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Projeto de Pesquisa
Imagem, História e Cidade: Interpelando
Narrativas Visuais no Recôncavo da Bahia
Osmundo Pinho
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Resumo: As cidades irmãs de Cachoeira e São Felix, no Recôncavo da Bahia, distantes
aproximadamente 100 km de Salvador, guardam importância fundamental na história
da Bahia, e na memória das lutas e culturas populares. Cachoeira em particular, reúne
importante patrimônio arquitetônico colonial, tombado pelo IPHAN em 1971. Toda a
região, ademais, está povoada por inúmeros terreiros de candomblé e quilombos e tem
em manifestações culturais como o samba de roda, a marca de sua singularidade
cultural. Contemporaneamente, o turismo regional, ou transnacional, de base étnica,
atraído pela presença da secular Irmandade da Boa Morte, a emergência de uma cena
de reggae e a presença da Universidade Federal agregam novos elementos a uma rica e
complexa história cultural. As imagens são parte importante dessa história, não apenas,
mas principalmente como ícones de um imaginário construído e disputado em torno de
um território colonial e suas contradições, notadamente em relação a formas culturais
negras e a população afrodescendente. Neste projeto busca-se, dessa forma, identificar,
catalogar, descrever, em termos tipológicos um acervo de imagens definidoras da
narrativa complexa e heterógena que define ou inventa uma História para a região,
estruturada em termos de marcos, ou ciclos, histórico-narrativos, e determinadas
contradições justamente ligadas à história da escravidão, das lutas por emancipação, à
constituição de um patrimônio, à espetacularização da cultura e da memória das
comunidades. Para tanto consideramos provisoriamente os seguintes marcos/ciclos
histórico-culturais: 1) Independência / Abolição /Pós-Abolição/República (1822-1930);
2) Estagnação Econômica/Formação Do Imaginário / Invenção Da Baianidade (1930-
1960); 3) Industrialização / Turismo/ Explosão Da Violência (1960-2010).
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Objetivo Geral
Identificar, classificar e submeter a uma tipologia crítica (formal e histórica) imagens
dispersas em diversos acervos e que representam marcos, eventos e tropos
significativos para a fixação de uma narrativa histórico-identitária para as cidades de
Cachoeira e São Felix na Bahia e seu entorno, assim como suas contradições e nuances,
ligadas a presença africana, ao patrimônio cultural, material e imaterial, a cultura
popular contemporânea, ao turismo étnico e a violência urbana. Entendendo que todo
esse conjunto heteróclito compõem a imagem/imaginário (Rial, 1995; Alegre,1998;
Serra, 1999) das cidades e da região.
Objetivos Específicos
• Produzir um catálogo que reúna o conjunto de imagens heteróclitas (pessoais,
digitais, de periódicos, obras de arte) e dispersas em diversos acervos (descritos
abaixo), classificadas sob critérios formais e históricos.
• Produzir dois artigos publicados em periódicos acadêmicos.
• Redigir um livro sobre os temas do projeto.
• Realizar quatro apresentações em eventos acadêmicos sobre os temas da
pesquisa
• Estreitar a cooperação, já iniciada com o Projeto “Produções cultu(r)ais no/do
Atlântico Sul e seus processos de patrimonialização” (Pós-Afro-CEAO/UFBa e
IRD-IMAF Paris), por meio de atividades conjuntas como seminários e reuniões
de trabalho.
Justificativa e Metodologia
Como alega Michel-Rolph Trouillot (2016), parte da historiografia oficial se apega ao factual,
como “ingênua ilusão positivista”, desconhecendo que a “história,” em seu sentido
vernáculo banal, se refere tanto aos fatos ocorridos, como a sua narração. De modo que é
difícil desentranhar o que ocorreu do modo como é contado. Distinguir-se uma narrativa
ficcional, ou “falsa”, de uma histórica, é no fundo uma questão de autoridade, definida
eventualmente por modos convencionais, como a autenticidade (Clifford, 2008). Ou como
Walter Benjamim coloca: “A história sempre é produzida num contexto histórico específico.
Os atores históricos também são narradores, e vice-versa” (1996:52). Ora, imagens são
elementos fundamentais em muitas narrativas históricas e lhes conferem não só
representação, mas autenticidade e autoridade.
