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Juh Almeida é cineasta e atua como diretora e fotógrafa.

Faz parte da DAFB – coletivo das


diretoras de fotografia do Brasil, do catálogo Women Photograph ( ONG com mais de 1.300
fotógrafas freelancer espalhadas por 100 países) e é associada a APAN — Associação dos
profissionais do Audiovisual Negro. Juh expressa vivências e narrativas negras e LGBTQIA+,
mesclando vida e obra, através do seu olhar de forma documental, experimental e poética.

Como foi a trajetória de juh Almeida no cinema audiovisual ?

Ela Sente que foi algo muito orgânico, não foi nada que ela tinha em mente. Ela é do interior
da Bahia e não tinha nenhuma referência de artista por perto. O único contato maior com algo
de arte foi quando ela fez teatro na infância. Mas fora isso, a mãe dela tinha uma Yaschica,
uma câmera compacta, bem compacta mesmo, que ela usava pra fazer fotografia em casa, de
festinha de aniversário , de viagem pra praia, essas coisas, e essa câmera sempre a interessou,
sempre chamou muita atenção dela. Ela foi uma criança muito tímida, ela falava pouco,
então, no momento que a mãe colocou aquela câmera na mão dela , ela, de uma forma
intuitiva, entendeu que poderia se comunicar através da imagem. Aquilo ficou bem latente na
infância e adolescência dela, e quando ela terminou o ensino médio com 16 anos, não sabia se
queria ir pra universidade.

Mas ela tem um irmão chamado Julian, ele hoje é engenheiro ambiental, e foi a referência
dela para plantar a universidade como um caminho de mudança, mudança de tudo, social,
econômica até emocional também. Por conta de Julian ter feito essa graduação na UFBA, ele
apontou esse caminho. E ela como sempre foi uma pessoa que corria atrás das suas coisas,
sempre gostou de trabalhar, sempre gostou de ter seu dinheiro. Trabalhou em Lan house, em
locadora de vídeo, em reforço escolar, trabalhou de babá também. Daí ela junto esse
dinheirinho e saiu de Catu e fui pra Salvador. Em salvador ela trabalhou de telemarketing e
consegui parar um cursinho pré – vestibular. Quando ela saiu do telemarketing, com sua
rescisão, ela comprou uma câmera digital, ela estava alí com 18, 19 anos, e aí começou a
trabalhar como fotógrafa de aniversário, de casamento, de batismo, saía despretensiosamente
pela rua e fazia muitas fotos, e começava a colocar as fotos nas redes e as pessoas começavam
a elogiar, falavam: “ que olhar bonito você tem .” A partir da fala das pessoas, onde seu
trabalho estava alcançando, ela começou entender que tinha um caminho na fotografia, que
era algo que ela amava fazer, fazia com que ela se sentisse bem.
A pessoa que ela procurou pra entender esses caminhos foi o mestre Lázaro Roberto, um
fotógrafo baiano. Daí ela fez o pré – vestibular, depois o vestibular, passou e fez Produção
Cultural. Acabou que não curtiu muito o curso, daí tava na segunda turma do Bacharelado
Interdisciplinar de Artes e tinha opção de concentrar em cinema. E como ela tinha aquela coisa
de já ter trabalhado em locadora, de amar muito filmes, da fotografia ter essa conexão
gigantesca com cinema, ela falou “ vou fazer o Bi de artes e concentrar em cinema “. E foi o
que ela fez. Ela amou o curso, é um curso Interdisciplinar, então ela pode pegar várias matérias
em Belas Artes, de fotografia. Depois disso, que entrou na universidade, ela trabalhou em dois
projetos de pesquisa, que também foram muito importantes pra ela, que foi de Cinema Baiano
e o outro foi a preservação de fotografias de um museu localizado no Pelourinho. As
fotografias eram fotografias indígenas, então trabalhou lá catalogando as fotografias que
vieram de diversas comunidades e aldeias da Bahia. A universidade lê proporcionou muita
coisa, e ela é muito grata a UFBA. Nesse meio tempo ela já não estava fazendo fotografia de
comercial, de batismo, nada disso.

Juh mora há 3 anos em São Paulo e assina a direção de cena da produtora paulistana Pódigo
Filmes, onde atua dirigindo filmes comerciais para Google, Facebook, Instagram, Avon, entre
outros. É do time de diretores da novela ( VaiNaFé ) já dirigiu e roteirizou curtas- metragens
como “ Náufraga “ (2018), “ Irun Orí “ (2020) e “ Eu, Negra “ (2022), além de roteirizar e dirigir
alguns videoclipes brasileiros, documentários, etc.

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