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A HERANÇA AFRODESCENDENTE

❑ a herança africana, trazida por milhões de negros e negras vítimas do tráfico


transatlântico, com uma enorme diversidade de grupos étnicos, fez do Brasil
a segunda maior população de negros do mundo fora da África.

❑ Essa herança de luta está representada nas formas singulares de


manifestações culturais, artísticas e religiosas.

❑ O sonho de liberdade e dignidade do povo negro expressa-se de forma


marcante na dança, na música, nas artes plásticas e, sobretudo, na
religião do Candomblé, que tanto ajudou a preservar a memória ancestral
do povo negro brasileiro.

❑ No Recife, as diversas manifestações culturais afro-brasileiras têm papel


fundamental na rica cultura local.
A HERANÇA AFRODESCENDENTE
❑ Em oposição ao legado negativo da escravidão, existe uma herança
afrodescendente positiva e riquíssima no estado de Pernambuco, que se
manifesta sobretudo na cultura: música, dança, comida, etc.

❑ Nota-se, também, a influência afrodescendente na oralidade da fala


pernambucana, recheada de vocábulos provenientes da africanidade
linguística (banda, cachimbo, fubá e moloque, como exemplos), assim
como alguns fenômenos linguísticos da oralidade e do português popular que
são atribuídos à influência africana, como o apagamento do /r/ no final das
palavras e a falta de concordância nominal, no português não padrão.

❑ Essas influências também ocorrem em outras regiões do Brasil, mas de


forma diferenciadas localmente, muitas vezes
A CAPOEIRA
❑ A capoeira – jogo, dança, luta – foi praticada em quase todo o Brasil, onde a
escravidão teve papel significativo na vida econômica e social.

❑ Quase sempre que se praticava a capoeira, havia conflitos de rua com


mortos e feridos.

❑ Também por ocasião da realização de festas e da apresentação de folguedos


populares, era comum a presença de capoeiras e a ocorrência de conflitos.

❑ Nos primeiros tempos da República, a repressão se tornou sistemática e


permanente.

❑ Pela simples prática do desporto, numerosos capoeiras foram presos e


deportados para o arquipélago de Fernando de Noronha, sob a acusação de
vadiagem, sem comprovação de outros crimes ou contravenções.
A Capoeira é uma manifestação cultural presente hoje em todo o território brasileiro e em mais de 150
países, com variações regionais e locais criadas a partir de suas “modalidades” mais conhecidas: as
chamadas “capoeira angola” e “capoeira regional”. Os principais aspectos da capoeira, como prática cultural
desenvolvida no Brasil, são o saber transmitido pelos mestres, como reconhecidos por seus pares, e a
roda, onde a capoeira reúne todos os seus elementos e se realiza de modo pleno.
A CAPOEIRA
❑ Foi por isso que a capoeira entrou em declínio e desapareceu, ao final da
primeira década do século XX, em Belém, São Luís, no Recife e no Rio de
Janeiro, restando apenas marcas da sua influência no passo do frevo do
Recife, nas danças do bumba meu boi e na pernada carioca.

❑ Na Bahia, a capoeira sobreviveu em academias.

❑ A imigração de pessoas naturais da Bahia para o Rio de Janeiro acabou por


fazer ressurgir a capoeira nessa cidade, de onde o desporto tornou a se
difundir para outras cidades, inclusive o Recife.
O PASSO DO FREVO
❑ A música do frevo foi uma evolução das marchas e dos dobrados executados pelas
bandas musicais, especialmente as bandas militares, ao modo das bandas de música
europeias.

❑ Porém, a coreografia da dança do frevo – chamada “passo” – é considerada uma


evolução dos movimentos dos praticantes da capoeira, que se exibiam à frente das
bandas e ao seu ritmo.

❑ Essa é a tradição do ‘passo’ como dança afro-brasileira em Pernambuco.


Ordinariamente, o passista de rua utiliza como adereço um guarda-chuva (guarda-
sol) aberto.

