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Em entrevista para a Folha de São Paulo (2005), Ana Mae Barbosa, estudiosa no
campo da arte-educação, aponta o modernismo, entre os anos 40 e 50, como a primeira
mudança da educação artística desenvolvida nas escolas. Ao explicar esse processo de
mudança, ela relata a condenação absoluta a apresentar imagens, pelo medo da cópia, e
critica essa forma de ensino por limitar os alunos em relação a apreensão estética. Barbosa
cita que “Padrão estético ruim acostuma a criança a padrões estéticos ruins.”. Já nos dias
atuais, há uma quebra dessa preocupação, já que as crianças são bombardeadas pelas
imagens da TV, do outdoor, do computador. E o modo de educação contemporânea se
utiliza justamente dessas imagens para preparar os alunos para não as absorverem sem
reflexão.
Ao refletir sobre a criatividade, Ana Mae diz que a arte opera com fatores mentais
envolvidos na inteligência e isso aguça a capacidade individual. Dessa forma, a
criatividade, deixa de ser um fator de originalidade, considerada no Modernismo, a um
processo essencial na atualidade se tornando um fator de desenvolvimento para o aluno
ter a capacidade de reorganização em qualquer situação. A autora, inclusive, ressalta:
1
Graduanda do curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal da Bahia. Bolsista do Programa
de Iniciação à Docência da UFBA.
Enquanto isso, no vídeo “A Vida Levada Pela Arte” (2009), do grupo Nós do Morro,
financiados na época pela Petrobrás, traz o relato da aluna Jennifer Pompílio e do
professor Luciano Vidigal acerca da importância do projeto, e consequentemente da arte,
na formação humana e artística deles, o que só ratifica a reflexão de Ana Mae. Guti Fraga,
fundador do Nós do Morro, traz uma outra contribuição para esse pensamento: “E o teatro
ele te liberta, ele te dá oportunidades e viagens inimagináveis. E, ás vezes, essa viagem
não condiz com a linguagem que tá na sua família no dia-a-dia”.
O ponto alto da entrevista de Ana Mae é quando a autora expõe: “Tenho medo é das
fundações com projetos próprios, criadas para suprir a exigência contemporânea de
responsabilidade social das empresas, mais preocupadas com um retorno imediato.”. É
inevitável não levar esse discurso para a proposta do vídeo produzido pela Petrobrás, não
deslegitimizando o projeto, mas como uma maneira de praticar um olha mais amplo aos
projetos artísticos-culturais que muitas vezes passam a impressão errada de que ser artista
é fácil, quando não é, ao que Barbosa exemplifica: “Às vezes, fazem trabalhos terríveis e
o que era educação vira espetáculo. São aqueles shows que acontecem sem que as crianças
estejam prontas: elas não estão tocando direito ainda, mas, como são pobrezinhas, a gente
vai achar lindo.”.
Em suma, tanto o vídeo “A Vida Levada Pela Arte” quanto a entrevista “Arte-
educação não é espetáculo” nos conduz a uma reflexão sobre a real importância da arte-
educação e dos projetos que se pautam nessa pedagogia. Ressaltam ainda, os resultados
que ela pode trazer e como, na sociedade atual, a arte contribui para a formação do sujeito.
Citando uma fala de Guti Fraga “ a vida levada através da arte, é mais bonita de ser vivida,
é mais firme”.
Referências:
Arte-educação não é espetáculo. Folha de São Paulo. São Paulo. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/sinapse/sa2604200510.htm>. Acesso em
12/03/2021.
Nós do Morro – A vida levada pela arte - Petrobras. Petrobras. Rio de Janeiro, 2009.
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