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Heráldica

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Heráldica ou armaria é um sistema de identificação visual e simbolismo criado na


Europa no século XII, baseado nos brasões de armas ou escudos. O termo também
designa a arte de elaborar os brasões e a ciência que estuda suas regras, formas,
tradições, simbolismos e significados históricos, políticos, culturais e sociais.

As origens da heráldica são incertas, mas provavelmente derivou de sistemas de


identificação visual cultivados desde a Antiguidade. Segundo a tradição os brasões
surgiram para distinguir os participantes das batalhas e dos torneios, mas serviu também
para registrar visualmente os serviços por eles prestados, que eram simbolizados nos
seus escudos, mantendo essa função identificadora ao longo de toda a sua história.
Embora a palavra escudo seja comumente utilizada para se referir ao brasão de armas
no seu todo, na realidade o escudo é apenas um dos seus elementos, e muitas vezes ele
é o único elemento existente ou conhecido. A composição tradicional de um brasão
segue uma série de regras mais ou menos estritas, e sua descrição é feita através de uma
linguagem própria, o brasonamento. O escudo pode ser acompanhado por outros
elementos, como suportes, coronéis, listéis com motes (ou lemas). No escudo são
gravadas figuras, objetos ou sinais, que configuram um conjunto identificador, às vezes
num campo (fundo) indiviso, às vezes subdividido de variadas maneiras.

Nos primeiros séculos de existência da heráldica a adoção de brasões ou escudos era


livre, e de modo geral qualquer pessoa podia criar um para uso pessoal ou familiar.
Entre os séculos XIII e XIV, com efeito, os brasões se multiplicaram prodigiosamente Brasões do Livro da Nobreza e Perfeiçam das
em todos os estratos sociais, além de identificarem corporações de ofícios, Estados, Armas, famoso armorial português.
cidades, comunidades leigas e religiosas, irmandades, associações, partidos políticos e
outras entidades formais ou informais, tornando-se uma linguagem visual onipresente e
muito apreciada por todos. A partir do século XV as monarquias passaram a tentar regulamentar a criação e uso de brasões através de
legislação especial, objetivando restringir sua posse à nobreza, aos patriciados, ao alto clero, às autarquias civis e instituições ilustres,
mas, salvo em poucos países, essa legislação restritiva teve escasso efeito prático, continuando a serem usados pela plebe extensiva e
ininterruptamente até a contemporaneidade. Mesmo assim, esse processo influenciou o desenvolvimento de uma falsa percepção da
heráldica como uma prática exclusiva da aristocracia.

Depois de um período de relativo descrédito no início do século XX, causado pela abolição de muitas das antigas monarquias, recuperou
uma grande popularidade, difundindo-se por todo o mundo, e ao mesmo tempo conheceu uma significativa flexibilização em seus
princípios, devido ao seu cultivo por uma multidão de leigos, um desenvolvimento que é criticado pelos tradicionalistas. Hoje a heráldica
é estudada como uma ciência auxiliar da História e outros campos do saber, oferecendo informações valiosas para a reconstituição de
usos e costumes sociais, das genealogias e cronologias, e para o conhecimento dos significados e práticas vinculados à iconografia, à
simbologia e às artes visuais.

Índice
História e significado
Origens
Consolidação
Legislação
Heráldica e status
Atualmente
As regras da Heráldica
Brasonamento
Escudo e lisonja
Organização do escudo ou partes do escudo
Esmaltes
Partições do escudo
Peças
Figuras
Elmo e timbre
Motes
Suportes e outras insígnias
Diferenciação e brisuras
Ver também
Referências
Ligações externas

História e significado

Origens

As origens da heráldica se perdem no tempo e são hoje bastante controversas, mas um panorama
evolutivo geral foi bem estabelecido. Desde a pré-história a humanidade dedicou-se a criar imagens
simbólicas, que transmitissem informações através de formas plásticas. Isso se revela no mundo da arte,
e também na heráldica. Primeiro, acredita-se, surgiram sinais simples, mais tarde evoluindo para
composições complexas, abstratas ou figurativas, ou mesclando elementos de ambas.[1][2][3]

O uso desses elementos na Antiguidade foi amplamente disseminado. Escudos de guerreiros,


estandartes processionais e emblemas encontrados no Egito, na Pérsia, na Grécia e Roma, entre outros
lugares, costumavam apresentar desenhos identificadores. O falcão de Hórus, protetor dos faraós, o leão
de Judá, identificador da tribo hebraica, e a águia de Roma, representando o poder imperial, são
exemplos famosos, mas pouco se sabe sobre as regras de aplicação dessas decorações e seus
significados precisos.[1][3] Da mesma forma, povos indígenas de várias partes do mundo, bem como
culturas muito antigas e sofisticadas como a japonesa e a árabe, desenvolveram sistemas de simbolismo
Emblemas em escudos visual que de muitas maneiras são comparáveis à heráldica europeia, tanto nas formas de codificação da
romanos, registrados na linguagem como no uso e na ampla difusão, mas produzindo emblemas e signos que para os ocidentais
Notitia Dignitatum parecem decididamente exóticos e não familiares.[1]
Cópia medieval de um documento
romano A prática da Antiguidade não pode ser caracterizada como heráldica no senso mais estrito da palavra,
embora esteja em sua raiz e em essência almeje os mesmos objetivos. Como hoje é conhecida, a
heráldica se articulou na Europa medieval, consolidando-se em meados do século XII, padronizando
usos regionais diferenciados através de uma série de regras que no geral ainda se mantém em vigor,
servindo como um identificador de pessoas, famílias, lugares, nações, e expondo publicamente
conquistas, ideologias, valores, dignidades, pertencimentos e ligações de parentesco.[1][2][3][4] A
heráldica foi o primeiro sistema de codificação do uso de cores, símbolos, figuras e formas criado na
Europa para fins de identificação e diferenciação entre organizações, grupos e indivíduos, mas várias
tradições regionais diferenciadas se desenvolveram aplicando regras próprias a partir de um sistema
básico de uso geral.[5]

Tradicionalmente considerava-se que teria se originado da necessidade dos guerreiros serem