❑ Nas últimas décadas do século XX, passou a ser modificado: o guarda-sol foi
substituído por sombrinha de tamanho reduzido, é “ensinado” em academias de
ginástica e danças contemporâneas onde foi desenvolvida uma modalidade de “frevo
aeróbico”.
❑ Na realidade, o tradicional passo do frevo é uma dança em acelerado processo de
extinção.
COCO ou SAMBA DE COCO
❑ Com inúmeras variantes, o coco é uma das danças mais tradicionais de Pernambuco.

❑ De dança rural, com características ameríndias – fileira e roda – e figurações


africanas – como a umbigada –, ganhou os subúrbios e os salões das cidades,
aparecendo tanto isoladamente quanto em folguedos, como pastoris e mamulengos e
em rituais de cultos afro-indígenas.

❑ O coco ocorre em todo o litoral de Pernambuco, na Zona da Mata e em localidades


do Agreste e do Sertão onde há manifestações de cultura negra, especialmente
quilombos contemporâneos.

❑ No começo dos anos cinquenta do século XX, o cantor e compositor Jackson do


Pandeiro (1919–1982) introduziu no rádio a música do coco, em apresentações ao
vivo. Logo em seguida vieram as gravações em disco.

❑ Os artistas populares rurais, hoje em dia, continuam a criar composições ao ritmo do


coco.
A apresentação está ligada à constituição das comunidades negras em Pernambuco e Alagoas, com forte
influência indígena. Os quilombolas cantam enquanto praticam o ritual da quebra do coco para a retirada
da “coconha” (amêndoa), essencial no preparo de alguns alimentos. No Samba, o tirador do coco,
também chamado de coqueiro ou conquista, é quem puxa os versos que podem ser tradicionais ou
improvisados, que são sempre respondidos pelo coro de participantes. A tradição possui inúmeras
variantes: coco de umbigada, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco de roda, entre outras.
CIRANDA
❑ Surgida nas regiões litorâneas do Nordeste brasileiro, e tendo como referência
Pernambuco, nasceu de mulheres de pescadores que cantavam e dançavam
esperando que esses retornassem do mar.
❑ É uma dança comunitária que se constitui de um círculo que aumenta na medida em
que as pessoas chegam para a coreografia. De mãos dadas, a cada giro os
integrantes imitam o vai e vem das marés.
❑ O mestre cirandeiro é o integrante mais importante da roda, cabendo a ele “tirar as
cantigas”, improvisar versos e tocar o ganzá enquanto preside a brincadeira
coordenando a percussão.
Dona Glorinha, Lia de Itamaracá e Aurinha do
Coco
ESCOLA DE SAMBA
❑ Manifestação cultural popular, o samba acontece em quase todos os estados
brasileiros desde os tempos coloniais.

❑ Um misto de festa e espetáculo, o desfile de uma Escola de Samba é um verdadeiro


ritual de canto, visual, música e dança.

❑ O enredo transforma-se numa linguagem plástica traduzido nas fantasias, adereços e


alegorias.

❑ A presença do casal de Mestre-sala e Porta-bandeira no desfile é um dos elementos


mais representativos.
Fantasias começaram a ser produzidas pela Galeria do Ritmo para o carnaval
de 2022 — Foto: Reprodução/TV Globo
O Grêmio Recreativo Cultural e Arte Gigante do Samba é uma escola de
samba do Recife. Suas cores oficiais são verde e branco, e tem como símbolo
uma águia, que aparece no centro do pavilhão da agremiação.[2] No total,
possui 59 títulos e foi 12 vezes campeã consecutiva (2008 até 2019). Nunca
tendo sido rebaixada ao grupo de acesso, e sendo a principal escola de samba
de sua cidade. Também foi a única agremiação da cidade convidada a ir ao
Japão e Europa.
MARACATU

O Maracatu, que
atualmente faz parte do
carnaval de Pernambuco, é
propriamente um desfile
carnavalesco,
remanescente das
cerimônias de coroação
dos reis africanos.

