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Bié e Bailundo

COMPLEXO ESCOLAR O PENSADOR DO FUTURO

TRABALHO DE HISTÓRIA

TEMA:
BIÁ E BAILUNDO

Elaborado por: Isabel


Turma:
Classe: 11
Nº:

DOCENTE
________________________

LUANDA/2023

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Bié e Bailundo

COMPLEXO ESCOLAR O PENSADOR DO FUTURO

TRABALHO DE HISTÓRIA

TEMA:
BIÁ E BAILUNDO

LUANDA/2023

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Bié e Bailundo

ÍNDICE
PÁG
INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
O BIÉ E O BAILUNDO....................................................................................................2
 Organização territorial..........................................................................................4
 Organização económica........................................................................................4
 Reis do Bié até ao ano de 1890..............................................................................5
O BAILUNDO..................................................................................................................5
O comércio de longa distância dos Mbundu.......................................................................6
CONCLUSÃO...................................................................................................................8
BLIOGRAFIA...................................................................................................................9

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Bié e Bailundo

RESUMO
Quando explodiu a Primeira Guerra Luso-Ovimbundo, os então reinos rivais de
Bailundo e Bié somaram forças com o pequeno reino de Quingolo contra Portugal. A
primeira ação portuguesa foi justamente desmantelar a produção agrícola biena
atacando as aldeias e as ombalas fronteiriças, entre 1774 e 1775, sufocando o reino
economicamente. Neste ínterim, mesmo com as dificuldades financeiras, os bienos
tomam o posto português de Belmonte, e Ndjilahulu I ali declara sua nova ombala-
capital. Percebendo a dificuldade de empreender duas frentes contra bailundos e bienos,
Portugal formou um contingente de mercenários e os colocou a serviço da facção de
Kangombe I. Assim, entre 1776 e 1778, a guerra no território do reino tomou
características de guerrilha. Paralelamente, em 1778, os bailundos caíram ante os
portugueses, restando somente os bienos (o reino Quingolo havia se rendido no início
da guerra). Assim, em 1778 tropas lusitanas cercaram Belmonte e a tomaram,
empossando Kangombe I como rei, tornando o reino do Bié um Estado fantoche.
Entre o século XVIII e o final do século XIX o reino do Bié permaneceu
como zona de influência portuguesa, até a proclamação de Ndunduma I como rei
(1888). Ele resolveu dar fim a ingerência portuguesa nos assuntos da nação, iniciando as
hostilidades em 1890. Eles expulsou os feitores e oficiais portugueses, bem como
removeu os colonos e comerciantes lusitanos das terras do Bié. No mesmo ano os
portugueses enviaram uma expedição punitiva que derrubou o rei Ndunduma I,
obrigando os monarcas locais a ser referendados por Luanda, enquanto acelerava a
colonização com indivíduos portugueses e bôeres, e reforçava a guarnição da área.
Mesmo assim, porções do reino permaneceram em estado de guerrilha até 1903/1904,
ao final da Segunda Guerra Luso-Ovimbundo, quando cessou totalmente a resistência
biena, huambina e bailunda

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Bié e Bailundo

ABSTRACT
When the First Luso-Ovimbundu War broke out, the then rival kingdoms of
Bailundo and Bié joined forces with the small kingdom of Qingolo against Portugal.
The first Portuguese action was precisely to dismantle agricultural production in Bienna,
attacking villages and border villages between 1774 and 1775, suffocating the kingdom
economically. In the meantime, even with the financial difficulties, the Bienos took the
Portuguese post in Belmonte, and Ndjilahulu I declared his new Ombala-capital there.
Realizing the difficulty of undertaking two fronts against Bailundos and Bienos,
Portugal formed a contingent of mercenaries and placed them at the service of the
faction of Kangombe I. Thus, between 1776 and 1778, the war in the territory of the
kingdom took on guerrilla characteristics. At the same time, in 1778, the Bailundos fell
to the Portuguese, leaving only the Bienos (the Qingolo kingdom had surrendered at the
beginning of the war). Thus, in 1778 Lusitanian troops surrounded Belmonte and took it
over, installing Kangombe I as king, making the kingdom of Bié a puppet state.
Between the 18th century and the end of the 19th century, the kingdom of Bié
remained a Portuguese zone of influence, until the proclamation of Ndunduma I as king
(1888). He resolved to put an end to Portuguese interference in the nation's affairs,
initiating hostilities in 1890. They expelled Portuguese overseers and officials, as well
as removing Portuguese settlers and traders from the lands of Bié. In the same year, the
Portuguese sent a punitive expedition that overthrew King Ndunduma I, forcing the
local monarchs to be endorsed by Luanda, while accelerating colonization with
Portuguese and Boer individuals, and strengthening the garrison of the area. Even so,
portions of the kingdom remained in a state of guerrilla warfare until 1903/1904, at the
end of the Second Luso-Ovimbundu War, when Biena, Huambina and Baiunda
resistance completely ceased.