O Crisântemo Dourado é o identificados facilmente em campo de batalha, mas essa opinião foi em parte desacreditada, uma vez
emblema da Casa Imperial do que os escudos pintados só podem ser lidos claramente a uma distância pequena. Além disso, registros
Japão. apontam que até o fim do século XI os mesmos guerreiros podiam usar, conforme a ocasião, diferentes
emblemas em seus escudos e bandeiras. Isso é bem exemplificado na Tapeçaria de Bayeux (c. 1070),
que retrata a conquista normanda da Inglaterra, onde os guerreiros trazem em seus escudos vários
símbolos heráldicos, mas seu uso não é consistente. Vários personagens foram retratados mais de uma vez, mas a cada aparição os
ornamentos dos seus escudos são diferentes, e nenhum dos seus descendentes usou escudos semelhantes àqueles representados na
tapeçaria. Ao que parece, em vez, é que os brasões tinham uso mais eficiente não nas guerras, mas nos torneios e justas de cavalaria,
realizados dentro de um espaço delimitado e bem ao alcance da leitura pelo público, espetáculos vibrantes e cheios de cerimônia, onde os
extravagantes desenhos e as cores vivas das armas, aplicadas não só nos escudos e bandeiras, mas também nas roupas e mantos e nos
apetrechos dos cavalos, acrescentavam brilhantismo ao cenário.[1][2][3]

Consolidação

Uma das primeiras representações conhecidas a empregar símbolos heraldicamente está na tumba de Godofredo V, Conde de Anjou, que
carrega um escudo de campo azul com leões rampantes, que teria sido concedido por Henrique I em 1128, e depois herdado pela
descendência do conde.[1] Outra representação primitiva é o selo de Canuto VI da Dinamarca, depois usado como símbolo da Casa de
Estridsen.[6] Em Portugal estão entre os primeiros exemplos os escudos da linhagem dos Sousões encontrados no Claustro de Dom Dinis
do Mosteiro de Alcobaça.[2]
A difusão da heráldica foi muito rápida. Se no início do século XII ainda não há nenhum
testemunho de uso consistente de brasões, em meados do século uma prática mais ou menos
organizada já era documentada em vários países da Europa,[1] e provavelmente em torno de 1200
já estava consolidada, aparecendo na França as primeiras descrições literárias usando a
linguagem típica do brasonamento em torno de 1230-1240 e os primeiros armoriais (catálogos de
brasões) em torno de 1250.[7] No entanto, apesar do estabelecimento de um conjunto de regras
gerais para a composição e brasonamento, houve sempre muitas variações regionais e
cronológicas.[1] Diz Nogueira que...

"[...] no início do século XIII o uso de brasões já se encontrava disseminado


pelo continente europeu. Se inicialmente o brasão pertencia a alguns
grupos militarizados, em menos de um século, o seu uso propagou-se por
todos os estratos sociais. Os brasões tornaram-se hereditários, como um
bem de família, 'sem falar dos municípios, das igrejas e de diversas
corporações [que] utilizavam esta distinção' (Labitte, 1872 : 2). Por volta de
1350 toda a sociedade ocidental, incluindo as classes agrícolas, os
utilizava e a partir do século XV os brasões invadem o quotidiano como
símbolos de identificação".[4]

Com a aceitação em larga escala da heráldica, e com sua


importância em termos de hereditariedade, prestígio e estatuto
social, nos círculos da nobreza surgiu a necessidade de legalizar
e controlar os brasões concedidos e eliminar as repetições ou
usurpações. Assim começaram a aparecer os reis de armas, Godofredo de Anjou com suas armas
arautos ou heraldos, altos funcionários régios que se
responsabilizavam pelo registro dos brasões em listas ou
catálogos oficiais e pelo desenho de novas armas.[1][3] O termo heráldica provém dos próprios heraldos,
que na Idade Média desempenhavam também, entre outras, a função de diplomata. Nas palavras de
Gabriel Eysenbach, os arautos de armas "ocupavam-se de tudo o que estivesse relacionado com a
heráldica, à qual deram o seu nome; participavam nas cerimônias de casamento, coroação e funeral dos
reis; entregavam as declarações de guerra; estabeleceram as formalidades dos torneios e das batalhas,
além de fazerem os avisos aos comandantes das cidades sitiadas".[4]
Carlos Magno e suas armas
no Livro do Armeiro-Mor Ao longo dos séculos os heraldistas e reis de armas se multiplicaram, escrevendo inúmeros tratados
sobre variados aspectos da arte heráldica. Heraldistas mais antigos atribuíram armas imaginárias até
mesmo a personagens da Antiguidade, como Adão, Júlio César e Jesus, que não as tinham, e nem a heráldica naquele tempo remoto
existia. Também foram produzidos numerosos e importantes armoriais, alguns deles com ilustrações da mais alta qualidade estética, a
exemplo do Livro do Armeiro-Mor e do Livro da Nobreza e Perfeiçam das Armas, ambos portugueses.[2][3][8]

Segundo Torsten Hiltmann,

"A importância dos brasões numa sociedade visual como a do fim da Idade
Média está além de toda dúvida. Para termos uma ideia da sua
onipresença, temos apenas que acompanhar o Senhor de Fleckenstein em
seu caminho até um torneio em uma cidade do sul da Alemanha em 1480.
[...] O cavaleiro em questão encontrou brasões em cruzes na beira da
estrada, no portão da cidade, na sede da prefeitura, nas fontes da cidade,
na fachada das casas ricas, em seus vitrais, em pinturas murais, tetos
ornamentados, capitéis de colunas, na mobília e em diversos utensílios.
Ele os vê pendurados na frente de hospedarias para demonstrar a
presença de hóspedes eminentes, ele os vê no livro de visitas da Um torneio de cavaleiros em meados
hospedaria onde ficou, em registros de doações para uma fonte, nos do século XV, com copiosa exibição
armoriais e nos livros domésticos. Caminhando pela cidade, ele encontra de heráldica.
mendigos portando as insígnias da cidade, encontradas também na roupa
dos seus oficiais, nos seus instrumentos musicais e em seus armamentos.
Finalmente, num culto religioso, ele se encontra literalmente rodeado de
brasões, seja no cadeiral do coro, em frisos, corbelhas, lápides e efígies,
nos altares, nos missais e paramentos litúrgicos, estão em todos os cantos
da igreja e em sua mobília. [...]

