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Resumo
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calungas tem cerca de 300 anos e foi ponto de cultura criado pelos
trazida pelos escravos que entalhavam as coordenadores da Nação de Maracatu
bonecas na madeira para simbolizar os Porto Rico, utilizando-se da educação, arte
antepassados e orixás do candomblé. Elas e cultura como os principais elementos
são tidas como divindades que protegem para a superação de muitos problemas
os integrantes do maracatu. O Porto Rico sociais. O viés social e o religioso são os
tem quatro calungas: Dona Inês, Princesa principais alicerces da nação de maracatu
Elisabeth, Dona Júlia e dona Bela. Porto Rico.
Conforme relata o mestre da Nação Porto
A construção da negritude vista
Rico, Chacon Viana, a calunga Dona Júlia
como afirmação de ser negro, é
voltou para o Maracatu Porto Rico em
experienciada de forma distinta entre
2014. Ela havia sido levada, no final da
aqueles que se reconhecem como negros.
década de 1970, para um museu na
É vivida insensatamente por muitos
Universidade Federal Rural de
moradores da favela do bode, onde se
Pernambuco (UFRPE) e ficou perdida.
localiza a sede da Nação de Maracatu
Tempos depois, foi deixada no terreiro
Porto Rico, principalmente entre os
Xambá, em Olinda, mas ninguém sabia a
jovens. Nota-se a efervescência com que
qual nação ela pertencia. Feita na década
se auto afirmar negro, e valorizar a cultura
de 1960, Dona Júlia representa uma
negra, funciona como um fator identitário
homenagem a Dona Santa, rainha do
de muitos jovens, que passam a vivenciar
Maracatu Elefante que iniciou Eudes
experiências em que eles possam
Chagas no candomblé.
desvendar seu pertencimento étnico.
Ao lado da sede do Porto Rico
existe um ponto de cultura da comunidade Considerações Finais
do bode, favela do bairro do Pina.
Percebe-se que essa nação têm uma longa O candomblé ainda sofre com a
trajetória histórica, social e principalmente intolerância religiosa, a deslegitimação de
espiritual. É notável que a religiosidade é suas crenças e a demonização de seus
intrínseca à manifestação cultural de tal deuses. É nítido o processo histórico em
modo que é impossível desassociá-la. que boa parte do que é produzido pelo
negro brasileiro é desumanizado,
A nação de Maracatu Porto Rico, desvalorizado ou considerado estranho,
anualmente se prepara para os carnavais exótico e folclórico. No entanto, as
com alguns meses de antecedência, onde crenças do candomblé nada ficam a dever
seus barracões ficam cheios de fantasias, às demais religiões, a religião dos orixás,
instrumentos, batuqueiros, mães e pais de praticamente desconhecida por não
santo, crianças e muitas outras pessoas adeptos do candomblé, é tão interessante
apoiadoras da nação, da própria e complexa quanto às demais. Além de
comunidade do Pina ou de outros regiões uma religião múltipla e rica, o Candomblé
do estado e do país, que vão para a sede da também representa um importante
nação colaborar, aprender e trocar mecanismo de resistência à história
conhecimentos sobre a cultura, a arte e a hegemônica branca universalista porque
religiosidade do maracatu. dá visibilidade à cultura afro-brasileira e
A busca dos elementos da legitima os saberes apagados pela história
identidade sociocultural, da reconquista da na difusão cultural, contribuindo para a
dignidade e da autoestima particularmente descolonização mental da cultura
da população negra e demais integrantes eurocêntrica.
das classes populares excluídas das Este trabalho considera a falta de
benesses da sociedade contemporânea e visibilidade e conhecimento sobre a
marginalizados por razões sócio-político- religião afro-brasileira e sua linguagem um
culturais são funções primordiais do forte pilar na estruturação do preconceito.
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