB/RS 13
pág 435, conta que em 03 de
setembro de 1851 o Conde de
Caxias expediu ordem para
que o Exército fosse suprido
de ambulâncias, de carretas
para o transporte das mesmas
e de boiada para o serviço das
carretas. Aliás, em 23 de julho
em Orqueta o Conde já havia
planejado a compara de bois
e de carretas, pág 424.

O livro História Militar do


^ FOTO HISTÓRICA
Brasil, volume 1, pág 133,
Esta foto é de valor inestimável, uma vez
suas mercadorias em plena conta que o comandante
que é identificada como a mais antiga
fotografia de Porto Alegre, tomada por rua e transportarem centenas em chefe da Campanha do
volta dos anos 50 do século XIX. Foi
de cadáveres para o cemitério. Uruguai criou em 29/08/1851,
obtida na esquina das ruas Alegria e
Rosário. E o boi, presente... Revela-nos isto o livro Ciclo do pela Ordem de Serviço nº 16,
Carro de Bois no Brasil, pág a Companhia de Transportes.
539. Esta Companhia encarregou-
do Paraguai, pág 89, fala se de atrelar e conduzir o
sobre o transporte de doentes Após voltar ao Rio Grande comboio do Exército, com-
em carretas. Na região de do Sul, já em Carovi, RS, posto de inúmeras carretas.
Mercedes, província de em 10 de agosto de 1894,
Corrientes, o soldado Antônio 6.90- FAÇANHAS EM
Gumersindo Saraiva subiu a
Chiru foi levado em uma CARRETAS
uma eminência do terreno
carreta e faleceu.
para conferir o campo de
batalha. Então, do meio de 6.9.1- GIUSEPPE GARIBALDI
6.7.2- COMO CARRO
restingas, foi alvejado no
FÚNEBRE Ele, na Revolução Farroupilha,
peito por soldados inimigos.
Em seguida, ele foi colocado transportou seus dois lan-
Segundo o livro Críticas,
em uma carreta e levado à chões sobre carretas grandes
volume 6, pág 227, o esquife
enfermaria. Por três horas por terra até o mar.
de Artigas foi levado em uma
carreta de bois. seus companheiros tentaram
socorrer Gumersindo, mesmo 6.9.2- METEORITO BENDEGÓ
Quando aconteceu no Ceará assim ele morreu. Dois dias (OU BENDENGÓ)
a intentona de Joaquim depois, uma carreta leva o
Pinto Madeira em prol da cadáver até um cemitério. Isto O Meteorito Bendegó caiu na
restauração de D Pedro I, está na pág 112 do livro Vida cidade de Monte Santo, BA.
houve um duro combate em de Aparicio Saravia. Em 1785, foi feita a primeira
Icó, em 04/04/1832, o solo tentativa de transportá-lo
ficou coberto de cadáveres 6.8- AQUISIÇÃO DE até Salvador. E tal tentativa
de ambos os grupos. No dia CARRETAS PELO EXÉRCITO foi frustrada. Para tal foi
seguinte as tropas legais organizada uma expedição
desviaram os carreiros O Diário de Campanha do que usava uma carreta
que faziam transporte de Exército Brasileiro contra enorme, com 12 juntas de boi
mercadorias entre Icó e Aracati Oribe, inserido no livro História sob o comando do capitão-
e os forçaram a descarregarem Militar do Brasil, volume 2, mor Bernardo de Carvalho da
14 O TUIUTI
AHIMTB/RS no Rio Piquiri e ir até o Porto de 1836, conforme pág 248
Tauá. Neste trajeto o vapor foi do livro História da Grande
Cunha. rebocado. O 1º Ten Pedro Davi Revolução, volume 3.
Durocher foi encarregado
Depois, em 1887, o meteorito de comandar esta tarefa. A Quando o exército paraguaio
foi finalmente removido partida de Cuiabá ocorreu em invadiu São Borja, em junho
em outra carreta grande 27/05/1867. de 1865, várias famílias
que andava sobre trilhos,
planejada por José Carlos de fugiram da cidade inclusive
Em Tauá, o casco do vapor foi usando mais de 300 carretas,
Carvalho, e que também era desmontado, e suas partes,
puxada por cordas, roldanas segundo nos consta o livro
juntamente com as máquinas
e alavancas adaptadas em e outros apetrechos foram Invasão Paraguaia, pág 53/56.
talhas amarradas em troncos colocados em comboio de 16
de árvores. Falam sobre o carros de boi. Em julho de 1867 Na Revolução de 1893 as
meteorito Bendegó a revista partia de Tauá o comboio por carretas foram usadas para
Época nº 220, de 05-08-2002 terra com a ajuda do Capitão transportar famílias de
e a revista Scientific American Antônio Gomes Pinheiro, refugiados. Sob proteção do
Brasil nº 3, de agosto de 2002. grande conhecedor do sertão. Coronel Santos Filho, 150
Descreve tal carreta o livro O comboio atravessou o carretas saíram de Cruz Alta
Os Meteoritos e a História de sertão Caiapozinho e chegou cheias de refugiados, confo-
Bendengó, de Wilton Pinto de a Itacaiú, nas margens do Rio me nos revela o livro Ciclo do
Carvalho. Araguaia, com mais de 100 Carro de Bois no Brasil.
léguas de andança por terra.
Suspeito que este José Carlos
6.11- ACIDENTE COM
de Carvalho seja o mesmo que Em Itacaiú, iniciou-se a
fazia parte do corpo de Enge- CARRETA
remontagem do vapor, sob
nheiros na Guerra do Paraguai, a orientação do Capitão
segundo o livro Vilagran Balduíno José Ferreira de Um acidente com carreta
Cabrita e a Engenharia de Seu Abreu. é narrado na página 457
Tempo. do livro História Militar do
No livro Grandes Soldados Brasil, volume 2, que relata
6.9.3 - TRANSPORTE DE UM do Brasil, pág 168, em um o itinerário da 1ª Divisão em
VAPOR capítulo dedicado a Couto 1852.
de Magalhães, conta que tal
O livro Ciclo do Carro de Bois navio, depois de desmontado, Um soldado da companhia de
no Brasil, pág 156, lembra foi transportado em 16 sapadores subiu e sentou so-
a façanha do General José carros puxados a boi, sob o bre o cabeçalho de uma carre-
