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O batuque do samba pede passagem

O ritmo pode ser uma ótima porta de entrada para conhecer instrumentos musicais muito presentes na
cultura brasileira
Sambas-enredo
Trabalhe importantes aspectos da Língua Portuguesa e da história brasileira ao resgatar sambas-enredos
famosos do Carnaval carioca
Lugar de samba é dentro da escola
Conheça o projeto do professor Alessandro Branco, que deu aulas de Música e trabalhou diversos
aspectos da obra do compositor Cartola com os alunos
Dia de festa também é dia de aprender
Planeje o calendário e veja como os alunos podem aprender com o significado de vários eventos
O jeito adequado de trabalhar o folclore
Não deixe para abordar as manifestações culturais apenas nas datas festivas. Saiba como tratar do tema no
decorrer do ano na Educação Infantil e no Ensino Fundamental
Restos do Carnaval, de Clarice Lispector
Neste conto, publicado no livro Felicidade Clandestina, a autora relembra como a festa era na época de
sua infância. Ótimo texto para trabalhar a história do Carnaval com a turma
O Carnaval carioca
O Rio de Janeiro é uma das cidades mais famosas pela sua festa de Carnaval. Mas será que seus alunos
conhecem todas as particularidades da comemoração na Cidade Maravilhosa?
O Carnaval baiano
Conheça as características históricas e músicas do evento que já foi eleito o maior Carnaval de rua do
mundo
O Carnaval de Olinda
Como o Carnaval de Pernambuco vai além dos bonecos gigantes de Olinda
Marchinhas
Apresente aos alunos o gênero musical de marchas como A Jardineira, Mamãe Eu Quero, Ó Abre Alas e
muitas outras
O afoxé
Famosa na Bahia, a manifestação cultural une música e religiosidade
Maracatu
Conheça os dois tipos do ritmo que toma conta de Pernambuco nessa época
O Fofão está na rua!
Você sabia que o boneco, famoso no Carnaval de São Luís,tem sua origem na Commedia dell'arte, gênero
criado na Itália no século 15? Conheça melhor o personagem e a importância de contextualizar as
fantasias reproduzidas pelos alunos
O Carnaval de Olinda
Frevo, maracatu e bonecões distribuídos pelas ladeiras de Pernambuco embalam o tradicional carnaval
do estado
Região: Nordeste
Olinda, Pernambuco
Carnaval de Olinda
Ritmos predominantes - frevo e maracatu
Maracatu
Existem dois tipos de maracatu, o de Baque Virado, também conhecido como Maracatu Nação, e o de
Baque Solto, também chamado de Maracatu Rural. O registro mais antigo que se tem sobre o Maracatu de
Baque Virado data de 1711, mas sua origem é incerta. O que se sabe é que ele surgiu em Pernambuco e
vem se transformando desde então. A manifestação tem relação com o candomblé (religião de matriz
africana) e com a coroação de escravos negros, antiga estratégia de dominação desse povo pelos
colonizadores. O ritmo é marcado por instrumentos de percussão e a dança se desenvolve num cortejo que
conta com rei, rainha e toda uma corte simbólica. Já o Maracatu Rural não tem vínculo religioso e se
associa ao folclore pernambucano. As personagens principais dessa manifestação são os caboclos de
lança, representados por trabalhadores rurais que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra e
carregam peso, bordam suas fantasias e tocam o ritmo acelerado da música.
Frevo
Muito mais do que apenas um ritmo, o frevo é uma manifestação cultural genuinamente pernambucana
que mistura música e dança. O frevo surgiu na cidade de Recife no seio das classes trabalhadoras, que no
final do século 19 se organizavam em agremiações carnavalescas conhecidas como "clubes pedestres".
Esses grupos passaram a ocupar os espaços urbanos antes dominados apenas pelos chamados "clubes de
alegoria e críticas", que abrigavam as oligarquias locais e pretendiam mostrar um carnaval culto, no qual
não havia espaço para os pobres.
História - A história do carnaval de Olinda se confunde com a história da folia no Recife, capital de
Pernambuco. A configuração atual do carnaval de Pernambuco é relativamente recente, que foi marcado
pelo surgimento de agremiações como o Clube Carnavalesco Misto Lenhadores (1907), e o Clube
Carnavalesco Misto Vassourinhas (1912) - ambos ainda presentes nos carnavais da atualidade.
O carnaval de Olinda, especificamente, preserva as tradições da folia pernambucana. Todos os anos, pelas
ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações carnavalescas e tipos populares, que
mantêm vivas as genuínas raízes da mais popular festa do Brasil. São clubes de frevo, troças, blocos,
maracatus, caboclinhos, afoxés, cujas manifestações traduzem a mistura dos costumes e tradições de
brancos, negros e índios, base da formação da cultura brasileira.
Em 1977 o carnaval de Olinda se tornou eminentemente popular. Nesse ano, foram abolidos da folia
olindense a comissão julgadora, a passarela e o palanque das autoridades, elementos considerados
cerceadores da plena participação popular, o que lhe garantiu através do tempo o título de "Carnaval
Participação". Hoje, mais de um milhão de pessoas vindas de todo o mundo lotam as ruas e ladeiras do
Sítio Histórico da cidade em busca da efervescência e da alegria da festa. Uma folia alimentada por cerca
de 500 agremiações carnavalescas locais e de outros municípios pernambucanos.
O desfile - Em Olinda a festa do frevo é eminentemente democrática e popular, características que se
evidenciam na convivência harmoniosa do frevo com outras manifestações culturais da cidade, como o
maracatu. Uma festa que, a cada ano, se torna ainda mais participativa graças à disposição do governo de
Olinda de resgatar as características culturais e ampliar a integração popular de uma das maiores
manifestações coletivas do Brasil.
Dentre os elementos característicos da folia olindense estão os bonecos gigantes, dos quais todo ano são
criados novos tipos, e hoje já são mais de uma centena desfilando nas ruas e ladeiras da cidade. Esses
bonecos são uma herança europeia e têm sua origem nas procissões do século 15, nas quais os bonecos
acompanhavam os cortejos religiosos. O primeiro boneco a sair às ruas de Olinda foi o Homem da Meia-
Noite, que anima a folia desde 1932. Os tipos populares também sempre desfilam pelas ladeiras de
Olinda. A cada ano, eles representam personagens inspirados tanto nos noticiários, como nos mais
tradicionais costumes, carregando em suas fantasias a crítica social tradicionalmente presentes no
carnaval da cidade.
O carnaval é aberto a todos; não existe cobrança de ingressos ou necessidade de abadás. Desde cedo,
crianças são trazidas pelos pais para participar da festa; de outro lado, pessoas da terceira idade retornam
à juventude e também caem na folia. Em Olinda, os festejos são protagonizados pelo povo. Não existem
sambódromos na cidade: todas as ruas são tomadas pelo povo. Não há trios elétricos em Olinda: a
animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que formam grupos de todos os matizes, com variados
instrumentos e tocando as músicas que desejarem. Não há programação no carnaval de Olinda: há apenas
um dia para começar e outro para terminar; há blocos que ficam até tarde da noite, outros que saem no
começo da manhã. Considerado o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada arrasta 1,5 milhão de
pessoas para o centro do Recife.
O carnaval baiano

