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UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS

CIÊNCIA POLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ARTUR VIANA
CARLOTA CESÁRIO

PREVENÇÃO E CONTROLO DO TABAGISMO


ARTUR VIANA

CARLOTA CESÁRIO

PREVENÇÃO E CONTROLO DO TABAGISMO

Trabalho apresentado na instituição Universidade


Lusófona de Humanidades e Tecnologias referente a
disciplina de Políticas Públicas Europeias e
Internacionais
Docente: Professora Doutora Silvia Manjerona
ÍNDICE

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 1
1. PROBLEMA E AGENDAMENTO............................................................................... 2
2. FORMULAÇÃO DE MEDIDAS DE POLÍTICA E LEGITIMAÇÃO DA
DECISÃO............................................................................................................................. 3
3. IMPLEMENTAÇÃO.......................................................................................................5
4. AVALIAÇÃO E MUDANÇA..........................................................................................7
CONCLUSÃO......................................................................................................................9
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO
A problemática inicial para a realização deste trabalho passou por avaliar uma política
pública, neste caso referente à prevenção e controlo do tabagismo.
A escolha deste tema baseou-se não só na sua atualidade, como também, na sua
relevância. Sendo que, o consumo de tabaco emerge como a principal fonte evitável de
enfermidades e óbitos, impondo impactos significativos nos âmbitos social, econômico
e de saúde. Essa problemática transcende fronteiras geográficas e estratos sociais,
manifestando uma tendência ascendente, especialmente entre populações e regiões
menos favorecidas, exacerbando assim as disparidades em saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou, em 1999, a elaboração técnica de uma
Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Essa convenção foi unanimemente adotada
na 56ª Assembleia Mundial da Saúde em 21 de maio de 2003, após quatro anos de
negociações intergovernamentais. Portugal a assinou em 9 de janeiro de 2004, sendo
aprovada em novembro de 2005 e entrando em vigor em 6 de fevereiro de 2006.
Perante esta convenção, a União Europeia tem priorizado a prevenção e controle do
tabagismo como parte integral de suas políticas de saúde pública. Além das diversas
diretrizes em vigor, destaca-se a Recomendação do Conselho, datada de 30 de novembro
de 2009, e a Resolução do Parlamento Europeu, de 26 de novembro de 2009, ambas
centradas na promoção de ambientes livres de fumo.
No contexto nacional, a Lei n.º 37/2007, de 14 de agosto, foi promulgada para
implementar as disposições desta Convenção, estabelecendo normas que visam proteger os
cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco, além de adotar medidas para
reduzir a procura relacionada à dependência e promover a cessação do consumo.
Assim, para analisar esta política pública, foi estudado numa primeira fase o seu
agendamento, nomeadamente como surge o problema, seu alastramento e respetiva
entrada na agenda.
Numa segunda fase, a sua formulação, mais concretamente a definição de objetivos,
estratégias e desenho de programa de ação.
Posteriormente, numa terceira fase a sua implementação, ou seja, a concretização de
decisões tomadas e distribuição de competências.
Finalmente a sua avaliação, que pretende estudar os efeitos que a política pública teve ao
público.

