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Seminário de patrimônio - Rio de Janeiro

Aqueduto da Carioca
CARACTERÍSTICAS
Edificação ciclópica de alvenaria, com dupla
arcada, estendendo-se desde as faldas do morro
de Santa Teresa, ao pé do convento das
Carmelitas, até os remanescentes do morro de
Santo Antônio
Sua construção, em estilo romano, é feita em
pedra e cal, medindo cerca de 270 metros de
comprimento e 18 metros de altura, distribuídos
em 42 arcos plenos, com aberturas circulares
entre eles na parte superior
Arcos da Lapa
HISTÓRICO E PORQUÊ FOI TOMBADO

Construído durante o governo de Aires de Saldanha (1719 -


1725), o aqueduto (mais tarde conhecido como Arcos da Lapa)
trazia a água das nascentes do rio da Carioca, ao longo das
encostas da serra do Desterro (atual Santa Teresa), até o Largo
da Carioca
Construído para resolver o problema do abastecimento de água
no Rio de Janeiro, foi otimizado durante o Governo de Gomes
Freire.
Arcos da Lapa
HISTÓRICO E PORQUÊ FOI TOMBADO

Durante o século XIX, novas alternativas foram utilizadas para


o abastecimento de água da cidade, por consequência o
aqueduto caiu em desuso.
A partir de 1986, os arcos passaram a ser utilizados como
viaduto para os novos bondes de ferro, meio de acesso do
centro até os bairros de Santa Teresa até hoje.
Arcos da Lapa
HISTÓRICO E PORQUÊ FOI TOMBADO

Foi reconhecido como patrimônio histórico pelo SPHAN,


durante o período de valorizção da “pedra e cal” por ser a
maior construção arquitetônica do período colonial no Brasil.
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 5, de 05/04/1938
Número do Processo: 100-T-1938
Arcos da Lapa
DISCUSSÕES SOBRE O TOMBAMENTO
Por ser reconhecido como
patrimônio durante o período
de direção de Rodrigo Melo
Franco, faz parte de uma
valorização da arquitetura
que não exercia avaliação
crítica sobre o contexto de
construção, que envolveu mão
de obra escravizada, tanto
indígena quanto africana.
Arcos da Lapa
DISCUSSÕES SOBRE O TOMBAMENTO
Em 1936, com a escolha para a construção da sede do MES e para constituírem a
equipe do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, logram os modernos
serem considerados os mais aptos a erigir os novos monumentos do Estado, assim
como são considerados “dignos” pelo Estado para tornarem “digna”, em seu nome, a
produção do passado que será por ele protegida para a posteridade. Na implantação
do “modernismo” como dominante de uma política cultural, conseguem realizar o
sonho de todo revolucionário: deter as rédeas da edificação do futuro e da
reconstrução do passado ou, em outras palavras, escrever simultaneamente o mapa
astral e a árvore genealógica do país.
CAVALCANTI, Lauro. Modernistas, arquitetura e patrimônio. In: PANDOLFI, Dulce.
Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getulio Vargas, 1999. 345 p.
Arcos da Lapa
DISCUSSÕES SOBRE O TOMBAMENTO
“Outro ponto do Rio de Janeiro que viu florescer os cabarés foi a Lapa. Lapa luminosa,
múltipla, sonora e boêmia à qual artistas e intelectuais chamavam de "Montmartre
brasileira". Isso no seu apogeu, a década de 30. Um mundo onde estavam lado a lado os
cabarés e o hotel frequentado pelos políticos, as pensões de mulheres e a igreja, as
farmácias que vendiam estímulos proibidos. Mundo onde o talento de Portinari, Manuel
Bandeira, VillaLobos e Di Cavalcanti podia esbarrar em qualquer esquina com a
valentia de Meia-Noite, 10 Miguelzinho, Camisa Preta, Edgar e Joãozinho. E esbarrar
também, ou mais que isso, com grandes mulheres famosas como Marina, Lívia e Boneca
ou anônimas como as polacas, as espanholas, as francesas, muitas vindas do interior de
Minas.”
MENEZES, Marco Antônio de. Cabarés: História e Memória. In: XXVII Simpósio
Nacional de História - Conhecimento histórico e diálogo social, 27, 2013, Natal.
Arcos da Lapa
IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL NA ATUALIDADE

