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mirando Itapebi

RIO, RUA E MEMÓRIA

2011
EUNÁPOLIS, BAHIA
PONTO DE CULTURA VIOLA DE BOLSO
EDITORA VIOLADILIVRO
ICONOGRAFIA, HISTÓRIA E RELATOS

AGRADECEMOS ÀS FAMÍLIAS DOS


REISEIROS, AO INSTITUTO AGANJU
E À INDAIÁ DANTAS
EDIÇÃO E FOTOGRAFIAS POR:
ORGANIZAÇÃO DE
ALEX MIAG
TEXTOS: SUMÁRIO
SANTANA JOÉSIA MARIA FERREIRA
ANSELMO FARIAS
REVISÃO E
PLANEJAMENTO ERAHSTO FELÍCIO.
GRÁFICO:
MARINA SANTANA

FINANCIAMENTO: PROJETO PONTOS DE CULTURA DA BAHIA


SECULT BAHIA, EDITAL 01/2008.

1
ÍNDICE

3 . APRESENTAÇÃO

5 . A COSTA DA INVASÃO

7 . QUANDO SURGE ITAPEBI

10 . ITAPEBI VIRA MÚSICA

12 . O VIOLA DE BOLSO LANÇA UM


OLHAR SOBRE A CIDADE

17 . O PIFE DE TURIBA É DO CORAÇÃO


GUARDADO

18 . A CIDADE BAIXA É MEMÓRIA. A


CIDADE ALTA, ESQUECIMENTO.

32 . A NOVA CIDADE ALTA

35 . A CULTURA RESISTE

40 . ITAPEBI: TÃO PERTO, TÃO LONGE

41 . REFERÊNCIAS E LINKS

2
APRESENTAÇÃO

V ocê está convidado a folhear essa revista, um pequeno registro da equipe


do Ponto de Cultura do Viola de Bolso, realizado entre 2010 e 2011, sobre
Itapebi, cidade do sul da Bahia - ainda a ser impressa, ela sai inicialmente de
forma digital.

“Mirando Itapebi - rio, rua e memória” é um breve e singular olhar sobre a


cidade que detém uma história pouco contada em livros, apesar de haver
publicações - dissertações acadêmicas, principalmente. Aqui reunimos
fotografias e relatos da cidade, localizada na região chamada atualmente de
Costa do Descobrimento, mas que autodenominamos de Costa da Invasão, na
qual se insere o “Circuito das Folias de Reis”, termo criado pelo Viola de Bolso
dada a característica de ter em seu amplo território, os diversos grupos de
folias de reis e de São Sebastião - Em sua maioria, vindos de Minas Gerais no
século passado, e ganhado singularidades baianas dos ritos afro religiosos, ao
longo de mais de um século.

Itapebi é a primeira cidade da Bahia a receber o rio Jequitinhonha que segue


até Belmonte e se derrama no mar. O circuito das Folias de Reis se localiza
entre a fronteira do rio Jequitinhonha, nos municípios de Mascote e Itapebi,
tendo como referência a ponte do Jequi, e de lá se estende ao sul, até o Monte
Pascoal dos Pataxó, na porção territorial dos municípios de Itabela e Porto
Seguro. A oeste, encontra Itabela e Guaratinga, até a fronteira com o município
de Jucuruçu e a divisa de Minas Gerais, que define o fim da rota dos reiseiros
na região da Costa da Invasão.

3
Essa publicação, apesar de não ser um estudo historiográfico, traz uma
iconografia recente e reúne textos recortados de outras publicações sobre
Itapebi, além do registro da experiência do Viola de Bolso, atendendo ao seu
plano de ação, no qual consta a visita e entrevistas com moradores locais.

A revista nasceu do desejo de reunir e relatar a vivência que nos foi


oportunizada com o Projeto de Ponto de Cultura. Junto a este catálogo, se
vinculam filmes, documentários e relatórios de encontros, reuniões, festejos e
celebrações, alguns publicados em redes sociais, outros em arquivos na sede
do Viola de Bolso. Todo o material poderá ser acessado livremente.

E como uma primeira publicação, ela faz um recorte histórico-geográfico que


nos leva até Itapebi, a cidade baixa e a cidade alta, onde se guarda a memória
ribeirinha e os relatos de navegação, o cotidiano das ruas e do rio. As fotos
são recentes e não seguem ordem, mas identificam o lugar e seus diferentes
tempos, sobretudo o tempo da saudade, do abandono e da espera. Como o
rio que navega aparentemente sem sentido, o lugar foi, é e continua sendo
um repositório de memórias sem esquecimento.