A tradição teve início pela


necessidade dos chefes
tribais, vindos do Congo e
de Angola, de expor sua
força e seu poder, mesmo
com a escravidão.
MARACATU

MARACATU
MARACATU
NAÇÃO OU
RURAL OU
BAQUE
BAQUE SOLTO
VIRADO
MARACATU NAÇÃO OU DO BAQUE VIRADO
❑ Conhecido também como Maracatu de Baque Virado, esta manifestação cultural é
composta por grupos musicais percussivos que se concentram nas comunidades de
bairros periféricos da cidade do Recife.

❑ Os conjuntos apresentam-se um cortejo real, em trajes de seda, veludos, bordados e


com pedrarias, que desfilam nas ruas evocando as antigas coroações de reis e
rainhas do Congo africano.

❑ A celebração faz parte dos festejos carnavalescos.

❑ À frente do cortejo vem o Porta-Estandarte e logo atrás segue a Dama do Paço, que
conduz a Calunga – uma protetora ligada ao Candomblé, religião de origem africana.
Já a orquestra é composta de caixas, taróis, gonguês e alfaias (tambores
confeccionados com madeira).
Os grupos de Maracatu de Baque Virado tiveram origem nas coroações de rainhas
e reis negros denominados Reis do Congo. Na atualidade integram os festejos
carnavalescos com um cortejo real negro ricamente trajado com sedas, veludos,
bordados e pedrarias, em referência à corte europeia. A música é composta por
batuques da tradição africana fundamentados no Candomblé.
MARACATU NAÇÃO OU DO BAQUE VIRADO

OLINDA: Maracatu Nação Camaleão, Leão Coroado,


Nação de Luanda, Tigre, Nação Pernambuco, Sol
Brilhante, Baque Forte, Acabra Alada, Onilê, Várzea do
Capibaribe, Baque Nomade, Ogum Onilê, Badia e
Maracambuco.
Maracatus na Igreja do Rosário dos Pretos de Olinda,
primeira igreja do Brasil pertencente a uma irmandade de
negros.
Percussão do Maracatu Nação, com uma alfaia em
destaque.
Mulheres tocando abê.
MARACATU RURAL OU DO BAQUE SOLTO
❑ Celebrado durante o Carnaval e o período de Páscoa, o Maracatu Rural - também
conhecido como Maracatu de Baque Solto - tem como personagem central o
Caboclo de Lança.

❑ As primeiras brincadeiras aconteciam em engenhos, tocadas por trabalhadores rurais


no final do século XIX.

❑ A tradição é forte por toda Zona da Mata Norte de Pernambuco e configura-se


numa fusão de diversos folguedos populares das áreas canavieiras no interior do
Estado como o Pastoril, o Bumba-Meu-Boi e o Reisado.

❑ Nas apresentações, o instrumental da brincadeira é comandado pelo mestre que


entoa loas, sambas e galope acompanhados do terno (orquestras de sopro e
percussão).
Também conhecido como Maracatu Rural é uma referência da cultura
pernambucana, no qual figuram os caboclos de lança. A maioria de seus integrantes
é de trabalhadores rurais, que também produzem as próprias fantasias, guiadas,
relhos e chapéus. Diferencia-se dos outros maracatus por seu estilo de vestimentas
e pela musicalidade própria. Enquanto no maracatu de Baque Virado os tambores
marcam a harmonia, os instrumentos de sopro dão a essência do Maracatu de
Baque Solto, conhecido ainda como Maracatu de Orquestra.
Encontro de maracatus rurais em Nazaré da Mata, na Mata
Norte pernambucana (Foto: Luka Santos / G1)
CAVALO-MARINHO
❑ De forma sucinta, a brincadeira do Cavalo-Marinho é uma forma de expressão
tradicionalmente realizada pelos trabalhadores rurais da região da Zona da Mata
Norte de Pernambuco e sul da Paraíba durante o ciclo natalino.

❑ Trata-se de uma espécie de teatro popular que representa o cotidiano (presente e


passado), real e imaginário, deste grupo social brasileiro por meio da poesia, da
música, dos rituais e de seus movimentos corporais.

