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GRANDE ORIENTE DE NAVEGANTES
Aug\ e Resp\ Loj\ Simb\ Luz de Navegantes n° 3033

PEÇA ARQUITETÔNICA:

“A Maçonaria e a Independência do Brasil”

M\ M\ Rafael Diogo Theiss – CIM n° 295142


Navegantes – SC
04/09/2019
A presente Peça Arquitetônica trata-se de uma síntese acerca de
pesquisa realizada sobre a influência da Maçonaria na Independência do Brasil.

Pois bem, quando a noite caía sobre a imensa América Portuguesa


(século XVIII), a Vila Rica de Ouro Preto ficava envolvida no manto da escuridão,
debruado ao som de fundo, pelo silêncio das horas mortas. No interior de uma isolada
moradia, um grupo de homens reunia-se sigilosamente.

Ali se discutia em voz baixa, sobre as novas ideias espalhadas pelos


escritores franceses do período iluminista, liam-se mensagens recebidas de outras
sociedades secretas, redigiam-se outras em resposta, e depois, em grupos misteriosos,
sumiam no espesso nevoeiro da noite acolhedora.

Como já ocorrera com os membros da arte real em todas as nações do


mundo, estes homens estavam ali também como peças de um complexo xadrez, cujo
tabuleiro tinha a dimensão do movimento europeu nascente.

Tramava-se, em Paris e em Ouro Preto, a queda da Monarquia


Absolutista. Sonhava-se com a regeneração política dos povos, com o advento de uma
nova sociedade que faria a felicidade da grande família humana, dentro de uma nova
ordem política e sob novas formas de governo.

A palavra “LIBERDADE”, fascinava às mentes cultas e inteligentes,


que eram movidas pelo sonho de romper as correntes do absolutismo e autoritarismo da
velha monarquia.

Para que vós podeis compreender qual o papel da Maçonaria nisso


tudo, devemos relembrar alguns fatos históricos.

O Brasil foi descoberto pelo famoso explorador Pedro Alvares de


Cabral no ano de 1500. A colonização foi efetivamente iniciada em 1534, quando D.
João III dividiu o território em quatorze capitanias hereditárias.

Em 1549, o rei de Portugal atribuiu um governador-geral para


administrar toda a colônia do Brasil.

A partir de 15 de julho de 1799, o Príncipe do Brasil, D. João Maria


de Bragança, tornou-se príncipe-regente de Portugal, pois sua mãe, a rainha D. Maria I,
foi declarada louca pelos médicos. Os acontecimentos na Europa, onde Napoleão
Bonaparte se afirmava, sucederam-se com velocidade crescente.
Desde 1801 que se considerava a ideia da transferência da corte
portuguesa para o Brasil. As facções no governo português, entretanto, se dividiam: a
facção anglófila, partidária de uma política de preservação do Império Colonial
Português e do próprio Reino, através do mar, apoiados na antiga aliança Luso-
Britânica; e a facção francófila, que considerava que a neutralidade só poderia ser obtida
através de uma política de aproximação com a França. Ambas eram apoiadas pelas lojas
maçônicas, quer de origem britânica, quer de origem francesa.

Em 1820, a Revolução Liberal do Porto eclodiu em Portugal. O


movimento iniciado pelos constitucionalistas liberais resultou na reunião das Cortes
Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa (ou Assembleia Constituinte), que teria
de criar a primeira constituição do reino. As Cortes ao mesmo tempo que exigiram o
retorno do rei Dom João VI, que vivia no Brasil desde 1808 e que elevou o Brasil para a
categoria de reino, como parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1815.
Seu filho e príncipe herdeiro Dom Pedro passou a governar o Brasil como regente no
lugar do pai em 7 de março de 1821. O rei partiu para a Europa em 26 de abril,
enquanto Dom Pedro permaneceu no Brasil liderando o governo ao lado dos ministros
do reino.

Mas vamos voltar ao tema deste trabalho, o que tem a Maçonaria a


haver com tudo isso?

De nenhum importante acontecimento histórico do Brasil, os maçons


estiveram ausentes. Da maioria deles, foram, ou idealizadores, ou coautores. Não há
como negar que o “Dia do Fico”, a Proclamação da Independência, a Libertação dos
escravos, a Proclamação da República, os maiores eventos de nossa pátria foram fatos
arquitetados dentro de suas lojas.

Antes de tudo isso, já na Inconfidência Mineira no século XVII, a


Maçonaria empreendia sua luta em favor da libertação da nossa pátria. Todos os
conjurados, sem exceção, pertenciam à Maçonaria: Tiradentes, Thomas Antonio
Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e outros.

Apesar de não possuir definição político-partidária ou religiosa, a


Maçonaria sempre atuou no campo político-ideológico.

Assim sendo, em 17 de junho de 1822, a Loja Maçônica, “Comércio e


Artes na Idade do Ouro” em sessão memorável, resolve criar mais duas Lojas pelo
desdobramento de seu quadro de Obreiros, através de sorteio, surgindo assim as Lojas
“Esperança de Niterói” e “União e Tranquilidade”, se constituindo nas três Lojas
Metropolitanas e possibilitando a criação do “Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano”,
que depois viria a ser denominado de “Grande Oriente do Brasil”.

