SEG13JUL

Segunda-feira
13 de Julho de 2020
Ano 45 • N.º 16050

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR
www.jornaldeangola.co.ao

WALTER FERNANDES

MINISTRA DAS FINANÇAS, VERA DAVES

NESTA EDIÇÃO
ADEBAYO VUNGE
Dos cooperantes
aos expatriados
OGE Revisto é mais
pragmático e realista
OPINIÃO • 11

IGREJA UNIVERSAL

Em véspera da discussão na Assembleia Nacio- dos trabalhadores da Função Pública. Ao

Obreiros da ala brasileira
criam desacatos no Prenda
SOCIEDADE • 28
nal do OGE 2020 Revisto, a ministra das Finan-
ças, Vera Daves, em entrevista ao Jornal de
Angola , fala das grandes novidades deste
documento regulador da economia nacional
e as diferenças com o que está em execução,
numa altura em que o país e o mundo vivem
um clima de grandes incertezas, agravado
pela crise sanitária da Covid-19. Vera Daves
assegura, entretanto, que estão salvaguardados
os interesses sociais, entre os quais os salários
abrigo do aviso do Banco Nacional de Angola,
a ministra lembrou que os bancos comerciais
têm de emprestar dinheiro aos empresários
a taxas de juro mais baixas, para gerar
empregos. “O Estado, sozinho, não vai
conseguir criar os empregos de que se
precisa e vai precisar destes parceiros
e com eles agir em concertação”, real-
çou a ministra das Finanças.
ENTREVISTA • 8 | 9

NUNO NABIAN EM LISBOA

Guineenses exigem CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA JUDICIAL ABRE CONCURSO
reposição da legalidade

Tribunal de Contas abre concurso para 4 vagas

constitucional no país
ÁFRICA • 13

REVELAÇÕES
POLÍTICA • 3

M. MACHANGONGO| EDIÇÕES NOVEMBRO

COMUTAÇÃO DE PENA

ÚLTIMAS 24 HORAS
Republicano

Presidente da FAF
quebra silêncio
DESPORTO • 31
Mais um óbito acusa Trump
de corrupção

e 23 infecções
O senador republicano Mitt Rom-
ney, um dos poucos membros
do partido do Presidente Donald
Trump a criticá-lo abertamente,
condenou, sábado, a decisão do
DESTAQUE • 4 a 7 mandatário americano de comutar
a pena de prisão de 40 meses do
seu amigo e assessor de campanha,
Roger Stone, acusando-o de “cor-
rupção histórica” no país. Stone
foi condenado a 40 meses de prisão,
que deveria começar a ser cum-
prida esta semana. MUNDO • 14

VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO

AUDITORIA INDEPENDENTE MÚSICA
CIRCULAÇÃO
Irregularidades nas contas Inovação
Comboios de 2017 do Fundo Soberano de Nino Jazz DR

de volta ao O auditor PwC entende

que as contas do exercício
de 2017 do Fundo Soberano
ras”. De acordo com o rela-
tório da auditoria às contas
da entidade, na altura sob

Bié e Moxico de Angola (FSDEA) apre-

sentam um conjunto de
irregularidades, que jus-
tificam a “não expressão
de sua opinião sobre as
demonstrações financei-
gestão de José Filomeno
“Zenu” dos Santos, o Fundo
Soberano de Angola teve
um resultado líquido nega-
tivo de 384,2 milhões de
dólares. ECONOMIA • 12

ÚLTIMA • 32 COVID-19
#FiqueEmCasa CULTURA • 29
2 POLÍTICA Segunda-feira
13 de Julho de 2020

OGE REVISTO É VOTADO NA GENERALIDADE AMANHÃ CAIXA DE SEGURANÇA E PROTECÇÃO SOCIAL LUNDA-NORTE
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Ministro constata Cadeia de

projectos habitacionais
O ministro do Interior, Eugé-
nio Laborinho, quer celeri-
dade no processo de conclusão
dos projectos habitacionais
do sector, que estão sob a res-
ponsabilidade da Caixa de
Segurança e Protecção Social.
Eugénio Laborinho visitou,
no sábado, os projectos habi-
tacionais do Ministério do
Interior sediados em Luanda.
A visita de Eugénio Labo-
rinho começou no Condo-
mínio Hebron, ao Benfica,
que conta com mais de 32
casas já prontas e que, segundo
a Caixa de Segurança e Pro-
tecção Social, já poderá receber
os primeiros moradores, tendo
recebido explicações técnicas
da empresa construtora.
A jornada de campo do
ministro do Interior prosseguiu
Deputados vão manter encontros com os ministros da equipa económica e de outros sectores até às casas sociais do Con-
domínio Jóias da Camama,
com 108 residências, em fase
conclusiva. Acompanharam
a jornada de campo do minis-
tro, o secretário de Estado do
Interior para o Asseguramento
Técnico, Salvador Rodrigues
"Dodó" e membros do Con-
selho Consultivo do Ministério
do Interior.
A Caixa de Protecção Social
do Ministério do Interior tem
como missão proteger e garan-
tir, de forma sustentável, um
futuro digno ao efectivo deste
órgão e seus familiares.
O assegurado da Caixa tem
que ter 30 anos de serviço ou
55 anos de idade, desde que
tenha contribuído por um
período mínimo de 180 meses,
conforme a legislação em
vigor.Além de Luanda, estão
em curso outros projectos habi-
tacionais nas províncias de Ben-
guela, Cuanza-Sul e Cabinda.
Cacanda está
superlotada
O estabelecimento prisional
de Cacanda, na província da
Lunda-Norte, com capacidade
para apenas 480 reclusos,
encontra-se sobrelotado com
578 presos, entre nacionais
e estrangeiros, afirmou ontem
director local dos Serviços
Prisionais, José Lucala.
Em declarações à im-
prensa, à propósito da rein-
tegração social dos reclusos,
José Lucala sublinhou que do
referido número 302 prisio-
neiros são condenados e 276
estão na condição de detidos,
mas descartou a existência
de excesso de prisão preven-
tiva na instituição prisional.
Quanto à reintegração,
disse estarem, de momento,
92 reclusos inseridos em pro-
gramas de alfabetização, for-
mação profissional (na área
de Informática) e na actividade
agrícola, visando manter o

Discussões com Executivo

DR
sustento depois de soltos.
O director dos Serviços Pri-
sionais na Lunda-Norte refe-
riu-se, ainda, à existência de

vão iniciar na quinta-feira um pavilhão de artes e ofícios

no estabelecimento prisional,
que a partir de 17 de Setembro
aumenta as opções de forma-
Proposta do OGE Revisto é o ponto único da ordem do dia da ção nas áreas de serralharia,
electricidade e carpintaria.
6ª reunião plenária extraordinária da Assembleia Nacional Recentemente foram soltos
171 reclusos, no âmbito das
As Comissões de Trabalho dente da República, ministros de revisão do OGE é uma medidas de prevenção e com-
Especializadas da Assembleia da equipa económica e do medida fundamental e pru- bate à Covid-19, mas ainda
Nacional iniciam, na quinta- sector da Economia Real. dente para ajustar as projec- assim o estabelecimento
feira, a discussão, na espe- Na sexta-feira as reuniões ções dos pressupostos ma- regista 98 presos além da sua
cialidade, da proposta de Lei prosseguem com a ministra croeconómicos às condicio- capacidade, numa altura em
que aprova o Orçamento Geral de Estado para a Área Social nantes impostas pelo actual que se debate com a escassez
do Estado Revisto para 2020, e ministros do Sector Social. contexto económico mundial de água, o que dificulta a lava-
cuja votação na generalidade A votação final global da marcado pela pandemia da gem frequente das mãos para
acontece amanhã. Proposta de Lei de Revisão Covid-19, que provocou um Eugénio Laborinho visitou projectos habitacionais em Luanda prevenção da doença.
A proposta do OGE Revisto, do OGE 2020 está prevista desequilíbrio sistémico à
ponto único da ordem do dia para o dia 28 deste mês. escala global.
da 6ª reunião plenária extraor- Na quinta-feira, os depu- Angola, disse, não foi
dinária, estima receitas de tados aprovaram o relatório excepção devido à queda OPERAÇÃO TRANSPARÊNCIA NA LUNDA-NORTE
13,4 mil milhões de kwanzas parecer sobre a Proposta de repentina do preço do barril
e fixa despesas em igual mon- Lei do Orçamento Geral do de petróleo no mercado inter-
tante, o que representa uma
redução de 15,75 por cento,
Estado (OGE) Revisto para o
ano em curso.
nacional. Kilamba Van-
Dúnem falou dos pressupostos
Apreendidas centenas de diamantes
comparativamente ao OGE A presidente da Comissão macroeconómicos que esti-
em execução. de Economia e Finanças da veram na base da revisão do As Forças de Defesa e Segu- apreendidos 74.900 dólares estrangeiros em situação
Segundo o calendário divul- Assembleia Nacional, Ruth OGE, tendo destacado a infla- rança apreenderam, nos últi- norte-americanos, 540.500 migratória irregular.
gado pela Assembleia Nacio- Mendes, explicou, na ocasião, ção média de 25 por cento, mos dois meses, 462 pedras kwanzas, 34.500 dólares fal- Foram também encerra-
nal, na quinta-feira, nas que no OGE Revisto há uma produção petrolífera de 469,7 de diamantes na província sos, entre outros meios uti- das 96 igrejas, sendo 54 por
Comissões de Trabalho Espe- redução das receitas e um mil milhões de barril dia, o da Lunda-Norte, no âmbito lizados para exploração ilegal exercício ilegal da actividade
cializadas reúnem-se com o ajuste das despesas que devem preço do petróleo bruto de da “Operação Transparência”. de diamantes. religiosa e 24 por falta de ins
ministro de Estado para a Coor- ser executadas. 33 dólares por barril, preço Dos diamantes apreendi- A “Operação Transparên- talações condignas para rea-
denação Económica, ministra O deputado Kilamba Van- médio de gás de 19 dólares dos, 200 (46, 8 quilates) estão cia” visa combater o tráfico lização de cultos e 107 esta-
de Estado para a Área Social, Dúnem, que apresentou o por barril e um crescimento avaliados em 9 milhões de ilícito de diamantes e a imi- belecimentos comerciais por
ministro de Estado e Chefe da relatório aos demais depu- negativo do produto de 3,6 dólares, enquanto as outras gração ilegal. Em 2019, no falta de requisitos para o
Casa de Segurança do Presi- tados, afirmou que a proposta por cento. 262 estão por avaliar, indica quadro desta operação, 6.579 exercício da actividade. As
um relatório da Delegação do pedras de diamantes (por infracções registadas, no
Ministério Interior na Lunda- avaliar), 19 viaturas e 275 mil quadro das transgressões
Norte a que a Angop teve dólares norte-americanos administrativas, renderam
Deputados avaliam acções no Luquembo ontem acesso. No decurso da
operação foram, também,
foram apreendidos, bem
como detidos 147.379 cidadãos
aos cofres do Estado
16.543.420 kwanzas.
Eduardo Cunha e Venâncio Víctor| Malanje informados do início, esta semana, da terra- DR
planagem de 120 quilómetros do troço que
Um grupo de deputados do círculo provincial liga a comuna de Cunga Palanca a de Quimbango.
de Malanje avaliou o grau de execução física As obras, a cargo da empresa “Man Beto”, terão
e financeira dos projectos de combate à pobreza duração de seis meses e estão orçadas em
e do Plano Integrado de Intervenção nos Muni- mais de 500 milhões de kwanzas.
cípios (PIIM) na localidade de Luquembo, 280 O empreiteiro garantiu estar já montado o
quilómetros a sul da cidade de Malanje. estaleiro, enquanto outros equipamentos estão
A comitiva, encabeçada pelo deputado Jun- a ser instalados para o arranque da empreitada,
queira Dala, inspeccionou as obras de construção que contará com 40 trabalhadores. Os deputados
de uma escola de 12 salas, no âmbito do PIIM, aconselharam os cidadãos a serem os primeiros
visitou o centro de formação profissional, fiscalizadores das obras, que estão a ser feitas
armazém de descasque de arroz, bem como para a resolução dos problemas sociais.
o hospital municipal. O administrador municipal de Luquembo,
Em declarações à imprensa, no final da Alcino Siabala, disse que o PIIM já arrancou
visita, Junqueira Dala disse que Luquembo no município, com execução de quatro projectos,
está a cumprir os programas que visam a como a construção de uma escola de 12 salas
melhoria das condições de vida das populações, e outra de sete, reparação de duas vias de
sobretudo, nos domínios económico e social. acesso com 60 quilómetros de estradas que
Em relação ao PIIM, os deputados foram ligam Capunda a Quimbango e Cunga Palanca. Processo iniciado em 2019 visa combater o tráfico ilícito de diamantes e a imigração ilegal
POLÍTICA Segunda-feira
13 de Julho de 2020
UÍGE
Julgamento
de activista
retomado hoje
O Tribunal da Comarca do
Uíge retoma, hoje, o julga-
mento da primeira acção cri-
minal que um membro do
Governo Provincial move
contra um activista cívico
na província.
Trata-se do vice-gover-
nador do Uíge para os Serviços
Técnicos e Infra-Estruturas,
Afonso Luviluku, que acusa
um activista de difamação e
calúnia. Na sessão de hoje está
prevista a audição das teste-
munhas arroladas ao processo,
tanto pela acusação como pela
defesa, segundo informou ao
Jornal de Angola o chefe da
secretaria do Tribunal, Augusto
João Eduardo Manuel.
Estão arrolados no pro-
cesso-crime de difamação
e calúnia o deputado do cír-
culo provincial do Uíge Félix
Lucas e o administrador
municipal do Uíge, Emílio
de Castro, por parte do
arguido, enquanto por parte
da acusação vão ser ouvidos
o chefe do Gabinete Provin-
cial das Obras Públicas e Ser-
viços Técnicos, António
Vicente Lima, e a directora
do Gabinete do vice-gover-
nador, Inês Canga.
A audiência começou no
dia 22 de Junho, com o inter-
rogatório do arguido, Jorge
Kisseque. No dia seguinte
foram ouvidos os argumentos
de razão do queixoso, no
caso, o vice-governador para
os Serviços Técnicos e Infra-
Estruturas, Afonso Luviluku.
O funcionário do tribunal
informou, ainda, estar já
marcado para o dia 20 de
Julho a leitura das alegações
finais, que determinará o dia
da leitura da sentença do
caso mais mediático que se
vive actualmente na pro-
víncia do Uíge.
O caso remonta a 24 de
Maio de 2019, quando Jorge
Kisseque endereçou uma
carta ao anterior governador
da província, Pinda Simão,
acusando o vice-governador
de ser o culpado pela não
reabilitação da estrada de
acesso ao município dos
Buengas, da não conclusão
das infra-estruturas inte-
gradas do bairro Kandombe
Velho assim como das ruas
do Kandombe Novo, na
cidade do Uíge.
Na carta, que fundamen-
tava a solicitação de autori-
zação para a realização de
uma marcha de protesto, atri-
buía ainda ao vice-governador
a responsabilidade pela não
conclusão das obras da Media-
teca do Uíge, da Casa da Juven-
tude e da estrada de acesso à
Universidade Kimpa Vita,
factos que a acusação consi-
dera “absurdos” e atentatórios
ao bom nome do visado.
A acusação, a que o Jornal
de Angola teve acesso, adianta
que através das redes sociais
(facebook) o activista teria
divulgado conteúdos ofensivos
contra o queixoso, tendo ainda
usado indevidamente a foto-
grafia deste, em matérias que
servia para mobilizar as pessoas
para a marcha que realizou.
Silvino Fortunato | Uíge
NAMIBE
MPLA prioriza apoio
às zonas mais recônditas
O primeirosecretário do MPLA
no Namibe, Archer Mangueira,
disse, no sábado, em Moçâ-
medes, que as acções imple-
mentadas pelo Governo devem
incidir, sobretudo, para as
comunidades que vivem nas
zonas mais recônditas.
Em declarações à imprensa,
no final de um encontro com
militantes de alguns comités
de acção do município de
Moçâmedes, Archer Man-
gueira reafirmou a aposta na
materialização e concretização
de acções que visam à melho-
ria das condições sociais bási-
cas das populações.
Archer Mangueira referiu
que não obstante a pandemia
da Covid-19, muitas acções
Primeiro secretário do MPLA no Namibe Archer Mangueira
SECRETÁRIO-GERAL DA JURA
Ministério devia estar
mais próximo dos jovens
Edna Dala
O secretário-geral da JURA,
Agostinho Kamuango, afir-
mou que o Ministério da
Juventude e Desportos não
tem cumprido o seu papel
quanto à defesa dos interesses
dos jovens.
Em entrevista ao Jornal de
Angola, o político disse que
não vê o Ministério da Juven-
tude e Desportos a de-sem-
p e n h a r u m p ap e l n e s te
sentido. “É uma instituição
que está muito distante da
juventude e, antes mesmo da
pandemia da Covid-19, o
Ministério esteve mais voltado
apenas para o desporto do
que propriamente para a
juventude”, sublinhou.
Agostinho Kamuango
sugeriu a desagregação do
Ministério da Juventude e
Desportos, para garantir
melhor desempenho e atenção
das preocupações dos jovens.
“É importante ter um
Ministério que responda à
juventude e, se calhar, aco-
plado à Cultura, o que faz
melhor sentido do que ter
um Ministério que responda
pela Juventude e Desportos
que, na prática, de juventude
não faz muita coisa”.
Os problemas que a juven-
tude vive, acrescentou, muitos
deles deviam ser tutelados e
mitigados pelo Ministério
através de acções concretas,
no âmbito do Plano Integrado
de Intervenção nos Municípios
(PIIM) estão em curso e serão
concluídas até ao final do ano,
devendo beneficiar as popu-
lações dos cinco municípios
da província.
Segundo a Angop, o tam-
bém governador do Namibe
garantiu melhorias, nos pró-
ximos dias, em relação ao
saneamento básico da cidade
de Moçâmedes, bem como a
distribuição de água potável
às comunidades.
“A água é um problema
crítico, mas acreditamos que,
até ao final do ano, haverá
muitas melhorias”, garantiu
o primeiro secretário do MPLA
no Namibe.
RAFAEL TATI | EDIÇÕES NOVEMBRO
como auscultação, consta-
tação e levar a quem de direito
as reais preocupações da
juventude, de modo a se
encontrar soluções.
O líder da JURA, organi-
zação juvenil da UNITA, que
assinala 46 anos no sábado,
disse estar preocupado, tam-
bém, com as políticas do
Estado para os jovens, que
continuam aquém das expec-
tativas da juventude.
Lembrou que, actualmente,
o país conta com mais jovens
no desemprego. No seu enten-
der, isso deve-se não só à
pandemia, como também ao
aproveitamento de alguns
empregadores que querem
se livrar do pessoal sem cum-
prir a Lei Geral do Trabalho.
A este propósito, referiu que
“o Executivo não está a fazer
grande coisa que os obrigue a
cumprir o plasmado na LGT”.
DR
Agostinho Kamuango
JUÍZES CONSELHEIROS
Aberto concurso para
o Tribunal de Contas
Candidatos devem ser cidadãos com idade igual ou superior
a 35 anos formados em Direito, Economia, Finanças ou Gestão
Concurso vai preencher quatro vagas para juízes conselheiros do Tribunal de Contas
Edna Dala
O Conselho Superior da
Magistratura Judicial (CSMJ)
abriu, ontem, um concurso
público curricular para o pro-
vimento de quatro vagas para
juízes conselheiros do Tribunal
de Contas.
De acordo com um aviso
do CSMJ publicado ontem, as
candidaturas devem ser apre-
sentadas mediante um reque-
rimento dirigido ao presidente
daquele órgão, no prazo de 20
dias corridos, contados a partir
do dia da segunda publicação
da abertura do concurso.
Os candidatos devem ser
cidadãos nacionais com idade
igual ou superior a 35 anos,
com licenciatura em Direito,
Economia, Finanças, Gestão
ou outro curso superior com
pelo menos 10 anos de expe-
riência profissional compro-
vada. Podem ser, igualmente,
magistrados judiciais ou do
Ministério Público com uma
classificação de bom, expe-
riência profissional de pelo
menos 10 anos, idoneidade
cívica ou moral, estar em pleno
gozo dos seus direitos civis e
políticos e não ter sido con-
denado por crime doloso puní-
vel com pena de prisão maior.
A abertura do concurso foi
decidida numa reunião do
Conselho Superior da Magis-
tratura Judicial, realizada no
dia 24 do mês passado, que
aprovou, também, o respec-
tivo regulamento.
Segundo o regulamento,
o júri, presidido pelo juiz con-
selheiro Manuel Dias da Silva,
vai publicar, no Jornal de
Angola, a lista dos candidatos
admitidos e dos não admiti-
dos, com a indicação da razão
da não admissão.
O regulamento acrescenta
que a Comissão do Júri vai
elaborar uma pauta de ava-
liação curricular que estabe-
leça os critérios de avaliação
dos diferentes itens, com pon-
tuação de 0-20 pontos.
As candidaturas são ava-
liadas individualmente e orde-
nadas, com base nos seguintes
critérios: ser magistrado judi-
cial com avaliação de bom
nos últimos cinco anos; pos-
suir experiência profissional
comprovada; antiguidade na
Magistratura Judicial ou do
Ministério Público, jurista,
economista, gestor ou simi-
lares; grau na formação aca-
démica; antiguidade na
formação académica; mérito
profissional e experiência
profissional reconhecida.
Compete ao CSMJ homo-
logar o apuramento da ava-
liação final da Comissão de
Júri, que deve constar de um
relatório detalhado e funda-
mentado. O Tribunal de Contas
tem a competência de fisca-
lização da actividade financeira
do Estado e outras entidades
públicas, devendo emitir pare-
cer sobre a Conta Geral do
Estado, sempre que solicitada
pela Assembleia Nacional, e
fiscalizar preventivamente a
legalidade dos contratos gera-
dores de despesa ou que repre-
sentem responsabilidade
financeira do Estado, entre
outras matérias.
Os juízes, presidente e
vice-presidente do Tribunal
de Contas, de acordo com a
legislação em vigor, só podem
3
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
cumprir um mandato, único,
de sete anos.
O presidente, o vice-pre-
sidente e os demais juízes
conselheiros são nomeados
pelo Presidente da República,
de entre magistrados e não
magistrados, para um man-
dato único de sete anos.
Anualmente é elaborado
um relatório de actividade do
Tribunal de Contas que é apre-
sentado à Assembleia Nacio-
nal e remetido aos demais
órgãos de soberania. O órgão
é actualmente presidido por
Exalgina Gambôa, que assu-
miu as funções em 2018.
O Conselho Superior da
Magistratura Judicial é o órgão
superior de gestão e disciplina
da magistratura judicial. Com-
pete-lhe, em geral: apreciar o
mérito profissional e exercer
a acção disciplinar sobre os juí-
zes; designar os juízes do Tri-
bunal Constitucional, nos
termos da Constituição e da
lei, ordenar sindicâncias, ins-
pecções e inquéritos aos serviços
judiciais e propor as medidas
necessárias à sua eficiência e
aperfeiçamento, propor a
nomeação dos juízes conse-
lheiros do Tribunal Supremo,
nomear, colocar, transferir e
promover os magistrados judi-
ciais e realizar o concurso cur-
ricular para o provimento dos
juízes do Tribunal de Contas.
O CSMJ é presidido pelo
presidente do Tribunal Su-
premo e composto pelos
seguintes vogais: três juristas
designados pelo Presidente da
Republica, cinco juristas desig-
nados pela Assembleia Nacio-
nal e 10 juízes eleitos entre si
pelos magistrados judiciais.
4 DESTAQUE
CONTROLO DE CAMIONISTAS
Zaire sem testes rápidos
A província do Zaire está
sem testes rápidos para a
Covid-19 para aferir o esta-
do serológico de camio-
nistas provenientes da ca-
pital do país, Luanda.
A informação foi pres-
tada, ontem, no município
do Tomboco, pelo director
do Gabinete Provincial
da Saúde do Zaire, João
Miguel Paulo.
Com a falta de testes,
segundo o responsável, no
posto de controlo do rio
Loge, município do Nzeto,
principal porta de entrada
ao Zaire, efectua-se apenas
a desinfestação de viaturas
e medição de temperatura
aos camionistas.
O director da Saúde asse-
gurou que a testagem de
camionistas e outras pessoas
autorizadas a viajar a Luanda
só será efectuada logo que
a região receba os 12 mil tes-
tes à Covid-19, prometidos
pela Central de Condicio-
namento de Meios Médicos
de Angola (CECOMA). Con-
siderou ínfimo o lote de testes
rápidos contemplados para
a província, o que exigirá
maior racionalização e defi-
nição de critérios na escolha
de beneficiários, em con-
formidade com as orienta-
ções a serem baixadas pelo
Ministério da Saúde.
Neste âmbito, João Miguel
Paulo disse que será exigida
aos camionistas que se des-
locarem ao Zaire a apresen-
tação do resultado negativo
dos testes efectuados no
local de procedência. As
autoridades sanitárias esta-
belecem a obrigatoriedade
de testagem de pessoas que
entram e saem em zonas
sob cerca sanitária.
Angolanos retidos na RDC
Um total de 383 angolanos
que se encontram retidos na
República Democrática do
Congo (RDC) desde Março,
devido à pandemia da Covid-
19, poderão regressar ao país
nos próximos dias.
A informação foi avançada,
no Tomboco, pelo gover-
nador provincial do Zaire,
Pedro Makita Armando Júlia.
COM CAPACIDADE PARA MIL CAMAS
Hospital de Campanha de Viana
sem razões para reclamações
Das 1.000 camas que tem dis-
poníveis, o Hospital de Cam-
panha da Zona Económica
Especial, no Km 27, em Viana,
concebido para tratar doentes
da Covid-19, tem activas 500,
disse, ontem, ao Jornal de
Angola fonte ligada ao referido
centro de tratamento.
A Zona A do vasto com-
plexo de infra-estruturas tem
já a funcionar 35 camas de
UTI, acrescentou.
Reagindo a uma matéria
que se tornou viral nas redes
sociais, a fonte negou, catego-
ricamente, as acusações feitas
e avançou que as imagens pos-
tadas tão pouco correspondem
às do centro de tratamento.
De acordo com o gover-
nador, o regresso desses
compatriotas está depen-
dente da criação de condições
de recepção a nível da região
e da anuência da Comissão
Nacional Multissectorial de
Combate à Covid-19.
O governante, que é
também o coordenador da
Comissão Provincial de
Prevenção e Combate à
Covid-19 , disse, no entanto,
que as autoridades congo-
lesas estão a condicionar
o regresso com a saída de
142 cidadãos daquele país
vizinho retidos na província
do Zaire desde Março.
Devido à falta de
testes, segundo o
responsável, no
posto de controlo
do rio Loge,
município do Nzeto,
principal porta de
entrada ao Zaire,
efectua-se apenas
a desinfecção de
viaturas e medição
de temperatura aos
camionistas
Pedro Makita Júlia mos-
trou-se preocupado com
as constantes violações da
cerca sanitária por cidadãos
provenientes da capital do
país (Luanda) e da Repú-
b l i c a D e m o c rát i c a d o
Congo (RDC).
O governador prometeu
reforçar a fiscalização no
posto de controlo do rio
Loge (Nzeto), que delimita
as províncias do Zaire e do
Bengo, por ser a principal
porta de entrada de cida-
dãos vindos de Luanda.
Afirmou que o efectivo
policial está a ser apoiado
por militares das Forças
Armadas Angolanas (FAA),
numa operação que envolve
o destacamento da vizinha
província do Bengo.
Medida idêntica foi to-
mada em relação à fron-
teira com a RDC, de modo
a impedir a entrada de imi-
grantes ilegais no território
nacional.
“Existem alguns cons-
trangimentos que são míni-
mos e próprios do funcio-
namento de um centro de
tratamento novo e específico
para casos da Covid-19, mas
as imagens postadas não são
do Hospital de Campanha
da ZEE”, assegurou.
“As refeições são regulares,
a higiene também, não há
razões para reclamações”,
adiantou, para frisar que é pre-
ciso reportar sobre os centros
construídos e rebater as ten-
tativas de desacreditar o traba-
lho do Executivo e da Comissão
Multissectorial de Prevenção
e Combate à Covid-19.
O Hospital de Campanha
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
ANGOLA REGISTA 506 CASOS POSITIVOS
Testagem em massa para os profissionais
da comunicação social hoje em Luanda
A testagem em massa aos profissionais da comunicação social faz parte da campanha
de testes rápidos serológicos que estão a ser realizados em vários pontos de Luanda
AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Edivaldo Cristóvão
e Mazarino da Cunha
Mil profissionais da comuni-
cação social realizam, hoje,
em Luanda, no campo Manuel
Berenguel da Rádio Nacional
de Angola, testes da Covid-19.
De acordo com o secretário
de Estado para a Saúde Pública,
Franco Mufinda, que falava
em conferência de imprensa
sobre actualização dos dados
da Covid-19 no país, a testagem
em massa aos profissionais da
Comunicação Social faz parte
da campanha de testes rápidos
serológicos que estão a ser
realizados em vários pontos
de Luanda.
Até ao momento, a cam-
panha já testou 10.186 cidadãos
que frequentam e trabalham
nos mercados do 30, Catinton, Franco Mufinda anunciou para hoje testes massivos a profissionais da Comunicação Social
Asa Branca, Kikolo e no bairro
Mártires de Kifangondo, bem Em relação ao óbito, trata- 57 pessoas que representam o seu estado serológico, num
como nos pontos de entrada se de um cidadão angolano de 0,8 por cento com marcador processo que está a ser rea-
e saída do Longa e Maria Teresa. 30 anos, que esteve internado no sangue, que identifica as lizado através de análise da
A acção vai ser, também, em estado crítico há várias hemoglobinas que dão a hipó- biologia molecular, recorrendo
extensiva aos Ministérios e semanas no Hospital Josina tese da doença. à mais conhecida zaragatoa
instituições bancárias, nos Machel, em Luanda, e poste- “Estas pessoas estão em da colheita da amostra”, escla-
próximos dias. riormente transferido para o isolamento num dos centros receu o secretário de Estado
centro de tratamento da Barra de tratamento para confirmar para a Saúde Pública.
Mais 23 casos positivos do Cuanza, por apresentar
Durante a actualização dos doença de base associada à
dados, Franco Mufinda in- Covid-19.
formou que nas últimas 24
horas o país registou mais
O secretário de Estado in-
formou que as testagens dos
Situação epidemiológica
23 casos positivos da Covid- grupos de risco nos centros
19 e uma morte, sendo 22 em sentinela continuam a ser in- Com os dados apresentados recebeu, ontem, 92 chama-
Luanda e um na província do tensificadas. “Por este motivo, ontem pelo secretário de das, das quais duas denún-
Cuanza-Norte. amanhã (hoje) será feita a mais Estado, eleva-se para 506 o cias de casos suspeitos, três
De acordo com o secretário um grupo de mil jornalistas e número de casos confirmados, de violação da Situação de
de Estado, as localidades mais profissionais da Comunicação sendo 118 recuperados e 26 Calamidade Pública e 87
afectadas em Luanda são as de Social, que pensamos ser um óbitos. A transmissão local pedidos de informação sobre
Viana, Samba e Belas, e na pro- grupo de risco”, realçou. contabiliza agora 440 casos. a Covid-19.
víncia do Cuanza-Norte o Franco Mufinda justificou Franco Mufinda realçou Nas últimas 24 horas foram
município do Cazengo. que a testagem em massa serve que dos 362 casos activos, processadas 277 amostras,
Franco Mufinda informou para identificar a exposição sete requerem cuidados es- sendo 23 positivas e 254 nega-
que as pessoas infectadas ao Sars-Cov2. Trata-se de um peciais e os restantes estão tivas. O total de amostras
têm idades compreendidas teste rápido com recurso ao clinicamente estáveis nas recebidas até ao momento
entre 30 e 70 anos. Entre as serológico da Alibot. unidades sanitárias de refe- é de 38.224, com 506 positivas,
pessoas infectadas, 16 são do Dos 7.500 resultados já rência.O Centro Integrado 32.669 negativas e 5.049 em
sexo masculino e sete do sexo apresentados pela testagem de Segurança Pública (CISP) processamento.
feminino. em massa, foram encontradas
CEDIDA CEDIDA
de Viana foi inaugurado pelo
Presidente da República,
João Lourenço, a 2 de Junho.
Comporta duas naves com
capacidade para mil camas
e tem serviços de cuidados
intensivos, intermédios, in-
ternamento geral e labora-
tório. A primeira nave tem
capacidade para 600 camas
e a segunda espaço para 400.
A unidade começou a fun-
cionar com cinco equipas
preparadas e treinadas, com-
portando cada uma delas 64
profissionais.
O Jornal de Angola par-
tilha neste espaço imagens
que obteve, ontem, da uni-
dade hospitalar. Vista de compartimentos do hospital de campanha da Zona Económica Especial de Viana
DESTAQUE Segunda-feira
13 de Julho de 2020
LUNDA-SUL
DR
Detidas cinco
pessoas
por violação da
cerca sanitária
Cinco cidadãos que violaram a
cerca sanitária de Luanda, epi-
centro da Covid-19 no país, foram
detidos na sexta-feira, no muni-
cípio de Saurimo, província da
Lunda-Sul.
Os cidadãos em causa com
idades compreendidas entre 27
e 32 anos foram detidos no posto
de controlo do rio Chicapa (Sau-
rimo), no quadro das medidas
de prevenção e combate à pan-
demia do coronavírus (Covid-19).
Segundo o porta-voz da dele-
gação do Ministério do Interior
na Lunda Sul, Florêncio de Almeida,
depois do rastreio (despiste da
temperatura), foram submetidos
a quarentena institucional. O
oficial da corporação reiterou a
necessidade do cumprimento
das medidas de biossegurança
por parte da população, para se
evitar a propagação da doença,
uma vez que os números de casos
positivos sobem diariamente.
O Estado angolano impôs
uma cerca sanitária à província
de Luanda, por ser o foco da
pandemia da Covid-19 no país,
seguido do Cuanza Norte.
NDALATANDO
Cidadãos insistem em violar
as normas de biossegurança
Marcelo Manuel / Ndalatando
Incumprimentos ao distancia-
mento físico, mau uso de más-
caras e aglomerações em óbitos
são algumas das anomalias que
se registam no âmbito da apli-
cação das medidas de prevenção
e combate à pandemia da Covid-
19, no município do Cazengo,
na província do Cuanza-Norte.
Em algumas ruas e áreas da
cidade de Ndalatando são visíveis
ajuntamentos, a exemplo do
que o Jornal de Angola constatou
no bairro Azul, quando um grupo
de jovens, posicionados a menos
de um metro entre, sentados
sob a sombra de uma mangueira,
consumia cerveja e maruvo.
Interpelados sobre o assunto,
um dos homem (cerca de 30
anos), que negou-se identificar,
respondeu que é preciso esquecer
um pouco as incidências da
doença, através do convívio,
para evitar o stress resultante
das várias imposições que a pre-
venção da pandemia coloca.
Mas, as concentrações de
maior realce acontecem nas resi-
Isidoro Natalício e
André Brandão| Ndalatando
Cinco dias depois de decre-
tada a cerca sanitária, o muni-
cípio de Cazengo tem postos
policiais nos principais pontos
de entrada, designadamente
Quissafo, em direcção à vila
do Lucala, província do Uíge,
Leste do país, bem como nas
aldeias de Calolo e Lucala-
II, respectivamente para
Golungo-Alto e Dondo. A
outra barreira policial está
na ponte sobre o rio Luinha
(36 quilómetros).
Nos controlos do Lucala-
II e Calolo o ambiente é mar-
cado por pouco movimento
de viaturas e sem pessoas
com necessidade de transpor
a barreira. Ao contrário, os
do Luinha e Quissafo, na
estrada nacional 230-B, regis-
tam-se enormes filas de via-
turas paradas nos dois sentidos
e em determinados momen-
tos a atingem dezenas.
Interrompem a caminhada
por diversas razões, nomea-
damente falta de credencial
e medição da temperatura cor-
poral. Os camionistas, geral-
mente provenientes de Luanda,
páram para avaliar a tempe-
ratura do corpo e os condutores
de viaturas ligeiras que exercem
serviço de táxi são impedidos
de circular por falta de ceden-
cial. Taxistas abordados no
local alegam que estão sem a
devida autorização para circular
por não saberem onde se trata
o documento.
Nos constrolos também
encontram-se técnicos de
Saúde para medir a tempe-
ratura, sugerir aos viajantes
a lavagem das mãos e a apli-
cação de álcool em gel.
No Quissafo tambémen-
contram-se indivíduos que
residem em Ndalatando e
cultivam no Lucala, no outro
lado da cerca. Madalena Antó-
nio, 44 anos, é exemplo disso.
dências onde decorrem óbitos
e em momentos de funerais,
onde se pode encontrar grupos
de mais de 30 pessoas.
Joana Romeu presente num
óbito, na rua das Palmeiras, cen-
tro da cidade, afirma que é dificl
cumprimir com as medidas de
distanciamento físico e social,
quando se trata do óbito de um
parente próximo.
A reportagem do Jornal de
Angola apurou que os enterros
no cemitério de Catome de Cima,
continuam a registar mais de
50 pessoas.
Paralelamente, há numerosas
pessoas que circulam sem más-
cara, sobretudo nos bairros. Às
9h30 minutos de ontem, dois
irmãos com sinais de embriaguez,
que circulavam nas imediações
da rua do Hospital, usavam más-
caras sujas e presas ao pescoço.
O mais velho, identificado
por Domingos Simão, disse que
saía do comba de um primo onde
ambos tinham passado a noite,
e só colocariam a máscara
quando chegassem a casa. O
não uso deste a "acessório" é
CUANZA-NORTE
Postos policiais reforçados
nas entradas rodoviárias
Nos postos de controlo do Lucala-II e Calolo o
ambiente é marcado por pouco movimento de viaturas
e sem pessoas com necessidade de transpor a barreira
Com instrumentos de tra-
balho em punho, disse depen-
der totalmente do campo e
com a lavra no Lucala não sabe
como sustentar a família.
Os campos agrícolas no
Lucala são a fonte de sustento
de centenas de famílias que
todos os dias partem em via-
turas do bairro Catome de
Cima, em direcção às Pam-
bas, Quirimas e outras áreas
de cultivo.
Por causa dessa situação,
Joaquim Domingos, campo-
nês, sugere que o Governo
local deveria criar mecanis-
mos para facilitar a circulação
dos camponeses que traba-
Dom Almeida Canda lança apelo
O bispo da Diocese de Ndala-
tando, Dom Almeida Canda,
apelou à população para cumprir
com as medidas de biossegu-
rança, para evitar a contaminação
por coronavírus. De acordo com
o bispo católico, o país e o mundo
vivem um momento complicado
que exige cautelas redobradas.
Por isso, exortou os fiéis a maxi-
mizarem as suas preces para
Bispo de Ndalatando apela ao cumprimento das medidas
punível nos termos da Lei. Por
esse motivo, a Polícia Nacional
deteve na semana passada, em
Ndalatando três cidadãos.
lham nessas zonas. Para se
evitar constrangimento no
Quissafo, o administrador
municipal do Lucala, Mateus
André Garcia, decidiu criar
aposentos na localidade para
os funcionários públicos que
residem em Ndalatando.
Disse que decisão semelhante
foi tomada pelas agências
b a n c á r i a s q u e o p e ra m
naquela localidade.
Operações nos bairros
A Polícia Nacional deteve
sábado à noite mais de 90
elementos que alegadamente
violavam as medidas de pre-
venção contra a Covid-19.
que a comunidade científica
busque a cura da doença.
O sacerdote, que falava depois
de um encontro com o gover-
nador do Cuanza-Norte, Adriano
Mendes de Carvalho, aconselhou
aos munícipes a cumprirem
com instruções das autoridades
sanitárias e do Executivo, para
a mitigação dos efeitos nefastos
do vírus da Covid-19.
EDIÇÕES NOVEMBRO
Trata- se de dois homens e
uma mulher, entregues ao Minis-
tério Público, por falta de dinheiro
para o pagamento da multa.
Uma nota do Comando Pro-
vincial da corporação revela
que a operação, denominada
“Calamidade”, visou recolher
os cidadãos que circulavam
na via pública sem o uso da
máscara, encerrar estabe-
lecimentos comerciais que
vendiam fora da hora e inibir
ajustamentos em convívios.
O trabalho foi coordenado
pelo segundo comandante
provincial, João Kariki, que
promete acção semelhante
nos próximos dias. Segundo
o documento, os implicados
em desacatos com a Polícia
são encaminhados hoje ao
Ministério Público para jul-
PERISCÓPIO
Testes e explicações
Luciano Rocha
O aumento do númerode testes,
em Luanda, destinados a detectar
infecções pelo coronavírus, como
era de prever, fez disparar a
quantidade de eventuais con-
taminados, mesmo assim, cer-
tamente, aquém da realidade
da província e do país.
A iniciativa é, todavia, mere-
cedora de aplauso, por constituir
arma importantíssima no com-
bate ao vírus, pois sem testes é
impossível detectá-lo e impedir
que prossiga livremente a cami-
nhada assassina que o caracteriza.
Por outro lado, é forma de acor-
darmos todos, sem excepção,
para uma realidade cruel para
a qual temos de estar preparados.
Quanto mais conhecermos sobre
os riscos de o contrairmos, melhor
podemos esquivarmo-nos dele.
A Ignorância não impede a pro-
pagação da pandemia, pelo con-
trário, como se tem verificado
nestes curtos, mas longos, meses
da presença dela em Luanda.
O testes em massa, em boa
hora iniciados - para já apenas
5
gamento sumário e os infrac-
tores sairão em liberdade
quando pagarem as respec-
tivas multas.
Cazengo, particularmente
a sua sede, Ndalatando, é a
segunda cidade de Angola,
depois de Luanda, afectada
pela pandemia da Covid-19.
Desde a introdução dos
testes rápidos, a uma semana,
estima-se que foram reco-
lhidas amostras a mais de
600 pessoas, das quais 39
voltarão a fazer análise mole-
cular. No âmbito da prevenção
foram desinfectados sábado
os largos 1º de Maio, Agostinho
Neto e todos os multicaixas.
na província, onde se situa a
capital - hão-de mostrar-nos,
periodicamente, a realidade fria
dos números em crescendo de
infecções que, a pecarem, nor-
malmente, são por defeito. Em
contrapartida, também os de
recuperação vão aumentar. Os
testes são, pois, imprescindíveis
no combate à pandemia, tal
como o comportamento cívico
de cada um de nós e as explica-
ções, por parte dos técnicos de
Saúde, no momento de os faze-
rem a quem se lhes submete.
A importância de esclarecer
as pessoas, antes de serem tes-
tadas, é de explicar-lhes, entre
outras coisas, que um primeiro
resultado positivo não significa,
por si só, infecção e que, mesmo
que o segundo a confirme, não
é o fim do mundo. Pode, inclusive,
ser o início da quebra da cadeia
de transmissão e do caminho
para a recuperação. Procedi-
mentos destes evitam cenas
como a da senhora que, num
mercado, ao saber o resultado
do exame, desatou a fugir, levando
com ela, provavelmente, o vírus
por onde passou e para casa.
6 DESTAQUE Segunda-feira
13 de Julho de 2020