"Os brasões eram muito mais do que marcas de identidade, embora esta
possa ter sido sua função original. Com o passar do tempo eles evoluíram
para formar um sistema de representação simbólica altamente complexo e Capela de Henrique VII na Abadia de
extremamente poderoso e influente, desempenhando uma larga gama de Westminster, com brasões
funções. Como mostra o exemplo antes citado, os brasões marcavam as
ostentados em estandartes e vitrais.
fronteiras entre jurisdições, delimitavam o território de um senhor,
veiculavam autoridade, davam proteção, reivindicavam posse, exibiam a
tradição familiar, enfatizavam a ancestralidade, apontavam para a piedade e invocavam lembrança. Podiam
ser usados para adquirir ou conceder reconhecimento, restabelecer elos entre famílias distantes e de níveis
sociais diferentes, ou mesmo justificar pretensões de herança e sucessão, simplesmente pela sua presença e
pela longa tradição de uso".[9]

Eram, portanto, símbolos polivalentes; para aqueles versados em seu significado, eram eficientes para sintetizar diversas informações num
único símbolo sem a necessidade de uma longa descrição verbal, e tinham uma versátil capacidade de serem aplicados em qualquer tipo
de material. Como uma verdadeira linguagem visual, capaz de expressar uma larga variedade de informações, incluindo conceitos
abstratos, a heráldica tornou-se um dos pilares de todo o sistema de comunicação e representação medieval e uma chave fundamental
para a compreensão da cultura e sociedade daqueles tempos.[9]

Os símbolos usados primitivamente eram principalmente de natureza militar, incluindo castelos e


torres, além de espadas, machados, flechas e outras armas, bem como criaturas mitológicas e
animais e plantas tradicionalmente associados a determinados valores morais, como a bravura, a
fidelidade e a honra. Imagens derivadas da religião também exerceram um impacto considerável
no alargamento do repertório das figuras heráldicas.[5] Paralelamente, a disseminação em larga
escala de armas plebeias levou a um grande incremento no repertório de figuras, que passaram a
incluir elementos indicativos de ofícios urbanos, como ferramentas de trabalho e insígnias de
corporações, figuras alusivas ao trabalho na terra como arados, foices, plantas cultivadas e
produtos agrícolas, além de marcas de casa, monogramas, emblemas de estabelecimentos
comerciais, e objetos tecnológicos e científicos como máquinas, compassos e réguas, entre
outras.[10]

Como o conteúdo dos escudos nem sempre permitia uma clara compreensão do status do
detentor, havendo um significativo grau de mistura de figuras consideradas nobres com as
consideradas tipicamente plebeias, uma reação da nobreza não se fez esperar, passando, com
particular ênfase a partir do século XVII, a diferenciar seus brasões com uma série de novos
ornamentos externos indicativos do seu status e adotando a prática de uma crescente subdivisão
dos escudos para exibir os costados de uma longa e ilustre ancestralidade.[11] Por outro lado, a
massificação do uso não deixou de ser criticada por vários escritores, teólogos e pregadores Brasão da família Weinlein,
antigos, denunciando a exibição pública de brasões pessoais como um sinal de vaidade e viticultores, mostrando uma videira
futilidade, uma crítica que se repete frequentemente ainda hoje.[12] no escudo e um viticultor portando
foices de colheita no timbre

Legislação

A heráldica tornou-se um elemento típico da cultura europeia, e enquanto a monarquia foi a forma de
governo predominante, adquiriu grande importância política e social para a realeza e a nobreza, que
tentaram restringir o uso de brasões à aristocracia e colocá-los sob a dependência de um controle e
outorga régia por carta-patente, passando a desenvolver uma retórica legalista e elitista alegando que
possuir um brasão era a confirmação simbólica da qualidade de nobre. Não admira, desta forma, que
em diversos países se criasse legislação para proteger e controlar a concessão e exibição pública de
armas.[1][2][8][13]

Essas tentativas de restrição legal tiveram escasso ou efêmero sucesso. Na França, por exemplo, entre
os séculos XVI e XVIII apenas cerca de 1% dos brasões em uso tinham origem oficial. Francisco I e
Luís XIV impuseram restrições e penalidades para as contravenções,[10] mas depois de 1615 o juiz de
armas francês já exercia uma atividade pouco relevante,[11] e após muitos protestos e até revoltas a
liberdade de adoção de armas por qualquer pessoa foi restaurada em 1701. Tratadistas reacionários da
Exibição cerimonial de elmos
época, como André Favyn, lamentaram que o uso de armas tivesse se disseminado entre a plebe.[10] Na
timbrados na corte de
Espanha no século XVII o rei de armas basicamente se limitava a confirmar brasões já em uso, e apenas
Munique no século XV.
uma pequena minoria de novos contemplados tinha origem na nobreza. No Sacro Império os condes
palatinos, encarregados dos assuntos heráldicos, exerciam uma autoridade desorganizada e ineficiente,
deixando largamente que os costumes locais seguissem seu curso. De fato, em muitos locais os próprios oficiais encarregados de
regulamentar e fiscalizar o campo contribuíam para sua desorganização, recebendo propinas para legitimar brasões não comprovados,
fictícios ou usurpados.[11] Em Portugal o mesmo fenômeno se reproduziu, e a despeito das tentativas de regulamentação estabelecidas
desde o reinado de D. Afonso V, e mais enfaticamente no reinado de D. Manuel I, no século XVII o rei de armas Manuel Teixeira disse
que "hoje está o ofício da nobreza mais dissipado, debilitado e afrontado do que nunca esteve, e receio que em pouco tempo se acabe de
confundir, de modo que não se possa apartar o joio do trigo nem se saiba qual é o nobre e qual é o plebeu".[2]

