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MINICURSO - PEDAGOGIA DAS MARGENS: fazer cinema em territórios periféricos

Apresentação:

A Pedagogia do Cinema é uma metodologia pedagógica de fazer-cinema idealizada


pelo cineasta, crítico e educador francês Alain Bergala. O artista foi responsável, no
início dos anos 2000, por implementar o cinema não apenas como cineclube, mas
como prática de produzir filmes nas escolas de ensino básico da França. Apoiado
pela Cinemateca Francesa, o programa da Pedagogia do Cinema se articula numa
rede internacional de dezenas de países e iniciativas que se utilizam de dispositivos
pedagógicos e temas compartilhados.

No Brasil, o projeto referência na área é o Imagens em Movimento, idealizado por


Ana Dillon, que atua em escolas públicas principalmente no Rio de Janeiro. O Zona
de Cinema surge no contexto de contato com o Imagens em Movimento. Gisele
Motta, que toca o Zona de Cinema, começou como estagiária no projeto, enquanto
realizava o mestrado em comunicação na UERJ. Logo se torna educadora do
projeto e começa também a idealizar ações de cinema e educação na sua periferia,
a zona oeste. Começa a utilizar a Pedagogia de Cinema como base, mas subverter
seus dispositivos.

A Pedagogia do Cinema entende que a apresentação de referências


cinematográficas é um primeiro passo para a produção de filmes, e tem seus
paradigmas para apresentá-las para crianças e jovens. Começa por apresentar a
história e obras dos irmãos Lumière (os primeiros filmes, de 1 minuto), passa por
apresentar trechos de longas-metragens do cânone europeu, principalmente
francês, e parte para a produção a partir de temas amplos (ex: o clima, a
brincadeira) pré-definidos anualmente e compartilhados por todos os coletivos que
atuam a partir da metodologia, na sua rede internacional. A partir da apropriação do
Zona de Cinema desta metodologia começamos a subverter alguns pontos.
Passamos a trabalhar apenas com filmes brasileiros, trocamos os trechos de longas
por curtas-metragens exibidos completos e apostamos nos temas geradores
sugeridos pelos estudantes. A partir dessas rupturas entendemos que estamos
criando outra forma de fazer, que chamamos de Pedagogia das Margens. Esta
metodologia que nasce da prática está bastante alinhada à Educação Libertadora
do Paulo Freire e dos ensinamentos de mestres e mestras populares (Viva Mestre
Joelson, viva Maria Muniz de Andrade!) que focam no território e na emancipação
dos sujeitos como propósito das artes, chaves na transformação social para o bem
viver.

PROPOSTA DE MINICURSO
HORÁRIO:DAS 16 ÀS 19/20hH (Entre 3 e 4h)
FORMATO: ONLINE
NÚMERO DE PARTICIPANTES: ATÉ 20 PESSOAS

Público alvo: É um curso voltado para estudantes de ensino médio.

Conteúdo:
Uma (a)mostra da Pedagogia das Margens. Apresentar o curso a partir dos
conceitos de dialogicidade e autonarrativa, costurando as experiências com arte-
educação na área do cinema com a proposta do curso. Apresentar proposta de
apropriação antropofágica para utilizar metodologias e conceitos europeus em
territórios brasileiros, principalmente periféricos. Foco em Dispositivos e Jogos.
Apresentação dos dispositivos criados pelo Alain Bergala, como o Minuto Lumière, e
comentar as experiências de projetos como Inventar com a Diferença, Escola Livre
de Cinema de Nova Iguaçu e Zona de Cinema. Apresentar dispositivos novos e
possibilidades de criação. Momento prático de realização de um exercício
audiovisual.

Momentos:
Apresentação dos presentes na sala (20min)
Momento expositivo sobre proposta do curso (10min)
Momento expositivo sobre dispositivos e jogos (30min)
Momento coletivo de apresentação de materiais didáticos (30min)
Trocas sobre o conteúdo exposto (30min)
Momento de realização de exercício fílmico de 1min (15min)
Organização e assistir o material coletivamente (30min)
Comentários (15min)

SOBRE GISELE MOTTA:

Gisele Motta é graduada em jornalismo pela UFRJ, onde cursou audiovisual. É


mestre em Comunicação pela UERJ e estuda pedagogia na UESC. Atua desde
2016 como produtora audiovisual, produtora cultural e educadora com foco em
audiovisual. É idealizadora do Zona de Cinema, movimento de cinema brasileiro na
zona oeste carioca, que desde 2017 faz exibição de filmes, promove processos
educativos em cinema. Realizou diversos projetos audiovisuais de documentário
desde 2016 até o presente como Triste Baía (2014), A Cor Laranja (2016), Desterro
(2020) e lançou em 2021 o seu primeiro curta de ficção como diretora: Sangue entre
as Pernas. Atuou como arte-educadora com foco em cinema no Educandário
Humberto de Campos, na Chapada dos Veadeiros entre 2018 e 2019.

Objetivo:

Nosso objetivo é sistematizar ferramentas e metodologias para que interessados em


realizar oficinas de cinema tenham um ponto de partida. Nosso desejo é mover a
curiosidade e a criatividade de vocês, no sentido de convocá-los, enquanto
criadores, artistas e brincantes. As noções de linguagem de cinema que serão
apresentadas aqui surgem menos no intuito de moldar a imagem e som a padrões
pré-estabelecidos, mas tatear junto o universo de possibilidades de criação
audiovisual. É um convite para que cada um se coloque no papel de descobrir ou
melhor redescobrir o mundo com e através das imagens e dos sons. E criarmos um
cinema que podemos chamar assim de artesanal e brincante que nos possibilite
expandir nosso imaginário, nosso autoconhecimento, fortalecer a memória local, os
laços de afeto e pertencimento.

A nossa proposta é simples, propomos pensar de forma coletiva uma pedagogia


comum que se cria quando se junta cinema e educação, compartilhando teorias,
metodologias e experiências. É uma oficina de introdução, com algumas
provocações e partilhas. Iremos apresentar a pedagogia do cinema desenvolvida
por Alain Bergala e referenciar pedagogias emancipadoras que tem consonância
com a proposta da Pedagogia do Cinema. Vamos um expor sobre início do cinema,
falaremos sobre alguns elementos básicos da linguagem cinematográfica e sobre
alguns conceitos de montagem que são norteadores do fazer cinema, além de
destacarmos e a importância da curadoria dos filmes, da partilha coletiva de
assistir-los, de alguns brinquedos ópticos, jogos e dispositivos para a criação. E por
fim, vamos propor um exercício, o Minuto Lumiere, que já se tornou um dispositivo
clássico na Pedagogia do Cinema.

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