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Cerqueira Lima, José Garcia Pacheco de Aragão, Antônio de Castro Lima, Joaquim
Pedreira do Couto Ferraz, Rodrigo Antônio Falcão Brandão, José Fiúza de Almeida e
Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, personagens mítico-históricos, que reunidos na
Casa de Câmara e Cadeia proclamaram D. Pedro I regente constitucional e defensor
perpétuo do Brasil, deflagrando assim a reação portuguesa – a cidade foi bombardeada
– e as lutas pela efetiva autonomia política. O quadro, chamado “Primeiros Passos para
a Independência”, se encontra atualmente no Palácio Rio Branco em Salvador1, antiga
sede dos governadores e é constantemente reproduzido em diversos suportes e
formatos, em Salvador, mas principalmente em Cachoeira, onde sintetiza os valores
mítico-históricos que faz Cachoeira ser conhecida como a “Heroica”, ou “Cidade
Monumento Nacional” (instituída pelo Decreto Presidencial nº 68.045, de 18 de janeiro
de 1971), porque desse ponto de vista, foi em Cachoeira, as margens do rio Paraguaçu
que a Nação começou a ser conquistada (Albuquerque, 1999; Tavares, 2019;Costa,
2017; Cerdera, 2012).
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Há outra versão do mesmo quadro na Casa de Câmara e Cadeia em Cachoeira, atualmente a câmara de
vereadores da cidade.
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modo em geral, em benefício do Sudeste, a cidade foi reinventando sua identidade,
mediada pelas narrativas históricas de heroísmo, mas também pelas mitologias da
civilização e combate à barbárie, representada pelos costumes africanos, o batuque e o
candomblé, como discute exemplarmente, e dentre outros, Edmar Ferreira Santos
(2009). Ironicamente, a partir dos anos setenta seriam esses mesmos costumes
africanos, com destaque para o samba de roda, tornado patrimônio imaterial pelo
IPHAN 2em 2004, e para a Irmandade da Boa Morte e sua festa anual, registrada como
Bem Cultural de Natureza Imaterial pelo IPAC3 em 2010, que passam a conferir nova
identidade a cidade, e nesse caso também imagens são agentes centrais nessa
reconfiguração (IPHAN, 2006 ;IPAC, 2011; Conceição, 2017) .
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Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
3
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia
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do Rio Paraguaçu, São Felix, passam a ser identificadas com uma cena vibrante e original
de música reggae e cultura rastafari, e todo o seu repertório iconográfico associado,
notadamente a partir do sucesso da mítica banda Remanescentes do Paraguaçu,
fundada por Nengo Vieira e outros em 19894.
Essa realidade de violência não está reservada apenas aos grandes centros
urbanos do Brasil. Na Bahia, por exemplo, como indicam os dados da Secretaria de
Segurança Pública do Estado5 (2014), variados municípios, com diferentes contextos
sociodemográficos, estão imersos em uma realidade de violência. Segundo a secretaria
de segurança pública, apenas em Salvador 1.320 pessoas foram assassinadas no ano de
2014. Em Cachoeira também observamos aumento no número de mortes violentas,
fazendo com que a cidade alcançasse uma taxa de homicídio de cerca de 27, 96 óbitos
por 100 mil habitantes, superando a média nacional(SSP-BA,2014; 2015; WAISELFISZ,
2014). De tal forma, que a violência e a morte, não a “boa morte”, mas a morte indigna,
4
Dentre os quais Sine Calmon, que em 1996 emplacou a música mais tocada no verão e carnaval baianos
Nayambing Blues; assim como também, Edson Gomes, atualmente um clássico do reggae brasileiro com
canções como Sistema Vampiro, de enorme penetração popular (Falcón, 2012; Pinho, 2001).
5
Para acessar as informações ver em :
http://www.ssp.ba.gov.br/arquivos/File/Estatistica2014/01ESTADOMUNICIPIO2014.pdf
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violenta e cruel, compõem a última camada de significado que é alimentada e construída
também pelas imagens, que compõem o imaginário racial contemporâneo, que conecta
o corpo negro, não só a idílicas paisagens tropicais, mas à pobreza, à violação, ao crime
e à morte (Smith, 2016) .