As ilhas britânicas foram uma das poucas regiões europeias em que o uso de brasões foi por algum tempo regulamentado com algum
sucesso.[11] O governo exercia um controle bastante rigoroso e a partir de 1530 periodicamente foram realizadas buscas pelo interior, as
chamadas Visitações, para verificar se alguma pessoa não autorizada estava usando armas em público ou mesmo em caráter privado. Os
visitadores tinham autoridade para entrar em todas as casas e destruir todas as armas irregulares, assim como as encontradas em
monumentos, igrejas e outros locais públicos.[1] Mesmo assim, era tamanho o fascínio que a heráldica exercia que a população plebeia
não podia evitar adotar os seus próprios brasões. Segundo o tratadista Arthur Fox-Davies, da escola legalista britânica,
"A glória de descender de uma antiga linhagem de ancestrais armígeros, a
glória e o orgulho racial inseparavelmente entrelaçados com a herança de
um sobrenome famoso, o fato de que algumas armas foram concedidas
para comemorar algum feito heroico, o fato de que a exibição de um brasão
tem sido o método pelo qual a sociedade mostra ao mundo que tal sujeito
pertence à elite ou a uma família que gerou heróis, o fato de que as
próprias armas são uma prova material de uma descendência ou de um
status particular, [...] e justamente porque eram prerrogativas e sinais da
aristocracia, eram tão cobiçosamente desejadas, e por conseguinte, tão
frequentemente adotadas sem direito".[1]

Contudo, mesmo ali o governo nunca teve a situação sob seu controle completo. Alguns
condados nunca foram visitados, outros só o foram uma ou poucas vezes, e com o tempo o que
lhe restava de controle foi perdido. A última Visitação ocorreu na década de 1680, e em 1737 o
tribunal encarregado de julgar as contravenções se reuniu pela última vez, já sendo considerado
obsoleto. Em 1789 foram listadas apenas 9.458 famílias legalmente armígeras no Reino Unido, e
no século XIX foram concedidos oficialmente menos de 9 mil novos brasões, mas a edição de
1884 do Armorial Geral de John Burke documentou a existência de cerca de 60 mil brasões.[14] Frontispício do registro da Visitação
em Dublim em 1607

Heráldica e status

Em tempos recentes uma série de estudos vêm se preocupando em documentar o antigo e amplo uso de brasões em âmbitos não
aristocráticos, contribuindo para desmistificar a ideia de que a heráldica era uma prática exclusiva da nobreza e invariavelmente associada
à vaidade e a privilégios de classe, e dando-lhe mais respeitabilidade acadêmica e mesmo junto á opinião pública. Segundo Nicolas
Vernot, "agora os pesquisadores podem demonstrar interesse por brasões sem serem tachados de esnobes ou reacionários".[13] Contudo,
é inegável que apesar do extenso e ininterrupto uso de brasões pelos plebeus, por instituições civis e religiosas, e por entidades territoriais
como cidades e países, a heráldica acabou por ser associada fortemente à aristocracia, em particular devido à ação interventora do Estado
e à grande proliferação de tratados argumentando em favor dessa prerrogativa, colocando-se como defensores da lei, do poder régio e de
uma ordem social divinamente estabelecida.[13][11]

Estudos estatísticos recentes referem que no século XVIII, enquanto que 100% da nobreza europeia usava brasões, apenas cerca de 5%
dos camponeses o fazia, embora em números totais a nobreza compusesse uma minoria da população. Conforme Vernot, "enquanto que
em muitas áreas os armígeros plebeus eram mais numerosos que os nobres, muitos fatores demonstram que, no início da Idade Moderna,
havia se estabelecido uma estreita associação entre heráldica e nobreza". Possivelmente isso está ligado à própria origem da heráldica,
documentada primeiro entre os cavaleiros medievais, e só depois documentada entre a plebe: "A tendência geral da disseminação social
da heráldica foi um movimento de cima para baixo, com os plebeus se apropriando de um sistema emblemático inventado e
extensivamente usado pela nobreza". A nobreza, com efeito, era o grupo de referência para grande parte da plebe em termos de aspiração
à ascensão social e como fonte de poder, prestígio, autoridade e bom gosto. "Essa capacidade dos brasões de expressarem prestígio,
riqueza e bom gosto os tornou atraentes e úteis para quem quer que, sem ser um príncipe ou um nobre, precisasse afirmar algum grau de
preeminência social dentro de sua comunidade".[13]

A adoção de armas por plebeus muitas vezes ocorreu precisamente em meio a um movimento de
ascensão social, representado pela aquisição de riqueza, do título de mestre de ofício, de posições
na governança comunitária ou na burocracia estatal, patentes no exército ou graus acadêmicos,
ingresso no clero ou em alguma irmandade prestigiada, ou identificação como um benfeitor da
Igreja, situações que automaticamente conferiam distinção. De qualquer forma, a exposição
pública da heráldica nobre era muito mais vasta e sistemática e aparecia em locais mais
prestigiados. Grande parte dos plebeus não ostentava seus brasões na entrada de suas casas, mas
os nobres sempre o faziam. Em muitos países, como já foi dito, os nobres exerceram forte pressão
sobre os monarcas para restringir a heráldica à nobreza, escreveram muitos tratados para legitimar
essa ideologia, e nenhuma outra classe demonstrou um uso tão sistemático de armas ou foi tão
preocupada com esse assunto, fazendo parte da sua identidade e discurso mais essenciais,
enlaçando-a com a preservação da memória ilustre da família, e sendo um instrumento
fundamental para afirmar suas pretensões de supremacia social. Se a heráldica não tivesse se
tornado tão associada à elite, pensa Vernot, não fariam sentido as campanhas de destruição de
brasões verificadas em revoluções populares modernas, como a Revolução Francesa e a Brasão de uma guilda de barbeiros.
Russa.[13]

A existência de tão farta armaria plebeia frequentemente foi encarada pelos nobres como uma usurpação e uma subversão da ordem
social, e não sem motivos: ela tornou menos nítidos os limites entre as classes, questionou a noção de que o prestígio e mesmo o conceito
de nobreza estavam inerentemente ligados ao sangue como um fato da natureza ordenado por Deus, e foi um instrumento de
autoafirmação e empoderamento das classes populares ao declarar visivelmente que seus valores e méritos também mereciam
reconhecimento.[13][11] Não deve ser ignorado que a despeito das pretensões dos nobres, o fracasso final da maioria das tentativas de
regulamentação demonstra que a sociedade do Antigo Regime era dinâmica, e sua compreensão precisa passar pela consideração do
permanente jogo de forças e disputas entre as classes, pois a imposição das leis frequentemente dependia de negociação com influentes
setores plebeus da sociedade e acomodação aos seus interesses, o que era necessário para a própria sustentação do Estado.[11] É
sintomático que, especialmente a partir da Idade Moderna, um período em que a burguesia já
estava firmemente instalada na governança das principais cidades, grande quantidade de armas
plebeias passa a mostrar elementos proto-heráldicos como monogramas e marcas de casa,
elementos referentes a profissões consideradas desonrosas pela nobreza, ou outras figuras pouco
associados à nobreza, que refletiam, na concepção da época, valores como competência
profissional, conhecimento técnico, humildade, paz, cautela, paciência, integridade, ordem e
constância, salientando e justificando a dignidade e a utilidade pública do trabalho manual e do
comércio.[13] Para Thiry & Duerloo, "não admira que as muitas possibilidades de se
estabelecerem reivindicações através da heráldica tenham encontrado um campo fértil na
estrutura hierárquica da sociedade do início da Idade Moderna".[11]