Vieira Couto de Magalhães comando de Antônio Gomes ta em andamento. Neste mo-
que se tornou governador Pinheiro. E, para auxiliá-lo, mento o boi do coice deu-lhe
da Província de Mato Grosso havia 20 soldados munidos de
uma patada jogando-o por
em 02/02/1867. Ele planejou machados e de enxadas.
transportar o vapor Antônio terra, e a roda da carreta pas-
João da Bacia do Prata até a 6.10- TRANSPORTE DE sou sobre o ventre do infeliz.
Bacia do Araguaia por terra. PASSAGEIROS EM FUGA Para socorrê-lo, puseram-no
dentro da carreta. O coman-
O vapor inicialmente estava Bento Gonçalves usou 50 dante recomendou o carre-
no porto de Cuiabá. O carretas para sua retirada teiro guiar de forma que o en-
itinerário escolhido foi descer de Porto Alegre, depois de fermo não fosse incomodado
o vapor pelo Rio Cuiabá, subir ser derrotado na Batalha do com os repetidos balanços.
o Rio São Lourenço, ingressar Fanfa, em 18 e 19 de setembro Em seguida o soldado faleceu.
7- REBOCAMENTO DE botas” porque os bois, pu-
O TUIUTI
AHIMTB/RS 15
MATERIAL BÉLICO xando a artilharia em meio
aos lodaçais, ficavam com as e o convidou a render-se,
7.1- BATALHA DE patas carregadas de lama, pois seria inútil ao português
GUARARAPES dando a aparência de usarem guerrear em vista de o efetivo
botas. Esta versão pode ser ser muito menor e em vista de
Antes das Batalhas de encontrada no livro 6ª Brigada que Tiraparé tinha um canhão.
Guararapes, o capitão Manuel de Infantaria Blindada. O major Gama Lobo, mesmo
de Queiroz Siqueira enviou sem ter canhão, não aceitou
um relatório a rei de Portugal, A página 42 do livro Grandes a proposta de rendição.
no qual explicava a situação Soldados do Brasil, em um Então, após um momento de
das capitanias do Nordeste capítulo dedicado a Luiz Emílio guerra, os uruguaios fugiram
inclusive a situação militar Mallet, Patrono da Artilharia, e abandonaram seu canhão.
frente à possibilidade de conta que o 1º Regimento de Gama Lobo, vitorioso, pôs-se
enfrentar os holandeses. O Artilharia a Cavalo, na guerra em marcha para o passo de
Relatório dizia que quase contra Oribe, atravessou o Rio Itaqui rebocando com juntas
não havia gado, pois as vacas Negro e o Rio Yi, ambos com de boi o canhão tomado aos
eram abatidas porque os margens barrentas e tomadas uruguaios.
bois de carros eram úteis no pela geada. Naquelas
serviço dos engenhos de circunstâncias, se arrastavam 7.4- GUERRA DO PARAGUAI
açúcar e na artilharia. Depois o penosamente 19 bocas de
relatório conta que a capitania fogo puxadas a boi. A expedição militar brasileira
dispunha de 7 peças de arti- destinada a repelir a invasão
lharia. Conta-nos isto a página O livro Maldita Guerra traz uma paraguaia usava a força de
77 do livro João Fernandes fotografia em que aparecem bois, segundo nos conta o
Vieira, volume 2. dois canhões usados por Visconde de Taunay no livro A
Mallet. Na extremidade Retirada da Laguna. Conforme
7.2- EXÉRCITO anterior dos cabeçalhos dos a página 34, as peças de
DEMARCADOR canhões aparecem vigas artilharia da expedição
amarradas transversalmente militar brasileira foram
O contingente comandado à semelhança de cangas, ou puxadas a boi desde o início
por Fernandes Pinto Alpoym seja, isto é uma evidência de de seu movimento a partir
em auxílio ao Exército que bois os tracionavam. do município de Miranda
Demarcador tinha sete peças em janeiro de 1867 sob o
de bronze e duas peças de O antigo 1º R A Cav, 1º comando de Carlos de Morais
ferro tracionadas por bovinos. Regimento de Artilharia a Camisão. Este livro também
O Exército Demarcador Cavalo, tinha 24 canhões conta que em maio de 1867
dispunha de 60 carretas e 820 La Hitte tracionados a boi, na passagem sobre o rio Apa
bois mansos. Está no livro 3ª conforme nos conta o livro as quatro peças de artilharia
Divisão do Exército, pág 20. Velhos Regimentos. eram puxadas a boi, conforme
a página 80. Mais adiante, pág
7.3- GUERRAS NA REGIÃO O livro A Guerra de Artigas, 179, o livro nos conta que a
PLATINA no capítulo “O Canhão de coluna brasileira tinha fileiras
Tiraparé”, conta que um de carros puxados por bois
Os bois puxavam a artilharia canhão foi tracionado por e quatro peças de artilharia
e o carretame do Regimento uma junta de bois. Uma também puxadas a bois em
comandado pelo Marechal tropa comandada pelo 08-05-1867.
Mallet na guerra contra capitão Tiraparé, do exército
Oribe e Rosas, em 1851/2, de Artigas, aproximou do O Diário do Exército 1869-
ficou conhecido por “boi-de- batalhão do major Gama Lobo 1870, no Anexo C, reproduz a
16 O TUIUTI
AHIMTB/RS Mariano quanto tempo tal semelhava-se a um trenó.
rastro existia e quanto tempo Conforme página 35 do livro
Ordem do Dia nº 30 expedida seria necessário para que o Devassa Sobre a Entrega da
pelo Brigadeiro José Luís exército alcançasse as carretas. Villa do Rio Grande às Tropas
Mena Barreto que relata que O vaqueano respondeu que o Castelhanas, Domingos de
“...a nossa artilharia, apesar rastro era velho e parecia novo Moraes Navarro disse que os
de ser movida a bois, teve um porque não havia chovido espanhóis, em sua aproxima-
canhão atolado...”. sobre ele e que as famílias ção para tomar Rio Grande,
fugitivas já estavam muito traziam “peças de artilharia
Um indício forte de que os longe. Conta-nos isto o livro por montar arrastadas sobre
