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Huíla

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 Nota: Se procura departamento da Colômbia, veja Huila. Se procura
comuna angolana, veja Huíla (comuna).

Huíla

Localidade de Angola 
(Província)

Paisagem da Huíla

Dados gerais

Funda 2 de setembro de 1901 (120 anos)
da em

Orago Cristo Rei

Gentíl huilense
ico

Proví Huíla
ncia

Munic Caconda, Cacula, Caluquembe, Chiange, Chibia, Chicomba, Chipindo, 
ípio(s) Cuvango, Humpata, Jamba, Lubango, Matala, Quilengues e Quipungo

Características geográficas

Área 79.022 km²

Popul 2.819.253[1] hab. (2018)


ação

Localização da Huila em Angola

Dados adicionais

Prefix +244
o
telefó
nico

Sítio [www.huila.gov.ao]

Projecto Angola  • Portal de Angola

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Huíla é uma das 18 províncias de Angola, localizada na região sul do país,


sendo a mais rica província da porção meridional angolana. Tem como capital
a cidade e município do Lubango.
Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto
Nacional de Estatística, conta com uma população de 2.819.253 habitantes e
com uma dimensão de 79 023 km², sendo a província mais populosa de Angola
depois de Luanda.[1]
Huíla constitui-se por 14
municípios: Caconda, Cacula, Caluquembe, Chiange, Chibia, Chicomba, Chipin
do, Cuvango, Humpata, Jamba, Lubango, Matala, Quilengues e Quipungo.

História
A presença europeia na região começa em 1627, no partir de uma expedição
luso-espanhola comandada por Lopo Soares Lasso, que partiu da cidade
de Moçâmedes alcançando a Serra da Chela, de onde era possível ver
o planalto da Huíla e vasto vale de domínio do soba Calubango, o País de
Humbi-Onene.[2]
A rota de exploração básica, entre os séculos XVII e XVIII, seguia os cursos
dos rios Giraul, Neves, Caculavar, Calonga, Cunene e Cuunje, partindo
de Moçâmedes, passando por Bibala, Planalto da
Humpata, Quipungo e Matala, até chegar em Caconda. Assim, a bacia do
Giraul e a do Cunene foram as primeiras rotas seguras de exploração, dado a
disponibilidade de água. A escolha de Caconda como posto avançado cumpria
três objetivos: como rota alternativa mais segura que o norte e o centro
angolano, ainda dominado pelos dos poderosos reinos do Dongo-
Matamba, Cassange-Jaga, Huambo e Bailundo; controle de uma região menos
organizada socio-politicamente em relação ao restante do território angolano e
de vales muito férteis, e; a proximidade com a densamente povoada e
prosperamente agrícola região centro-planáltica. A rota seguindo o leito
principal do rio Cunene só foi explorada após a segunda metade do século XIX.
[3]

Construção de fortalezas e missões religiosas


O maior dos marcos de colonização inicial da Huíla se deu com a construção
da Fortaleza de Alva Nova, em 1682, após um acordo com os galangues. A
fortaleza ficaria sob coordenação de um capitão-mor português. [4]

Laboratório do naturalista José Alberto de Oliveira Anchieta, localizado em Caconda, na segunda


metade do século XIX.