Conheça as origens do carnaval que atrai milhões de pessoas de todo o mundo e mistura ritmos, raças e
crenças em um só cenário
Região: Nordeste
Salvador - Bahia
História - A origem do carnaval baiano é a mesma de todos os carnavais comemorados nas áreas urbanas
brasileiras no início do século 20. Blocos, cordões e sociedades carnavalescas existiam em todo o estado.
As manifestações mais populares eram concentradas na Baixa do Sapateiro, onde a grande diversão era
fazer brincadeiras muito próximas as do entrudo. É na década de 50 que o carnaval baiano começa a
tomar a forma que conhecemos hoje - com foliões se divertindo atrás de carros de som, que
posteriormente, seriam batizados de trios elétricos.
Trio elétrico é o nome pelo qual é chamado o caminhão adaptado com aparelhos de sonorização com
estrutura para shows de aproximadamente sete horas. O carro que deu origem ao que chamamos de trio
elétrico hoje foi criado pelos amigos Adolfo Antônio do Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares Macedo
(Osmar), no ano de 1950. Osmar, que era proprietário de uma oficina mecânica, decidiu decorar um Ford
1929 com vários círculos coloridos, como se fossem confetes e colou uma placa com os dizeres "Dupla
elétrica". Dodô montou uma fonte que foi ligada à corrente de uma bateria de automóvel, que alimentava
o funcionamento dos alto-falantes instalados no carro. A dupla saiu no domingo de carnaval pelas ruas de
Salvador e arrastou milhares de folião. No ano seguinte, a dupla convidou um amigo para formar um trio,
o "trio elétrico".

