Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. [Q1880225]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 6
O fumo e a sobrevivência
Dráuzio Varella
Para quem gosta de morrer mais cedo, o cigarro é arma de eficácia incomparável. Ele reduz
de tal forma a duração da vida que nenhuma medida isolada de saúde pública tem tanto impacto na
redução da mortalidade quanto parar de fumar.
Em média, os fumantes consumiam mais álcool, tinham nível educacional mais baixo e índice
de massa corpórea menor do que o dos ex-fumantes e daqueles que nunca fumaram.
Cerca de 2/3 dos que foram ou ainda são fumantes adquiriram a dependência antes dos 20
anos, dado que explica o esforço criminoso da publicidade dirigida para viciar crianças e
adolescentes.
1- Continuar fumando encurta 11 anos na vida de uma mulher e 12 anos na vida do homem.
2- Comparado com os que nunca fumaram, o risco de morte de um fumante é três vezes
maior. Mulheres correm riscos iguais aos dos homens, confirmando o adágio “mulher que fuma
como homem, morre como homem”.
3- Uma pessoa que nunca fumou tem duas vezes mais chance de chegar aos 80 anos. Na
mulher de hoje, a probabilidade de sobreviver até essa idade é de 70%, número que cai para 38%
nas fumantes. Nos homens esses valores são de 61% e de 26%, respectivamente.
5- Na faixa de 25 a 79 anos de idade, cerca de 60% de todas as mortes são causadas pelo
cigarro.
[...]
Os epidemiologistas estimam que essa estratégia macabra fará o número de mortes causadas
pelo cigarro- que foi de 100 milhões no século 20 – saltar para 1 bilhão no século atual.
2. [Q1880216]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 2
3. [Q1880219]
Para fundamentar sua tese, o autor utiliza como argumentos os dados de uma pesquisa que
envolveu mais de 200 mil pessoas. Considere estas afirmativas sobre a pesquisa:
II. Homens e mulheres fumantes vivem 11 anos a menos do que os não fumantes.
III. Os dados do estudo permitem comparar fumantes e ex-fumantes, bem como fumantes e não-
fumantes homens e mulheres.
IV. Os fumantes são mais atingidos por doenças cardiovasculares, doenças pulmonares e câncer do
que os não fumantes.
a ) II, IV e V, somente.
b ) I, IV e V, somente.
c ) III, IV e V, somente.
d ) I, II e IV, somente.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Conhecimentos específicos de Língua Portuguesa.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 3
4. [Q1880221]
a ) “Para quem gosta de morrer mais cedo, o cigarro é arma de eficácia incomparável”.
c ) “Nenhuma medida isolada de saúde pública tem tanto impacto [...] quanto parar de fumar”.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 4
5. [Q1880223]
A acentuação é o processo fonético que consiste em pôr em relevo, através da modulação dos
parâmetros prosódicos, uma sílaba de palavra ou de um grupo de palavras, conferindo à sua
pronúncia características fônicas capazes de distingui-las das sílabas que lhe são contíguas. São
acentuadas pela mesma regra de “alguém, inverossímil e caráter”, o seguinte grupo de
palavras:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 5
6. [Q1880226]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 7
7. [Q1880227]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 8
Dráuzio Varella
Para quem gosta de morrer mais cedo, o cigarro é arma de eficácia incomparável. Ele reduz
de tal forma a duração da vida que nenhuma medida isolada de saúde pública tem tanto impacto na
redução da mortalidade quanto parar de fumar.
Em média, os fumantes consumiam mais álcool, tinham nível educacional mais baixo e índice
de massa corpórea menor do que o dos ex-fumantes e daqueles que nunca fumaram.
Cerca de 2/3 dos que foram ou ainda são fumantes adquiriram a dependência antes dos 20
anos, dado que explica o esforço criminoso da publicidade dirigida para viciar crianças e
adolescentes.
1- Continuar fumando encurta 11 anos na vida de uma mulher e 12 anos na vida do homem.
2- Comparado com os que nunca fumaram, o risco de morte de um fumante é três vezes
maior. Mulheres correm riscos iguais aos dos homens, confirmando o adágio “mulher que fuma
como homem, morre como homem”.
3- Uma pessoa que nunca fumou tem duas vezes mais chance de chegar aos 80 anos. Na
mulher de hoje, a probabilidade de sobreviver até essa idade é de 70%, número que cai para 38%
nas fumantes. Nos homens esses valores são de 61% e de 26%, respectivamente.
5- Na faixa de 25 a 79 anos de idade, cerca de 60% de todas as mortes são causadas pelo
cigarro.
[...]
Os epidemiologistas estimam que essa estratégia macabra fará o número de mortes causadas
pelo cigarro- que foi de 100 milhões no século 20 – saltar para 1 bilhão no século atual.
(Folha de S. Paulo, 9/3/2013.)
8. [Q1880215]
b ) à falta tanto de instrução das populações mais pobres como de uma legislação mais rígida.
d ) ao fato de esses países serem ainda mercados não explorados pela indústria do fumo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos, Sentidos do texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Medicina - Área:
Anestesiologia / Questão: 1
9. [Q1855104]
De acordo com a gramática tradicional, o emprego da (s) palavra (s) destacada (s) está CORRETO
em:
a ) I e IV, apenas.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 8
Há alguns anos, namorei um professor de Direito e procurador-geral da União (do tipo com
mestrado, doutorado, pós-doutorado e mil especializações) cujo apreço pela língua portuguesa
chegava a ser irritante até para mim. Não sei se por implicância ou por exibicionismo, esse homem,
nos nossos momentos de brigas (que não eram poucos; afinal, éramos mais possessivos do que todos
os pronomes possessivos juntos), tentava, de todas as formas, mostrar que dominava a última flor do
Lácio, vulgo língua portuguesa, mais do que eu. E o que acontecia? Eu ficava tão irritada com a
situação que sempre perdia no quesito argumentação.
Certa vez, após almoçarmos em uma tarde de sábado, ele foi para a minha casa. Enquanto
esperávamos pelo elevador, eu comentei:
— Ainda chegará o dia em que todas essas placas de aviso de elevadores serão corrigidas. Aff!
— Oi?
— Você nunca reparou? “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado
neste andar. ”
— E daí?
— E daí que a palavra “mesmo” não pode retomar outra palavra, como elevador.
— Claro que pode! “Mesmo” é um pronome demonstrativo. Está demonstrando onde devemos
ou não entrar.
— Realmente, “mesmo” pode atuar como pronome demonstrativo, mas ele retoma uma oração,
não uma palavra, Maurício.
— Exemplo?
— Eu sou uma namorada fiel; por isso espero que o meu namorado faça o mesmo. Viu?
Recupera-se, aí, a oração sobre fidelidade.
— É um advérbio com valor reforçativo, Maurício. Ele reforça quão galinha você é. O elevador
chegou. Vamos.
— Mesmo? Hahaha...
— Não fuja do assunto. Estou cansada das suas ciscadas por aí. Chegando, eu retirei as minhas
roupas e coloquei um roupão. Ele tirou os sapatos, como quem mostra que vai ficar, mas recebeu um
telefonema sei lá de quem e prontamente respondeu:
— E esse “mesmo”?
— Equivale à palavra “realmente” e ao provável término do nosso namoro se você sair daqui.
Perguntei para ele de quem se tratava, mas Maurício desconversou. Disse que eu não conhecia
a pessoa em questão, que ele precisava “dar uma passada” no tal lugar, que eu não iria gostar do
barzinho, blá-blá-blá... E começou a ladainha linguisticamente ortodoxa comum aos discursos que
ele ensaiava nas nossas brigas:
— Cíntia, eu sou um homem de conduta ilibada, de quem você não pode duvidar. E você é a
mulher pela qual sou apaixonado. Você tem tudo quanto quer de mim e ainda assim sempre duvida
dos lugares onde digo que estou.
— Esse “mesmo” foi irônico. Não admito ironias sobre a minha fidelidade.
— Maurício, você não me engana. Eu ouvi voz de mulher. Quem está lá? Quantas mulheres são?
De onde é esse amigo misterioso do qual eu nunca ouvi falar? Aposto que é aniversário de mulher,
por isso você não quer me levar. Não é? Você já estava distante na hora do almoço. Eu senti!
— Não me venha, Cíntia Chagas (ele sempre me chamava de Cíntia Chagas durante as brigas),
com o seu discurso falacioso! Sou um namorado de cuja fidelidade você não pode duvidar. Quer
saber? Vou embora. Passar bem.
E saiu correndo do meu apartamento. E eu saí correndo atrás dele, afinal de contas, ele tinha de
me ouvir. Mas o caso é que eu estava de roupão e não me lembrei desse detalhe. Pois bem: vi-me de
roupão, no meio da rua, brigando com o Senhor Sabe-Tudo. Cena de novela: atirei-me na frente do
carro dele e disse:
— Maurício, não me irrite! Já expliquei que “mesmo” não substitui palavra e ponto final.
— “Antes de entrar no elevador, verifique se este se encontra parado neste andar”. Pronto,
Maurício. Agora saia do carro. Os vizinhos já estão olhando. Não vê que estou de roupão?
— É mesmo? Coitadinha... Isso é para você aprender a não desconfiar de mim.
Então eu fiquei ali, na rua, de roupão, sem a chave do portão do prédio, à espera de um vizinho
com quem eu pudesse contar.
E você, leitor, neste momento pergunta a si mesmo: mesmo? De roupão na rua? Mesmo...
CHAGAS, Cíntia. Sou péssimo em português: chega de sofrimento! Aprenda as principais regras de
português dando boas risadas. 1 ed. Rio de Janeiro: HarperColllins, 2018.
10. [Q1855092]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 5
11. [Q1855107]
Assinale a única opção CORRETA. Considere os períodos I, II e III, pontuados de duas maneiras
diferentes:
I. Retificadas as placas, pelo síndico será marcada uma reunião para discussão de outros
problemas do prédio. Retificadas as placas pelo síndico, será marcada uma reunião para discussão
de outros problemas do prédio.
II. As placas dos elevadores serão trocadas, de imediato, pelo síndico do prédio. As placas dos
elevadores serão trocadas de imediato pelo síndico do prédio.
III. É necessário corrigir essas placas de aviso, que estão com emprego inadequado de palavras. É
necessário corrigir essas placas de aviso que estão com emprego inadequado de palavras.
b ) I e II, somente.
c ) I, II e III.
d ) I e III, somente.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 9
O mito da Torre de Babel conta por que existem tantas línguas no mundo. Nele, uma
população unida e monolíngue decide construir uma torre que alcance o céu. Deus, irritado com a
prepotência das pessoas, confunde a língua delas para que não se entendam mais e espalha as
línguas pelo mundo.
Mito linguístico por trás dessa história: falar uma língua é o ideal. Falar muitas línguas é
ruim, pois confunde e separa.
A narrativa de Babel talvez seja uma alegoria do que realmente pode ter ocorrido com as
línguas humanas, só que os autores entenderam errado: não foram as muitas línguas que causaram
a separação das pessoas, mas a separação é que deu origem a muitas línguas.
Quanto mais falantes uma língua houver e mais espalhados geograficamente estiverem, mais
distantes se tornarão seus jeitos de se comunicar. Grupos separados e em contextos diferentes
acabam adaptando a língua às suas realidades particulares e, com o tempo, a diferença entre seus
dialetos se torna tão grande que um grupo já não compreende mais o outro. Temos, então, duas
novas línguas. Foi mais ou menos assim que o latim se tornou português, espanhol, francês, italiano
e outras vinte e poucas línguas. O processo é acelerado quando falantes de línguas diferentes
entram em contato, pois elas incorporam elementos umas das outras, e daí às vezes nascem novas
línguas. A língua crioula haitiana surgiu mais ou menos assim.
De volta ao mito, é importante esclarecer que, ainda que todas as línguas do mundo venham
de uma só língua (não a de Babel, claro), isso ocorreu muito antes do surgimento de qualquer
sociedade organizada. E é muito provável que tenham sido diversas “línguas-originais”, já que por
mais de 2 milhões de anos (95,5% da existência dos humanos), fomos apenas vários bandos
pequenos de caçadores-coletores nômades e desencontrados. A escrita só surgiu há 5 mil anos. Se a
história da humanidade fosse uma pessoa completando 70 anos hoje, é como se ela só tivesse
aprendido a ler e escrever um mês e meio antes desse aniversário.
A crença por trás de “uma língua = ordem; mais de uma língua = desordem” tem a ver com
poder e dominação. É mais fácil controlar os subjugados se todos falam uma só língua – melhor
ainda se for a do dominador. Essa crença alimenta outro mito: o de uma nação, uma língua. Embora
a maior parte do mundo seja bilíngue e praticamente todos os países tenham mais de uma língua, a
ideia que querem que compremos é a de que cada país fala uma língua: no Reino Unido é o inglês,
na Itália é o italiano e no Brasil é o português. Deixemos essas fake news de lado e prestemos
atenção aos fatos: no Reino Unido se fala inglês e outras 15 línguas, na Itália se fala italiano e outras
34 línguas e no Brasil se fala português, pomerano, talian, kaingang e outras 214 línguas. Sim, mais
de duzentas!
[...]
Ah! Só mais uma coisinha: no mito de Babel, Deus não amaldiçoou as pessoas ao lhes dar
muitas línguas. Ele as salvou do tirano monolíngue que queria que construíssem uma torre para
chegar a lugar nenhum.
Autor: Renan Castro Ferreira. Graduado em Letras – Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura
(2010) e Mestre em Letras – Estudos da Linguagem (2018) pela Universidade Federal de Pelotas
(UFPel). Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/tesouro-linguistico/2021/06/.
12. [Q1909709]
Assinale a opção CORRETA: os vocábulos destacados nos segmentos do texto “Torre de Babel –
história baseada em fatos reais (só que ao contrário)” abaixo, na ordem em que aparecem,
equivalem semanticamente a:
“[...] Deus não amaldiçoou as pessoas ao lhes dar muitas línguas. Ele as salvou do tirano
monolíngue [...].”
“A narrativa de Babel talvez seja uma alegoria do que realmente pode ter ocorrido [...].”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial / Questão: 4
Há alguns anos, namorei um professor de Direito e procurador-geral da União (do tipo com
mestrado, doutorado, pós-doutorado e mil especializações) cujo apreço pela língua portuguesa
chegava a ser irritante até para mim. Não sei se por implicância ou por exibicionismo, esse homem,
nos nossos momentos de brigas (que não eram poucos; afinal, éramos mais possessivos do que todos
os pronomes possessivos juntos), tentava, de todas as formas, mostrar que dominava a última flor do
Lácio, vulgo língua portuguesa, mais do que eu. E o que acontecia? Eu ficava tão irritada com a
situação que sempre perdia no quesito argumentação.
Certa vez, após almoçarmos em uma tarde de sábado, ele foi para a minha casa. Enquanto
esperávamos pelo elevador, eu comentei:
— Ainda chegará o dia em que todas essas placas de aviso de elevadores serão corrigidas. Aff!
— Oi?
— Você nunca reparou? “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado
neste andar. ”
— E daí?
— E daí que a palavra “mesmo” não pode retomar outra palavra, como elevador.
— Claro que pode! “Mesmo” é um pronome demonstrativo. Está demonstrando onde devemos
ou não entrar.
— Realmente, “mesmo” pode atuar como pronome demonstrativo, mas ele retoma uma oração,
não uma palavra, Maurício.
— Exemplo?
— Eu sou uma namorada fiel; por isso espero que o meu namorado faça o mesmo. Viu?
Recupera-se, aí, a oração sobre fidelidade.
— É um advérbio com valor reforçativo, Maurício. Ele reforça quão galinha você é. O elevador
chegou. Vamos.
— Mesmo? Hahaha...
— Não fuja do assunto. Estou cansada das suas ciscadas por aí. Chegando, eu retirei as minhas
roupas e coloquei um roupão. Ele tirou os sapatos, como quem mostra que vai ficar, mas recebeu um
telefonema sei lá de quem e prontamente respondeu:
— E esse “mesmo”?
— Equivale à palavra “realmente” e ao provável término do nosso namoro se você sair daqui.
Perguntei para ele de quem se tratava, mas Maurício desconversou. Disse que eu não conhecia
a pessoa em questão, que ele precisava “dar uma passada” no tal lugar, que eu não iria gostar do
barzinho, blá-blá-blá... E começou a ladainha linguisticamente ortodoxa comum aos discursos que
ele ensaiava nas nossas brigas:
— Cíntia, eu sou um homem de conduta ilibada, de quem você não pode duvidar. E você é a
mulher pela qual sou apaixonado. Você tem tudo quanto quer de mim e ainda assim sempre duvida
dos lugares onde digo que estou.
— Esse “mesmo” foi irônico. Não admito ironias sobre a minha fidelidade.
— Maurício, você não me engana. Eu ouvi voz de mulher. Quem está lá? Quantas mulheres são?
De onde é esse amigo misterioso do qual eu nunca ouvi falar? Aposto que é aniversário de mulher,
por isso você não quer me levar. Não é? Você já estava distante na hora do almoço. Eu senti!
— Não me venha, Cíntia Chagas (ele sempre me chamava de Cíntia Chagas durante as brigas),
com o seu discurso falacioso! Sou um namorado de cuja fidelidade você não pode duvidar. Quer
saber? Vou embora. Passar bem.
E saiu correndo do meu apartamento. E eu saí correndo atrás dele, afinal de contas, ele tinha de
me ouvir. Mas o caso é que eu estava de roupão e não me lembrei desse detalhe. Pois bem: vi-me de
roupão, no meio da rua, brigando com o Senhor Sabe-Tudo. Cena de novela: atirei-me na frente do
carro dele e disse:
— Maurício, não me irrite! Já expliquei que “mesmo” não substitui palavra e ponto final.
— “Antes de entrar no elevador, verifique se este se encontra parado neste andar”. Pronto,
Maurício. Agora saia do carro. Os vizinhos já estão olhando. Não vê que estou de roupão?
— É mesmo? Coitadinha... Isso é para você aprender a não desconfiar de mim.
Então eu fiquei ali, na rua, de roupão, sem a chave do portão do prédio, à espera de um vizinho
com quem eu pudesse contar.
E você, leitor, neste momento pergunta a si mesmo: mesmo? De roupão na rua? Mesmo...
CHAGAS, Cíntia. Sou péssimo em português: chega de sofrimento! Aprenda as principais regras de
português dando boas risadas. 1 ed. Rio de Janeiro: HarperColllins, 2018.
13. [Q1855088]
“ - Não me venha, Cíntia Chagas (ele sempre me chamava de Cíntia Chagas durante as brigas),
com o seu discurso falacioso!”
a ) Silencioso.
b ) Tenebroso.
c ) Tagarela.
d ) Ardiloso.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Adjetivos, Classificação dos adjetivos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 4
O mito da Torre de Babel conta por que existem tantas línguas no mundo. Nele, uma
população unida e monolíngue decide construir uma torre que alcance o céu. Deus, irritado com a
prepotência das pessoas, confunde a língua delas para que não se entendam mais e espalha as
línguas pelo mundo.