Entretanto, a presença colonial manteve-se tensa até a Guerra de Galangue


(1768-1769), onde os lusitanos derrotaram o rei Caconda, conseguindo forçar a
retomada da Fortaleza de Alva Nova (ou Alba Nova, renomeada para Fortaleza
de Caconda). No mesmo ano, ao final da guerra contra o Reino Galangue,
Portugal decide por instalar, junto à fortaleza, a "Missão Católica da Caconda",
sob coordenação do padre capuchinho Gabriel de Braga. [4]
Em meados de 1845, o major João Francisco Garcia deslocou-se do povoado
de Moçâmedes para Caconda encarregado de instalar um presídio junto à
fortificação.[5] Em 1850, cria-se um concelho com sede em Caconda, com o
nome de Huíla, com major Garcia na qualidade de regente. Até essa altura,
Caconda era a segunda entidade com estatuto jurídico-administrativo no sul de
Angola (a mais velha é Moçâmedes), sendo, assim, a mais velha
municipalidade huilense.[4]
Em 1866 o padre e botânico Carlos Duparquet realiza, com auxiliares, uma
expedição até a Serra da Chela, onde tenta estabelecer uma missão científica
e evangelizadora, sendo expulso pelos nativos em seguida. Anos mais tarde,
em 1881, padre Duparquet e o padre José Maria Antunes realizam uma nova
expedição ao mesmo local, que culmina num acordo com o soba para a
fundação de uma missão católica agropastorial junto a actual comuna da Huíla,
[4]
 que no mesmo ano ganha estatuto eclesiástico ao servir como sede para
a Missão Sui Iuris do Cunene.[6][3]
Fixação colonial definitiva
A fundação da Missão Sui Iuris do Cunene serviu de base para a segunda
onda de povoamento europeu,[3] desta vez formada por bôeres, denominada
Colônia de São Januário da Humpata, nas proximidades daquela Missão
Católica da Huíla. Humpata, liderada por Jacobus Botha, em 1884 contava com
325 bôeres instalados em 60 casas, possuindo 50 carros (wagons) e cerca de
um milhar de cabeças de gado bovino. Oficialmente inaugurada em 19 de
fevereiro de 1882, seu surgimento se deu com a transferência de um
contingente de imigrantes que estava no Cunene (em Ondijiva) e
na Damaralândia para a Huíla, após a Primeira Guerra dos Bôeres. Das 600
famílias iniciais que rumaram para o norte antes da instalação na Huíla, mais
da metade pereceu durante a peregrinação pelo Calaári, que ficou conhecido
como as jornadas para as terras de sede (Dorsland Trek). Posteriormente
formaram colônia também na vila de Palanca. Essas colônias, e as demais
desenvolvidas, fez surgir um subgrupo étnico chamado de angobôeres. [7][5]
A terceira onda de colonização ocorreu com a vinda de uma comissão
de madeirenses, liderados por José Augusto da Câmara Leme, que decidiram
embarcar numa expedição rumo a Moçâmedes e ao planalto da Huíla.
Chegaram ao Lubango no dia 24 de dezembro de 1884, onde ficava a antiga
ombala dos muílas.[5] Em 19 de janeiro de 1885 é fundada a Colónia Sá da
Bandeira e, em 16 de setembro do mesmo ano é fundada por madeirenses e
bôeres a colónia de São Pedro da Chibia.[4]
Lubango tornou-se uma administração autônoma (1887) [4] e concelho (1889),
[4]
 com Câmara Leme nomeando chefe do concelho do Lubango em 19 de
fevereiro de 1890, e; comandante militar do concelho do Lubango, com o posto
de capitão de 2ª linha, em 19 de outubro de 1890. [5]
Formação administrativa e econômica
Em 2 de setembro de 1901 foi criado, por desmembramento do distrito de
Moçâmedes, o novo distrito da Huíla, com sede no Lubango, sendo esta
povoação, pelo mesmo decreto, elevada à categoria de vila, com o nome de
Vila de Sá da Bandeira. Na criação, o distrito compunha-se dos territórios da
Huíla e do Cunene.[8]
No processo de formação administrativa, a Huíla enfrentou grandes períodos
de instabilidade sócio-territorial nas suas duas primeiras décadas. Em 1914,
durante a Campanha de Cubango-Cunene, uma extensão da Primeira Guerra
Mundial, as tropas alemãs invadiram o sul e sudeste do distrito, massacrando
portugueses e nativos, alterando o frágil equilíbrio com os reinos tradicionais.
Uma vez expulsos os alemães, as batalhas continuaram, culminando
numa sangrenta guerra, levada a cabo por António Pereira de Eça, contra
os nhaneca-humbes do vale do Cunene e contra os ovambos, que haviam se
rebelado contra o imperialismo lusitano. A guerra tomou contornos de
massacre contra os povos nativos, em especial contra os Reinos Confederados
Ovambos.[9]
Em 31 de maio de 1923 o Caminho de Ferro de Moçâmedes chega no
Lubango, marcando um período de grande virada econômica para o distrito
provincial da Huíla, na medida em que poderia se comunicar de maneira mais
eficiente com o litoral.
Guerra de independência e guerra civil

Carros blindados Eland Mk7 sul-africanos em Lubango, por volta de 26 de outubro de 1975, durante


a Operação Savana, na Guerra de Independência de Angola.

Desde a Guerra de Libertação até à independência de Angola e a


subsequente Guerra Civil Angolana, a Huíla foi directamente afectada, ficando
livre de combates durante períodos relativamente curtos de tempo.
Algumas das maiores batalhas se deram na Mina de Cassinga; ela havia sido
abandonada pelos supervisores portugueses e caído em decadência durante a
Guerra Civil Angolana. Ocupada pelo Exército Popular de Libertação da
Namíbia (PLAN), ala militar da Organização do Povo do Sudoeste
Africano (SWAPO), foi adotada como uma base para ataques insurgentes
no Sudoeste Africano, durante a guerra sul-africana na fronteira. Suas bases
logo se tornaram um campo de refugiados. As tropas sul-africanas com o apoio
da estadunidense lançaram um terrível ataque, no episódio que passou à
história como a batalha de Cassinga, onde a maioria dos mortos foram civis.
A presença da PLAN e de militares cubanos em Cassinga e no restante da
Huíla atraiu a atenção da Força de Defesa da África do Sul, que lançou
primeiramente a Operação Savana e depois a Operação Rena. A província
ainda foi o local de mais combates, durante a Operação Askari, em dezembro
de 1983.

Geografia
Limita-se ao norte com as províncias de Benguela e Huambo, ao leste com as
províncias de Bié e Cuando-Cubango, ao sul com a província de Cunene, e ao
oeste com a província de Namibe. A Huíla não possui litoral, sendo uma
província interior.
Clima
Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, no território da província
predomina o clima oceânico (Cwb). O clima é, em geral, quente, com chuvas
uniformes ao longo do ano, e temperatura média anual maior que 20ºC. Nas
áreas situadas em maior altitude pode ser classificado como temperado
marítimo (Cfc).[10]
Demografia
A população original da área compunha-se de coissãs, dos quais ainda existem
pequenos grupos remanescentes. Os coissãs foram marginalizados por povos
de pastores ou de agro-pastores de diversas proveniências e que hoje
constituem uma variedade de etnias[11]. As etnias agro-pastoras fazem parte do
grupo relativamente heterogéneo dos nhaneca-humbes,[12] com destaque para
os muílas, que são os mais numerosos e de cujo nome o planalto e a província
da Huíla derivam as suas designações. De entre as etnias pastoras, há ainda
os cuvales.[13] Dentre os povos migrantes, nas grandes cidades há populações
relevantes de ambundos, ovimbundos, congos e ovambos, além de grupos
menores miscigenados de angobôeres e luso-angolanos. [14]
A principal língua falada na província é o português, sendo registrado a
variante dialeto sulista, um dos quatro que há dentro do português angolano.
[15]
 Já entre as tradicionais a presença maior é da língua nhaneca. [16]

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