❑ Contém personagens com máscaras (figuras), variados tipos de danças, um rico


repertório musical, a louvação ao Divino Santo Rei do Oriente, momentos de culto à
Jurema Sagrada e a presença de animais ou bichos, como o Cavalo e o Boi.

❑ A brincadeira, que é comandada pelo Capitão, se realiza num terreiro em formato de


semicírculo, em lugares planos e, normalmente, ao ar livre. Antigamente, era
praticado nos engenhos e usinas de açúcar.

❑ O brinquedo tem suas raízes consolidadas nas senzalas como cultura produzida
pelos negros escravizados oriundos da África.
Grupos de Cavalo-Marinho reúnem elementos da vivência do trabalho
rural (Foto: Divulgação/Ana Lira)
RELIGIÃO
❑ Muito dessa herança sobreviveu às perseguições e às discriminações, adaptando-se.

❑ Os terreiros de candomblé de Recife, para esquivarem-se da política de repressão


do estado, transformaram-se em sociedades carnavalescas, como o maracatu.

❑ Os negros, disfarçados de nobres, reverenciavam a "Corte Real", mas na verdade


evocavam os seus deuses.

❑ E assim continuaram por décadas, resistindo e sendo discriminados.


RELIGIÃO

Ambas religiões matriarcais, o


Candomblé vem do
continente africano e resiste à
tentativa de destruição durante
a diáspora africana, que
espalhou pessoas escravizadas
para trabalhar forçadamente ao
redor do mundo.

Já a Umbanda é
genuinamente brasileira, mas
ambas carregam elementos do
período de resistência dos afro-
brasileiros para manterem seus
cultos sagrados mesmo com a
imposição da Igreja Católica
Apostólica Romana como a
única forma de crença
permitida.
CULINÁRIA
❑ Na culinária pernambucana, o legado africano é encontrado em muitos
pratos e temperos, com destaque para alguns produtos que de lá vieram e
que hoje são elementos fundamentais na alimentação: a banana, o
amendoim, o azeite de dendê, a manga, a jaca, o arroz, a cana de açúcar,
o coqueiro e o leite de coco, o quiabo, o caruru, o inhame, a erva-doce,
o gengibre, o açafrão, o gergelim, a melancia, a pimenta malagueta, a
galinha d’angola entre outros.

❑ Com a escassez da alimentação do escravo, os negros inventaram o pirão


escaldado (massapê) e o mungunzá, por exemplo.
RESOLUÇÃO DE
QUESTÕES
QUESTÃO 1
Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos;
depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de
seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia
dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e
admirado de tanta grandeza. Coroação do Rei do Congo em Santo Amro. Bahia Apud DEL PRIORE. M
Festas e Utopias no Brasil Colonial. In: CATELLI JR. R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras. São Paulo.
Brasiliense. 1994 (adaptado)
Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um
processo de:
A) Exclusão social
B) Imposição religiosa
C) Acomodação política
D) Supressão simbólica
E) Ressignificação cultural
QUESTÃO 2
A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do
processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata,
portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de
procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu
movimento para melhor compreende-lo historicamente. MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo
1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a
capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas:
A) Permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
B) Perderam a relação com o seu passado histórico.
C) Derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
D) Contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil
atual.
E) Demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos
europeus.
QUESTÃO 3 IAUPE 2022
A produção de açúcar em Pernambuco teve uma forte ligação com os processos
sociais existentes no estado, desde o período colonial. Assim, os alimentos
produzidos com açúcar da região também receberam influência da cultura de matriz
africana. Um exemplo disso é o sabongo banto, que era a união do coco e mel de
engenho, dando origem a um doce bastante consumido em Pernambuco e no
Nordeste. Atualmente, esse doce é reconhecido como
A) Beijinho.
B) Bolo de noiva.
C) Goiabada.
D) Cocada.
E) Tapioca.
QUESTÃO 4 IAUPE 2021
Analise os textos a seguir:
TEXTO I
Saísse uma música para uma parada ou uma festa e lá estavam infalíveis as
capoeiras à frente, gingando, piruetando, manobrando cacetes e exibindo navalhas.
SETTE, Mário. Maxambombas e Maracatus. Recife: FCCR, 1981, p. 87.

