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Bié
(Província)
Bié in Angola.svg
Dados gerais
Gentílico bienense[1]
bieno
Características geográficas
Clima Cwa/Cwb
Dados adicionais
Bié é uma das 18 províncias de Angola, localizada na região central do país, que tem sua capital
na cidade e município do Cuíto.
Por seu formato geográfico peculiar, e sua localização central em relação às demais províncias
angolanas, é conhecida como "o coração de Angola" e "a província coração".[3]
História
A Província do Bié é um território habitado por grupos étnicos bantus (ovimbundos) com
poucas diferenças entre si, onde destacam-se os bienas e os bailundos.
As férteis terras altas do Planalto Central de Angola, também conhecidas como nano, eram
tradicionalmente cultivadas pelos povos bantos antes da chegada dos bienas e bailundos. A
invasão do início do século XVII, pelos povos imbangalas, levou a uma fusão das duas
populações e a subsequente criação dos reinos ovimbundos. Assim nascia um dos estados
ovimbundos mais poderosos, o reino do Bié, com muitas ombalas (aldeia/cidade principal) e
aldeias sob sua tutela. Sua formação política se deu entre o século XVII e XVIII.
A região foi explorada pela primeira vez por mercadores portugueses em meados do século
XVII, iniciando o comércio de escravos, marfim, cera de abelha e borracha. Confrontos
ocasionais entre portugueses e os povos que habitavam no território da província do Bié
ocorreram nos séculos XVIII e XIX. Exércitos particulares pertencentes a comerciantes e chefes
tribais lutavam entre si pelo controle das rotas comerciais. Após os portugueses derrotarem o
reino do Bié e o reino Bailundo na guerra de 1774-1778, os povos do palnalto permaneceram
em paz compartilhando o controle das rotas comerciais com o poder colonial.[4]
A sede pelo controle da região levou a algumas campanhas militares, que transformaram-se
em grandes exercícios bélicos que marcaram a mudança nos rumos do colonialismo lusitano,
como foi o caso da Segunda Guerra Luso-Ovimbundo (1890-1904). Este foi um conflito
armado, ocorrido em território bienense, entre os reinos dos povos ovimbundos,
principalmente na figura dos reinos Bailundo, Huambo e Bié, contra o Império Português,
motivado pela ambição colonial pelo controle das rotas comerciais e pelo súbito declínio do
preço da borracha de raiz. Portugal venceu e subjugou os povos do planalto central, restando
somente um último grande bastião de resistência no reino Cuanhama.[5]
O Bié foi muito atingido pela Guerra de Independência de Angola, porém os conflitos somente
atingiriam a região em cheio no final da década de 1960, nos confrontos entre Portugal, MPLA
e UNITA. Durante a "Frente Leste", o MPLA, através da III Região Militar, mantinha uma grande
frequência de ataques do então distrito. Em 1973 a UNITA conseguiu expulsar as últimas
unidades do MPLA ainda operantes em Bié.
Durante Guerra Civil Angolana a região permaneceu como um dos grandes bastiões da UNITA,
sendo a última área sob domínio de Jonas Savimbi, quando este foi morto em 2002.
Geografia
Prédio reformado na capital Cuíto contrasta com edifícios ainda degradados pela Guerra Civil,
em 2008.
Clima
O Bié têm parte do seu território coberto pela Reserva Natural Integral de Luando, localizada
ao norte provincial. Esta reserva está, em sua maior parte, dentro da província de Malanje.[10]
Demografia
Esta província é uma área de confluência de uma série de etnias.[11]. Entre os ovimbundos,
[12] os mais numerosos e que habitam o centro-sul, o oeste e o norte, os dois principais
subgrupos são os bienos, cujo nome se relaciona com o nome da província, e os bailundos. Há
presença de chócues que,[12] na sua migração a partir do nordeste de Angola, estabeleceram-
se nas faixas leste e central-norte da província.[12] Finalmente, existem povos heterogéneos
enquadrados na categoria etnográfica ganguela,[12] como os luimbi, habitando principalmente
o sudeste provincial.[12]
Hidrografia
A nordeste província bienense os rios correm para o sistema de drenagem da bacia do rio
Cassai (juntamente com o rio Cuango), enquanto que ao sul, ancorado nos rios Cutato dos
Ganguelas e Cuelei, corre para a bacia do Cubango, e ao noroeste, ancorado nos rios Dulo e
Cupache, corre para a bacia do rio Cuvo-Queve. Porém, o maior flúmen que atravessa a
província é o rio Cuanza, e boa parte da bacia de drenagem territorial, ancorada nos rios
Luando, Cuiva, Chimbandianga, Cunhinga do Bié, Cossonhi, Cutupo, Cuquema e Cunje, flui para
a bacia do Cuanza.[13]
Relevo
Economia
As principais produções de lavoura e plantações são: arroz, hortaliças, frutícolas, feijão, milho,
mandioca, soja, amendoim, gergelim, girassol e café arábica. A criação de gado bovino é
especialmente notável, pois é a maior angolana. Além da pecuária, há criação de galináceos
para carne, postura e penas, e atividades extrativistas de pesca artesanal.[15]
Além destas actividades, há na província plantações florestais de espécies exóticas, tais como
eucaliptos e pinus para uso exportação comercial de madeira.[16]
Indústria e mineração
A província bienense tem seu parque industrial focado na produção moveleira e de materiais
de construção, além de agroindústria alimentar e de bebidas.[16]
Comércio e serviços
O setor de comércio e serviços do Bié sustenta-se, em grande parte, pela atividade logística,
com destaque ao Caminho de Ferro de Benguela e à suas várias rodovias.[16] Os grandes
centros de comércio de retalhos e venda por grosso são Cuíto, Andulo, Camacupa e Chinguar.
[15]
Referências
Recuerdan en provincia de Angola legado histórico de Fidel Castro. Fidel. 1 de agosto de 2017.
Schmitt, Aurelio. Município de Angola: Censo 2014 e Estimativa de 2018. Revista Conexão
Emancipacionista. 3 de fevereiro de 2018.
Douglas Wheeler. «The Bailundo Revolt of 1902» (PDF). Redeemer's University. Consultado
em 9 maio de 2015
World Wildlife Fund, ed. (2001). «Angolan Miombo woodlands». WildWorld Ecoregion Profile.
[S.l.]: National Geographic Society. Cópia arquivada em 8 de março de 2010
Chevalier, M & Cheddadi, Rachid & Chase, Brian. (2014). Chevalier et al 2014 CoP 10 CREST.
Elizalde, Sara; Elizalde, David; Lutondo, Eduardo; Groom, Rosemary; Kesch, Kristina; Durant,
Sarah. Reserva Natural Integral do Luando, Angola: Levantamento de Mamíferos de Grande e
Médio Porte. INBAC/RWCP 2019.
Como Exportar: Angola. Brasília: Ministério das Relações Exteriores do Brasil. 2010. pgs: 59-63.