Mito linguístico por trás dessa história: falar uma língua é o ideal. Falar muitas línguas é
ruim, pois confunde e separa.
A narrativa de Babel talvez seja uma alegoria do que realmente pode ter ocorrido com as
línguas humanas, só que os autores entenderam errado: não foram as muitas línguas que causaram
a separação das pessoas, mas a separação é que deu origem a muitas línguas.
Quanto mais falantes uma língua houver e mais espalhados geograficamente estiverem, mais
distantes se tornarão seus jeitos de se comunicar. Grupos separados e em contextos diferentes
acabam adaptando a língua às suas realidades particulares e, com o tempo, a diferença entre seus
dialetos se torna tão grande que um grupo já não compreende mais o outro. Temos, então, duas
novas línguas. Foi mais ou menos assim que o latim se tornou português, espanhol, francês, italiano
e outras vinte e poucas línguas. O processo é acelerado quando falantes de línguas diferentes
entram em contato, pois elas incorporam elementos umas das outras, e daí às vezes nascem novas
línguas. A língua crioula haitiana surgiu mais ou menos assim.
De volta ao mito, é importante esclarecer que, ainda que todas as línguas do mundo venham
de uma só língua (não a de Babel, claro), isso ocorreu muito antes do surgimento de qualquer
sociedade organizada. E é muito provável que tenham sido diversas “línguas-originais”, já que por
mais de 2 milhões de anos (95,5% da existência dos humanos), fomos apenas vários bandos
pequenos de caçadores-coletores nômades e desencontrados. A escrita só surgiu há 5 mil anos. Se a
história da humanidade fosse uma pessoa completando 70 anos hoje, é como se ela só tivesse
aprendido a ler e escrever um mês e meio antes desse aniversário.
A crença por trás de “uma língua = ordem; mais de uma língua = desordem” tem a ver com
poder e dominação. É mais fácil controlar os subjugados se todos falam uma só língua – melhor
ainda se for a do dominador. Essa crença alimenta outro mito: o de uma nação, uma língua. Embora
a maior parte do mundo seja bilíngue e praticamente todos os países tenham mais de uma língua, a
ideia que querem que compremos é a de que cada país fala uma língua: no Reino Unido é o inglês,
na Itália é o italiano e no Brasil é o português. Deixemos essas fake news de lado e prestemos
atenção aos fatos: no Reino Unido se fala inglês e outras 15 línguas, na Itália se fala italiano e outras
34 línguas e no Brasil se fala português, pomerano, talian, kaingang e outras 214 línguas. Sim, mais
de duzentas!
[...]
Ah! Só mais uma coisinha: no mito de Babel, Deus não amaldiçoou as pessoas ao lhes dar
muitas línguas. Ele as salvou do tirano monolíngue que queria que construíssem uma torre para
chegar a lugar nenhum.
Autor: Renan Castro Ferreira. Graduado em Letras – Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura
(2010) e Mestre em Letras – Estudos da Linguagem (2018) pela Universidade Federal de Pelotas
(UFPel). Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/tesouro-linguistico/2021/06/.
14. [Q1909703]
a ) “nele” tem como referente “Torre de Babel” e o referente do pronome “delas” é “pessoas”.
b ) a expressão “por que” é formada pela preposição “por” seguida do pronome interrogativo
“que”.
d ) no parágrafo ocorre colocação pronominal antes do verbo em razão de uma palavra de valor
negativo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial / Questão: 3
Mesmo?
Há alguns anos, namorei um professor de Direito e procurador-geral da União (do tipo com
mestrado, doutorado, pós-doutorado e mil especializações) cujo apreço pela língua portuguesa
chegava a ser irritante até para mim. Não sei se por implicância ou por exibicionismo, esse homem,
nos nossos momentos de brigas (que não eram poucos; afinal, éramos mais possessivos do que todos
os pronomes possessivos juntos), tentava, de todas as formas, mostrar que dominava a última flor do
Lácio, vulgo língua portuguesa, mais do que eu. E o que acontecia? Eu ficava tão irritada com a
situação que sempre perdia no quesito argumentação.
Certa vez, após almoçarmos em uma tarde de sábado, ele foi para a minha casa. Enquanto
esperávamos pelo elevador, eu comentei:
— Ainda chegará o dia em que todas essas placas de aviso de elevadores serão corrigidas. Aff!
— Oi?
— Você nunca reparou? “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado
neste andar. ”
— E daí?
— E daí que a palavra “mesmo” não pode retomar outra palavra, como elevador.
— Claro que pode! “Mesmo” é um pronome demonstrativo. Está demonstrando onde devemos
ou não entrar.
— Realmente, “mesmo” pode atuar como pronome demonstrativo, mas ele retoma uma oração,
não uma palavra, Maurício.
— Exemplo?
— Eu sou uma namorada fiel; por isso espero que o meu namorado faça o mesmo. Viu?
Recupera-se, aí, a oração sobre fidelidade.
— É um advérbio com valor reforçativo, Maurício. Ele reforça quão galinha você é. O elevador
chegou. Vamos.
— Mesmo? Hahaha...
— Não fuja do assunto. Estou cansada das suas ciscadas por aí. Chegando, eu retirei as minhas
roupas e coloquei um roupão. Ele tirou os sapatos, como quem mostra que vai ficar, mas recebeu um
telefonema sei lá de quem e prontamente respondeu:
— E esse “mesmo”?
— Equivale à palavra “realmente” e ao provável término do nosso namoro se você sair daqui.
Perguntei para ele de quem se tratava, mas Maurício desconversou. Disse que eu não conhecia
a pessoa em questão, que ele precisava “dar uma passada” no tal lugar, que eu não iria gostar do
barzinho, blá-blá-blá... E começou a ladainha linguisticamente ortodoxa comum aos discursos que
ele ensaiava nas nossas brigas:
— Cíntia, eu sou um homem de conduta ilibada, de quem você não pode duvidar. E você é a
mulher pela qual sou apaixonado. Você tem tudo quanto quer de mim e ainda assim sempre duvida
dos lugares onde digo que estou.
— Esse “mesmo” foi irônico. Não admito ironias sobre a minha fidelidade.
— Maurício, você não me engana. Eu ouvi voz de mulher. Quem está lá? Quantas mulheres são?
De onde é esse amigo misterioso do qual eu nunca ouvi falar? Aposto que é aniversário de mulher,
por isso você não quer me levar. Não é? Você já estava distante na hora do almoço. Eu senti!
— Não me venha, Cíntia Chagas (ele sempre me chamava de Cíntia Chagas durante as brigas),
com o seu discurso falacioso! Sou um namorado de cuja fidelidade você não pode duvidar. Quer
saber? Vou embora. Passar bem.
E saiu correndo do meu apartamento. E eu saí correndo atrás dele, afinal de contas, ele tinha de
me ouvir. Mas o caso é que eu estava de roupão e não me lembrei desse detalhe. Pois bem: vi-me de
roupão, no meio da rua, brigando com o Senhor Sabe-Tudo. Cena de novela: atirei-me na frente do
carro dele e disse:
— Daqui você não sai.
— Maurício, não me irrite! Já expliquei que “mesmo” não substitui palavra e ponto final.
— “Antes de entrar no elevador, verifique se este se encontra parado neste andar”. Pronto,
Maurício. Agora saia do carro. Os vizinhos já estão olhando. Não vê que estou de roupão?
Então eu fiquei ali, na rua, de roupão, sem a chave do portão do prédio, à espera de um vizinho
com quem eu pudesse contar.
E você, leitor, neste momento pergunta a si mesmo: mesmo? De roupão na rua? Mesmo...
CHAGAS, Cíntia. Sou péssimo em português: chega de sofrimento! Aprenda as principais regras de
português dando boas risadas. 1 ed. Rio de Janeiro: HarperColllins, 2018.
15. [Q1855081]
Os pressupostos são informações implícitas que são marcadas lexicalmente na frase. Considerando
o contexto, analise os fragmentos do texto “Mesmo?” abaixo quanto à ocorrência de informações
implícitas, e, a seguir, assinale a opção CORRETA:
I. “[...] tentava, de todas as formas, mostrar que dominava a última flor do Lácio, vulgo língua
portuguesa, mais do que eu.”
b ) II e IV, apenas.
c ) I e II, apenas.
d ) II e III, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 2
16. [Q1855099]
Mesmo?
Há alguns anos, namorei um professor de Direito e procurador-geral da União (do tipo com
mestrado, doutorado, pós-doutorado e mil especializações) cujo apreço pela língua portuguesa
chegava a ser irritante até para mim. Não sei se por implicância ou por exibicionismo, esse homem,
nos nossos momentos de brigas (que não eram poucos; afinal, éramos mais possessivos do que
todos os pronomes possessivos juntos), tentava, de todas as formas, mostrar que dominava a última
flor do Lácio, vulgo língua portuguesa, mais do que eu. E o que acontecia? Eu ficava tão irritada
com a situação que sempre perdia no quesito argumentação.
Certa vez, após almoçarmos em uma tarde de sábado, ele foi para a minha casa. Enquanto
esperávamos pelo elevador, eu comentei:
— Ainda chegará o dia em que todas essas placas de aviso de elevadores serão corrigidas. Aff!
— Oi?
— E daí?
— E daí que a palavra “mesmo” não pode retomar outra palavra, como elevador.
— Claro que pode! “Mesmo” é um pronome demonstrativo. Está demonstrando onde devemos
ou não entrar.
— Realmente, “mesmo” pode atuar como pronome demonstrativo, mas ele retoma uma oração,
não uma palavra, Maurício.
— Exemplo?
— Eu sou uma namorada fiel; por isso espero que o meu namorado faça o mesmo. Viu?
Recupera-se, aí, a oração sobre fidelidade.
— É um advérbio com valor reforçativo, Maurício. Ele reforça quão galinha você é. O elevador
chegou. Vamos.
— Mesmo? Hahaha...
— Não fuja do assunto. Estou cansada das suas ciscadas por aí. Chegando, eu retirei as minhas
roupas e coloquei um roupão. Ele tirou os sapatos, como quem mostra que vai ficar, mas recebeu
um telefonema sei lá de quem e prontamente respondeu:
— E esse “mesmo”?
— Equivale à palavra “realmente” e ao provável término do nosso namoro se você sair daqui.
Perguntei para ele de quem se tratava, mas Maurício desconversou. Disse que eu não conhecia
a pessoa em questão, que ele precisava “dar uma passada” no tal lugar, que eu não iria gostar do
barzinho, blá-blá-blá... E começou a ladainha linguisticamente ortodoxa comum aos discursos que
ele ensaiava nas nossas brigas:
— Cíntia, eu sou um homem de conduta ilibada, de quem você não pode duvidar. E você é a
mulher pela qual sou apaixonado. Você tem tudo quanto quer de mim e ainda assim sempre duvida
dos lugares onde digo que estou.
— Esse “mesmo” foi irônico. Não admito ironias sobre a minha fidelidade.
— Maurício, você não me engana. Eu ouvi voz de mulher. Quem está lá? Quantas mulheres
são? De onde é esse amigo misterioso do qual eu nunca ouvi falar? Aposto que é aniversário de
mulher, por isso você não quer me levar. Não é? Você já estava distante na hora do almoço. Eu
senti!
— Não me venha, Cíntia Chagas (ele sempre me chamava de Cíntia Chagas durante as brigas),
com o seu discurso falacioso! Sou um namorado de cuja fidelidade você não pode duvidar. Quer
saber? Vou embora. Passar bem.
E saiu correndo do meu apartamento. E eu saí correndo atrás dele, afinal de contas, ele tinha
de me ouvir. Mas o caso é que eu estava de roupão e não me lembrei desse detalhe. Pois bem: vi-
me de roupão, no meio da rua, brigando com o Senhor Sabe-Tudo. Cena de novela: atirei-me na
frente do carro dele e disse:
— Daqui você não sai.
— Maurício, não me irrite! Já expliquei que “mesmo” não substitui palavra e ponto final.
— “Antes de entrar no elevador, verifique se este se encontra parado neste andar”. Pronto,
Maurício. Agora saia do carro. Os vizinhos já estão olhando. Não vê que estou de roupão?
Então eu fiquei ali, na rua, de roupão, sem a chave do portão do prédio, à espera de um vizinho
com quem eu pudesse contar.
E você, leitor, neste momento pergunta a si mesmo: mesmo? De roupão na rua? Mesmo...
CHAGAS, Cíntia. Sou péssimo em português: chega de sofrimento! Aprenda as principais regras de
português dando boas risadas. 1 ed. Rio de Janeiro: HarperColllins, 2018.
Em relação ao fragmento do texto “Mesmo?” abaixo, analise as assertivas a seguir e marque (V), se
a assertiva for verdadeira ou (F), se a assertiva for falsa. A seguir, assinale a opção que contém a
sequência de resposta CORRETA, na ordem de cima para baixo:
b ) F, F, F, F, F.
c ) F, F, V, F, V.
d ) V, V, V, F, F.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período, Análise sintática.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 7
17. [Q1855117]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 10
O mito da Torre de Babel conta por que existem tantas línguas no mundo. Nele, uma
população unida e monolíngue decide construir uma torre que alcance o céu. Deus, irritado com a
prepotência das pessoas, confunde a língua delas para que não se entendam mais e espalha as
línguas pelo mundo.
Mito linguístico por trás dessa história: falar uma língua é o ideal. Falar muitas línguas é
ruim, pois confunde e separa.
A narrativa de Babel talvez seja uma alegoria do que realmente pode ter ocorrido com as
línguas humanas, só que os autores entenderam errado: não foram as muitas línguas que causaram
a separação das pessoas, mas a separação é que deu origem a muitas línguas.
Quanto mais falantes uma língua houver e mais espalhados geograficamente estiverem, mais
distantes se tornarão seus jeitos de se comunicar. Grupos separados e em contextos diferentes
acabam adaptando a língua às suas realidades particulares e, com o tempo, a diferença entre seus
dialetos se torna tão grande que um grupo já não compreende mais o outro. Temos, então, duas
novas línguas. Foi mais ou menos assim que o latim se tornou português, espanhol, francês, italiano
e outras vinte e poucas línguas. O processo é acelerado quando falantes de línguas diferentes
entram em contato, pois elas incorporam elementos umas das outras, e daí às vezes nascem novas
línguas. A língua crioula haitiana surgiu mais ou menos assim.
De volta ao mito, é importante esclarecer que, ainda que todas as línguas do mundo venham
de uma só língua (não a de Babel, claro), isso ocorreu muito antes do surgimento de qualquer
sociedade organizada. E é muito provável que tenham sido diversas “línguas-originais”, já que por
mais de 2 milhões de anos (95,5% da existência dos humanos), fomos apenas vários bandos
pequenos de caçadores-coletores nômades e desencontrados. A escrita só surgiu há 5 mil anos. Se a
história da humanidade fosse uma pessoa completando 70 anos hoje, é como se ela só tivesse
aprendido a ler e escrever um mês e meio antes desse aniversário.
A crença por trás de “uma língua = ordem; mais de uma língua = desordem” tem a ver com
poder e dominação. É mais fácil controlar os subjugados se todos falam uma só língua – melhor
ainda se for a do dominador. Essa crença alimenta outro mito: o de uma nação, uma língua. Embora
a maior parte do mundo seja bilíngue e praticamente todos os países tenham mais de uma língua, a
ideia que querem que compremos é a de que cada país fala uma língua: no Reino Unido é o inglês,
na Itália é o italiano e no Brasil é o português. Deixemos essas fake news de lado e prestemos
atenção aos fatos: no Reino Unido se fala inglês e outras 15 línguas, na Itália se fala italiano e outras
34 línguas e no Brasil se fala português, pomerano, talian, kaingang e outras 214 línguas. Sim, mais
de duzentas!
[...]
Ah! Só mais uma coisinha: no mito de Babel, Deus não amaldiçoou as pessoas ao lhes dar
muitas línguas. Ele as salvou do tirano monolíngue que queria que construíssem uma torre para
chegar a lugar nenhum.
Autor: Renan Castro Ferreira. Graduado em Letras – Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura
(2010) e Mestre em Letras – Estudos da Linguagem (2018) pela Universidade Federal de Pelotas
(UFPel). Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/tesouro-linguistico/2021/06/.
18. [Q1909701]
Depreende-se das ideias do autor do texto “Torre de Babel – história baseada em fatos reais (só que
ao contrário)” que a separação geográfica entre grupos de pessoas e em contextos distintos
ocasionam mudanças na língua, e daí nascem novas línguas.
Porque
Uma língua é homogênea e deve ser entendida pelo que caracteriza o homem – a diversidade, a
possibilidade de mudanças.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial / Questão: 2
Mesmo?
Há alguns anos, namorei um professor de Direito e procurador-geral da União (do tipo com
mestrado, doutorado, pós-doutorado e mil especializações) cujo apreço pela língua portuguesa
chegava a ser irritante até para mim. Não sei se por implicância ou por exibicionismo, esse homem,
nos nossos momentos de brigas (que não eram poucos; afinal, éramos mais possessivos do que todos
os pronomes possessivos juntos), tentava, de todas as formas, mostrar que dominava a última flor do
Lácio, vulgo língua portuguesa, mais do que eu. E o que acontecia? Eu ficava tão irritada com a
situação que sempre perdia no quesito argumentação.
Certa vez, após almoçarmos em uma tarde de sábado, ele foi para a minha casa. Enquanto
esperávamos pelo elevador, eu comentei:
— Ainda chegará o dia em que todas essas placas de aviso de elevadores serão corrigidas. Aff!
— Oi?
— Você nunca reparou? “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado
neste andar. ”
— E daí?
— E daí que a palavra “mesmo” não pode retomar outra palavra, como elevador.
— Claro que pode! “Mesmo” é um pronome demonstrativo. Está demonstrando onde devemos
ou não entrar.
— Realmente, “mesmo” pode atuar como pronome demonstrativo, mas ele retoma uma oração,
não uma palavra, Maurício.
— Exemplo?
— Eu sou uma namorada fiel; por isso espero que o meu namorado faça o mesmo. Viu?
Recupera-se, aí, a oração sobre fidelidade.
— É um advérbio com valor reforçativo, Maurício. Ele reforça quão galinha você é. O elevador
chegou. Vamos.
— Mesmo? Hahaha...
— Não fuja do assunto. Estou cansada das suas ciscadas por aí. Chegando, eu retirei as minhas
roupas e coloquei um roupão. Ele tirou os sapatos, como quem mostra que vai ficar, mas recebeu um
telefonema sei lá de quem e prontamente respondeu:
— E esse “mesmo”?
— Equivale à palavra “realmente” e ao provável término do nosso namoro se você sair daqui.