TEXTO II
Viva o Quarto,
Fora o Espanha!
Cabeça Seca
É que apanha!
Não venha, chapéu de lenha!
Partiu, Caiu, Morreu, Fedeu!
PEREIRA DA COSTA, F. A. Folclore Pernambucano: Subsídios para a História da Poesia Popular em Pernambuco. Separata
da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo LXX. Rio de Janeiro, 1908
QUESTÃO 4 IAUPE 2021
A capoeira é uma herança cultural de matriz africana, que influenciou a vida dos
pernambucanos, e sua visibilidade nas manifestações populares contribuiu para
a/o
A) formação de grupos marginalizados pela cultura.
B) criação do Balé Popular do Recife.
C) surgimento do frevo como dança popular do carnaval.
D) construção da igreja Nossa Senhora dos Pretos no centro do Recife.
E) fortalecimento das políticas de segurança pública por causa dos conflitos
QUESTÃO 5 IAUPE 2019
Leia o texto a seguir:
Os escravos chegados da região do Golfo da Guiné vieram principalmente
atender as necessidades específicas, como as do açúcar, no Nordeste, e as do
ouro, no Sudeste. Já os bantos foram presença majoritária e constante em
todos os momentos da época escravista, disseminando, por todo o território
brasileiro, as bases de sua cultura, [...].
LOPES, Nei. História e cultura africana e afro-brasileira. São Paulo: Barsa Planeta, 2008, p. 54.
QUESTÃO 5 IAUPE 2019
Sobre a herança cultural dos povos referidos no texto, é INCORRETO afirmar que
A) a capoeira foi trazida a Pernambuco pelos povos sudaneses, sendo, no início,
praticada como dança ritualista, porém, com a perseguição e opressão sofridas, os
negros escravizados aplicavam golpes de capoeira como recurso de ataque e
defesa.
B) Xangô é o nome do deus africano cultuado nos rituais afrodescendentes, mas, em
Pernambuco, esse termo é utilizado para designar também a religião.
C) a linguagem pernambucana é constituída por vocábulos de origem afrodescendente,
porém se observa também a formação de um português popular, por exemplo, a
supressão da letra /r/ no final das palavras.
D) os terreiros de candomblé de Pernambuco elaboraram estratégias de burlar as
perseguições empreendidas pelo Estado, criando sociedades carnavalescas, a
exemplo do maracatu, que passou a ser reconhecido por Maracatu de Nação.
E) a culinária pernambucana está constituída por muitos temperos e pratos produzidos
com produtos trazidos durante o tráfico de negros, a exemplo do açafrão, do
gergelim, da jaca, do pirão, do cuscuz, do amendoim, da banana.
QUESTÃO 6 IAUPE 2017
Leia o texto a seguir:
As danças africanas desenvolvidas no Brasil têm também suas matrizes no binômio
África Ocidental e África Banta (centro-oeste africano). Dos africanos ocidentais,
principalmente dos iorubas, a cultura brasileira herdou as danças dos orixás, ricas em
mímica e teatralidade. E dos bantos, chegaram-nos, principalmente, as danças em
círculo e em cortejo, que geralmente expressam um enredo, um drama, sendo, por isso,
denominadas “danças dramáticas”. LOPES, Nei. Heranças Culturais. In: ______. História e Cultura
africanas e afro-brasileira. São Paulo: Barsa Planeta, 2011, p. 86.
As danças africanas contribuíram significativamente para as manifestações culturais
de Pernambuco, que estão quase sempre associadas aos principais ciclos festivos.
Sobre esse assunto e de acordo com o texto, assinale a alternativa que indica uma
dança pernambucana de herança banta.