Atualmente Uma marca de casa incorporada a


um brasão. Fachada de uma casa
Na virada do século XIX para o século XX, período em que muitas monarquias europeias foram em Lübeck, Alemanha.
extintas, as pompas e símbolos associados à nobreza caíram em desuso e se tornaram até certo
ponto objeto de ridículo. Por outro lado, em alguns domínios a heráldica sobreviveu sem grandes
traumas às transformações republicanas, como na armaria eclesiástica, cívico-estatal e institucional, que de fato ganharam um novo
impulso no século XX, disseminando-se por todo o mundo.[2][3][8] Seus princípios permanecem norteando a criação de bandeiras,
condecorações, emblemas e outros distintivos e insígnias.[5]

A partir da década de 1970 o estudo da heráldica deixou de ser uma atividade confinada aos
antiquários, a pesquisadores privados e à elite, sendo definitivamente assumido pelas
universidades como um campo digno de atenção e rico em possibilidades, e desde então os
estudos e projetos vêm se multiplicando rapidamente. Contudo, a maior parte da atenção tem sido
dada à heráldica medieval, e a heráldica moderna tem sido deixada bastante para trás. Segundo
Thiry & Duerloo, este período mais recente tem se revelado muito mais complexo e desafiador e
ainda está impregnado com preconceitos e estereótipos, principalmente devido, para muitos, à
incômoda identificação da heráldica como uma prática de uma elite privilegiada, mas também
porque a multiplicação exponencial de desvios das regras tradicionais de composição, as fundas e
irresolvidas divergências conceituais entre os tratadistas da época e a extraordinária diversificação
de seus usos e significados tornam muito difícil estabelecer padrões e referências consensuais
para o debate.[11] Seja como for, a heráldica é hoje considerada pelos acadêmicos como uma
valiosa auxiliar nos estudos de História, Sociologia, Arte, Política, Literatura, Museologia,
Árvore genealógico-heráldica de
Arqueologia, Iconografia, Genealogia e outras áreas do saber, permitindo desvendar importantes
Johann Maximilian zum Jüngen e conhecimentos.[2][3][5]
Maria Justina Völker.
Definida tradicionalmente como "a arte dos brasões", é bem mais larga do que isso e tem muitas
definições entre os estudiosos. Joel Serrão, por exemplo, no Dicionário de História de Portugal,
a descreve como "uma ciência e uma arte que estuda, ordena e elabora os símbolos ou ‘marcas’ da personalidade singular ou colectiva,
moral ou territorial".[4] Sua análise crítica, de acordo com Costa, França & Andrade, envolve estudá-la como uma linguagem visual em
paralelo a outras linguagens e desvendar as construções simbólicas como processos políticos dentro de diferentes contextos, sendo "uma
potente linguagem visual para inúmeras reflexões. A linguagem heráldica está ainda presente em diferentes contextos da vida cotidiana e
inserida no imaginário das pessoas, e, no entanto, passa despercebida a conjuntura de construção destas referências imagéticas. Ao
conhecermos a origem de certos signos, é possível discutirmos seu uso e sua hegemonia diante de outros signos pertencentes às culturas
que não a europeia".[5] Para Sónia Patrícia Nogueira,

"A importância da heráldica é evidente. Nas áreas da identificação e da cronologia é um precioso auxiliar de
investigação. Como núcleo de símbolos gráficos é um contributo irrefutável para a história, os estudos da
simbólica e a história da arte. [...] A sua simbologia detém uma concepção religiosa e guerreira, evidente na
Idade Média considerando o objetivo dos escudos, e uma função social, patente na questão da identificação,
quase sempre relacionada com a linhagem e a importância civil. Mas embora a heráldica de família seja a
heráldica propriamente dita, ela estendeu-se, ao longo do tempo, a outros campos, como a heráldica
eclesiástica, real, de corporação militar, de domínio, comercial, desportiva, entre muitas outras áreas, sendo
amplo o seu campo de ação e múltiplas as suas subdivisões. [...]

"Hoje em dia, os brasões são frequentemente os únicos elementos de que se dispõe para situar objetos,
monumentos e documentos no espaço e no tempo. Embora a tradição heráldica ainda se mantenha viva em
muitos países, como a Inglaterra, a Escócia ou a Suíça, ela é sobretudo notável pela quantidade de códigos a
que deu origem e que regem grande parte da história simbólica social, das bandeiras às fardas, das etiquetas
de produtos alimentares e vitivinícolas, passando pelos símbolos de partidos políticos ou de clubes de
futebol".[4]

Nas décadas recentes a heráldica voltou a se popularizar junto ao cidadão comum, ocorrendo uma forte onda de revivalismo e a
multiplicação exponencial de novos brasões, entrando com força na cultura de massa e associando-se à nova cultura do logotipo, da
sinalização e da marca registrada comercial.[4][15]
Na esteira deste fenômeno, muitas vezes não são observadas as regras tradicionais, que têm uma
significativa complexidade, ou sequer essas regras são conhecidas pelo público leigo, que tem
adotado brasões desenhados de todas as formas imagináveis. Empresas também adotam alguns
elementos heráldicos em suas marcas e logotipos sem aderirem às regras heráldicas rigorosas.[15]