“Gostaria de agradecer pro-

fundamente a todos os pro-
fissionais que, com coragem
e determinação, deram o
melhor de si para enfrentar
esse inimigo invisível com o
sucesso reconhecido”, disse
Evaristo Carvalho durante a
celebração dos 45 anos da
independência de São Tomé
e Príncipe.
A cerimónia decorreu no
salão nobre do Palácio Presi-
dencial, limitando as habituais
festividades de massa com
grupos culturais e desfile das
forças vivas do país.
“Pela primeira vez, em 45
anos, celebramos o aniversário
da independência nacional de
forma limitada, sem actividades
de massa e sem mobilização
popular. Pela primeira vez, o
acto central é realizado num
recinto fechado, com menos
de três dezenas de participan-
tes”, lembrou o Chefe de Estado,
que apelou “à compreensão
de todos” pela limitação.
Num discurso de sete pági-
nas, quatro das quais focadas
no novo coronavírus e nas suas
consequências, o Presidente
são-tomense lembrou que a
pandemia “assolou o país como
um furacão que era esperado,
mas, felizmente, chegou com
uma intensidade bastante
menor do que se previa”.
Evaristo Carvalho lamentou,
contudo, “o sofrimento tra-
duzido em mais de sete cen-
tenas de casos e quase uma
quinzena de mortes”, um
balanço que considerou “sig-
nificativo” para a dimensão
populacional do país.
“Verificámos que a nação
como um todo, liderada pelo
Governo, sobretudo através
do Sistema Nacional de Saúde
e dos seus profissionais a todos
os níveis, das forças de defesa
e segurança, incluindo os bom-
beiros, dos demais sectores
da Administração, superando
todas as suas insuficiências,
conseguiu dar uma resposta
satisfatória”, referiu o Chefe
de Estado.
O Presidente elogiou as
várias iniciativas de cidadãos,
264.184 CASOS CONFIRMADOS
Evaristo Carvalho
reconhece sucesso
das autoridades
no combate
à Covid-19
organizações não-governa-
mentais e igrejas, que, na sua
perspectiva, deram “um notável
exemplo da sua força e impor-
tância fundamental” no com-
bate à propagação da doença.
Evaristo Carvalho referiu-
se igualmente à contribuição
de empresários nacionais e
estrangeiros “para aliviar o
sofrimento em vários sectores
da sociedade”.
O Chefe de Estado prestou
também homenagem à comu-
nidade internacional pelos
apoios ao país, referindo, a
nível bilateral, a China, Cuba,
Portugal, Ghana, Gabão, Guiné
Equatorial, Brasil e, a nível
multilateral, as Nações Unidas,
DR
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
O Presidente são-
tomense, Evaristo
Carvalho, reconheceu
ontem que o Governo
“conseguiu dar uma
resposta satisfatória”
à pandemia da Covid-19
no país, referindo
que as autoridades
sanitárias têm enfrentado
a doença com sucesso
reconhecido
em particular a Organização Evaristo Carvalho alertou
Mundial de Saúde e o Unicef, ainda que “se nos últimos tem-
o Banco Africano de Desen- pos a epidemia parece estar
volvimento, o Banco Mundial, controlada, o facto é que o
o Fundo Monetário Interna- número de casos continua a
cional e a União Europeia. crescer”. Por isso, considerou
Foi ainda feita uma “men- ser necessário manter a vigi-
ção muito particular” ao lância, “não baixar a guarda,
empresário chinês Jack Ma, antes pelo contrário, adoptar
da Fundação Ali Babá. todas as medidas preventivas
“Confesso que foi extrema- e organizativas por parte da
mente emocionado que vi des- população, seguir à risca as
filar na televisão e demais
órgãos de comunicação social
orientações das autoridades
competentes”.
esses exemplos de solidariedade
actuante. Não temos e não tere-
É fundamental, acrescen-
tou, a população “estar pre-
mos nunca palavras bastantes parada para uma eventual
para agradecer a essas pessoas, segunda ou até mesmo terceira
entidades e organizações”, vaga, que já é referida por mui-
sublinhou o Chefe de Estado. tos especialistas”.
EM 578 MIL CASOS
Pandemia já matou
12.988 pessoas em África
O número de mortos em
África devido à Covid-19 subiu
ontem para 12.988, mais 232
nas últimas 24 horas, em
quase 578 mil casos, segundo
os dados mais recentes sobre
a pandemia no continente.
De acordo com o Centro
de Controlo e Prevenção de
Doenças da União Africana
(África CDC), o número de
infectados subiu para 577.904,
mais 18.891 nas últimas 24
horas, enquanto o número
de recuperados é de 287.011,
mais 13.129.
A África Austral regista o
maior número de casos
(273.417) e passou os quatro
mil mortos (4.119), a grande
maioria concentrada na África
do Sul, o país com mais mortos
e mais infectados em todo o
continente, com 264.184 casos
e 3.971 vítimas mortais.
O Norte de África lidera
no número de mortes (5.250),
tendo 123.172 infecções.
A África Ocidental conta
1.562 mortos em 95.300 infec-
tados, a África Oriental regista
1.223 vítimas mortais e 45.634
casos, enquanto na África
Central há 834 mortos e
40.381 infecções.
Depois da África do Sul, o
Egipto é o segundo país com
mais vítimas mortais, conta-
bilizando 3.769 mortos e 81.158
casos de infecção, seguindo-
se a Argélia, que passou as mil
EM OITO PAÍSES
Benin encerra postos
consulares e chancelarias
O Governobeninense decidiu
pôr fim à missão dos chefes
consulares e de chancelarias
de oito capitais, em África,
Europa, América e Médio
Oriente. Segundo uma nota
oficial, foram suspensos os
postos consulares e chance-
vítimas mortais (1.004) e tem
18.712 infectados. Entre os
cinco países mais afectados,
está também a Nigéria, com
724 mortos e 31.987 infectados,
e o Sudão, com 650 mortes e
10.250 casos.
Em relação aos países afri-
canos lusófonos, a Guiné-
Bissau é o que tem mais
infecções e mortes, com 1.842
casos e 26 vítimas mortais.
Cabo Verde tem 1.623 infec-
ções e 19 mortos, enquanto
Moçambique conta 1.111 infec-
tados e nove mortos.
São Tomé e Príncipe con-
tabiliza 726 casos e 14 mortos.A
Guiné Equatorial, que integra
a Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP),
mantém há vários dias 3.071
casos e 51 mortos, segundo o
África CDC. O primeiro caso
da Covid-19 em África surgiu
no Egipto em 14 de Fevereiro
e a Nigéria foi o primeiro país
da África subsaariana a registar
casos de infecção, em 28 de
Fevereiro. A pandemia de
Covid-19 já provocou mais
de 565 mil mortos e infectou
mais de 12,74 milhões de pes-
soas em 196 países e territórios,
segundo um balanço feito pela
agência francesa AFP.
A doença é transmitida
por um novo coronavírus
detectado no final de Dezem-
bro, em Wuhan, uma cidade
do centro da China.
Desde que o actual Presi-
dente da República chegou
ao poder (Abril de 2016),
observa-se uma restrição gra-
dual do “cartão diplomático”
beninense, o que alguns
observadores assimilam a um
“confinamento diplomático”.