bois foram usados como Invasão Paraguaia, pág 61. uns paus a que chamam zor-
força de tração na Guerra do ra” e que as carretas estavam
Paraguai são os quadros de 7.7- FORA DO BRASIL ocupadas de faxinas.
Candido Lopez presentes no
Salão Brasil, do Colégio Militar O Exército Português, na 7.10- TRANSPORTE DE
de Porto Alegre. guerra contra os mouros, MOTOR DE AVIÃO
transportou bombardas e
7.5- GUERRA DE CANUDOS munições em uma carreta, Conforme o livro Ciclo do Car-
conforme capítulo 50, parte ro de Bois no Brasil, pág 507,
Segundo Do Litoral ao Sertão, III, de Crônica do Felicíssimo houve o resgate de um avião
pág 330, a 1ª coluna da 4ª D. Manuel. militar. O fato foi contado no
expedição enviada para “Diário da Noite”, do Rio de Ja-
a Guerra de Canudos em 7.8- TRANSPORTE SOBRE O neiro, edição de 01/04/1943.
junho de 1897, comandada DORSO Em uma missão conjunta de
por Artur Oscar, levava um treinamento entre a Aero-
só canhão Whitworth 32, Predominou na História, o uso náutica brasileira e o governo
com 1700 kg, tracionado dos bovídeos para transportar dos Estados Unidos um avião
por 20 juntas de boi. Porém, cargas tracionando-os com militar caiu em um campo de
segundo a página 150 de o uso de um veículo, isto é, trigo em Vera Cruz, cidade
Velhos Regimentos, foram como animal de tiro. mexicana da costa do Golfo
necessárias treze juntas de do México. O Tenente Jofre de
bois para tracionar tal canhão. No entanto, em exceção a Melo Silva era o comandante
Este canhão foi utilizado pa- isto, o Programa Globo Rural da operação e recebeu ordem
ra destruir a Igreja da vila de de 18-11-2008 relata que o do Adido Aeronáutico para ir
Antônio Conselheiro. Exército, através do Centro de ao local. Lá chegando, retirou
Instrução de Guerra na Selva, o motor e o levou a San Anto-
7.6- RASTROS DA CARRETA usa búfalos para transportar nio, onde foi consertado. No
sobre seus dorsos material mi- retorno do motor consertado,
Como a borda externa da roda litar. As características impor- foram usados carros de boi
da carreta (chapa) é estreita, tantes são: ele se desloca bem para levá-lo até o local onde
deixa marcas no solo por onde no meio da floresta e transpõe estava o avião.
passa. facilmente cursos de água.
8- USO “PARAMILITAR” DA
Os paraguaios em 16 de junho 7.9- ZORRA FORÇA DO BOI
de 1865 encontraram rastros
frescos (recentes) das carretas A zorra era uma forquilha re- 8.1- REBOCAMENTO DE
com as quais as famílias sistente com tábuas pregadas RESÍDUOS
brasileiras fugiram de São sobre ela. Deslocava-se por
Borja. Então, o chefe paraguaio arrasto e transportava coisas Presenciei no início da
indagou do vaqueano difíceis de serem erguidas. As- década de 1980 quando
eu era funcionário civil do do Brasil, em 07-09-1922,
O TUIUTI
AHIMTB/RS 17
Ministério do Exército, no que participaram cinquenta carros
atualmente é o 3º Batalhão de boi e carrinhos de carneiros alça na parte dianteira e tração
de Suprimento, o uso de bois e cabritos dos rapazes da re- animal. Tinha cabos que
para tracionar uma carreta de dondeza. permitiam ao operador virá-la.
quatro rodas que diariamente Servia para movimentação de
vinha ao rancho do quartel 9- MOVIMENTAÇÃO DE solo em pequenas distâncias
para levar sobras de comida. SOLO na construção de taipas de
Um vizinho do quartel levava açude. A mariposa era uma
tais resíduos. É possível que o Exército espécie de draga de tração
tenha usado a força dos bois animal para construção de
8.2- REBOCAMENTO DE de tiro para movimentar solo açudes, conforme o Dicionário
MATERIAL NÃO BÉLICO na construção de trincheiras, Aurélio.
na construção de fossos e
O Noticiário do Exército nº para diminuir a declividade do
terreno na direção transversal O Manual do Irrigante
9.570, de 19-07-1999, mostra
ao deslocamento da carreta chama a mariposa de pá-de-
o uso da tração bovina
e, assim, tentar impedir cavalo e explica seu uso na
para transportar material
destinado à instalação de o tombamento lateral da sistematização de tabuleiros
uma rede elétrica (postes, carreta ou outras viaturas de na rizicultura. O livro O Arroz,
etc.) no Mato Grosso do artilharia. pág 142, diz que a pá-de-
Sul. O livro Ciclo do Carro cavalo tem, na parte fron-tal,
de Bois no Brasil, pág 510, Um instrumento usado a ela articulada, uma barra
para isto era a pá-de-cavalo de tração. Na parte traseira,
menciona que o transporte
que, também se chamava vêm duas rabiças. Para encher
de material necessário à mariposa em Rio Pardo, RS.
Comissão Rondon, ou seja, a pá-de-cavalo, o operador
Na agricultura a mariposa ergue as rabiças até que a
postes para a construção das servia para sistematização
linhas telegráficas, foi feito em lâmina frontal comece a cortar
de tabuleiros na lavoura de
carros de boi. Adicionalmente, arroz. Instrumentos para tal o solo. No ponto destinado a
depois, em 1930, a Comissão atividade: mariposa e plainas.
utilizou carros de boi para o
transporte de canoas usadas 9.1- MARIPOSA ATOR CONSTANTE v
A tração bovina esteve presente em boa
no serviço de Inspeção de parte dos grandes acontecimentos mundiais,
Fronteiras. Chamava-se “mariposa” uma incluindo grandes guerras. Um dos casos a
serem destacados é o da travessia homérica
caçamba do tipo concha com de Garibaldi, com seu barco, no RS.
8.3- DESFILES CÍVICOS COM
BOIS