Perguntei para ele de quem se tratava, mas Maurício desconversou. Disse que eu não conhecia
a pessoa em questão, que ele precisava “dar uma passada” no tal lugar, que eu não iria gostar do
barzinho, blá-blá-blá... E começou a ladainha linguisticamente ortodoxa comum aos discursos que
ele ensaiava nas nossas brigas:
— Cíntia, eu sou um homem de conduta ilibada, de quem você não pode duvidar. E você é a
mulher pela qual sou apaixonado. Você tem tudo quanto quer de mim e ainda assim sempre duvida
dos lugares onde digo que estou.
— Esse “mesmo” foi irônico. Não admito ironias sobre a minha fidelidade.
— Maurício, você não me engana. Eu ouvi voz de mulher. Quem está lá? Quantas mulheres são?
De onde é esse amigo misterioso do qual eu nunca ouvi falar? Aposto que é aniversário de mulher,
por isso você não quer me levar. Não é? Você já estava distante na hora do almoço. Eu senti!
— Não me venha, Cíntia Chagas (ele sempre me chamava de Cíntia Chagas durante as brigas),
com o seu discurso falacioso! Sou um namorado de cuja fidelidade você não pode duvidar. Quer
saber? Vou embora. Passar bem.
E saiu correndo do meu apartamento. E eu saí correndo atrás dele, afinal de contas, ele tinha de
me ouvir. Mas o caso é que eu estava de roupão e não me lembrei desse detalhe. Pois bem: vi-me de
roupão, no meio da rua, brigando com o Senhor Sabe-Tudo. Cena de novela: atirei-me na frente do
carro dele e disse:
— Maurício, não me irrite! Já expliquei que “mesmo” não substitui palavra e ponto final.
— “Antes de entrar no elevador, verifique se este se encontra parado neste andar”. Pronto,
Maurício. Agora saia do carro. Os vizinhos já estão olhando. Não vê que estou de roupão?
Então eu fiquei ali, na rua, de roupão, sem a chave do portão do prédio, à espera de um vizinho
com quem eu pudesse contar.
E você, leitor, neste momento pergunta a si mesmo: mesmo? De roupão na rua? Mesmo...
CHAGAS, Cíntia. Sou péssimo em português: chega de sofrimento! Aprenda as principais regras de
português dando boas risadas. 1 ed. Rio de Janeiro: HarperColllins, 2018.
19. [Q1855077]
Assinale a única opção CORRETA. Os tipos textuais predominantes no fragmento do texto “Há
alguns anos, namorei um professor de Direito e procurador-geral da União (do tipo com mestrado,
doutorado, pós-doutorado e mil especializações) cujo apreço pela língua portuguesa chegava a ser
irritante até para mim. ” são os tipos:
a ) Descritivo e injuntivo.
b ) Descritivo e dissertativo.
c ) Narrativo e argumentativo.
d ) Narrativo e descritivo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Tipologias Textuais, Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 1
20. [Q1855083]
Assinale a opção CORRETA. A situação que dá origem aos acontecimentos (conflito) no conto
“Mesmo?” é:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 3
Perdedor, vencedor
O perdedor cumprimentou o vencedor. Apertaram-se as mãos por cima da rede. Depois foram para o
vestiário, lado a lado. No vestiário, enquanto tiravam a roupa, o perdedor apontou para a raquete do
outro e comentou, sorrindo:
Era uma raquete importada, último tipo. Muito melhor do que a do perdedor. O vencedor também
sorriu, mas não disse nada. Começou a descalçar os tênis. O perdedor comentou, ainda sorrindo:
O vencedor quieto. Também sorrindo. Os dois ficaram nus e entraram no chuveiro. O perdedor
examinou o vencedor e comentou:
- Também, com esse físico...
- Olha aqui - disse. - Você poderia ter um físico igual ao meu, se se cuidasse. Se perdesse essa
barriga. Você tem dinheiro, senão não seria sócio deste clube. Pode comprar uma raquete igual à
minha e tênis melhores do que os meus.
Mas sabe de uma coisa? Não é equipamento que ganha jogo. É a pessoa. É a aplicação, a vontade de
vencer, a atitude. E você não tem uma atitude de vencedor.
Prefere atribuir sua derrota à minha raquete, aos meus tênis, ao meu físico, a tudo menos a você
mesmo. Se parasse de admirar tudo que é meu e mudasse de atitude, você também poderia ser um
vencedor, apesar dessa barriga.
Disponível em:
https://docente.ifrn.edu.br/marcelmatias/Disciplinas/lingua-portuguesa/lingua-portuguesa2012.2/per
deedor-vencedor/view.
21. [Q1684762]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2020 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 4
22. [Q1684758]
Assinale a única opção CORRETA. Utilizando a ironia e o humor, o autor do texto “Perdedor,
vencedor” promove uma reflexão em relação.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2020 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 2
23. [Q1684764]
Assinale a única opção CORRETA. “E você não tem uma atitude de vencedor.” A devida
classificação sintática do termo em destaque nessa oração é:
a ) ( ) Complemento nominal.
b ) ( ) Adjunto adnominal
d ) ( ) Adjunto adverbial.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise sintática, Análise Morfológica.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2020 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 5
24. [Q1684760]
Considerando o texto “Vencedor, perdedor” em qual opção a expressão entre parênteses não
poderia substituir a palavra destacada no fragmento do texto porque não preservaria o sentido
original?
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2020 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 3
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
TEXTO I
A regreção da redassão
Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia
encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
- Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
- Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os
acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
- Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças.
Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o
estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante
brasileiro não sabe escrever”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O
estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. Todos
disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não
se escreve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de
banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente
acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem
árvore.
- Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe
escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por
mais dez anos.
- Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de
profissão.
- Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de
sobreviver.
- Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
- Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito de leitura. E quando perder
completamente, você vai escrever para quem?
Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que
teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer
barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para
quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas
para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria:
- Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de
remédio.
- O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil
ouvi-lo no meu gravador.
- O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo
isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas?
NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática,
1999. Para gostar de ler, vol. 15.
TEXTO II
O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em
internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se
moderna, compra um computador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a
filha adolescente. Quase ao final do diálogo, mãe e filha escrevem:
“[...]
_ Antes de ir para casa eu vou passar no supermercado. O que você quer que compre para...
para... para vc? É assim que se diz em internetês.
_ refri e bisc8
_ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, francamente, que linguagem é essa? Você estuda no
melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem
vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no início de uma frase, com
orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inadmissível, Maria
Eugênia!
_ Maria Eugênia?
_ Desligou. [...]’’
HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007.
25. [Q1748419]
Os textos I e II se aproximam uma vez que abordam a questão da deficiência do registro escrito da
Língua Portuguesa pelos jovens. A frase do texto I, “A regreção da redassão”, que confirma essa
ideia é:
a ) “[...] Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área
Ortopedista / Questão: 1
26. [Q1748456]
“Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa as
antigas regras faz tempo.”
a ) Pra essa molecada é moleza. Está aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa
as antigas regras faz tempo.
b ) Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não têm os vícios da gente, que já usa
as antigas regras faz tempo.
c ) Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não têm os vícios da gente, que
usamos as antigas regras fazem tempo.
d ) Pra essa molecada é moleza. Está aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já
usam as antigas regras faz tempo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Concordância verbal e nominal (sintaxe de
concordância).
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área
Ortopedista / Questão: 9
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
TEXTO I
A regreção da redassão
Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia
encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
- Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
- Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os
acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
- Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças.
Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o
estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante
brasileiro não sabe escrever”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O
estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. Todos
disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não
se escreve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de
banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente
acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem
árvore.
- Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe
escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por
mais dez anos.
- Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de
profissão.
- Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de
sobreviver.
- Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
- Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito de leitura. E quando perder
completamente, você vai escrever para quem?
Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que
teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer
barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para
quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas
para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria:
- Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de
remédio.
- O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil
ouvi-lo no meu gravador.
- O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo
isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas?
NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática,
1999. Para gostar de ler, vol. 15.
TEXTO II
O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em
internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se
moderna, compra um computador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a
filha adolescente. Quase ao final do diálogo, mãe e filha escrevem:
“[...]
_ Antes de ir para casa eu vou passar no supermercado. O que você quer que compre para...
para... para vc? É assim que se diz em internetês.
_ refri e bisc8
_ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, francamente, que linguagem é essa? Você estuda no
melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem
vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no início de uma frase, com
orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inadmissível, Maria
Eugênia!
_ Maria Eugênia?
_ Desligou. [...]’’
HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007.
27. [Q1748426]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área
Ortopedista / Questão: 3
28. [Q1748423]
– Observe o título do texto I “A regreção da redassão”. O autor troca as últimas sílabas das
palavras com a intenção de:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área
Ortopedista / Questão: 2
29. [Q1748442]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área
Ortopedista / Questão: 7
30. [Q1748439]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área
Ortopedista / Questão: 6
Passeio noturno
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas,
contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira,
disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no
quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai
largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa
aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri
o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não
pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa,
entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É
aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando
estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu,
nós tínhamos conta bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela
não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites,
também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos
aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os
carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na
garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-
choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater
apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em
silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia
ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal.
Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições,
comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher,
podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava
apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda,
estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um
interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela
só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-
fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a
esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada
rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus
cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove
segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de
sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-
choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso
daquelas máquinas.
A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.
Referência: FONSECA, Rubem. Passeio Noturno, in: Contos Reunidos. São Paulo:
Companhia das Letras. 1994.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
31. [Q1143628]
“Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-
choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso
daquelas máquinas.”
No fragmento, o autor demostra que o personagem se orgulha da sua perícia e do veículo intacto.
No entanto, ao analisarmos todo o texto podemos afirmar que:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 4
32. [Q1684655]
” “Aprender deve ser o ponto de partida de qualquer pessoa que busca realização
[...]”. “O interacionismo valoriza a bagagem que cada indivíduo traz de seu cotidiano
[...].”
De acordo com a Linguística, as palavras que reúnem vários significados são consideradas:
a ) ( ) Homônimas.
b ) ( ) Polissêmicas.
c ) ( ) Sinônimas.
d ) ( ) Antônimas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Homônimos, Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 5
33. [Q1143651]
c ) Não maltratei-a, apenas acelerei até deixar ela caída em meio a poeira.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 9
34. [Q1143638]
De acordo com os critérios da seleção vocabular e emprego das variedades de língua padrão e não
padrão, leia as orações a seguir e marque a alternativa CORRETA, de acordo com a norma culta.
b ) Estava eufórico com o feito, mas relaxado o suficiente para voltar à casa.
d ) Não era apenas um fugitivo, mais alguém feliz com o que acabara de fazer.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Mas/mais.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 7
Em um país em que a sociedade clama por uma segurança pública mais eficaz e mais presente, nota-
se que o organismo estatal sente-se impotente e incapaz para debelar sozinho a crescente onda de
violência que assola todos os lugares.
A Polícia como figura principal encarregada de manter a ordem pública para a consequente
prestação da paz social precisa da conscientização e cooperação de toda a sociedade para alcançar
os seus objetivos, entretanto, é fato presente que o povo, na sua maioria, ainda tem a polícia como se
fosse então esta instituição a única responsável pelo assolamento da violência no país, a principal
responsável pelo recrudescimento da criminalidade, como se fossem então os policiais seres
Onipotentes e Onipresentes para estarem em todos os lugares, a todo o momento, a fim de evitar ou
descobrir crimes como num passe de mágica.
A violência e o aumento da criminalidade que atingem o povo, atingem também a Polícia, o Governo.
Atingem a toda a sociedade. Todos nós estamos na mesma aflição.
A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todo ser humano, entretanto, só poderá ser atingida
com a ordenação da potencialidade da sociedade e do poder público em torno do ideal comum de
uma segurança justa, cooperativa e interativa.
A Lei entrega à Polícia o poder do uso da força. Essa exclusividade da violência legal visa tão
somente ajudar a regular as interações sociais. Através desse poder legitimado e da função
específica de manter a ordem pública, a sociedade espera da sua Polícia toda a proteção possível e
até impossível, entretanto, pouco ou nada faz para ajudá-la.
O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ciência complementada por uma arte, a de
se obter e conservar a cooperação e a confiança das partes envolvidas, por isso o presente apelo que
visa uma verdadeira interatividade entre a Polícia e a sociedade para melhor se combater a violência
e a criminalidade reinante no país.
Durante muito tempo, a sociedade pouco se incomodou com a questão da violência, da criminalidade
e tinha a Polícia apenas como um mal necessário quando na verdade é esta valorosa instituição de
defesa do cidadão, um bem essencial, um real instrumento da cidadania e da ordem pública. A
Polícia é, antes de tudo, a guardiã das Leis Penais e o alicerce da Justiça. Sem a Polícia haveria o
caos social absoluto.
A sociedade brasileira precisa confiar mais na sua Polícia, no seu Ministério Público, na sua Justiça.
Precisamos resgatar a confiança do povo nas suas instituições de combate ao crime, perdida através
dos tempos.
Na mesma velocidade em que a criminalidade e a violência avançam no nosso país por motivos
diversos, o crime organizado ganha forças principalmente com o tráfico de drogas que termina
sendo a raiz de todos os outros crimes subsequentes, tais como: sequestros, homicídios, latrocínios,
roubos, torturas, corrupções, extorsões, lesões corporais...
Precisamos, além de leis mais rígidas e menos burocráticas, da união de todos os segmentos da
sociedade e em especial do poder público para formar uma Polícia verdadeiramente forte
trabalhando sempre em interatividade com a população para enfim combatermos a marginalidade
com mais presença, combate este que deve ter um maior investimento em ações preventivas para
não sobrecarregar as ações repressivas como de fato vem ocorrendo no nosso país.
Assim teremos uma força satisfeita, trabalhando todos como verdadeiros parceiros contra o crime
em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e constante que a sofrida
população brasileira bem merece.
35. [Q2490873]
Assinale a alternativa CORRETA. De acordo com o texto, para o alcance de uma segurança pública
mais adequada e constante, há necessidade de:
a ) Trabalhar em parceria.
b ) Treinar os policiais.
c ) Combater o tráfico.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 4
36. [Q1143644]
Marque a alternativa que apresenta a justificativa CORRETA para o emprego das locuções e
palavras em destaque nas orações abaixo:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 8
37. [Q2490888]
Em um país em que a sociedade clama por uma segurança pública mais eficaz e mais presente,
nota-se que o organismo estatal sente-se impotente e incapaz para debelar sozinho a crescente
onda de violência que assola todos os lugares.
A Polícia como figura principal encarregada de manter a ordem pública para a consequente
prestação da paz social precisa da conscientização e cooperação de toda a sociedade para alcançar
os seus objetivos, entretanto, é fato presente que o povo, na sua maioria, ainda tem a polícia como
se fosse então esta instituição a única responsável pelo assolamento da violência no país, a
principal responsável pelo recrudescimento da criminalidade, como se fossem então os policiais
seres Onipotentes e Onipresentes para estarem em todos os lugares, a todo o momento, a fim de
evitar ou descobrir crimes como num passe de mágica.
A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todo ser humano, entretanto, só poderá ser atingida
com a ordenação da potencialidade da sociedade e do poder público em torno do ideal comum de
uma segurança justa, cooperativa e interativa.
A Lei entrega à Polícia o poder do uso da força. Essa exclusividade da violência legal visa tão
somente ajudar a regular as interações sociais. Através desse poder legitimado e da função
específica de manter a ordem pública, a sociedade espera da sua Polícia toda a proteção possível e
até impossível, entretanto, pouco ou nada faz para ajudá-la.
O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ciência complementada por uma arte, a
de se obter e conservar a cooperação e a confiança das partes envolvidas, por isso o presente apelo
que visa uma verdadeira interatividade entre a Polícia e a sociedade para melhor se combater a
violência e a criminalidade reinante no país.
A sociedade brasileira precisa confiar mais na sua Polícia, no seu Ministério Público, na sua Justiça.
Precisamos resgatar a confiança do povo nas suas instituições de combate ao crime, perdida
através dos tempos.
Na mesma velocidade em que a criminalidade e a violência avançam no nosso país por motivos
diversos, o crime organizado ganha forças principalmente com o tráfico de drogas que termina
sendo a raiz de todos os outros crimes subsequentes, tais como: sequestros, homicídios, latrocínios,
roubos, torturas, corrupções, extorsões, lesões corporais...
Precisamos, além de leis mais rígidas e menos burocráticas, da união de todos os segmentos da
sociedade e em especial do poder público para formar uma Polícia verdadeiramente forte
trabalhando sempre em interatividade com a população para enfim combatermos a marginalidade
com mais presença, combate este que deve ter um maior investimento em ações preventivas para
não sobrecarregar as ações repressivas como de fato vem ocorrendo no nosso país.
Assim teremos uma força satisfeita, trabalhando todos como verdadeiros parceiros contra o crime
em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e constante que a sofrida
população brasileira bem merece.
O texto “A necessidade da Interatividade entre a Polícia e a População” quanto ao gênero pode ser
classificado como um (a):
a ) Crônica argumentativa.
b ) Notícia.
c ) Editorial.
d ) Artigo de opinião.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Artigo de opinião, Crônica, Editorial, Notícia.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 14
38. [Q1143661]
Marque a alternativa que contenha a seleção de palavras para o preenchimento CORRETO dos
espaços nas frases abaixo, na sequência em que aparecem:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 10
39. [Q2490889]
“Os conselhos de Segurança dos Estados, das cidades, dos bairros, dos povoados [...]”.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 15
A necessidade da Interatividade entre a Polícia e a População
Em um país em que a sociedade clama por uma segurança pública mais eficaz e mais presente, nota-
se que o organismo estatal sente-se impotente e incapaz para debelar sozinho a crescente onda de
violência que assola todos os lugares.
A Polícia como figura principal encarregada de manter a ordem pública para a consequente
prestação da paz social precisa da conscientização e cooperação de toda a sociedade para alcançar
os seus objetivos, entretanto, é fato presente que o povo, na sua maioria, ainda tem a polícia como se
fosse então esta instituição a única responsável pelo assolamento da violência no país, a principal
responsável pelo recrudescimento da criminalidade, como se fossem então os policiais seres
Onipotentes e Onipresentes para estarem em todos os lugares, a todo o momento, a fim de evitar ou
descobrir crimes como num passe de mágica.
A violência e o aumento da criminalidade que atingem o povo, atingem também a Polícia, o Governo.
Atingem a toda a sociedade. Todos nós estamos na mesma aflição.
A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todo ser humano, entretanto, só poderá ser atingida
com a ordenação da potencialidade da sociedade e do poder público em torno do ideal comum de
uma segurança justa, cooperativa e interativa.
A Lei entrega à Polícia o poder do uso da força. Essa exclusividade da violência legal visa tão
somente ajudar a regular as interações sociais. Através desse poder legitimado e da função
específica de manter a ordem pública, a sociedade espera da sua Polícia toda a proteção possível e
até impossível, entretanto, pouco ou nada faz para ajudá-la.