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ligados a revalorização modernista da vida popular, à ideia de miscigenação e
romantização da cultura afro-baiana, presente em Gilberto Freyre, Jorge Amado e nos
estudos afro-brasileiros, e também associados à invenção da própria ideia de patrimônio
cultural, como esteio de discursos nacionalizantes, como discutem Anadelia Romo,
Jocelio Telles dos Santos, John Collins e outros (Romo, 2010; Santos, 2005; Collins, 2015;
Gonçalves, 1996). Por fim, o terceiro momento, inaugurado com a modernização
conservadora consolidada nos anos 1970 com a chegada do Polo Petroquímico em
Camaçari, mas prefigurada ao final dos anos 1950, com a descoberta do petróleo na
região metropolitana de Salvador e no Recôncavo, e a instalação da Petrobrás em 1955
(Agier & Castro, 1994; Azevedo, 1999). Com redemocratização, a industrialização aliou-
se a indústria do turismo e do carnaval que levou a seu grau máximo a mercadificação
da cultura negra e à criação do “produto Bahia”, em conjugação sinistra e paradoxal com
o aumento exponencial da violência, com triste viés anti-negro.
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produzir um inventário, distribuído na periodização acima, para a construção de uma
narrativa histórico-visual sobre Cachoeira e o Recôncavo(Tacca, 1987; Pinney, 1994;
Samain, 1995; Arantes, 2011).
Em “Un Art Moyen” (1965), Bourdieu e seus colegas insistem no fato de que o
fotógrafo individual atualiza de modo interativo valores culturais abrangentes no ato de
fotografar, solenizando eventos valorizados, indicando poses respeitáveis, etc. Ou seja,
fotografar é um ato social e seu uso social é que define sua objetividade na medida em
que o fotógrafo individual realiza as aspirações sociais, portanto objetivas - enquanto
coletivas e exteriores aos sujeitos -, de seu grupo. Tanto os temas quanto o uso das
imagens produzidas, nesse caso, são selecionadas como usos e temas possíveis dentro
de grande variedade a partir dos quadros culturais determinantes. Assim, as fotos, ou
outras imagens, têm valor sociológico não porque representam a realidade, mas porque
representam a realidade tal qual seus autores a representam (cf. p. ex. Tacca, 1987;
Ferrara, 1993).
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A máquina fotográfica portátil criada em 1888 por Eastman revolucionou a cultura visual moderna.
Omar, 1997.
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Imagens, por fim, não são a representação da realidade, mas “artefatos sociais”
que convencionam o olhar, e constroem ou comportam realidades diferentes (Scherer,
1990). As imagens eventualmente consideradas devem sê-lo tanto como o resultado de
um processo de seleção e construção social como são, obviamente, resultado de uma
operação técnica. Portanto, nunca é demais ressaltar o aspecto construído das imagens.
Aprendemos com Bourdieu que este aspecto construído se estabelece como uma
dimensão propriamente social da construção de imagens como construção de
imaginários, no sentido de representações sociais, por isso Kossoy diz que as imagens
não podem ser desvinculadas do processo de construção de representações(Rial, 1995;
Kossoy, 1998). Estes processos são muitas vezes ideológicos e carregam implicações de
poder e violência (Kossoy, 1998). Por exemplo, imagens podem compor uma retórica
visual que enfatiza símbolos fortes através da representação icônica, constituindo mitos
ou vendendo mercadorias e estilos de vida (Alegre, 1998; Eckert e Monte-Mór, 1999).
Como coloca, finalmente, Baudrillard: “The photographic image is not a representation;
it’s a fiction” (Baudrillard, 2000: 3).
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Tudo isso seria mais simples se não precisássemos considerar também a inserção das
imagens no cotidiano. Imagens que povoam nosso dia-a-dia oferecem uma
multiplicidade de informações, e referencias. Atravessado por repertórios visuais
distintos o transeunte comum das cidades é o habitante urbano de um “visualscape”
compósito e estratificado (Appadurai, 1997). No caso de Cachoeira, como em larga
medida em Salvador e no Recôncavo, tal visualscape, está estruturado em meio a
narrativas históricas superpostas e eventualmente codificadas como o “patrimônio” e
ou a “tradição” (Collins, 2015).