A) Coco de roda
B) Baião
C) Quadrilha
D) Frevo
E) Caboclinho
QUESTÃO 7 IAUPE 2016
A diversidade religiosa trazida da África para o Brasil pode ser explicada pelo processo
escravocrata empreendido pelos europeus a partir do século XVI. A presença marcante
dos diferentes grupos iorubás e jejês, vindos do oeste africano, permitiu que os rituais
religiosos dos povos africanos recebessem influência de outros rituais e religiões. Em
Pernambuco, as matrizes religiosas africanas receberam várias denominações. Sobre
isso, assinale a alternativa que indica um ritual de matriz africana frequente na Região
Metropolitana do Recife.
A) Xangôs
B) Catimbó
C) Pajelança
D) Protestantismo
E) Tambor de Crioula
QUESTÃO 8 IAUPE PMPE 2018
Segundo a historiadora Isabel Guillen ao se caminhar “...pelas ruas do Recife
lembramos que a cidade foi palco de mais de trezentos anos de escravidão de
populações africanas e seus descendentes... [Mas], parece que a história da escravidão
e da cultura negra, herança da diáspora, permanece invisibilizada na cidade. Qualquer
pessoa que transita pela cidade, seja um jovem estudante ou turista, encontrará parcas
referências à história da escravidão e da cultura negra na região metropolitana do
Recife: o busto de Zumbi na praça do Carmo, a estátua de Solano Lopes no Pátio de
São Pedro; Dona Santa na praça defronte à rua Vidal de Negreiros, a Igreja de Nossa
Senhora do Rosários dos Homens Pretos, alguns baobás plantados em praças na
cidade... E pouco nada mais do que isso.”
http://www.encontro2018.historiaoral.org.br/resources/anais/8/1524268689_ARQUIVO_Lugaresdememoriadac
ulturanegraguillen.pdf)
QUESTÃO 8 IAUPE 2016
Em relação às manifestações culturais afrodescendentes do Recife, assinale a
alternativa CORRETA.
A) As práticas religiosas que foram elaboradas e (re)elaboradas pelos africanos
escravizados e libertos e pelos seus descendentes ficaram conhecidas pela designação
de religiões afro-brasileiras. Em Pernambuco, de uma maneira geral, essas práticas
receberam o nome de xangô.
B) O maracatu, segundo os historiadores, surgiu na capitania de Pernambuco, ainda no
século XVI, como uma forma de dança ritual na qual os homens definiam suas futuras
esposas.
C) Ao contrário de outras manifestações culturais, o maracatu, graças à atuação da liga
carnavalesca e de alguns folcloristas, pôde conservar sua forma de expressão. Assim,
os atuais grupos de maracatus são praticamente idênticos aos que existiram ao longo do
século XIX.
D) A capoeira, apesar de ter surgido na África, teve, no Brasil, uma grande disseminação
entre os escravos, que a praticavam como forma de luta. Após seus primeiros registros
terem sido feitos na Bahia, chegou ao estado de Pernambuco possivelmente em finais
do século XIX.
E) As religiões africanas, introduzidas pelos escravos em Pernambuco, tiveram relativa
liberdade, o que justifica, em certa medida, a sua existência até os dias de hoje.
QUESTÃO 9 IAUPE 2016
Leia os textos a seguir:
Texto I
“A cultura Afrodescendente tem sido muitas vezes reificada, apresentada como um repertório inerte
de tradições, como se não estivesse enraizada em processos culturais dinâmicos e em ambientes
sociais desiguais...”.
LIMA, I. M. de F.; GUILLEN, I. C. M. Cultura afro-descendente no Recife: maracatus, valentes e catimbós. Recife:
Bagaço, 2007. p. 39