O mural de Itapebi, gravando histórias na cidade

4
A Costa da Invasão
E sse espaço geográfico em
movimentação permanente, registrado
Por aqui as Sesmarias já haviam dado
por viajantes em meados do século
lugar aos Quartéis de atração e contato
XVIII, se configura como o território dos
(zonas militarizadas) em todo o vale do
povos Pataxó, Tupiniquim e Tupinambá,
Jequitinhonha. Mais tarde, adequaram-
que adentra o interior das matas e se
se à lei de terras, mas a lei era mais uma
estende até o litoral, em muitas léguas.
manobra de grupos, cuja intenção era
Séculos mais tarde, a forte presença de
mostrar serviços ao império em declínio.
famílias de pretos fugidos, de mestras
Um lugar em permanente assalto
e mestres dos saberes de tradição oral,
territorial, em que a história e as

trabalhadores dos ofícios com a


narrativas vão sugerir intencionalmente
madeira, o ferro e as folhas, de líderes
uma ideia de “despovoamento”, ou seja,
religiosos, curandeiros e rezadeiras em
lugares ausentes de pessoas e de
terreiros de candomblé e de umbanda, núcleos, de aldeados ou de quilombos
tatua um território em expansão. sem relevância. E até mesmo supor que,
Fincou corpo e pensamento, saberes e quem chegava, era aventureiro,
angústias, dezenas de famílias, garimpeiro ou fugidio - muito embora,
reunindo aí, praticantes das ervas e da estes fossem homens das linhas de
cura, sujeitos históricos que dividem frentes de expansão dos novos
lutas por sobrevivência e por espaços mandatários premiados (com títulos de
físicos e religiosos, e que vão posses emitidos) pelo governo, nas
formando comunidades culturais em chamadas “terras despovoadas” ou
disputas com os novos invasores, devolutas da região.
detentores de títulos de terra dados
pelo governo. Ou seja, os fazendeiros,
em sua maioria de origem judaico-
cristã, que em nome de Deus -
geralmente representado pela igreja
católica - subjugam e catequizam os
“gentios”
5
Um território em guerra que depois se Ao longo do curso do rio, os donos de
expandiu, para formar assentamentos boiadas faziam compras fiadas de Calhau até
a Barra, enquanto surgiam arraiais, como o
urbanos, fazendas de cacau, raros
de Jacinto, em 1920,
núcleos de reforma agrária, alguns
em parte decorrente das “lutas baianas”, da
aldeamentos e muitas estradas sendo chegada de “valentões escorraçados pela
abertas a interligar as cidades. Estes polícia do Estado vizinho” (op. cit., 174).1
homens nas frentes de trabalho, eram,
com certeza, membros de famílias
expulsas de suas terras de origem,
desgarrados de trabalho escravo, Lugares que mais tarde vão criar uma
indígenas violentados e catequizados, cultura identitária diversa, mesclando a
novos comerciantes, aventureiros, fé e a folia. A união dos ciclos de
garimpeiros, homens que vão servir de celebração, de festas coletivas ou
mão de obra para a aberturas de singulares, dos saberes de rezadores,
estradas e a formação de povoados. benzedeiras, parteiras, ferreiros,
Conforme J. Duarte, a porção leste do seleiros, padeiros, mascates,
Médio Jequitinhonha encheu-se de canoeiros, mateiros, pajés, etc. Aqueles
jagunços e tiroteios, de tropas que que até os dias atuais resistem em
transitavam para a Bahia, pequenas comunidades e se
de exploração feita pelos coronéis “da manifestam nas representações e
força e coragem dos ignorantes”, de estudos, relatos e citações de fatos
gente usando alpercatas e chapéus de históricos, depois de decidirem por
couro, “de dias de morte e correrias, de arraigar em comunidades, como
tocaias e traições” Massaranduba, Cachoeirinha, ou
( J. DUARTE p.200) Itapebi.

6
1

12 J. DUARTE. Vultos sem história, p.173 e 174.


Quando surge Itapebi

As antigas fazendas, que deram origem à cidade.

S egundo Nascimento (2006), a Vila de Cachoeirinha localizava-se na


Serra de São Bruno, à margem direita do rio Jequitinhonha, no extremo sul
da Bahia. Devido à posição geográfica estratégica, foi um local de grande
importância histórica como sendo o primeiro ponto de recebimento das
tropas e canoas que transportavam mercadorias e abasteciam o norte de
Minas Gerais. Pertenceu inicialmente a Belmonte e depois a Itapebi (a
partir de sua emancipação).

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Nove quilômetros abaixo de Atualmente, essa área é conhecida por
Cachoeirinha, localizava-se a Fazenda Praça 14 de Agosto ou Praça do Avaí.
Pedra Branca, de Ludgero Carmona de Com o crescimento do povoado, as
Souza. Do outro lado do rio, ficava a estreitas ruas passaram a ser iluminadas
Fazenda Estrela do Norte, propriedade com luz de lampião.
do coronel José Francisco de Souza, Pela manhã, o encarregado Valdimiro
mais conhecido como Juca de Vicente, efetuava a limpeza e o abastecimento
um líder da comunidade. (que era feito com querosene) de todos
Próximo às duas fazendas, existia a os candeeiros, e no final da tarde voltava
palhoça de Ana Domingues Santana para acendê-los.
(conhecida como Tuca Capenga), que Em 1935 a Vila Pedra Branca foi elevada
servia comida aos canoeiros que a Distrito, e recebeu o topônimo de Italva
paravam para descansar. - que em tupi-guarani significa pedra
Alguns comerciantes, vindos de branca. Três anos depois foi modificado
Cachoeirinha, por ali dormiam em para Itamarati e posteriormente passou a
barracas de pano para comercializar chamar-se Itapebi.
suas mercadorias.