África do Sul no grupo dos dez países mais infectados

A África do Sul entrou no grupo
dos 10 países mais infectados
pela Covid-19, no Mundo, ocu-
pando a última posição com
264.184 casos confirmados,
desde o início da pandemia, no
país, em Março último, noticia
a Panapress.
O 10º lugar da tabela mundial
era, até sábado, 11.07, ocupado
pelo Irão, que passou para a
posição seguinte com 257.303
infecções acumuladas, incluindo
2.186 novas.
Nas últimas 24 horas, a África
do Sul conheceu 13.497 novas
infecções, mais 1.148 em relação
à jornada anterior, totalizando
25.846 casos em dois dias con-
secutivos, de acordo com o bole-
tim diário do Ministério da Saúde.
Pela segunda vez consecutiva,
o país fechou a semana com cerca
de 50 mil novos casos, tendo
ultrapassado sucessivamente
países como França, Turquia,
Arábia Saudita, Itália, Paquistão
e agora o Irão, entre outros. O
México, o Reino Unido, Espanha,
o Chile e o Peru são os países que
estão à frente da África do Sul
em número de casos de infecção
pelo novo coronavírus no Mundo,
actualmente liderados pelos
Estados Unidos e pelo Brasil.
Num universo de 215 países
e territórios, estes dois últimos
concentram sozinhos mais de
um terço do total mundial de
12,881 milhões de casos e mais
de 568 mil óbitos confirmados
desde o início da pandemia, em
Dezembro de 2019.
Os Estados Unidos contabi-
lizam cerca de 3,357 milhões
de infecções acumuladas e mais
de 137 mil óbitos, enquanto o
Brasil totaliza mais de um milhão
e 842 mil casos confirmados e
quase 72 mil mortos. Seguem-
se a Índia com 853.211 casos e
22.718 óbitos, a Rússia com
727.162 casos e 11.335 óbitos
e o Peru com 322.710 infecções
e 11.652 mortes.
Por seu turno, a África do Sul
está isolada no comando da
doença, no continente africano,
concentrando quase metade
dos cerca de 580 mil casos con-
firmados desde o surgimento
da doença, em Março passado.
O Egipto está na segunda posi-
ção continental e 24ª mundial com
81.158 casos, seguido da Nigéria,
no 49º posto mundial, com 31.987
infecções acumuladas.
Seguem-se o Ghana (24248),
a Argélia (18712), Marrocos
(15635), os Camarões (15173),
a Côte d’Ivoire (12443), o Sudão
(10250), o Quénia (9726), o Sene-
gal (8135), a RD Congo (8033) e
a Etiópia (7402).
Com 132.498 casos ainda
activos, a África do Sul lidera
também em óbitos e recupera-
ções com um registo de 3.971
mortos, incluindo 111 novos, e
127.715 curas, correspondentes
a uma taxa de recuperação de
48,4 por cento.
Segundo o boletim epide-
miológico do Ministério sul-afri-
cano da Saúde, o país efectuou,
até agora, dois milhões, 108 mil
e 570 testes, incluindo 51.338,
larias de Paris, Tóquio, Was-
hington, Riade, Doha, Cidade 179 novos casos
do Kuwait, Abuja e Rabat, com O Benin registou sábado 179
o objectivo de reduzir o pessoal novos casos da Covid-19, de
nas últimas 24 horas, e dos quais das missões diplomáticas. acordo com um comunicado
55 por cento realizados em labo- Os diplomatas visados do Ministério da Saúde.
ratórios privados. foram convidados a fornecer O Benin registou igual-
A província de Gauteng, que os documentos necessários mente cinco novas mortes.
engloba as cidades de Joanes- para a emissão dos bilhetes Até sábado, o país contabi-
burgo (capital económica) e Pre- de avião para todos os mem- lizava mil 378 casos confir-
tória (capital administrativa) é bros das suas famílias, assim mados da Covid-19, dos quais
a mais infectada com 35,2 por como para providenciar a 557 curas e 26 óbitos, precisa
cento do total de infecções escolarização dos seus filhos, o comunicado. O Benin detec-
(93044), seguida da do Cabo Oci- no Benin, a partir do início tou o seu primeiro caso de
dental, com 77.336 casos, equi- do ano académico 2020-2021. Covid-19 a 16 de Março último.
valentes a 29,3 por cento do total.
DR
O restante está repartido
entre Cabo Oriental (48232),
KwaZulu-Natal (23753), Noroeste
(9418), Estado Livre (4679), Mpu-
malanga (3621), Limpopo (2835)
e Cabo Setentrional (1266), indica
o boletim assinado pelo ministro
da Saúde, Zwelini Mkhize.
No extremo oposto, a Gâmbia
regista o menor número de casos
anunciados em África, totali-
zando 64 infecções, seguindo-
se as ilhas Seycheles (100), o
Lesotho (232), a Eritreia (233),
o Burundi (258), as Ilhas Comores
(317), o Botswana (342), as ilhas
Maurícias (383) e Angola (506).
Uma vista de Cotonou, que aposta no combate à Covid-19
DESTAQUE Segunda-feira
13 de Julho de 2020
EUA
Trump usa
pela primeira
vez em público
uma máscara
O Presidente norte-americano,
Donald Trump, usou no sábado,
pela primeira vez em público,
uma máscara de protecção,
durante uma visita a um
hospital militar
Trump voou de helicóptero
para o Walter Reed National
Military Medical Center, nos
subúrbios de Washington,
para um encontro com os mili-
tares infectados pelo novo
coronavírus e com os que pres-
tam cuidados de saúde ou cui-
dam de doentes da Covid-19.
Ao deixar a Casa Branca,
Donald Trump disse aos repór-
teres: “Quando se está num
hospital, especialmente...penso
que é esperado que se use uma
máscara”. Trump estava a usar
uma máscara no corredor de
Walter Reed, quando começou
a visita, mas não a tinha
quando saiu do helicóptero.
O Presidente não tinha
usado máscara desde o início
da pandemia nos EUA, em
Março, doença que já infectou
mais de 3,2 milhões de pessoas
RELANÇAR A AVIAÇÃO É O GRANDE DESAFIO
Aeroportos franceses vão testar
passageiros de países de risco
A França vai realizar de forma
sistemática testes nos aero-
portos a todos os passageiros
provenientes de países “de
risco”, onde há maior circu-
lação do novo coronavírus,
disse ontem o porta-voz do
Governo francês, Gabriel Attal.
“Vamos fazer testes siste-
máticos nos aeroportos aos
passageiros provenientes de
países estrangeiros “verme-
lhos”, quer dizer, de países
onde o vírus circula mais”,
afirmou Attal à televisão fran-
cesa BFMTV. O porta-voz do
Governo esclareceu ainda que
e matou pelo menos 134 mil
no país.
Os republicanos mais proe-
minentes, incluindo o vice-
Presidente, Mike Pence, foram
apoiando e aderindo ao uso da
máscara à medida que o novo
coronavírus ganhava terreno.
Trump, contudo, recusou-se
a usar máscara em conferências
de imprensa de actualização
de dados sobre a situação da
pandemia no país, comícios e
outros eventos públicos.
Pessoas próximas do Pre-
sidente dos EUA disseram à
agência de notícias Associated
Press, que Trump receava que
uma máscara o fizesse parecer
fraco e que desviasse o foco
para a crise de saúde pública
e não para a recuperação eco-
nómica. Embora não usasse
máscara, Trump enviou dife-
A França ultrapassou já
a barreira das 30.000
mortes devido à
infecção provocada
pelo novo coronavírus,
de acordo com o mais
recente balanço,
divulgado
na sexta-feira.
o executivo quer realizar cerca
de 2.000 testes diários, adian-
tando que não serão feitos testes
Trump, contudo,
recusou-se a usar
máscara em
conferências de
imprensa de
actualização de
dados sobre a
situação da
pandemia no país,
comícios e outros
eventos públicos
rentes sinais sobre máscaras,
reconhecendo que estas eram
apropriadas a ser usadas num
ambiente interior onde as
pessoas estivessem próximas
umas das outras.
Porém, o Presidente norte-
americano acusou os repór-
teres de as usarem para serem
a quem provar que já foi testado
nos seus países de origem. Nes-
tes casos, realçou, serão pedidos
os comprovativos. Desta forma,
o Governo francês aumenta o
controlo em relação aos pas-
sageiros, embora Gabriel Attal
tenha dito que os testes eram
voluntários.
O representante referiu
ainda que, por agora, não está
previsto obrigar os franceses
a usarem máscara nos lugares
públicos, embora esta seja
uma recomendação.
“Os franceses são respon-
sáveis e quando lhes fazemos
DR
politicamente correctos e
publicou mensagens na pla-
taforma Twitter a gozar com
o democrata Joe Biden por
usar uma máscara e insistindo
que o seu adversário parecia
fraco. O uso de máscaras tor-
nou-se, assim, outra linha
divisória na política norte-
americana, com republicanos
mais resistentes a usá-las do
que os democratas.
Poucas máscaras foram
vistas nos recentes eventos
da campanha de Trump em
Tulsa, Oklahoma, Phoenix e
Mount Rushmore, no Dakota
do Sul.
A única vez que foi conhe-
cido que Trump usava uma
máscara foi durante um
momento privado de uma
visita a uma fábrica da Ford,
no Michigan.
uma recomendação respei-
tam-na de forma massiva”,
disse, sublinhando, contudo,
que o Governo adapta sempre
as suas recomendações con-
soante a evolução da situação.
A França ultrapassou já a bar-
reira das 30.000 mortes devido
à infecção provocada pelo
novo coronavírus, de acordo
com o mais recente balanço,
divulgado na sexta-feira.
Na altura, as autoridades
de Saúde pediram prudência
aos franceses por causa do
início das férias para muitos
deles e devido à ponte que
coincide com o feriado nacio-
nal de 14 de Julho, em que se
comemora a Tomada da Bas-
tilha. As autoridades de Saúde
francesas referiram também
que nas últimas semanas se
registou uma inversão na ten-
dência do número de infec-
ções, a qual tinha diminuído.
NO QUARTO TRIMESTRE
Tailândia quer testar vacinas
contra a Covid-19 em humanos
Uma equipade investigadores da
Tailândia quer começar, no quarto
trimestre do ano, a realizar testes
em humanos de uma vacina contra
a Covid-19 que, se tiver bons resul-
tados, poderá ser distribuída em
2021, foi ontem anunciado.
Após resultados positivos em
macacos no mês de Maio, dois
tipos de vacina serão enviados
para San Diego (EUA) e Vancouver
(Canadá), para serem produzidas
10 mil doses até Novembro, disse
o director do Centro de Investigação
de Vacinas da Universidade de
Chulalongkorn, em Banguecoque.
Em conferência de imprensa,
Kiat Ruxrungtham explicou que
a vacina, desenvolvida em cola-
boração com uma equipa da Uni-
versidade da Pensilvânia, nos
EUA, será testada numa primeira
fase em cerca de 100 pessoas divi-
didas em dois grupos.
Em primeiro lugar, serão admi-
nistradas diferentes doses a um
investigadores tailandeses estão confiantes numa vacina
MÉDIO ORIENTE
Mais de 20 mil mortes na região
com mais de metade só no Irão
A pandemia do novo coronavírus
fez, até à data, mais de 20 mil
mortes no Médio Oriente, das
quais mais de metade no Irão,
segundo um balanço realizado
pela agência France Presse (AFP)
a partir de dados oficiais.
Com um total de 20.005 mortes
(entre 907.736 casos diagnosti-
cados), o Médio Oriente continua
a ser, no entanto, uma das regiões
menos afectadas pela actual crise
sanitária, que já matou pelo menos
565.166 pessoas em todo o mundo.
O Irão, país com mais de 80
milhões de habitantes, é o mais
afectado da região, com 12.829
mortes e 257.303 casos de infecção
confirmados, de acordo com os
dados oficiais de Teerão hoje
divulgados. Em termos mundiais,
o Irão é o nono país com mais
mortes relacionadas com o novo
coronavírus. Desde o início de
Maio, a República Islâmica, que
anunciou os primeiros casos da
doença Covid-19 em Fevereiro,
tem registado um novo aumento
de contágios.
O líder supremo do Irão, o 'aya-
tollah' Ali Khamenei, classificou
ontem como “verdadeiramente
trágico” o ressurgimento de casos
da Covid-19 no país, apelando
aos iranianos para cumprirem as
regras sanitárias, de forma a conter
a propagação do vírus.“Que cada
um cumpra a sua função da
7
grupo de indivíduos entre 18 e 60
anos, e depois a um outro grupo
com idades compreendidas entre
60 e 80 anos, acrescentou o res-
ponsável. Se os resultados da pri-
meira fase forem positivos, os testes
avançam para uma segunda fase,
em que a amostra será ampliada
para entre 500 e mil pessoas.
Actualmente, a equipa de inves-
tigadores não aceita voluntários,
já que os testes esperam ser apro-
vados pelas autoridades compe-
tentes, mas, se tiverem sucesso,
prevê-se que a empresa BioNet
Asia possa produzir a vacina a um
nível massivo a partir do terceiro
ou quarto trimestre de 2021.
A Tailândia foi o primeiro país a
detectar um caso da Covid-19 fora
da China, o epicentro da pandemia,
mas, até ao momento, conseguiu
conter a propagação com o encer-
ramento de fronteiras e o uso inten-
sivo de máscaras com 3.217 casos
confirmados e 58 mortes.
DR
melhor maneira possível para
quebrar a cadeia de transmissão
a curto prazo e salvar o país”,
disse Ali Khamenei.
Na quinta-feira, as autoridades
iranianas anunciaram um novo
máximo diário, ao terem registado
221 novos óbitos num período
de 24 horas.
O Iraque (com 3.055 mortes,
em 75.194 casos), a Arábia Saudita
(2.181 mortes, em 229.480 casos),
o Iémen (464 mortes, em 1.380
casos) e o Kuwait (386 mortes,
em 54.058 casos) são os outros
países da região do Médio Oriente
mais afectados pela Covid-19.
A média na região é de cerca
de 43 mortes por cada um milhão
de habitantes, segundo uma con-
tagem da AFP, enquanto a média
mundial é de cerca de 70 mortes
por cada um milhão de habitantes.
As mortes no Médio Oriente repre-
sentam, actualmente, cerca de
3,5% das mortes por Covid-19
em todo o mundo, muito atrás
da Europa (que representa mais
de um terço), dos Estados Unidos
e Canadá (25%) e da América
Latina e Caraíbas (25%).
Desde que o novo coronavírus
foidetectadonaChina,emDezembro
do ano passado, a pandemia da
doença Covid-19 já provocou mais
de 565 mil mortos e infectou mais
de 12,74 milhões de pessoas em
mais de 215 países e territórios.
8 ENTREVISTA
Eugénio Guerreiro
Sra.Ministra,oOGERevistocomeça
aserdiscutidoamanhã,entretanto
pelo segundo ano consecutivo o
Orçamento é revisto. A que se
deve, falhas de programação?
Penso que é importante que
todos entendamos o processo
de programação orçamental.
O orçamento começa a ser
elaborado no mês de Maio. E
em Maio de 2019, o preço
médio do Brent, nos mercados
internacionais, era de apro-
ximadamente 71 dólares por
barril. Como sabemos, o preço
do petróleo é a principal âncora
orçamental e cambial do país.
Ainda assim, assumimos um
preço de referência de 55 dóla-
res por barril. Na altura, a crítica
era que estávamos a ser muito
conservadores. Entretanto sur-
giu a pandemia da COVID, que
afectou as economias inter-
nacionais com mais relevo em
Março de 2020. Ninguém pro-
gramou o impacto desta Pan-
demia, que levou o preço da
crude (WTI) a valores negativos
– algo nunca antes visto na
história. Portanto, nós pro-
jectamos sempre de forma
responsável e conservadora,
mas tendo em conta que esta-
mos numa economia global,
os factores que afectam a eco-
nomia global, afectam Angola.
Esta exposição vai diminuir
quando Angola produzir local-
mente as suas necessidades
de consumo.
Acha que se não fossem estes
dois factos, que são absoluta-
mente indesmentíveis e estão
MINISTRA DAS FINANÇAS, VERA DAVES DE SOUSA E A REVISÃO DO OGE-2020
Todos os projectos cuja fonte de
financiamento eram recursos ordinários do
tesouro foram cortados da carteira, de modo
que pragmatismo e realismo é isso: é o que
vamos conseguir efectivamente fazer com os
recursos que já estão mobilizados e
identificados e vamos nos focar nisso e
assegurar que sejam bem feitos
aí, a queda do preço do barril de
petróleo e o fenómeno pandé-
mico, o orçamento antes era
suficientemente consistente,
isto é, não teria havido neces-
sidade de fazer esta revisão? Era
um orçamento capaz de enfrentar
2020, em situações normais?
Nós tínhamos consciência, à
partida, que 2020 seria um
ano que teria os seus desafios
e por causa disso é que adop-
tamos uma postura bastante
conservadora no preço do
petróleo que definimos à par-
tida no Orçamento. Estávamos
também conscientes de fra-
gilidades que tínhamos, rela-
cionadas, por exemplo, à taxa
de câmbio, que nos toca tam-
bém, porque temos parte do
serviço da dívida exposto à
variação da taxa de câmbio,
e isso pode fazer com que
tenhamos menos capacidade
de tratar de todas as outras
despesas. Por estes motivos,
dizia, fomos muito moderados
na nossa programação.
Então o que é que o OGE 2020
Revisto traz de novo?
“Passamos
a viver dentro
das nossas
possibilidades”
Começa amanhã a discussão na Assembleia
Nacional da proposta de revisão do OGE-
2020. Por isso, este foi o pretexto para a
conversa com a Ministra das Finanças.
Vera Daves de Sousa fala de um OGE-
2020 revisto pragmático e realista, fruto
dos cortes que foram introduzidos no
programa de investimentos públicos.
O tema da dívida pública absorve,
entretanto, a preocupação das
Finanças Públicas.
sas.Eugostariaquemetraduzisse,
de facto, pragmatismo e realismo
em medidas.
Pragmatismo e realismo é
identificarmos projectos no
orçamento, cuja fonte de
financiamento não oscile em
função da nossa capacidade
de arrecadação de receitas,
projectos de investimento
público. Esses projectos foram
efectivamente identificados
e constam do Orçamento.
Houve muitos cortes na car-
teira de investimentos públicos
para aqueles projectos que
não têm associado nenhuma
Introduzimos o pragmatismo l i n h a d e fi n a n c i a m e n to
e o realismo, pois temos de externo, nem interno, e nem
viver dentro das nossas pos- dos fundos que resultaram da
sibilidades, para evitar onerar descapitalização do Fundo
ainda mais o contribuinte. Soberano. Todos os projectos
Não é fácil este exercício numa cuja fonte de financiamento
nação como a nossa, em que eram recursos ordinários do
há tantos desafios para fazer tesouro foram cortados da
face, do ponto de vista social, carteira, de modo que prag-
do ponto de vista de incentivos matismo e realismo é isso: é
económicos, do ponto de vista o que vamos conseguir efec-
de infraestruturas, mas temos tivamente fazer com os recur-
de, cada vez mais, encontrar sos que já estão mobilizados
soluções e modelos em que e identificados e vamos nos
tenhamos a participação activa focar nisso e assegurar que
do sector privado, e o Estado sejam bem feitos.
possa viver de acordo com as
suas possibilidades, até porque Houve uma redefinição de prio-
o stock da dívida está em níveis ridades…
que exigem cautela e algum Exactamente!
cuidado, por conseguinte, o
exercício de pragmatismo e E nesta redefinição o que é que
realismo assume uma impor- ficou exactamente de fora, por
tância cada vez maior. exemplo, como é que se vai
criar mais emprego?
Senhora Ministra, eu ia lhe pedir O tema da geração de emprego
para traduzir pragmatismo e rea- não pode ser visto numa pers-
lismo em medidas concretas, por- pectiva de ser apenas o Estado
que é também agora disto que a criar emprego. Tem de ser
temos que falar, temos que falar visto na perspectiva de se saber
dos impactos directos na vida das e avaliar muito bem quais os
pessoas, das famílias e das empre- projectos de investimentos
WALTER FERNANDES
públicos e que programas o
Estado tem que vão ser cata-
l i s a d o re s d a c r i a ç ã o d e
emprego – e é sobre isso que
importa comentar. Sobre a
questão de projectos em espe-
cífico, temos vários projectos
que envolvem o sector da ener-
gia ou ainda da construção,
integrados, por exemplo, no
Programa de Intervenção nos
Municípios, e aí acreditamos
que pode haver significativa
criação de emprego.
Emprego precário, Senhora
Ministra, que dura o tempo das
obras…
Não necessariamente. Nós
olhamos para o sector da cons-
trução como o processo de
construir. Desde a pedreira,
serralharia e carpintaria até
aos serviços de manutenção
após o término das obras, são
criadas um conjunto de indús-
trias e competências que
podem ser utilizados para
outros fins. Este é o grande
valor agregado do investimento
público, daí estarmos a pro-
mover uma nova visão, uma
visão que promova o inves-
timento público de forma inte-
g rad a e n ão ap e n a s n a
execução de uma determinada
obra. Por outro lado, o fomento
do emprego é claramente por
via do sector privado. Daí que,
no âmbito do programa de
privatizações, já estejamos a
ver surgirem empregos, com
um conjunto de fábricas que
estavam paralisadas e agora
vão começar a funcionar e
gerar novos empregos. No
âmbito do programa que está
a ser desenhado pelo Ministério
da Economia e Planeamento,
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
que envolve o financiamento
do FADA, via agricultura fami-
liar, vão ser criados empregos.
Pela via do Programa de Apoio
ao Crédito, em que existem
iniciativas que precisam de
liquidez para serem dinami-
zadas, vão ser criados empre-
gos, porque estas iniciativas
vão ganhar outra dimensão.
Está a falar da linha de crédito
do BDA, por exemplo?
Sim e de bancos comerciais
que, ao abrigo do aviso que o
BNA publicou, têm de empres-
tar dinheiro a uma taxa mais
baixa. De modo que, o Estado,
sozinho, não vai conseguir
criar os empregos de que se
precisa e vai precisar destes
parceiros e com eles agir em
concertação. O que o Estado
tem de fazer – e estamos a
fazer – é remover os obstáculos
do caminho – os mais antigos
e os mais recentes – e investir
tudo o que é possível nas infra-
estruturas necessárias para
que esta máquina opere. Se
olharmos para o papel do
Estado e do privado de forma
integrada, veremos que o
investimento público fomen-
tará cadeias de valor, que pre-
vemos serem financiadas por
via das iniciativas atrás apre-
sentadas. Este é o caminho
para fomentar a produção
nacional, não temos outra
escolha. Foi por isso também
que recapitalizamos o Fundo
de Garantia de Crédito. Há um
ambiente de promoção do
investimento privado e cabe
aos empresários capitalizar
estas ferramentas.
Mas a realidade é que nós tivemos
no primeiro semestre deste ano
a economia ou suspensa, ou
semiparalisada, e nisso tivemos
custos, as pessoas sentiram isso.
Em termos reais o que é que o
Governo fez para minimizar, no
dia-a-dia, os custos de pessoas
que tiveram de ficar em casa,
que não tinham condições para
fazer teletrabalho e os seus ren-
dimentos diminuíram?
Foi preparado um programa
com medidas de alívio eco-
nómico que foi apresentado
e aprovado em Conselho de
Ministros e já está em imple-
mentação. Algumas medidas
estavam relacionadas com as
empresas e outras relacionadas
com as famílias. O programa
ou as medidas, naturalmente
foram dimensionadas à capa-
cidade do Estado de apoiar.
Para as famílias flexibilizou-
se, por exemplo, o pagamento
das contas de energia e água
e flexibilizou-se na questão
do limite máximo que as esco-
las poderiam cobrar propinas.
No caso das empresas, flexi-
bilizou-se dando-lhes mais
tempo para o cumprimento
das suas obrigações fiscais e
no sentido de não se lhes cobrar
IVA até um ano, relativamente
à importação de matérias pri-
mas, sendo que terão até um
ano para cumprir com estas
obrigações em sede do IVA.
São medidas concretas o tra-
balho que temos vindo a fazer
no âmbito da reforma do
Estado, no sentido do ema-
grecimento do aparelho do
Estado, entre outras medidas
que foram levadas a cabo. Gos-
taríamos de ter feito mais,
sim, mas temos de fazer
mediante a nossa capacidade
e porque sabemos bem que o
p ró p r i o E stad o ta mb é m
enfrenta dificuldades.
ENTREVISTA Segunda-feira
13 de Julho de 2020
“Precisamos de superavits consecutivos
para reduzirmos o stock da dívida”
Voltando aos temas macroeco-
nómicos e de finanças públicas,
Senhora Ministra, está previsto
um crescimento negativo, como
é que o Estado pensa equilibrar
as contas públicas? Gostava de
a ouvir também em relação ao
tema da sustentabilidade da
dívida pública, porque há notí-
cias de acordos com credores
no sentido de serem pedidas
moratórias ou mesmo perdões
de dívida. Qual é exactamente
a fotografia?
O tema do crescimento negativo
naturalmente que nos preocupa.
A questão do crescimento eco-
nómico é estrutural e estamos a
tomar medidas para melhorar o
ambiente de negócios, fomen-
tando a produção nacional. Isto
demorará o seu tempo e temos
acompanhado, com muito agrado,
a reação das pessoas e empresas.
Vê-se, hoje em dia, um claro dina-
mismo na produção nacional,
que pretendemos apoiar na sua
aceleração, quer por via da redu-
ção dos custos fiscais dos insumos,
no financiamento da aquisição
pelo Estado de produtos nacionais
e, mais importante, alocando
recursos públicos para iniciativas
que fomentem o sector privado.
Contudo, ao Ministério das Finan-
ças compete também equilibrar
as contas públicas e temo-lo feito
com medidas de fomento da
receita e redução da despesa.
Parte do pacote de redução de
despesas, está em negociação
com os principais credores e
temos sido muito bem-sucedidos.
Qual é o valor e como se com-
portará o PIB?
O PIB andará em menos 3, 6 por
cento, o que, primeiro, destrói
valor e adia a trajectória do cres-
cimento; em segundo, compro-
mete a geração de empregos que
gostaríamos de ter. Preocupa-
nos sobremaneira… e depois
porque deixamos de ter receita
fiscal, de que precisamos e muito,
para poder ter um orçamento
superavitário.
Qual é a perda em termos de
receita fiscal?
Estamos a falar de 30 por cento
de perda de receita, comparati-
vamente ao orçamento em vigor.
Isto naturalmente tem um preço
e o preço é termos este ano um
défice fiscal. Tivemos em 2018
um superavit, tivemos em 2019
um superavit e em 2020, muito
provavelmente, com todos os
pressupostos que temos em cima
da mesa, teremos um défice. Não
é uma situação que nos agrade,
porque entendemos que preci-
samos de superavits consecutivos
para podermos reduzir o stock
da dívida, mas também enten-
demos que há um conjunto de
despesas que não são negociáveis.
A nossa capacidade de cortar
despesas tem limites, então tere-
mos que recorrer a financiamento.
O que resultar de receitas patri-
moniais e o que conseguirmos
encaixar com o programa de pri-
vatizações vai ajudar a cobrir o
gap, e ainda assim teremos que
recorrer a financiamento.
Por isso é que é muito importante
sermos focados e pragmáticos
“O stock da dívida era
USD 82 mil milhões de
dólares em 2017. No
final de 2019 era
sensivelmente USD 72
mil milhões e prevemos
atingir um valor
inferior a USD 66 mil
milhões de dólares no
final de 2020. Portanto,
estamos a falar
essencialmente de uma
reavaliação cambial
para assegurar que com esta des-
pesa consigamos provocar as
mudanças positivas necessárias
para inverter o quadro, em termos
de redução de dependência do
sector petrolífero e em termos
de ter mais sectores a gerar valor,
porque se com este cenário das
finanças públicas não gastarmos
nos projectos certos, teremos no
próximo ano uma degradação
ainda maior das contas públicas
e é isso que queremos evitar; por
isso é muito importante o foco
e é muito importante fazermos
as escolhas certas neste momento.
Quais são as medidas que não são
negociáveis e o que é fazer uma
boa gestão daquilo que é gasto,
exactamente falamos de quê?
Na verdade as duas perguntas
estão relacionadas. Relativamente
à sustentabilidade da dívida, nós
estamos a interagir directamente
com os nossos credores. Nós ade-
rimos a iniciativa de suspensão
da dívida do G20 e estamos no
processo negocial e de formali-
zação desta adesão.
Qual é o valor?
Ainda não temos quantificado o
valor, porque ainda não está for-
malizada a adesão, mas já mani-
festamos o interesse. Estamos
no processo de apurar os bene-
fícios que teremos e também
estamos a negociar com os nossos
credores, seja do ponto de vista
WALTER FERNANDES
multilateral seja bilateral…
Falamos concretamente da
China?
(risos) Não adianta por ora fazer
esta destrinça. Dou-lhe apenas
nota duma grande abertura e
estamos a trabalhar. Este cenário
de crise tornou-se uma oportu-
nidade do ponto de vista da gestão
e sustentabilidade da dívida
pública, o que nos permite gerar
poupanças significativas.
Mas a informação é pública,
todos nós sabemos quais são
os maiores credores do país,
portanto…
Temos acordos de confidencia-
lidade que não nos permitem
nesta altura dar este detalhe,
mas estamos em processo avan-
çado para conseguir poupanças
e folga para levar a cabo um con-
junto de outras despesas que
temos de tratar.
Relativamente à questão das des-
pesas que não são negociáveis,
uma está relacionada com os
funcionários públicos, que ainda
tem um peso grande naquela
que é a nossa rubrica de despesas.
As despesas com o pessoal têm
um peso significativo e não pode-
mos falhar relativamente ao paga-
mento de salários.
Outra despesa não negociável é
o serviço da dívida. O Estado tem
de continuar a manter a sua repu-
tação e não pode falhar em honrar
os seus compromissos. E o que
estamos a fazer no âmbito destas
negociações e destes acordos é
procurar diminuir a factura, mas
também é uma despesa que não
podemos falhar.
Na fase actual, mas também numa
abordagem estruturada para o
longo prazo, é inegociável o inves-
timento em saúde e educação.
Temos neste momento uma
dívida em cerca de 123 por cento
do PIB…
É a perspectiva até ao final do
ano, sim. Em grande medida
devido a deterioração da posição
cambial porque quando obser-
vamos os números em dólares
vamos notar uma redução. Por
exemplo: O stock da dívida era
USD 82 mil milhões de dólares
em 2017. No final de 2019 era
sensivelmente USD 72 mil milhões
e prevemos atingir um valor infe-
rior a USD 66 mil milhões de dóla-
res no final de 2020. Portanto,
estamos a falar essencialmente
de uma reavaliação cambial.
Senhora Ministra não nos con-
segue dizer hoje quanto é que
nós vamos encaixar? Isto é; inde-
pendentemente do orçamento
que hoje temos e que se pode
traduzir em receita, quanto é
que nós podemos encaixar com
estas negociações da dívida?
Bom, o que é certo é que este pro-
cesso não vai fazer reduzir o stock
da dívida, o que vai fazer é dar-
nos espaço para respirar durante
algum tempo, porque vai nos per-
mitir pagar de forma mais suave
ou deixar de pagar durante algum
tempo, isso só para início de abor-
dagem no que a este assunto diz
respeito. O que significa que deve-
mos persistir no caminho da con-
solidação fiscal.
Relativamente ao alívio que é
esperado, nós estamos a contar
obter poupanças significativas
nos próximos anos
Qual é o ponto de situação em
relação à regularização dos atra-
sados, apesar de nos últimos
dias termos visto notícias de
regularização junto de credores
na Huíla e em Benguela, ainda
assim persistem notícias de
empresas que estão em dificul-
dades e tal como dizia há bocado,
por ausência mesmo de liquidez.
Nós relativamente aos atrasados
temos o tema do passado e o
tema do presente. O tema do
passado está relacionado com
9
os atrasados que se foram for-
mando nos últimos anos, uns de
acordo com as regras de execução
orçamental e outros desrespei-
tando as regras de execução orça-
mental. Relativamente àqueles
que foram constituídos respei-
tando as regras de execução orça-
mental, todos foram liquidados
até 30 de Março.
Isto corresponde a que período,
ano de corte?
De 2013 a 2018.
Relativamente aos que estão fora
do sistema, aí já é um desafio
maior, por não terem respeitado
as regras de execução orçamental,
há um processo de certificação
associado. Passado este processo,
ainda vai depender da nossa dis-
ponibilidade de tesouraria e de
espaço fiscal para emitir títulos
ou compensar fiscalmente a
empresa com dívidas. É uma das
três soluções que normalmente
usamos para regularizar, ou paga-
mos com dinheiro, ou emitimos
títulos para pagar, ou faz-se a
compensação fiscal das dívidas
fiscais desta empresa com a dívida
que o Estado tem para com ela.
De modo que, relativamente a
este caso, ultrapassado o obstáculo
da certificação que tem os seus
desafios, porque muitas das vezes
o novo gestor não se sente con-
fortável para reconhecer a dívida
do gestor anterior, e fica-se num
impasse, mas ultrapassando este
obstáculo temos agora a limitação
de tesouraria, porque não temos
tesouraria suficiente para tratar
dos atrasados na dimensão e
velocidade que gostaríamos, esta-
mos a gerir o presente e temos o
desafio do espaço fiscal, porque
não podemos emitir muitos títulos
uma vez que o nosso nível de
endividamento está muito alto.
Enquanto se mantiver este cenário
mais aflitivo, a máquina de regu-
larização será mais lenta, mas
não está paralisada.
Mas há um limite estabelecido
pelo FMI?...
Temos um plafond, sim, de 150
Mil Milhões de Kwanzas, para
pagar atrasados e já consumimos
cerca de 80 por cento deste mon-
tante e só estamos em Julho, de
modo que é um desafio, natu-
ralmente que vamos continuar
a negociar no âmbito do programa
para ampliar o tecto máximo.
Somos um país de contas certas
ou continua a pairar indisciplina
orçamental?
Estamos a percorrer este caminho
e por isso temos levado insisten-
temente a mensagem a todos
os gestores do erário público de
disciplina e rigor na gestão da
despesa. Parcimónia, realismo
e pragmatismo. Fazer muito e
bem com o pouco que temos.
Esta situação actual impôs-nos
muitas restrições, mas é um desa-
fio e ao mesmo tempo uma opor-
tunidade para aprofundarmos
as reformas que ainda temos
pela frente, no sentido de con-
solidar as contas públicas e adop-
tarmos um modelo de economia
de mercado mais assente e onde
o sector privado consiga exercer
um papel vital.
10 OPINIÃO Segunda-feira
13 de Julho de 2020