A partir de então, novos trios elétricos surgiram no carnaval de Salvador. Nessa época, os músicos ainda
tocavam em cima de caminhonetes, em estruturas bem diferentes dos trios atuais. Na década de 60, a
Prefeitura de Salvador começou a promover concursos de trios elétricos, assim, os desfiles dos trios se
tornava tradição na Bahia. Isso permitiu que no decorrer dos anos, os carros fossem aperfeiçoados e já na
década de 80 existiam trios com palcos giratórios e elevadores automáticos.

No início da década de 1990, o carnaval de Salvador passa a ser profissionalmente comercializado e atrai
dezenas de patrocinadores, sem necessitar tanto do aporte da Prefeitura de Salvador. A partir de então,
novos ritmos passaram a fazer parte da festa, como o pagode e a música afro.
Para organizar o público de cada bloco carnavalesco e tornar os trios economicamente rentáveis foram
criados os abadás, camisas identificadas com os nomes e cores de cada bloco, que dão direito aos foliões
brincar dentro das cordas.
Aos foliões que não possuem abadá também é dado direito de brincar o carnaval. Batizados de pipoca,
esse público curte o carnaval do lado de fora dos trios e pode acompanhar o artista de sua preferência ao
longo do circuito. Existem três circuitos principais.

Ritmos predominantes - Axé e afoxé


Axé music
Axé music, a partir da década de 90, os baianos adotaram o estilo musical como trilha sonora dos
preparativos para o Carnaval. O ritmo representa a união entre vários estilos (afro, frevo baianos, samba).
Nomes como Daniela Mercury, Margareth Menezes e Luiz Caldas ajudaram a projetar o axé music para o
Brasil todo. O ritmo rapidamente se espalhou pelo país todo (com a realização de carnavais fora de época,
as micaretas), e fortaleceu-se como indústria, produzindo sucessos durante todo o ano.

Afoxé
De origem iorubá, a palavra afoxé poderia ser traduzida como "a fala que faz". Para alguns pesquisadores
seria uma forma diversa do maracatu. Três instrumentos básicos fazem parte desta manifestação. O afoxé
(ou agbê), cabaça coberta por uma rede formada de sementes ou contas, os atabaques, e o agogô, formado
por duas campânulas de metal. As melodias entoadas nos cortejos dos afoxés são praticamente as mesmas
cantigas entoadas nos terreiros afro-brasileiros que seguem a linha jexá. O Afoxé, longe de ser, como
muita gente imagina, apenas um bloco carnavalesco, tem profunda vinculação com as manifestações
religiosas dos terreiros de candomblé.

Como se comemora -Durante o Carnaval, a cidade de Salvador costuma receber mais de dois milhões de
turistas vindos de todo o mundo. A festa é dividida em três circuitos - Osmar (Campo Grande), Dodô
(Barra-Ondina) e Batatinha (Centro Histórico), mas há também palcos alternativos com atrações de rock,
hip hop, música eletrônica e samba. Trios dos mais variados estilos se intercalam nos três circuitos
principais - atrás de um trio elétrico de uma banda de axé pode vir um bloco afro, um afoxé. Em Salvador,
a folia dura seis dias, começando numa quinta e indo até a terça de Carnaval. Em 2005, o evento foi eleito
pelo Guinness Book o maior carnaval de rua do mundo, com 2 milhões de foliões.
O carnaval carioca