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Bié e Bailundo

HIPOTESES

Akokotos: cemitério dos soberanos do reino. Atambo: local onde jazem os crânios dos
soberanos do reino. Este local é considerado localmente de santuário tradicional.
Chitomba: envergonhados ou humilhados por um genro. Elimbo: Espécie de folhas
vegetais que unidas ao óleo de palma se utilizam para purificar todos antes de entrar no
Atambo. Kissangua: é uma bebida caseira e típica dos ovimbundu. Ela é feita de osovo
(milho triturado) ou cascas de ananás, bundi e água. Depois de preparado, conserva-se
num recipiente até azedar, pois só depois de atingir este estado estará devidamente
pronta para o consumo. Kwanhama: grupo étnico que vive no Sul de Angola e a Norte
da Namíbia. Trata-se de um povo pertencente ao grupo etnolinguístico dos Ovambo
(ambó). Mandume Ya Ndemufayo foi o último rei deste agrupamento étnico, e é
considerado em Angola como um marco de resistência contra o império colonial
português. Nguendalika: indivíduo que estiver viajando ou caminhando só. Transeunte.
Olomundo: caça. Os jovens abandonavam o meio social e se deslocavam para as
florestas ou matas onde permaneciam vários dias caçando. Olomunje: termo em
Umbundu que significa cerca de ramos ou troncos de árvores com a casca retirada.
Olosoma vionduko ou losoma vionduko: somas ou sobas de nome. Conjunto de
autoridades que constituem a corte do rei. São assim chamadas porque ao serem
empossadas, adquirem nomes fixos e que exteriorizam ao mesmo tempo as funções que
cada um deles desempenhará, ou seja, os nomes explicam as funções de tais
autoridades. Ombala yo Mbalundo: palácio do reino do Mbalundo. Ombala: palácio.
Local onde se encontra instalada a casa trânsita dos reis. Bairro onde se encontra
construída a residência oficial do rei e dos membros de sua corte. Povoação residencial
das autoridades do reino. Ombalundo: erva que os ovimbundu do Halavala usavam
para fazerem os adornos.

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Bié e Bailundo

OBJECTIVOS

 Geral: Identificar os principais problemas e assuntos realacionados ao reino de


Bailundo

 Especifico: Recolher informações sobre as culturas, povos e trabalho.

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Bié e Bailundo

INTRODUÇÃO

O presente trabalho com o tema Bié e o Bailundo poderei falar das suas origens,
as suas regiões e a diversidade de suas tradições. Estes povos normalmente estão
localizados no planalto central (centro de Angola) que por sua vez as suas histórias
foram muito marcantes na sociedade angolana. Então falar desse povo é falar um pouco
da cultura e das tradições angolanas no planalto central. No entanto poderei fazer o
detalhe de cada cultura, neste caso Bailundo que pertence na província do Huambo e
Bié que pertence na Província do Bié.