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objeto em suas periodizações, fontes virtuais que certamente são ricas e nos ajudariam
a produzir também um retrato do presente. Arquivos pessoais poderiam se tornar
eventualmente importantes, em virtude entretanto das dificuldades de acesso e das
incertezas com relação a sua localização e disponibilidade não serão arroladas nesse
momento, ainda que possam ser oportunamente incluídas no futuro.
Fontes:
Em Salvador -
Em Cachoeira/São Félix -
No Rio de Janeiro -
Na Internet -
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• Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural – Samba-de-Roda:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/56
• Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural de Salvador:
http://www.ipac.ba.gov.br/
• Museo Afro-Digital: https://museuafrodigital.ufba.br/
• Olha a Pititinga – Rádio WEB Olha a Pititinga - https://www.olhapititinga.com.br/
• Portal 2 de Julho - http://www.portal2dejulho.ffch.ufba.br/
• Portal Deepask - http://www.deepask.com/
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São Felix, o que configura cenário paradoxal que exigiria análise sociológica7. É para um
aspecto determinado desse conjunto, definido como um cenário histórico e social
específico, que esse projeto se volta. Um aspecto utilizado como expediente ou proxy
para a discutir as relações esboçadas acima através da interpelação de um conjunto
disperso de imagens que compõem um imaginário histórico, político e cultural para a
região. Um imaginário que parece autocontraditório, quando considerado em suas
conexões ou relações, entre a festividade da cultura e malignidade dos indicadores de
violência. Dito de outra forma, Cachoeira, berço da independência da Bahia - conforme
narrativas eruditas ou populares encenadas na celebração do 2 de Julho, que comemora
a entrada em Salvador, das forças libertadoras vindas do Recôncavo, personificadas n
mítica figura do “caboclo” (Santos, 1995; Tavares, 2019) -, é também hoje cenário para
desdobramento da necropolítica racial, e para a explosão da violência, antes
concentrada nas grandes metrópoles.
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De acordo a dados de 2010 teríamos em Cachoeira uma população residente urbana constituída de
aproximadamente 31.199 mil habitantes. Deste total, 13.020 de cor/raça preta, 3.325 de cor/raça branca,
696 de cor/raça amarela, 14.854 de cor/raça parda e 131 de cor/raça indígena. Pretos e Pardos
perfazendo assim 27.874 ou seja mais de 80% da população se autodeclara negra, fazendo do território
um dos mais negros, se não o mais negro do Brasil. O salário médio mensal seria de 1.9 salários mínimos
e o percentual de pessoas ocupadas em relação à população total representa apenas 11.3% (IBGE). 48.6%
dos domicílios apresentam rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa. 7Os dados do
PNUD, no Atlas de Desenvolvimento Humano de 2003, conferem ao município uma renda per capita no
início do segundo milênio de R$ 119,5. (Giugliani, 2011; IPHAN, 2006; 2018).
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de eventuais novas orientações a nível de mestrado, tanto na UFRB quanto na UFBA, e
também na graduação em Ciências Sociais na UFRB, onde o proponente é Professor
Associado II, - como resultados esperados do Projeto listamos abaixo:
Com relação ao último tópico (5) trata-se de uma iniciativa cooperativa em discussão
com o L'Institut des mondes africains- l’Institut de recherche pour le développement -
l’École des hautes études en sciences sociales - l’École pratique des hautes études -
l’Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne e l’Université d’Aix-Marseille (IMAF- IRD-EHESS-
EPHE-AMU), Paris – França; o Institut National des Métiers d’Art, d’archéologie et de la
Culture (INMAAC) da Universidade de Abomey-Calavi, Departamento de História e
Arqueologia, no Benim; e o Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos
da UFBA, que busca desenvolver uma abordagem pluridisciplinar e crítica dos processos
patrimoniais contemporâneos em curso no espaço Atlântico Sul, capitaneada por
Emanuelle Kadya Tall, pesquisadora do IRD-IMAF em Paris
(https://atsud.hypotheses.org/projeto).