Ao som de sambas-enredo e marchinhas,a cidade do Rio de Janeiro recebe milhões de foliões em suas
ruas, quadras e na Sapucaí
Região: Sudeste
Rio de Janeiro/ RJ
Ritmos predominantes: sambas-enredo e marchinhas de carnaval
História - No ano de 1840, a alta sociedade carioca começou a realizar bailes de carnaval no Rio de
Janeiro. Inspirados nas festas que aconteciam na Europa, os encontros eram regados a muita bebida
comida e ritmos tipicamente europeus, como a valsa, a quadrilha. Enquanto isso, nas ruas da cidade,
milhares de foliões continuavam a brincar o entrudo - festa portuguesa em que foliões fantasiados dançam
e jogam limões de cheiro, farinha ou água nas outras pessoas que brincavam.
Algumas décadas depois, começam a surgir os primeiros cordões e os ranchos carnavalescos cariocas,
embalados por muitos elementos da cultura negra. As duas manifestações originaram os blocos de
carnaval e as escolas de samba da cidade.
Os cordões eram identificados pela figura do "Zé Pereira", originalmente tocadores de bumbo que
acompanhavam procissões em Portugal. Esses personagens se espalharam pelo Rio de Janeiro no século
19 e saíam às ruas cantando o refrão "viva o zé-pereira/ Viva, viva, viva!". Foram os precursores do surdo
de marcação, usado até os dias de hoje pelas escolas de samba. Conduzidos por um mestre que
comandava o instrumental percussivo, todos os participantes do bloco com seu apito, os cordões eram
formados por foliões fantasiados de palhaços, diabos, baianas, morcegos e índios.
Os ranchos se tratavam de cordões mais organizados, com mais luxo e refinamento do que os cordões. O
instrumental era composto de violões, cavaquinhos, flautas e clarinetas e embalavam mestres-salas, um
coro e uma espécie de ala coreografada.
A primeira escola de samba carioca (Deixa Falar) foi fundada no ano de 1928, no bairro carioca de
Estácio, centro do Rio de Janeiro. Anos depois, começou a competição entre elas, disputada na Praça
Onze. No ano de 1935, as escolas de samba do Rio de Janeiro passam a ser oficialmente reconhecidas e
entram na programação oficial da cidade e elas passam a desfilar na Avenida Rio Branco. Em 1962, o
Departamento de Turismo da cidade construiu arquibancadas e implantou a venda de ingressos no
circuito das escolas de samba. Vinte e dois anos depois, o sambódromo carioca foi inaugurado. O espaço,
projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, possui 85 000 metros quadrados. As disputas do grupo especial
e dos grupos de acesso das escolas de samba cariocas acontecem no mesmo espaço desde então.
Samba-enredo - Como o próprio termo sugere, o samba-enredo é aquele que narra a história que a escola
de samba vai apresentar na avenida. O gênero surgiu na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1930 e na
mesma década já se popularizou nas quadras das agremiações. De acordo com o livro "Almanaque do
Carnaval", o encurtamento dos sambas enredo e a massificação deles foram a base do esvaziamento do
papel do samba-enredo durante o desfile. Para alguns críticos, sua função se restringe a mero fundo
musical do espetáculo.

Marchinha - Esse gênero musical tem origem nas marchas populares portuguesas e foi o principal ritmo
do Carnaval brasileiro da década de 1920 à década de1960. Também chamada de marcha de Carnaval, as
marchinhas tiveram a pianista Chiquinha Gonzaga como mãe de composição. As marchinhas atingiram
seu auge com as interpretações de nomes consagrados da música popular brasileira, entre eles Carmen
Miranda, Dalva de Oliveira, João de Barro, o Braguinha, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo.

O desfile - No Rio de Janeiro, cada escola do grupo especial possui 82 minutos de desfile e chega a ter
5000 componentes. As escolas têm seus integrantes divididos em alas, e cada ala desfila com a mesma
fantasia. Toda agremiação possui uma bateria, composta por aproximadamente 500 ritmistas, que tocam
os instrumentos de percussão. Uma ala de baianas, figura tradicional do carnaval carioca, é obrigatória. A
escola que levar menos baianas do que o regulamento prevê, inclusive, perde pontos.
O desfile começa com os integrantes da comissão de frente, formado por 15 pessoas em média que vem
na frente da escola, em geral com uma apresentação teatral ou coreográfica.
As alegorias, que são os carros alegóricos, são espaços reservados para os destaques, figuras centrais do
enredo, os passistas que são os componentes que desfilam "sambando no pé", já que as alas evoluem e
não sambam. Algumas alas apresentam coreografias ensaiadas, e atualmente os componentes dos carros
também podem apresentar coreografias. Também fazem parte do desfile os diretores de harmonia, que
são integrantes responsáveis pela organização do desfile, o casal de mestre sala e porta bandeira,
responsáveis pela condução do pavilhão da escola. Todos os componentes devem cantar o samba enredo,
liderados pelo cantor oficial da escola, o intérprete.
Os quesitos julgados são: Harmonia, mestre-sala e porta-bandeira, conjunto, evolução, comissão de
frente, fantasias, alegoria, enredo, bateria e samba-enredo.

Os blocos de rua - Apesar de o Rio de Janeiro possuir uma tradição muito forte de escolas de samba, o
carnaval de rua da cidade também é bastante movimentado. No ano de 2011, aproximadamente cinco
milhões de pessoas brincaram pelos bairros do Rio. Embalados pelas tradicionais marchinhas ou por
sambas enredo criados pelos compositores de cada bloco, que possui dia e hora para sair, bem como um
circuito definido.
Alguns blocos famosos: Banda de Ipanema, Imprensa que eu gamo, Bloco do Barbas, Simpatia é quase
amor, Suvaco do Cristo, Cordão do Bola Preta, Cacique de Ramos.

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