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Bié e Bailundo

FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
O BIÉ E O BAILUNDO

O primeiro ataque dos portugueses ao Planalto data de 1645, quando ainda


estavam concentrados em Massangano e em luta aberta com a rainha Njinga, da
Matamba. Ao procurar uma passagem para aquela região, aperceberam-se da densidade
populacional existente e até da existência de armas de fogo que a rainha tinha
distribuído para evitar as tentativas de ataque e infiltração dos territórios em causa.
Um novo ataque tentado em 1660 foi novamente rechaçado. Em meados do
século XVIII, os portugueses atacam o reino de Ngalangi, prendem o rei e estabelecem,
em 1769, uma aliança com o rei de Kakonda, que lhes facilita a construção do Forte de
Kakonda-a-Nova.
Em 1774, começou a campanha de invasão aos reinos de Ciyaka, Ndulu,
Cingolo e Bailundo. Como não havia forças para ocupar efectivamente o terreno, eram
forçados a abandonar a região e tudo voltava ao princípio.
Em 1778, Portugal conseguiu um aliado de peso no Bié. Aquele estado era
governado. por Ndjilahulu. Os portugueses apoiaram o pretendente Kangombe,
colocando-o arbitrariamente no trono e assegurando, assim, a neutralidade da região até
1890.
A segunda coligação formou-se mais tarde, em 1856, de novo chefiada pela
Ciyaka, compreendendo as regiões de Cingolo e Kalukembe, embora não tenha obtido
resultados positivos. Em 1876 sobe ao trono do reino do Bailundo o rei Ekuikui II. Para
se libertar dos produtos agrícolas do Brasil, vai desenvolver a agricultura na região.
Aliando o comércio do milho ao dos escravos, da cera, do marfim e então também da
borracha, o Bailundo tornou-se no grande potentado comercial do Planalto, conhecido
em toda a África Negra.
Quando Ciyoka se torna rei do Bié, estavam criadas as condições para uma
aliança contra os portugueses. Em resposta, estes conquistam, mais uma vez, o reino do
Ngalangi, construindo o forte do Kuango, no reino dos Ngangelas. Ciyoka morre em
1888, sucedendo-lhe e o rei Ndunduma I do Bié, que renova com força acrescida a
aliança anterior.
Em 1891, os portugueses decidem passar ao ataque. Coube ao capitão Teixeira
da Silva o comando das tropas, equipadas com artilharia e guiadas por batedores boers.
Ndunduma foi feito prisioneiro e desterrado para Cabo Verde, onde morreu. Foi
construído um forte no Bié. reino que perde a sua independência.
Em 1893, morreu Ekuikui II, sucedendo-lhe Numa II. Em 1896, Teixeira da
Silva atacou a capital do Bailundo, deitou-lhe fogo, matou Numa II e reduziu o reino à
situação do Bié.
O Planalto do Bié é habitado pelos Ovimbundu, essencialmente agricultores,
criadores de gado e ferreiros. A sua agricultura próspera permitiu produzir excedentes,
que foram utilizados no comércio com povos vizinhos. Essa prosperidade económica