Uma fotografia na página 82


do livro Velhos Regimentos
mostra uma junta de bois
tracionando um canhão La
Hitte de quatro rodas em um
desfile de rua em Santa Maria,
RS, em 1962.

Narra-nos o livro Ciclo do


Carro de Bois no Brasil, pág
530, que, no desfile cívico
em Virginópolis, MG, em
comemoração ao primeiro
centenário da Independência
18 O TUIUTI
AHIMTB/RS 9.3- RODADO lavoura. Já me falaram que as
tombeiras eram usadas em
descarregar a terra contida, Chamava-se “rodado”, na mi- olarias no transporte de barro.
o operador levanta bem as nha região, o veículo forma-
rabiças; assim, quando o ani- do de duas rodas, um eixo e Aliás, parece-me que seu uso
mal puxar, a pá-de-cavalo um cabeçalho em forma de militar seria o transporte de
emborca para a frente e forquilha, em Y, parafusado solo pelas companhias de
descarrega o conteúdo. Este sobre o eixo na extremidade sapadores.
livro também mostra uma pá- bifurcada. Era usado para o
de-cavalo montada em um transporte de toras. Uma ex- 9.5- TRABALHO DE
rodado de duas rodas. tremidade da tora era amarra- MOVIMENTAÇÃO DE SOLO
da sobre o eixo e a outra ex-
O livro Rumo ao Campo, pág tremidade arrastava no chão. Lembro-me de que até o fim
70, diz que as mariposas Obviamente, toras curtas e da década de 1970 havia na
leves eram transportadas por Vila Progresso, em Rio Pardo,
podem ser usadas para formar
arrasto e amarradas direta- RS, paralelamente à Rua Olaria
reservas de água úteis ao gado
mente à canga. uma vala profunda que tinha
nos arredores dos tremedais sua parte de baixo (fundo)
e, desta forma, impedir que o Emprego militar possível: praticamente horizontal. O
gado se atole. transporte de toras para terreno tinha um leve aclive
estivas ou parapeitos. e diziam pessoas antigas que
9.2- PLAINA na parte baixa havia um aterro
9.4- TOMBEIRA e, na direção do aclive a vala
Fala sobre ela o livro O aumentava a profundidade,
Terraceamento e a Tração Tinha formato de uma carreta o que eu lembro. A cabeceira
Animal no Combate à Erosão. cuja mesa ficava apoiada desta vala tinha uns 10 m
A plaina é um instrumento sobre uma barra paralela de largura e uns 5 m de
utilizado para a sistematização ao eixo. O cabeçalho se profundidade com barrancos
de áreas para plantio de prolongava desde a chavelha arredondados. Havia a uns
arroz irrigado. Ela é feita com até o eixo; aliás, o cabeçalho, 200 m da cabeceira disto o
duas tábuas anexadas nas como no rodado, também chamado Engenho Bistronski,
extremidades de mesmo lado era bifurcado na extremidade de beneficiamento de arroz. A
e as outras extremidades são que ficava sobre o eixo. Esta Rua Olaria hoje se chama Rua
afastadas por uma tábua barra, ou viga de madeira, era João Goulart e está totalmente
colocada entre elas, formando arredondada nas pontas, que urbanizada.
um A. As hastes do A são as serviam como mancal no qual
que era embutida uma caixa Pessoas mais velhas diziam
faces ou “pernas”.
como a da carreta, porém com que tal reentrância era vestígio
um furo em cada cheda. Então, de uma antiga linha de tiro.
Um ponto de engate da tração tal caixa ficava basculante, Provavelmente aí está um
fica no lado externo do vértice entretanto, para impedir exemplo de movimentação
e outros pontos são coloca- seu giro inoportuno, tinha, à de solo para fins militares.
dos nas faces. Variando-se o frente, sobre o cabeçalho, um
comprimento das correntes e gancho. Este conjunto se cha- 10- TRAVESSIA DE CURSOS
os pontos laterais de engate mava “tombeira”. D’ÁGUA
pode-se regular o paralelismo
entre a plaina e o sentido do Seu giro facilitava o descarre- 10.1- GENERALIDADES
deslocamento. gamento de cargas a granel
como terra na construção de Tenho curiosidade em saber
Entre as “pernas” da plaina açudes, aipim, espigas de mi- como os antigos carreteiros
hastes de madeira fixam o lho, etc. Presenciei seu uso no faziam travessia de cursos
afastamento delas. transporte de esterco para a d’água que não davam vau
e em pontos onde não havia seja, bolsas feitas de couro de
O TUIUTI
AHIMTB/RS 19
serviço regular de barca. boi. Conta-nos isto o livro A
Batalha do Passo do Rosário, jangadas desde uma margem
O livro General Osório: o pág 227. do rio à outra continuamente.
Maior Herói e Líder Popular Por cima desta estrutura
Brasileiro, pág 195, conta que, 10.2- EM RIO PARDO, RS passavam carretas e artilharia.
sob a chefia do General Osório, Tal façanha foi feita sob
o Capitão Machado orientou a Como meios contínuos ordem do Cel Alpoyn, quando
travessia de uma tropa sobre faziam-se pontes flutuantes. o Exército Demarcador se
um rio durante a Guerra do Na página 69 de Dragões de dirigiu à região das Missões
Paraguai. As carretas, depois Rio Pardo, aparece a ordem com a finalidade de fixar as
de descarregadas, foram de construir uma ponte fronteiras entre Portugal e
levadas com barris amarrados flutuante com 18 canoas Espanha estabelecidas pelo
em torno para que não sobre o Rio Pardo. A revista Tratado de Madri, em 1750.
afundassem. A Defesa Nacional nº 720,
de jul/ago de 1985, em um 10.3- OUTROS CASOS
A página 125 do livro A artigo intitulado “Travessia
Retirada da Laguna lembra Militar de Brechas e Cursos O livro Carreteadas Heróicas,
que em 31-05-1867, durante d’Água no Brasil”, trata desta página 108, fala da travessia
a movimentação da coluna ponte flutuante e dela traz de um rio com o uso de
militar brasileira, diversas uma figura artística na página uma piroga na qual iam os
juntas de boi foram atreladas 34. Aparece a montante da tocadores do boi. A carreta ia
a um canhão destinado a ponte uma corda atravessada diretamente pela água.
atravessar correnteza do Rio sobre o rio e amarrada
Miranda ao longo de um cabo em suas extremidades em A revista A Defesa Nacional
amarrado com uma extremi- árvores. À jusante desta corda nº 720, de jul/ago de 1985,
dade em cada lado do rio, em partem cordas menores que reproduz a narrativa do
árvores. seguram pelas proas as 18 General Henrique Böhn
canoas enfileiradas no sentido a respeito da travessia de
A 1ª Brigada, comandada transversal ao rio. Esta corda seu batalhão sobre o Rio
pelo General Barreto, principal lembra a definição Mampituba. Uma carreta foi
iniciou a travessia do Arroio do verbete “maromba” em tracionada pelos próprios bois
Camaquã-chico, em 29 de dicionários gauchescos. Sobre a nado, porém não através
janeiro de 1827. A artilharia as canoas eram colocadas da canga e, sim, com cordas
foi transposta em pelotas, ou armações semelhantes a amarradas aos chifres.