Por volta de 1906, começaram a surgir as


primeiras casas na margem direita do rio,
dando origem ao Povoado Pedra Branca.
Depois dos deslizamentos de terra em
Cachoeirinha, decorrente das fortes
chuvas de 1911, várias famílias
chegaram ao novo vilarejo e foram
abrigadas numa área doada pelo dono
da fazenda Pedra Branca. Anos depois,
este local cedido aos desabrigados ficou
conhecido por Bairro da Lagoa ou só
“Lagoa”, por conta do acúmulo de água
ocasionado pelas chuvas.

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Igreja Nossa Senhora da Conceição, localizada na praça.

Em 1975, foi implantada a rede elétrica com postes de madeira e energia


gerada por um motor Caterpillar. Somente em 1975 chegou energia
proveniente da Hidrelétrica de Paulo Afonso.
No ano de 1958, mediante a Lei Estadual n.° 1022 de 14 de agosto/1958,
publicada no diário oficial, no dia 15 de agosto, foi criado o município de
Itapebi, com território desmembrado de Belmonte.
A construção da BR 101, nos anos de 1971 a 1973, inseriu a região do
extremo sul da Bahia no mercado nacional. 2

9 2
NASCIMENTO, M. C. Pedra Branca da Bahia: Itapebi. Brasília: 2006.
Itapebi vira música
Relato de Sumário Santana

A BR 101, no trecho entre Teixeira de Freitas e Itabuna, serpenteia um dos


trechos mais bonitos da mata atlântica no sul da Bahia - passando pelo Monte
Pascoal, território dos Pataxó e mais à frente, na zona cacaueira, a floresta ainda
impressiona. Em todo esse trecho, a rodovia tem pontes sobre rios importantes
para a história regional, com destaques para os rios Itanhém, o rio dos Frades,
Buranhém, Jequitinhonha, o rio Pardo e o rio Cachoeira.
Quando - à noite - a gente cruza a ponte no rio Jequi, vemos de longe, as luzinhas
das casas da cidade histórica de Itapebi, na parte baixa, quase no nível do rio.
Durante o dia é possível ver, com mais acuidade a povoação ribeirinha, que nos
acena de longe com as cores da igreja.

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A primeira vez que tive esse privilégio, foi viajando com o meu pai, em 1980 numa
viagem a Itabuna. Ali, enquanto a gente atravessava a ponte, ele me contara sobre
“Pedra Branca”, onde passou pela primeira vez com o meu avô, numa viagem sem
volta, quando saíram do alto da Conquista (desde Angicos, Limeira, vindo até a
gameleira, na beira do Jequi), para morar de vez no sul da Bahia, em 1951.
Na viagem, quando estavam chegando bem à noitinha, na estrada de acesso à
Pedra Branca, meu
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avô José Barreto Santana (vô Dedé), pediu pouso ao senhor
Eugênio Avelino, dono de uma fazenda, entre o rio e o povoado. Ali, a família
dormiu duas noites e depois seguiu viagem, rumo ao sul da região, mais distante
do rio Jequi, bem mais perto do mar, no território municipal de Santa Cruz
Cabrália.
Essa passagem na trajetória de vida e viagem do meu pai é sempre lembrada e
permeada de outras tantas histórias, uma das quais virou música do Viola de Bolso,
intitulada de “Subir o Rio”, numa alusão às idas e vindas de canoas entre
Cachoeirinha, Itapebi baixa, Boca do Córrego e Belmonte, no tempo das aventuras
de jovens e de experientes comerciantes.

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3

Eugênio Avelino é o pai do Cantador Xangai, cujo nome de batismo é também Eugênio Avelino
O Viola de Bolso lança o olhar
sobre a cidade