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Bié e Bailundo

permitiu uma maior consolidação do poder político dos diferentes reinos existentes,
nomeadamente Wambu-fundado por Wambu Kalunga-, Tchiyaka- fundado por
Tchilulu-, e Ndulu ou Andulo, fundado por Katekulu-Mengu. Existiam ainda outros
reinos, como o do Bailundo, fundado por Katiavala, Bié por Viye e Kakonda. Havia
ainda outros reinos no Planalto do Bié nomeadamente Ngalang, Sambu, Tchivula,
Tchingola, Tchikomba, Tchitata, Ekekete, Tchikuma, Kalulembe.
De todos esses Estados, o que registou maior grau de desenvolvimento foi o do
Bailundo. Situado entre os rios Kuvo e Kutato, contava com cerca de 450.000 habitantes
dispersos pelas/mais de 300 aldeias existentes.
É já a partir dos anos finais do século XVIII que o Bié, onde são negociados
produtos alimentares, aparece como um ponto estratégico no caminho que os
portugueses encontram e que os leva até às terras do Lovale. Conhecida pelos africanos
que forneciam indicações aos portugueses, esta rede comercial atravessava as terras de
poderosos sobas.
O acesso ao Planalto do Bié efectuou-se através de Benguela, fundada em 1617,
e que funcionou como escoadouro dos produtos transaccionados pelos povos
Ovimbundu. A região em causa sofreu um surto de desenvolvimento durante o governo
de Sousa Coutinho, em que foi desenvolvido um esforço enorme de edificação de novas
localidades, tentando fixar novas populações de origem europeia com base na
exploração agrícola.
No entanto, esta estratégia, devido à importância de que se revestia o tráfico de
escravos, ao clima e às doenças, que transformavam a zona num autêntico cemitério de
europeus, não vingou e a presença portuguesa na zona foi-se diluindo progressivamente.
Parte das povoações tiveram que ser abandonadas e, até meados do século XIX, a
independência dos povos locais não sofria contestação por parte das autoridades
portuguesas.
A origem e fundação do reino do Viye não é bem clara. As tradições sobre a sua
fundação e origem nem sempre coincidem. Mas existem versões que, atendendo à
globalidade da História dos Ovimbundu e dos seus vizinhos Songos e Luimbis e,
sobretudo os Tucokwe, suscitam alguma credibilidade De entre tantas, podemos
enfatizar a que concerne o significado e origem do termo Viye (Bié), que é um conto
que atesta a proveniência do vocábulo «viye», do imperativo conjuntivo na terceira
pessoa do plural, do verbo umbundu okwiya" isto é, vir. Em conformidade com esse
conto, um certo soberano do Bié, para resolver os contenciosos ou para fazer pagar os
súbditos e aos reinos subsidiários os tributos devidos ao seu reino, exigia, antes de mais
bois. O soberano fazia as suas cobranças de impostos ou taxas, usando apenas a
expressão «víye» , isto é, «que venham», subentendido na frase «tere olongombe viye»
isto é, «antes de mais que venham os bois, depois falaremos»
O Planalto do Bié foi ocupado pelos povos Ovimbundu, que se ocupavam
primordialmente da agricultura. Desde sempre foi a região do território de Angola que
possuiu maior, densidade populacional: o que se reflectiu nos altos níveis de produção
alcançados, não só do ponto de vista agrícola, mas também artesanal e de exploração
mineira, em especial do ferro extraído das minas do Andulo.

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Bié e Bailundo

À medida que a produção se foi desenvolvendo, foram-se criando excedentes,


que no início foram trocados internamente no âmbito do Planalto, para mais tarde serem
transaccionados com as populações da costa oriental de África. Estes agricultores, artesã
os , ferreiros, caravaneiros de longo curso e grandes guerreiros só muito tarde se
organizaram em estruturas políticas autónomas.
Em 1671, nasce o reino do Ndulu (Andulo), organizado por Katekulu-Mengu,
chefe jaga. Os reinos do Bailundo, Bié e Kakonda, formaram-se respectivamente em
1700, 1750, e 1760, o primeiro pelo chefe Katiavala da Kibala, o segundo por Vye,
guerreiro e caçador do Humbe, e o último por Kakonda, um escravo fugido de
Benguela. Além destes, considerados os mais importantes, outros se formaram,
sobretudo no sul do Planalto, formando um conjunto de pequenos Estados, difíceis de
identificar e seguramente difíceis de controlar, tal como Ngalangi, Sambu, Civula,
Cingolo, Cikomba, Citata, Ekekete, Cikuma, Kalukembe e outros.
Organização territorial
Os reinos do Planalto dividiam-se também em províncias, os Tumbus, e estes em
distritos. Cada Tumbu era constituído por numerosas aldeias e cada uma delas em
bairros. Os chefes de todas estas organizações eram os Muene. Os da província eram
nomeados pelo rei, os restantes eram nomeados pelo povo, depois de consultado o
Conselho de Velhos.
Organização económica
Economicamente, o estado do Bié era potencialmente forte no domínio da
agricultura, mercê das abundantes chuvas, sendo a produção de milho e feijão muito
intensa. Da criação de gado bovino, ovino e caprino aproveitavam o leite, as peles e a
carne. Recolhiam produtos da floresta como o mel e a cera, e da caça aos elefantes
extraíam o marfim e a pele. Sendo hábeis utilizadores da metalurgia do ferro, produziam
uma série de instrumentes agrícolas, de caça e defesa que foram úteis em diversas
actividades desenvolvidas pelos Ovimbundu durante os séculos da sua existência.
Com a abolição do tráfico de escravos, a região voltou a merecer a atenção das
autoridades portuguesas, mais no sentido da repressão do que da implementação de um
projecto de desenvolvimento autónomo. Nesta época, a presença portuguesa
circunscrevia-se, a norte, às feitorias de Benguela Velha, fundada no século XVII, Novo
Redondo, fundada por Sousa Coutinho, assim como Kikombo e Egípto.
As fortalezas encontravam-se em ruínas e as respectivas guarnições dificilmente
se aventuravam fora das muralhas. No interior de Benguela encontrava-se Catumbela,
que atingiu o auge económico entre 1864 e 1874, com o comércio da urzela, do marfim
e da goma, e o Dombe Grande, cercado pelos pastores Dombes, cujo forte foi
construído em 1847.
Para leste, situava-se o forte de Kakonda, criado em 1169, herdeiro da antiga
Kakonda Velha, incrustada mais a oeste, na Hanha e que teve de ser abandonada por se
ter tornado insustentável a sua situação. Por último, Kilengues, a sudoeste de Kakonda,
antiga Salvaterra de Magos que, embora possuísse um regente e alguma tropa tal como