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1. PROBLEMA E AGENDAMENTO
Como foi referido na introdução, o início do estudo desta política pública inicia-se com
o seu agendamento.
A política pública de combate ao tabagismo em Portugal reflete um compromisso contínuo
para reduzir os danos relacionados ao consumo de tabaco e promover a saúde da
população. Diversas medidas e estratégias têm sido implementadas ao longo do tempo
para lidar com esse desafio de saúde pública
Contudo, essa prevalência continua, apesar de o consumo ter diminuído ao longo dos anos,
uma parcela significativa nacional da população portuguesa ainda consome tabaco e
consequentemente representa riscos substanciais para a saúde pública e individual do
cidadão. De acordo com os dados de um estudo desenvolvido por investigadores da
Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha, da Escola Nacional de Saúde
Pública e da Universidade da Beira Interior só em 2019, o consumo de tabaco provocou
13.847 mortes em Portugal, 9.859 (71,2%) homens e 3.988 mulheres, (Sábado, 2019)
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), o aumento do consumo de
tabaco entre 2017 e 2022 foi de 48,8% para 51%.
Na população total (15-64 anos), a prevalência do consumo de tabaco nos últimos 30 dias
aumentou ligeiramente em 2022, atingindo 31,9 %, contra os 30,6 % registados em 2017,
um aumento que se deve ao aumento do consumo dos homens, passando de 36,5 % para
40,8 %, tendo no mesmo período baixado o consumo das mulheres, de 25 % para 23,4 %.
(SICAD, 2022).
A análise do aumento justifica-se ao fácil acesso ao tabaco cada vez mais nas nossas
sociedades, uma vez que o tabaco e consumo de nicotina já não se consome apenas pelo
cigarro convencional, mas também pelo eletrónico de marcas como o IQOS, aparelho esse
tendencioso nas camadas mais jovens da nossa sociedade, culturalmente reconhecido pelos
seus produtos de tabaco aquecido, grande leque de personalização nos seus aparelhos e
pelo marketing de oferecer uma alternativa aos cigarros, sem combustão, sem alcatrão,
cinza ou fumo. (IQOS, 2023). Apesar da promessa por parte da marca em “construir um
futuro sem fumo” (IQOS, 2023), melhor ainda seria construir um futuro sem tabaco e sem
doenças relacionadas com o mesmo que apresentam uma ameaça ao nosso bem-estar
coletivo e saúde pública. Perante isto, é importante defender medidas não só para travar o
consumo de tabaco, mas também o consumo de novos produtos que rodam à volta destas
substâncias que consequentemente continuam a ser nocivos para a saúde individual e
pública.
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Os dados demonstram que tumores malignos são a segunda causa de morte em Portugal,
mais especificamente tumor maligno da laringe, traqueia, pulmão e brônquios. (Instituto
Nacional de Estatística IP, 2019).
IMAGEM!!!!!!!!!!!!!!!!! (e legendar a imagem e meter nas referências bibliográficas a
fonte)
Contudo, os fumadores apesar de serem um problema de saúde pública, também são um
peso financeiro da nossa sociedade e de distribuição de dinheiro público. O Sistema
Nacional de Saúde de acordo o presidente da Confederação Portuguesa para a Prevenção
do Tabagismo com base num estúdio realizado em 2007 por investigadores da Faculdade
de Medicina da Universidade de Lisboa e da Universidade Católica, os custos por doenças
relacionadas com o consumo de tabaco para o Estado eram de cerca de 1.400 milhões por
ano. (TSF 2016).
O que o Estado recebe dos fumadores com base no último relatório em 2014 sobre o
tabagismo, o dinheiro arrecadado com impostos sobre o tabaco foi 1372 milhões de euros.
De acordo com a informação da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, o
fato de já existirem no nosso território nacional mais ex-fumadores do que fumadores
ativos, os custos relacionados com tabacos tendencialmente têm sido maiores. E é preciso
ter em conta outros fatores como o fato de os fumadores não ativos ou ex-fumadores
continuarem com risco de doença.
Concluindo assim, com base nos especialistas que deve ser uma prioridade do governo a
redução de exceções à proibição de fumar e a inclusão de toda a proteção possível das
populações ao fumo de tabaco. (COPPT 2016)