E m 2009, o Ponto de Cultura do Viola


de Bolso inicia as atividades do projeto -
dentre elas, a visita e diálogo com a
comunidade de Itapebi Velha, com
registros fotográficos de pessoas, ruas,
casas e rio. Nossa primeira conversa se
deu com o diretor da AFAI (Associação
dos Filhos e amigos de Itapebi), uma
associação que havia nascido com a
finalidade de realizar anualmente o
famoso “Encontro dos filhos ausentes”, Emilio Suzart, da AFAI, conta relatos de Itapebi
mas que se fortaleceu e se transformou
em uma associação que debatia os Porém, Suzart e sua equipe avaliaram e
problemas e soluções para a cidade, de também decidiram que não havia mais
modo especial, realizando projetos sentido em tocar o projeto, desistindo de
socioculturais, capitaneados por filhos vez.
ilustres. Esse acontecimento também não nos
Emílio Suzart, havia também aprovado permitiu realizar as entrevistas com o grupo
um projeto para o Ponto de Cultura “Os “Os Guaranis”, dessa forma, realizamos
Guaranis”, grupo de resistência cultural somente o registro do local. Gravamos
e identidade indígena, cujo mestre, entrevistas e construímos boas relações
meses depois do projeto aprovado, viria com mestres e filhos de mestres de Folia de
a falecer. Esse fato lamentável, fez com reis, de terreiros e ribeirinhos, que nos
que a família declinasse no contavam histórias e respiravam
envolvimento com o projeto e esperanças.
abandonou-o, deixando que a AFAI

executasse as ações culturais propostas.


12
Nessa região que hoje se denominou processo de aglomeração e ordenação
“Costa do Descobrimento”, marcada urbana não formalizado, em termos de
iniciativa institucional, mas que propiciou a
pela invasão colonial e pelas manobras
fixação humana na região e a inserção das
de atração subalterna, como os
comunidades rurais em uma dinâmica mais
desconhecidos “Quartéis de contato”, ampla de relações sociais e econômicas.
avanço e escravização dos indígenas,4 Em contrapartida, este recurso parece ter
Itapebi é referência histórica, depois de contribuído, de forma decisiva, para a
Belmonte, Cabrália e Porto Seguro. constituição e consolidação de uma

máquina administrativa colonial, imperial e
Tudo começa na povoação de republicana, mesmo na ausência parcial ou
Cachoeirinha: total do Estado e da Igreja.
O Povoado de Cachoeirinha, localizado à Cabe perceber que a constituição de
margem direita do rio, teve sua origem inúmeros povoados e vilas interioranas não
associada à criação do Quartel dos Arcos, foi apenas resposta a uma necessidade
em 1813, um dos principais entrepostos social, o produto de um processo
comerciais do Jequitinhonha, que viabilizou socioeconômico específico, mas resultou
o comércio entre o litoral baiano e o interior em uma interferência na forma como as
mineiro durante todo o século XIX e a pessoas passaram a interagir, tendo que se
primeira metade do XX. adequar a um novo contexto social e às
O povoado de Massaranduba, por sua vez, regras dele advindas (Souza, 2005)
foi formado no início do século XX e específico, mas resultou em uma
relaciona-se à consolidação do processo de interferência na forma como as pessoas
ocupação agrícola da região, quando esta passaram a interagir, tendo que se adequar a
passou a se destacar como produtora de um novo contexto social e às regras dele
cacau. É um exemplo de comunidade advindas (Souza, 2005).
estruturada no interior de uma propriedade Ao interagirem de
forma integral(como
rural particular, como inúmeras outras que moradores) ou parcial (como integrantes
surgiram com a atividade cacaueira. temporários – ex. Viajantes, canoeiros, etc.), em
Atualmente,

ambos encontram-se um ambiente meio rural e meio urbano, os


submersos pelo lago da barragem da agentes sociais
Hidrelétrica de Itapebi. passaram a comungar de uma estrutura
As intencionalidades e incertezas do dia a
específica que requereria um agir social mais
dia no Jequitinhonha parecem ter levado as
complexo, algo que se assemelhasse a um
agências individuais e coletivas a um
habitus urbano, um viver em sociedade,
embora sem, necessariamente, a objetivação
das estruturas sociais típicas de um contexto
urbano minimamente estável, como sugere
Bourdieu(1997; 2004).

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A Canoa de Navegação e Travessia


A navegação era um importante meio de transporte no rio jequi, desde o alto
até o baixo Jequitinhonha, como contam os relatos dos seus antigos
moradores, de viajantes e pesquisadores. Na divisa entre Minas e Bahia havia
um trecho em que os canoeiros eram obrigados a mudar de transporte,
devido às fortes corredeiras de pedras e funduras de alto risco para
navegadores, para os seus viajantes e suas cargas de encomenda.
Contam os moradores, que as canoas de transporte no trecho Itapebi a
Belmonte tinham quase vinte metros de comprimento e 1,5 metros de
profundidade entre a popa e a proa.

Canoa em exposição na praça da cidade baixa de Itapebi.

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Do mesmo modo, as canoas de travessia tinham tamanhos que impressionam, e as
habilidades de seus condutores eram ressaltadas em comentários e causos - como o
relato que fala do canoeiro de ‘três peitos’, cujo apelido era assim chamado devido
aos anos de ofício, atravessando, levando e trazendo viajantes pelo rio Jequi, em que
de tanto utilizar do remo, uma longa vara que, ajustada à massa corpórea na altura do
peito, criara um calombo, isto é, um calo grande que se assemelhava a um peito.