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Bié e Bailundo

as restantes bases, estava à mercê da vontade da autoridade política dos dirigentes dos
povos locais.

Reis do Bié até ao ano de 1890


 Vyie (cerca de 1750);
 Ulundu I;
 Eyambi I;
 Njilahulu I;
 Kangombe I (coroado em 1795);
 Kawewe I (1795);
 Morna (Vasovava Il);
 Mbandua I (1833 a 1839);
 Kakembembe I (1839 a 1842);
 Liambula I (1842 a 1847);
 Kayangula I (1847 a 1850);
 Mukinda I (1850 a 1857);
 Nguvenge I (1857 a 1859);
 Konya Cileno (1860 a 1883);
 Njamba Ya Mina I (1883 a 1886);
 Cyioka I (1886 a 1888);
 Ndunduma I (1888 a 1890).

O BAILUNDO
Para controlar mais eficazmente o comércio no interior de Angola e melhor
enfrentar a resistência dos Ovimbundu, as autoridades coloniais tinham criado, a partir
de 1620, diversos decretos e leis proibindo o comércio e a penetração no interior de
Angola para fins comerciais, mas Sousa Coutinho revogou-os, considerando que apenas
tinham favorecido o contrabando. Na sequência de tais reformas, os comerciantes
europeus procuraram penetrar profundamente nas áreas rurais, Alguns deles chegaram a
construir fortalezas individuais guarnecidas por escravos e servos, recrutados entre os
africanos que encontravam nas áreas rurais, Em resposta a essa penetração e aos
Bailundo movimentos comerciais cada vez mais intensos na sua região, os -reis
Ovimbundu, que não reconheciam o poder e as leis e decretos coloniais, passaram a
exigir impostos de ocupação territorial e taxas aduaneiras de circulação de bens
comerciais.
Face às exigências dos reis Umbundu de introduzir taxas de produção e de
impostos aduaneiros aos comerciantes europeus que quisessem atravessar o seu
território, alguns desses comerciantes aceitaram as condições impostas pelos reis
Umbundu, mas outros não aceitavam submeter-se ao pagamento de impostos de
presença no território e das taxas aduaneiras de penetração e transacções comerciais no
território Umbundu e preferiam retirar-se outra vez para a costa, deixando mais uma vez
aos Ovimbundu o monopólio do controlo e do comércio dos produtos do interior para a
costa e vice-versa.