O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ciência complementada por uma arte, a de
se obter e conservar a cooperação e a confiança das partes envolvidas, por isso o presente apelo que
visa uma verdadeira interatividade entre a Polícia e a sociedade para melhor se combater a violência
e a criminalidade reinante no país.
Durante muito tempo, a sociedade pouco se incomodou com a questão da violência, da criminalidade
e tinha a Polícia apenas como um mal necessário quando na verdade é esta valorosa instituição de
defesa do cidadão, um bem essencial, um real instrumento da cidadania e da ordem pública. A
Polícia é, antes de tudo, a guardiã das Leis Penais e o alicerce da Justiça. Sem a Polícia haveria o
caos social absoluto.
A sociedade brasileira precisa confiar mais na sua Polícia, no seu Ministério Público, na sua Justiça.
Precisamos resgatar a confiança do povo nas suas instituições de combate ao crime, perdida através
dos tempos.
Na mesma velocidade em que a criminalidade e a violência avançam no nosso país por motivos
diversos, o crime organizado ganha forças principalmente com o tráfico de drogas que termina
sendo a raiz de todos os outros crimes subsequentes, tais como: sequestros, homicídios, latrocínios,
roubos, torturas, corrupções, extorsões, lesões corporais...
Precisamos, além de leis mais rígidas e menos burocráticas, da união de todos os segmentos da
sociedade e em especial do poder público para formar uma Polícia verdadeiramente forte
trabalhando sempre em interatividade com a população para enfim combatermos a marginalidade
com mais presença, combate este que deve ter um maior investimento em ações preventivas para
não sobrecarregar as ações repressivas como de fato vem ocorrendo no nosso país.
Assim teremos uma força satisfeita, trabalhando todos como verdadeiros parceiros contra o crime
em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e constante que a sofrida
população brasileira bem merece.
40. [Q2490871]
Assinale a alternativa CORRETA. Em nenhum dos parágrafos do texto está expressa a ideia de
que:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 3
Passeio noturno
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas,
contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira,
disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no
quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai
largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa
aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri
o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não
pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa,
entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É
aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando
estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu,
nós tínhamos conta bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela
não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites,
também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos
aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os
carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na
garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-
choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater
apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em
silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia
ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal.
Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições,
comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher,
podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava
apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda,
estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um
interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela
só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-
fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a
esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada
rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus
cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove
segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de
sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-
choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso
daquelas máquinas.
A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.
Referência: FONSECA, Rubem. Passeio Noturno, in: Contos Reunidos. São Paulo:
Companhia das Letras. 1994.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
41. [Q1143634]
Com base no trecho acima, marque a alternativa CORRETA que corresponda à inferência feita pela
mulher em relação ao passeio de carro feito pelo marido:
a ) A mulher inferiu que o passeio não seria uma maneira do marido liberar o estresse diário.
b ) A mulher inferiu que o passeio seria uma maneira do marido, relaxado, conduzir o carro sem
um objetivo específico.
c ) A mulher inferiu que o passeio seria uma maneira do marido se ocupar com algo inútil que
aumentasse o nível de estresse diário.
d ) A mulher inferiu que o passeio seria uma maneira do marido liberar o estresse diário.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 6
42. [Q2490881]
Nas assertivas abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F” se for falsa e, em seguida, assinale a
alternativa que contém a sequência CORRETA de respostas, na ordem de cima para baixo:
( ) “[...] é esta valorosa instituição de defesa do cidadão [...]”. (“Valorosa” escreve-se com “s”
porque é um substantivo com sufixo –osa.)
( ) “Durante muito tempo a sociedade pouco se incomodou [...]”. (O pronome “se” pode ser
posposto ao verbo, conforme a norma culta.)
( ) “[...] a conscientização e a união ampla e irrestrita para ajudar a Polícia [...]”. (A preposição
“para” estabelece uma relação de iminência e necessidade no período.)
a ) V, F, F, F.
b ) F, F, F, F.
c ) V, F, V, V.
d ) F, V, V, V.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Derivação sufixal, Relações estabelecidas pelas preposições, Classes
morfológicas da palavra "que", Fatores de ênclise.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 9
43. [Q2490886]
De acordo com a semântica e a significação dos vocábulos, os elementos textuais destacados nas
frases 1 e 2 formam um conjunto de:
a ) Antônimos.
b ) Parônimos.
c ) Homônimos.
d ) Sinônimos.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Homônimos, Parônimos, Sinônimos, Antônimos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 12
44. [Q2490887]
Assinale a alternativa cujo homônimo sublinhado está CORRETO quanto ao sentido geral do
enunciado.
b ) Caçar ou cassar – Um deputado declarou que o governo está interessado em caçar votos para
implantar Projeto de Segurança Pública.
d ) Infringir ou infligir – É dever do cidadão não infligir as leis e não causar danos ao patrimônio
público e privado.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Homônimos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 13
A Polícia como figura principal encarregada de manter a ordem pública para a consequente
prestação da paz social precisa da conscientização e cooperação de toda a sociedade para alcançar
os seus objetivos, entretanto, é fato presente que o povo, na sua maioria, ainda tem a polícia como se
fosse então esta instituição a única responsável pelo assolamento da violência no país, a principal
responsável pelo recrudescimento da criminalidade, como se fossem então os policiais seres
Onipotentes e Onipresentes para estarem em todos os lugares, a todo o momento, a fim de evitar ou
descobrir crimes como num passe de mágica.
A violência e o aumento da criminalidade que atingem o povo, atingem também a Polícia, o Governo.
Atingem a toda a sociedade. Todos nós estamos na mesma aflição.
A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todo ser humano, entretanto, só poderá ser atingida
com a ordenação da potencialidade da sociedade e do poder público em torno do ideal comum de
uma segurança justa, cooperativa e interativa.
A Lei entrega à Polícia o poder do uso da força. Essa exclusividade da violência legal visa tão
somente ajudar a regular as interações sociais. Através desse poder legitimado e da função
específica de manter a ordem pública, a sociedade espera da sua Polícia toda a proteção possível e
até impossível, entretanto, pouco ou nada faz para ajudá-la.
O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ciência complementada por uma arte, a de
se obter e conservar a cooperação e a confiança das partes envolvidas, por isso o presente apelo que
visa uma verdadeira interatividade entre a Polícia e a sociedade para melhor se combater a violência
e a criminalidade reinante no país.
Durante muito tempo, a sociedade pouco se incomodou com a questão da violência, da criminalidade
e tinha a Polícia apenas como um mal necessário quando na verdade é esta valorosa instituição de
defesa do cidadão, um bem essencial, um real instrumento da cidadania e da ordem pública. A
Polícia é, antes de tudo, a guardiã das Leis Penais e o alicerce da Justiça. Sem a Polícia haveria o
caos social absoluto.
A sociedade brasileira precisa confiar mais na sua Polícia, no seu Ministério Público, na sua Justiça.
Precisamos resgatar a confiança do povo nas suas instituições de combate ao crime, perdida através
dos tempos.
Na mesma velocidade em que a criminalidade e a violência avançam no nosso país por motivos
diversos, o crime organizado ganha forças principalmente com o tráfico de drogas que termina
sendo a raiz de todos os outros crimes subsequentes, tais como: sequestros, homicídios, latrocínios,
roubos, torturas, corrupções, extorsões, lesões corporais...
Precisamos, além de leis mais rígidas e menos burocráticas, da união de todos os segmentos da
sociedade e em especial do poder público para formar uma Polícia verdadeiramente forte
trabalhando sempre em interatividade com a população para enfim combatermos a marginalidade
com mais presença, combate este que deve ter um maior investimento em ações preventivas para
não sobrecarregar as ações repressivas como de fato vem ocorrendo no nosso país.
Assim teremos uma força satisfeita, trabalhando todos como verdadeiros parceiros contra o crime
em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e constante que a sofrida
população brasileira bem merece.
45. [Q2490876]
Marque a alternativa CORRETA. Depreende-se que o autor do texto caracteriza a sociedade atual
como:
a ) Partícipe.
b ) Resoluta.
c ) Apática.
d ) Empática.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 6
Passeio noturno
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas,
contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira,
disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no
quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai
largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa
aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri
o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não
pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa,
entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É
aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando
estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu,
nós tínhamos conta bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela
não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites,
também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos
aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os
carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na
garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-
choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater
apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em
silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia
ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal.
Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições,
comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher,
podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava
apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda,
estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um
interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela
só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-
fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a
esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada
rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus
cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove
segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de
sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-
choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso
daquelas máquinas.
A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.
Referência: FONSECA, Rubem. Passeio Noturno, in: Contos Reunidos. São Paulo:
Companhia das Letras. 1994.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
46. [Q1143620]
“(...) ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti
o coração bater apressado de euforia. (...). Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia
ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal.
Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença (...).”
Baseado no trecho apresentado, podemos afirmar que o autor desvela uma personagem que
demonstra:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 2
47. [Q2490885]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 11
48. [Q2490883]
Em qual das alternativas abaixo, as palavras em destaque nos fragmentos do texto constituem um
termo acessório da oração:
b ) “[...] o crime organizado ganha forças principalmente com o tráfico de drogas [...].”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 10
LÍNGUA PORTUGUESA
O futuro da educação começa agora
Você, com certeza, já se pegou perguntando, em tom de curiosidade, para onde as mudanças desse
mundo vão nos levar e qual será o destino das próximas gerações. Todos nós, ao lançar os olhos para
o horizonte, questionamos qual o melhor caminho para o futuro. Uma coisa é certa: para chegar bem
ao destino final é preciso enxergar a educação como uma das principais ferramentas de
transformação do mundo.
Aprender deve ser o ponto de partida de qualquer pessoa que busca realização e sucesso numa
sociedade cada vez mais exigente e dinâmica. O desafio atual é garantir que o processo de
aprendizagem seja mais efetivo, até porque educar não significa apenas transmitir conhecimento.
Escola e professores devem servir como um guia norteador que levam o aluno ao aprimoramento de
suas capacidades intelectuais, sociais e políticas, promovendo assim o desenvolvimento humano. E a
evolução da educação deve seguir o princípio de que o aprendizado é construído a partir da
realidade do aluno. O interacionismo valoriza a bagagem que cada indivíduo traz de seu cotidiano e,
a partir da percepção da realidade que ele já possui, estimula a busca do conhecimento. O processo
educativo torna-se mais dinâmico, mais amplo e mais adequado ao mundo atual.
Diante de tão complexos desafios, o perfil do profissional da educação foi profundamente alterado.
Hoje, o professor deixou para trás a função de mero transmissor de conhecimentos para se tornar
um orientador, um estimulador que leva os alunos a construírem seus conceitos, valores e
habilidades. Novas linguagens e ferramentas tecnológicas ajudam o educador nesse processo ao
aproximar a escola do mundo do aluno. O mundo digital e as redes sociais ganharam tanta
relevância no processo de ensino a ponto de educadores passarem a atuar como mediadores,
gerenciando conteúdos e ferramentas a fim de melhor orientar seus alunos na hora de consumir
informação.
Nossa sociedade exige mudanças que atendam às suas necessidades. O ser humano que se formava
anos atrás certamente será muito diferente daquele que sairá da escola ou da universidade nas
gerações futuras. Durante muito tempo, esperava-se do indivíduo que ele apenas reproduzisse aquilo
que ouviu e aprendeu. Hoje, é necessário educar pessoas para que se transformem em cidadãos com
senso crítico e capacidade de interagir com o cotidiano a sua volta. É por isso, e para isso, que
especialistas na arte de ensinar avançam firmes e confiantes rumo ao futuro, formando profissionais
para profissões que ainda não existem e cidadãos para um mundo melhor.
DOS SANTOS, Emerson. O futuro da educação começa agora. Campo Grande News, Mato Grosso do Sul,
25 maio 2017. Disponível em:
<https://www.jornaldosudoeste.com/colunista/Emerson/o-futuro-da-educacao-comeca-agora> Acesso
em: 13 nov. 2017
49. [Q1684639]
I. Ensinar hoje significa desenvolver as capacidades intelectuais, sociais e políticas dos alunos para
o desenvolvimento humano deles, e isso deve ocorrer intramuros, dentro da realidade da escola.
II. A interação dos alunos com o mundo digital e as redes sociais, por si só, já oferece condições
para que eles superem a uniformidade dos conteúdos apresentados na escola.
III. A escola deve se aproximar do mundo do aluno, com vistas a interferir na realidade dele e
assim direcioná-lo para um futuro melhor.
IV. Educar pessoas para o futuro significa desenvolver sua capacidade de lidar com a realidade
atual de forma que contribuam para a transformação da vida em sociedade.
a) ( ) IV e V, apenas.
b) ( ) I, II e III, apenas.
c) ( ) I, IV e V, apenas.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 1
50. [Q1684643]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 2
51. [Q1684648]
a) ( ) O aluno deve se preparar para o vestibular e ingresso em uma faculdade, e assim garantir
seu futuro.
c) ( ) O aprendizado deve ser construído a partir dos interesses da escola e do mundo atual.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 3
Passeio noturno
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas,
contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira,
disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no
quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai
largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa
aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri
o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não
pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa,
entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É
aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando
estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu,
nós tínhamos conta bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela
não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites,
também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos
aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os
carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na
garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-
choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater
apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em
silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia
ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal.
Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições,
comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher,
podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava
apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda,
estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um
interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela
só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-
fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a
esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada
rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus
cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove
segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de
sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-
choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso
daquelas máquinas.
A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.
Referência: FONSECA, Rubem. Passeio Noturno, in: Contos Reunidos. São Paulo:
Companhia das Letras. 1994.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
52. [Q1143632]
“A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.”
De acordo com o fragmento apresentado, podemos afirmar que o protagonista vive em um mundo
de:
a) Reflexão e integração.
b) Isolamento e fragmentação.
c) Relaxamento e dedicação.
d) Massificação e satisfação.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 5
53. [Q1143623]
“(...) Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais
fácil. (...) Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus
batendo no meio-fio. (...) ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada
rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus
cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove
segundos. (...).”
Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao momento da narrativa que é evidenciado pelo
trecho acima:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 3
54. [Q2499170]
Antes da sanção da nova Lei de Drogas, o país tinha 47 mil presos por tráfico de
entorpecentes. Hoje, a cifra chegou a 138 mil – ou um a cada quatro presos. No caso das mulheres
presas, a situação é ainda pior: 64% delas estão ligadas ao tráfico. [...].
A nova política de drogas adotada a partir de 2006 trouxe a distinção entre usuário e
traficante. O usuário de drogas – que apenas utiliza substâncias ilícitas para seu próprio consumo,
sem comercializar – passou a ser condenado a penas leves, como advertência, prestação de
serviços comunitários ou medidas educativas. Já o traficante – aquele que pratica atividades
relacionadas à produção, distribuição e comercialização das drogas – é condenado de 5 a 15 anos
de prisão, [...]. Na lei anterior, de 1978, ele era condenado de 3 a 15 anos, mas a pena mínima foi
aumentada, a fim de evitar que a detenção fosse convertida em medidas alternativas [...].
Se a nova lei reconhece que prender o usuário não é a melhor solução – o que teoricamente
diminuiria a pressão no sistema carcerário – então como ela se relaciona com a piora da situação
nas prisões? Segundo entidades ligadas à Rede Justiça Criminal, a grande questão é a
subjetividade da lei. A diferença de usuário e traficante é definida pelo juiz, que analisa oito
critérios diferentes, incluindo a „natureza‟ e a „quantidade da substância‟ que o suspeito carrega,
bem como do contexto em que ele foi pego e seus antecedentes. Pequenas quantidades não
necessariamente são interpretadas como sinal de que se trata de um usuário, porque isso poderia
ser uma brecha na lei; os traficantes passariam a andar com pequenas quantidades de drogas por
vez, e assim se livrariam da prisão.
[...].
Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 250 mil, ou 40% do total, são presos
provisórios. A maior parte dessas prisões surge depois de uma prisão em flagrante. Prisões em
flagrante levam a prisões provisórias em 94,8% dos casos, segundo o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). O Infopen revela que 26% desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de
pessoas que viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais de dois meses no cárcere.
Esses números demonstram que a prisão provisória tem sido usada mais como regra do que
exceção – e que ela se tornou uma forma de antecipar a execução da pena. [...]. Uma forma de
atenuar o problema é a audiência de custódia, em que o preso em flagrante tem acesso a um juiz
em até 24 horas após a prisão. Esse juiz avalia o caso e decide se a continuidade da prisão é
necessária. A adoção de audiências de custódia diminuiu o nível de prisões provisórias após
flagrante para 53% na cidade de São Paulo, de acordo com o CNJ.
Vale notar que o número de presos provisórios brasileiros é semelhante ao déficit de vagas.
Evidentemente, não é possível dar liberdade a todos os detentos nessa condição, mas a revisão
desses casos poderia significar um alívio no problema.
ALTERNATIVAS
FORTALECEM O CRIME
Como já afirmamos esta não é uma lista exaustiva dos fatores que levaram à crise
penitenciária brasileira. A solução para o quadro lastimável do sistema carcerário envolve também
resolver outras questões, como a melhoria da educação básica e o desmantelamento do crime
organizado. Porém, o alívio da superlotação das prisões e políticas efetivas de ressocialização
depende também da resolução das questões apresentadas.”
Assinale a alternativa CORRETA de acordo com as regras vigentes sobre a aplicação ou não do
hífen:
a ) Extra-escolar.
b ) Pré-estabelecer.
c ) Neo-liberalismo.
d ) Extraoficial.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Reforma Ortográfica de 2009 (Novo Acordo Ortográfico).
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 8
55. [Q2499172]
b ) I - Entregamos as provas à Suzana; II - Escrevi o artigo desta semana às minhas leitoras mais
jovens.
c ) I - Fomos à feira no pior horário; II - Sairei às cinco horas para buscar as crianças.
d ) I - Ele sempre vai à terra dos avós para ver os parentes; II - A educação abre portas às
oportunidades.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Casos facultativos de crase.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 9
56. [Q2499181]
A palavra “que” se classifica de várias formas em uma frase. Assinale a alternativa em que essa
palavra se classifica como “palavra expletiva ou de realce”.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 13
57. [Q2499185]
1) A mãe, que sempre cedia a todas as suas vontades, não autorizou que Amanda matasse aula
para realizar sua audição de balé.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 14
58. [Q2499188]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 15
Tempo de Escolher
“Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.”
(Albert Schweitzer)
Muitos amigos leitores têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas carreiras.
Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a harmonia
conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercício de suas atividades. Uns recebem propostas
para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém desafiadoras. Outros têm diante de
si um vasto leque de opções, muitas coisas por fazer, mas não conseguem abraçar a tudo.
Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de escolhas. Lembro-me de
Clarice Lispector: “Entre o sim e o não, só existe um caminho: escolher".
Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da virada”.
Um momento especial em que uma decisão específica e irrevogável tem que ser tomada apenas
porque a vida não pode continuar como está. Algumas pessoas passam por isso aos 15 anos, outras,
aos 50. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no decorrer de sua
existência.
Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança
por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo ao muito duvidoso. Assim, uma companhia que lhe
oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a uma dotada de instabilidade com ousadia.
Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um casamento.
Prazer e Vocação
Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci que dizia: “A
sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”. Sempre
imaginei que fosse o contrário. Porém, refletindo, passei a compreender que quando estimamos
aquilo que fazemos, podemos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se apenas
procurarmos fazer o que gostamos, sempre estaremos numa busca insaciável, porque o que
gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.
Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí torno a recorrer à etimologia para
descobrir que o verbo “preferir” vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me uma
indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso
livre-arbítrio.
Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de
empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas são um
bom caminho. De nada adianta assumir uma postura defensiva e crítica. Lembre-se de que as
pessoas não estão contra você, mas a favor delas.
Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele
viveu com paixão?”.
59. [Q883613]
Nas assertivas abaixo, marque “V” para a(s) verdadeira(s) e “F” para a(s) falsa(s) e, ao final
responda o que se pede.
( ) Semanticamente, o pensamento de Albert Schweitzer está ratificado em “Não se pode ser bom
pela metade”.
( ) Uma característica apresentada pela vida que é justificativa para a necessidade de se fazer
escolhas é a instabilidade.
Marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para
baixo:
a ) V - V - F - F.
b ) F - V - V - V.
c ) F - V - F - V.
d ) V - F - V - V.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 2
60. [Q883612]
a ) É preciso gostar daquilo que fazemos e não fazer somente o que gostamos para não vivermos
uma busca inextinguível.
b ) Devemos fazer nossas escolhas com base nas experiências anteriores, apenas, para não
cairmos nas armadilhas do mundo corporativo.
d ) Impetrar melhorias do ambiente interno atual é uma alternativa àqueles que estão
insatisfeitos com seu ambiente de trabalho.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 1
61. [Q883615]
O texto foi dividido em dois momentos. No primeiro, “Tempo de Escolher”, é CORRETO afirmar
que:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 4
62. [Q883616]
De acordo com o texto, uma característica apresentada pela vida que é justificativa para a
necessidade de se fazer escolhas é:
a ) A previsibilidade.
b ) A estabilidade.
c ) A imprevisibilidade.
d ) A impassibilidade.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 5
63. [Q883619]
Tempo de Escolher
“Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.”
(Albert Schweitzer)
Muitos amigos leitores têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas
carreiras. Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a
harmonia conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercício de suas atividades. Uns recebem
propostas para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém desafiadoras. Outros
têm diante de si um vasto leque de opções, muitas coisas por fazer, mas não conseguem abraçar a
tudo.
Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de escolhas. Lembro-me de
Clarice Lispector: “Entre o sim e o não, só existe um caminho: escolher".
Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da
virada”. Um momento especial em que uma decisão específica e irrevogável tem que ser tomada
apenas porque a vida não pode continuar como está. Algumas pessoas passam por isso aos 15 anos,
outras, aos 50. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no
decorrer de sua existência.
Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança
por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo ao muito duvidoso. Assim, uma companhia que
lhe oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a uma dotada de instabilidade com ousadia.
Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um
casamento.
Prazer e Vocação
Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci que dizia:
“A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”.
Sempre imaginei que fosse o contrário. Porém, refletindo, passei a compreender que quando
estimamos aquilo que fazemos, podemos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se
apenas procurarmos fazer o que gostamos, sempre estaremos numa busca insaciável, porque o que
gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.
Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí torno a recorrer à etimologia para
descobrir que o verbo “preferir” vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me
uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de
nosso livre-arbítrio.
Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de
empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas são um
bom caminho. De nada adianta assumir uma postura defensiva e crítica. Lembre-se de que as
pessoas não estão contra você, mas a favor delas.
Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele
viveu com paixão?”.
III - “Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros.”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 8
64. [Q883617]
Tempo de Escolher
“Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.”
(Albert Schweitzer)
Muitos amigos leitores têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas
carreiras. Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a
harmonia conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercício de suas atividades. Uns recebem
propostas para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém desafiadoras. Outros
têm diante de si um vasto leque de opções, muitas coisas por fazer, mas não conseguem abraçar a
tudo.
Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de escolhas. Lembro-me de
Clarice Lispector: “Entre o sim e o não, só existe um caminho: escolher".
Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da
virada”. Um momento especial em que uma decisão específica e irrevogável tem que ser tomada
apenas porque a vida não pode continuar como está. Algumas pessoas passam por isso aos 15 anos,
outras, aos 50. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no
decorrer de sua existência.
Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança
por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo ao muito duvidoso. Assim, uma companhia que
lhe oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a uma dotada de instabilidade com ousadia.
Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um
casamento.
Prazer e Vocação
Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci que dizia:
“A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”.
Sempre imaginei que fosse o contrário. Porém, refletindo, passei a compreender que quando
estimamos aquilo que fazemos, podemos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se
apenas procurarmos fazer o que gostamos, sempre estaremos numa busca insaciável, porque o que
gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.
Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí torno a recorrer à etimologia para
descobrir que o verbo “preferir” vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me
uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de
nosso livre-arbítrio.
Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de
empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas são um
bom caminho. De nada adianta assumir uma postura defensiva e crítica. Lembre-se de que as
pessoas não estão contra você, mas a favor delas.
Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele
viveu com paixão?”.
a ) Injuntivo.
b ) Argumentativo.
c ) Expositivo.
d ) Narrativo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Tipologias Textuais.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 6
65. [Q883621]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Analista - Área:
Farmácia / Questão: 10
66. [Q1752293]
Faça a correspondência da primeira com a segunda coluna e identifique a sequência cujo processo
de formação de palavras foi devidamente observado:
(1) Banditismo
(2) Desconhecer
(3) Coaxar
(4) Televisão
(5) Guarda-costas
(6) Hidrelétrico
( ) Onomatopeia
( ) Aglutinação
( ) Hibridismo
( ) Justaposição
( ) Sufixação
( ) Prefixação
a ) 1, 2, 3, 4, 5, 6.
b ) 3, 6, 4, 5, 1, 2.
c ) 3, 6, 5, 2, 1, 4.
d ) 1, 3, 5, 4, 2, 6.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Enfermeiro / Questão:
9
VIVER EM SOCIEDADE
E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que
tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros
muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material,
como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados de saúde.
Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa
amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além
disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas
esperanças.
Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo
de vida, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim, por
exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum
lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco
tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem
falar e trocar ideias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se
continuasse sozinha por muito tempo.
Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas
necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse
fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa
humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com
justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas
necessidades, é aquela em que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas
oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos.
Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e
exijam que eles sejam respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas
responsabilidades sociais.
Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e semântica para concursos. Rio de Janeiro:
Essevier, 2012.
67. [Q1753432]
“Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém
lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé
em alguma coisa, que é a base de suas esperanças. ”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 2
68. [Q1753430]
A partir do texto lido, podemos afirmar que, para o autor, viver em sociedade é:
a ) uma condição imprescindível para a sobrevivência, uma vez que o homem não conseguiria
viver isolado.
b ) uma forma que um grupo de pessoas unidas encontra para satisfazer seus interesses
pessoais.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 1
69. [Q2499177]
Antes da sanção da nova Lei de Drogas, o país tinha 47 mil presos por tráfico de
entorpecentes. Hoje, a cifra chegou a 138 mil – ou um a cada quatro presos. No caso das mulheres
presas, a situação é ainda pior: 64% delas estão ligadas ao tráfico. [...].
A nova política de drogas adotada a partir de 2006 trouxe a distinção entre usuário e
traficante. O usuário de drogas – que apenas utiliza substâncias ilícitas para seu próprio consumo,
sem comercializar – passou a ser condenado a penas leves, como advertência, prestação de
serviços comunitários ou medidas educativas. Já o traficante – aquele que pratica atividades
relacionadas à produção, distribuição e comercialização das drogas – é condenado de 5 a 15 anos
de prisão, [...]. Na lei anterior, de 1978, ele era condenado de 3 a 15 anos, mas a pena mínima foi
aumentada, a fim de evitar que a detenção fosse convertida em medidas alternativas [...].
Se a nova lei reconhece que prender o usuário não é a melhor solução – o que teoricamente
diminuiria a pressão no sistema carcerário – então como ela se relaciona com a piora da situação
nas prisões? Segundo entidades ligadas à Rede Justiça Criminal, a grande questão é a
subjetividade da lei. A diferença de usuário e traficante é definida pelo juiz, que analisa oito
critérios diferentes, incluindo a „natureza‟ e a „quantidade da substância‟ que o suspeito carrega,
bem como do contexto em que ele foi pego e seus antecedentes. Pequenas quantidades não
necessariamente são interpretadas como sinal de que se trata de um usuário, porque isso poderia
ser uma brecha na lei; os traficantes passariam a andar com pequenas quantidades de drogas por
vez, e assim se livrariam da prisão.
[...].
Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 250 mil, ou 40% do total, são presos
provisórios. A maior parte dessas prisões surge depois de uma prisão em flagrante. Prisões em
flagrante levam a prisões provisórias em 94,8% dos casos, segundo o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). O Infopen revela que 26% desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de
pessoas que viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais de dois meses no cárcere.
Esses números demonstram que a prisão provisória tem sido usada mais como regra do que
exceção – e que ela se tornou uma forma de antecipar a execução da pena. [...]. Uma forma de
atenuar o problema é a audiência de custódia, em que o preso em flagrante tem acesso a um juiz
em até 24 horas após a prisão. Esse juiz avalia o caso e decide se a continuidade da prisão é
necessária. A adoção de audiências de custódia diminuiu o nível de prisões provisórias após
flagrante para 53% na cidade de São Paulo, de acordo com o CNJ.
Vale notar que o número de presos provisórios brasileiros é semelhante ao déficit de vagas.
Evidentemente, não é possível dar liberdade a todos os detentos nessa condição, mas a revisão
desses casos poderia significar um alívio no problema.
ALTERNATIVAS
Segundo Isadora Fingermann, diretora-executiva do Instituto de Defesa do Direito de Defesa
(IDDD), [...]. Além do grande contingente de presos provisórios, existe o problema das condenações
a regime fechado sem necessidade. Em casos de condenações a menos de oito anos de reclusão, o
condenado pode cumprir pena no regime semiaberto ou aberto desde o início, segundo o Código
Penal. Enquanto 53% dos presos foram condenados nesses termos, apenas 18% cumprem pena em
regimes mais brandos – a maior parte cumpre regime fechado, apesar das possibilidades dadas em
lei. [...]. Hoje, existem 164 mil vagas no regime fechado, para 250 mil presos em tal regime,
segundo Fingermann.
FORTALECEM O CRIME
Finalmente, é preciso destacar que o Estado também falha em fornecer estrutura adequada
nas penitenciárias, de forma que em muitos casos não ocorre separação adequada dos presidiários,
nem atividades que visem à ressocialização do preso, como educação e cursos profissionalizantes.
Como já afirmamos esta não é uma lista exaustiva dos fatores que levaram à crise
penitenciária brasileira. A solução para o quadro lastimável do sistema carcerário envolve também
resolver outras questões, como a melhoria da educação básica e o desmantelamento do crime
organizado. Porém, o alívio da superlotação das prisões e políticas efetivas de ressocialização
depende também da resolução das questões apresentadas.”
No período “Enquanto 53% dos presos foram condenados nesses termos, apenas 18% cumprem
pena em regimes mais brandos [...]”, o verbo se apresenta no plural porque deve concordar com o
número expresso na porcentagem.
Nas assertivas abaixo, analise a concordância verbal e marque “V” se for verdadeira ou “F” se for
falsa e, em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na
ordem de cima para baixo:
( ) A maioria dos presos cumprem prisão provisória.
a ) V – V – V – V – V.
b ) F – V – V – V – F.
c ) V – F – F – V – V.
d ) F – V – F – F – F.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Regras gerais, Concordância verbal.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 11
70. [Q2499179]
Antes da sanção da nova Lei de Drogas, o país tinha 47 mil presos por tráfico de
entorpecentes. Hoje, a cifra chegou a 138 mil – ou um a cada quatro presos. No caso das mulheres
presas, a situação é ainda pior: 64% delas estão ligadas ao tráfico. [...].
A nova política de drogas adotada a partir de 2006 trouxe a distinção entre usuário e
traficante. O usuário de drogas – que apenas utiliza substâncias ilícitas para seu próprio consumo,
sem comercializar – passou a ser condenado a penas leves, como advertência, prestação de
serviços comunitários ou medidas educativas. Já o traficante – aquele que pratica atividades
relacionadas à produção, distribuição e comercialização das drogas – é condenado de 5 a 15 anos
de prisão, [...]. Na lei anterior, de 1978, ele era condenado de 3 a 15 anos, mas a pena mínima foi
aumentada, a fim de evitar que a detenção fosse convertida em medidas alternativas [...].
Se a nova lei reconhece que prender o usuário não é a melhor solução – o que teoricamente
diminuiria a pressão no sistema carcerário – então como ela se relaciona com a piora da situação
nas prisões? Segundo entidades ligadas à Rede Justiça Criminal, a grande questão é a
subjetividade da lei. A diferença de usuário e traficante é definida pelo juiz, que analisa oito
critérios diferentes, incluindo a „natureza‟ e a „quantidade da substância‟ que o suspeito carrega,
bem como do contexto em que ele foi pego e seus antecedentes. Pequenas quantidades não
necessariamente são interpretadas como sinal de que se trata de um usuário, porque isso poderia
ser uma brecha na lei; os traficantes passariam a andar com pequenas quantidades de drogas por
vez, e assim se livrariam da prisão.
[...].
Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 250 mil, ou 40% do total, são presos
provisórios. A maior parte dessas prisões surge depois de uma prisão em flagrante. Prisões em
flagrante levam a prisões provisórias em 94,8% dos casos, segundo o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). O Infopen revela que 26% desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de
pessoas que viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais de dois meses no cárcere.
Esses números demonstram que a prisão provisória tem sido usada mais como regra do que
exceção – e que ela se tornou uma forma de antecipar a execução da pena. [...]. Uma forma de
atenuar o problema é a audiência de custódia, em que o preso em flagrante tem acesso a um juiz
em até 24 horas após a prisão. Esse juiz avalia o caso e decide se a continuidade da prisão é
necessária. A adoção de audiências de custódia diminuiu o nível de prisões provisórias após
flagrante para 53% na cidade de São Paulo, de acordo com o CNJ.
Vale notar que o número de presos provisórios brasileiros é semelhante ao déficit de vagas.
Evidentemente, não é possível dar liberdade a todos os detentos nessa condição, mas a revisão
desses casos poderia significar um alívio no problema.
FORTALECEM O CRIME
Finalmente, é preciso destacar que o Estado também falha em fornecer estrutura adequada
nas penitenciárias, de forma que em muitos casos não ocorre separação adequada dos presidiários,
nem atividades que visem à ressocialização do preso, como educação e cursos profissionalizantes.
Como já afirmamos esta não é uma lista exaustiva dos fatores que levaram à crise
penitenciária brasileira. A solução para o quadro lastimável do sistema carcerário envolve também
resolver outras questões, como a melhoria da educação básica e o desmantelamento do crime
organizado. Porém, o alívio da superlotação das prisões e políticas efetivas de ressocialização
depende também da resolução das questões apresentadas.”
a ) “O Brasil também está no sentido contrário de países como os Estados Unidos, em que o
encarceramento tem caído. ”
c ) “Várias ações do Estado brasileiro nos últimos anos explicariam em grande parte os
problemas que estamos vivenciando hoje. ”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 12
Antes da sanção da nova Lei de Drogas, o país tinha 47 mil presos por tráfico de
entorpecentes. Hoje, a cifra chegou a 138 mil – ou um a cada quatro presos. No caso das mulheres
presas, a situação é ainda pior: 64% delas estão ligadas ao tráfico. [...].
A nova política de drogas adotada a partir de 2006 trouxe a distinção entre usuário e
traficante. O usuário de drogas – que apenas utiliza substâncias ilícitas para seu próprio consumo,
sem comercializar – passou a ser condenado a penas leves, como advertência, prestação de serviços
comunitários ou medidas educativas. Já o traficante – aquele que pratica atividades relacionadas à
produção, distribuição e comercialização das drogas – é condenado de 5 a 15 anos de prisão, [...]. Na
lei anterior, de 1978, ele era condenado de 3 a 15 anos, mas a pena mínima foi aumentada, a fim de
evitar que a detenção fosse convertida em medidas alternativas [...].
Se a nova lei reconhece que prender o usuário não é a melhor solução – o que teoricamente
diminuiria a pressão no sistema carcerário – então como ela se relaciona com a piora da situação nas
prisões? Segundo entidades ligadas à Rede Justiça Criminal, a grande questão é a subjetividade da
lei. A diferença de usuário e traficante é definida pelo juiz, que analisa oito critérios diferentes,
incluindo a „natureza‟ e a „quantidade da substância‟ que o suspeito carrega, bem como do
contexto em que ele foi pego e seus antecedentes. Pequenas quantidades não necessariamente são
interpretadas como sinal de que se trata de um usuário, porque isso poderia ser uma brecha na lei;
os traficantes passariam a andar com pequenas quantidades de drogas por vez, e assim se livrariam
da prisão.
[...].
Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 250 mil, ou 40% do total, são presos
provisórios. A maior parte dessas prisões surge depois de uma prisão em flagrante. Prisões em
flagrante levam a prisões provisórias em 94,8% dos casos, segundo o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). O Infopen revela que 26% desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de
pessoas que viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais de dois meses no cárcere.
Esses números demonstram que a prisão provisória tem sido usada mais como regra do que
exceção – e que ela se tornou uma forma de antecipar a execução da pena. [...]. Uma forma de
atenuar o problema é a audiência de custódia, em que o preso em flagrante tem acesso a um juiz em
até 24 horas após a prisão. Esse juiz avalia o caso e decide se a continuidade da prisão é necessária.
A adoção de audiências de custódia diminuiu o nível de prisões provisórias após flagrante para 53%
na cidade de São Paulo, de acordo com o CNJ.
Vale notar que o número de presos provisórios brasileiros é semelhante ao déficit de vagas.
Evidentemente, não é possível dar liberdade a todos os detentos nessa condição, mas a revisão
desses casos poderia significar um alívio no problema.
ALTERNATIVAS
FORTALECEM O CRIME
Finalmente, é preciso destacar que o Estado também falha em fornecer estrutura adequada
nas penitenciárias, de forma que em muitos casos não ocorre separação adequada dos presidiários,
nem atividades que visem à ressocialização do preso, como educação e cursos profissionalizantes.
