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Introdução ....................................................................................................................... 3
O papel da Maçonaria na abolição da escravatura ..................................................... 4
Conclusão ........................................................................................................................ 7
Bibliografia ...................................................................................................................... 8
Introdução
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O papel da Maçonaria na abolição da escravatura
Liberdade tem sido uma viga mestra da maçonaria desde seus primórdios, como
os antigos franco-maçons ou pedreiros-livres, essas duas expressões mais vulgarizadas na
idade média. O adjetivo “livre” deve entender-se como afirmação de profissão qualificada
e relativa a maior liberdade conquistada desde a infra-estrutura medieval, pelo artesanato
dos burgos ou cidades, eis que, nas eras mais antigas, o trabalho , principalmente o braçal
era destinado aos escravos. A exemplo, na Inglaterra em 1350, um decreto do Parlamento
Britânico distinguiu o “freemason”, pedreiro qualificado, dos rough-masons, operários
braçais da construção (VAROLI FILHO, 1976).
Como motor da Revolução Francesa de 1789, a Maçonaria o adota como lema
emancipador e regenerador das classes sociais, pois só os homens (e as mulheres) livres
e de bons costumes, em igualdade de oportunidades, podem conviver fraternalmente
numa sociedade organizada. Maçonicamente numa sociedade antes de tudo fraternal, to-
dos os membros serão livres e iguais perante a Lei (FIGUEIREDO, 2016).
Em relação ao Brasil, é possível que, durante sua estadia em Paris, José Bonifácio
tenha tido contato com “A Sociedade dos Amigos dos Negros” no qual eram ativistas
Condorcet e Lafayette. Suas ideias, não por acaso, se pareciam muito com as do movi-
mento abolicionista mundial. Nada de abolição imediata, pois arruinaria o comércio e os
agricultores, mas, sim, abolição do tráfico e gradativa, a dos cativos. Implantação de um
projeto civilizatório na África e sensibilização para as questões humanitárias que o tráfico
ignorava. Os argumentos econômicos e comerciais eram desmontados por outro: a escra-
vidão não era rentável e ela se oporia as teses mercantilistas, então em voga. Para piorar,
o tráfico arruinaria as indústrias nacionais e comerciar com os portos africanos seria bem
mais interessante para os negociantes nacionais. Sociedade elitista, mantenedora de um
programa moderado e gradualista, a dos Amigos dos Negros teve uma política ativa de
publicações que atacavam o tráfico e defendiam os direitos iguais para os mestiços livres
(PRIORE, 2019).
Praticamente desde o início de seu reinado, D. Pedro I vinha sofrendo pressões do
governo inglês, para que abolisse o tráfico de escravos. Mas os seus representantes en-
contravam uma férrea resistência (CASTELLANI, 1998).
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O assunto, portanto, não era original e, ao contrário, era, também, bastante discu-
tido no Brasil. O conselheiro Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira foi uma das primeiras
vozes. Em suas “Memórias para o melhoramento da Província de São Paulo, aplicável
em grande parte às demais províncias do Brasil“, apresentadas ao Príncipe D. João VI
em 1810, e publicadas pelo autor em 1822, após enumerar e criticar os atos dos capitães-
generais que concorriam para entravar o desenvolvimento paulista, tratava do elemento
servil e da imigração livre, que poderia concorrer para a vinda das populações europeias,
flageladas pelas devastações das guerras de Napoleão. O conselheiro Veloso de Oliveira
propunha que, na impossibilidade do estabelecimento de correntes migratórias, prosse-
guisse o comércio de escravos, mas que a escravidão do indivíduo importado fosse res-
tringida a dez anos e que, no Brasil, nascessem livres os filhos dos escravos. Era um
toleracionista como, aliás, o foi Bonifácio (PRIORE, 2019).