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Bié e Bailundo

Os comerciantes que não aceitavam viver sob as instituições dos reis africanos levavam
uma vida muito difícil e uma situação económica muito precária, Os que aceitavam
pagar taxas e impostos chegavam inclusive a construir ou a consolidar as suas fortalezas
ou presídios guardados por escravos, mas com o passar do tempo, e não conseguindo
engrenar perfeitamente na estrutura socioeconómica Umbundu, esses comerciantes
europeus acabavam praticamente por tornar-se vassalos dos reis Umbunc1us que se
encontravam na zona, Para melhor controlar o interior, as autoridades coloniais
passaram a construir fortes ou presídios nas áreas rurais, Os novos presídios guardados
por militares passaram a ser constantemente atacados pelos Ovimbundu, que se
recusavam a reconhecer as leis e as autoridades coloniais.
As tensões e os confrontos que se levantaram entre os Ovimbundu e os
comerciantes portugueses e as autoridades coloniais foram-se tornando cada vez mais
frequentes e sangrentas e levaram a uma guerra sangrenta na região do Planalto Central
de 1774-1776 entre as autoridades coloniais e os chefes tradicionais Umbundu tendo
sido muitos deles mortos ou feitos prisioneiros em muitos dos reinos incluindo no reino
do Mbalundu (Bailundo) e no do Ndulu (Andulu).
Esse conflito, generalizado, foi tão violento para as duas partes, que acordaram,
pelo menos por algum tempo, engrenar numa convivência pacífica no respeito dos
interesses uns dos outros, numa espécie de aliança de tolerância.
Todavia, esta espécie de aliança de tolerância não atenuou os pressupostos da
tensão e das incompreensões. Não obstante a dura experiência que ficou na memória
dos Ovimbundu e dos comerciantes portugueses desse período, os conflitos continuaram
em diversas zonas do Planalto Central, onde os chefes tradicionais viram nas
consequências dessa guerra um apelo a tréguas estratégicas, mas não a uma aceitação da
rendição, enquanto as
tentativas dos portugueses de dominar os Ovimbundu e de controlar o comércio e as
riquezas do Planalto Central redundavam em insucesso.

O comércio de longa distância dos Mbundu


As primeiras notícias escritas sobre a prática de comércio entre os Mbundu, mais
concretamente no reino do Ndongo, foram dadas por missionários jesuítas (portugueses
e castelhanos), que integraram a comitiva de Paulo Dias de Novais, aquando da sua
primeira viagem às terras de Ngola Kiluanje em 1560, movidos pela ambição da
expansão comercial e das suas potencialidades minerais.
É de entender que a parte Atlântica dos Mbundu, ao contrário das frentes norte e
leste, não dispunha de comunicações activas com o mundo exterior. Deve ter existido
um tráfico marítimo local, de têxteis e sal, praticado ao longo da costa, tal como existiu
na África Ocidental. Canoas escavadas num só tronco e alguma pesca costeira devem
ter precedido ti chegada das caravelas portuguesas.
Todos os dias surgiam nas suas terras mercados onde eram comercializados os
seus artigos.

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O sal servia de moeda e com ele compravam o que precisavam. Aos seus
territórios afluíam povos de diversas regiões, sejam vizinhos ou os de áreas mais
afastadas. Havia feiras e mercados que, vistos como um fenómeno universal, eram a
sequência lógica da organização de um espaço urbano em que os produtores se obrigam
a dar um destino adequado aos seus excelentes, provocando-se naturalmente a expansão
das transacções comerciais, apesar de estas variarem de acordo com o volume de
mercadorias que intervêm neste tipo de operações.

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Bié e Bailundo

CONCLUSÃO
Cheguei a conclusão de que tanto a cultura do povo Bailundo como a cultura do
povo do Bié faziam sentir as suas tradições e que com estas tradições foram marcando
passos para demonstrar as tradições angolanas. Falar de Bailundo e Bié remete-nos na
imaginação dos tempos antigos que viveram os nossos antepassados e como foram
capazes de suportar a colonização dos portugueses. É muito importante cada vez mais
falar desta matéria atendo a sociedade actual, então falando deste conteúdo facilita-nos
ao saber a história dos nossos antepassados, como eles foram até ao fim dos seus
tempos.

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Bié e Bailundo

LOPES, Júlio Mendes; CAPUMBA, Pedro Almeida: História 11ª Classe. 1ª Edição,
Texto editores, Lda. Luanda – Angola. 2014

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