2. FORMULAÇÃO DE MEDIDAS DE POLÍTICA E LEGITIMAÇÃO DA


DECISÃO
Seguindo o modelo responsável por interpretar ou elaborar uma política pública, esta parte
da análise de acordo com a Professora Maria de Lurdes Rodrigues os objetos de análise
nesta etapa são a “definição política do problema e do modelo causal”, a “definição da
solução, considerando os custos econômicos envolvidos, a aceitabilidade social e política,
a sua efetividade e exequibilidade na resolução do problema”, entre outros.
Nesta temática e para o contexto procurado neste trabalho, sendo esse no âmbito mais
doméstico ou nacional, o ator principal desta questão é o Estado.
Estado esse que é o principal e o mais responsável pelo processo de elaboração e
fiscalização do consumo do tabaco e consequentemente na sua prevenção nesta geração,
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nas gerações mais novas e nas gerações que virão, com o âmbito de criar um futuro
melhor, tanto para a saúde pública, tanto como para os seus cofres e encargos financeiros.
Posto isto, quando se refere esta fase da formulação, relevante seria fazer menção ou
referência, a bases normativas que materializam a ação do Estado e documentam todo esta
cadeia de processo tais como o diploma legal:
Lei n.º 37/2007 de 14 de Agosto – “Aprova normas para a protecção dos cidadãos da
exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas
com a dependência e a cessação do seu consumo.” (Diário da República, 2007)
Esta lei estabelece as normas relativas à proteção da saúde dos cidadãos face aos perigos
do tabaco e do fumo ambiental. Ela regula, entre outros aspetos, a publicidade, promoção e
patrocínio de produtos do tabaco, bem como a proibição de fumar em locais públicos
fechados. Esta lei também é responsável pela Proibição de Fumar em Locais Públicos
Fechados, proibindo assim o consumo de tabaco em locais públicos fechados, tais como
restaurantes, bares, e outros estabelecimentos comerciais.
Esteticamente, também obriga a embalagens padronizadas de forma a reduzir atenção e
apelo visual deste tipo de produtos. Embalagens estas que de acordo com 2º alínea do
artigo 11º “Todas as unidades de embalagem dos produtos do tabaco devem apresentar as
seguintes advertências: «Fumar mata»; «Fumar prejudica gravemente a sua saúde e a dos
que o rodeiam»;” (DR, 2007)
Contudo, mais seria relevante referir as campanhas de sensibilização, que felizmente são
regulares e que informam sobre os riscos associados a estes hábitos, campanhas que estão
visíveis nos hospitais, centros de saúde e até nas escolas públicas.
De forma progressista e evolutiva, e aos novos tipos de consumo de tabaco, desde o
surgimento do cigarro eletrónico e a sua popularidade entre as camadas mais jovens da
nossa sociedade, a lei do tabaco sofreu recentemente a sua maior mudança até hoje.
O governo avançou em maio de 2023 com a Proposta de Lei que consolida a diretiva
europeia e reforça a proteção das pessoas na exposição ao fumo do tabaco, (Governo da
República Portuguesa, 2023).
Esta nova lei vai se responsabilizar por aumentar as restrições ao fumo e
consequentemente à venda de produtos tabagistas e com esta normativa conseguir
diminuir os incentivos ao consumo desses psicoativos e “contribuir para uma geração livre
de tabaco até 2040.”
Lei esta que a partir de 23 de outubro de 2023, será responsável por proibir fumar ao ar
livre em espaços próximos de locais frequentados por público ou que sejam de uso

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coletivo. (Governo da República Portuguesa, 2023) Tais como espaços de ensino e saúde,
como por exemplo universidades onde o consumo destas substâncias é bem notório e
popular. Com base no Instituto Nacional de Estatística (INE) quase 14,1% da população
portuguesa maior de 16 anos fuma todos os dias.
Será proibido fumar em esplanadas em áreas perto da porta, deixará de haver novos locais
para fumadores, contudo não é só isto, é também:
• Proibição da venda de produtos de tabaco aquecido que contenham aromatizantes;
• Embalagens de tabaco aquecido obrigado a apresentar advertências no que toca à
saúde;
• Redução da publicidade, promoção e patrocínio de cigarros eletrónicos e produtos
de tabaco, regulando e incapacitando marcas como o IQOS e o seu marketing que tem sido
bem-sucedido nas camadas mais jovens;
• Redefinição nas áreas onde é permitido a instalação de máquinas de venda
automática de tabaco no intuito de estes dispositivos estarem localizados a 300 metros de
distância dos espaços que são destinados a cidadãos menores de 18 e também instituições
de ensino, incluindo não só escolas mas também universidades.
Esta política não é apenas uma simples restrição, é uma estratégia a longo prazo que
envolve áreas como a educação, regulamentação, conscientização e apoio para aqueles que
desejam abandonar o hábito e para aqueles que não tencionam começá-lo. A referência ao
ano 2040, abre espaço para criar um caminho temporal mensurável e tangível com o
intuito de estabelecer metas e expectativas para a nossa sociedade fornecendo uma base
para avaliação das políticas postas em práticas no futuro.