Como já afirmamos esta não é uma lista exaustiva dos fatores que levaram à crise
penitenciária brasileira. A solução para o quadro lastimável do sistema carcerário envolve também
resolver outras questões, como a melhoria da educação básica e o desmantelamento do crime
organizado. Porém, o alívio da superlotação das prisões e políticas efetivas de ressocialização
depende também da resolução das questões apresentadas.”
71. [Q2499166]
Certas palavras, sobretudo pronomes, advérbios e conectivos permitem a conexão das ideias na
medida em que estabelecem ligação entre as partes de um texto, facilitando, dessa forma, a sua
compreensão.
Nos trechos abaixo, analise a que termo do texto se referem as palavras destacadas e após assinale
a única resposta CORRETA, na ordem de cima para baixo:
1. “Na lei anterior, de 1978, ele era condenado de 3 a 15 anos [...].”
2. “[...] estes não são os únicos fatores que levaram à crise atual [...].”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 7
72. [Q2499162]
b ) Políticas efetivas de ressocialização devem ser priorizadas como uma das medidas para
aliviar a superlotação carcerária.
c ) A crise penitenciária brasileira é causada pela lista exaustiva de fatores que o autor
descreveu no texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 6
73. [Q2499155]
De acordo com o autor do texto, uma das soluções para o quadro lastimável do sistema carcerário
é:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 3
74. [Q2499161]
“Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 250 mil, ou 40% do total, são presos
provisórios. A maior parte dessas prisões surge depois de uma prisão em flagrante. Prisões em
flagrante levam a prisões provisórias em 94,8% dos casos, segundo o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). O Infopen revela que 26% desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de
pessoas que viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais de dois meses no cárcere.”
a ) o autor utiliza-se de uma descrição de dados, mas sutilmente tem a intenção de estabelecer
uma crítica.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 5
75. [Q2499151]
a ) A revisão das prisões provisórias no Brasil poderia significar um alívio na crise do sistema
prisional.
c ) Cinquenta por cento das prisões no Brasil são relativas ao tráfico de drogas.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 1
76. [Q2499153]
De acordo com o texto, a deterioração do sistema prisional brasileiro tem relação com diversos
fatores sendo que estes por si só não explicam totalmente o problema, contudo, o alívio da
superlotação das prisões e políticas de ressocialização depende também da resolução das questões
apresentadas.
Assinale a alternativa que contém os fatores que levaram à crise penitenciária, conforme
apresentados no texto:
d ) Ausência de solução para a crise prisional, aplicação da nova Lei de Drogas, excesso de
prisões provisórias, atuação do crime organizado, tráfico de drogas no interior das
penitenciárias, ausência de educação básica e falta de aplicação de audiências de custódia.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos, Sentidos do texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Sargento da Polícia
Militar / Questão: 2
SEGURANÇA
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os
jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada
por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um
circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente
identificados e crachados.
Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.
Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro
lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes
eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém
pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.
Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais
importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria
eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordem de atirar
para matar.
Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos
muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado,
erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram
engradadas.
Mas os assaltos continuaram.
Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes
tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver
apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás
roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle de saídas. Para
sair, só com exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria
conversa nem aceitava suborno.
Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais
coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi
tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local
predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.
Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo
seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão
de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades de sua casa, olhando
melancolicamente para a rua.
77. [Q1752211]
b ) Extremamente eficaz, a equipe responsável pela segurança do condomínio pôs fim aos
assaltos, assim que os moradores passaram a respeitar os limites e as regras impostas pela
guarda.
c ) Paralelamente aos assaltos que eram constantes, o sistema de vigilância do condomínio foi
aprimorado. A vida dos moradores tornou-se mais segura e tranquila.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Enfermeiro / Questão:
3
78. [Q1752282]
I - Os guardas responsáveis pela segurança do condomínio atuaram muito ________ na execução dos
serviços.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Enfermeiro / Questão:
7
79. [Q1752287]
d ) A Serra do Cipó é o local onde há maior biodiversidade por quilômetro quadrado do mundo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Regras de acentuação, Ortografia oficial e acentuação gráfica, Acentuação
gráfica.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Enfermeiro / Questão:
8
SEGURANÇA
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os
jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada
por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um
circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente
identificados e crachados.
Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.
Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro
lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes
eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém
pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.
Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais
importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria
eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordem de atirar
para matar.
Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos
muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado,
erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram
engradadas.
Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes
tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver
apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás
roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle de saídas. Para
sair, só com exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria
conversa nem aceitava suborno.
Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais
coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi
tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local
predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.
Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo
seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão
de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades de sua casa, olhando
melancolicamente para a rua.
80. [Q1752209]
Em relação à sequência dos fatos e ao processo de organização das ideias, no texto, é CORRETO
afirmar:
d ) Ao final do texto, um novo problema é apresentado: a guarda é obrigada a agir com energia
contra moradores e criminosos envolvidos em motinsconstantes.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Conhecimentos específicos de Língua Portuguesa.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Enfermeiro / Questão:
2
81. [Q1753448]
a ) Paradoxo.
b ) Denotação.
c ) Conotação e denotação.
d ) Conotação.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Linguagem denotativa e linguagem conotativa (denotação e conotação).
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 9
82. [Q1753445]
“Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos personagens e do
narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos personagens - podem ser
confundidas.”
Marque a alternativa que contém o tipo de discurso CORRETO utilizado no excerto apresentado:
a ) Discurso indireto
d ) Discurso direto.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Discurso indireto livre (misto).
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 8
83. [Q1753451]
Marque a alternativa CORRETA que denomina a palavra quando esta apresenta multiplicidade de
sentidos.
a ) Homônimo.
b ) Sinônimo.
c ) Polissemia.
d ) Antônimo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Polissemia.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 10
VIVER EM SOCIEDADE
E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que
tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros
muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material,
como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados de saúde.
Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa
amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além
disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas
esperanças.
Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo
de vida, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim, por
exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum
lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco
tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem
falar e trocar ideias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se
continuasse sozinha por muito tempo.
Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas
necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse
fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa
humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com
justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas
necessidades, é aquela em que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas
oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos.
Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e
exijam que eles sejam respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas
responsabilidades sociais.
Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e semântica para concursos. Rio de Janeiro:
Essevier, 2012.
84. [Q1753435]
Quanto à tipologia, o texto apresenta as características de um (a):
a ) Carta.
b ) Artigo de opinião.
c ) Debate.
d ) Crônica.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Artigo de opinião.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 3
85. [Q1753442]
“E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa
humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas.”
a) Na sociedade organizada com justiça, todas as pessoas satisfazem todas as suas necessidades.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 6
86. [Q1753438]
relação ao texto, nas assertivas abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F” se for falsa e, em
seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima
para baixo:
( ) Na sociedade organizada basta que as pessoas possam satisfazer todos os seus desejos.
a) V V F F.
b) F F V V.
c) V V F V.
d) F F V F.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 4
O Roubo do Relógio
Rolando Boldrin
Naquele arraial do Pau Fincado, havia um sujeitinho danado pra roubar coisas. Às vezes galinha, às
vezes cavalo, às vezes coisas miúdas. A verdade é que o dito cujo era chegado em surrupiar bens
alheios.
Todo mundo daquele arraial já estava até acostumado com os tais furtos. E a coisa chegou a tal
ponto de constância que bastava alguém da por falta de qualquer objeto e lá vinha o comentário:
“Ah, foi o Justino Larápio”.
E foi numa dessas que sumiu o relógio do cumpadi João, um cidadão por demais conhecido por
aquelas bandas do Pau Fincado. Foi a conta de sumir o relógio dele para o dito cujo correr pra
delegacia mais próxima e dar parte do fato.
O delegado pediu que o sêo João arranjasse três testemunhas para lavrar o ocorrido e então prender
o tal ladrãozinho popular. Arranjar três testemunhas de que o tal Justino havia surrupiado qualquer
coisa era fácil, dado a popularidade do dito cujo pra esses afazeres fora da lei.
A cena que conto agora transcorreu assim, sem tirar nem pôr. Intimado o Justino, eis ali, ladrão,
vítima e três testemunhas:
DELEGADO (para a primeira testemunha) – O senhor viu o Justino roubar o relógio do sêo João, aqui
presente?
TESTEMUNHA 1 – Dotô.Vê, ansim com os óio, eu num posso dizê que vi. Mas sei que ele é ladrão
mêmo. O que ele vê na frente dele, ele passa a mão na hora. Pode prendê ele dotô!
DELEGADO (para a segunda testemunha) – E o senhor? Viu o Justino roubar o relógio do sêo João?
TESTEMUNHA 2 – Óia, dotô ...num vô falá que vi ele fazê isso, mas todo mundo no arraiá sabe que
ele róba mêmo, uai. Pode prender sem susto. Eu garanto que foi ele que robô esse relógio.
DELEGADO (para a última testemunha) – E o senhor? Pode me dizer se viu o Justino roubar o relógio
do sêo João?
TESTEMUNHA 3 – Dotô, ponho a mão no fogo si num foi ele. Prende logo esse sem vergonha, ladrão
duma figa. Foi ele mêmo!
DELEGADO – Mas o senhor não viu ele roubar? O senhor sabe que foi ele, mas não viu o fato em si?
TESTEMUNHA 3 – Num carece de vê, dotô! Todo mundo sabe que ele róba. Pode preguntá pra
cidade intêra. Foi ele. Prende logo esse peste!
DELEGADO (olhando firme para o Justino) – Olha aqui, Justino. Eu também tenho certeza de que foi
você que roubou o relógio do sêo João. Mas, como não temos provas cabíveis, palpáveis e
congruentes.... você está, por mim, absolvido.
JUSTINO (espantado, arregalando os olhos para o delegado) – O que, dotô ? O que que o sinhô me
diz? Eu tô absorvido????
87. [Q1684888]
II. A língua é um sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de
empobrecimento do léxico.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2016 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 5
88. [Q1684884]
Nas alternativas abaixo, apenas uma das palavras sublinhadas poderia ser substituída pela que
está entre colchetes sem sofrer alteração de sentido.
Assinale a alternativa em que a substituição está CORRETA.
a ) ( ) Mas, como não temos provas cabíveis, palpáveis e congruentes.... você está, por mim,
absolvido. [açoitado]
b ) ( ) Num carece de vê, dotô! Todo mundo sabe que ele róba. [convir]
c ) ( ) E foi numa dessas que sumiu o relógio do cumpadi João, um cidadão por demais conhecido
por aquelas bandas do Pau Fincado. [conjunto]
d ) ( ) Todo mundo daquele arraial já estava até acostumado com os tais furtos. E a coisa chegou
a tal ponto de constância que bastava alguém da por falta de qualquer objeto e lá vinha o
comentário: “Ah, foi o Justino Larápio”. [persistência]
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Reescrita de frases e parágrafos do texto, Equivalência, substituição,
reorganização e transformação de palavras ou trechos do texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2016 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 4
89. [Q1684870]
Leia o excerto a seguir marque a alternativa CORRETA. “Naquele arraial do Pau Fincado, havia um
sujeitinho danado pra roubar coisas.”
De acordo com o excerto apresentado, o diminutivo foi empregado pelo autor para reforçar o
sentido:
a) ( ) Pejorativo.
b) ( ) Carinhoso.
c) ( ) Tamanho.
d) ( ) Provocativo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Grau dos advérbios.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2016 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 1
90. [Q1684876]
Leia o excerto a seguir e marque a alternativa CORRETA. “Dotô.Vê, ansim com os óio, eu num
posso dizê que vi. Mas sei que ele é ladrão mêmo”.
a) ( ) Conjunção pospositiva.
b) ( ) Adjunto adnominal.
c) ( ) Adjunto adverbial.
d) ( ) Adjetiva explicativa.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise sintática, Pontuação, Uso da Vírgula, Oração.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2016 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 2
91. [Q1820877]
c ) Em dias difíceis, rezamos à Nossa Senhora e pedimos força para seguir adiante.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 11
Refazendo anotação
O pilotão apressado
Ou haverá desavença.
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Quando há um julgamento
Um julgamento eu mereço
E o nosso Onipotente
Te excomungo Virgulino
Cangaceiro endiabrado.
Do que há na santarada
Do reino do Soberano
A guarnição assombrada
Um cansaço demonstrava.
Pedro já desesperado
De José é convidado
No Nordeste brasileiro
Onde é “santificado”.
Recolheu-se ao aposento
Daquele acontecimento.
Fique despreocupado
O receba na guarita
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Extorquindo o cidadão.
O destino em má sorte
FIM
Idioma: Português
92. [Q1820868]
Quando Pedro disse a Lampião Volte lá pro seu Nordeste / Que só o cabra da peste / Com você se
acostumou é CORRETO afirmar que a expressão cabra da peste refere-se:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 7
93. [Q1820872]
b ) Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico.
d ) Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa
do procedimento de Camilo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período, Análise sintática, Período, Período composto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 9
94. [Q1820880]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 13
Refazendo anotação
Daqueles santos faltosos
O pilotão apressado
Ou haverá desavença.
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Quando há um julgamento
Um julgamento eu mereço
Pra sanar as injustiças
E o nosso Onipotente
Te excomungo Virgulino
Cangaceiro endiabrado.
Do que há na santarada
O pipocado de bala
Do reino do Soberano
A guarnição assombrada
Um cansaço demonstrava.
Pedro já desesperado
De José é convidado
No Nordeste brasileiro
Onde é “santificado”.
Recolheu-se ao aposento
Daquele acontecimento.
Fique despreocupado
Diga a Pedro que se acalme
O receba na guarita
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Extorquindo o cidadão.
O destino em má sorte
FIM
95. [Q1820866]
Nas sequências de palavras abaixo, escolha a alternativa CORRETA, que corresponda aos
contextos de emprego da linguagem na seguinte ordem: contexto religioso - contexto regional -
contexto jurídico.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 5
96. [Q1820867]
Leia o recorte do texto a seguir: Sou o Capitão Virgulino / Guerrilheiro do sertão / Defendi o
nordestino / Da mais terrível aflição / Por culpa duma polícia / Que promovia malícia / Extorquindo
o cidadão. Em seguida, marque a alternativa CORRETA que corresponda ao perfil de pessoa o qual
Lampião procura demonstrar ser nesta passagem do texto:
c ) Herói que não lutava em defesa de um povo oprimido pelas forças policiais do estado.
d ) Herói que lutava em defesa de um povo oprimido pelas forças policiais do estado.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 6
97. [Q1820875]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 10
Refazendo anotação
O pilotão apressado
Ou haverá desavença.
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Quando há um julgamento
Um julgamento eu mereço
E o nosso Onipotente
Te excomungo Virgulino
Cangaceiro endiabrado.
Do que há na santarada
O pipocado de bala
Do reino do Soberano
A guarnição assombrada
Um cansaço demonstrava.
Pedro já desesperado
De José é convidado
No Nordeste brasileiro
Onde é “santificado”.
Padre Cícero experiente
Recolheu-se ao aposento
Daquele acontecimento.
Fique despreocupado
O receba na guarita
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Extorquindo o cidadão.
O destino em má sorte
FIM
Idioma: Português
98. [Q1820855]
Diante das atitudes das personagens citadas no texto é CORRETO afirmar que a maior rejeição à
presença de Lampião foi evidenciada por:
a ) Padre Cícero.
b ) São João.
c ) São Pedro.
d ) Santo Antônio.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Pressupostos e subentendidos, Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 1
99. [Q1820856]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2015 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Oficial - Área: Armeiro (CHO/CSTGSP) / Questão: 2
100. [Q716123]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar /
Questão: 5
101. [Q1063465]
“O romantismo, embora a gente não o veja sempre assim, é uma forma exacerbada de egoísmo”.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 38
102. [Q1063464] Marque a alternativa CORRETA. Conforme o texto, o idealismo, como força de
mudança na conduta humana:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 37
103. [Q1063466] Marque a alternativa cujo sinal indicativo de crase seja OBRIGATÓRIO,
preenchendo CORRETAMENTE a lacuna:
d ) Não estou falando de todas as mulheres; refiro-me ___ que você ama.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Emprego do sinal indicativo de crase, Casos obrigatórios de crase.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 39
104. [Q716120] Com relação ao papel a ser desempenhado pelos denominados deuteragonistas, é
CORRETO afirmar que:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar /
Questão: 2
b) A lealdade se apoia somente em sentimentos, pois é fácil zelar por outrem quando não se
ama.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 36
106. [Q716119] De acordo com o texto é CORRETO afirmar que na concepção de Virginia Woolf
“o bom diarista” seria quem:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar /
Questão: 1
107. [Q1063467]
a) Adjunto Adverbial.
b) Adjunto Adnominal.
c) Aposto.
d) Vocativo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Aposto, Vocativo.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 40
108. [Q716121]
De acordo com o texto, marque nas assertivas abaixo, “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas.
Em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de
cima para baixo:
( ) O teatro não pode abrir mão do diálogo.
( ) O cinema não pode substituir o diálogo pela imagem para contar uma história.
( ) As imagens produzidas pelo cinema não possuem a mesma riqueza de significados presentes na
narrativa literária.
a) F, V, V, V.
b) V, F, V, V.
c) V, F, F, V.
d) V, V, V, F.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar /
Questão: 3
109. [Q1414911]
Marque a alternativa CORRETA cujo pronome exerce a função sintática de objeto direto:
b ) Espero-o na faculdade.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Médico - Área
Psiquiatria / Psiquiatra / Questão: 6
Uma Galinha
Clarice Lispector
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém,
ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença,
não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três
lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um
grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um
telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com
urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla
necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de
banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta,
hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De
telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais
selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum
auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a
presa o grito de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga,
pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha
tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas
vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela
para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é
que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se
fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas,
ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da
cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi
então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse
prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe
habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu
coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que
nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém
conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho,
esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que
não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem
propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai
afinal decidiu-se com certa brusquidão:
- Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de
volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em
quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a
rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos,
usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena
coragem, resquícios da grande fuga - e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça,
pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o
velho susto de sua espécie já mecanizado.
Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar
à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da
cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora
nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando
deu à luz ou bicando milho - era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo
dos séculos.
Texto extraído do livro “Laços de Família”, Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1998, pág. 30.
Selecionado por Ítalo Moriconi, figura na publicação “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do
Século”.
110. [Q1414906]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Médico - Área:
Ortopedia / Questão: 1
111. [Q1414915]
a) O carteiro bateu a porta da empresa e foi o gerente quem atendeu (ato de chamar / bater
junto à porta para que atendam).
b) O carteiro bateu à porta da empresa e foi o gerente quem atendeu (ato de chamar / bater
junto à porta para que atendam).
c) O funcionário após discutir com o chefe bateu à porta da sala e saiu em direção ao refeitório
(ato de fúria / fechar a porta com força).
d) O funcionário após discutir com o chefe bateu na porta da sala e saiu em direção ao refeitório
(ato de fúria / fechar a porta com força).