EDITORIAL IMAGEM DO DIA

Uma senhora e a sua bebé foram voluntariamente testar à Covid-19 no mercado do Asa Branca,

Os governantes, a economia município do Cazenga. Muitos cidadãos querem saber se estão infectados com a Covid-19,
em campanhas de testagem massiva
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO

e a pandemia da Covid-19
Nos tempos que correm, não se fala de outra coisa nas sociedades que
não sejam os grandes problemas económicos e sociais causados pela
crise sanitária decorrente da pandemia da Covid-19.
Um dos grandes desafios que os governos de todo o mundo têm
enfrentado é encontrar um equilíbrio, difícil de alcançar, entre o
combate à pandemia da Covid-19 e a tomada de medidas para a retoma
das economias.
Especialistas costumam dizer que sem saúde não há economia e
que sem economia não há saúde, indicando que ambos os sectores
devem andar juntos. Teoricamente é fácil dizer isso, mas a prática nos
tem demonstrado que nem sempre as opções que se tomam ao nível
da saúde, em tempos de pandemia, são boas para a economia, estando
os governos obrigados a ajudar a resolver problemas graves de empresas
que, devido à doença, pedem aos Estados financiamentos para não
irem à falência.
São inúmeras as empresas no mundo, muitas até de grande dimensão,
que estão a ser obrigadas a despedir pessoal, com consequências
nefastas para muitos milhares de famílias.
O desemprego é um dos principais problemas que os Estados
estão a enfrentar. Devido à pandemia da Covid-19, muitas centenas
de empresas no mundo fecharam as portas e nem todos os governos
têm possibilidades para ajudá-las, por muito tempo, por falta de re-
cursos financeiros.
Os problemas económicos e sanitários estão hoje no centro da
agenda política de muitos governos do mundo, não sendo fáceis de os
revolver. Os governos devem dotar-se, nesta fase de grave crise
económica e sanitária, de equipas multidisciplinares que possam, não
resolver todos os problemas, ao menos minorar o seu impacto negativo
nas comunidades.
As pessoas, a quem são dirigidas as políticas públicas, têm os olhos
concentrados neste momento nos governantes, que devem ter cons-
ciência de que, quanto maiores forem os problemas económicos e
sociais entre as comunidades, maiores serão as exigências por parte
destas, que os querem ver resolvidos rapidamente, sobretudo os que
são básicos.
Não sendo fácil resolver simultaneamente todos os problemas eco-
nómicos e sociais, importa estabelecer prioridades. Os problemas
mais graves que afectam as comunidades devem ser prioridade na
agenda dos governantes.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO PROPRIEDADE

Víctor Silva (presidente) Edições Novembro, E.P.
ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
Caetano Pedro da Conceição Júnior SEDE:
CARTAS DOS LEITORES
José Alberto Domingos
Rui André Marques Upalavela Rua Rainha Ginga, 12-26
Caixa Postal 1312 - Luanda
Luena Kassonde Ross Guinapo
Redacção: 222 020 174 Cozinhas comunitárias me, e a pandemia da Covid-19 espaço, na organização de um
ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS Telefone geral (PBX): 222 333 344
Filomeno Jorge Manaças Fax: 222 336 073 Soube que num município de pode vir a piorar a situação da- melhor Sistema Nacional de Saú-
Mateus Francisco João dos Santos Júnior Telegramas: Proangola
Luanda alguém organizou cozi- quelas pessoas que já vivem na de, para no futuro estarmos em
nhas comunitárias, que têm per- extrema pobreza no nosso país. melhores condições de enfrentar
mitido que muitas pessoas caren- Que a sociedade civil se organize doenças de qualquer tipo. Que
tes possam fazer ao menos uma e que se concentre por exemplo se estudem profundamente as
DIRECTOR: Edna Cauxeiro (subeditora), refeição por dia. Em tempo de na instalação de cozinhas comu- fragilidades, que não são poucas,
Víctor Silva Ferraz Neto (subeditor) e Pereira Dinis
pandemia, são muitas as famílias nitárias em diferentes bairros po- do nosso Sistema de Saúde, para
DIRECTOR-ADJUNTO:
Caetano Júnior
EDIÇÕES ESPECIAIS:
que não têm rendimentos para bres do país. A união faz a força. que concebamos serviços de as-
DIRECTOR EXECUTIVO:
Guilhermino Alberto
Adalberto Ceita, André dos Anjos, Domingos dos Santos,
Leonel Kassana e Yara Simão
conseguirem satisfazer necessi- Se houver muitas organizações sistência médica e medicamen-
dades básicas, como a alimenta- da sociedade civil preocupadas tosa mais robustos e eficientes.
EDITOR EXECUTIVO: FOTOGRAFIA:
Diogo Paixão Kindala Manuel (editor-chefe), ção. Sou da opinião de que as com os angolanos que nada têm As crises não são boas para nin-
José Cola (editor),
SUB-EDITOR EXECUTIVO:
Cândido Bessa Dombele Bernardo, Domingos Cadência, Eduardo Pedro, João Gomes, igrejas se deviam unir neste pe- que comer se elas juntarem meios guém, mas fazem muitas vezes
Maria Augusta, Miqueias Machangongo, Mota Ambrósio, Paulo Mulaza, Kindala
Manuel, Santos Pedro, Agostinho Narciso, Vigas da Purificação, Contreira Pipas ríodo de crise em que muita gente financeiros para minorar proble- com que se criem oportunidades
GRANDE REPÓRTER: está desempregada e sem meios mas destes nossos compatriotas, e se façam obras para que, em
Luísa Rogério CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul), para sustentar as suas famílias, muitos milhares de cidadãos so- tempo de normalidade, as pes-
Bernardo Capita (Cabinda),
EDITORIAS:
POLÍTICA: João Mavinga (Zaire), unir-se para ajudar muitos cida- frerão menos. soas não se preocupem.
Bernardino Manje (editor-chefe), Vladimir Prata (Namibe),
Esídoro Natalício (Cuanza-Norte),
dãos carenciados. Sei que há igre- ARMANDA JOÃO APOLINÁRIO AFONSO
Fonseca Bengui (subeditor), Santos Vilola,
Adelina Inácio, João Dias, Edna Dala, Luís Pedro (Cuanza-Sul),
Pedro Bica (Bengo),
jas que têm muito dinheiro e penso Ingombota Camama
Garrido Fragoso e Gabriel Bunga
Francisco Curinhingana (Malanje)
Miguel Ângelo (Huambo),
que neste momento deviam ao
OPINIÃO:
Ambrósio Clemente (editor-chefe), Faustino Henrique (subeditor)
João Constantino (Bié),
José Chaves (Andulo),
menos acudir a situações difíceis
SOCIEDADE: Jaime Azulay (Benguela),
Jesus Silva (Lobito),
por que passam muitos dos seus Serviços de saúde Actividade desportiva
Nhuca Júnior (editor),
Alberto Pegado (editor), Estanislau Costa (Huíla),
Joaquim Aguiar (Lunda-Norte),
fiéis e não só. Não acredito que A pandemia de Covuid-19 veio Estão as diferentes federações des-
José Meireles (editor),
Rodrigues Cambala, André da Costa, Kilssia Ferreira, Manuela Gomes, Silvino Paulo (Uíge),
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
haja muitas igrejas em grave crise destapar muitos problemas exis- portivas angolanas a ponderar
Augusto Cuteta, Alexa Sonhi, César André, César Esteves, Edivaldo Cristóvão,
Carla Bumba e Mazarino da Cunha Quinito Kanhamei (Cunene),
Samuel António (Moxico),
depois de durante muitos anos te- tentes nos sistemas de saúde de sobre o regresso às competições
REGIÕES:
Sérgio Chivaca (editor-chefe),
rem recebido ofertas dos seus fiéis. muitos países do mundo, desen- nacionais. Que nesta ponderação
PAGINAÇÃO E ARTE:
Béu Pombal (subeditor),
Filipe Eduardo Salvador Escórcio (Editor), Soares Neto, Eugénia Victor, Augusta Lucéu, Tomás Cruz,
É justo que agora, com a pobreza volvidos e subdesenvolvidos. Mas se leve em conta a situação de
ECONOMIA: Noé Pungue, Evaristo Sacupalica, João Augusto, Josefa Abreu, Maria Messele,
Alberto Bumba, Inês Quingando, Margarida Zilungo, Maria da Silva, António Saldanha,
extrema de muitas famílias, as nós, angolanos, temos de fazer pandemia que estamos a viver,
Cristóvão Neto (editor-chefe),
Armando Estrela (subeditor), Henrique Faztudo, António Quipuna, Raúl Geremias, Ana Paula Dias, Isabel Fragão, igrejas tenham compaixão e vão a nossa parte. Que a pandemia com o aumento de casos de infec-
Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena José, Natacha Roberto e Victorino Joaquim Manuel Cassinda, Francisco da Silva, Rui Jacinto, Bruno Bernardo, Luquemba Pedro
MUNDO:
ao encontro daqueles que preci- de Covid -19 nos leve a pensar, çõe com a Covid-19. Gosto de des-
CARTOON E ILUSTRAÇÃO:
Bernardino Fançony (editor-chefe), António Canepa Armando Pululo e Casemiro Pedro sam de um pedaço de pão. Vive- como alguém já sugeriu neste porto, em particular de futebol,
DESPORTO:
Amândio Clemente (editor-chefe),
mos momentos difíceis e deve ha- mas a vida está em primeiro lugar.
COPY DESK:
Anaximandro Magalhães (subeditor), António Cristóvão, Rui Ramos, Arlindo Soares e Esperança Vieira Dias ver solidariedade daqueles que ESCREVA-NOS Que só haja, em minha opinião,
Armindo Pereira, Teresa Luís, Vivaldo Eduardo,
António de Brito, Honorato Silva, Job Franco têm algum dinheiro para com os Cartas recebidas na competições, quando as autori-
CULTURA: O Jornal de Angola Rua Rainha Ginga, 12-26
António Bequengue (editor-chefe), Adriano Melo (subeditor), utiliza os serviços da ANGOP, AFP, Reuters, EFE e Prensa Latina que nada têm. As igrejas podem Caixa Postal 1312 - Luanda dades sanitárias disserem que há
Francisco Pedro (subeditor), Amilda dos Santos, Manuel Albano,
Mário Cohen e Roque Silva PUBLICIDADE: organizar, se estiverem unidas, ou por e-mail: condições para tal.
GENTE E FIM-DE-SEMANA: (+244) 937 550 262 cozinhas comunitárias. Há pes- GERVÁSIO PANZO
António Cruz (editor-chefe), escrevaconnoscoJA@gmail.com
(+244) 949 770 006 e-mail: publicidade@jornaldeangola.com Bairro Popular
Isaquiel Cori (editor) soas, angolanas, que passam fo-
OPINIÃO Segunda-feira
13 de Julho de 2020 11
IMPRESSÕES DIGITAIS ANÁLISE