Meu pai, Wilson Àvila conta que quando vieram para a região em 1951, a família
morou em Gameleira (atual Caiubi), e o meu avô Dedé - que era padeiro - abriu uma
padaria em que havia um salão para sinuca. A peça de sinuca, única na região
naquele período, veio transportado por canoas no rio Jequi e depois transportado
“em lombo de burro”, como dizia meu avô. O detalhe é que o objeto media 3,5m x1,5
m e vinha dividido em 4 partes que se encaixavam. Pelo tamanho do objeto, dá para
se ter uma ideia do tamanho da canoa.

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A canoa mais antiga

Em 1958, Hélio Cacique, mais conhecido como “seu Branco”, desceu o rio Jequi
indo até Belmonte para comprar tecidos e outras novidades, vindas de navio de
Salvador ou do Rio de Janeiro. Após as compras, ele constatou que a canoa em
que ele viajara, já havia partido. Na busca por um canoeiro que o transportasse de
volta até Itapebi, a empreitada foi ficando difícil, dado os compromissos dos
caneiros e suas embarcações. Foi quando ele encontrou um canoeiro vendendo a
sua canoa e, diante da situação, ele decidira comprá-la, com a condição de o
canoeiro transportá-lo até o seu destino. E assim aconteceu. Seu Branco subiu o
rio em sua canoa, que segundo ele, ficou atracada no porto de Itapebi por um
longo tempo. Depois vendeu.

4
O Quartel dos Arcos, criado em 1813 pelo então governador Conde dos Arcos, era parte da política de atração e subjugação
dos povos originários. SOUSA, Ana Cristina. Povoados de Cachoeirinha e Massaranduba (Vale do Jequitinhonha): a
relação entre espaço, agentes e contexto sócio-econômico. 2006. Tese (Doutorado em Ciências Sociais)- Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2006.

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O Pife de Turiba é de
coração guardado

a primeira vez que a equipe do Viola de Bolso esteve em Itapebi, ao chegarmos


no posto de combustível, o frentista informou que o tocador de gaita mais famoso é
Turiba, cuja morada é quase em frente à rua principal, quando se entra na cidade alta.
A equipe foi até lá e viu que a casa era também uma "venda", um lugar de comércio
interiorano que mistura tudo, vende vela e vende cachaça, vende farinha e vende
querosene, e assim é.
Perguntamos por Turiba e uma pessoa respondeu afirmando que ele “Tá
acompanhando uma Folia aí na rua!”
Saímos pelas ruas e encontramos Turiba acompanhando a Folia de São Sebastião,
liderada por mãe Ceicinha, de Itagimirim.
Ou seja, de uma vez só firmamos um diálogo com as duas autoridades de reiseiros e
seus foliões, mestres de viola e de cantoria.
Fizemos entrevistas com as pessoas, gravamos, ouvimos boas anedotas, pois Turiba
era brincalhão e a mestra mãe Ceicinha tinha um grupo de mulheres que cantava sem
parar, maravilhosamente bem.

Alguns anos depois Turiba faleceu e,


quando o Viola de Bolso foi convidar
filho e esposa do mestre pifeiro para o
Encontro das Folias em Eunápolis, a sua
5

esposa nos respondeu “Vamo não seu


menino, porque o pife de Turiba é de
coração guardado.”
Pelo jeito, ainda ardia a dor da perda.

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O Encontro das Folias de reis da Costa do Descobrimento foi realizado em Eunápolis em maio de 2017.
A cidade baixa é memória
a cidade alta, esquecimento

Ladeira da cidade baixa

L á embaixo tem o rio Jequi, ele assustou muita gente tempos atrás, mas
também deu e ainda dá alimento. Canoa é remada nele, roupa é lavada, peixe é
tratado nele, Nessa parte do rio, sempre tem boas lembranças muito mais que
tristezas. A cidade subiu, mas a memória ficou, porque foi aqui que nasceu a
história da cidade.
Foi isso que nos contou dona senhorinha, moradora que não quis subir, quando
a cidade nova surgiu, lá no alto, em 1979

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Assim que a nossa equipe chegou
na cidade alta (a Itapebi nova),
encontramos a Folia do mestre
Machado, formada por um grupo
de umas 20 pessoas, a maioria
parentes entre si. As filhas do
mestre machado tinham/têm uma
posição de protagonismo no grupo:
As três moças se dividem entre o
canto, a percussão das caixas e a
coreografia das danças.

As filhas do Mestre Machado

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Mestre Machado entre reiseiros
O mestre machado puxa o eito com uma gaita e conduz o ritual. O boi de janeiro
dança e desafia no centro do círculo, enquanto é desafiado também pelo bom
vaqueiro, genro do mestre.

Cortejo do Boi Bumbá na cidade baixa

A apresentação é ritualística, não é apresentação nos moldes "para o outro/gringo


ver", é realizada porque é, com o seu próprio sentido, sem firulas nem
espetacularização. É circular por um bom tempo, segue rua abaixo, depois rua
acima, depois vira uma esquina, pára, circula e segue. A representação é
memorialista, não é uma simples representação das vestimentas no boi, da lança
que ameaça e das fitas que encantam: é recomposição da memória, peça a peça,
gesto a gesto, que evolui em todos os sentidos, principalmente o de lembrar a
infância. Porque é na brincadeira que o ser velho encontra o ser infância.