3. IMPLEMENTAÇÃO
Numa terceira etapa, a concretização de decisões tomadas e distribuição de competências,
com o intuito de implementar esta iniciativa, foi distinguida em 5 grupos de ação:
vigilância epidemiológica e monitorização; prevenção, diagnóstico e tratamento; apoio à
sociedade civil e comunicação; e cooperação e relações internacionais.
No que toca à vigilância epidemiológica e monitorização foram elaborados indicadores de
monitorização da prevenção e controlo do tabagismo, existiu uma forte cooperação com a
Autoridade Tributária e Aduaneira para registos comerciais de tabaco e cigarros
eletrónicos na base de dados EU-CEG. Adicionalmente existiu também uma cooperação
com o Plano Nacional de Saúde (PNS) especialmente no que toca ao apoio da formulação
de investigações mediante a Agenda de Investigação publicada em 2013. Finalmente um
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reforço sobre conhecimento em relação ao surgimento de novos produtos de tabaco e com
nicotina cujos efeitos na saúde a longo prazo ainda não se conhecem.
Já no que toca à prevenção, ocorreu uma colaboração entre a DGS e a DGE para a
prevenção e o controlo do tabagismo no contexto escolar, foram elaboradas propostas
relativas ao aumento dos preços de produtos com nicotina, houve um apoio à publicação
da portaria conjunta prevista no artigo 5.º, n.º 1. d) da lei do tabaco. Adicionalmente, uma
fiscalização da lei do tabaco em articulação com a ASAE e DGC e uma avaliação da
relativa à composição dos produtos que contêm nicotina. Além disso, foram emitidos
pareceres sobre novos produtos emergentes com a cooperação da Direção-Geral das
Atividades Económicas. No intuito de aumentar a responsabilidade social foram ainda
previstas ações de formação sobre prevenção e tratamento do tabagismo, associadas à
disponibilização de materiais sobre como prevenir o tabagismo.
Em relação ao diagnóstico e tratamento, existiu a promoção da redução dos custos dos
substitutos de nicotina, no contexto do artigo 21.º, que é extremamente crucial para o
tratamento do tabagismo. Adicionalmente, foram implementadas reuniões com os
representantes das ARS numa tentativa de aumentar a oferta e procura de apoio na
cessação tabágica e ainda foi dada continuidade ao projeto iniciado em novembro de 2015,
relativo à promoção da prevenção e tratamento do tabagismo noutros Programas Nacionais
e propor a elaboração de norma de orientação clínica sobre diferentes meios de tratamento.
Quanto ao apoio à sociedade civil e comunicação, foram lançadas campanhas mediáticas
de prevenção do tabagismo. Adicionalmente, os materiais sobre como prevenir o
tabagismo no Portal da DGS foram atualizados e outros tipos de materiais pedagógicos de
informação e sensibilização dos cidadãos foram elaborados e divulgados pela população.
Foram ainda, elaboradas respostas a pedidos de informação de cidadãos sobre prevenção e
controlo do tabagismo, aliado à promoção da articulação com sociedades científicas,
comunicação social e organizações não governamentais na área da prevenção do
tabagismo.
Por fim, quanto à cooperação e relações internacionais, foi dada resposta a solicitações
superiores e prestar colaboração à Direção de Serviços de Coordenação das Relações
Internacionais. Deu-se continuidade ao trabalho previamente feito com a OMS, dando
destaque à Convenção Quadro para o Controlo do tabaco. Ainda relativo à OMS, existiu
uma colaboração para a revisão do relatório “WHO Report on the Global Tobacco
Epidemic, country data”. Adicionalmente, foi garantida a participação no Expert Group on
tobacco policy e no Comité de implementação da Diretiva 2014/40 do Parlamento

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Europeu e Conselho, sob coordenação da Comissão Europeia. Finalmente, existiu uma
cooperação com a Comissão Europeia e outros Estados-membros na implementação da
Diretiva Produtos do tabaco.

4. AVALIAÇÃO E MUDANÇA
Ora para avaliar se esta iniciativa de política pública mostrou ser pertinente ou não é
fundamental entender se os seus outcomes foram positivos ou se ficaram aquém das
expectativas.
Através dos dados do portal do SNS, é possível afirmar que o consumo de tabaco em
Portugal diminuiu nos últimos anos, de acordo com o Relatório do Programa Nacional
para a Prevenção e Controlo do Tabagismo 2020, da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Adicionalmente, segundo o Inquérito Nacional de Saúde, em 2019, 16,8% da população
residente em Portugal continental com 15 ou mais anos era fumadora, entre os quais 14%
eram fumadores frequentes (diários). Relativamente à população feminina, que desde 1987
vinham a registar uma tendência crescente, existiu um decréscimo do consumo, mais
concretamente para 10,9% em 2019.
A diminuição no consumo de tabaco foi observada em todas as áreas do país, no entanto,
persistem disparidades regionais. Por exemplo, no Algarve a redução ultrapassou o dobro
da registada no Alentejo. Já a Região Autónoma dos Açores permanece a que registra as
taxas mais altas de consumo, com 23,4% de fumadores, seguida pela Região do Alentejo,
com 19,1%
Quanto à população mais jovem, houve também uma redução no consumo do tabaco
tradicional. Mas, pelo lado negativo, existiu um aumento do consumo de tabaco para
cachimbo de água e de tabaco aquecido.
Em 2019, os cigarros foram o tipo de produto mais referido por quem já experimentou em
relação aos jovens (29,3%). Também com percentagens extremamente altas é importante
destacar os cigarros eletrónicos (22,2%), cachimbo de água (15,0%) e tabaco aquecido
(4,9%).
Como tal, é possível entender que os dados disponíveis sugerem que esta política pública,
com o objetivo da redução do consumo de tabaco em Portugal demonstrou resultados
positivos, refletindo-se numa diminuição geral do consumo nos últimos anos.
Contudo, continuam a ser registados desafios regionais, como é possível ver nas
disparidades regionais na redução do consumo, com o Algarve superando
significativamente o Alentejo e as Regiões Autónomas dos Açores que continuam com as