Adebayo Vunge Eduardo Magalhães |*

CITAÇÕES

“O país entrou numa

Dos cooperantes grande crise que

afectou o futebol,
condicionando os
O combate à pandemia
planos e objectivos.
Assim quem nos traduzido em números
aos expatriados poderia salvar
era a FIFA, a quem
recorremos e nos
prometeu ajuda,
depois da conclusão
O cenário de estagnação/crise da economia não é uma exclusividade
de Angola, mas em tempos de esforços de todos os angolanos,
conhecer os números (valores e custos) investidos pelo Executivo
da auditoria interna. ajuda-nos a perceber melhor o tamanho e dimensão do que é
A Televisão Pública de Angola tem-nos brindado, têm uma agenda de longo-prazo que vale prioritário para salvaguardar a vida e garantir ao cidadão angolano
nos últimos tempos, por força ou não do con- prestar atenção. Pouco compram dos nossos
Por isso, somos
a maior segurança possível no enfrentamento do novo coronavírus.
finamento, de momentos verdadeiramente produtores nacionais e alimentam a sua cadeia candidatos a dar Sobre o tema, da recente conferência de imprensa do ministro de
edificantes e de exaltação da cultura nacional. de importação. Pelos produtos que comer- materialização aos Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República,
Estão a proporcionar-nos um verdadeiro cializam ditam até a dieta alimentar, impondo projectos existentes” Pedro Sebastião, foi reveladora.
reencontro com a nossa idiossincrasia, pelo subtilmente o seu way of life. Artur Almeida e Silva “O Executivo já gastou cerca de 43 mil milhões de Kwanzas, nas
menos no que diz respeito aos estilos musicais. Mas, saímos então do comércio e entremos Presidente cessante da Federação mais variadas rubricas para o combate e prevenção à Covid-19 no
Angolana de Futebol e novamente
Começou por ser fruto da parceria com a ben- para a agricultura. O nosso grande expert nestas candidato ao cargo país”, disse o ministro de Estado e coordenador da Comissão Mul-
quista Nova Energia do Yuri Simão e promotora matérias, o engenheiro Fernando Pacheco con- tissectorial de Prevenção e Combate à Covid -19, Pedro Sebastião.
As medidas de repatriamento de cidadãos angolanos retidos nos
do show do mês. Nos últimos fins de semana, cedeu uma entrevista ao nosso matutino onde “Torna-se claro que vários países do mundo com uma logística de elevado dispêndio
a TPA assumiu a promoção da angolanidade denunciou, mais uma vez, um fenómeno rela- o crime contra a vida e complexidade são somadas aos custos elevados investidos na
e da música angolana. Está a ser um grande cionado ao que referi há instantes: quarentena institucional. Para além disso, todo o material de bios-
reencontro com a cultura, com a nossa música. “Por razões conhecidas, ligadas às más
selvagem tem
implicações negativas segurança, adquirido para o uso nesta campanha de prevenção e
Foi assim por exemplo, com o triunvirato do práticas ou medidas de política e às guerras, combate contra a Covid-19, aumenta os números das despesas
Semba, ou seja, o espectáculo que juntou os agricultores angolanos não puderam pra- para as alterações que constituem este exercício hercúleo que a governação está a
Bonga, Paulo Flores e Yuri da Cunha. Foi indis- ticar agricultura devidamente, não houve climáticas, fazer face aos desafios impostos por esta pandemia.
critível a emoção que nos gerou. transmissão geracional de conhecimentos preservação Como sempre tem sido anunciado, o esforço é de todos os
Foi assim ontem, por exemplo, com Sabino e não houve formação adequada de técnicos. da biodiversidade, angolanos. Pandemia não é uma escolha, mas sim uma situação
Henda e Justino Handanga, tirando do baú a Daí o recurso a técnicos estrangeiros que segurança que altera a rotina dos países e dos povos. No lugar do reparo
beleza do sungura e da língua nacional ovim- são caros e pagos em divisas. Para atingirmos e saúde pública” crítico que, por falta de conhecimento nuns casos ou má-fé noutros,
bundu. Não se confinando, trouxeram o can- a auto-suficiência alimentar, é necessário usa como parâmetro a situação de normalidade anterior ao decreto
Relatório da ONU, recentemente
cioneiro, revisitaram por exemplo Diabique um enorme esforço organizativo e financeiro. divulgado, e que indica que os crimes da OMS, o cidadão angolano deve contextualizar e até estabelecer
contra a vida selvagem potenciam paralelos com outras realidades, pois, em todo o mundo, as notícias
e fizeram-nos um deleito total Os governantes têm de ter doenças como a Covifd-19
predominantes são de aprofundamento de ditaduras, falência de
na tarde de domingo, de um
cacimbo atípico, por culpa da Parece-nos evidente esta noção clara disso”.
A denúncia de Fernando
empresas, elevado número de desempregados, crescimento da
“Foram identificados pobreza e mortes por falta de atendimento médico.
pandemia do coronavírus. perda de valor para o povo Pacheco traz a lume um fenó- os traficantes suspeitos Longe de transferir o peso dos valores investidos para a sociedade,
Mas essa exaltação da beleza
do nosso povo passa sem dúvi-
angolano e para o país. meno antigo da nossa socie-
dade. Primeiro com os chama- de cerca de 150 o Governo (em mais um gesto de sensibilidade à dura realidade
de que a pandemia atinge a economia) suspendeu, através de
das por lhe darmos maiores Os angolanos perdem dos cooperantes. Agora, cha- nacionalidades, Decreto Executivo Conjunto dos Ministérios da Educação, do Ensino
oportunidades. Obviamente mamos-lhes expatriados. É ilustrando o facto de
não sou apologista de um Esta-
espaço para estrangeiros sem dúvidas um modelo que que o crime contra
Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e da Administração Pública,
Trabalho e Segurança Social, assinado e já em vigor, a cobrança e
do paternalista e super provi- no seu próprio país. urge corrigir não apenas por a vida selvagem pagamento de propinas em todas as instituições públicas, privadas
dencialista. Todavia, há mí- Os estrangeiros que vêm razões financeiras – afinal já é verdadeiramente e público-privadas de educação, em todos os níveis de ensino, até
a retoma das aulas presenciais.
nimos olímpicos e aspectos não abundam os petrodólares uma questão global”
sobre os quais o Estado não deixam pouco valor para como foi noutro tempo. Para Mesmo com a queda na arrecadação, no mesmo Decreto Executivo
Idem Conjunto ficou estabelecida “a manutenção da suspensão da
pode abrir mão, ainda mais o país e o resultado não além deste ter sido um modelo actividade lectiva e académica nas instituições públicas, privadas
quando se trata da defesa do viciado e corrosivo ao interesse
interesse nacional. pode deixar dúvidas para nacional, ficou também pro- “Nós somos invisuais e público-privadas de educação, ensino e de formação profissional,
em todos os níveis de ensino”. Salvar vidas é mais importante do
Na passada sexta-feira, ao ninguém. Estão apenas vado que não gerou transfe- e fazemos música que fingir uma normalidade que não existe. Todos nós sabemos
folhear este diário, dois aspec- rência de know-how para os tradicional, mas,
tos saltaram a minha atenção. preocupados em expatriar angolanos e prejudicou o con-
que haverá um momento em que seremos forçados a conviver com
mesmo assim, a Covid-19, até que a vacina seja anunciada. Antes disso, devemos
Primeiro foi a crónica do Sousa os seus dólares ao invés teúdo nacional em determi- pedimos ajuda e atentar para a “nova realidade” que é forjada na adversidade e
Jamba onde, amiúde terá dito nadas indústrias e segmentos
o seguinte: “Na aldeia de Sachi-
de uma política que de negócios como a indústria
nunca somos tidos sacrifício em prol da vida do nosso povo.
O ministro de Estado e coordenador da Comissão Multissectorial
nem achados”
panguele já se construiu uma deveria privilegiar petrolífera, financeira e, como
Zango da Massa
de Prevenção e Combate à Covid -19, Pedro Sebastião, foi didáctico
loja para um comerciante mau- a sua instalação no país, bem denunciou o Fernando Integrante do grupo musical
quando detalhou as medidas de repatriamento de angolanos
ritaniano”. E vem a propósito Pacheco, o agronegócio. "Tunjila Tuajokota" retidos no estrangeiro. Segundo ele, já regressaram ao país 5.771
da invasão silenciosa e mono- no fundo, implícita ou Parece-nos evidente esta cidadãos, dos quais 2.158 de Portugal, 1.470 da África do Sul e 512
do Brasil. Foram, também, repatriados angolanos de Cuba, Rússia,
pólio do pequeno comércio explicitamente, estaria perda de valor para o povo “O que se está a Namíbia, Índia, Zâmbia, Zimbabwe, Turquia, Congo Brazzaville e
em Angola que é dominado angolano e para o país. Os
pelos nossos irmãos oeste- corporizado numa política angolanos perdem espaço
desenhar é que vamos República Democrática do Congo (RDC). O ministro de Estado
ter cedo ou quando explicou que, à excepção dos passageiros dos voos dos dias 17 e
africanos. de imigração para estrangeiros no seu pró-
possível as eleições 18 de Março, provenientes de Portugal, todos cumpriram a quarentena
Esta situação que é cons- prio país. Os estrangeiros
autárquicas, bem institucional, nos centros de Calumbo I e II e, também, em hotéis
tatada diariamente em todas que vêm deixam pouco valor previamente seleccionados pela Comissão Multissectorial.
as nossas cidades e agora até aldeia, é denun- para o país e o resultado não pode deixar como as podemos O ministro de Estado informou também que o tempo médio de
ciada igualmente em vários fóruns. São os dúvidas para ninguém. Estão apenas preo- ter também, permanência no local para cumprimento da quarentena institucional
perigos do ponto de vista estratégico termos cupados em expatriar os seus dólares ao em simultâneo, é de 10 a 20 dias. Cada pessoa custa por dia aos cofres públicos 50
o sector do Comércio e da distribuição ampla- invés de uma política que deveria privilegiar com as gerais” mil Kwanzas. Convenhamos todos, estamos a falar de um montante
mente dominado por estrangeiros. Claramente a sua instalação no país, no fundo, implícita Rafael Aguiar considerável e que representa um esforço notável para que possa
é redutor assumirmos uma incapacidade inata ou explicitamente, estaria corporizado numa Secretário executivo nacional ser mantido. Sobretudo, como sabemos, no cenário de estagnação
da CASA-CE e incertezas em relação aos rumos da economia mundial. É o preço
dos angolanos para o comércio. política de imigração.
Como se vê no texto de Sousa Jamba, estes Todos os Estados são soberanos e não que se paga como investimento na preservação do nosso maior
comerciantes estão instalados também nos devem ter receios em assumir as suas opções “Temos de nos património: o nosso povo.
confins do nosso território, onde a autoridade de política, seja junto do seu próprio povo Diante de tudo isso, convém lembrar que no seu discurso de
preparar, criando 30 de Junho o Presidente da República foi enfático ao afirmar que
do Estado é precária. Apesar da precariedade seja junto dos seus parceiros internacionais. núcleos e potenciá-los
dos estabelecimentos e a fraca legalização, Os exemplos alemão e americano são eluci- “mesmo em situação de crise económica que se arrasta desde
no sentido de que, 2016, nunca o país admitiu tantos médicos, enfermeiros e técnicos
estes geralmente não pagam impostos, os dativos. Os americanos coptam médicos, cien-
serviços não estão propositadamente banca- tistas em todo o mundo a troco da nacionalidade.
quando as eleições como agora, desde que em 2018 decidimos voltar a abrir os
chegarem, podermos concursos de avaliação e ingresso de quadros para a Educação e
rizados e nem empregam angolanos. São Os alemães fizeram isso, recentemente, com a Saúde, depois de anos sem o fazer.” Esta é a síntese de quem
autênticos rendistas. os sírios e afegãos desde que tivessem uma estar à altura do
está a pensar em salvar vidas para, esperamos em breve, poder
Estrategicamente alguns deles casam-se formação superior, preferencialmente nas desafio e, com isso, ter como salvar a economia.
com angolanas, mas os riscos religiosos são áreas de engenharia. atingir o nosso desafio”
evidentes. Pacientes que nem os pescadores, E nós? Idem * A sua opinião não engaja o MINTTICS
12 ECONOMIA
EXERCÍCIO DE 2017
Auditor independente admite falhas
nas contas do Fundo Soberano
Relatório da PwC indica que o resultado líquido foi negativo em 384,2 milhões de
dólares e os investimentos em subsidiárias pelo justo valor não podem ser
totalmente dimensionados nem aferir sobre a recuperação dos mesmos
Isaque Lourenço
O auditor PwC entende que
as contas de 2017 do Fundo
Soberano de Angola (FSDEA)
apresentam um conjunto de
irregularidades que justificam
a “não expressão de sua opi-
nião sobre as demonstrações
financeiras”.
De acordo com o relatório
da auditoria às contas da enti-
dade, na altura sob gestão de
José Filomeno dos Santos, o
Fundo Soberano teve um
resultado líquido negativo
expresso em 384,2 milhões
de dólares, muito acima dos
43,9 milhões de dólares do
balanço anterior caucionado
por uma entidade estrangeira.
A juntar-se ao mau desem-
penho financeiro está também
o facto de existirem 103,3
milhões de dólares por pagar,
acima dos 61,8 milhões do
balanço de 2016, e a atribui-
ção, até aquela altura, de 85
a 94 por cento dos seus activos
à gestão de uma única enti-
dade, no caso a Quantum
Global. Neste sentido, refere
o auditor, a lei autoriza que
um mesmo agente apenas
pode no máximo controlar
activos do Fundo não superior
a 30 por cento.
O total do balanço
do Fundo Soberano
no período foi de
4,6 mil milhões de
dólares. O capital
próprio subscrito
pela entidade foi
confirmado em 4,5
mil milhões de
dólares
Só não bastasse a violação
clara destes princípios, a ges-
tão de Zenú dos Santos dava
ainda à Quantum Global
montantes bastante relevantes
como prémios de comissão
e performance.
“Até ao exercício findo em
31 de Dezembro de 2016, o
justo valor dos investimentos
em subsidiárias foi determi-
nado através do relatório de
avaliação elaborado por peri-
tos avaliadores externos, os
quais assentavam num con-
junto de pressupostos que
face à especificidade e loca-
lização dos activos se reves-
tiam de complexidade e
subjectividade e, caso não
viessem a se verificar, podiam
vir a alterar de forma signi-
ficativa o valor daqueles inves-
timentos”, argumentam.
Os técnicos da PwC não
assumem, por isso, os resul-
tados da auditoria de 2016
cujo parecer foi “sem reservas
e três ênfases”, o que segundo
um contabilista sénior con-
tactado pode não se traduzir
no quadro real dos indicadores
concretizados no balanço.
Campos de arroz cultivados pela empresa CAFERGEPO que esteve sob gestão do Fundo
Os referidos investimentos
em subsidiárias pelo justo
valor foram contabilizados
em 2,8 mil milhões de dólares,
acima dos 2,4 mil milhões de
dólares do balanço de 2016.
Em linha contrária à gran-
deza das aplicações finan-
ceiras está um resultado
negativo do investimento em
subsidiárias de 3,2 milhões
de dólares, oposto aos posi-
Distribuição dos investimentos aplicados
Dados disponibilizados atestam
que o Fundo Soberano até 2016
tinha aplicado 62,5 milhões de
dólares em fazendas agrícolas,
55,3 milhões em florestas, 31,8
milhões no sector da saúde e 57,8
milhões em diversas empresas.
Constituído como reserva
estratégica do Estado, o Fundo
Soberano resultou da alocação
de recursos das vendas petro-
líferas, num valor de cinco mil
milhões de dólares, para asse-
gurar e apoiar os grandes inves-
timentos em infra-estruturas e
negócios estruturantes.
O Fundo investiu na constru-
ção de hotéis e alguns negócios
pouco relevantes quer económica
como socialmente em Angola e
em países como Ghana, Zâmbia
e Seychelles, por exemplo. Adqui-
riu ainda participações pouco
tivos 87,5 milhões de que
fazem alusão as contas de
2016. A imparidade do inves-
timento em subsidiárias
fixou-se em negativos 434,8
milhões de dólares.
O Fundo Soberano de
Angola, de acordo com os
auditores da PwC, apresentava
ainda um pagamento a for-
necedores com valores nega-
tivos de 6,7 milhões de dólares
claras em vários negócios no
exterior do continente.
A participação de 180 milhões
de dólares no Porto Caio de
Cabinda, que a administração
de Zenú dos Santos dizia ser
uma mais valia e com lucros,
também é duvidosa, uma vez
que os auditores nada podem
comprovar. Muito recentemente,
o Governo garantiu a continui-
dade do Fundo, embora com
menos recursos. Em 2018 deu-
se início a uma profunda trans-
formação na gestão, objecto e
objectivo da entidade, com a
autorização de que parte da sua
carteira monetária, ou seja dois
mil milhões de dólares, fosse
transferida às Finanças para
apoiar a execução do Plano Inte-
grado de Intervenção nos Muni-
cípios (PIIM).
MIQUEIAS MACHANGONGO | EDIÇ~OES NOVEMBRO
e 5,3 milhões na rubrica paga-
mento ao pessoal. Tais indi-
cadores sinalizam, no referido
exercício, a existência de inú-
meras dívidas.
De acordo com o relatório,
o total do balanço do Fundo
Soberano no período foi de
4,6 mil milhões de dólares. O
capital próprio subscrito pela
entidade foi confirmado em
4,5 mil milhões de dólares.
Este programa tem vindo a
apostar em recuperar estradas,
construir escolas e hospitais, além
de outras infra-estruturas essenciais
às populações. Também ajuda
no combate às assimetrias locais
e no combate à fome e à pobreza
no seio das comunidades.
Consultores
Um dos pontos críticos nos resul-
tados do Fundo Soberano desde
a sua constituição em 2012 até à
data do balanço de 2017 tem sido
os gastos com serviços de consul-
toria. Em 2016, as despesas esti-
maram-seem31milhõesdedólares.
Fruto de muitas disputas judi-
ciais iniciadas pela administração
agora liderada por Carlos Lopes,
o Fundo recuperou 1,7 mil
milhões de dólares que se diziam
aplicados em Activos de Risco.
I TRIMESTRE DE 2020
Indicador económico
apresenta boa evolução
Pedro Peterson
O Indicador de Clima Eco-
nómico (ICE) de Angola per-
maneceu desfavorável no
primeiro trimestre de 2020,
apesar da tendência positiva
e evolução favorável em rela-
ção ao período homólogo,
anunciou o Instituto Nacional
de Estatística (INE).
Segundo o INE, de maneira
geral, a maior parte dos sec-
tores em análise apresentaram
tendência negativa e conjun-
tura económica desfavorável.
O índice mensal subiu de um
valor de - 43 para 24 no tri-
mestre em referência com a
tendência positiva, apesar da
“queda da confiança em todos
os sectores empresariais, com
realce para o grupo das peque-
nas e médias empresas”, deta-
lha o boletim do INE.
Os sete indicadores que ser-
vem de base de cálculo do ICE
e que medem as expectativas
de emprego, procura, preços
e uma apreciação do emprego
actual subiram todos para o
valor mínimo desde 2017.
REVITALIZAÇÃO
Endiama aprecia
proposta de mudança
O Conselhode Administração
da Endiama vai apreciar ama-
nhã, terça-feira, em Luanda,
durante uma reunião, a pro-
posta de termos de transferência
da função de concessionária
para a Agência Nacional de
Recursos Minerais (ANRM).
No último fim-de-semana,
o Conselho de Administração
e directores mantiveram um
encontro de trabalho para
traçar os moldes da transfe-
rência. Segundo o documento
a que o Jornal de Angola teve
acesso, da reunião resultou
o compromisso de serem cria-
das as condições para a
entrada em funcionamento
da ANRM em 2021, bem como
a constituição de um grupo
de trabalho para a gestão do
processo de transição.
O grupo de trabalho é com-
posto por Álvaro Craveiro
(consultor) e pelos directores
Leão Chiminhi, Mubuabua
Yambissa, António Kassoma,
Ady-Vandúnem, Henrique
Videira, Ismael Mateus, Antó-
nia Bento, Loydiana Cardoso
e Alcides Escrivão.
Empresa de diamantes quer ser determinante no sector
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
Os indicadores de Confiança
e de Clima Económico cons-
tituem uma publicação mensal
sobre a conjuntura económica
do país, compilada com base
num inquérito de conjuntura
realizado também todos os
meses pelo INE às empresas
do sector não financeiro.
Estes indicadores são resul-
tados da média aritmética
simples dos Saldos das Res-
postas Extremas (SER) das
variáveis que compõem os
diferentes Indicadores de
Confiança (IC) sectoriais após
a sua normalização e aplicada
a média móvel.
“O estudo expressa a opi-
nião de agentes económicos
acerca da evolução e pers-
pectiva da sua actividade,
particularmente sobre em-
prego, procura, encomendas,
preços, produção, vendas e
limitações de actividade”,
explica o relatório do INE.
São avaliados os sectores
da Indústria Extractiva e
Transformadora, Construção,
Comércio, Transportes,
Turismo e Comunicação.
A equipa que fica incumbida
de preparar uma proposta de
termos de referência baseada
no plano estratégico e de negó-
cio da Endiama e na proposta
de project management office
elaborado pela Boston Con-
sulting Group, estará organizada
em três subgrupos. Segundo
o documento, a cada grupo
caberá a missões de ajusta-
mento dos estatutos da estatura
orgânica, gestão da transição
e questões financeiras.
A Agência Nacional de
Recursos Minerais será o órgão
regulador de toda a actividade
mineira, passando a deter as
funções de concessionária,
que no caso do subsector dia-
mantífero, estiveram até
recentemente sob alçada da
Empresa Nacional de Dia-
mantes de Angola.
A Endiama passará a ser ape-
nas uma empresa mineira na
área dos diamantes sem a
função concessionária e regu-
ladora. A criação da ANRM
surge no âmbito de reestru-
turação do sector mineiro em
curso no país.
EDIÇÕES NOVEMBRO
ÁFRICA Segunda-feira
13 de Julho de 2020
DISTÚRBIOS CIVIS
Detidos vários
“cabecilhas”
da oposição
no Mali
As Forças de Segurança do
Mali detiveram, sábado, vários
líderes da oposição, um dia
depois de distúrbios, sexta-
feira, que paralisaram a capital,
Bamaco, enquanto o Presi-
dente Ibrahim Boubacar Keita
anunciava a “dissolução de
facto” do Tribunal Constitu-
cional para mitigar as tensões.
Num rápido discurso,
transmitido pela TV, o segundo
em uma semana, Keita disse
que anularia os decretos de
nomeação dos juízes do Tri-
bunal Constitucional, o que
equivale a uma “dissolução
de facto”.
Bamaco viveu, na sexta-
feira, o pior dia de distúr-
bios civis em anos, com,
pelo menos, quatro mortos,
segundo o Primeiro-Ministro
Boubuou Cissé e ataques a
símbolos do poder, como o
Parlamento e a TV.
DR
Manifestantes destruíram
símbolos e queimaram pneus
Pela terceira vez, em pouco
mais de um mês, o Movi-
mento do 5 de Junho, uma
coligação de líderes religiosos
e personalidades políticas e
da sociedade civil levou às
ruas milhares de cidadãos
para pedir a demissão do Pre-
sidente, considerado ser o
responsável pela situação de
insegurança e pobreza gene-
ralizada, má situação dos ser-
viços públicos, descrédito
das instituições e corrupção
no país.
Em visita a um hospital,
no sábado, o Primeiro-Minis-
tro mencionou quatro mortos
e 50 feridos em confrontos
com as Forças de Segurança
na sexta-feira.
“O Presidente Keita e eu
estamos abertos ao diálogo”,
disse Cissé.
Mas enquanto falava, as
Forças de Segurança detive-
ram Choguel Maiga e Moun-
taga Tall, líderes do Movimento
do 5 de Junho, disse um porta-
voz do grupo.
Mais tarde, foram a casa
de um outro líder da oposição,
Sy Kadiatou Sow, mas não o
encontraram, declarou um
familiar que pediu anonimato.
Outros dois opositores,
Issa Kaou Djim e Clement
Dembele, foram detidos na
última hora de sexta-feira,
afirmou a aliança, e duas per-
sonalidades consideradas
pilares intelectuais do Movi-
mento, também foram deti-
das, acrescentou.
No total, seis líderes da
oposição foram detidas em
dois dias.
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Líder da oposição abdica
por “falta de consenso” Guineenses exigem reposição
O presidentedo partido Acção
Democrática Independente
(ADI), na oposição, em São
Tomé e Príncipe), Agostinho
Fernandes, renunciou ao cargo,
alegando falta de consenso
para realizar um novo Con-
gresso para tirar a formação
política da “profunda crise”.
“A direcção do ADI, eleita
em Congresso realizado no
dia 25 de Maio de 2019, vem,
de forma pública e inequívoca,
renunciar ao mandato rece-
bido dos militantes para liderar
o partido por um período de
três anos”, noticiou a Lusa.
Com a renúncia, o partido
“devolve assim à Comissão
Política os poderes estatutários
para, se assim entender, pros-
seguir com a missão de pre-
paração e realização, logo que
seja oportuno, de um novo
Congresso electivo”.
O comunicado, de oito
parágrafos, e assinado pelo
seu presidente , Agostinho
Fernandes, e o vice-presidente
Ekneide Santos, justifica que
a “profunda crise” que o par-
tido vive, há mais de um ano,
“é propensa a perpetuar o
estado reinante de indefinição
de liderança do partido”.
Uma situação que, refere o
comunicado, “fragiliza cada
vez mais a imagem política do
ADI, não permitindo ao partido
exprimir-se convenientemente
no campo político”.
Desde Setembro do ano
passado que esta formação
política vive “uma situação
anómala de conflito de lide-
rança”, resultante da reali-
zação de dois congressos
electivos sucessivos. O pri-
meiro congresso, realizado a
PAZ NO SUDÃO
Acordo é assinado
dentro de semanas
O Governo sudanês de tran-
sição e os grupos rebeldes
assinam, dentro de duas
semanas, um acordo de paz
definitiva, noticiou o “Afri-
canews.com”.
Segundo o medianeiro sul-
sudanês, Tut Galwak, é espe-
rada, a qualquer momento,
e de forma directa, a parti-
cipação nas negociações, que
O Chefe do Executivo de Transição participa nas negociações
25 de Maio de 2019, foi ganho
por uma direcção liderada
por Agostinho Fernandes. O
outro congresso, realizado a
28 de Setembro do mesmo
ano, elegeu Patrice Trovoada,
ex-Primeiro-Ministro e que
se mantém ausente de São
Tomé e Príncipe desde as elei-
ções legislativas de Outubro
de 2018.
“Tal situação, em nada abona
para a imagem e os propósitos
do partido, levou a que desde
Dezembro do ano passado, os
dirigentes e elementos inte-
grantes de ambas as direcções,
constituídas em comissões,
tivessem iniciado conversações
e intensa reflexão, para se
encontrar uma saída que
melhor respondesse aos inte-
resses superiores da ADI”, subli-
nha o comunicado.
Agostinho Fernandes e
Ekeneide Santos lembram
que em Fevereiro deste ano
essa comissão chegou a enten-
dimento de que “a solução
mais adequada” para a crise
seria a realização de um novo
Congresso, que deveria ocor-
rer em Março. A direcção de
Agostinho Fernandes foi reco-
nhecida pelo Tribunal Cons-
titucional são-tomense, tendo
uma fonte deste órgão judicial
indicado à agência Lusa que
a renúncia “não transfere
imediata ou tacitamente os
poderes à outra direcção”, de
Patrice Trovoada.
Patrice Trovoada liderou o
anterior Governo (2014-2018)
e a ADI, a que presidia, venceu
as eleições legislativas de Outu-
bro de 2018, mas sem maioria
absoluta - conquistou 25 dos
55 lugares do Parlamento.
decorrem na cidade de Juba,
do Primeiro-Ministro do
Sudão, Abdalla Hamdok.
Participam no processo
negocial para a paz os grupos
rebeldes activos da região de
Darfur, Nilo Azul e Kordofan-
Meridional, que combatiam
o Governo do ex-Presidente
Omar al-Bashir, derrubado
em Abril de 2019.
DR
NUNO NABIAN RECEBIDO POR ANTÓNIO COSTA
da legalidade constitucional
Enquanto o PM da Guiné, Nuno Nabian, estava
reunido com o homólogo português, António Costa,
centenas de guineenses protestavam a exigir a
reposição da legalidade constitucional no país
Primeiro-Ministro da Guiné, Nuno Nabian, com homólogo português, António Costa
Enquanto o Primeiro-Ministro da Guiné-
Bissau, Nuno Nabian, se reunia, sábado,
com o homólogo português, António
Costa, na residência oficial, em São
Bento, em Lisboa, cerca de cinco centenas
de cidadãos guineenses residentes em
Portugal realizaram uma manifestação
a contestar a actual situação política e
pedir o respeito pela Constituição e pelos
valores democráticos naquele país.
Entre cânticos, várias palavras de
ordem, diversos cartazes e as cores da
bandeira da Guiné-Bissau (amarelo,
verde e vermelho), os manifestantes
concentraram-se inicialmente, ao início
da tarde, na zona do Rossio, tendo depois
iniciado uma curta marcha até à sede
da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), também localizada
na Baixa pombalina.
Nuno Nabian, disse, ontem, à Lusa,
que discutiu, sábado, com o homólogo
português, António Costa, o acordo bila-
teral de cooperação e o desenvolvimento
económico entre os dois países.
“Estive com o meu homólogo por-
tuguês, foi uma visita de cortesia e conhe-
cimento, portanto, depois da aprovação
do programa que legitimou o Governo
da Guiné-Bissau tive a honra de ser
recebido pelo Primeiro-Ministro por-
tuguês como chefe legítimo do Execu-
tivo”, afirmou Nuno Nabian.
Nuno Nabian afirmou que falou com
Costa sobre os seus primeiros 100 dias
de governação e apresentou o “programa
de desenvolvimento económico e finan-
ceiro” para o país.
O chefe do Governo da Guiné-Bissau
disse, ainda, que a Comunidade Eco-
nómica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) reconhece o seu Governo,
que respeita a Constituição e os resultados
eleitorais. Para Nuno Nabian, a Consti-
tuição foi respeitada, bem como os resul-
tados eleitorais. “Os resultados eleitorais
são exactamente de quem tem a maioria.
A maioria hoje é constituída pelo Madem-
G15, PRS e APU e justifica exactamente
a preocupação da comunidade inter-
nacional sobre o respeito dos resultados
eleitorais. Quem tem a maioria é que
manda”, afirmou.
Segundo o Primeiro-Ministro gui-
neense, hoje há uma “maioria sólida”,
que está a governar.
“Portanto, penso que estes preceitos
estão cumpridos e penso que não há qual-
quer problema neste momento em relação
13
DR
ao cumprimento das recomendações da
CEDEAO e da ONU”, salientou.
Numa mensagem, na sua conta no
Twitter, António Costa disse estar empe-
nhado em reforçar a cooperação com a
Guiné-Bissau nos sectores da Saúde,
Educação e Justiça.
“Portugal é o principal parceiro eco-
nómico da Guiné-Bissau e está empe-
nhado em reforçar a cooperação para
fazer face aos principais desafios enfren-
tados pela sociedade guineense, em
particular nas áreas da Saúde, Educação
e Justiça”, lê-se num dos dois 'tweets'
publicados, com fotografias do encontro,
na residência oficial de São Bento, com
Nuno Nabian, que efectua uma visita
privada a Lisboa.
Nabian conseguiu fazer aprovar no
Parlamento guineense o seu programa
de Governo, mas as Nações Unidas con-
tinuam a insistir que devem ser cum-
pridas as recomendações da Comunidade
Económica dos Estados da África Oci-
dental (CEDEAO) para a Guiné-Bissau,
nomeadamente “a nomeação de um
Primeiro-Ministro e a formação de um
novo Governo, em total conformidade
com as disposições da Constituição e
com os resultados das eleições legislativas
de Março de 2019”.
A Guiné-Bissau está a viver um
período de especial tensão política desde
o início do ano, depois de a Comissão
Nacional de Eleições ter declarado Umaro
Sissoco Embaló vencedor da segunda
volta das eleições presidenciais.
Manifestações em Bruxelas
Ainda este mês, no próximo dia 23, os
guineenses na diáspora pretendem mani-
festar-se em Bruxelas (Bélgica), junto
da sede da União Europeia, para denun-
ciar igualmente a situação que atravessa
actualmente este país lusófono. “Temos
autorização para lá estar, vamos ser
ouvidos pelo Parlamento europeu, no
sentido de os sensibilizar para aquilo
que é o respeito pela ordem constitucional
na Guiné-Bissau”, explicou um activista
residente em Bruxelas, concluindo: “Não
pedimos de mais, só estamos a pedir
que o nosso país seja governado dentro
daquilo que são as regras”.
O Presidente Umaro Sissoco Embaló
anunciou, recentemente, que o Estado
vai passar a monitorizar as comunicações
entre os cidadãos, alegando que a medida
visa garantir a segurança.
14 MUNDO
APÓS VÁRIOS DIAS DE IMPASSE
Milhões de sírios precisam de ajuda humanitária devido à guerra que dura quase uma década
CS da ONU aprova retomada
da ajuda humanitária à Síria
Com a aprovação da reactivação, ontem, pelo Conselho de
Segurança da ONU, da ajuda humanitária para os deslocados
de guerra, milhões de sírios podem ver resolvida a situação
de fome e dificuldades vividas nos acampamentos
O Conselho de Segurança da
Organização das Nações Uni-
das (ONU) aprovou, ontem,
a resolução que permite a
retomada da assistência
humanitária aos deslocados
sírios, mas cedeu à vontade
da Rússia, fechando um dos
dois pontos de travessia a par-
tir da Turquia.
O dispositivo transfron-
teiriço da ONU, que permite
encaminhar a ajuda huma-
nitária à população síria a
partir da Turquia, sem inter-
venção de Damasco, existia
desde 2014, tendo o prazo
expirado na sexta-feira à noite.
Após uma semana de divi-
sões, marcada por sete escru-
tínios inconsequentes, foi
aprovada uma resolução da
Alemanha e da Bélgica que
permite o uso de apenas um
ponto de passagem na fron-
teira turca, na região de Bab
al-Hawa, por um ano.
A resolução, que agrada
aos russos e chineses, foi
aprovada por 12 dos 15 mem-
bros do Conselho de Segu-
rança. Rússia, China e a
República Dominicana abs-
tiveram-se, segundo fontes
diplomáticas.
A reactivação surge depois
de, na sexta-feira, a Rússia e
a China terem vetado outra
resolução germano-belga que
pretendia manter a situação
relativa à ajuda humanitária
transfronteiriça na Síria a
partir da Turquia, com dois
pontos de travessia.
Contra todos os outros
membros do Conselho de
Segurança da ONU, os russos
e chineses manifestaram a
vontade de encerrar uma das
duas travessias de fronteira e
a Rússia não hesitou em uti-
lizar o direito de veto no Con-
selho de Segurança para fechar
a travessia de fronteira de Bab
al-Salam, uma das duas tra-
vessias utilizadas na região.
O CS da ONU
permite a
organizações
humanitárias as
distribuições das
ajudas a mais de 2,8
milhões de civis em
áreas mantidas pela
oposição, no
Noroeste da Síria, a
partir da Turquia
Na terça-feira, a Rússia e a
China tinham colocado um
primeiro veto ao texto da Ale-
manha e Bélgica, que renovava
por um ano a autorização da
ONU, mantendo no Noroeste
os actuais dois pontos de pas-
sagem na fronteira com a Tur-
quia, em Bab al-Salam, que
conduz à região de Alepo, e em
Bab al-Hawa, que serve a região
de Idlib, onde vivem cerca de
quatro milhões de pessoas.
DR
Moscovo, que argumentava
que o texto comprometia a
soberania da Síria, já tinha
conseguido, em Janeiro, impor
a redução do programa, de
quatro para dois pontos de
entrada, e a autorização, de
um ano, que vigorava desde
a sua criação em 2014, para
seis meses.
Os russos avançaram que
mais de 85 por cento da
ajuda humanitária passa,
actualmente por Bab al-
Hawa, pelo que o ponto de
entrada em Bab al-Salam
pode ser fechado.
Um texto apresentado pela
Rússia neste sentido, na
quarta-feira, foi rejeitado,
ao recolher apenas quatro
votos favoráveis.
Em entrevista à AFP, a em-
baixadora dos Estados Unidos
na ONU, Kelly Craft, afirmou
que a manutenção destes dois
pontos representava uma “linha
vermelha” para o seu país.
Segundo a diplomata,
suprimir o ponto de entrada
em Bab al-Salam significaria
cortar a ajuda a 1,3 milhões
de sírios a Norte de Alepo.
O Conselho de Segurança
permite a organizações huma-
nitárias que realizem distri-
buições das ajudas a mais de
2,8 milhões de civis em áreas
mantidas pela oposição, no
Noroeste da Síria, a partir da
Turquia, sem necessidade de
autorização do Governo sírio.
CONFLITOS TERRITORIAIS
Diálogo Kosovo-Sérvia
está “no bom caminho”
O diálogo entre a Sérvia e o
Kosovo está “de novo no bom
caminho”, declarou, ontem,
o representante especial da
União Europeia (UE) para os
Balcãs Ocidentais, Miroslav
Lajcak, após uma videocon-
ferência entre os líderes da
Sérvia e do Kosovo.
“Durante a videoconfe-
rência, o Presidente sérvio,
Aleksandar Vucic, e o Pri-
meiro-Ministro kosovo,
Avdullah Hoti, concordaram
com os pontos da agenda do
encontro presencial que está
previsto ocorrer na quinta-
feira em Bruxelas (Bélgica)”,
precisou Miroslav Lajcak,
num comunicado divulgado
após a reunião, ontem.
O representante especial
agradeceu às duas partes “pelo
envolvimento construtivo”
no processo de diálogo, que
foi interrompido há quase 18
meses e que visa tentar resol-
ver um dos maiores conflitos
territoriais da Europa.
Antes da videoconferência,
o chefe da diplomacia euro-
peia, Josep Borrell, apelou à
“coragem política” dos líderes
da Sérvia e do Kosovo.
“Isto requer coragem polí-
tica de ambos os lados, requer
vontade e empenho num
espírito de compromisso e
pragmatismo”, afirmou o Alto
Representante da UE para os
Negócios Estrangeiros e a
Política de Segurança, numa
declaração oficial antes do
início da videoconferência
organizada sob os auspícios
do bloco comunitário. Desde
a declaração de independência,
POR COMUTAR A PENA DE UM AMIGO
O Presidente americano está a ser alvo de duras críticas
Republicano acusa
Trump de corrupção
O senador republicano Mitt
Romney, um dos poucos mem-
bros do partido do Presidente
Donald Trump a criticá-lo
abertamente, condenou,
sábado, a decisão do mandatário
americano de comutar a pena
de prisão de 40 meses do seu
amigo e assessor de campanha,
Roger Stone, e acusou-o de
“corrupção histórica” no país.
“Corrupção histórica sem
precedentes: um Presidente
dos EUA comuta a sentença
de prisão de uma pessoa con-
em Fevereiro de 2008, o
Kosovo (uma ex-província
sérvia com larga maioria de
população albanesa) foi reco-
nhecido por mais de 100 Esta-
dos-membros da ONU e,
progressivamente, por 22 dos
27 Estados-membros da UE.
Belgrado recusou reco-
nhecer a independência desta
sua antiga província, procla-
mada unilateralmente após
uma guerra sangrenta em
1998-99, processo que tam-
bém não foi legitimado pela
Rússia, China, Índia ou África
do Sul.
“Nunca é fácil encontrar
soluções para problemas que
duraram tanto tempo e têm
sido tão dolorosos, mas é por
isso que estamos aqui hoje:
para tentar novamente”, disse,
esta manhã, o chefe da diplo-
macia europeia.
Na sexta-feira, Aleksandar
Vucic e Avdullah Hoti tiveram
uma primeira conversa, igual-
mente à distância, que também
contou com a participação da
Chanceler alemã, Angela Mer-
kel, do Presidente francês,
Emmanuel Macron, e de repre-
sentantes da União Europeia.
O Presidente kosovo, Has-
him Thaçi, está impedido de
participar no processo por
estar acusado de crimes de
guerra durante o conflito mili-
tar no final da década de 1990.
“Há dez anos que conver-
sámos sem grande sucesso.
Esperamos que esta vez seja
o momento certo para pro-
gredir”, declarou um respon-
sável em Bruxelas, citado pelas
agências internacionais.
DR
denada por um júri por mentir
para proteger o mesmo Pre-
sidente”, escreveu Mit Rom-
ney no Twitter.
Em Novembro, Stone, 60
anos e consultor político de
Trump há mais de 20 anos,
foi declarado culpado por
mentir ao Congresso e subor-
nar testemunhas enquanto
decorria a investigação sobre
possíveis vínculos entre a
equipa de campanha de
Trump e a Rússia.
Stone foi condenado a 40
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
“BREXIT”
Reino Unido
prepara a
transição
O Reino Unido anunciou,
ontem, um pacote de 768
milhões de euros destinado
ao reforço das fronteiras para
preparar o processo de tran-
sição pós-”Brexit” até ao fim
do ano.
Num artigo publicado no
“Sunday Telegraph”, o minis-
tro de Estado, Michael Gove,
referiu que este montante vai
permitir assegurar que “as
novas fronteiras” do país
fiquem prontas para o controlo
do Reino Unido.
Questionado, ontem, pela
Sky News, o governante afir-
mou que o controlo de fron-
teiras arranca em 1 de Janeiro
de 2021, após o fim do período
de transição, iniciado em 31
de Janeiro passado, para per-
mitir aos dois parceiros nego-
ciar as relações após o “Brexit”
(saída da União Europeia).
O investimento, que inclui
despesas para contratação de
cerca de 500 agentes da Polícia
para as fronteiras e infra-
estruturas, vai tornar as fron-
teiras inglesas “as mais eficazes
do mundo até 2025”, afirmou
Michael Gove. “Quer Londres
e Bruxelas cheguem ou não
a acordo sobre a sua relação
pós-”Brexit”, estaremos fora
do mercado comum e da união
aduaneira”, sublinhou.
Uma nova ronda de nego-
ciações com a União Europeia
deve começar em 20 de Julho
em Londres. À BBC, Michael
Gove falou de “progresso”,
apesar das “divisões” que res-
tam, explicando que está
“optimista” sem estar “exces-
sivamente entusiasmado”.
meses de prisão, que deveria
começar a ser cumprida esta
semana. “Roger Stone foi o
alvo de uma caça às bruxas
que nunca deveria ter acon-
tecido”, declarou o Presidente
americano numa mensagem
no Twitter. “Roger Stone agora
é um homem livre!”, anunciou
a Casa Branca em comunicado,
no sábado, quando faltavam
poucos dias para o ex-assessor
começar a cumprir a pena.
Romney, ex-candidato
republicano à Presidência em
2012 e único membro do par-
tido que votou, em Fevereiro
no Senado a favor do “impeach-
ment” do Presidente, é, tam-
bém, o primeiro membro
influente do partido a mani-
festar-se publicamente contra
a decisão de Trump.
De acordo com o Departa-
mento de Justiça dos Estados
Unidos, a comutação de sen-
tença está sob autoridade do
Presidente da República e pode
reduzir parcial ou totalmente
a pena conferida a um crime
federal, mas não tem o poder
de absolver a condenação.
Os democratas ficaram,
igualmente, chocados com
a decisão do Presidente ame-
ricano. “A decisão de Donald
Trump de comutar a sentença
do seu assessor de campanha,
Roger Stone é um acto assus-
tador de corrupção”, afirmou
a líder democrata do Con-
gresso, Nancy Pelosi.
MUNDO Segunda-feira
13 de Julho de 2020
César Avó *
Os restos mortais de nove
vítimas do massacre de Sre-
brenica, identificadas ao longo
do último ano, foram enter-
rados neste sábado, dia que
marcou 25 anos do início de
uma das páginas mais hor-
ríveis da segunda metade do
século XX.
Fazila Efendic esteve no
funeral colectivo no cemitério
de Potocari, aldeia junto a
Srebrenica, a testemunhar
familiares em luto a enterrar
um punhado de ossos, como
ela fez em tempos. O seu
marido, Hamed, e o seu único
filho, Fejzo, foram mortos no
massacre. Durante anos, sem-
pre que uma nova vala comum
era encontrada, Fazila corria
para o local na esperança de
ver algo que reconheceria
como tendo pertencido aos
seus familiares.
“Não há palavras para des-
crever a tristeza que se sente
quando se procura (os seus
entes queridos) osso a osso”,
disse à AP. “Visitei cada nova
vala comum; vi o interior de
cada uma delas”.
A partir de 11 de Julho de
1995 e em poucos dias as for-
ças sérvias bósnias mataram
entre 7 mil e 8 mil homens e
rapazes muçulmanos, após
a captura da cidade, a qual
estava sob protecção de mili-
tares holandeses ao serviço
das Nações Unidas.
Denominado genocídio,
por dois tribunais interna-
cionais, a matança ocorreu
no final de uma guerra fra-
tricida de três anos entre croa-
tas, muçulmanos e sérvios
da Bósnia, que ceifou cerca
de 100 mil vidas, das quais
pelo menos um quarto civis.
Os carrascos do massacre
tentaram garantir que as víti-
mas nunca receberiam o tipo
de homenagem que Srebre-
nica realiza todos os anos. Os
corpos foram amontoados
em valas comuns e mais tarde
escavados com bulldozers e
espalhados entre outros locais
de enterro para esconder as
provas do crime.
Desde 1996, cientistas bós-
nios e da comunidade inter-
nacional têm trabalhado a
desvendar o que foi descrito
como o “maior puzzle forense
em qualquer parte do mundo”.
Até agora, foram encontrados
e identificados os restos mortais
de cerca de 6.900 vítimas em
mais de 80 valas comuns.
Os restos do marido de
Fazila, Hamed, foram encon-
trados em dois sítios diferen-
tes, em 1998 e 2000, enquanto
os do filho, Fejzo, dois ossos,
foram encontrados noutra
vala, anos mais tarde.
Negação do genocídio
Este ano, devido à pandemia,
alguns dos oradores da ceri-
mónia participariam à distân-
cia, informou o director do
centro memorial de Srebrenica,
Emir Suljagic. O antigo jorna-
lista, ministro e professor uni-
versitário trocou Sarajevo pela
localidade com um projecto
muito claro: combater “a cul-
tura da negação do genocídio.
Para os muçulmanos bós-
nios, o reconhecimento da
atrocidade é condição essen-
cial para a reconciliação e
uma paz duradoura. Mas para
a maioria dos sérvios, tanto
na Bósnia como na Sérvia, a
palavra genocídio continua
MILHARES DE PESSOAS MORRERAM NO MASSACRE
25 anos depois de Srebrenica
tensões persistem na Bósnia
Sérvios negam genocídio e glorificam criminosos de guerra.
Bósnios querem reconhecimento do massacre
Cidade esvaziada
e empobrecida
Vários milhares de sérvios e
muçulmanos vivem lado a lado
na empobrecida Srebrenica, no
leste da Bósnia, na República
Sérvia. O censo de 2013 informava
que umas 13 mil pessoas viviam
no município de Srebrenica,
cerca de 7.000 das quais bósnias,
mas o número real de habitantes
está estimado entre 3.500 e 4.000,
dos quais cerca de metade são
bósnios. Antes da guerra, os bós-
nios representavam 75% dos 37
mil habitantes da região.
Além do mais, o campo polí-
tico parece inclinado. O candi-
dato derrotado nas últimas
eleições locais, Camil Durakovic,
explica: “Nas últimas eleições,
de 4.700 votos para Grujicic,
cerca de 2.000 eram provenientes
daqueles que vivem na Sérvia,
a ser inaceitável.
“Algo de que não nos deve-
mos nem podemos orgulhar”,
foi como o Presidente da Sér-
via Aleksandar Vucic des-
creveu Srebrenica, mas nunca
pronunciou publicamente a
palavra “genocídio”. O mais
mas que também estão regis-
tados como residentes em Sre-
brenica. Têm dois bilhetes de
identidade e podem votar em
ambos os países, enquanto os
bósnios de Srebrenica que vivem
na Federação (a outra entidade
do país) só podem votar lá”.
A OSCE registou, entre
Janeiro e Setembro de 2019,
109 incidentes de crimes de
ódio nas Bósnia e Herzegovina,
entre os quais dois terços envol-
vendo religião ou etnia.
“O fracasso das autoridades
bósnias em registar estatísticas
sobre os tipos de crimes de ódio
impede uma avaliação abran-
gente do problema e uma res-
posta eficaz ao mesmo”, lamenta
o relatório de 2020 da Human
Rights Watch.
longe foi quando, em Julho
de 2017, reconheceu ter sido
um “crime horrível”, para de
seguida esclarecer que o seu
comentário era minoritário:
“Entre 80 e 90% dos sérvios
não pensam que tenha sido
cometido um crime grave.”
Guterres apela
à reconciliação
O Secretário-Geral da ONU,
António Guterres, apelou para
a rejeição do negacionismo e
para a reconciliação.
“Há um quarto de século,
as Nações Unidas e a comuni-
dade internacional fracassaram
perante o povo de Srebrenica.
Como disse o antigo Secretá-
rio-Geral Kofi Annan, este fra-
casso irá 'assombrar para
sempre a nossa história'. Con-
frontar esse passado é um
passo vital para a reconstrução
da confiança.
A reconciliação deve ser sus-
tentada pela empatia e com-
preensão mútuas”, declarou.
“Reconciliação significa
rejeitar a negação do genocídio
e dos crimes de guerra e de
qualquer esforço para glorificar
“Apesar das provas forenses
e das sentenças dos tribunais
internacionais, a negação do
genocídio de Srebrenica inten-
sificou-se”, diz Emir Suljacic
à AFP, o que pode ter como
consequência a falta de res-
ponsabilização entre as mais
os criminosos de guerra con-
denados. Significa também
reconhecer o sofrimento de
todas as vítimas e não atribuir
culpa coletiva”, continuou.
Para Guterres, todos os cida-
dãos da Bósnia e Herzegovina
merecem o compromisso ina-
balável dos seus líderes de tra-
balharem para um ambiente
de respeito mútuo, sem discri-
minação, ódio ou incitação à
violência”, concluiu.
O comissário para o Alarga-
mento da União Europeia, Oliver
Varhelyi, diz, por seu lado, que
o genocídio de Srebrenica é
“ainda uma ferida aberta no
coração da Europa. Esta parte
da história europeia deve ser
defendida contra qualquer ten-
tativa de negação e revisionismo.”
altas esferas, o que pode levar
a futuras atrocidades.
“Como podemos combater
isso? A minha posição é que
não podemos concentrar-
nos em indivíduos ou grupos
que negam o genocídio, mas
temos de trabalhar na cons-
15
trução de uma contra cultura
que seja inclusiva e envolva
todos e se baseie nos factos
sobre o que aconteceu aqui
entre Maio de 1992 e Junho
de 1995”, disse o director do
Memorial ao Balkan Insight.
“Não é fácil viver aqui ao
lado daqueles que 25 anos
depois negam que foi cometido
um genocídio”, desabafa
Hamdija Fejzic, vice-presi-
dente da Câmara Municipal
de Srebrenica. Fejzic diz que
a negação do genocídio foi
como a “última fase” da atro-
cidade em si, dizendo à AFP:
“Encaramos isso todos os dias.”
O presidente da câmara é
o sérvio Mladen Grujicic,foi
eleito em 2016, após uma
campanha baseada na nega-
ção do genocídio. Chegou a
afirmar que o número de víti-
mas não era “válido”.
“Mito fabricado”
Não é só o autarca quem des-
respeita a memória dos mor-
tos. O actual presidente do
triunvirato que dirige a fede-
ração bósnia (em conjunto
com um muçulmano e um
croata), o nacionalista sérvio
Milorad Dodik, afirmou num
comício de apoio a Grujicic
que não houve genocídio.
No ano passado, este ho-
mem declarou, numa confe-
rência que visava “estabelecer
a verdade” sobre Srebrenica,
que o sucedido em 1995 foi um
“mito fabricado. Todo o povo
precisa de um mito. Os muçul-
manos não o tinham e tentam
construir um mito em torno
de Srebrenica”, acusou Dodik.
Em 2018, as autoridades
sérvias da Bósnia retiraram
um relatório de 2004 dos ante-
cessores, que reconhecia o
genocídio, e criaram um pai-
nel para rever o número de
vítimas. O Primeiro-Ministro
sérvio bósnio Radovan Vis-
kovic anunciou que um novo
relatório deverá ser concluído
dentro de um ou dois meses.
“Desta forma, o Governo
da República Sérvia quer
aproximar a verdade sobre o
sofrimento dos sérvios da
comunidade internacional e
dos historiadores, que, quando
um dia escreverem sobre estes
acontecimentos, terão provas
claras de que a verdade não
é apenas o que um dos lados
afirma”, disse Viskovic. Tam-
bém os deputados sérvios no
parlamento bósnio têm rejei-
tado projectos de lei que proi-
biriam a negação do genocídio.
Herói para muitos sérvios,
o chefe militar sérvio bósnio
Ratko Mladic aguarda pela
decisão do recurso à conde-
nação a prisão perpétua por
crimes de guerra, incluindo
o genocídio de Srebrenica,
por um tribunal da ONU.
Radovan Karadzic, que
também foi condenado a prisão
perpétua em Haia, continua
a ser um herói para muitos
sérvios. Segundo a Organização
para a Segurança e Cooperação
na Europa (OSCE), em Agosto
de 2019 havia 250 casos de
crimes de guerra contra 512
acusados na fase pós acusação
pendentes em todos os tri-
bunais da Bósnia-Herzego-
vina. Um campus universitário
em Pale, perto de Sarajevo,
recebeu o nome de Karadzic,
em 2016, e a placa com o seu
nome à entrada foi descerrada
por Dodik.
* Jornalista do Diário
de Notícias
16 Segunda-feira
13 de Julho de 2020