20
"Quando o avô fazia e eu era menina, me lembro bem”
Não tem canto, é mais o som dos instrumentos, as palmas e os gritos
sincopados, alternados, ocupando os espaços de memória. Vez ou outra
uma cantiga, mas a maioria das músicas só são elas.

Maria D'Ajuda

"E como são lembradas, é gravada?" Pergunta o pesquisador.


"Oxe, não! Tá na memória, pois se a gente lembra e canta é todo dia!
Não tem esquecimento"
Arremata D'Ajuda, filha mais velha do mestre Machado.

21
As casas da cidade baixa de Itapebi sussurram baixinho seus nomes.
A beira do rio, entre a mureta e a água, oferece de forma generosa
uma areia amarelada e densa pra os pés;

As canoas enfileiram-se de lado, às espera do seu antigo dono.

22
Canoinhas – assim como a vida é carregada -, também
carregam areia em seu coxo fundo, nas horas mansas do rio

O Canoeiro aparece longe como um ser pequenino, para a largura do


rio quando tem água.

23
As ladeiras de Itapebi velha são trilhas da memória, de um liso quase
espelho, lixa que o tempo faz, quando o cotidiano é de ida e de volta na
mesma coragem de quem sempre volta pra casa, depois de tempos idos.

24
E os nomes sussurrados pelas casas saem pelas janelas como se
fossem borboletas que voam ligeiras em nossa frente, quase perto do
ouvido, a contar os segredos que todos já sabem, ou pendurados na
janela em pregadores de roupa, vigiados pelo menino que observa a
gente que passa.

25
Na cidade baixa, uma canoa imensa guarda a memória e a história da
navegação do Jequi. Desde a cachoeira do Salto, ou do "Tombo do
Fumaça", como é chamada e também conhecida, a corredeira d’água de
pedras pontiagudas, que foi engolida, submersa pela barragem de Itapebi.
A Canoa grande ia dali adiante, até Belmonte.

Turma do Viola de Bolso em visita à cidade baixa

São tantas as histórias que, somente elas, preencheriam vários livros e


muitos ouvidos, e não cabem nem nessa publicação nem na imaginação
dos que ouvem/leem. A canoa tem mais de 30 metros de comprimento e
carrega relatos dos navegantes nesse trecho largo do rio ameaçado pelas
barragens.

26
Essa canoa imensa fincada na praça, narra a
história dos antigos canoeiros e em sua
madeira, riscos e vincos são como pinturas
rupestres
lembrando dos seus abraços de remo e suor,
no dorso cansado dos dias alternados de maré
Logo à frente, uma casa-planta-musgo do tempo que insiste em dizer:
fiquem comigo, gente daqui.

29
E abaixo, numa pequena abertura de rua calçada e íngreme, um
portal para os dia de sol do rio, quando filhas e filhos, esposas e
comadres acariciam vasilhas, roupas e anzóis nas águas do Jequi

30
Boteco/mercearia na cidade baixa

À noite, seguindo um bloco de carnaval, naquela batucada antiga, as


lâmpadas dos postes lembram as primeiras luzes da recém chegada energia
elétrica, amarelada, fraca, tênue e cinematográfica. A rua estreita, a luz
magrinha e o brilho da calçada lisa, lembram facilmente uma cena de um filme
antigo francês.
O bloco de carnaval pululando e uma sonoridade bem baiana destrói cenários
literários na imaginação do pessoal do Viola, exigindo uma bebida. O carnaval
dura pouco e a equipe decide subir até o Terreiro e casa de cultura do Instituto
Aganju, localizado em um bairro da cidade alta.

31
A nova cidade alta

C erto dia, não por acaso, as turmas


das oficinas de artes do Viola de Bolso
Essa história é contada em um bonito
mural construído e instalado no centro
decidiram com os professores, uma da cidade, feito pelo artista paranaense,
visita à Itapebi, no âmbito do projeto radicado em Porto Seguro, Antonio
“Qual a sua memória Cultural?”, Rizzo.
realizada pelo Ponto de Cultura em O mural é intenso, afirma a presença
2011.6 indígena na região, cita as entradas dos
Jovens estudantes, foram conhecer a bandeirantes, narra a história local
história de Itapebi - Sobretudo, os desde o Quartel do Arcos (1813), traz à
acontecimentos que deram origem à
tona os fatos sobre os deslizamentos,
cidade nova, numa planície bem
passando por Cachoeirinha e as
localizada em que os seus moradores
enchentes em Pedra Branca, até a
sentiram-se mais seguros, pois o
localização da nova Itapebi, evocando a
principal motivo da migração eram as
memória dos moradores antigos, contra
constantes enchentes do rio Jequi.
o esquecimento e o descaso.
A mudança foi gradativa, não se deu de
uma hora pra outra e, claro, mexeu com
sentimentos, saudade, lembranças e
perdas. Mas por outro lado, gerou
expectativas, ativou ânimos de
reconstrução de planos familiares e
vontade de começar uma vida nova.