Em países onde inexistem alçadas regulamentadoras, qualquer pessoa pode adotar um brasão, e a
diversidade e irregularidade têm sido a tônica, mas nas atuais monarquias há instituições que
fiscalizam este campo. Paralelamente a isso, proliferam pseudo-autoridades e empresas
comerciais que prometem, mediante pagamento, descobrir os antigos brasões familiares mas na
verdade enganam seus clientes com brasões falsificados. Incontáveis famílias nunca tiveram
brasão, mas tipicamente essas empresas sempre entregam algum, e seu método usual é encontrar
alguma família legitimamente armígera que tenha o mesmo sobrenome do cliente, entregando-lhe Brasão da cidade de Paragominas,
o brasão de uma família que não é a sua, embora homônima. Muitas pessoas acreditam que que se distancia radicalmente da
possuir o mesmo sobrenome é sempre um sinal seguro de parentesco, mas isso é um mito, muitas tradição heráldica.
famílias homônimas não possuem nenhuma relação de consanguinidade, mas aquela crença
possibilita que a fraude heráldica passe facilmente despercebida entre os leigos. Noutras vezes o brasão entregue é inteiramente
fantasioso.[16][17]

As regras da Heráldica

Brasonamento

A descrição dos brasões se faz através de um jargão técnico conhecido como brasonamento, que usa um estilo, uma sintaxe e um
vocabulário peculiares. A primeira coisa que é descrita num escudo é o esmalte (cor) do campo; seguem-se a posição e esmaltes das
diferentes figuras existentes no escudo. Estas figuras ou cargas são descritas de cima para baixo, e da direita (dextra) para a esquerda
(sinistra). Na verdade, a dextra (do latim dextra, -æ, "direita") refere-se ao lado esquerdo do escudo, e a sinistra (do latim sinistra, -æ,
"esquerda") ao lado direito, tal como este é visto pelo observador. A razão porque isto sucede prende-se com o fato de a descrição se
referir ao ponto de vista do portador do escudo, e não do seu observador.

Escudo e lisonja

O foco da heráldica moderna é o brasão, ou cota de armas, cujo elemento central é o escudo.[18] É no
escudo que se apresentam os principais símbolos identificadores da pessoa, família ou instituição.
Também é ele que carrega modificações derivadas de diferentes graus de parentesco, aumentos ou
honras adicionais recebidas, e partições derivadas de herança de outras famílias ou casamentos. Em
geral, a forma do escudo empregado numa cota de armas é irrelevante, porque essas formas se
modificaram através dos séculos acompanhando a evolução das correntes estéticas dominantes e os
usos locais.[1]
Bandeira com escudo do
estado de Connecticut Mas é claro que há ocasiões em que um brasão especifica um formato particular de escudo. Estas
especificações ocorrem principalmente fora do contexto europeu, como na cota de armas de Nunavut
(imagem disponível em en:Coat of arms of Nunavut)[19] e na antiga República de Bophuthatswana,[20]
com o exemplo ainda mais insólito da Dakota do Norte,[21] enquanto o Estado de Connecticut especifica um escudo "rococó".[22] — a
maioria fora do contexto europeu, mas não todos: costam dos registros públicos escoceses um escudo oval, da Lanarkshire Master
Plumbers' and Domestic Engineers' (Employers') Association, e um escudo quadrado, da organização Anglo Leasing.

Tradicionalmente, como as mulheres não iam à guerra, elas não carregavam escudos; em vez disso, as cotas de armas femininas eram
ostentadas numa lisonja — um losango apoiado num de seus ângulos agudos.[1] Ainda é desse modo na maior parte do mundo, embora
algumas autoridades da Heráldica (como as escocesas, cujas armas femininas são ovais) façam exceções.[23] No Canadá, a restrição
contra mulheres ostentarem armas num escudo foi eliminada. O clero não combatente também fez uso da lisonja e de escudos ovais. São
as seguintes as formas tradicionais dos escudos:

1. Escudo clássico ou francês antigo


2. Escudo francês moderno, somático ou samnítico
3. Escudo oval ou do clero
4. Escudo em losango, feminino ou lisonja
5. Escudo de torneio ou de bandeira
6. Escudo italiano ou de cabeça de cavalo
7. Escudo suíço
8. Escudo inglês
9. Escudo alemão
10. Escudo polaco
11. Escudo espanhol, ibérico, peninsular, português ou flamengo

Organização do escudo ou partes do escudo

Para localizar-se no escudo, este foi dividido em nove zonas, chamadas pontos
ou partes do escudo. Estes pontos são identificados com nomes, que variam
segundo o autor, com exceção do ponto central, chamado de "coração",
"abismo" ou "centro"[24]

Dois outros pontos, citados por todos, são o "ponto de honra" (A) e o "umbigo"
(Ω).[24] Mas se para alguns, trata-se de área equivalente aos primeiros, posta
sobre duas zonas, para outros trata-se de pontos em sentido geométrico, Formas dos escudos
situados no centros das fronteiras 2-5 e 5-8.

Quaisquer que sejam os autores, há simetria de denominações entre 1 e 3, 4 e 6, 7 e 9 nos quais direita para 1, 4 e 7
corresponde a esquerda para 3, 6 e 9. — Em heráldica, esquerda e direita são aquelas de quem porta o escudo.

Definições dos pontos:[24]

Ponto 1: cantão direito do chefe (Duhoux D'Argicourt o chama "ângulo direito do chefe" que
designa segundo outros autores o ângulo material do escudo);
Ponto 2: centro do chefe (numerosos autores o chamam simplesmente "chefe" mas não confirmam
tal denominação na sua definição de "chefe");
Ponto 3: cantão esquerdo do chefe;
Ponto 4: flanco direito (mesma observação feita para o chefe);
Ponto 5: centro, abismo ou coração;
Ponto 6: flanco esquerdo (mesma observação feita para o chefe);
Ponto 7: cantão direito da ponta (Duhoux D'Argicourt como em 1, fala em "ângulo");
Ponto 8: centro da ponta. A maior parte dos autores usam só ponta (mas se encontra mais frequentemente
confirmação da definição de ponta). Às vezes, encontra-se pé;
Ponto 9: cantão esquerdo da ponta.