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Médico - Área:
Ortopedia / Questão: 9
Uma Galinha
Clarice Lispector
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém,
ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença,
não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três
lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um
grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um
telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com
urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla
necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de
banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta,
hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De
telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais
selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum
auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a
presa o grito de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga,
pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha
tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas
vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela
para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é
que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se
fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas,
ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da
cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi
então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse
prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe
habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu
coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que
nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém
conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho,
esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que
não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem
propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai
afinal decidiu-se com certa brusquidão:
- Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de
volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em
quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a
rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos,
usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena
coragem, resquícios da grande fuga - e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça,
pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o
velho susto de sua espécie já mecanizado.
Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar
à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da
cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora
nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando
deu à luz ou bicando milho - era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo
dos séculos.
Texto extraído do livro “Laços de Família”, Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1998, pág. 30.
Selecionado por Ítalo Moriconi, figura na publicação “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do
Século”.
112. [Q1414908]
Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao sentido dado à palavra apatia, na passagem do
texto relacionada ao comportamento da galinha quando ela passou a viver com a família:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Médico - Área:
Ortopedia / Questão: 3
113. [Q1414909]
Marque a alternativa CORRETA com relação ao que propiciou o desfecho da história da galinha:
a) A coragem demonstrada pela galinha na tentativa de fuga.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Médico - Área:
Ortopedia / Questão: 4
114. [Q1414910]
Marque a alternativa CORRETA com relação à formação de palavras por derivação parassintética:
a) Absolutamente.
b) Incapaz.
c) Combater.
d) Emudecer.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Formação das Palavras, Derivação parassintética (circunfixação).
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Médico - Área:
Ortopedia / Questão: 5
Cultura desbotada
Daniel Piza
Antigamente havia uma noção razoavelmente disseminada de que ter “cultura geral” era importante,
de que fazia parte dos requisitos da cidadania. Hoje, na suposta Era da Informação, é difícil imaginar
compromisso mais fora de moda. Mesmo artistas, escritores e professores têm lacunas tremendas na
formação cultural. Como se via na seção “Antologia pessoal” que este caderno mantinha, eles não
leram muitos clássicos, dominam mal os conceitos filosóficos e científicos e se interessam pouco por
história. Penso em diretores de cinema como Bergman e Fellini, no conhecimento amoroso que
tinham de literatura, teatro, pintura e música, e comparo com os atuais, dos quais tenho conhecido
alguns. A diferença de repertório é abissal e, mais importante, se manifesta nos filmes, hoje tão mais
vazios.
Ou então leio Assunto Encerrado, de Ítalo Calvino, livro de 1980 que acaba de sair aqui (Companhia
das Letras), e não consigo escapar da pergunta: não se faz mais gente assim? Calvino conversa com
o leitor de modo erudito e sedutor ao mesmo tempo, sobre os mais diversos assuntos, e sempre com
algo próprio a dizer. Ele critica, por exemplo, os que não entenderam a lição de Flaubert, pois a
tomaram por um exercício linguístico em vez da experiência vital, e diz que isso resultou em
“romances desbotados, como a água da lavagem dos pratos, em que nada a gordura de sentimentos
requentados”. Como se vê, Calvino, que critica o formalismo de Barthes, o escapismo dos beatniks e
elogia o cientista Galileu como um dos maiores prosadores da língua italiana, não é o pós-modernista
que muitos de seus fãs querem nos fazer crer. Por sinal, gosto muito de sua ficção em O visconde
partido ao meio e As cidades invisíveis, embora ele mesmo confesse uma opção pelos personagens
“sem introspecção”; mas o ensaísta de Seis propostas para o próximo milênio e Por que ler os
Clássicos merece ser mais lido do que nunca. São livros perfeitos para que se entenda que ter
cultura não é acumular referências, e sim um processo orgânico no qual o prazer é fundamental,
desde que não seja visto como mera reação emocional a estímulos de superfície. No Brasil é comum
que pseudointelectuais torçam a vista para a palavra “prazer” aplicada a obras de arte e pensamento
que eles julgam sacrossantas porque, na verdade, sua inteligência – ou de seus orientadores
universitários – não as alcança.
Inteligência, claro, também parece tão fora de moda quanto usar chapéus. Programas de TV e
revistas falam o tempo todo em “tipos de inteligência” ou em “inteligência emocional”, mas não
conseguem disfarçar o sabor de vingança que sentem com esse desprestígio do raciocínio articulado,
formado por leituras atentas. E desvincular inteligência e cultura é outra tática que só serve ao
conservadorismo dos nossos tempos, ao consumismo sentimental que emana da mídia sem parar.
Sim, há pessoas que leram muito e continuam burras, mas isso porque leem burramente... O difícil é
querer que as pessoas realmente inteligentes não sejam curiosas por natureza, atraídas pelo
conhecimento porque sabem que sem ele não há equipamento mental que se aprimore.
Essa overdose audiovisual, adversária da concentração sem a qual não existe formação – e toda
formação exige alto grau de autodidatismo –, é apenas uma das causas do crescente desbotamento
cultural da humanidade. A visão do intelectual como um sujeito ou insensível ou desajeitado, ainda
que muitos intelectuais a confirmem, tem outras motivações históricas. Pode reparar que nos filmes
de ação, sobretudo americanos, os vilões são sempre mais “sofisticados” que os heróis; se estes
triunfam, é porque têm bom coração. Em parte isso tem a ver com os estereótipos sobre o nazismo,
que provocam a pergunta banal sobre “como alguém que escuta Schubert pode matar milhões de
pessoas” (escutar Schubert não é atestado moral); mas, na verdade, os antecede, como na cultura
rousseauniana que as Américas adotaram.
Já passa da hora de entender que a aproximação a uma cultura mais voltairiana, “europeia” no
melhor sentido (não dessa Europa deprimida e deprimente de Berlusconis e Sarkozys), faria bem ao
mundo. Nesse extraordinário livro com os textos para a rádio BBC, Ouvintes Alemães (Zahar),
Thomas Mann – outro exemplo de artista-intelectual em extinção – critica a mutilação da noção de
Europa pelos nazistas: “Ela era o contrário da estreiteza provinciana, do egoísmo ilimitado, da
brutalidade nacionalista e da falta de educação; significava liberdade, amplitude, espírito e bondade.
‘Europa’, isso era um patamar, um padrão cultural.” Mann demonstra ainda o que é cosmopolitismo
ao criticar seu próprio país: “O nazismo é uma caricatura terrível de todas as fraquezas e loucuras
da essência alemã, a ponto de corrermos o perigo de esquecer suas virtudes.” Não existem povos
eleitos.
Aqui chegamos a outro motivo da desvalorização da “cultura geral”: a campanha contra o tal
eurocentrismo, contra a civilização ocidental que, com seus “machos brancos” ou seus recalques
vitorianos, teria calado as demais – campanha que, ironicamente, começou nas academias da
Europa. Mas o Renascimento e o Iluminismo, assim como a arte moderna, são criações europeias
que evidentemente a distinguem de outras civilizações – como a islâmica ou a chinesa, que tinham
estado à sua frente em séculos anteriores. Familiarizar-se com todas elas é o caminho, mas ele
implica não renegar a importância cultural da história polifônica que vai de Dante a Picasso e de
Galileu a Einstein.
Há também a questão do trabalho cada vez mais especializado, que compartimenta os saberes em
jargões e pretensões. Mas o melhor especialista é o que se beneficia do contato com outras áreas, e
hoje felizmente se começa a ver que um olhar transversal ou multidisciplinar é indispensável. E uma
cultura não vive apenas de
especialistas. Basta lembrar jornalistas como Otto Lara Resende, Antonio Callado, Paulo Francis:
todos liam muito sobre história e tinham a liberdade de se interessar por diversos temas. O grande
inimigo, porém, é a noção de que vivemos num eterno presente, como se o reexame da tradição não
fosse fundamental para as ideias e as artes. E tome uma “elite” cada vez mais antenada e cada vez
mais inculta.
115. [Q1415808]
Assinale a alternativa cuja palavra destacada possa ser substituída pela que está entre parênteses,
sem que haja perda de sentido e procedendo às modificações necessárias:
a ) “(...) O difícil é querer que as pessoas realmente inteligentes não sejam curiosas por
natureza, atraídas pelo conhecimento porque sabem que sem ele não há equipamento mental
que se aprimore.” (=retrossegue)
b ) “(...) E desvincular inteligência e cultura é outra tática que só serve ao conservadorismo dos
nossos tempos, (...)” (=reformismo)
c ) “Antigamente havia uma noção razoavelmente disseminada de que ter ‘cultura geral’ era
importante, de que fazia parte dos requisitos da cidadania.” (=vogada)
d ) “(...) A diferença de repertório é abissal e, mais importante, se manifesta nos filmes, hoje tão
mais vazios.” (=medíocre)
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Equivalência e substituição de palavras, locuções, expressões e trechos..
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 2
116. [Q1415807]
Segundo o 1º parágrafo do texto, a noção de que ter “cultura geral” é hoje, na Era da Informação:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 1
117. [Q1415814]
c ) Dei a Alice um mil e seiscentos reais, para que pagasse suas dívidas.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 7
118. [Q1415822]
a ) “Joana, tenho mais o que fazer!”. Ao se utilizar o advérbio “mais” é obrigatório o uso do
pronome “o”.
b ) “O preso foi solto, mas todos o agrediam.” A palavra destacada funciona como objeto indireto
do verbo “agredir”.
d ) “Você deve zelar a honra dos seus.” O pronome destacado está no plural por se tratar de
pronome possessivo adjetivado no sentido de “parentes”, “família”.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 8
119. [Q1415828]
A respeito da estrutura das palavras, assinale a alternativa que esteja em desacordo com as
normas gramaticais:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 11
120. [Q1415829]
Assinale a opção CORRETA quanto às palavras sublinhadas:
a) Os sêxtuplos ainda estão da maternidade”. O numeral não pode ser usado como substantivo.
b) Durante a reunião, falou-se de mil e uma sugestões ”. O termo destacado na linguagem afetiva
e hiperbólica é esvaziado de seu sentido próprio para exprimir número determinado.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 12
121. [Q1415825]
b) “Os sentimentos a que me refiro são três, a saber: amor, compaixão e perdão”. A locução
sublinhada, chamada “denotativa”, exprime explanação.
d) “Rivaldo agiu muito rapidamente.” A expressão destacada está no grau superlativo absoluto
sintético.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise sintática.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 9
122. [Q1415826]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 10
Cultura desbotada
Daniel Piza
Antigamente havia uma noção razoavelmente disseminada de que ter “cultura geral” era importante,
de que fazia parte dos requisitos da cidadania. Hoje, na suposta Era da Informação, é difícil imaginar
compromisso mais fora de moda. Mesmo artistas, escritores e professores têm lacunas tremendas na
formação cultural. Como se via na seção “Antologia pessoal” que este caderno mantinha, eles não
leram muitos clássicos, dominam mal os conceitos filosóficos e científicos e se interessam pouco por
história. Penso em diretores de cinema como Bergman e Fellini, no conhecimento amoroso que
tinham de literatura, teatro, pintura e música, e comparo com os atuais, dos quais tenho conhecido
alguns. A diferença de repertório é abissal e, mais importante, se manifesta nos filmes, hoje tão mais
vazios.
Ou então leio Assunto Encerrado, de Ítalo Calvino, livro de 1980 que acaba de sair aqui (Companhia
das Letras), e não consigo escapar da pergunta: não se faz mais gente assim? Calvino conversa com
o leitor de modo erudito e sedutor ao mesmo tempo, sobre os mais diversos assuntos, e sempre com
algo próprio a dizer. Ele critica, por exemplo, os que não entenderam a lição de Flaubert, pois a
tomaram por um exercício linguístico em vez da experiência vital, e diz que isso resultou em
“romances desbotados, como a água da lavagem dos pratos, em que nada a gordura de sentimentos
requentados”. Como se vê, Calvino, que critica o formalismo de Barthes, o escapismo dos beatniks e
elogia o cientista Galileu como um dos maiores prosadores da língua italiana, não é o pós-modernista
que muitos de seus fãs querem nos fazer crer. Por sinal, gosto muito de sua ficção em O visconde
partido ao meio e As cidades invisíveis, embora ele mesmo confesse uma opção pelos personagens
“sem introspecção”; mas o ensaísta de Seis propostas para o próximo milênio e Por que ler os
Clássicos merece ser mais lido do que nunca. São livros perfeitos para que se entenda que ter
cultura não é acumular referências, e sim um processo orgânico no qual o prazer é fundamental,
desde que não seja visto como mera reação emocional a estímulos de superfície. No Brasil é comum
que pseudointelectuais torçam a vista para a palavra “prazer” aplicada a obras de arte e pensamento
que eles julgam sacrossantas porque, na verdade, sua inteligência – ou de seus orientadores
universitários – não as alcança.
Inteligência, claro, também parece tão fora de moda quanto usar chapéus. Programas de TV e
revistas falam o tempo todo em “tipos de inteligência” ou em “inteligência emocional”, mas não
conseguem disfarçar o sabor de vingança que sentem com esse desprestígio do raciocínio articulado,
formado por leituras atentas. E desvincular inteligência e cultura é outra tática que só serve ao
conservadorismo dos nossos tempos, ao consumismo sentimental que emana da mídia sem parar.
Sim, há pessoas que leram muito e continuam burras, mas isso porque leem burramente... O difícil é
querer que as pessoas realmente inteligentes não sejam curiosas por natureza, atraídas pelo
conhecimento porque sabem que sem ele não há equipamento mental que se aprimore.
Essa overdose audiovisual, adversária da concentração sem a qual não existe formação – e toda
formação exige alto grau de autodidatismo –, é apenas uma das causas do crescente desbotamento
cultural da humanidade. A visão do intelectual como um sujeito ou insensível ou desajeitado, ainda
que muitos intelectuais a confirmem, tem outras motivações históricas. Pode reparar que nos filmes
de ação, sobretudo americanos, os vilões são sempre mais “sofisticados” que os heróis; se estes
triunfam, é porque têm bom coração. Em parte isso tem a ver com os estereótipos sobre o nazismo,
que provocam a pergunta banal sobre “como alguém que escuta Schubert pode matar milhões de
pessoas” (escutar Schubert não é atestado moral); mas, na verdade, os antecede, como na cultura
rousseauniana que as Américas adotaram.
Já passa da hora de entender que a aproximação a uma cultura mais voltairiana, “europeia” no
melhor sentido (não dessa Europa deprimida e deprimente de Berlusconis e Sarkozys), faria bem ao
mundo. Nesse extraordinário livro com os textos para a rádio BBC, Ouvintes Alemães (Zahar),
Thomas Mann – outro exemplo de artista-intelectual em extinção – critica a mutilação da noção de
Europa pelos nazistas: “Ela era o contrário da estreiteza provinciana, do egoísmo ilimitado, da
brutalidade nacionalista e da falta de educação; significava liberdade, amplitude, espírito e bondade.
‘Europa’, isso era um patamar, um padrão cultural.” Mann demonstra ainda o que é cosmopolitismo
ao criticar seu próprio país: “O nazismo é uma caricatura terrível de todas as fraquezas e loucuras
da essência alemã, a ponto de corrermos o perigo de esquecer suas virtudes.” Não existem povos
eleitos.
Aqui chegamos a outro motivo da desvalorização da “cultura geral”: a campanha contra o tal
eurocentrismo, contra a civilização ocidental que, com seus “machos brancos” ou seus recalques
vitorianos, teria calado as demais – campanha que, ironicamente, começou nas academias da
Europa. Mas o Renascimento e o Iluminismo, assim como a arte moderna, são criações europeias
que evidentemente a distinguem de outras civilizações – como a islâmica ou a chinesa, que tinham
estado à sua frente em séculos anteriores. Familiarizar-se com todas elas é o caminho, mas ele
implica não renegar a importância cultural da história polifônica que vai de Dante a Picasso e de
Galileu a Einstein.
Há também a questão do trabalho cada vez mais especializado, que compartimenta os saberes em
jargões e pretensões. Mas o melhor especialista é o que se beneficia do contato com outras áreas, e
hoje felizmente se começa a ver que um olhar transversal ou multidisciplinar é indispensável. E uma
cultura não vive apenas de
especialistas. Basta lembrar jornalistas como Otto Lara Resende, Antonio Callado, Paulo Francis:
todos liam muito sobre história e tinham a liberdade de se interessar por diversos temas. O grande
inimigo, porém, é a noção de que vivemos num eterno presente, como se o reexame da tradição não
fosse fundamental para as ideias e as artes. E tome uma “elite” cada vez mais antenada e cada vez
mais inculta.
123. [Q1415812]
“A noção de que vivemos num eterno presente” é considerada, pelo autor, uma inimiga. Um
motivo, segundo Daniel Piza, para tal fato está corretamente explicado na opção:
b) Viver num eterno presente torna as pessoas mais habilitadas para a convivência em
sociedade.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 5
124. [Q1415813]
“Essa overdose audiovisual, adversária da concentração sem a qual não existe formação – e toda
formação exige alto grau de autodidatismo –, é apenas uma das causas do crescente desbotamento
cultural da humanidade. A visão do intelectual como um sujeito ou insensível ou desajeitado, ainda
que muitos intelectuais a confirmem, tem outras motivações históricas. Pode reparar que nos
filmes de ação, sobretudo americanos, os vilões são sempre mais ‘sofisticados’ que os heróis; se
estes triunfam, é porque têm bom coração. (...)”.
c) Toda formação demanda um parco grau de autodidatismo, mesmo que haja overdose
audiovisual.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 6
125. [Q1415809]
a) O contato com outras áreas, um olhar transversal e multidisciplinar são prescindíveis para o
especialista de hoje.
b) O trabalho tem se tornado cada dia mais generalizado e por isso divide os saberes em jargões.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 3
126. [Q1415811]
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 4
127. [Q779571]
II. “(...) com reflexos e capacidade de decisão diminuídos pelo álcool (...)”
b ) em II, III e IV, temos palavras acentuadas pela regra das proparoxítonas.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 6
128. [Q779568] As expressões sublinhadas apresentam sua correspondência CORRETA em:
a ) “Apesar dessa defesa forte da filosofia por trás da lei seca, a norma como foi escrita encerra
dois vícios nacionais: competência de menos e amor demais pelo marketing.” (=concessão)
b ) “Desde que alguns poucos tubarões grandes possam aparecer algemados em portentosas
operações da PF transmitidas em programas noticiosos a, dispensa-se a boa instrução
processual.” (=tempo)
c ) “Ainda assim, o conceito por trás da lei seca é inatacável: você tem o direito de beber até
cair; mas, para tanto, precisa renunciar momentaneamente a outros direitos, (...)” (=adição)
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 3
129. [Q779578]
I. “(...) você tem o direito de beber até cair; mas, para tanto, precisa renunciar momentaneamente
a outros direitos (...)”