32
33
Nada mais na cidade alta lembra a história de Itapebi, a não ser os seus
moradores e essa obra de arte.

Na cidade alta, as casas são diferentes, as ruas são largas e distantes, as


edificações do poder público tentam ser modernas, restaurantes, postos
de atendimentos e lojas são cópias das cidades vizinhas e as poucas
praças, ainda pretendem servir para encontros e passeios.

6
Veja fotos adicionais no site https://www.flickr.com/photos/violadebolso/10818125556/in/photostream/ 34

A Cultura Resiste

A inda em 2011, a equipe do Viola de


Bolso esteve em Itapebi, para uma
para a apresentação de projetos em
editais públicos de financiamento cultural,
entrevista em vídeo com o babalorixá Pai consultas para a efetivação do sistema
Marcelo e o diretor e professor da rede municipal de cultura, visitas, além de boas
pública municipal de ensino, Romualdo conversas e encontros em terreiros de
Antônio da Silva, do Instituto Aganju. O candomblé da região.
Instituto Aganju está sediado no território Foi no Terreiro Ilé Asé, do Aganju, que
do Terreiro de Candomblé, e são irmãos recebemos a plantinha de contas de
siameses. milagres de nossa senhora, ou conta de
lágrimas, como é conhecida em algumas
A presença da equipe do Viola de Bolso regiões do Brasil. É uma planta sagrada e
era para registrar depoimentos de Pai tem várias utilidades: serve para fazer
Marcelo para o documentário “Ao sul de braceletes, colares, esteiras e até
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todos os santos”, produzido pelo Ponto instrumentos musicais. Podem também
de Cultura, conforme o Plano de Trabalho ser consumidas como alimento, na forma
em execução, e que foi publicizado meses de farinha, pois possuem alto valor
depois na região, via redes sociais. nutritivo (proteína e lipídeos), sendo
Após esse encontro, o Viola de Bolso e o própria para a alimentação de
Instituto Aganju selaram uma parceria, convalescentes. O chá das folhas é
expressa em diálogos permanentes sobre empregado na medicina popular como
a política cultural, os direitos das diurético e no combate a infecções
comunidades tradicionais, orientações urinárias.

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Existem benzedeiras que rezam com elas celebram e festejam ou com folia, ou com
também. Até hoje no espaço cultural do samba de couro, ou com macumba (as
Viola de Bolso, cultivamos esse milagre danças e batuques africanos).
São lugares em sua maioria, comandadas
por mulheres, portanto, terreiros de fé e de
celebração da vida. Os terreiros de
candomblé e de umbanda são os lugares
de maior destaque e de maior
concentração de gente, de líderes
religiosos, de convidados, de vizinhos
curiosos, de gente que precisa de
alimento, tanto materialmente, como
espiritualmente falando.

Contas de Milagre

Foi em Itapebi que cunhamos o termo


“Terreiros de reza e Canto”, ao apresentar
à SEPROMI,8 juntamente com o Aganju, um
projeto de mapeamento dos terreiros de
religião de matriz africana na Costa do
Descobrimento, isso em 2013, mas que
não foi aprovado. Terreiros de reza e canto
porque, nas consultas prévias ao projeto e
Pai Marcelo recebe o Viola de Bolso
na ação de diálogos do Ponto de Cultura
do Viola de Bolso, percebemos que muitas Foi também em Itapebi que constatamos
pessoas, - rezadeiras, festeiras e que, a região da Costa do Descobrimento,
benzedeiras - mantinham e ainda mantêm forma o “Circuito das Folias" (de Reis e de
em suas casas, um salão de reza e devoção São Sebastião).
a alguma santa ou santo, e que sempre

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Reiseiros de Itapebi

O Circuito das Folias concentra o São os milagres da cultura viva, da fé


maior número de grupos de Folias e da resistência do nosso povo.
de Reis e de São Sebastião, de
Samba de Couro e Contradança e é No Aganju dialogamos e registramos a
presença marcante no ciclo natalino, produção de artesanato em cerâmica,
que vai de dezembro a janeiro do potes, gamelas e jarros feitos do barro
ano seguinte. do Jequi, por mulheres da
Marcos Aurélio - Marquinhos, do comunidade. Itapebi nasceu e cresceu
Viola - ao propor à Secult Bahia a assim, dessas atividades do cotidiano e
aprovação e execução do projeto do da sobrevivência de uma cidade que
"Encontro das Folias de Reis", em não nasceu planejada nem por
2017, nem imaginava que dali iniciativa dos poderes locais, da igreja
nasceria a REDE FÉ E FOLIA, ou do Estado Nacional. Cristina e Souza
resultado do encontro e do nos fala que:
mapeamento de mestras e mestres

das Folias na região.