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taxas mais elevadas de consumo.
Relativamente aos jovens, a redução no consumo de tabaco tradicional é uma tendência
positiva. No entanto, a preocupação surge com o aumento no consumo de produtos
alternativos, como tabaco para cachimbo de água e tabaco aquecido.
Assim, embora haja progressos notáveis na redução do consumo de tabaco em Portugal, a
análise aponta para a necessidade de abordar especificamente o uso de produtos
alternativos entre os jovens e enfrentar as disparidades regionais persistentes para garantir
o sucesso contínuo da iniciativa de prevenção do tabagismo.

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CONCLUSÃO
Para concluir, é importante relembrar tudo o que foi avaliado durante as quatro etapas.
Relativamente ao problema e agendamento, foi possível perceber que os dados indicam
desafios persistentes e mudanças significativas nas tendências de consumo de tabaco.
Onde se deve destacar que o fácil acesso ao tabaco, contribui para a complexidade do
cenário, especialmente entre as camadas mais jovens da sociedade. Adicionalmente, os
dados alarmantes sobre os custos relacionados ao consumo de tabaco para o Sistema
Nacional de Saúde sublinham a necessidade de uma abordagem proativa.
Posto isto, é dada continuidade à iniciativa e ocorre a formulação de medidas de política e
legitimação da decisão. Durante esta etapa foi possível perceber que a Lei n.º 37/2007 tem
um papel fundamental ao estabelecer normas para a proteção dos cidadãos contra a
exposição involuntária ao fumo do tabaco. Além disso, a Proposta de Lei de maio de 2023
reflete uma consolidação da diretiva europeia de reforçar a proteção contra o tabaco.
Dentro de um conjunto de propostas é possível destacar a proibição de fumar ao ar livre
em espaços públicos frequentados, a proibição da venda de tabaco aquecido com
aromatizantes, advertências obrigatórias nas embalagens de tabaco aquecido e restrições à
publicidade de cigarros eletrónicos. Adicionalmente, o Estado, ao assumir o papel de
protagonista, mostra-se comprometido em criar um futuro mais saudável e
financeiramente sustentável para a população portuguesa.
Durante a implementação existiu uma abordagem abrangente e coordenada, dividida em
cinco grupos de ação estratégicos: vigilância epidemiológica e monitorização, prevenção,
diagnóstico e tratamento, apoio à sociedade civil e comunicação, e cooperação e relações
internacionais.
No âmbito da vigilância epidemiológica e monitorização, destaca-se a colaboração com a
Autoridade Tributária e Aduaneira e o Plano Nacional de Saúde. Já no grupo de
prevenção, a parceria entre a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Direção-Geral da
Educação (DGE) destaca a importância da abordagem escolar na prevenção do tabagismo.
Quanto ao diagnóstico e tratamento podemos evidenciar a promoção da redução de custos
de substitutos de nicotina. No apoio à sociedade civil e comunicação, as campanhas
mediáticas mostraram ser extremamente importantes e, por fim, no âmbito da cooperação
e relações internacionais, a resposta a solicitações superiores e a colaboração com
organizações internacionais.
Por fim, a avaliação dos outcomes revelou uma redução do consumo de tabaco em
Portugal. No entanto, nem tudo é positivo: Os desafios regionais persistem, e a ascensão
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de produtos alternativos entre os jovens sugere a necessidade de estratégias específicas
para lidar com esses novos padrões de consumo.
Para um futuro, é essencial uma contínua monitorização e ajustes da política para garantir
a eficácia contínua na redução do consumo de tabaco por toda a população.

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BIBLIOGRAFIA

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