11- TRAVESSIA DE
ATOLEIROS

Diz a Grande Enciclopédia


Brasileira e Portuguesa que
“estiva” é um leito de paus
roliços ou outros materiais
feito com a finalidade de
consolidar caminhos e facilitar
ou possibilitar o trânsito de
veículos ou de bestas.

Em 1894, no município
de Lapa, PR, Gumersindo
Saraiva liderava as tropas
revolucionárias. Após fortes
20 O TUIUTI
AHIMTB/RS 12- SUBSTITUIÇÃO DA 13- RODAS DE CANHÕES
TRAÇÃO BOVINA NO
chuvas os caminhos ficaram EXÉRCITO Visitei o Museu do Comando
muito lamacentos. Em alguns Militar do Sul e constatei que
trechos, para possibilitar a O livro Velhos Regimentos, os canhões antigos de tração
passagem dos canhões e das pág 84/85, conta que após animal ou mecânica tinham
carretas, foi necessário fazer a Guerra do Paraguai, em rodas com maças metálicas e
um andaime de tábuas, ou 1872, o Visconde de Pelotas mais estreitas. Seus mancais
seja, uma estiva. Isto está apresentou ao Imperador eram mais estreitos e os eixos
na pág 88 do livro Vida de um relatório no qual dizia eram metálicos. Não há maça
Aparicio Saravia. que “é desaconselhável usar larga, mas dois flanges, para
como meio de transporte os quais os raios convergem.
Durante a Guerra do Paraguai, no Exército as pesadíssimas Tais flanges são como dois
após a travessia do Rio
e antiquadas carretas a boi” discos parafusados em
Paraná, em 1866, a Comissão
e ordenou a criação dos planos paralelos entre si,
de Engenheiros abriu uma
picada no mato e com as Corpos de Transporte porque um em cada lado externo
árvores cortadas estivou uma as despesas de tais seriam dos raios, situados no centro
passagem sobre o brejo para menores do que as despe- da circunferência da roda e
possibilitar a passagem da sas de fretes com carretas. perpendiculares ao eixo.
artilharia. Revela-nos isto a Dizia também tal relatório
página 146 do livro Vilagran que “o sistema de puxar a 14- ALGUNS CARRETEIROS
Cabrita e a Engenharia de Seu bois o trem do Exército é CÉLEBRES
Tempo. péssimo e incompatível com
a velocidade que se deve O livro Devassa Sobre a
O livro Reminiscências da pretender nas operações de Entrega da Villa do Rio
Campanha do Paraguai, pág guerra. O boi não caminha Grande às Tropas Castelhanas
320, conta que em direção com chuva nem quando há cita os cidadãos chamados
a Caacupê na Estrada do muito calor”. Miguel Lopes de Toledo e
Barreiro Grande a estrada Antonio Ferreyra Gomes
estava muito molhada pela O alemão Seweloh, como exemplos da profissão
chuva. Assim, os atoleiros ti- conforme pág 420 do livro de “capataz das carretas e
veram que ser cobertos por Reminiscências da Campanha boiadas de Sua Majestade”.
estivas. de 1827, já dizia “ ...as
carretas que lentamente se Na História, carreteiro célebre
Lima Figueiredo, na página 73 moviam, prova evidente da foi Apolinário Pereira de
de seu livro Casernas e Escolas, Sampaio, citado em A Retirada
inconveniência do uso de
revela que em outubro de da Laguna como fornecedor
bois,...”
1869, sob o comando do da expedição militar brasileira.
General Argolo, o Exército
Brasileiro implantou a Estrada Osório Santana de Figueiredo José Luís Cardoso de Sales
do Chaco. Visto que o solo conta que no século 19 foi grande fornecedor do
era encharcado e mole, foi em São Gabriel havia uma Exército, segundo o livro
necessário montar uma organização militar chamada Ciclo do Carro de Bois no
estiva no trajeto da estrada. Corpo de Transportes. Naquele Brasil, pág 161. Desde as lutas
Foram usados 6.000 troncos século, pela reorganização do contra o Paraguai no Brasil
de carandá para construir 5 Exército, o CT foi transformado em Uruguaiana até a invasão
pontes e para estivar 3.000 no 16º Regimento de Cavalaria do Paraguai, passando pela
metros de leito de estrada. e levado para Dom Pedrito. No província de Corrientes, ele
Carandá é uma palmeira entanto, nos fins do século 19, acompanhava o 2º Corpo
típica daquela região. A o CT já começava a ser dotado comandado pelo Conde de
estrada completa tinha 11 de viatura hipomóveis. Isto Porto Alegre com 400 carretas
quilômetros. Sua construção está no livro Carreteadas tiradas a boi e animais de
demorou 23 dias. Heróicas, pág 159. munício.
O livro Carreteadas Heróicas cellos, Biblioteca Militar, Rio
O TUIUTI
AHIMTB/RS 21
cita o carreteiro Vasco Antônio de Janeiro, RJ, 1942;
Fontoura Júnior que abando- * A Retirada da Laguna, Vis- Academia de História Militar
nou sua carreta e incorporou conde de Taunay, Biblioteca Terrestre do Brasil, Resende,
ao Exército Brasileiro para lutar do Exército, Rio de Janeiro, RJ, RJ, 2002;
contra as tropas do paraguaio 1959; * 3ª Divisão do Exército, Cláu-
Estigarribia. Durante a Guerra * Velhos Regimentos, Heitor dio Moreira Bento, Academia
do Paraguai, ele se tornou Borges Fortes, Biblioteca do de História Militar Terrestre do
o Coronel Chananeco e, Exército, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Resende, RJ, 2008;
depois da Guerra, retornou a 1964; * A Guerra de Artigas 1816-
profissão de carreteiro. * Pequeno Dicionário da Lín- 1820, Gustavo Barroso, Ge-
gua Portuguesa, Cândido de túlio M. Costa Editora, Rio de
O próprio Osório Santana Figueiredo, Lisboa, Portugal, Janeiro, RJ, 1939;
Figueiredo, autor do livro 1940; * Crônica do Felicíssimo D.
Carreteadas Heróicas, em sua * Carreteadas Heróicas, 2ª edi- Manuel, Damião de Góis, par-
infância, acompanhou seu ção, Osório Santana Figueire- te I, Universidade de Coimbra,
pai em andanças em carretas, do, São Gabriel, RS, 2000; Co-imbra, Portugal, 1949-50;
conforme seu próprio livro. * Vilagran Cabrita e a Enge- * Noticiário do Exército, publi-
nharia de Seu Tempo, Aurélio cação periódica do Centro de
de Lyra Tavares, Biblioteca do Comunicação Social do Exér-
Exército, Rio de Janeiro, RJ, cito, Brasília, DF;
1981; * Manual do Irrigante, Ministé-
• rio da Agricultura, PROVÁRZE-
* Escolas Militares de Rio Par-