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“Pode-se analisar o surgimento e estruturação
de núcleos populacionais por intermédio da
iniciativa de agentes particulares, e não apenas
da iniciativa oficial do Estado e/ou da Igreja,
optando-se por uma abordagem que enfatize a
construção da diferença, a variabilidade no
sentido das possibilidades da agência
individual e/ou coletiva.”
(Souza).

Mas a nossa mirada aqui é das ceramistas Oleiras. Além da lavoura, a


atividade ceramista foi um outro ramo de produção que teve na presença
feminina uma participação marcante. Conquanto a produção de telhas e
tijolos, tradicionalmente, tenha sido desenvolvida por homens, a fabricação
de vasilhames utilitários como potes, gamelas e panelas sempre teve na
mulher o principal agente de produção em praticamente todo o território
brasileiro. Segundo Pereira (1957:25).

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Vimos como a herança dessa prática ceramista está presente nas mulheres
que frequentam o Aganju, notadamente, estimuladas pela atuação da
instituição cultural naquele local.
Na verdade é possível registrar em toda a população ribeirinha do
Jequitinhonha entre Itapebi e Belmonte, a presença de ceramistas, com
destaque para o trabalho já reconhecido nacionalmente, de dona Dagmar, a
mestra ceramista dos potes grandes, como é conhecida. Mesmo com o
reconhecimento e valorização da obra de dona Dagmar, ela continua sem
apoio e sem qualquer tipo de financiamento que o seu ofício merece.

Equipe do Instituto Aganju e Sumário

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Veja o doc no canal do Viola de Bolso https://www.youtube.com/watch?
v=QSCJh9b2j2I&list=UUXiiUjFrNpSJa3Tf2wceieA&index=38
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Secretaria de promoção da igualdade racial, Bahia.
Itapebi, tão perto, tão longe

N ossos sítios arqueológicos, nossos


sambaquis, nossas referências de
O conflito já estava posto com a chegada
do primeiro invasor. Itapebi é parte dessa
lugares ancestrais, nossos lugares de narrativa viva.
memória, casas, ruas, pontes, rios, estão Passado os mais de 20 anos do Campus
todos aqui. XVIII da Uneb em Eunápolis, e os quase
Em cada cidade e quintal, em cada praia dez anos da UFSB na região extremo sul
e montanha, em cada povoado nascido, da Bahia, falta ainda um olhar pela
nas porções de mata nativa, nas estradas história de Itapebi - à luz das mudanças
dos viajantes, nos pequenos povoados, atuais, após a cidade alta ter surgido,
estão as marcas do tempo e da história. após ter ocorrido a inundação da
O território permanece em conflito, mas Cachoeira do Tombo e de Cachoeirinha,
para muitos é lugar escolhido. Para pela hidrelétrica de Itapebi; após o
alguns os lugares servem para ser vitrine sumiço criminoso do povoado Marília,
do turismo, utilizado e descartado, com a instalação da Veracel Celulose.
utilizado e agredido. Por isso cidades como Itapebi, Itagimirim,
Nesse território, estão sujeitos que não seus povoados, suas comunidades
decidiram nem o passado nem o futuro culturais merecem um olhar especial: o
seus, nem a distância nem a proximidade olhar das autoridades e das políticas
das fronteiras; nem as proximidades da públicas de proteção, que diminuem a
justiça, nem a salvaguarda de seus distância entre o abismo do descaso, da
patrimônios histórico culturais, das suas ausência do Estado, deixando o passivo
memórias e das suas identidades. e ativando a justiça social.

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Referências
J. DUARTE. Vultos sem história, p.173 e 174.

NASCIMENTO, M. C. Pedra Branca da Bahia: Itapebi. Brasília: 2006.

SOUSA, Ana Cristina. Povoados de Cachoeirinha e Massaranduba (Vale


do Jequitinhonha): a relação entre espaço, agentes e contexto sócio-
econômico. 2006. Tese (Doutorado em Ciências Sociais)- Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2006

Links de documentários vinculados à ação do Projeto “memória ,


afirmação e futuro”, do Viola de Bolso:

Folia de reza e canto – fé e folia


LINK DO DOCUMENTÁRIO
https://www.youtube.com/watch?v=N1JAgjyetBo

Folia do mestre Machado, em Itapebi


LINK DO DOCUMENTÁRIO
https://www.youtube.com/watch?v=7LpED47_BMg

Folia de Reis de mãe Ceicinha, Itagimirim.


LINK DO DOCUMENTÁRIO
https://www.youtube.com/watch?v=Blwwq8spmiQ&t=495s

Ao sul de todos os santos:


https://www.youtube.com/watchv=QSCJh9b2j2I&list=UUXiiUjFrNpSJa3
Tf2wceieA&index=38

Textos organizados de 2011 a 2015

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