Um dos principais pontos


turísiticos do Rio de Janeiro
Local de celebração de
festividades natalinas e da
Semana Santa
Viaduto da última linha de
bondes da cidade.
Local de movimentação da
vida boêmia.
Arcos da Lapa
IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL NA ATUALIDADE
“Outro ponto do Rio de Janeiro que viu florescer os cabarés foi a Lapa. Lapa luminosa,
múltipla, sonora e boêmia à qual artistas e intelectuais chamavam de "Montmartre
brasileira". Isso no seu apogeu, a década de 30. Um mundo onde estavam lado a lado os
cabarés e o hotel frequentado pelos políticos, as pensões de mulheres e a igreja, as
farmácias que vendiam estímulos proibidos. Mundo onde o talento de Portinari, Manuel
Bandeira, VillaLobos e Di Cavalcanti podia esbarrar em qualquer esquina com a
valentia de Meia-Noite, 10 Miguelzinho, Camisa Preta, Edgar e Joãozinho.’’

MENEZES, Marco Antônio de. Cabarés: História e Memória. In: XXVII Simpósio
Nacional de História - Conhecimento histórico e diálogo social, 27, 2013, Natal.
Arcos da Lapa
IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL NA ATUALIDADE

“O cabaré do século XXI incorporou a música eletrônica, mas não perdeu a atração pelo
palco onde, ainda, é a desempenho quem comanda o espetáculo e se no cabaré de antes,
na Lapa, era João Francisco dos Santos (Madame Satã) quem comandava o “circo”, no
picadeiro eletrônico de hoje as drags continuam a dar as cartas. Agora sem navalha na
cinta liga, mas com o mesmo glamour e usando as boás como adereço para enlaçar os
espectadores extasiados ante ao show de cores e luzes. “

MENEZES, Marco Antônio de. Cabarés: História e Memória. In: XXVII Simpósio
Nacional de História - Conhecimento histórico e diálogo social, 27, 2013, Natal.
Arcos da Lapa
IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL NA ATUALIDADE
“A música “Lapa em três tempos”, da Velha Guarda da Portela, composta em 1971
por Ary do Cavaco e Rubens, retrata as mutações da Lapa na “renovação” constante
de sua arquitetura, os encontros de poetas, boêmios, malandros e sambistas e o
saudosismo sempre presente de uma Lapa ‘que passou’, e que ‘revivemos’ agora
conforme sugere a canção”

ARAÚJO, Vanessa Jorge de; LAPA CARIOCA: UMA (RE)APROPRIAÇÃO DE LUGAR. Dissertação (Mestrado em
Planejamento Urbano e Regional) - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 38, 2009.
Arcos da Lapa
IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL NA ATUALIDADE
Capoeira
CARACTERÍSTICAS

Prática urbana
Disputas políticas
Organização no ensino e prática
Malandragem e movimentos hábeis
Aspecto lúdico, mão limpa
Violência e armas brancas
Expressão cultural e embranquecimento
Capoeira
LINGUAGEM
Cambar: passar de um partido para
outro.
Tapear: enganar o adversário.
Sardinha: navalha.
Branquinha: aguardente
Chifrada: cabeçada.
Alto da sinagoga: rosto.
Capoeira
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E CULTURAL
Século XIX
Termo capoeira
Relação política e
participação diversa
Criminalização (1890) e
repressão pelo Estado
Republicano
Discussões sobre a prática como
“genuinamente brasileira”
Capoeira
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E CULTURAL
Século XX
Popularização e esporte
Características regionais -
associação e dissociação com a
malandragem
Uso da música e valorização do
lúdico
Capoeira
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E CULTURAL
Século XXI
Exaltação da origem africana da
capoeira e de seu papel como
resistência
Entendimento do seu papel
artístico (não apenas esportivo)
Símbolo da cultura brasileira no
exterior
Capoeira
PROCESSO DE TOMBAMENTO
Capoeira
PROCESSO DE TOMBAMENTO

“Entre os anos 2006 e 2007, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, responsável
pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, realizou pesquisa histórica
e antropológica para identificar os principais aspectos que constituem a
capoeira como prática cultural desenvolvida no Brasil: o saber transmitido
pelos mestres formados na tradição da capoeira, que são reconhecidos por seus
pares como tal, e a roda onde a capoeira reúne todos os seus elementos e se
realiza de modo pleno.