AS, Brasília, DF, 1986;
Bibliografia: do 1859 – 1911, Cláudio Mo-
* O Arroz, Lourenço Granato,
reira Bento e Luiz Ernani Ca- Typographia Levi, São Paulo,
minha Giorgis, Academia de SP;
* Expedições Militares Contra História Militar Terrestre do * Rumo ao Campo, Pedro Luís
Canudos, Tristão de Alencar Brasil, Resende, RJ, 2005; Osório, Livraria Globo, Porto
Araripe, Imprensa do Exército, * General Osório: o Maior He- Alegre, RS, 1940;
Rio de Janeiro, RJ, 1960; rói e Líder Popular Brasileiro, * O Terraceamento e a Tração
* Manual de Semiologia dos Cláudio Moreira Bento, Aca- Animal no Combate à Erosão,
Ruminantes, Garcia, Libera de-mia de História Militar Ter- Mario Borgonovi, Secretaria
e Barros Filho, Livraria Varela restre do Brasil, Resende, RJ, da Agricultura do Estado de
Ltda, São Paulo, SP, 1996; 2008; São Paulo, São Paulo, SP, 1945;
* Dicionário de Contabilidade, * Do Litoral ao Sertão, Mano- * A Defesa Nacional, revista
Antônio Lopes de Sá, Editora el Funchal Garcia, Biblioteca periódica publicada pela Bi-
Atlas, São Paulo, SP, 1990; do Exército, Rio de Janeiro, RJ, blioteca do Exército Editora;
* Contabilidade: Teoria e Prá- 1965; * Novíssimo Dicionário da
tica, Alvísio Grecco e Lauro * Andrade Neves, o Vanguar- Língua Portuguesa, Alpheu
Arend, Sagra-Luzzatto, Porto deiro!, Deoclécio de Paranhos Tersariol, LIBRA Empresa Edi-
Ale-gre, RS, 1997; Antunes, Biblioteca do Exérci- torial, São Paulo, SP;
* Dragões de Rio Pardo, Para- to, Rio de Janeiro, RJ, 2008; * Gauchadas do Candinho Bi-
nhos Antunes, Biblioteca do * Santiago-RS, Núncia Santo- charedo, Orlando Lago Vilela,
Exército, Rio de Janeiro, RJ, ro de Constantino, Martins Li- Martins Livreiro, Porto Alegre,
1954; vreiro, Porto Alegre, RS, 1984; RS, 1983;
* João Fernandes Vieira, José * Críticas, João Ribeiro, ABL, * Grande Enciclopédia Portu-
Antônio Gonsalves de Mello, Rio de Janeiro, RJ, 1961; guesa e Brasileira, Editorial En-
volume II, Universidade do Re- * Os Meteoritos e a História ciclopédia, Lisboa, Portugal;
cife, Recife, PE, 1956; de Bendengó, Wilton Pinto de * Cadernos de História, publi-
* História Militar do Brasil – a Carvalho, Salvador, BA, 1995; cação periódica do Memorial
Campanha de 1851/1852, vo- * 6ª Brigada de Infantaria Blin- do Rio Grande do Sul, Porto
lume 2, Genserico de Vascon- dada, Cláudio Moreira Bento, Alegre, RS;
22 O TUIUTI
AHIMTB/RS do Exército, Rio de Janeiro, RJ, Livraria do Globo, Porto Ale-
1951; gre, RS, 1933;
* Contabilidade Rural, José * Reminiscências da Campa- * Diário do Exército 1869-
Carlos Marion, Editora Atlas, nha de 1827, A. A. F. de Sewe- 1870, Alfredo D’Escracgnolle
São Paulo, SP, 1985; loh; Taunay, Biblioteca do Exérci-
* Época, revista publicada pela * Memórias de José Garibaldi, to Edi-tora, Rio de Janeiro, RJ,
Editora Globo, São Paulo, SP; Alexandre Dumas, Compa- 1958.
* Scientific American, revista nhia Graphico – Editora Mon- * Deuses Animais, Elisabeth
publicada pela Editora Seg- teiro Lo-bato, São Paulo, SP, Loibl, Círculo do Livro, São
mento, São Paulo, SP; 1925; Paulo, SP.
* Devassa Sobre a Entrega da * Tipos e Aspectos do Brasil, * Dicionário da Origem e da
Villa do Rio Grande às Tropas Conselho Nacional de Geo- Vida das Palavras, Luiz A. P. Vi-
Castelhanas, Instituto Históri- grafia, Rio de Janeiro, RJ, 1963; tória, Rio de Janeiro, RJ, 1958;
co e Geográfico do Rio Grande * Invasão Paraguaia, Cônego * Dicionário de Termos Pró-
do Sul, Rio Grande, RS, 1937; João Pedro Gay, Universidade prios e Relativos, Anselmo
* Maldita Guerra, Francisco de Caxias do Sul e Instituto Es- Mazurkiewicz, Editora Vozes,
Doratioto, Editora Schwarcz, tadual do Livro, Caxias do Sul, Petrópolis, RJ, 1968.
São Paulo, SP, 2002; RS, 1980;
* Máquinas Motoras na Agri- * Ciclo do Carro de Bois no Bra-
cultura, Luís Geraldo Mialhe, sil, Bernardino José de Souza,
USP, São Paulo, SP, 1980; Companhia Editora Nacional, Creio que a bibliografia tem
* Seleção do Equipamento São Paulo, SP, 1958; função precípua de facilitar ao
Agrícola, Odilon Saad, Editora * Grandes Soldados do Brasil,
Nobel, São Paulo, SP, 1983; leitor a pesquisa às fontes que
Lima Figueiredo, Livraria José o autor cita; assim pensando,
* Mecanização na Cultura do Olimpio Editora, Rio de Janei-
Milho Utilizando a Tração Ani- achei secundário elencar a bi-
ro, RJ, 1944;
mal, circular técnica nº 9, EM * Casernas e Escolas, Lima Fi- bliografia exatamente na for-
-BRAPA/CNPSM, Sete Lagoas, gueiredo, Biblioteca Militar, ma como mandam as regras
MG, set/1985; de normatização bibliográfica.
Gráfica Laemmert, Rio de Ja-
* Manual do Criador de Bovi-
neiro, RJ, 1950;
nos, Nicolau Athanassof, Com-
* Os Sertões, Euclides da
panhia Melhoramentos, São •
Cunha, Livraria Francisco Al-
Paulo, SP, 1941;
ves, 15ª edição, Rio de Janeiro,
* Enciclopédia Conhecer, Edi-
RJ, 1940;
tora Abril Cultural, São Paulo,
* História da Grande Revolu-
SP, 1982;
ção, Alfredo Varella, volume 3,
* História Militar do Brasil – a
Campanha de 1851/1852, vo-
lume 1, Genserico de Vascon- SOBRE O AUTOR
cel-los, Biblioteca Militar, Rio
de Janeiro, RJ, 1921; Ênio Kersting Corrêa é natural de Rio
Pardo, RS, formado em Engenharia Agrí-
* Vida de Aparicio Saravia – El cola pela Universidade Luterana do Brasil.
Gaucho de La Libertad, Edito- Analista tributário do Ministério da Fa-
rial Tor, Buenos Aires, Argen- zenda, sua veia literária derivou em
tina; diversas obras, incluindo Linguagem
* Reminiscências da Campa- Gauchesca, que aborda usos e curio-
nha do Paraguai, Dionísio Cer- sidades das expressões regionalistas
do RS. Também teve participações
queira, Biblioteca do Exército, literárias diversas nas obras Autores
Rio de Janeiro, RJ, 1980; Gaúchos (2007 a 2010) É membro da
* A Batalha do Passo do Rosá- AHIMTB/RS.
rio, Tasso Fragoso, Biblioteca
O Curso de Relações Internacionais e
os Militares: Leituras Fundamentais
Antônio César G. Borges*