(500.0911)
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
(SERVIÇOS DE CONSULTORIA - SELECÇÃO DE EMPRESAS)
ANGOLA
PROJECTO ESTATÍSTICO DE ANGOLA
Loan N.°IBRD-P4790
Serviços: AUDITORIA DAS CONTAS DO PROJECTO ESTATÍSTICO
DE ANGOLA PARA 2020 E 2021
Reference N°. : AO-INE-162580-CS-LCS
O Governo de Angola, por intermédio do Instituto Nacional de Estatística (INE),
beneficiou de um financiamento do Banco Mundial, para cobertura dos custos
relacionados com a implementação do Projecto Estatístico e pretende aplicar
parte dos fundos no pagamento dos serviços de consultoria referente ao re-
crutamento de uma empresa de consultoria para proceder à auditoria externa
das contas do Projecto Estatístico de Angola (PEA) para os anos 2020 e 2021.
O objectivo da auditoria das Demonstrações Financeiras do Projecto (DFs) é
permitir que o auditor expresse uma opinião profissional sobre a posição finan-
ceira do projecto no final de cada ano fiscal e sobre os fundos recebidos e gas-
tos incorridos para o exercício, período contabilístico relevante. A auditoria do
projecto será realizada de acordo com as Normas Internacionais de Auditoria
(ISA), promulgadas pela Federação Internacional de Contabilistas (IFAC), e in-
cluirá os testes e procedimentos de auditoria que o auditor considerar neces-
sários nos termos das circunstâncias.
O Projecto Estatístico de Angola convida as empresas de consultoria elegíveis
(“Consultores”) a expressar o seu interess em prover os Serviços requeridos.
Os consultores interessados deverão fornecer informações relevantes que de-
monstrem que possuem asqualificações e experiência requeridas para execu-
tar os serviços. Os critérios de formação da lista restrita são: o auditor deve
ser membro de uma ordem profissional de contadores e ter uma licença para
praticar, emitida por um órgão profissional de contabilidade. Para além disso,
o auditor deve ter uma experiência profissional mínima de 10 (dez) anos na
área de auditoria financeira das contas de projectos de desenvolvimento, em
17
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particular operações financiadas por doadores. O auditor deverá igualmente
contar com uma equipa de especialistas com formação académica e experiên-
cia adequados para executar os trabalhos e as tarefas necessárias à missão.
A manifestação de interesse deverá assim incluir todas as informações rele-
vantes que atestam das experiências e qualificações da empresa e da equipa
de profissionais para realizar os trabalhos de auditoria.
Os Consultores interessados deverão observar, atenciosamente, o parágrafo
1.9 das Directrizes do Banco Mundial: Selecção e Emprego de Consultores
sob Créditos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
e Créditos e Subsídios da AID pelos Mutuários do Banco Mundial que constam
no manual de Selecção e Emprego de Consultores de Janeiro de 2011 (Re-
visto em Julho de 2014), estabelecendo a política do Banco Mundial sobre
conflitos de interesse.
Os Consultores poderão associar-se com outras empresas em forma de joint-
venture ou em subcontratação para aumentar as suas qualificações.
O Consultor será seleccionado com base no método de “Selecção Baseada
no Menor Custo - LCS)” estabelecido nas directrizes de selecção de consulto-
res do Banco Mundial.
Mais informações poderão ser obtidas nos endereços abaixo indicados, no pe-
ríodo normal de expediente, das 8h00 às 15h00, de segunda à sexta-feira.
As manifestações de interesses deverão ser enviadas, por escrito, pessoal-
mente ou por correio electrónico, para o endereço abaixo indicado, o mais tar-
dar até 27 de Julho de 2020.
Projecto Estatístico de Angola
Unidade de Implementação do Projecto
Att.: Sherly de Carvalho – Coordenadora do Projecto
Instituto Nacional de Estatística
Rua: Ho – Chi – Minh
Luanda - Angola
Tel.: +244 925 366 243
E-mail: sherley.chipita@ine.gov.ao; Rui.Alfredo@ine.gov.ao; isabel.andrade@ine.gov.ao
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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS
TRIBUNAL PROVINCIAL DE LUANDA
SALA DE FAMÍLIA – 1.ª SECÇÃO
ANÚNCIO
Processo n.º 1861/D-2019
==== Faz-se saber que, por este Tribunal Provincial de Luanda,
1.ª Secção da Sala de Família, correm éditos de trinta dias, ci-
tando o Réu Jânio Denilson Valente Manuel, residente em parte
incerta, para querendo, contestar, no prazo de trinta dias, findo o
da dilação de igual duração, a Acção de Divórcio Litigioso, que é
Autora Nilda Solange José Maria Sumbe, na qual, em resumo,
pretende que seja citado o réu, conforme consta da petição inicial,
cujo duplicado se acha patente no Cartório do Tribunal Provincial
de Luanda, 1.ª Secção da Sala de Família, sita em Luanda, Dis-
trito da Maianga, Rua Ngola Mbandi, Vulgo Rua dos Quartéis junto
ao INAC.-
Luanda, 01 de Julho de 2020.
O JUIZ DE DIREITO
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20º e 22º al. C dos Estatutos da BJLA, convoco para
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sembleia Geral desta Associação literária a ter lugar
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Segunda-feira
13 de Julho de 2020
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contacto com o nome / número de telefone / e-mail / função, Objecto social e anos
de actividade activa que demonstre a idoneidade da entidade, trabalhos recentes
neste domínio e clientes de referência).
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Faz-se saber que, este Tribunal Provincial de Luanda, 1.ª Secção
da Sala de Família, correm éditos de trinta dias, citando os Her-
deiros Certos e Incertos de VASCO NONGAVA VALENTINO, re-
sidentes em parte incerta, para, contestarem, querendo, no prazo
de trinta dias, findo o da dilação de igual duração a Acção de Es-
tabelecimento de Filiação Paterna Por Morte, em que o Autor
Digno Curador de Menores, junto deste Tribunal, move contra
eles, na qual, em resumo, pretende que seja Estabelecida a Filia-
ção Paterna, conforme consta da petição inicial, cujo duplicado se
acha patente no Cartório do Tribunal Provincial de Luanda, 1.ª
Secção da Sala de Família, situado em Luanda, rua Ngola Mbandi
(Tourada) Maianga.
Luanda, 27 de Maio de 2020.
A JUÍZA DE DIREITO
ANABELA VALENTE
O ESCRIVÃO DE DIREITO
MENEZES CHINGANGUELA
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Segunda-feira
13 de Julho de 2020 19
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(700.053)
20 NECROLOGIA
RECORDAÇÃO
SERAFINA DOMINGOS FRANCISCO E ANTÓNIO ORLANDO RAMOS DA CRUZ
(EM MEMÓRIA)
Recordação da avó Serafina com saudade eterna.
Papá, faz hoje três (3) meses desde que partiste sem sabermos o dia da volta, a saudade
bate todos os dias, serás para sempre lembrado nos nossos corações. O nosso amor
por ti nunca terá fim! Dos teus filhos.
FALECEU
DOMINGOS JOSÉ CAETANO
NETO
Luís Caetano, Julieta Caetano, Maria Amélia
Caetano Neto (irmãos), Maria João Fernandes
(esposa), Hélder Caetano, Ana Caetano
Sazanga, Walter Caetano, Fátima Caetano,
José Caetano, Patrícia Caetano, Fernanda
Caetano (filhos) comunicam o falecimento
de DOMINGOS JOSÉ CAETANO NETO,
ocorrido no dia 10/7/2020, por doença. O
funeral realiza-se hoje, dia 13/7/2020, no
cemitério de Sant'Ana, às 10h00. (6544)
RECORDAÇÃO
ANTÓNIO ORLANDO RAMOS
DA CRUZ
Da tua esposa, Madalena Ramos da Cruz!
O tempo passa, os dias passam e a saudade
aumenta. Noventa (90) dias se passaram
desde a tua partida para eternidade. O
Senhor tem sido o nosso refúgio e fortaleza,
a sombra do Unipotente tem nos guardado.
Que tua alma descanse em paz senhor
comandante. (6511b)
FALECEU
BERNARDO SERÓDIO TRIGO
(Vulgo Satanás)
Teresa Barros, Perpétua Barros e Tony
Barros (irmãos) comunicam o falecimento
do seu irmão BERNARDO SERÓDIO
TRIGO (Vulgo Satanás), ocorrido na África
do Sul, no dia 8/7/2020, por doença. O
funeral realizar-se-á em data a anunciar
oportunamente. (6549)
SERVIÇO NECROLÓGICO: DIAS ÚTEIS DAS 9H ÀS 18H, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 8H ÀS 14H
(6511a)
FALECEU
JOSÉ MANUEL DÓ
A família Dó, filhos, genros, noras, netos,
bisnetos e sobrinhos cumprem o doloroso
dever de comunicar o falecimento do
seu querido patriarca, JOSÉ MANUEL
DÓ, ocorrido dia 8/7/2020, em Luanda.
O funeral realiza-se hoje, segunda-feira,
dia 13/7/2020, às 11h00, saindo o préstito
fúnebre da Centralidade do Sequele,
Bloco 11, prédio 34, para o cemitério de
Sant'Ana. 6533)
RECORDAÇÃO
FRANSCISCO LOPES DA
COSTA (Ico)
Hoje se estivesses em vida, estaríamos
a comemorar o teu 61º aniversário. Em
nossos corações a saudade é eterna, pois
já não te encontras entre nós, mas nos
alegramos com ensinamentos que nos
deixaste. Eterna saudade da esposa, filhos
e netos. (6551)
FALECEU
SEVERINO ANDRÉ NETO
(Chino)
Teresa Barros, Perpétua Barros e Tony
Barros (irmãos) comunicam o faleci-
mento do seu irmão SEVERINO ANDRÉ
NETO (Chino), ocorrido em Luanda-
Angola, no dia 10/7/2020, por doença.
O funeral realizar-se-á em data a anun-
ciar oportunamente. (6549a)
CONDOLÊNCIAS
MARIA DA CONCEIÇÃO
SEBASTIÃO (Tia Chima)
A Direcção do Grupo Carnavalesco União
Mundo da Ilha e os seus membros cum-
prem o doloroso dever de comunicar o
passamento físico do seu membro fun-
dador MARIA DA CONCEIÇÃO SEBAS-
TIÃO (Tia Chima), ocorrido no dia
10/07/2020, em Luanda. Nesta hora de
dor e luto endereçamos à família enlutada
as nossas sentidas condolências.
(6547)
RECORDAÇÃO
ANTÓNIO ORLANDO RAMOS
DA CRUZ
É com profunda dor e consternação,
que a família Ramos da Cruz sente o
enorme vazio de ter de viver o primeiro
trimestre de ausência de ANTÓNIO
ORLANDO RAMOS DA CRUZ do seu
meio. A tua mãe, irmãos e primos recor-
dam-te com saudade, mesmo sabendo
que foste acolhido junto de Nosso Senhor.
A tua memória continua, o teu legado
é o nosso único alento. (6534)
FALECEU
ANTÓNIA DIAS
DOS SANTOS CAXINDA
A Direcção e o colectivo de trabalhadores
do Ministério das Telecomunicações, Tec-
nologias de Informação e Comunicação Social
comunicam com profunda dor e consternação,
o falecimento da Senhora ANTÓNIA DIAS
DOS SANTOS CAXINDA, funcionária sénior
deste Ministério, ocorrido no dia 10 de Julho
de 2020. Mais informam, que o óbito encon-
tra-se no Zango II e o funeral realiza-se ama-
nhã, terça-feira, dia 14/7/2020, às 10h00,
para o cemitério de Sant´Ana.
(700.055)
FALECEU
ANTÓNIO AUGUSTO FRAGA
DA COSTA (Chuchu)
Rosa Morgado (esposa), Edson, Kyenne,
Márcia, Andreia, Chuchuzinho, Ornela,
Cláudio, Sheila e Chantter (filhos), Didi,
Fada, Juca, Ani, Glória, Gigi, Mário João
Gigi 2, Jorge Miguel (irmãos), sobrinhos,
primos, netos e demais familiares comunicam
o falecimento de ANTÓNIO AUGUSTO
FRAGA DA COSTA (Chuchu), ocorrido dia
11/7/2020, por doença, na Clínica Sagrada
Esperança. O funeral realizar-se-á em data
a anunciar oportunamente. (6550)
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
RECORDAÇÃO
INOCÊNCIO ALMEIDA (General)
Hoje 13 de Julho, comemora-se um aniversário, não daqueles
dignos de festejos, com risos e presentes. É um aniversário triste,
pois lembra o momento que você partiu, esposo, pai, avô e bisavó.
Passe o tempo que passar, será sempre lembrado com dor. Para
trás, deixaste saudades eternas e lembranças lindas que aquecem
os nossos corações, conforto, amor e ensinamentos que jamais
se apagarão. A tua memória será para sempre recordada com
muito amor, carinho e saudade. Descanse em paz querido, pai,
avô e bisavó. (6497)
RECORDAÇÃO
ANDRÉ RAMOS DA CRUZ E ANTÓNIO ORLANDO RAMOS
DA CRUZ (EM MEMÓRIA)
Recordação do avô André com saudade eterna.
Papá, faz hoje três (3) meses desde que partiste sem sabermos o dia da volta, a saudade bate todos
os dias, serás para sempre lembrado nos nossos corações. O nosso amor por ti nunca terá fim! Dos
teus filhos. (6511)
FALECEU
MARIA DA CONCEIÇÃO SEBASTIÃO (Tia Chima)
O Grupo de Fundadores do Grupo Carnavalesco União Mundo
da Ilha, Ngamuturi, Maria Corimba, Maria Cosme, Virgínia,
Custódio, Branca, Mabunda, Vitória, Chica Dyacuco, Nguinda e
Macota comunicam o falecimento do seu membro fundador
MARIA DA CONCEIÇÃO SEBASTIÃO (Tia Chima), ocorrido no
dia 10/07/2020, em Luanda. O funeral realiza-se hoje, dia
13/07/2020, saindo da Ilha de Luanda, para o cemitério do Alto
das Cruzes, às 10h00. Nesta hora de dor e luto endereçamos à
família enlutada as nossas sentidas condolências. (6547a)
FALECEU FALECEU
JOANA BRAVO MENDES JOANA BRAVO MENDES
DA COSTA "Yaya" DA COSTA "Yaya"
Vitória Barros da Costa, Vitoriano Barros da Humberto Bravo, João Bravo, Beto Bayaya,
Costa, João Barros da Costa e Celson João Matilde Lima, Mamena Castelo Branco,
Barros da Costa (filhos) comunicam o fale- Fátima Bravo, Maria Elisa Bravo e Zinha
cimento da sua mãe JOANA BRAVO MENDES Bravo (irmãos) comunicam o falecimento
DA COSTA (Yaya), em Lisboa (Portugal), por da sua mãe JOANA BRAVO MENDES DA
doença, no dia 09/07/2020. O funeral será COSTA "YAYA", em Lisboa (Portugal),
realizado no dia 14/07/2020 (terça-feira), por doença, no dia 09.07.2020. O funeral
no cemitério do Rio de Mouro (Sintra), em será realizado no dia 14/07/2020 (terça-
Lisboa, às 10h00. Nossa Yaya descansa em feira), no cemitério do Rio de Mouro
Paz! Amor eterno nossa mãe querida. (6552) (Sintra), em Lisboa, às 10h00. (6552a)
FALECEU FALECEU
ADILSON NELSON CRISVÃO ADILSON NELSON CRISVÃO
CHIVUNDA CHIVUNDA
Carlos Chivunda e Deolinda Chivunda (pais), Baptista Suzinho (Suzy) e Maria da Graça
Hamilton Chivunda, Cesaltino Chivunda, Suzinho (padrinhos) cumprem o doloroso
Nádia Chivunda, Carla Chivunda, Teresa Chi- dever de comunicar o falecimneto do
vunda (irmãos) e Teresa Nazaré Chivunda seu afilhado ADILSON NELSON CRISVÃO
(esposa) cumprem o doloroso dever de comu- CHIVUNDA, ocorrido no dia 11/7/2020,
nicar o falecimneto do seu ente querido vítima de acidente de viação. O óbito
ADILSON NELSON CRISVÃO CHIVUNDA, decorre na Tenda Branca da Centralidade
ocorrido no dia 11/7/2020, vítima de acidente do Kilamba. O funeral realizar-se-á em
de viação. O óbito decorre na Tenda Branca data a anunciar oportunamente.
da Centralidade do Kilamba. (6553) (6553a)
Segunda-feira
13 de Julho de 2020 21
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Demonstrações
Financeiras

SERVIÇO NECROLÓGICO TODOS OS DIAS DAS 9H ÀS 18H

Continua na pág. 22
22 Segunda-feira
13 de Julho de 2020

6. DEMONSTRAÇÕES DA POSIÇÃO FINANCEIRA

RECREDIT - Gestão de Activos, S. A.

Balanço para o exercício findo em 31 de Dezembro de 2019 e 2018
Tabela 3 - Balanço
Valoes expressos em Kwanzas
DISCRIÇÃO NOTAS 31.12.2019 31.12.218

(Continua na Pág. 23)

Segunda-feira
13 de Julho de 2020 23
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RECREDIT - Gestão de Activos, S. A.

Demonstrações de Resultados para o exercício findo em 31 de Dezembro de 2019 e 2018
Tabela 4 - Demonstrações de Resultados
Valoes expressos em Kwanzas
DISCRIÇÃO NOTAS 31.12.2019 31.12.218

(Continua na Pág. 24)

24 Segunda-feira
13 de Julho de 2020

RECREDIT - Gestão de Activos, S. A.