Todo esse trabalho levou à convenção de 23 de novembro de 1826, segundo o
qual o Brasil aboliria o tráfico dentro do prazo de três anos improrrogáveis, após o que os
traficantes e os receptadores seriam tratados como piratas. Após o que os traficantes e os
receptadores seriam tratados como piratas. Mas o escravagismo continuou, apesar dos
esforços do governo, já então nas mãos de regentes após a abdicação de D. Pedro I, em
favor de seu filho, então uma criança de 6 anos de idade (CASTELLANI, 1998).
Com a decadência da lavoura cafeeira do Vale do Paraíba, o café iria se expandir
para o oeste paulista, quando o tráfico de escravos já estava extinto em função da Lei
Eusébio de Queirós; passaram por isso, esses fazendeiros, a voltar os olhos para o Velho
Mundo, onde a superpopulação forçava a emigração. Só que estavam imitando o exemplo
dado por um grande expoente da Maçonaria brasileira, Nicolau de Campos Vergueiro,
que, mais de dez anos antes, fora o pioneiro do aproveitamento da mão-de-obra livre,
vinda da Europa, em regime de parceria. Com esses imigrantes, Vegueiro fez um acordo,
segundo o qual, a viagem, as acomodações, o dinheiro para a subsistência e para custear
a lavoura, além dos empréstimos até a primeira colheita produtiva, eram os encargos do
fazendeiro. Depois de deduzidas do valor bruto essas despesas, o lucro era dividido meio
a meio, entre o colono e o proprietário das terras (CASTELLANI, 1998).
Foi durante a Segunda metade do século XIX que a estrutura sócio-econômica do
Brasil se modificou de maneira profunda, com a expansão da produção mercantil e a cri-
ação de novos interesses econômicos, diferentes daqueles representados pela cultura do
café. Com a união de Orientes dissidentes ao Grande Oriente do Brasil, em sessão de 7
de agosto de 1869, da Loja Perseverança III de Sorocaba (SP) Ubaldino do Amaral pediu
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a palavra e apresentou a primeira proposta alusiva à libertação dos escravos. Após a lei
Visconde do Rio Branco, de 28 de setembro de 1871, a qual concedera liberdade às cri-
anças nascidas de escravos, daí em diante a idéia de abolição total da escravidão entrara
em período de sossego e compasso de espera, até as manifestações inflamadoras de Joa-
quim Nabuco a partir de 1878 (CASTELLANI, 1998).
Sob a égide da Maçonaria em 25 de março de 1884, finalmente era abolida a es-
cravidão na província do Ceará, quatro anos antes da Lei Áurea. Após a queda do Gabi-
nete chefiado pelo Barão de Cotegipe, assume outro ministério, que, apesar de conserva-
dor, pertencia a uma ala dissidente do Partido Conservador, chefiado por João Alfredo –
que havia sido eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, em 1881, não chegando
a assumir o cargo - e constituído com a missão específica de elaborar o decreto que colo-
caria um ponto final na escravidão em território brasileiro, de acordo, inclusive, com o
desejo da regente D. Isabel. Aprovado o projeto na Câmara dos Deputados, por 85 votos
favoráveis e 9 contrários, foi à sanção da princesa regente, a 13 de maio de 1888, como
lei 3.353, que passou à história como Lei Áurea (CASTELLANI, 1998).
Liberdade, igualdade e fraternidade. Essa é a tríade gloriosa que sintetiza os mais
substanciosos e ricos ensinamentos da Maçonaria. De um lado, lutando contra os tiranos
da liberdade, pela democracia e pelo livre exame de consciência, de outro, igualando os
homens em seus direitos, na comunhão com Deus em sua infinita misericórdia, divul-
gando o ideal de confraternização humana, arregimentando os homens para que vivam
em plena harmonia, como filhos do mesmo Pai (LIRA, 2000).
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Conclusão
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Bibliografia
LIRA, Jorge Buarque. As Vigas Mestras da Maçonaria. 3ª ed. Rio de Janeiro: Aurora,
2000. 224p.
PRIORE, Mary del. As vidas de José Bonifácio. São Paulo: Estação Brasil, 2019. 368p.
Disponível em: <https://historiahoje.com/a-maconaria-e-a-abolicao-da-escravatura/>.
Acesso em: 10 de julho de 2022.