Esmaltes

Cores principais Metais principais Peles principais


Blau ou Sinopla ou
Gules Sable
Purpure
Jalde ou Or
Argento
Arminho Veiro
Azure Vert

Esmaltes são as cores usadas na heráldica, embora haja certos padrões, chamados peles, e representações de figuras em suas cores
naturais, ou da sua cor (distintas das cores representáveis), que também são tratados como esmaltes. Como a heráldica é, em sua
essência, um sistema de identificação, a convenção heráldica mais importante é a regra da contrariedade das cores (fr:Règle de contrariété
des couleurs, en:Rule of tincture): em prol do contraste e da visibilidade, metais (que geralmente são esmaltes mais claros) nunca devem
ser postos sobre metais, e cores (que geralmente são esmaltes mais escuros) nunca devem ser postos sobre cores.[25] Na prática sempre
ocorreram exceções, que não eram raras. No Armorial Siebmacher cerca de 7% dos brasões violam esta regra.[26] Uma exceção famosa é
a das armas do Reino de Jerusalém, que consistem numa cruz de ouro em fundo prata. Quando uma figura sobrepõe uma parte do fundo
do escudo, a regra não se aplica.[25]

Os nomes usados na brasonaria lusófona para as cores e metais provêm principalmente do francês. Os mais comuns são Jalde ou Or
(ouro), Argento (prata), Blau ou Azure (azul), Gules (vermelho), Sable (preto), Sinopla ou Vert (verde) e Purpure (púrpura). Outras cores
são utilizadas ocasionalmente, normalmente para finalidades especiais.[27]

Certos padrões chamados peles podem aparecer num brasão, e são (de modo um tanto arbitrário) classificados como esmaltes. As duas
peles comuns são o Arminho e o Veiro. O Arminho representa a pelagem hibernal do arminho (branca com a cauda preta). O veiro
representa um tipo de esquilo que tem o dorso azulado e o ventre branco. Costuradas lado a lado, formam um padrão alternado de formas
azuis e brancas.[28]

Figuras heráldicas podem ser representadas em suas cores naturais. Muitos objetos da natureza, como plantas e animais, são descritos
como de sua cor neste caso. Figuras de sua própria cor são muito frequentes como timbres e suportes. O abuso do esmalte de sua cor é
visto como uma prática viciosa e decadente.
Partições do escudo

O campo de um escudo, na heráldica, pode ser dividido em mais de um esmalte; do mesmo modo as
várias figuras do escudo. Muitas cotas de armas consistem simplesmente de uma divisão do escudo em
dois esmaltes contrastantes. Como estas são consideradas partições do escudo, a regra da contrariedade
das cores pode ser ignorada. Por exemplo, um escudo dividido em partições azure e goles seria
perfeitamente aceitável. A linha que divide o escudo em partições pode ser reta ou seguir padrões —
serrilhados, ondulados, dentados, ou diversos outros.[29]

As variações de pintura seguem certos padrões de esmaltes, bem como as partições do escudo. As
partições mais comuns resultam num escudo:

1. Cortado (dividido na horizontal)


2. Partido (dividido na vertical)
3. Fendido (dividido diagonalmente a partir do canto direito)
4. Talhado (dividido diagonalmente a partir do canto esquerdo)
5. Franchado (fendido e talhado)
6. Esquartelado (cortado e partido)
7. em Asna (dividido por um "V" invertido)
8. Terciado (dividido em três partes). Pode ser:
1. Em pala (três partes verticais)
2. Em faixa (três partes horizontais)
3. Em banda (três partes, a do meio diagonal a partir do canto esquerdo)
Partições do escudo
4. Em barra (três partes, a do meio diagonal a partir do canto direito)
5. Em mantel (como duas cortinas que se abrem da parte superior central da partição)

Peças

Nos primórdios da heráldica, formas retilíneas muito simples e com traço grosso
eram pintadas nos escudos. Estas poderiam ser facilmente reconhecidas à distância e
lembradas. Assim, serviam ao propósito-mor da Heráldica: identificação.[30] À
medida que escudos mais complexos passaram a ser usados, estas formas grossas
foram separadas numa categoria à parte, as peças. Elas funcionam como figuras, e
sempre são descritas primeiro na brasonaria. A menos que seja expressamente
especificado de outra forma, elas se estendem de borda a borda do campo. Existem
peças de primeira ordem (oras chamadas honrarias, embora este vocábulo seja por
vezes usado como sinônimo de peça) e segunda ordem (ordinárias).

Embora esta classificação não seja unânime, algumas normalmente são classificadas
como de primeira ordem: estas incluem a cruz, a faixa, a pala, a banda e a aspa, soter
ou sautor.[31]

Entre as que normalmente são classificadas como de segunda ordem estão a bordura,
Peças (em vermelho) de acordo com Larousse
o chefe, os flancos e o cantão.[32]
(1923), respectivamente: Chefe, Ponta
(Campanha), Pala, Faixa, Banda, Contrabanda
As peças podem aparecer em séries paralelas; nestes casos, embora a brasonaria
(Banda sinistra), Orla, Escudete, Franco-quartel,
inglesa nomeie-os no diminutivo plural, a francesa não faz tal distinção. Salvo
Esquadro, Cantão, Equipolado, Cruz, Sautor,
ressalva expressa, uma peça é desenhada com linhas retas, mas também podem
Chevron, Pálio, Gousset, Bordadura, Vestido,
seguir padrões serrilhados, ondulados, dentados, ou diversos outros.[33]
Cortinado, Calçado, Embraçado, Mantelado e
Girão.
Figuras

Uma figura é um objeto aposto num escudo heráldico ou em qualquer outro objeto de uma composição armorial.[34] Qualquer coisa
encontrada na natureza ou na tecnologia pode aparecer num armorial como uma figura heráldica. Figuras podem ser animais, objetos ou
formas geométricas. As figuras mais frequentes são a cruz, com suas centenas de variações, o leão e a águia. Outros animais comuns são
o alce, o javali, a merleta e o peixe. Dragões, morcegos, unicórnios, grifos e criaturas ainda mais exóticas aparecem tanto como figuras
quanto como suportes.

