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Ciência Hoje das Crianças

Conteúdo do Link: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/quem-nao-gosta-de-samba/

Quem não gosta de samba…


Encha os bolsos de confete e serpentina e venha conhecer a história do carnaval
carioca
8 BAÚ DA CHC - 0 3 -0 3 -2 0 1 4 d ARTE E CULTURA IMPRIMIR PDF

Colocar uma fantasia, juntar-se a um bloco na rua e cair na folia: quem está passando o
carnaval no Rio de Janeiro provavelmente experimentou essa festa. Mas muitos foliões e foliãs
de hoje não sabem que esta maneira de celebrar o carnaval tem origens lá no início do século
19.

Naquela época, a festa tomava as ruas, com músicas de todos os ritmos tocando sem parar e
pessoas jogando água umas nas outras. Esse jeito de brincar o carnaval era chamado
“entrudo” e, por mais que parecesse divertido, tinha gente que não gostava.

Esta pintura de Augustus Earle, de 1822, retrata as brincadeiras do “entrudo”. (imagem: Wikimedia
Commons)

O “entrudo” era para todos. Em alguns lugares da cidade, reuniam-se os pobres, cuja maioria
era de negros; em outros pontos, ficavam os brancos de classes mais altas. Porém, depois da
chegada da Corte portuguesa no Brasil, em 1808, os hábitos começaram a mudar. Os tais
ricos resolveram proibir o “entrudo” e copiar o elegante carnaval dos desfiles, típico da cidade
francesa de Nice.

Por volta de 1840, formaram-se as chamadas sociedades carnavalescas. Eram grupos


organizados que, em geral, usavam fantasias reproduzindo as roupas da Corte e desfilavam
em carros maravilhosos pelas ruas do centro da cidade. Nessa época, surgiram também os
bailes de máscaras. Essa nova maneira de brincar o carnaval era considerada muito mais

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bonita que o “entrudo”. Só que os pobres não podiam entrar na festa…

Carnaval às escondidas

A partir de 1907, a recém-


construída Avenida Rio Branco
virou passarela dos pomposos
carros alegóricos. Nas ruas
transversais a essa avenida
principal, os que eram excluídos
da festa enfrentavam a polícia e
faziam seu próprio carnaval. Eles
vinham a pé, formando os
chamados cordões, que deram
origem aos blocos.
Carnaval popular na Avenida Rio Branco. (foto: Arquivo Nacional)
Além dos cordões, um grupo
vindo da Bahia depois da abolição
da escravatura, em 1888, denominado negros baianos, também teve papel importante na luta
pela manutenção do carnaval popular. Eles formavam os ranchos, que a princípio eram uma
espécie de procissão religiosa – só que, como tudo acaba em samba, também eram parte do
carnaval.

As classes média e alta continuavam sem querer ouvir falar dessa folia de pobres e insistiam
com a polícia para impedi-lo. Mas existia um lugar na cidade em que os pobres podiam fazer
seu carnaval sossegados: a Praça Onze. Os mais ricos não iam lá porque achavam que os
batuques eram de mau gosto e que todos os que lá estavam eram ladrões e encrenqueiros.

Mal sabiam eles que os batuques virariam o nosso famoso samba e que, dentre os que eram
considerados foras-da-lei, estavam pessoas que mais tarde seriam reconhecidas como
grandes compositores!

Ricos e pobres na avenida

Só depois de 1920 o tal carnaval dos pobres ganhou força. Alguns intelectuais da época
passaram a frequentar a Praça Onze, onde conheceram homens que eram vistos como
malandros só porque queriam ganhar a vida compondo e cantando samba.

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Hoje o desfile das escolas de samba é uma das principais atrações do carnaval do Rio de Janeiro. (foto:
Marcus Correa / Flickr / CC BY-NC-ND 2.0)

Na década de 1930, o carnaval popular foi reconhecido e começou a se organizar melhor. O


desfile das escolas de samba foi oficializado e, em pouco tempo, o Rio de Janeiro passou a
atrair turistas de todos os cantos do mundo para esta grande festa!

(Esta é uma reedição do texto publicado na CHC 65.)

Rachel Soihet, Departamento de História, Universidade Federal


Fluminense

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