Texto II
“A cultura e o folclore são meus / Mas os livros foi você quem escreveu... / Perseguidos sem direito
nem escolas / Como podiam registrar as suas glórias / Nossa memória foi contada por vocês / E é
julgada verdadeira como a própria lei / Por isso, temos registrado em toda a história / Uma mísera
parte de nossas vitórias / Por isso, não temos sopa na colher / E sim, anjinhos para dizer que o lado
mau é o Candomblé...”.

Texto III
“O preconceito racial a que são submetidos não só os maracatuzeiros e maracatuzeiras mas toda a
população negra desta cidade está oculto nas falas, nos procedimentos, nos gestos...”. LIMA, I. M. de F.;
GUILLEN, I. C. M. Cultura afrodescendente no Recife: maracatus, valentes e catimbós. Recife: Bagaço, 2007. p. 11.
QUESTÃO 9 IAUPE 2016
Com base nos textos, analise aspectos das manifestações culturais Afro-Brasileiras em
Pernambuco e assinale a alternativa CORRETA.
A) O livre exercício dos cultos religiosos bem como a proteção dos locais onde são realizados,
garantidos pela Constituição de 1988, foram decisivos para que não houvesse, nos últimos
anos, casos de intolerância religiosa em Pernambuco.
B) A permanência da cultura Afro-brasileira em Pernambuco demonstra que os
afrodescendentes, após a abolição da escravatura, tiveram suas condições sociais alteradas,
sendo reconhecidos e respeitados pelo Estado brasileiro bem como por sua sociedade.
C) Embora muito praticada em Pernambuco nos tempos de hoje, a capoeira só chegou a esse
Estado graças ao desenvolvimento da capoeira regional e capoeira de angola na Bahia.
D) A permanência da herança cultural afrodescendente no estado de Pernambuco só foi
possível devido às táticas estabelecidas pelos sujeitos históricos, que partilhavam e partilham
esses códigos culturais, constituindo-se em uma atitude de resistência em defesa da
identidade e do respeito à diversidade cultural.
E) A herança cultural afrodescendente em Pernambuco, como o maracatu, são verdadeiras
reproduções dos costumes africanos. No caso, o maracatu era a antiga coroação dos reis e
rainhas do congo.
QUESTÃO 10 IFTO
A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira
começou a ser delineada a partir do tráfico negreiro, quando milhões de
africanos "deixaram" forçadamente o continente africano e despontaram no
Brasil para exercer o trabalho compulsório. Sobre esta temática é correto
afirmar que:
(1) ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo:
EDUSP, 1982.
(2) VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva,
2001.
A) Houve uma homogeneidade cultural praticada pelos negros africanos, visto que
esta homogeneidade era de certa forma favorecida pelas origens similares dos
africanos, que oriundos do continente africano, acabavam por apresentava uma
prática cultural muito semelhante em alguns aspectos devido à região que
pertenciam.
QUESTÃO 10 IFTO
B) Além da prática cultural similar ressaltada, os africanos incorporaram práticas europeias e
indígenas, além de influenciá-los culturalmente. O intercâmbio cultural entre os elementos citados
contribuiu para uma formação cultural afro-brasileira pouco híbrida e peculiar.
C) Ao longo dos períodos pré-colonial, colonial, monárquico e republicano brasileiro, foi grande o
contingente de escravos africanos no Brasil, visto que o país constituía o maior mercado
consumidor do período. A contribuição desses escravos foi além da participação econômica, uma
vez que foram inserindo suas práticas, seus costumes e seus rituais religiosos na sociedade
brasileira, contribuindo, dessa forma, para uma formação cultural peculiar no Brasil.
D) Importante ressaltar que as práticas desses escravos africanos eram muito semelhantes entre
si, pois eles eram oriundos do continente africano. De acordo com VAINFAS (2001 p.66) (2),
durante o período pré-colonial e colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos
traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período, passou-se a designá-los a partir da região ou
porto de embarque, ou seja, das áreas de procedência.
E) O escravo africano era um elemento de suma importância no campo econômico do período
colonial sendo considerado "as mãos e os pés dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil
não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente" (ANTONIL, 1982,
p.89) (1). Contudo, a contribuição africana no período colonial foi muito além do campo
econômico, uma vez que os escravos souberem reviver suas culturas de origem e recriaram novas
práticas culturais através do contato com outras culturas.
GABARITO
1.E
2.C
3.D
4.C
5.A
6.A
7.A
8.A
9.D
10.E

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