S
er bacharel em Relações internacionais é um novo desafio para os egressos das universida-
des, pois requer trafegar por diferentes disciplinas desde as ciências, as tecnologias, o meio
ambiente até a sociologia e a política. As modificações das fronteiras e as crises do mundo
contemporâneo surgidas com velocidades cada vez maiores foram estímulos para que a UFPEL
criasse o Curso de Relações Internacionais situando-o estrategicamente no Centro de Integração
do Mercosul.

Afinal, desde 1994 a UFPEL detém a administração do tratado binacional da Lagoa Mirim e em
2005 passou a participar, a convite do Itamarati, das reuniões de alto nível preparatórias dos en-
contros dos presidentes dos países membros daquele bloco econômico e social. Portanto, havia
o ambiente propício para o desenvolvimento do Curso de Relações Internacionais com apoio do
instituto de Ciências Humanas, da Faculdade de Direito e do curso de História.

Assim a biblioteca da Universidade e do próprio curso passou a ser procurada cada vez mais
pêlos estudantes do novo curso para a preparação de seminários, debates e teses. Percebi, en-
tretanto, numa tarde de domingo em encontro casual no Café Aquários com o Coronel Cláudio
Moreira Bento que nossas bibliotecas provavelmente são carentes de exemplares sobre o papel
do Exército brasileiro na manutenção das nossas fronteiras e na integridade do território nacio-
nal. Este sentimento se tornou claro para mim quando naquele momento fui presenteado com o
livro "Brasil: Lutas contra invasões, ameaças e pressões externas" com generosa dedicatória com
referencia a meu bisavô com quem o autor convivera em sua infância!

O livro escrito sob o olhar atento e contemporâneo do historiador Cláudio Moreira Bento revela
não apenas didática exemplar mas sobretudo a capacidade de, em poucas palavras, transmitir
ao leitor como nosso país se tornou integrado em território tão vasto. Então aprendi que certa-
mente seríamos menores em espaço e em influencia política no continente se os militares não
houvessem vencidos seis grandes batalhas, desde a disputa com os franceses no norte e no nor-
deste, no Rio de Janeiro e no Maranhão, na expulsão dos holandeses e até a luta pela Colônia do
Sacramento mais próxima de todos nós.