José Bonifácio de Andrada e Silva (o Patriarca da Independência) é


eleito primeiro Grão-Mestre, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como 1º Vigilante e o
Padre Januário da Cunha Barbosa como Grande Orador. O objetivo principal da criação
do Grande Oriente do Brasil foi de engajar a Maçonaria como Instituição, na luta pela
independência política do Brasil, conforme consta de forma explícita das primeiras atas
das primeiras reuniões, onde só se admitia para iniciação e filiação em suas Lojas,
pessoas que se comprometessem com o ideal da independência do Brasil.

No dia 02 de agosto do mesmo ano, por proposta de José Bonifácio, é


iniciado o Príncipe Regente, Dom Pedro, que passa a fazer parte do quadro de obreiros
da Loja Comércio e Artes.

No dia 05 de agosto, por proposta de Joaquim Gonçalves Ledo, que


ocupava a presidência dos trabalhos, foi aprovada a exaltação ao grau de Mestre
Maçom.

Porém, foi no mês de agosto de 1822 que o Príncipe, agora Maçom,


tomou a medida mais dura em relação a Portugal, quando declarou inimigas as tropas
portuguesas que desembarcassem no Brasil sem o seu consentimento.

Ainda que haja muito folclore e epopeia nos livros de história, em


setembro, Dom Pedro partiu em viagem, com o propósito de apaziguar os descontentes
em São Paulo, acompanhado de seu confidente Padre Belchior Pinheiro de Oliveira e de
uma pequena comitiva.

Encontrava-se na colina do Ipiranga, às margens de um riacho, quando


foi surpreendido pelo Major Antônio Gomes Cordeiro e pelo ajudante Paulo Bregaro,
correios da corte portuguesa, que lhes traziam notícias enviadas com urgência pelo seu
primeiro ministro José Bonifácio.

Dom Pedro, após tomar conhecimento dos conteúdos das cartas e das
notícias trazidas pelos emissários, pronunciou as seguintes palavras: “As Côrtes me
perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Verão agora quanto
vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais
quero do governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal” –
“Independência ou morte”.

Oficialmente, a data comemorada para independência do Brasil é a de


7 de setembro de 1822, em que ocorreu o chamado "Grito do Ipiranga", às margens do
riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), porém, a independência do Brasil foi
proclamada já em 02 de agosto de 1822, dentro de uma loja maçônica. O grito de
independência foi mera confirmação. Em outubro de 1822, Dom Pedro comparece ao
Grande Oriente do Brasil e toma posse no cargo de Grão-Mestre, sendo na oportunidade
aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil e o país adota o
nome de Império do Brasil.

Eis que muitos aqui presentes irão se perguntar: mas porque esses
fatos não são evidenciados nos livros de história? Eis que aqui, teço minhas próprias
considerações.

Nunca foi! Não é! E nunca será - objetivo da ordem maçônica, tomar


para sí a glória pelas conquistas de toda uma nação. A Maçonaria não vislumbra
vaidade ou soberba. Se assumíssemos singularmente a responsabilidade por vitórias
conquistadas, não seríamos maçons.

A Maçonaria é fundada na liberdade dos indivíduos e dos grupos


humanos, sejam eles instituições, raças, nações; a igualdade de direitos e obrigações dos
seres e grupos sem distinguir a religião, a raça ou nacionalidade; a fraternidade de todos
os homens, já que somos todos filhos do mesmo CRIADOR e, portanto, humanos e
como consequência, a fraternidade entre todas as nações.

Seu principal objetivo é a investigação da verdade, o exame da moral


e a prática das virtudes.

Portanto, assim como fizemos no passado, para impulsionar a


Independência da nossa pátria amada! Clamo aos aqui presentes, para que abram seus
olhos para os grilhões que estão a privar novamente a liberdade da nossa nação.

A corrupção e descaso promovidos por agentes públicos em todas as


esferas estão escravizando a população brasileira. Nossa sociedade nunca foi tão
perigosa e pereceu tanto de segurança pública, nossa saúde não é capaz de atender a
necessidades básicas, nossa educação carece de recursos, enfim, vivemos em tempos
obscuros.
Sei que muitos dirão que não possuem qualquer responsabilidade
sobre estas mazelas e atribuirão essa putrefata moléstia social a outras questões, mas
cuidado! Se fecharmos os olhos e cruzarmos nossos braços, a sociedade perecerá e não
deixaremos legado algum a nossos filhos e netos!

Gritemos novamente meus irmãos e amigos, INDEPENDÊNCIA.


Vamos a luta para punir aqueles que infringem a lei! Vamos lutar para alcançar as
mudanças necessárias para termos uma sociedade mais justa! E façamos isso a partir de
HOJE, a partir de AGORA.

_______________________________
M.: M.: Rafael Diogo Theiss

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Referência Bibliográfica:
CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. 4ª ed. São Paulo: Ed. Madras, 2013.
LAVAGNINI. Aldo. Manual do Aprendiz Franco Maçom. “Versão traduzida”. Buenos Aires: Ed.
Sociedade das Ciências Antigas, 1995.
CARVALHO, João A. de. O PRUMO, 1970 – 2010 – Coletânea de Artigos: Volume 2: Grau de
Aprendiz. Oriente de Santa Catarina: 2010.
Sítio da internet: dialogandoeaprendendo.blogspot.com.br;
Sítio da internet: https://pt.wikipedia.org/
Artigo do Irm. Guilherme A. Tavares, A.’.M.’. - A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade e Evolução nº 3198, Or.’. de
São Paulo – SP / Brasil;
Artigo do Irm: Mario Guilherme Da Silveira Carvalho, da ARLS "Rangel Pestana", in Revista Voz do
Dia – Assuntos Maçônicos, no 46, 1998, pág 22.

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