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Pedido Nº 8886/2015, com recursos no montante de R$ 23.753,00. Nesse projeto têm
atuado estudantes de graduação, mestrado e doutorado, grande parte destes
desenvolvendo projetos de pesquisa sob orientação do proponente, conforme abaixo.
No final de 2019 estudantes do Projeto se organizaram de forma autônoma como o
Coletivo Brincadeira de Negão, que logrou ver aprovado o “Projeto Parceiros da Escrita
a voz de jovens homens negros no Recôncavo da Bahia”, no ambito do Edital
Enfrentando o Racismo a partir da base: mobilização para a defesa de direitos do Fundo
Brasil de Direitos Humanos (https://www.fundobrasil.org.br/projeto/coletivo-
brincadeira-de-negao/ ). O projeto já realizou diversas atividades. Nesse contexto do
Projeto/Coletivo Brincadeira de Negão, trabalhos de conclusão de graduação, mestrado
e Doutorado têm sido orientados pelo proponente8, como segue abaixo:
✓ Edna Balbina Dos Anjos Dos Santos - Memórias Que Reinscrevem: O Uso da
Memória na Reconstrução Identitária do Quilombo Baixa Grande. (Graduanda
em Ciências Sociais) - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
✓ Keith Ana da Silva Brito - “Do Asfalto Pra Cá”: Corpo, Violência E Consumo No
Pagode Baiano Entre 2008 E 2010. (Graduanda em Ciências Sociais) -
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
8
O proponente tem orientado outros trabalhos, que não são citados aqui porque não se vinculam
diretamente aos projetos em questão.
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✓ Matheus Carvalho Melo - Dois Pra Lá, Dois Pra Cá: Segregação Espacial O São
João Da Cidade De Amargosa-Ba. (Graduando em Ciências Sociais) - Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia
Mestrado (Concluído)
Doutorado (Concluído)
Em 2014 o proponente foi agraciado com bolsa estágio sênior da CAPES para cumprir
estágio pós-doutoral como visiting scholar no African and African Diaspora Departament
Studies da Universidade do Texas em Austin, sob supervisão de Joao H. Costa Vargas,
(com quem o proponente organizou um livro), com projeto vinculado a essa iniciativa
em São Félix. A experiência em Austin e a retomada da atuação direta no campo
permitiu ao proponente publicar o material abaixo.
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Artigos em Periódicos
Livro organizado
Capítulo de Livros
Co-Organização de Dossiê
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(Com Rolf Malungo de Souza) - Subjetividade, Cultura e Poder Politizando
Masculinidades Negras. Salvador: -, Cadernos de Genero e Diversidade (UFBA)2019
Artigos em Periódicos
Capítulo de Livros
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Em 2019, o proponente foi um dos três contemplados com a "Richard E Greenleaf
Fellowship at The Latin American Library" na Universidade de Tulane em Nova Orleans,
com o projeto “O homem Negro Representado Na Imaginação Colonial Brasileira”.
Durante janeiro e fevereiro de 2020 o projeto foi desenvolvido com extensa pesquisa
bibliográfica, e em documentos raros do período colonial brasileiro, na excepcional
biblioteca latino-americana da Universidade de Tulane. O projeto interroga o lugar
central das imagens para a imaginação colonial no Brasil. A criação de imagens neste
contexto nada tem a ver com qualquer tipo de transparência epistemológica, ao
contrário, mostra como as convenções paradigmáticas da representação engendram
significados políticos e como estereótipos sociais forjaram uma gramática para a
interpretação/produção de corpos masculinos negros no horizonte (pós) colonial
brasileiro. Acreditamos que essas representações materializem estereótipos,
convenções, temas e recursos visuais para reduzir a experiência do encontro colonial –
que moldou a raça e o gênero - a determinadas formas de representação para o homem
negro, nesse sentido trabalhamos com a obra de Jean Baptiste Debret, Thomas Ender,
Albert Eckhout, Johann Moritz Rugendas e outros ( Debret, 1989; Buvelot, 2004; Belluzo,
1994; Brienen, 2006; Mason, 2001).
Acreditamos que as atividades e a experiência desenvolvidas como apresentado
acima, convergem para preparar uma nova etapa de desenvolvimento da trajetória de
pesquisa do proponente, que esperamos venha a ser apoiada por meio da presente
proposta.
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