PHAN. Salvaguarda da roda de capoeira e do ofício dos mestres de capoeiras. Série patrimônio
cultural e material: para saber mais. Brasília, 2017
Capoeira
PROCESSO DE TOMBAMENTO

“Como resultado almejou-se, em 2008, dois Registros como “Patrimônio Cultural


do Brasil”: O Ofício dos Mestres de Capoeira, inscrito no Livro de Registro dos
Saberes e a Roda de Capoeira, inscrita no Livro de Registro das Formas de
Expressão. A legislação que rege o reconhecimento de um bem cultural como
patrimônio imaterial é o Decreto nº 3.551/00”.

“Em 2014, a Roda de Capoeira também foi contemplada com o título de


Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)”.
Capoeira
PROCESSO DE TOMBAMENTO

Processo número 01450.002863/2006-80


Capoeira
PROCESSO DE TOMBAMENTO
Sobre o dossiê:

Constituído de uma abordagem histórica, uma análise das formas de


aprender e ensinar a capoeira e de um estudo etnográfico sobre a
roda de capoeira e seus elementos constituintes
Capoeira
POR QUÊ FOI TOMBADO?

“[...] seus aspectos multifacetados e polivalentes, pois a capoeira é


compreendida como arte, dança, cultura, luta, arte marcial, jogo,
esporte, música, folclore e filosofia. (CAMPOS, 1998; LUSSAC, 2004).”

“A capoeira como manifestação artística, atividade sociocultural e


prática corporal esportiva, educacional e de lazer, inserida no cenário
e no contexto da modernidade, oferece uma práxis única e peculiar
que, mesclada com a herança sócio-histórica e cultural que traz
consigo, proporciona ricas oportunidades [...].” (LUSSAC, 2009)
Capoeira
DISCUSSÕES SOBRE O TOMBAMENTO
[...] pouco compreendida pela sociedade e, por ser de origem
nacional, poderia ser mais estudada pelo meio acadêmico
brasileiro, assim como acontece em outros países em relação às suas
expressões esportivo-culturais: com o judô no Japão, o kung-fu na
China, o tae-kwon-dô nas Coréias, o savaté na França, entre outros.
(LUSSAC, 2004)
“Espera-se que as ações desse órgão [IPHAN] e de outros não
priorizem o enfoque de suas ações em determinados grupos ou
regiões, pois a capoeira sempre esteve presente em várias
localidades do Brasil, dialogando com diferentes culturas.”
(LUSSAC, 2009)
Jardim Botânico
HISTÓRICO - Dom João VI
Foi fundado em 13 de junho de 1808, inicialmente chamado de Jardim de
Aclimação ou Real Hote.
Era inicialmente uma fábrica de pólvora, mas Dom João VI queria um lugar útil e
bonito para cultivar espécies exóticas orientais.
Tanto o Jardim quanto a Fábrica eram parte da Fazenda Del Rei e realizavam uma
ligaçaõ da Baía de Guanabara com a cidade.
Em 1812, foram trazidas as primeiras mudas de chá.
Após a coroação de Dom João VI recebeu o nome de Real Jardim Botânico.
Inicialmente de modelo clássico pelo Mestre Valentim e alterado para o modelo
romântico por Auguste Glauziou.
Jardim Botânico

Museu Casa dos Pilões


Jardim Botânico
HISTÓRICO - Dom João VI

A Missão Artística Francesa também


realizou intervenções no local com o
estilo neoclássico.

Nesse período, o local era restrito


somente a família real.
Jardim Botânico
HISTÓRICO - Dom João VI
O português Luiz de Abreu vinha a
pedido de Dom João VI e seu navio
naufragou próximo a Goa e ele foi
capturado pelos franceses nas atuais
Ilhas Maurítias.

Quando consegue escapar, rouba mudas


de um jardim local e traz ao Jardim
Botânico originando as Palmeiras
Imperiais.
Jardim Botânico
HISTÓRICO - Dom Pedro I

Com a independência, o nome passa a


Imperial Jardim Botânico e Dom Pedro I
continua investindo no local, inclusive
com uma fábrica de Chapéus Panamá.

A visitação também se expande


relativamente ao permitir visitas de
pessoas autorizadas e acompanhadas.
Jardim Botânico
PROCESSO DE TOMBAMENTO
2° bem inscrito no livro do Tombo
Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em
30 de maio de 1938 pelo SPHAN.