II. “Em vez de endurecer a punição a infratores, como aparenta fazer, ela poderá abrir uma
avenida para que escapem à sanção.“
III. “Em relação à multa e suspensão da carteira de motorista, sanção administrativa prevista no
art. 165, o problema não se coloca (...)”
IV. “Até acho que operações de marketing legal têm o seu valor, à medida que levam rapidamente
a um grande número de pessoas a mensagem embutida na nova legislação (...)”
a ) Em I, não se usou a crase por que temos apenas artigo que acompanha um pronome
indefinido seguido de substantivo masculino no plural.
b ) Em III, a crase foi usada para diferenciar uma locução prepositiva feminina de locução
adverbial de modo.
c ) Em IV, a crase foi usada porque vem antes de uma palavra feminina que forma uma locução
adjetiva que introduz uma oração subordinada adjetiva.
d ) Em II e III, usou-se a crase pelo mesmo motivo: diante de palavra feminina, havendo a
contração da preposição “a” com o artigo “a”.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 13
130. [Q779567] Pode-se afirmar, segundo o 6º parágrafo do texto, que a nova redação do artigo
306 do Código de Trânsito Brasileiro pode trazer como conseqüência a:
a ) legalidade
b ) impunidade
c ) insipiência
d ) resignação
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 2
131. [Q779576]
“Se muitos motoristas não observavam a norma, é principalmente porque a polícia não a
implementava.”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 11
132. [Q779577]
“Já que coletar provas, instruir um processo e enfrentar os intricados percalços da Justiça
brasileira dá trabalho e leva muito tempo (...)”
b ) Se o sujeito é composto de infinitivos que não são antônimos, ou se não vêm determinados, o
verbo fica no singular.
d ) Embora o texto seja escrito em português padrão, a forma correta seria com o verbo no
plural, sendo esta concordância chamada de silepse de número.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Concordância verbal.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 12
133. [Q779572] Assinale o trecho extraído do texto em que a vírgula está sendo usada para
separar uma oração subordinada adverbial anteposta à oração principal:
a) “Falo especificamente da nova redação do artigo 306 do CTB, que prevê a detenção.”
b) "O que mais me incomoda, entretanto, é o grande teatro que se montou nesse caso.”
c) “Como ferrenho entusiasta daquilo que se convencionou chamar de liberdades, defendo até as
últimas conseqüências (...)”
d) “(...) o sujeito estava bêbado como um gambá, mas não que ele excedeu os tais 6 dg/l.”
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 7
134. [Q779573] Assinale a alternativa em que a função sintática – entre parênteses – do pronome
relativo está CORRETA:
a) “(...) valendo de uma mesma chave interpretativa que me parece especialmente valiosa para
entender o Brasil de hoje.” (sujeito simples)
b) “Cada qual é livre para submeter-se a qualquer nível de perigo que julgue conveniente...”
(predicativo do sujeito)
c) “Em termos exclusivamente técnicos, a nova regra, enunciada na lei nº 11.705, que alterou o
Código de Trânsito Brasileiro (...)” (objeto direto)
d) “O que mais me incomoda, entretanto, é o grande teatro que se montou neste caso.” (agente
da passiva)
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 8
135. [Q779574]
“Até acho que operações de marketing legal têm o seu valor, à medida que levam rapidamente a
um grande número de pessoas a mensagem embutida na nova legislação.”
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 9
136. [Q779575] Assinale a alternativa em que a oração sublinhada está corretamente
classificada:
a) Mas não podemos nos contentar com algumas dúzias de prisões preventivas que depois não se
traduzem em condenações. – subordinada adverbial temporal
c) Se a punição para uma gestão fraudulenta que renda alguns bilhões de reais a seus autores
não for mais que uns poucos dias de cadeia entre a prisão preventiva/provisória e a concessão do
"habeas corpus", então delinqüir passa a valer a pena. – subordinada substantiva objetiva direta
d) Até acho que operações de marketing legal têm o seu valor, à medida que levam rapidamente
a um grande número de pessoas a mensagem embutida na nova legislação. – subordinada
adverbial proporcional
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 10
137. [Q779579]
“Para não descontentar ninguém(1), arrisco uma manobra temerária: vou comentar os dois
assuntos valendo-me de uma mesma chave interpretativa que me parece especialmente valiosa(2)
para entender o Brasil de hoje(3).“
Assinale a alternativa que contém a classificação CORRETA das orações sublinhadas no período:
b) (1) Subordinada adverbial final, reduzida de infinitivo / (2) Subordinada adjetiva restritiva /
(3) Subordinada adverbial final, reduzida de infinitivo.
c) (1) Coordenada sindética aditiva / (2) Coordenada sindética explicativa / (3) Coordenada
sindética aditiva.
d) (1) Subordinada substantiva objetiva direta, reduzida de infinitivo / 92) Subordinada adjetiva
explicativa / (3) Subordinada substantiva objetiva direta, reduzida de infinitivo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 14
138. [Q779570] Assinale a alternativa cuja palavra destacada possa ser substituída pela que está
entre parênteses, sem que haja perda de sentido e fazendo as adaptações necessárias:
a) “Só participa quem quer e nenhum incauto é apanhado de surpresa. Seria uma forma
inteligente de conciliar máxima liberdade e os ditames da razoável segurança social.” (=cautela)
b) “Para não descontentar ninguém, arrisco uma manobra temerária: vou comentar os dois
assuntos valendo-me de uma mesma chave interpretativa (...)” (=arrojada)
c) “Já que coletar provas, instruir um processo e enfrentar os intricados percalços da Justiça
brasileira dá trabalho e leva muito tempo, (...)” (=simples)
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 5
139. [Q779566]
“Espero estar errado, mas não há nada a sugerir que a recente disposição fiscalizatória veio para
ficar.”
Pode-se afirmar que, segundo a passagem acima, a disposição para fiscalizar poderá ser:
a) esquecida
b) promulgada
c) cinzelada
d) fissilizada
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 1
140. [Q779569] O 12º parágrafo do texto é construído PRINCIPALMENTE por meio de um (a):
a) disparate.
b) preito.
c) crítica.
d) ab-rogação.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 4
a ) O comandante da viatura perguntou: “Então, pode me entregar estes papéis que estão com o
senhor?”.
b ) Perguntado, o depoente respondeu: “Estamos em Belo Horizonte, logo não acredito que o
suspeito esteja aqui, nessa capital mineira”.
c ) O militar que atendeu a ocorrência disse: “Encontrei três suspeitos: João Sem Sorte (25
anos), José Azarado (22 anos) e CGO (14 anos). Esse é menor”.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 6
142. [Q779537]
Já havia este coronel cruzado a segunda porteira do Colégio quando a lua brotou de um
taquaral, do que aproveitei para dar uma vista na farda, correr o lenço no pescoço e atiçar a água-
de-cheiro que ele trazia. Feito isso, de novo em sela, deixei que a mulinha seguisse sua rotina. Era
de pata educada e boca tão macia que logo senti certa moleza, coisa assim aparentada do sono.
Não agüentei o cortinado das pestanas, mais pesado que arroba. Repeli, a safanão, essas molezas:
Em vão tentei retirar de mim tais quebrantos. Por dentro do luar, de rédea perdida, viajei
tempo sem conta. Ao dar acordo de Ponciano, já o ventão da costa andava longe e um jeito de alma
penada imperava nos ermos. Nesse entrementes, tive a atenção chamada por uns pés de cuité,
onde um vulto parecia escondido. Freei no supetão, não fosse uma tocaia armada contra a minha
pessoa. Cocei as armas, pronto para limpar a estrada a fogo de garrucha. Mas o luar pulou na
frente e desbaratou o vulto da cuitezeira, que não passava de um mal-entendido da noite. Aliviado,
catuquei a mula de sobre-leve. Não acusou roseta. Piquei de novo, e quem disse que ela arredava
casco da estrada? Orelha em pé como bicho em presença de perigo, a teimosa fincou as patas no
calhau. Mais uma vez risquei espora na barriga dela e de novo a bichinha rejeitou as ordens.
Conhecedor das manhas dos escuros, não quis fazer prevalecer a vontade do coronel, embora
tivesse poder para tanto. Deixei de lado esse direito e procurei entrar em entendimento com a
birrenta:
Foi quando, sem mais nem menos, deu entrada no meu ouvido aquele assovio fininho, vindo
não atinei de onde. Podia ser cobra em vadiagem de luar. Se tal fosse, a mula andava recoberta de
razão. Por isso, dei prazo de espera para que a peçonha saísse no claro. Nisso, outro assobio
passou rentoso de minha barba, com tanta maldade que a mula estremeceu da anca ao casco, ao
tempo em que sobrevinha do mato um barulho de folha pisada. Inquiri dentro do regulamento
militar:
De resposta tive novo assobio. Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem – era
sexta-feira. Tanto caçoei do povo de Juca Azeredo que o assombrado tomou a peito tirar vingança
de mim, como avisou o Sinhozinho. Pois muito pesar levava eu não poder, em tal estado, dar
provimento ao caso dele. Sujeito de patente, militar em serviço de água benta, carecia de
consentimento para travar demanda com lobisomem ou outra qualquer penitência dos pastos,
mesmo que fosse uma visagenzinha de menino pagão. Sempre fui cioso de lei e não ia em noite de
batizado manchar, na briga de estrada, galão e patente:
- Nunca!
A mulinha, a par de tamanha responsabilidade, que mula sempre foi bicho de grande
entendimento, largou os cascos na poeira. Para a frente a montaria não andava, mas na direção do
Sobradinho corria de vento em popa. Já um estirão era andado quando, numa roça de mandioca,
adveio aquele figurão de cachorro, uma peça de vinte palmos de pêlo e raiva. Na frente de
ostentação tão provida de ódio, a mulinha de Ponciano debandou sem minha licença por terra de
dormideira e cipó, onde imperava toda a raça de espinho, caruru-de-sapo e roseta-de-frade. O luar
era tão limpo que não existia matinho desimportante para as suas claridades – tudo vinha à tona,
de quase aparecer raiz. Aprovei a manobra da mula na certeza de que lobisomem algum arriscava
sua pessoa em tamanho carrascal. Enganado estava eu. Atrás, abrindo caminho e destorcendo
mato, vinha o vigancista do lobisomem. Roncava como porco cevado. Assim acuada, a mulinha
avivou carreira, mas tão desinfeliz que embaralhou a pata do coice numas embiras-de-corda. Não
tive mais governo de sela e rédea. Caí como sei cair, em posição militar, pronto para repelir
qualquer ofendimento. Digo, sem alarde, que o lobisomem bem podia sair da demanda sem avaria
ou agravo, caso não fosse um saco de malquerença. Estando eu em retirada, pelo motivo já sabido
de ser portador de galão e patente, não cabia a mim entrar em arruaça desguarnecido de licença
superior. Disso não dei conta ao enfeitiçado, do que resultou a perdição dele. Como disse, rolava eu
no capim, pronto a dar ao caso solução briosa, na hora em que o querelante apresentou aquela
risada de pouco caso e deboche:
- Quá-quá-quá...
Não precisou de mais nada para que o gênio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela
solta. Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de
consciência, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro:
Em presença de tal apelação, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o chão de soltar terra e
macega no longe de dez braças ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o
nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de
contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caçador de paca,
estando em distância de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. Já nessa altura eu
tinha pegado a segurança de uma figueira e lá de cima, no galho mais firme, aguardava a
deliberação do lobisomem. Garrucha engatilhada, só pedia que o assombrado desse franquia de
tiro. Sabidão, cheio de voltas e negaças, deu ele de executar macaquices que nunca cuidei
lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e lá na esperança de que eu pensasse
ser uma súcia deles e não uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria era que eu, coronel de
ânimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em
lobisomem como eu não ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da
figueira fiquei. Diante de tão firme deliberação, o vingativo mudou o rumo da guerra. Caiu de
dente no pé de pau, na parte mais afunilada, como se serrote fosse:
- Raque-raque-raque. (...)
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 12
143. [Q779536]
A bem dizer, sou Ponciano de Azeredo Furtado, coronel de patente, do que tenho honra e faço
alarde. Herdei do meu avô Simeão terras de muitas medidas, gado do mais gordo, pasto do mais
fino. (...)
a ) se apresentando ao juiz no fórum de Campos dos Goitacazes quando fora chamado para
depor.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 11
144. [Q779535]
O Coronel e o Lobisomem
Já havia este coronel cruzado a segunda porteira do Colégio quando a lua brotou de um
taquaral, do que aproveitei para dar uma vista na farda, correr o lenço no pescoço e atiçar a água-
de-cheiro que ele trazia. Feito isso, de novo em sela, deixei que a mulinha seguisse sua rotina. Era
de pata educada e boca tão macia que logo senti certa moleza, coisa assim aparentada do sono.
Não agüentei o cortinado das pestanas, mais pesado que arroba. Repeli, a safanão, essas molezas:
Foi quando, sem mais nem menos, deu entrada no meu ouvido aquele assovio fininho, vindo
não atinei de onde. Podia ser cobra em vadiagem de luar. Se tal fosse, a mula andava recoberta de
razão. Por isso, dei prazo de espera para que a peçonha saísse no claro. Nisso, outro assobio
passou rentoso de minha barba, com tanta maldade que a mula estremeceu da anca ao casco, ao
tempo em que sobrevinha do mato um barulho de folha pisada. Inquiri dentro do regulamento
militar:
De resposta tive novo assobio. Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem – era
sexta-feira. Tanto caçoei do povo de Juca Azeredo que o assombrado tomou a peito tirar vingança
de mim, como avisou o Sinhozinho. Pois muito pesar levava eu não poder, em tal estado, dar
provimento ao caso dele. Sujeito de patente, militar em serviço de água benta, carecia de
consentimento para travar demanda com lobisomem ou outra qualquer penitência dos pastos,
mesmo que fosse uma visagenzinha de menino pagão. Sempre fui cioso de lei e não ia em noite de
batizado manchar, na briga de estrada, galão e patente:
- Nunca!
A mulinha, a par de tamanha responsabilidade, que mula sempre foi bicho de grande
entendimento, largou os cascos na poeira. Para a frente a montaria não andava, mas na direção do
Sobradinho corria de vento em popa. Já um estirão era andado quando, numa roça de mandioca,
adveio aquele figurão de cachorro, uma peça de vinte palmos de pêlo e raiva. Na frente de
ostentação tão provida de ódio, a mulinha de Ponciano debandou sem minha licença por terra de
dormideira e cipó, onde imperava toda a raça de espinho, caruru-de-sapo e roseta-de-frade. O luar
era tão limpo que não existia matinho desimportante para as suas claridades – tudo vinha à tona,
de quase aparecer raiz. Aprovei a manobra da mula na certeza de que lobisomem algum arriscava
sua pessoa em tamanho carrascal. Enganado estava eu. Atrás, abrindo caminho e destorcendo
mato, vinha o vigancista do lobisomem. Roncava como porco cevado. Assim acuada, a mulinha
avivou carreira, mas tão desinfeliz que embaralhou a pata do coice numas embiras-de-corda. Não
tive mais governo de sela e rédea. Caí como sei cair, em posição militar, pronto para repelir
qualquer ofendimento. Digo, sem alarde, que o lobisomem bem podia sair da demanda sem avaria
ou agravo, caso não fosse um saco de malquerença. Estando eu em retirada, pelo motivo já sabido
de ser portador de galão e patente, não cabia a mim entrar em arruaça desguarnecido de licença
superior. Disso não dei conta ao enfeitiçado, do que resultou a perdição dele. Como disse, rolava eu
no capim, pronto a dar ao caso solução briosa, na hora em que o querelante apresentou aquela
risada de pouco caso e deboche:
- Quá-quá-quá...
Não precisou de mais nada para que o gênio dos Azeredos e demais Furtados viesse de vela
solta. Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de
consciência, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro:
Em presença de tal apelação, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o chão de soltar terra e
macega no longe de dez braças ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o
nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de
contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caçador de paca,
estando em distância de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. Já nessa altura eu
tinha pegado a segurança de uma figueira e lá de cima, no galho mais firme, aguardava a
deliberação do lobisomem. Garrucha engatilhada, só pedia que o assombrado desse franquia de
tiro. Sabidão, cheio de voltas e negaças, deu ele de executar macaquices que nunca cuidei
lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e lá na esperança de que eu pensasse
ser uma súcia deles e não uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria era que eu, coronel de
ânimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em
lobisomem como eu não ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da
figueira fiquei. Diante de tão firme deliberação, o vingativo mudou o rumo da guerra. Caiu de
dente no pé de pau, na parte mais afunilada, como se serrote fosse:
- Raque-raque-raque. (...)
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 10
145. [Q779534] Marque a opção CORRETA quanto à regência do verbo destacado na frase:
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 9
146. [Q779530]
Assinale a alternativa CORRETA que completa as frases abaixo, considerando – se os diferentes
usos da palavra Porquê:
I – Segundo o Capitão PM, o fato foi registrado em um Boletim de Intervenção (BI), _________ a
ocorrência foi atendida, no flagrante, pela Guarda Municipal Patrimonial de Belo Horizonte.
II – De acordo com a Ata do Conselho de Ética e Disciplina Militar da Unidade, o Sd 2a. Cl Sempre
Atento, que fazia a guarda do portão, não disse ______________ errou.
V – ______ você não fez a inscrição para o concurso da polícia? – perguntou o amigo.
a) I – por que; II – porque; III – porque; IV – por que; V – por que; VI – por que.
b) I – porque; II – por que; III – porque; IV – por quê; V – por quê; VI – porquês.
d) I – porque; II – por que; III – por que; IV – por quê; V – por que; VI – porquês.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Por que/porque/porquê/por quê.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 5
147. [Q779526] No primeiro diálogo do texto, o coronel se refere:
a) ao lobisomem.
b) à sombra vista atrás de uns pés de cuité.
c) a ele mesmo.
d) à mulinha.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 1
148. [Q779527]
“Nisso, outro assobio passou rentoso de minha barba, com tanta maldade que a mula estremeceu
da anca ao casco...” Há nele sensação:
a) auditiva e olfativa.
b) visual e táctil.
c) gustativa e olfativa.
d) auditiva e táctil.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 2
149. [Q779528] Durante a fuga, Ponciano perdeu o governo da sela e da rédea porque:
b) a mula tropeçou.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 3
150. [Q779529] Mesmo Ponciano se dizendo militar, ele se descuidou em alguma estratégia na
guerra do lobisomem na seguinte passagem:
b) eu tinha pegado a segurança de uma figueira e lá de cima, no galho mais firme, aguardava a
deliberação do lobisomem.
c) Aprovei a manobra da mula na certeza de que lobisomem algum arriscava a sua pessoa em
tamanho carrascal.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 4
Gabarito
Criado em: 18/05/2023 às 19:55:07