Quando cheguei ao término da leitura, verifiquei mais ainda da necessidade dos novos alunos
de Relações Internacionais se debruçarem sobre as obras editadas pela Federação das Acade-
mias de História Militar Terrestre do Brasil, dentre as quais se destacam os livros do historiador
Cláudio Moreira Bento. A leitura de informações dessas academias e do Instituto Histórico e Ge-
ográfico Brasileiro não apenas são fundamentais para os alunos que estudam nossas fronteiras,
mas servirá também para modificar o conceito equivocado que grande parte dos estudantes
tem sobre o valoroso e honrado Exército Brasileiro.

(*) Médico, ex-Reitor da UFPEL, Diário da Manhã, Pelotas, 16 Set 2015, Editor Chefe: Hélio Freitag.
O Marco da
Rendição
O Delegado da AHIMTB/RS em Uruguaiana Carlos Fonttes remeteu a seguinte matéria, de gran-
de importância histórica, mormente por ocasião, em 2015, do Sesquicentenário da Guerra do
Paraguai.

RELATÓRIO OFICIAL PARA COLOCAÇÃO DE MARCO NO LOCAL EXATO ONDE, EM 18 Set 1865,
O Tenente-Coronel ANTONIO DE LA CRUZ ESTIGARRIBIA, DE PRÓPRIO PUNHO, ASSINOU SUA
RENDIÇÃO EM URUGUAIANA, RS, AO MINISTRO DA GUERRA ÂNGELO MUNIZ DA SILVA FERRAZ

Proponentes: Historiador militar Carlos Fonttes, Delegado da AHIMTB/RS e Vereador Irani Fer-
nandes.

Por ser um grande número de


documentos, colocamos somen-
te a imagem do documento da
Lei Municipal que autoriza a
construção do Marco.

Em nome da AHIMTB/RS nos con-


gratulamos com o Vereador Irani
Coelho Fernandes pela conquis-
ta, juntamente com o historiador
Carlos Fonttes, ao mesmo tempo
em que agradecemos ao ilustre
edil o esforço pela preservação
das raízes históricas do municí-
pio de Uruguaiana. Cumprimen-
tamos também a administração
municipal e a Câmara de Verea-
dores pela acolhida de tão opor-
tuno pleito.

Pela AHIMTB/RS
Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
Presidente
O TUIUTI
AHIMTB/RS 25
A FAHIMTB E SUA ANTECESSORA, A AHIMTB O TUIUTI
Informativo oficial da AHIMTB/RS
A Academia de História Militar Terrestre do Brasil
(AHIMTB) foi fundada em Resende, RJ, em 1º de Para visualização, recomendamos o
uso de um leitor de PDF atualizado
março de 1996 e reorganizada em 23 de abril de 2012 (ADOBE Reader ou equivalente,
como Federação de Academias de História Militar versão 5.0 ou superior) com as
Terrestre do Brasil (FAHIMTB), com sede no interior da opções do Menu View, ítem Page
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e mais Display, Two Page VIew, Show Gaps
Between Pages e Show Cover Page
cinco academias federadas: in Two Pages View ligadas. Dessa
forma, a publicação será exibida
- A AHIMTB/RESENDE – Academia Marechal Mário na forma projetada. Caso seu
Travassos, junto à FAHIMTB na AMAN e presidida pelo programa esteja em Português,
escolha no Menu Visualizar, o
acadêmico emérito Cel Claudio Moreira Bento; ítem Exibição da Página, clique
em Exibição em Duas Páginas e
- A AHIMTB/Distrito Federal – Academia Marechal Exibir Página de Rosto em Exibição
José Pessoa, com sede no Colégio Militar de Brasília, em Duas Páginas.
sob a presidência do acadêmico emérito Gen Div
Arnaldo Serafim;

- A AHIMTB/Rio de Janeiro – Academia Marechal João


Batista de Mattos, com sede na Associação Nacional
dos Veteranos da FEB (ANVFEB/RJ) e sob a presidência
do acadêmico emérito Eng Ten R/2 Art Israel Blajberg;

- A AHIMTB/Rio Grande do Sul – Academia General


Rinaldo Pereira da Câmara, com sede no Colégio
Militar de Porto Alegre (CMPA) e sob a presidência do
acadêmico emérito Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis;
O Núcleo de Estudos de História
- A AHIMTB/São Paulo – Academia General Bertoldo Militar Vae Victis é responsável
Klinger, com sede no Instituto Histórico, Geográfico e pelo projeto gráfico e pelo design
Genealógico de Sorocaba (IHGGS), sob a presidência do informativo O Tuiuti, do que
muito se orgulha. Com o objetivo de
do acadêmico Historiador Adilson Cesar, também divulgar a História, sobretudo em seu
o presidente do citado Instituto. As citadas AHIMTB viés militar, o Núcleo de Estudos de
funcionam com delegações de poderes específicos História Militar Vae Victis tem, como
missão, levar ao máximo possível de
da FAHIMTB e AHIMTB/Resende. pessoas o conhecimento da História
Militar, divulgando sua importância,
A AHIMTB foi fundada na data do aniversário do resgatando os seus valores e as suas
memórias, fornecendo subsídios para
término da Guerra do Paraguai e do início do ensino uma educação integral e de qualidade.
militar na Academia Militar das Agulhas Negras em Nossa postura é absolutamente
Resende. Teve, como sua sucessora, a FAHIMTB e as independente, livre de qualquer
posição política ou religiosa, voltada
AHIMTB federadas, que são destinadas a desenvolver unicamente para a preservação e
a História das Forças Terrestres do Brasil: Exército, divulgação do conhecimento histórico,
Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Forças sem qualquer conexão com entidades
que não tenham cunho explicitamente
Auxiliares e outras forças que as antecederam desde cultural. Mais informações no endereço
o Descobrimento. digital www.nucleomilitar.com
Apoio à FAHIMTB:
A FAHIMTB, com sede e foro em Resende mas de
amplitude nacional, tem como patrono o Duque de
Caxias e como patronos de cadeiras historiadores
militares terrestres consagrados.

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