Período de pedra e cal: um dos poucos bens


classificados como paisagístico e o único
como paisagístico-científico na época.

Número do processo: 0157-T-38


Número de inscrição: 002
Local: Rio de Janeiro-RJ
Jardim Botânico
PROCESSO DE TOMBAMENTO
“A natureza, sem o processo humano de
organização, é caótica e incompreensível
para o ser humano. Como no modelo
paradisíaco onde a fonte do conhecimento
jorra sobre o jardim, dando-lhe ordem e
sentido, qualquer sítio, por complexo que
seja, quando interpretado pelo saber
humano, adquire uma ordem imaterial,
análoga à organização física de um jardim.”
P.7 - Manual de Intervenção em Jardins
Históricos (1999)
Jardim Botânico
DISCUSSÕES SOBRE O TOMBAMENTO
Jardim Botânico
DISCUSSÕES SOBRE O TOMBAMENTO
Jardim Botânico
CARACTERÍSTICAS
6 500 espécies (algumas ameaçadas de
extinção)

54 hectares;

mais completa biblioteca do país


especializada em botânica;

O maior herbário do Brasil, que possui


600 mil amostras.
Jardim Botânico
IMPORTÂNCIA SOCIAL NA ATUALIDADE
Hoje, é um local turístico e aberto ao
público, sendo vinculado ao Ministério do
Meio Ambiente.

Os ingressos vão de 9 a 73 reais, sendo


mais barato para brasileiros e mais caro
para estrangeiros, além da possibilidade
de visitas noturnas e guiadas.
Jardim Botânico
Jardim Botânico
IMPORTÂNCIA CULTURAL NA ATUALIDADE
De modo geral, o Jardim Botânico do RJ
apresenta em suas dependências uma
gama de manutenções e extensões
culturais para a população e outros.

Suas rotas de caminhada e aves diversas


fazem deste local um paraíso perto da
movimentada região do Cristo.
REFERÊNCIAS
CORREIA, Maria Rosa. Oficina de Estudos da Preservação: Coletânea III. Iphan: 2014. Rio
de Janeiro - RJ. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/. Acesso em 12/11/2023.

IPHAN. Manual de Intervenção em Jardins Históricos. Iphan: 1999. Brasil. Disponível em


http://portal.iphan.gov.br/. Acesso em 12/11/2023.

IPHAN. Lista dos Bens Culturais Escritos nos Livros do Tombo (1938-2012). Iphan: 2013.
Rio de Janeiro-RJ. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/. Acesso em 12/11/2023.

RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem Cultural e Patrimõnio: pesquisa e documentação do


IPHAN. Iphan: 2007. Rio de Janeiro-RJ. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/. Acesso em
12/11/2023.
REFERÊNCIAS
LUSSAC, Ricardo M. P.; TUBINO, Manoel J. G. Capoeira: a história e a trajetória de um
patrimônio cultural do Brasil. Revista da Educação Física (UEM), v. 20, n. 1, p. 7 - 16,
Maringá, 2009

RODA de Capoeira é o mais novo Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. IPHAN,


Brasília, 26 de novembro de 2014. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/66/#:~:text=%E2%80%9CA%20roda%20de%20c
apoeira%20expressa,discriminada%E2%80%9D%2C%20conclui%20Jurema%20Machado .
Acesso em: 10/11/2023

IPHAN. Salvaguarda da roda de capoeira e do ofício dos mestres de capoeiras. Série


patrimônio cultural e material: para saber mais. Brasília, 2017
REFERÊNCIAS
IPHAN, O ofício dos mestres de capoeira e roda de capoeira: parecer técnico. In: ____,
Patrimônio Cultural do Brasil: pareceres de registros dos bens culturais imateriais, vol. 1,
Brasília, 2021, p. 184 - 203

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em


http://www.jbrj.gov.br/. Acesso em 20 novembro 2023

Jardim Botânico in: Welcome to Rio. Disponivel em: http://welcometorio.weebly.com/jardim-


botacircnico.html. Acesso em 20 de novembro de 2023

- ICOMOS, 1981I. CARTA DE FLORENÇA, CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS - ICOMOS,


1981. Cadernos de Sociomuseologia, v. 15, n. 15, 11.

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