Tabela 5 - Demonstrações de Resultados e de Outros Rendimentos
Valoes expressos em Kwanzas
DISCRIÇÃO 31.12.2019 31.12.218

Tabela 6 - Demonstrações dos Fluxos de Caixa para o períudo findo em Dezembro de 2019 e 2018
Valoes expressos em Kwanzas
DISCRIÇÃO NOTAS 31.12.2019 31.12.218

Tabela 7 - Demonstrações das Alterações nos Capitais Proprios para periudo findo em 31 de Dezembro de 2019 e 2018
Valoes expressos em Kwanzas
Outras Reservas e Resultados Transitados
Resultado Líquido Total do Capital
Descrição Capital Social Outros Instrumentos Outras Reservas
e Resultados sub-total do Exercício Próprio
de capital Transitados

(700.---
Segunda-feira
13 de Julho de 2020 25
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Relatório do
Conselho Fiscal

(Continua na Pág. 26)

26 Segunda-feira
13 de Julho de 2020

Relatório do
Auditor Externo

(500.0918)
REGIÕES Segunda-feira
13 de Julho de 2020
LUBANGO
Novas unidades sanitárias construídas à luz do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios têm serviços de especialidades
Oftalmologia e Fisioterapia
ampliadas a mais hospitais
Cidade do Lubango conta com mais dois centros hospitalares de referência para
o atendimento específico de populares residentes em vários bairros periféricos
Arão Martins | Lubango
Dois centros hospitalares,
com serviços de Oftalmologia
e Fisioterapia, entraram em
funcionamento na cidade do
Lubango, para servirem espe-
cificamente os habitantes dos
bairros Patrício Lumumba,
Dack-Doy, 14 de Abril, A Luta
Continua, Dr. António Agos-
NEGAGE
Novas escolas vão albergar
quase dois mil estudantes
Valter Gomes | Negage
Duas escolas de 12 e sete salas
de aula, com capacidades
para albergar mil e 750 alunos
no total, da iniciação à 12ª
classe, estão a ser construídas
nas localidades de Kawa
Grande e Cassamba, arredores
do município de Negage, pro-
víncia do Uíge.
As obras, que estão a ser
erguidas no âmbito do Plano
Integrado de Intervenção nos
Municípios (PIIM), estão
orçadas em 226 milhões e
344 mil kwanzas, e serão con-
cluídas em seis meses.
O empreiteiro, Simão
Catraio, assegurou que as
condições materiais e huma-
tinho Neto e Ferrovia.
Erguidos e apetrechados
com fundos do Plano Integrado
de Intervenção nos Municípios
(PIIM), as infra-estruturas,
segundo a directora municipal
da Saúde do Lubango, Judite
Rocheta, vão ajudar a descon-
gestionar as unidades sanitárias
de referência da cidade , entre
as quais o Hospital Central do
“Acreditamos que
os nossos filhos, nos
próximos meses,
vão estudar
em lugares
confortáveis e
consequentemente
terão
melhor
aproveitamento
escolar"
nas estão criadas para que
dentro do tempo estabelecido
contratualmente as infra-
estruturas sejam entregues
às autoridades da província.
O soba do Kawa Grande,
Lubango, que a par destes dois
empreendimentos é o terceiro
com serviços de Oftalmologia
e Fisioterapia.
Os hospitais têm ainda ser-
viços de Laboratório, Diag-
nóstico e Terapia, cujo número
de técnicos ainda é insuficiente.
“Estamos à espera da realização
do próximo concurso público
para reforçarmos o sector da
Francisco Joaquim, disse que
os habitantes locais estão
satisfeitos, não só porque os
estudantes vão deixar de per-
correr longas distâncias, mas
também porque deixarão de
ter aulas debaixo de árvores.
“Acreditamos que os nossos
filhos, nos próximos meses,
vão estudar em lugares con-
fortáveis e consequentemente
terão melhor aproveitamento
escolar”, sublinhou.
Marcela Carvas, uma mo-
radora do bairro Cassamba,
que por pouco perderia uma
filha devido às enxurradas
que inundaram o rio que os
alunos têm de atravessar para
ir à escola, disse estar a respirar
de alívio por ter esperança
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUBANGO
Saúde com mais técnicos”,
disse Judite Rocheta.
A Saúde no município do
Lubango controla 633 traba-
lhadores, entre eles 34 médicos,
sendo o restante enfermeiros,
técnicos de diagnóstico tera-
pêutico, pessoal administrativo
e auxiliares hospitalares, que
funcionam nas 53 unidades
sanitárias da região.
de que os estudantes da região
não vão mais correr riscos
quando tiverem de ir às aulas.
O administrador municipal
do Negage, Carlos Samba,
fez saber que a região que
dirige tem sete projectos em
curso, dos quais cinco de
âmbito local e duas da res-
ponsabilidade do Governo
central, destacando-se a cons-
trução de três escolas e asfal-
tagem de seis quilómetros de
ruas na vila de Negage. Com
uma população estimada em
mais de 100 mil habitantes,
a vila do Negage está localizada
a 37 quilómetros da cidade
do Uíge, e é composta por
duas comunas, concreta-
mente Quisseque e Dimuca.
BOCOIO
Água vai chegar
a 15 mil habitantes
A nova subestação de cap-
tação e tratamento de água,
em construção na sede muni-
cipal do Bocoio, província
de Benguela, vai beneficiar
cerca de 15 mil cidadãos,
informou a Angop.
Segundo o chefe do Depar-
tamento Municipal da Em-
presa de Águas, Bernardo
Mande, a subestação vai con-
tar com duas bombas cada
com capacidade para dar
vazão a 300 metros cúbicos
de água por hora. A subestação
terá ainda um tanque para
armazenamento de água,
sendo o seu tratamento o con-
vencional, com pré-oxidação,
coagulação, evacuação,
decantação e filtração.
O responsável explicou
que quando o empreendi-
mento entrar em funciona-
mento, a rede de distribuição
existente será ampliada com
uma nova linha de 21 quiló-
HUAMBO
Fogo posto destrói casas
no município do Mungo
Tatiana Marta / Huambo
Dez residências ficaram des-
truídas na sede municipal do
Mungo, província do Huambo,
na sequência de um incêndio,
presumivelmente, provocado
por indivíduos não identifi-
cados. O fogo foi ateado numa
vegetação próxima e alastrou-
se até às casas, deixando as
respectivas famílias ao relento.
O administrador do muni-
cípio do Mungo, Manuel
Caholo, disse que os proprie-
Mais duas escolas estão a ser construídas no Negage
27
metros de extensão.
Relativamente à antiga
subestação , Bernardo Mande
disse que a infra-estrutura
tem capacidade de captar e
tratar 700 metros cúbicos de
água por hora, cuja qualidade
obedece aos padrões defini-
dos pela Organização Mundial
da Saúde. O responsável
adiantou que actualmente
estão a distribuir apenas 500
metros cúbicos de água por
hora, em função das perdas,
devido a problemas na linha
de distribuição.
Segundo Bernardo Mande,
existem actualmente na sede
municipal do Bocoio apenas
630 ligações domiciliares,
estando em curso um projecto
para o aumento das mesmas,
garantindo que o abasteci-
mento de água tem sido regular,
havendo apenas constrangi-
mentos quando ocorrem pro-
blemas técnicos.
tários das casas são conside-
rados na localidade feiticeiros,
pelo que se presume ser esta
a razão de alguns vizinhos
terem provocado o incêndio,
que causou elevados prejuízos
às vítimas.
Germana Pacato, uma das
vítimas, manifestou-se preo-
cupada com o incidente,
“nunca visto no município”.
“Isso aconteceu devido ao
falecimento de um dos habi-
tantes do bairro, cuja culpa
foi atribuída à senhora con-
siderada feiticeira”, disse.
EUNÍCE SUZANA | EDIÇÕES NOVEMBRO
28 SOCIEDADE
EXPLORAÇÃO ILEGAL
Em vários mercados da capital e não só são quase todos os dias vistas muitas crianças a vender ou a pedir esmola a quem passa
Cresce o número de crianças
expostas ao trabalho infantil
Dados do INAC dão conta que muitos menores são obrigados pelos progenitores
ou tutores a certas práticas inapropriadas para a sua idade, como venda ambulante
Manuela Gomes
Dados do Instituto Nacional
da Criança (INAC) indicam
que, de Janeiro a Maio do ano
em curso, 573 crianças foram
vítimas de trabalho infantil,
sobretudo na exploração de
inertes e em fazendas.
Em entrevista ao Jornal de
Angola, o director do INAC
explicou que do referido
número não fazem parte crian-
ças que comercializam produtos
na via pública, lavadores de
carros, nem as exploradas na
pesca e comercialização de
peixe e as que deambulam nas
centralidades a pedir esmolas,
sobretudo nas centralidades
do Kilamba, Sequele e Huambo.
Paulo Kalesi fez saber que
a área que mais preocupa o
INAC, tendo em conta o grau
de risco que as crianças cor-
rem, é a da agricultura, onde
muitas crianças, em fazendas,
manuseiam produtos quími-
cos e instrumentos inapro-
priados para a sua idade.
Segundo o responsável do
INAC, o sector da exploração
de inertes também inquieta
as instituições de defesa dos
direitos da criança. A titulo
de exemplo, Paulo Kalesi falou
do que acontece no município
da Jamba “Mineira”, província
da Huíla, onde, além do
garimpo de diamantes, encon-
tram-se crianças no fabrico
de blocos, trabalhos domés-
ticos e na mendicidade, muitas
vezes a mando de adultos, o
que também preocupa o INAC.
As crianças do sexo mas-
culino, com idades compreen-
didas entre os 10 e os 15 anos,
são as mais expostas ao tra-
balho de garimpo e outros
mais pesados, enquanto que,
para o trabalho doméstico, a
primazia recai para as meninas
dos oito aos 14. As províncias
de Luanda, Bengo, Huíla, Ben-
guela, Huambo, Cabinda e
Lundas Norte e Sul são as que
têm maior registo de casos
de crianças envolvidas no
trabalho infantil.
“Zunga” diária
No dia dedicado à reflexão
em volta ao Dia Mundial Con-
tra o Trabalho Infantil, que
ontem se assinalou, algumas
crianças não foram poupadas
de terem o descanso que
merecem. A suspensão das
aulas, devido à pandemia da
Covid-19, para algumas crian-
ças tem sido motivo de alegria,
pois têm mais tempo para
brincar e descansar, mas para
outras a realidade é diferente.
Enquanto umas podem acor-
dar até bem mais tarde, outras
não têm esse “privilégio”,
pois as vicissitudes da vida
são desiguais.
Delfina Manuel tem 13 anos
e desde a suspensão das aulas,
Março último, passou a enca-
rar os dias de outra forma. As
horas que tinha para ficar
dentro de uma sala de aula e
aprender foram “transfor-
mados” em horas de “zunga”,
no mercado do Asa Branca.
As mãos que serviam para
carregar a mochila com cader-
nos e livros escolares, agora
carregam uma bacia, de cor
cinzenta, com sacos plásticos,
cheios de água fresca.
Corpo franzino, característico
de crianças da sua idade,
banheira à cabeça e três sacos
com água à mão, Fina, como
também é conhecida, “passeia”
pelo principal mercado do
município do Cazenga, gritando,
com alguma astúcia: “água,
água, é fresca”. A pequena
acorda às 6 horas, para ajudar
a avó a colocar água fresca em
sacos plásticos de um quilo,
vulgarmente conhecido por
embalagem. “Por dia podemos
encher 20 ou 30 embalagens
e dividimos nas banheiras e o
resto fica na caixa térmica, com
a minha avó no lugar (ban-
cada)”, conta.
Estudante da 6ª classe, Del-
fina ainda não decidiu que pro-
fissão exercer quando terminar
os estudos, está indecisa entre
o professorado ou tornar-se
numa agente bombeira. “Pensei
em passar a ajudar a minha
avó quando vi que ela ia na
praça, todos os dias, sozinha,
para vender e conseguir din-
heiro para comprar comida”.
Delfina diz que gosta de vender
água fresca. Milton Gonga Iná-
cio, de apenas 12 anos, também
não se livrou da exploração do
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
trabalho infantil. Ele e mais
um irmão, adulto, acordam às
5 horas para perfilarem-se em
frente a uma padaria, localizada
por trás da rua onde vivem,
no bairro Tala-Hady, onde,
diariamente, compram 50 pães
distribuídos em duas bacias e
às 7 horas têm de estar no mer-
cado para vender.
Para ele, o ambiente de
negócio agitado no mercado
do Asa Branca não lhe intimida.
Até Março do ano em curso,
Milton frequentava a 4ª classe
e diz: “um dia, quando acabar
de estudar, quero ser polícia”.
Visivelmente alegre, por
estar a falar para o Jornal de
Angola, disse que antes da
suspensão das aulas já fazia
parte do “grupo de vendas”,
composto pela mãe e mais
dois irmãos. O peso das garrafas
térmicas, cheias com café e
chá, não acanham a pequena
Suzana Rodrigues, de 11 anos,
estudante da 5ª classe, que diz
gostar de ajudar a mãe na
zunga. A futura professora
disse que a Matemática é a sua
disciplina preferida. Da mãe
da pequena procurámos saber
se tem algum conhecimento
sobre o Dia Mundial Contra o
Trabalho Infantil e, envergo-
nhada, respondeu que “não”.
As quatro crianças inter-
peladas pelo Jornal de Angola
têm algo em comum, são víti-
mas de exploração de trabalho
infantil, um mal que assola
muitas sociedades.
IGREJA UNIVERSAL
Templo do Prenda
invadido por obreiros
André Sibi
Mais de 20 obreiros da Igreja
Universal do Reino de Deus
(IURD), entre homens e
mulheres, deslocaram-se,
ontem, ao templo localizado
na rua “Zé Banana”, nas ime-
diações do Lote 16, no bairro
Prenda, em Luanda, para rece-
ber a chave em posse de um
pastor angolano, que estava
a fazer limpeza.
O incidente não teve grandes
repercussões, devido à pronta
intervenção da Polícia Nacio-
nal.Em declarações ao Jornal
de Angola, o obreiro Victor
Monteiro disse que o objectivo
era receber a chave que estava
com o pastor, para que se
aguarde pelo pronunciamento
final do Tribunal, e depois
entregá-la ao vencedor da causa.
“Ouvimos que o pastor que
está lá dentro pertence à Igreja
Universal Reformada, razão
pela qual estamos aqui para lhe
receber a chave”, disse. Para a
obreira Maura Filipe Domingos,
pelo facto dos pastores angolanos
terem sido libertos das trevas
pelos pastores brasileiros não
devem reclamar nada. “Uns
eram doentes, gatunos, drogados
e possuídos, agora que foram
libertos já não querem os bra-
sileiros, isso tudo é ganância
pelo dinheiro”, reforçou.
Para o pastor Silva Matias,
porta-voz da ala da Igreja Uni-
Forças de Defesa e Segurança foram obrigadas a intervir
CENTRALIDADE DA CAÁLA
1.400 apartamentos
prontos para habitar
Justino Victorino | Huambo
Os primeiros 1.400 aparta-
mentos, dos quatro mil pre-
vistos na Centralidade da Caála,
na província do Huambo,
começam a ser comerciali-
zados a partir de Setembro
próximo. A garantia foi dada
pelo vice-governador do
Huambo para o Sector Técnico
e Infra-Estruturas, Leonardo
Sapalo, durante uma visita
que serviu para avaliar o grau
de execução das obras, com
realce para as redes técnicas.
O vice-governador cons-
tatou que estão a decorrer
os trabalhos finais no sistema
de abastecimento e trata-
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
versal que exige reformas, os
brasileiros, liderados pelo bispo
Honorito Gonçalves, estão a
mobilizar obreiros e fiéis no
sentido de guerrear com os
“irmãos angolanos”.
“Ao invés de se informarem
para saber porque razão esta-
mos a reclamar, estão a se
levantar para lutar contra os
próprios filhos, que reclamam
os seus direitos, é uma ver-
gonha o que os nossos irmãos
angolanos estão a fazer aqui
no bairro Prenda”, la-mentou
o pastor.
Segundo o pastor Silva
Matias, os obreiros angolanos
estão a ser incitados a agir com
violência contra os irmãos
angolanos, pelo pastor Vladir,
líder dos obreiros em Angola.
Contactada pelo Jornal de
Angola, a porta-voz da IURD,
Ivone Teixeira, disse que, além
do templo do Prenda, foi inva-
dido, igualmente, o templo de
São Paulo. Ivone Teixeira pro-
mete dar mais pormenores em
próximas edições do Jornal de
Angola. De referir que a crise
na Igreja Universal do Reino
de Deus agudizou-se a 22 de
Junho, devido à insatisfação
de pastores angolanos que eram
submetidos à vasectomia antes
de casar, racismo e envio de
dinheiro para o exterior. Os
pastores angolanos defendem
que o dinheiro arrecadado deve
ser investido no país.
AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO
mento de água, a partir do
rio Kinhongâmua, na estrada
Huambo/Caála. O forneci-
mento de energia eléctrica
à Centralidade da Caála será
feito por via da rede pública,
através do aproveitamento
hidroeléctrico de Laúca, além
de contar com reforço da
estação térmica de Belém
do Huambo. A Centralidade
da Caála terá, também, um
sistema de tratamento de
águas residuais.
O projecto habitacional da
Caála, segundo o vice-gover-
nador, tem capacidade para
receber 28 mil habitantes.
Na Centralidade da Caála
estão disponíveis vários ser-
viços sociais básicos.
CULTURA Segunda-feira
13 de Julho de 2020 29
NOVAS TENDÊNCIAS DA MÚSICA POPULAR ANGOLANA

Versatilidade e inovação
na produção musical de Nino Jazz
Um dos mais importantes instrumentistas da contemporaneidade musical angolana, tem produzido
a vanguarda da nova geração de cantores e compositores do movimento afro-jazz angolano
Jomo Fortunato rações do Dia Mundial do momentos em que mais me DR

Jazz, de 2017 a 2019, em expressei como músico e se

As propostas inovadoras do
trabalho desenvolvido pelo
pianista Nino Jazz devem ser
entendidas no interior da
renovação estética da Música
Popular Angolana, numa
linha de continuidade da
obra deixada pelo cantor e
compositor André Mingas e
assegurada, na actualidade,
pelo trabalho que vem sendo
desenvolvido por Filipe Mu-
kenga, entre outras referências
da música angolana, aberta
ao mundo.
Nino Jazz fez uma abor-
dagem sobre a discografia que
marcou o início da sua carreira
musical, “De facto, ouvi
durante muito tempo o CD
“Coisas da Vida”, 1991, de
André Mingas. À época, não
existiam as actuais redes
sociais e chegou-me uma
cópia que escutava, freneti-
camente, todas as semanas
do ano, isto em 2004.Curio-
samente, eu já tentava rela-
cionar os andamentos da
Massemba com o Afro-jazz,
e o exemplo mais próximo e
acabado que possuía, era este
CD, marvilhoso, do saudoso
André Mingas. Há um outro
disco, “Novo Som”, 1990, do
Filipe Mukenga que, embora
não me tenha influenciado
directamente, fez parte da
minha discografia referencial.”
Na verdade, estamos em
presença de um movimento
musical da nova geração de
cantores, compositores, ins-
trumentistas e intérpretes
que, embora o seu trabalho
esteja assente nas referên-
cias da Música Popular An-
golana e nas raízes do can-
cioneiro da música tradi-
cional, reinventa o legado
e absorve as técnicas musi-
cais de outras latitudes.
Fervoroso autodidacta,
Nino Jazz aprendeu a explorar
a primeira escala, em Dó
maior, com João Paulo, inte-
Luanda, com o quarteto “Eto-
keku Jazz”, com Kris Kasin-
jombela, no baixo, Mário
Gomes, guitarra, com Dilson
Peter, Ivan Campillo e Jack
da Costa, na bateria.
Filho de José António de
Sousa e de Adriana Otília
Teresa Tito, Adilson Tito de
Sousa, conhecido no meio
artístico por Nino Jazz, nas-
ceu na cidade do Lubango
no dia 3 de Abril de 1980.
Produção
No decorrer da sua carreira,
Nino Jazz tornou-se muito
solicitado, ao nível da pro-
dução e direcção artística,
pela qualidade estética dos
seus arranjos e prestação téc-
nica como instrumentista. A
sua carteira como produtor,
inclui a solicitação dos can-
tores e compositores Filipe
Mukenga e Filipe Zau, com
a produção de sete temas do
CD “Canto segundo da Sereia”,
2013, Gabriel Tchiema, “Azu-
lula”, 2009, Totó ST, quatro
temas em “Batata quente”,
Ndaka Yo Wiñi, no álbum
“Olukwembo”, 2018, do qual
produziu dois temas “Ohele”
e “Tchove Tchove”, Sandra
Cordeiro, produção integral
do CD,“Tatá Nzambi”, 2008,
e “Luandense”, 2012, com
quatro temas produzidos, e
Anabela Aya, cinco temas,
no CD, “Kuamelali”, em 2018.
Nino Jazz produziu ainda sete
temas para o projecto “Vozes
para Nguxi”, 2006, e “Marcas
de Angola”, de Coreon Dú,
2011, e o álbum “O Canto Ter-
ceiro da Sereia, o encanto”,
igualmente de Filipe Mukenga
e Filipe Zau, que começou a
ser gravado em 2014, e será
lançado brevemente.
Director
Nino Jazz é director musi-
cal do Festival da Canção de
Lu a n d a , re a l i za d o p e l a
revelou, de forma cabal, a
minha intuição musical. Para
além de que trabalhar com a
Anabela Aya, é sempre agra-
dável, pela simpatia, abertura
e liberdade que ela dá à cria-
tividade dos músicos”.
Preferidos
Embora respeite a prestação
técnica de outros instrumen-
tistas, Nino Jazz fez referência
aos seus instrumentistas pre-
dilectos, “Tenho trabalhado,
preferencialmente, na per-
cussão com Dalú Roger, por-
que entre os demais é dos
instrumentistas com um uni-
verso de concepção muito
amplo, na bateria aponto o
dedo ao Hélio Cruz, pela ver-
satilidade, técnica e desejo
constante de aprender. Na
guitarra, gosto muito do Mário
Gomes, porque é um super
talento e a maior revelação,
nas cordas, dos últimos três
anos do cenário musical ango-
lano. No baixo tenho como
preferência o Mayó Bass, um
talento musical, incontestável,
pela qualidade e insuperável Nino Jazz é director musical do Festival da Canção de Luanda, realizado pela rádio LAC
plasticidade”.
Álbum o melhor momento para o os temas “Samurai”, com a do género Jazz Fusion e o pia-
Para além do trabalho de lançamento”. participação de Stevie Won- nista Mccoy Tyner.
produção e prestação musi- der, “Pétala”, “Açaí”, “Sina”
cal, como instrumentista, Influências e “Esfinge”, muito ouvidos por Formação
Nino Jazz tem concluído o Estruturalmente, a obra de Nino Jazz, em 1988. Ainda de Nino Jazz, embora aponte
seu álbum, “Luz de Néon”, Nino Jazz apresenta várias Djavan, Nino Jazz destaca o sempre o inestimável con-
com temas instrumentais, influências, muitas das quais décimo segundo disco do can- tributo de João Paulo, inte-
“ O meu disco tem seis faixas provenientes do contexto fami- tor alagoano, “Malásia”, 1996, grante do grupo O2, que o
musicais e estou a trabalhar liar e outras de inúmeros qua- que inclui, para além do sucesso aproximou das teclas, já refe-
com o músico brasileiro Mu- drantes musicais e discográ- que dá título ao álbum, o su- rido, frequentou aulas, du-
nir Hossn, no violão, baixo ficos. Numa altura em que cesso “Nem Um Dia”. Nas rante oito meses, de 1995 a
e voz, Tuur Moens, baterista ainda não pensava em ser ins- teclas as influências do piano 1996, com o Mestre Mateus
belga, João Frade, acordeo- trumentista, começou por jazz vão para Herbie Hancock, da Igreja Metodista Unida,
nista português, Adriano DD, ouvir, influenciado pelo seu pianista americano, tecladista, onde aprendeu pauta e noções
percussionista brasileiro, e irmão mais velho, José Manuel líder de banda, compositor e de teoria musical e pauta”.
o saxofonista português Ri- Tito de Sousa, a discografia do actor, considerado um dos No entanto, a prática do auto-
cardo Toscano. Na verdade, cantor e compositor brasileiro mestres do jazz, Armando didactismo tem desenvolvido,
já tenho o álbum pratica- Djavan, com destaque para o Anthony “Chick” Corea, pia- num exercício constante, as
mente terminado e aguardo álbum “Luz”, 1982, que inclui nista de jazz norte-americano suas habilidades musicais.