Animais são encontrados em posições estereotipadas, ou atitudes. Quadrúpedes frequentemente são encontrados rampantes — sobre as
patas traseiras. Outra atitude frequente é a passante, do animal andando, como os leões das Armas Reais da Inglaterra. Águias quase
sempre estão com as asas espraiadas.
Na heráldica inglesa, símbolos como o crescente, a moleta (em inglês), a merleta, o anelete (em inglês), a flor-de-lis e a rosa (em inglês)
podem ser adicionados a um escudo para brisurá-lo. Estas brisuras são mostradas em tamanho menor do que figuras comuns, e mesmo
assim não é certo que um escudo contendo uma figura assim pertença a um ramo familiar. Todas essas figuras ocorrem freqüentemente
em cotas de armas basicamente indistintas.[35]

Elmo e timbre

A palavra timbre é usada para se referir a toda uma categoria de adornos heráldicos. O uso técnico do
termo heráldico timbre refere-se a apenas um componente de todo um conjunto. O timbre jaz no topo
de um elmo que, por sua vez, apoia-se sobre a parte mais importante do conjunto: o escudo.

O timbre moderno evoluiu da figura tridimensional colocada sobre os elmos dos cavaleiros como meios
adicionais de identificação. Na maioria das tradições heráldicas as mulheres não ostentam timbres,
embora esta tradição venha sendo relaxada em algumas jurisdições heráldicas, e a cota de Lady Marion
Fraser, apresentada numa lisonja, tinha um elmo, um timbre e um mote.

O timbre geralmente é encontrado num virol, algumas vezes dentro de um coronel. Timbres-coronéis
geralmente são mais simples do que os coronéis de nobreza, mas existem formas especializadas
variadas: por exemplo, no Canadá, descendentes dos Lealistas do Império Britânico (em inglês) têm o
direito de usar o coronel lealista militar (os descendentes de membros dos regimentos Lealistas) ou o
Duas probóscides
coronel lealista civil (os outros).
emplumadas e um coelho no
Quando o elmo e o timbre são ostentados, costumam ser acompanhados de um lambrequim. timbre de Helias
Haimschwanger, burguês de
Originalmente, tratava-se de um tecido usado sobre o fundo do capacete como proteção parcial contra o
Passau.
aquecimento provocado pelo sol. Hoje, sua forma é de uma capa estilizada pendendo do elmo.[36] Na
heráldica britânica, é típico que a superfície externa do lambrequim seja da cor principal do escudo, e a
superfície interna, do principal metal — embora os pares no Reino Unido usem colorações
padronizadas, a despeito da posição nobiliárquica ou das cores de suas armas. O lambrequim por vezes
é ilustrado com as bordas rasgadas, como se houvesse sofrido dano em combate, embora as bordas de
muitos seja simplesmente decorada à vontade do brasonador.

O clero costuma evitar ostentar elmos ou timbres em suas cotas de armas. Membros do clero podem
mostrar a indumentária apropriada — geralmente, um chapéu de copa baixa e abas largas, chamado
"galero" fora da heráldica, cujas cores e borlas indicam hierarquia. Ou, no caso das armas papais,
utilizava-se uma coroa tripla elaborada, conhecida como tiara papal, pelo menos até o papa Bento XVI
ser eleito em 2005. Bento XVI, por sugestão do arcebispo Piero Marini, havia quebrado a tradição Brasão de Bento XVI, com a
milenar ao substituir a tiara pela mitra em suas armas. Porém, a 10 de outubro de 2010, o papa Bento tiara recuperada
XVI mandou inserir a tiara em seu brasão, conforme projeto de Pietro Siffi, da "Ars Regia", uma firma
especializada da cidade de Ferrara, recuperando a heráldica tradicional dos papas.[37][38]

O clero ortodoxo e presbiteriano às vezes adota indumentária capital diferente em suas armas.

Na tradição anglicana, membros do clero podem passar timbres para sua descendência, mas raramente os ostentam em seus próprios
escudos.

Motes

O mote, lema ou divisa armorial é a frase ou conjunto de palavras que descreve a motivação ou intenção da pessoa ou corporação
detentora das armas. Não é ignorada a possibilidade de formar um trocadilho com o nome da família, como no lema de Thomas Nevile
(em inglês) — "Ne vile velis" —. Motes geralmente são modificados à vontade e não são parte integrante do patrimônio heráldico. Motes
podem ser encontrados tipicamente em um pergaminho sob o escudo, chamado listel. Na heráldica escocesa, em que o mote é garantido
como parte do brasão, ele costuma ser mostrado em um listel acima do timbre, e não pode ser modificado à vontade. Um mote pode ser
escrito em qualquer idioma.

Suportes e outras insígnias

Suportes ou tenentes são figuras de humanos ou animais, ou, muito raramente, de objetos inanimados, normalmente colocados de cada
lado de uma cota de armas, como se a estivessem suportando. Em muitas tradições, o uso de suportes passou a seguir padrões estritos,
que o limitavam a certas classes sociais. No continente europeu, costuma haver menos restrições ao uso de suportes.[39] No Reino Unido,
apenas os pares do reino, uns poucos baronetes, os membros sênior de ordens de cavalaria e algumas corporações têm o direito de usar
suportes. Estes freqüentemente têm um significado local ou uma ligação histórica com o detentor da cota de armas.

Se o detentor das armas tiver o título de barão, cavaleiro hereditário ou maior, ele pode ostentar um coronel de nobreza em seu escudo.
Enquanto no Reino Unido ele aparece entre o escudo e o elmo, na heráldica continental costuma estar aboletado acima do timbre.
Outra adição que pode ser feita a uma cota de armas é a insígnia de um baronete ou de uma ordem de
cavalaria. Esta geralmente é representada por um colar ou faixa similar ao redor do escudo. Quando as
armas do cavaleiro e de sua esposa são mostradas numa única apresentação, a insígnia de cavalaria
cerca apenas as armas do marido, e as da esposa são costumeiramente cercadas tão-somente por uma
guirlanda ornamental de folhas, sem significado heráldico, tão-somente pelo equilíbrio estético.[40]

Diferenciação e brisuras

Como as armas passam de pais para filhos, e a maioria dos casais têm mais de um filho, em algumas
tradições regionais considerou-se necessário distinguir as armas dos irmãos e outros familiares das
armas originais, passadas de primogênito a primogênito, através do acréscimo de diferentes marcas nos
brasões, as brisuras. Tenentes (selvagem e
cavaleiro medieval) nas
armas da província prussiana
Ver também do Brandemburgo

Heráldica brasileira
Heráldica portuguesa
Cartório de Nobreza e Fidalguia
Giovan Battista di Crollalanza
Johannes Rietstap
Marca de casa

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