Depoimento de Totó ST sobre o perfil artístico de Nino Jazz

grante do grupo O2, no dia
1 de Janeiro de 2000. “Na ver-
dade lembro-me da data
como se fosse hoje”, referiu
nostálgico, o pianista. Ainda
no mesmo ano, Nino Jazz fez
parte da digressão de estreia
do álbum “Bye Bye N’Sex
Love” dos O2, por várias pro-
víncias de Angola. De 2003
a 2004, Nino Jazz, teclas, foi
convidado a integrar a banda
“Wana Groove”, formação
musical residente no Res-
taurante Miami Beach, na
Ilha de Luanda, com Vando
Moreira, viola baixo, Kizua
Gourgel, voz e guitarra, e
Hélio Cruz, na bateria.
Nino Jazz participou em
três edições das comemo-
Luanda Antena Comercial
(LAC), desde 2004, onde é
autor dos arranjos musicais
das canções concorrentes.
Sobre a sua direcção no Fes-
tival da Canção de Luanda,
referiu o seguinte: “Um dos
aspectos, entre outros não
menores, que me agrada no
Festival da LAC, tem sido o
nível de organização e cria-
tividade. Importa referir que
há sempre inovações estru-
turais na concepção do even-
to, ou seja, os organizadores
nunca se repetem, cada edi-
ção é igual a si própria. Musi-
calmente, gostei de trabalhar
com a Anabela Aya, vence-
dora do Festival da canção,
em 2017, porque foi um dos
Totó ST, cantor, compositor e guitarrista,
uma das vozes mais importantes do movi-
mento afro-jazz angolano, fez o seguinte
depoimento sobre o perfil artístico de
Nino Jazz: “Conheci o Nino Jazz em 1996
através do grupo N’SexLove. Na verdade,
eu e o Nino jazz, buscávamos nos N’SexLove
uma ponte para a realização do nosso
sonho de sermos bem sucedidos na música.
O local de ensaio do grupo N’SexLove na
altura, situado no Bairro Prenda, foi o local
onde os nossos caminhos se cruzaram.
Desde então, desenvolvemos uma amizade
que, volvidos estes anos todos, considero
muito profunda e transcendental. Julgo
que temos tido algum sucesso, perante
toda a dificuldade que tivemos de passar
para adquirir conhecimentos musicais
e se impor num cenário musical muito
difícil, para quem desejava navegar para
além das praias musicais conhecidas
e celebradas por todos na altura. A ver-
dade é que nos mantivemos firmes,
lado a lado, buscando formas de trazer
outras energias, procurando trilhar os
passos dos grandes artistas nacionais
e internacionais, que tinham como
marca a ousadia e o sentido contínuo
de evolução. Para mim, Nino Jazz é um
profundo conhecedor da harmonia musi-
cal , exímio produtor e arranjador, dos
poucos que conheço nesta imensa
Angola. Digo sem medo de errar que
ele tem um ouvido absoluto. Nino Jazz
produziu vários temas dos meus discos
e tem sido um professor em relação à
harmonia musical e sempre me ajudou
a melhorar a minha forma de compor,
mostrando-me caminhos para novos
conceitos e abordagens. Homem firme
nos valores que acredita, possui um
grande sentido altruísta. Considero-o
um dos pilares da evolução do afro-Jazz
e da worldmusic em Angola. “Se pelos
seus frutos o conhecereis, os frutos da
árvore de Nino jazz são notáveis e embe-
lezam ainda mais o cenário musical ango-
lano. Não tendo dúvidas”.
30 DESPORTO
CORRIDA À DIRECÇÃO DA FEDERAÇÃO DE BASQUETEBOL
Ex-vice-presidente do 1º de Agosto quer inteirar-se antes de alguns dossiers da FAB
Candidatura de Moniz Silva
está dependente de reunião
Comissão de Gestão marcou para as 10h00 do dia 8 de Agosto por
vídeo-conferência a realização da Assembleia-Geral ordinária
Anaximandro Magalhães
A oficialização da candida-
tura de Moniz Silva à presi-
dência de direcção da Fe-
deração Angolana de Bas-
quetebol (FAB), para o ciclo
olímpico 2020/2024, está
dependente de uma reunião
com os membros da Comis-
são de Gestão “ad-hoc”
daquela instituição, liderados
por Gustavo da Conceição.
O encontro deve acontecer
este mês, tão logo termine
alguns afazeres pessoais,
segundo o empresário do
ramo farmacêutico.
Em declarações ao Jornal
de Angola, o ex-vice-presi-
dente para o Basquetebol do
1º de Agosto disse: “estou a
terminar um relatório e contas.
Tão logo seja concluído, ainda
este mês, solicitarei um
encontro com a comissão
“ad-hoc”. Antes de assumir
publicamente a candidatura,
tenho de saber alguns por-
menores fundamentais”.
Prosseguindo, Moniz Silva
fez saber que não basta apenas
a vontade dos associados,
pois, defende ser importante
saber: “como andam as coisas
e percebê-las. Gosto de tra-
balhar e deixar as coisas orga-
nizadas por onde passo. Caso
concorra e ganhe, pretendo
fazer o mesmo na Federação.
Portanto, isso só será possível
fazendo antes uma análise
de todo o processo interno”.
Na eventualidade de a aná-
lise feita àquele organismo
não o satisfazer, foi peremp-
tório: “não avançarei”.
Questionado sobre a com-
posição da lista que o acom-
panhará caso se candidate,
jogou à defesa: “ainda não
contactei ninguém”. Em rela-
ção à possibilidade de Sílvio
Lemos, com quem já traba-
lhou nos militares do Rio Seco
o acompanhar, foi franco:
“este de certeza absoluta estará
comigo. É uma pessoa com-
petente e entende bem de
basquetebol, aliás, muito mais
do que eu”.
Eleições marcadas
para 8 de Agosto
A circular número 35, de 26
de Novembro de 2019, do
Ministério da Juventude e
Desportos (Minjud), respal-
dada pelo número 1, do artigo
11º, da Lei 6/14, de 23 de Maio,
Lei das Associações Despor-
tivas, fixou o calendário para
a renovação de mandato dos
órgãos sociais, nos clubes de
Janeiro a Março de 2020, asso-
ciações provinciais de Abril
a Maio e federações de Maio
a Julho.
Prosseguindo,
Moniz Silva fez
saber que não basta
apenas a vontade
dos associados,
pois, defende ser
importante saber:
“como andam as
coisas e
percebê-las”
Por conta do combate à
propagação da pandemia da
Covid-19, boa parte das fede-
rações ainda não realizou
eleições, incluindo a FAB,
cuja data da Assembleia-Geral
ordinária está marcada para
as 10h00, do dia 8 de Agosto.
A reunião, segundo o comu-
DR
nicado divulgado ontem pela
Comissão de Gestão, será feita
por vídeo-conferência e obe-
decerá a seguinte ordem:
apreciação e votação da
agenda de trabalho. Apre-
ciação e votação do relatório
de actividades e de contas
referentes ao exercício de
Dezembro de 2019 a Junho
de 2020. Marcação da data
das eleições na Federação e
por último eleição da Comis-
são Eleitoral.
Potenciais concorrentes
Jean Jacques da Conceição,
antigo internacional pela Selec-
ção Nacional sénior masculina
de basquetebol, e Manuel de
Jesus Moreira, ex-secretário
de Estado do Trabalho e Segu-
rança Social, perfilam-se tam-
bém como candidatos. O
primeiro apresentou oficial-
mente, na quarta-feira, na
Marginal de Luanda, o projecto
para a Federação. Da lista, des-
taque para Pires Ferreira, pro-
posto para presidente do
Conselho Fiscal.
Já Moreira adiantou estar
à espera de ser definida a
composição da Comissão Elei-
toral (CE), que tornará pública
as datas de entrega das listas
concorrentes, bem como esta-
belecer um cronograma de
acções, onde o destaque é a
apresentação do projecto e a
“caça ao voto”.
Neste momento, por de-
missão do presidente de direc-
ção, Hélder Martins da Cruz,
no ano passado, a FAB é gerida
por uma Comissão de Gestão
“ad hoc” liderada por Gustavo
da Conceição, cuja equipa
integra Tony Sofrimento,
Anselmo Monteiro, Bi Figuei-
redo e Brendau Júnior.
DIA DO ANDEBOL
Godinho fala em
seminário sobre
a modalidade
Os caminhospara o desenvol-
vimento do andebol num país
até colocá-lo no pódio, bem
como as experiências de Angola
vão dominar a dissertação de
Pedro Godinho, na quarta-
feira, no âmbito do programa
da semana internacional da
modalidade, que se celebra de
hoje até 19 deste mês.
O presidente da Federação
Angolana de Andebol
(FAAND) é um dos convida-
dos da actividade, organizada
pela Federação Nigeriana de
Andebol (HFN), com o apoio
da Confederação africana
(CAHB) e Federação Inter-
nacional (IHF).
As prelecções têm início
hoje, mas Pedro Godinho,
que é também o segundo
vice-presidente da CAHB
somente na quarta-feira, a
partir das 13h00, fala com os
distintos convidados sobre o
modelo de desenvolvimento
seguido por Angola.
A Semana Internacional
de Andebol discute os desafios
e perspectivas de desenvol-
vimento da modalidade no
continente, através de vídeo-
conferência na plataforma
da internet ZOOM, por conta
da pandemia da Covid-19.
O coordenador do Instituto
Nacional dos Desportos em
Abuja, Sule Bello, é o orador
do painel dedicado aos par-
ticipantes nigerianos (sábado,
dia 18) e domingo, dia 19, cabe
ao presidente da Federação
Egípcia de Andebol, Hesham
Nasr, fechar os debates. O pro-
grama é moderado pelo pre-
sidente da HFN, Sam Ocheho.
Angola, em femininos, detém
a hegemonia do andebol em
África, enquanto o Egipto
domina o sector masculino.
Breve
EX-TREINADOR
DE MICHAEL JORDAN
MORRE E DEIXA
DINHEIRO PARA OS
ANTIGOS JOGADORES
Dean Smith morreu há cinco
anos, mas sabe-se agora
que o ex-treinador da
Universidade da Carolina do
Norte deixou em testamento
200 dólares (cerca de 177
euros) a cada um dos 180
jogadores que treinou, para
que desfrutassem de um
jantar em sua memória. E
Michael Jordan foi um deles.
O administrador do
testamento contou à ESPN
que os cheques foram
enviados logo depois da
morte de Dean Smith, que
faleceu aos 84 anos.
Entre os beneficiados com o
cheque há, porém, outros
notáveis como Bob McAdoo,
James Worthy, Kenny
Smith, Sam Perkins,
Rasheed Wallace, Vince
Carter e Antawn Jamison.
FÓRMULA 1
Hamilton vence mas
Bottas continua líder
O piloto inglês Lewis Hamil-
ton (Mercedes F1 W11) con-
quistou, ontem, a primeira
vitória no ‘novo’ GP da Estíria
de Fórmula 1, somando agora
37 pontos, contra 43 do colega
de equipa Valtteri Bottas, líder
do Mundial de pilotos.
Depois de ter realizado à
chuva uma volta “do outro
mundo, segundo Toto Wolff,
o piloto inglês dominou a seu
bel prazer a segunda corrida
do A1 Ring, nunca permitindo
aos adversários qualquer
veleidade, mostrando-se
imbatível. Por isso, atrás de
si, Max Verstappen (Red Bull
RB16/Honda), e Valtteri Bottas
(Mercedes F1 W11), limita-
ram-se a persegui-lo à dis-
tância ao mesmo tempo que
lutavam pelo segundo lugar.
O pódio ficou resolvido a
quatro voltas do fim, depois
de Bottas passar por Verstappen
à segunda. Na volta 66, Bottas
conseguiu, mas Verstappen
Piloto inglês procura conquista do sétimo título
ATLETISMO
Erlindo Lidador assume
corrida à presidência
António Cristóvão
O antigo velocista e ex-vice-
governador da província do
Cuanza-Norte, Erlindo Lida-
dor, manifestou, ontem, em
declarações ao Jornal de
Angola, a intenção de se can-
didatar à presidência da Fede-
ração Angolana de Atletismo
(FAA), cujas eleições estão
inicialmente marcadas para
7 de Setembro.
“Fizemos uma profunda
reflexão à volta da modalidade
que praticámos durante mui-
tos anos e chegámos à con-
clusão de que existe letargia.
O atletismo não está bem.
Precisa de outras ideias e for-
mato de gestão para voltar a
ter atracção”, disse.
Erlindo Lidador reconhece
que a modalidade está num
período menos bom, com a
baixa do número de clubes e
atletas, sobretudo na capital.
“Existem em Luanda três
clubes e duas escolas. O
número de praticantes tem
estado a decrescer conside-
Segunda-feira
13 de Julho de 2020
reagiu de imediato, recupe-
rando a posição, mas na volta
seguinte o finlandês fez-lhe
exactamente o mesmo, no
mesmo sítio, com uma dife-
rença: tapou o buraco que dei-
xara aberto na volta anterior.
Alexander Albon (Red Bull
RB16/Honda) chegou ao
quarto lugar na oitava volta,
depois de arrancar de sexto,
mas daí para a frente nada
mais conseguiu. Grande quinto
lugar de Lando Norris (McLa-
ren MCL35/Renault) que pas-
sou dois Racing Point na última
volta. Para a Ferrari a corrida
foi um pesadelo. Depois de
uma qualificação deplorável
- Sebastian Vettel saiu do 10º
lugar e Charles Leclerc do 14º.
Os dois carros embateram um
no outro ainda durante a pri-
meira volta e acabaram por
ter de abandonar a prova. Na
tabela classificativa Leclerc é
quarto, com 18 pontos e Vettel
15º com apenas um.
DR
ravelmente por falta de pro-
jectos, programas exequíveis
e visão estratégica”, disse,
para acrescentar. “O atletismo
é uma modalidade pobre mas
muito interessante e bonita.
Elaboramos um programa
concreto com base em tudo
que fomos, observando e con-
versado com as pessoas, para
paulatinamente irmos gal-
gando”. Erlindo Lidador já foi
vice-presidente da FAA no
elenco de Carlos Teixeira, no
quadriénio 2004/2008. Foi
também presidente da Mesa
da Assembleia-geral da Asso-
ciação Provincial de Atletismo
de Luanda (APAL).
Além de Erlindo Lidador,
manifestaram intenção de
candidatar-se Gertrudes
Sepúlveda, Adriano Nunes e
António Andrade.
Bernardo João, presidente
cessante, assumiu o desejo
de se recandidatar.
Já assumiram a presidência
da federação José Paim, João
Teixeira, Gildo Coelho da Cruz,
Carlos Teixeira e Carlos Rosa.
DESPORTO Segunda-feira
13 de Julho de 2020
CAMPANHA ELEITORAL
Rafael Maria propõe
jogos nos campos anexos
António Cristóvão
A assinatura de um acordo
para a utilização dos campos
de apoio do Estádio 11 de
Novembro, no Distrito do
Kilamba Kiaxi, para a disputa
dos jogos dos campeonatos
Sub-17 e Sub-20, em ambos
os sexos, é uma das priori-
dades do candidato da lista
A, Rafael José Maria, às elei-
ções na Associação Provincial
de Futebol de Luanda (APFL)
para o quadriénio 2020/2024,
que se realizam no próximo
sábado, na sede do órgão
reitor da modalidade.
S egundo o candidato
Rafael José Maria, em entre-
vista ao Jornal de Angola ,
na Galeria dos Desportos, a
lista que encabeça tem um
pré-acordo com a direcção
do Estádio Nacional 11 de
Novembro, para a utilização
dos referidos campos, caso
seja eleita para dirigir os des-
tinos do futebol em Luanda.
“Caso formos eleitos,
APÓS DERROTA NAS URNAS
Zinga Carlos Sambo
impugna resultados
Arão Martins | Lubango
O candidato derrotado nas
eleições da Associação Pro-
vincial de Futebol da Huíla
(APFH), Zinga Carlos Sambo,
impugnou, sábado, os resul-
tados do pleito que elegeu o
Jornalista Pedro “Pepé” Antó-
nio como novo presidente,
por alegadas irregularidades
no processo de votação.
De acordo com a nota de
impugnação assinada pelo
antigo árbitro assistente inter-
nacional, enviada ao Jornal
de Angola, a reclamação re-
sulta da verificação, durante
a votação, de grave irregula-
ridade de cariz objectiva pas-
sível de revogação do resultado
das eleições.
Durante o acto eleitoral,
esclarece a nota de pedido
de impugnação, o mandatário
da lista A, Vovó Luhaco, veri-
ficou que o presidente do
Clube Águias do Calumbiro,
Chicafa, se fez acompanhar
até à cabina de votação, por
um dos dirigentes dos órgãos
sociais do grémio que dirige,
levantando a desconfiança
de ter este influenciado na
decisão do votante.
“A propósito das decisões,
segundo o livre-pensador,
elas devem obedecer ao cri-
tério objectivo e aos elementos
ou fins para o qual se destinam
e bem assim, as consequên-
cias que daí são geradas”,
acrescenta a nota.
Tendo em conta que as
normas universais de votação
são individuais e não colec-
tivas, esclarece a nota, os re-
presentantes da lista A,
consideram estar preenchidos
temos um pré-acordo com
a direcção do Estádio Nacio-
nal 11 de Novembro, para a
utilização dos três campos
de apoio. Algumas equipas
vão disputar os seus jogos
naqueles recintos”, disse,
preocupado com a qualidade
e condições dos recintos des-
portivos da capital.
Com esta medida, o can-
didato da lista A pretende
terminar com a disputa dos
jogos dos vários campeonatos
em campos pelados ou ter-
renos baldios.
O combate à adulteração
de idades e identidades dos
atletas, a criação de um pré-
mio monetário a ser atribuído
aos campeões provinciais
são outras prioridades do
elenco de Rafael José Maria.
No âmbito da campanha
eleitoral, que termina na
quarta-feira, Rafael José
Maria cumpre uma agenda
trabalho com os dirigentes
do Ferroviário, Chimbebeto
e Acácias.
os requisitos pelo facto de a
presença deste acompa-
nhante, produzir bastantes
elementos indicadores do
resultado apresentado.
O presidente eleito, Pepé
António, disse ao JA que a
alegação da lista derrotada é
descabida, pois afecta um
dos membros dos órgãos
sociais do clube e não da lista
oponente, tão pouco da Co-
missão Eleitoral.
Pepé António disse que é
normal o adversário, por
sinal, aposta na continuidade,
depois de ver frustrado os
intentos, tente inventar his-
tórias, que em nada engran-
decem o futebol huilano.
O presidente da comissão
eleitoral, Cristóvão Chivela,
confirmou a recepção da nota
de reclamação da lista A.
Dos dez clubes, inicialmente
previsto, votaram nove. A lista
B, liderada pelo jornalista Pepé
António, venceu por 5-4.
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO
CONDOLÊNCIAS
ATEFA lamenta
passamento físico
de Hilário Silva
A Associação de Treinadores
de Futebol de Angola (ATEFA)
manifestou, ontem, senti-
mentos de consternação e tris-
teza, pelo falecimento de José
Hilário Silva, antigo jogador
do Nacional de Benguela e do
Atlético Sport Aviação (ASA),
ocorrido sexta-feira, em Ben-
guela, por doença.
De acordo com uma nota
de condolências, assinada
pelo presidente do organismo,
José Amaral, a que o Jornal de
Angola teve acesso, a ATEFA,
em nome dos associados
curva-se perante a memória
e apresenta à família enlutada
os mais profundos sentimentos
de pesar.
Os agentes do futebol em
Benguela lamentam igual-
mente a morte prematura
do técnico.
Breves
JUSTIÇA PARAGUAIA
RECUSA PEDIDO PARA
LIBERTAR RONALDINHO
A Justiça do Paraguai voltou
a recusar um pedido para
libertar Ronaldinho, antigo
internacional brasileiro que
se encontra detido naquele
país por usar documentação
falsa. Ronaldinho e o irmão,
Roberto de Assis Moreira,
foram detidos a 6 de Março
em Assunção por usarem
passaportes paraguaios
falsificados.
O antigo jogador de AC
Milan, Barcelona e Paris
Saint-Germain é também
suspeito num processo que
investiga uma rede de
apostas ilegais e que já
resultou na detenção de
outras 18 pessoas, a maioria
polícias e agentes de
imigração. Ronaldinho, 40
anos, está em prisão
domiciliária num hotel da
capital paraguaia a aguardar
julgamento.
GRIEZMANN TEM
ÉPOCA EM RISCO
Baixa de peso no Barcelona
para as derradeiras jornadas
da La Liga. Antoine
Griezmann contraiu lesão
muscular no quadríceps da
perna direita durante o
encontro com o Valladolid,
no sábado, e não deverá
jogar mais esta época.
O clube revelou o boletim
clínico referente ao
internacional francês, mas
não indicou o tempo de
paragem estimado, sendo
que a Imprensa espanhola
refere que muito
dificilmente o extremo ex-
Atlético Madrid voltará a
jogar até ao desfecho do
campeonato. Uma ausência
importante para os catalães
quando faltam duas
jornadas para o fim da
competição e a luta pelo
título continua em aberto,
ainda que não dependam de
si próprios. Nesta altura, o
Barça está a um ponto do
líder, o Real Madrid.
31
FRAQUEZA DO CONSELHO TÉCNICO
Artur de Almeida quebra
silêncio com revelações
Irmãos Jeremias e Adão Simão respondem ao líder cessante
da FAF em vésperas do início da próxima campanha eleitoral
JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO
Honorato Silva
Em silêncio durante um ano,
depois da participação dos
Palancas Negras na Taça de
África das Nações (CAN), no
Egipto, o presidente cessante
da Federação Angolana de
Futebol (FAF), Artur de Almei-
da e Silva, volta a marcar pre-
sença na Comunicação Social.
Provavelmente recupe-
rado dos problemas de saúde
evocados como impedimento
da realização da prometida
conferência de imprensa,
para esclarecer os aconteci-
mentos que ditaram a saída
de sérvio Srdjan Vasiljevic
do comando da Selecção
Nacional, o líder do organismo
federativo apontou o dedo
acusador a membros do Con-
selho Técnico Desportivo
(CTD), quinta-feira, em entre-
vista à Rádio Cinco. Segundo o dirigente a Federação aguarda pelo dinheiro da FIFA
“Se um departamento tão
importante como é o Con-
selho Técnico tinha apenas ser possível fazer por vídeo os contratos que entravam
dois funcionários que podiam conferência. para a Federação, por vezes
fazer a inscrição de atletas,
a nível nacional, como é pos-
sível uma liderança, ao longo
“É preciso perceber que o
Conselho Técnico é a área
que faz com que a Federação
a verba não corresponde
aquilo que é o real contrato
que o jogador tem. É sempre
desses anos todos, não con-
segue formar quadros à altura
para o departamento não estar
arrecade verbas também.
Quer com os licenciamentos
quer com os contratos de
inferior. Temos de ter a cora-
gem de tomar decisões. Na
devida altura achei que devia
dependente? Alguma coisa jogadores. Infelizmente não tomar essa decisão. Porque
está errada”, disse. conseguíamos ter o controlo é momento de mudar”.
Sempre ao ataque, Artur desse processo de entrada de Em relação aos propalados
de Almeida falou das opor- verbas. Elas não passam total- apoios com vista a mitigar
tunidades dadas para as pes- mente pelo Conselho Técnico. os efeitos da pandemia no
soas se converterem. O que quero dizer é que o futebol mundial, Artur de
“Quando apercebemos Conselho Técnico processa Almeida negou a recepção
que não há conversa, natu- toda a documentação, que de qualquer verba.
ralmente temos de mudar. depois vai dar origem a que “Nos últimos meses não
Temos intenção de imple- essas verbas entrem. Ok? Se recebemos nada. Algumas
mentarmos o FIFA Connected, esses processos não forem dessas federações não esti-
que é o sistema que a FIFA nos naturalmente tramitados, de veram dentro do bloqueio
dá free (livre/grátis). A for- forma a que as verbas sejam em que a Federação Ango-
mação já foi feita. Há funcio- contabilizadas e entregues à lana esteve, vão recebendo
nários que foram tendo. O área financeira para cobrança, verbas normais, para o pro-
próprio Jeremias teve forma- naturalmente a área finan- grama que têm com a FIFA
ção sobre isso, mas nunca se ceira não tem como cobrar”, e, em função de já terem
implementou ao longo desses detalhou. essas verbas, acharam por
anos”, sublinhou. bem desviar parte para a
Rigor contabilístico Covid. Apoiar algum clube
Arrumar a casa A falta de controlo do fluxo ou associação local. Elas tam-
De acordo com o dirigente, financeiro resultante das ins- bém não receberam verba
o Conselho Técnico está a crições dos jogadores e dos alguma da FIFA para esse
preparar a formação de qua- contratos foi outra preocu- efeito. Poderão vir a receber
dros, quer a nível dos clubes pação levantada pelo número agora, como também vamos
quer a nível das associações um da FAF. “O jogador tem receber, em função dessa
provinciais. Um processo um contrato a nível do clube, deliberação do Comité Per-
que vai começar agora, por com uma verba superior, e manente da FIFA”.
Presidente deve consultar um especialista em psiquiatria
Afastado dos quadros da FAF, Adão Simão, Por seu lado, Jeremias Simão, recém-exo-
membro do CTD há duas décadas, lançou nerado da presidência do órgão visado pelo
um apelo a Artur de Almeida: cabeça do elenco directivo, colou o foco no
“Peço ao presidente da Federação Angolana campo do Direito.
de Futebol que faça uma consulta com um “Já contactei a minha parte legal, para se
especialista em Psicologia e Psiquiatria, pronunciar sobre isso. Vamos dar um outro
porque somos adultos e uma das coisas que destino, do ponto de vista legal, em relação
deve pautar a nossa vida, é essa educação a essa acusação, porquanto o Conselho
que recebi dos meus pais, é respeitar, tratar Técnico não recebe dinheiro. Nem no tempo
com cordialidade e dignidade as pessoas. em que o actual secretário-geral foi o presidente
Lamento bastante essas declarações. Sei que do conselho, nem no tempo do professor
estamos em vésperas de campanha e do Nando Jordão. O Conselho Técnico recebe
ponto de vista de algumas pessoas tudo vale. os borderaux dos depósitos efectuados na
Mas não é essa a minha forma de ser e de conta bancária da Federação e leva para a
estar. A minha vida pautou-se sempre pela tesouraria, que emite um recibo feito em tri-
hombridade, respeito e camaradagem”, disse. plicado”, sustentou.

SEG13JUL
ALTO
Obras públicas
Responsabilização
Preocupada com a qualidade
das obras públicas, a maioria
dos deputados à Assembleia
Nacional defende que sejam
responsabilizados os fiscais de
obras mal feitas, porque o país
não se pode permitir tirar o di-
nheiro público para obras des-
cartáveis. A criação de uma
norma para responsabilizar es-
ses fiscais vai pôr ordem nas
inúmeras infra-estruturas mal
executadas e que custaram aos
contribuintes rios de dinheiro.
E os trabalhos mal executados
e nunca fiscalizados são facil-
mente constatáveis, principal-
mente para quem conduz e
sente o trepidar do carro em
estradas mal feitas. Partindo
do princípio que um quilóme-
tro de estrada asfaltada já terá
custado, antes das últimas elei-
ções, mais de um milhão de
dólares, é bem vinda a adopção
de normas para acabar com
essa sangria de recursos pú-
blicos. Que os deputados, por
sua vez, acompanhem e fisca-
lizem, milimetricamente, a exe-
cução dessas obras.
BAIXO
Fiscalização
Desperdício de água
Numa altura em que milhares
de habitantes de Luanda e ar-
redores ainda se debatem com
a falta de água potável, quase
sempre comprada em camiões-
cisterna, não é concebível que
em muitos bairros as águas
provenientes de quintais, de
casas bem identificadas, criem
verdadeiros rios em ruas re-
centemente asfaltadas. Onde
param os fiscais? Não são pa-
gos pelo Estado para travar es-
ses desperdícios?
TRIBUNAL DA COMARCA DO NAMIBE
Agentes da Polícia condenados a 18 anos
O Tribunal da Comarca
do Namibe condenou, sexta-
feira, dois agentes da Polícia
a 18 anos e seis meses de pri-
são, cada um, por agressão e
assassinato de Manuel Tanto
Mutchita no dia 11 de Agosto
de 2019, no centro prisional
de Bentiaba. Durante a leitura
CFB PASSA A REALIZAR TRÊS FREQUÊNCIAS SEMANAIS
Circulação ferroviária entre o Huambo e Moxico com apenas metade dos 3.200 passageiros
Comboios voltam a circular
entre o Huambo e o Moxico
Os comboios do Caminho-
de-Ferro de Benguela (CFB),
voltam hoje a circular no troço
Huambo/Bié/Moxico, depois
de mais de três meses de para-
lisação, devido à Covid-19.
A garantia foi dada ontem,
à Rádio Nacional de Angola,
pelo director comercial do
CFB, Artur Silva. O responsável
acrescentou que, numa pri-
meira fase, serão três fre-
quências semanais, que vão
ligar as cidades do Huambo,
Luena e Cuito.
O CFB vai limitar a venda
de bilhetes. Dos 3.200 lugares
disponíveis, por semana, ape-
nas serão vendidos 1.600
bilhetes, para garantir o neces-
sário distanciamento físico
entre os passageiros. Segundo
o director comercial do CFB,
o troço Lobito/Huambo con-
tinua interdito, devido a tra-
balhos de reabilitação, numa
das passagens hidráulicas, no
município do Longonjo, pro-
víncia do Huambo.
Na rota Luena-Bié, o com-
boio transporta, maioritaria-
mente, bens agrícolas. Sobre
o reinício da circulação dos
comboios do Caminho-de-
da sentença, o juiz Januário
Catengo condenou, igual-
mente, os dois agentes, Antó-
nio Garcia Paulino, de 54 anos,
terceiro subchefe, e o agente
de terceira classe Cristiniano
Vihilo Cambambi Canga, de
28 anos, a indemnizar a famí-
lia da vítima em um milhão
Ferro de Benguela, alguns
cidadãos retidos há meses no
Huambo e Bié, devido à Co-
vid-19, manifestaram a sua
satisfação pela iniciativa das
autoridades, que vai permitir
o regresso a casa e a retoma
dos negócios.
Os governos do Moxico e
do Bié criaram a 5 deste mês
uma estratégia para travar a
propagação da Covid -19, no
âmbito do reinício, hoje, da
circulação ferroviária entre
as duas províncias
Para materializar esta ini-
ciativa, as duas delegações,
encabeçadas pelos governa-
dores do Moxico, Gonçalves
Muandumba, e do Bié, Pereira
Alfredo, estiveram reunidos
na localidade de Muchimoji,
na comuna do Munhango,
município do Cuemba, para
adoptar medidas para prevenir
a propagação do novo coro-
navírus entre os passageiros.
O governador do Moxico,
Gonçalves Muandumba, referiu
que o encontro serviu para
estabelecer novas medidas
para regular como as popula-
ções do Moxico e do Bié devem
circular com a retomada do
e quinhentos mil kwanzas.
Também foram conde-
nados ao pagamento do im-
posto de justiça de 150 mil
kwanzas cada.
Joaquim Abílio, advogado
de acusação, disse à imprensa
que justiça foi feita.
Lucas Luís, advogado de
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RELATÓRIO DA AVIAÇÃO CIVIL IRANIANA
EDIÇÕES NOVEM,BRO |
Avião ucraniano abatido
devido a um erro de radar
Um erro humano relacio- ocorreram nos minutos que
nado com um mau ajuste do se seguiram.
radar militar foi a causa do Apesar das informações
acidente com o Boeing ucra- erradas sobre a trajectória da
niano abatido em 8 de Janeiro aeronave, o operador do sis-
deste ano perto de Teerão, tema de radar poderia ter iden-
Irão, provocando 176 mortos, tificado o alvo como um avião
concluiu o relatório da avia- de passageiros, mas houve
ção civil iraniana. “erros de identificação”.
“Houve uma falha devido O relatório também refere
a erro humano no acompa- que o primeiro dos dois mís-
nhamento do procedimento seis disparados contra o avião
de calibre do sistema de radar, foi disparado pelo operador
o erro foi de 107 graus”, não de uma bateria de defesa
permitindo mais observar, “sem ter recebido uma res-
de forma correcta, a trajec- posta do centro de coorde-
tória dos objectos no campo”, nação” do qual ele dependia.
indica o relatório publicado O segundo míssil foi dis-
no sábado. parado trinta segundos depois,
A falha “está na origem de
uma sequência perigosa (de
eventos) e poderia ter sido
tendo em consideração “a
continuidade da trajectória
do alvo detectado”, acres-
dominada se outras medidas
tivessem sido tomadas”.
De acordo com o docu-
centa-se no relatório.
As 176 pessoas a bordo, a
maioria das quais iranianas
mento, apresentado como e canadianas, mas também
comboio, numa altura em que um “relatório sobre factos” 11 ucranianas (incluindo os
o país regista o crescimento de e não como um relatório final nove tripulantes), morreram
casos da Covid-19. de investigação, outros erros no desastre.
O governador alertou para
a existência de pessoas que
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estão a violar a cerca sanitária
de Luanda, exortando a popu-
lação a estar vigilante e denun-
ciar os casos suspeitos.
“Tudo o que o Governo
está a fazer é para manter a
segurança e a saúde públicas.
Por esta razão, se alguém chega
à aldeia deve ser denunciado
pelas autoridades, para ser
verificado e saber a sua pro- Segunda-feira, 13 de Julho de 2020
veniência”, defendeu.
O governador do Bié, Pereira
Alfredo, afirmou que o encon-
tro das duas delegações serviu
para unir os esforços das duas
províncias na luta contra a
pandemia e estabelecer medi-
das de segurança ao longo das
duas fronteiras com os dois
países vizinhos, nomeada-
mente Zâmbia e RDC.
Além da prevenção contra
o novo coronavírus, os dois
governadores abordaram
aspectos que visam o forta-
lecimento das relações de vizi-
nhança e as trocas comerciais
entre as duas províncias.
defesa de António Garcia
Paulino, disse não concordar
com a decisão e vai recorrer.
Os familiares da vítima ale-
gam que o valor de 1,5 milhão
de kwanzas a indemnizar à
família sequer cobre as des-
pesas de trasladação do corpo
e funeral em Benguela.
Manuel Tanto foi encon-
trado morto na cela onde es-
tava detido e as investigações
indicaram que depois de ter
sido agredido foi enforcado.